domingo, 12 de abril de 2009

A salvação em Hebreus - Arcadio Sierra Diaz

Extraído do Livro "Os Vencedores e o Reino Milenar "( Recomendadíssimo). você pode Baixar o livro clicando no Link.
A carta aos Hebreus constitui uma das primeiras amostras de defesa (apologética) da fé cristã e sua superioridade frente ao judaísmo; e é por isso que ao largo de seu contexto contrapõe a aparência e a sombra do provisório e terreno da lei mosaica, frente à verdade celestial e eterna de Cristo e a Igreja. Esta carta tem que ser analisada em seu verdadeiro contexto. Leiamos Hebreus 5:11-14:
"11 A esse respeito temos muitas coisas que dizer e difíceis de explicar, porquanto vos tendes tornado tardios em ouvir.12 Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus; assim, vos tornastes como necessitados de leite e não de alimento sólido.13 Ora, todo aquele que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, porque é criança.14 Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal".
Estes últimos quatro versículos do capítulo cinco de Hebreus falam de crentes imaturos, crianças espirituais, aos quais não se pode alimentar senão com leite, com os rudimentos da doutrina da salvação e não com alimento sólido, porque são crianças. Há crentes que passam toda a vida, digamos, no primário, quando deveriam ser já mestres de outros, e não avançam, não saem dessas primeiras etapas dos seis rudimentos da graça que estão enumerados nos dois primeiros versículos do capítulo 6, que são o fundamento da vida cristã, a saber: (1) o arrependimento de obras mortas, (2) a fé em Deus, (3) a doutrina de batismos (ablução, lavagem), (4) a imposição de mãos, (5) a ressurreição, e (6) o juízo eterno. Não podemos ficar nessa etapa da graça; devemos crescer na palavra de justiça, no conhecimento e a vida do Senhor; devemos colaborar com o Senhor na edificação da casa de Deus; devemos trabalhar com o Senhor na preparação do reino dos céus. O Senhor é o que trabalha em nós em nosso crescimento espiritual, em nossa maturidade, mas não faz se nós não cooperamos com Ele. Note que o capítulo 6 conecta com um "por isso". Leiamos o contexto de Hebreus 6:1-8:
" Por isso, pondo de parte os princípios elementares da doutrina de Cristo, deixemo-nos levar para o que é perfeito, não lançando, de novo, a base do arrependimento de obras mortas e da fé em Deus,
2 o ensino de batismos e da imposição de mãos, da ressurreição dos mortos e do juízo eterno.3 Isso faremos, se Deus permitir.
4 É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo,5 e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro,6 e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento, visto que, de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à ignomínia.7 Porque a terra que absorve a chuva que freqüentemente cai sobre ela e produz erva útil para aqueles por quem é também cultivada recebe bênção da parte de Deus;8 mas, se produz espinhos e abrolhos, é rejeitada e perto está da maldição; e o seu fim é ser queimada ".
Aqui confirmamos que o autor fala a cristãos em processo de maturidade, que devem estar deixando os rudimentos e que devem avançar e adentrar-se nas coisas profundas da vida no Espírito; isto encerra o participar com o Senhor em suas realizações, e alimentar-nos Dele para um normal crescimento. Vemos, pois, que aí o tema não é a salvação; do que trata aí é de progredir na maturidade espiritual e não o retrocesso.Se alguém que uma vez tenha sido iluminado e gozado do dom celestial (Cristo), participante do Espírito Santo e dos poderes do mundo vindouro (poderes do reino milenar, que são os dons e poderes do Espírito Santo), se recair e voltar atrás, não tem necessidade de voltar a por o fundamento, crendo outra vez no Senhor Jesus, nem de arrepender-se de novo de obras mortas, pois não pode ser outra vez renovado para arrependimento; já tudo isso se fez uma vez e para sempre.Quando cremos em Cristo, Deus nos perdoou, nos justificou, nos deu vida eterna, nos deu sua paz, nos deu segurança de nossa salvação. Então, o que acontece com essa pessoa? Pois sensivelmente que, em vez de dar fruto ao ser alimentada e cultivada por Deus, deu espinhos e abrolhos; então essa pessoa é reprovada, eliminada do reino, pois os espinhos e abrolhos que produziu devem ser queimados. Essa pessoa não perece para sempre, mas sofrerá o dano da segunda morte. Alguém pode alegar contradição usando o texto de Hebreus 10:26-29, que diz:" 26 Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados;27 pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários.
28 Sem misericórdia morre pelo depoimento de duas ou três testemunhas quem tiver rejeitado a lei de Moisés.29 De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça? ".
Aqui mostra o caminho de um apóstata judeu. Levemos em conta todo o contexto da carta aos Hebreus que, como seu nome indica, é dirigida aos cristãos que antigamente professavam a religião judaica, com seus sacrifícios de animais, tudo isso figura e sombra da verdade em Cristo; eles vinham assistindo a suas reuniões nas sinagogas. Onde se reuniam depois que se convertiam? Nas reuniões da igreja, pelas casas com os irmãos. A carta aos Hebreus foi escrita precisamente por causa dos judeus que haviam se convertido ao cristianismo, os quais muitas vezes não tinham estabilidade; estavam cheios de temores pela continua intimidação, ameaças e acusação a que eram submetidos pelos líderes das sinagogas, e inclusive pelos parentes e achegados; de maneira que alguns temiam que os vissem nas reuniões da igreja, e muitos estavam ao ponto de regressar ao judaísmo.
Ao analisar cuidadosamente toda a carta aos Hebreus, e em particular os capítulos 9 e 10, vemos que o Senhor Jesus com Seu sacrifício na cruz aboliu os sacrifícios do antigo pacto, e nos abriu um caminho novo e vivo para entrar no Lugar Santíssimo, que agora não se trata do templo de Jerusalém, figura do verdadeiro, senão o Lugar Santíssimo dos céus, onde está o Senhor sentado; porque Seu único sacrifício é válido para sempre, em contraste com os sacerdotes, que estão de pé dia após dia, oferecendo sacrifícios continuamente, que nunca podem tirar os pecados. Quando o versículo 25 diz que "não deixando de congregar-se, como alguns tem por costume", significa que o irmão hebreu que chegasse a deixar de congregar-se nas reuniões cristãs, equivalia voltar voluntariamente às reuniões do judaísmo, ao antigo pacto, à sinagoga; e isso é o que significa "pecar voluntariamente" do versículo 26, desprezando assim a verdade do novo pacto e voltando aos sacrifícios de touros e cordeiros machos que, na economia de Deus, já não podem tirar os pecados.Vemos, pois, que o contexto fala da verdade, que é todo o revelado na carta; fala do novo pacto, em comparação com o antigo, que era a sombra; fala do sangue do Senhor, em comparação com o sangue dos animais; de maneira que se um irmão hebreu voltasse ao judaísmo, já não restaria mais sacrifício por seus pecados, pois os antigos sacrifícios já ficaram sem valor; guardar certos dias e preceitos ficou sem valor; preferir certos alimentos ficou sem valor; reunir-se na sinagoga ficou sem valor; preferir certos edifícios chamados templos e certos lugares específicos, ficou sem valor. O válido está em Cristo, dentro da Igreja redimida, o Corpo de Cristo.Levemos em conta que todos os sacrifícios do antigo pacto foram substituídos pelo único sacrifício de Cristo; de modo que o sacrifício pelos pecados cessou para sempre; já não há mais sacrifício. Alguém que voltasse ao judaísmo, já não teria mais sacrifício por seus pecados, e o que lhe esperaria seria um terrível castigo dispensacional. No caso de que sua conversão tenha sido autêntica, essa pessoa não perde a salvação, porquanto segue fazendo parte da Igreja, conforme o versículo 30. O que um judeu, depois de haver crido em Jesus, voltasse ao judaísmo e voltasse a confiar nos sacrifícios dos animais, significava pisotear ao Filho de Deus, e haveria tido como comum o sangue de Cristo. Consideramos que se alguém, sendo crente, se volte a sua antiga religião e a seus ídolos, terá algum forte castigo dispensacional.

Dois tipos de Autoridade- David W Dyer.

Extraído do Livro "Autoridade Espiritual Genuína". Você pode baixar esse livro aqui no Filho Varão, ou solicitar o mesmo no site http://www.graodetrigo.com/

Iniciando nossa discussão sobre este tema tão importante, primeiramente precisamos afirmar que Deus é a fonte de toda a autoridade. Ele detém o poder supremo. Ele é Aquele que está sentado no trono do universo e é Ele quem tem completo controle sobre todas as coisas. Consequentemente, podemos deduzir que qualquer outra autoridade que exista no universo foi estabelecida por Ele ou, pelo menos, só existe com a Sua permissão. Sem o Seu consentimento, não seria possível a sobrevivência de qualquer outra autoridade. Entretanto, não importa onde encontremos autoridade neste mundo de hoje (seja ela boa ou má), sabemos que é algo que provém legalmente de Deus. Isto é exatamente o que as Escrituras ensinam. Governos humanos, Forças Armadas, juízes, etc., são instituições que são estabelecidas por Deus para inibir as forças do mal neste mundo (Rom 13:1-7).
O tipo de autoridade que governos e outros administradores terrestres possuem é chamada “Autoridade Delegada.” Como já vimos, Deus é o detentor da autoridade suprema, mas Ele escolheu “delegar” ou “dar” esta autoridade a outros indivíduos que supostamente agirão como Seus representantes. Uma vez que Deus dá esta autoridade, ela então pertence á pessoa á qual foi dada. Embora sejam responsáveis perante Deus pelo uso desta autoridade, ela é deles para ser exercida como lhes aprouver. Na realidade, eles se tornam a autoridade. Autoridades delegadas podem exercer corretamente seu poder ou podem fazer mau uso dele. Podem ser bons governantes que decidem o que é do melhor interesse de Deus e daqueles sobre os quais eles governam, ou podem ser maus e se utilizarem desta autoridade em beneficio próprio e em prejuízo de outros. Independente do modo como a usam, aqueles que estão no poder são autoridades delegadas por Deus.
Mas a autoridade delegada não é o único tipo de autoridade revelada na Bíblia. Existe uma outra variedade de autoridade que nos é apresentada, a qual, embora também se origine em Deus, é bastante diferente. Para esclarecer, creio que este tipo de autoridade pode ser considerado como “Autoridade Transmitida.” Esta autoridade não pertence à pessoa que a está exercendo. Não é algo que lhe é “dado” para usar segundo suas próprias inclinações. Ao invés disto, a autoridade transmitida é exercida simplesmente pela transmissão da autoridade de Deus.
As pessoas envolvidas neste caso são somente vasos, instrumentos através dos quais a autoridade Divina flui. Elas não possuem sua “própria” autoridade, mas apenas estão atendendo às orientações do Altíssimo. Quando Deus fala a elas referindo-se a outros, então elas falam. Quando Ele conduz as pessoas a tomar determinada atitude, então elas se movem. Mas elas nunca se atribuem esta autoridade. Não importa quão frequentemente elas sejam usadas por Deus para transmitir Sua autoridade, elas nunca se tornam esta autoridade.
Moisés é um exemplo de alguém que exerceu esta autoridade “transmitida” por Deus. Ele não estava guiando os filhos de Israel de acordo com suas próprias idéias ou direções. Ele não estava expressando a si próprio. À medida em que se lê no Antigo Testamento sobre como ele retirou os Israelitas da escravidão, fica bem claro que ele se movia e falava de acordo com instruções sobrenaturais. Cada passo dado, cada lei e cada ordem, todo detalhe do tabernáculo, tudo foi executado conforme direção espiritual. Ele não tomou posição ao exercer a autoridade conferida a ele. Ele não estava formulando seus próprios planos, nem tomando suas próprias decisões. Ao contrário, ele apenas permitia que Deus o usasse para transmitir Sua autoridade ao povo. Quando a autoridade de Moisés foi desafiada por Coré e sua gente, ele resumiu sua posição desta forma: “Através disto saberão que o Senhor me enviou para realizar todas estas obras, pois eu não as realizei por minha própria vontade” (Num 16:28). Nosso Senhor Jesus Cristo foi o supremo exemplo de tal autoridade espiritual transmitida. Ele não veio para fazer Sua própria vontade mas, em vez disso, submeteu-se à vontade do Pai (João 14: 10). Quando Jesus expulsou demônios, Ele revelou a autoridade do Pai. Quando Ele amaldiçoou a figueira, foi a voz do Pai que foi ouvida (Mateus 21: 19). Quando Ele repreendeu o vento e as ondas, foi a autoridade do Pai que foi demonstrada (Lucas 8:24). Cada aspecto do Seu viver era a manifestação do Deus invisível. Mesmo estando qualificado para fazê-lo, Ele nunca exerceu Sua própria autoridade mas, em vez disso, permitiu que Seu Pai fluísse através Dele.
Então nós vemos que há dois diferentes tipos de autoridade presentes no mundo hoje. Uma é terrena, do tipo humana – uma autoridade delegada – que é exercida pelo homem, acatada pelo homem e reconhecida por aqueles que vivem nesta Terra. Esta autoridade é inevitavelmente acompanhada por adereços superficiais que ajudam a raça caída a identificar essas autoridades. Posições, títulos, uniformes e muitas outras manifestações exteriores servem para identificar aqueles que têm autoridade delegada. Este tipo de autoridade está sempre procurando o reconhecimento de outros homens; de fato ela necessita desse reconhecimento para funcionar. É uma autoridade natural e secular que foi planejada por Deus para atrair a natureza caída do homem. É algo que Deus instituiu, que opera de acordo com a moda deste mundo para governar as pessoas do mundo.
A outra espécie de autoridade é a espiritual. É o tipo transmitido. É através desta autoridade que Deus planeja governar Seu povo. Neste tipo de autoridade, a pessoa envolvida é simplesmente um canal através do qual a liderança de Deus flui. Ela não precisa de qualquer título ou honraria para reforçar o que diz. Ela não está tentando impressionar os outros para que a obedeçam. Sua posição é a de alguém submisso a Deus. Consequentemente, a palavra de Deus flui dele para os outros. Deste modo, a verdadeira autoridade de Jesus é revelada em Sua Igreja.
O primeiro tipo de autoridade foi ordenado por Deus para governar o mundo; o segundo tipo, espiritual, para governar Seu povo, Sua Igreja. Essa é uma diferença muito importante. Cada uma das autoridades é válida, mas tem sua própria esfera. Infelizmente, os crentes hoje frequentemente confundem esses dois tipos de autoridade. Alguns nem mesmo estão cientes de que exista tal distinção. Consequentemente, muitas vezes tentam usar a autoridade humana para construir a Igreja. Eles tentam, usando métodos humanos, trazer a ordenança Divina para o corpo de Cristo. Entretanto, simplesmente não funcionará.

AUTORIDADE NA IGREJA
Há, certamente, necessidade de autoridade na Igreja. Não há dúvida de que Deus usa os homens para serem ambos, líderes e exemplos para outros e para atraí-los para um relacionamento com Cristo. Mas que tipo de autoridade deveria ser essa? É uma autoridade que é derivada de uma “posição” na Assembléia? Ela vem de uma indicação para ser ancião, ministro, diácono ou algo similar? Um título ou um “cargo” qualifica um homem para liderar o povo de Deus? Essa responsabilidade é conferida a alguém por outros homens que também possuem algum título, educação ou posição? Vem por algum tipo de voto de confiança dado pela maioria? Ou esta honra é colocada sobre alguém pela virtude de ser a personalidade mais forte do grupo? Certamente não! Todos esses são apenas métodos terrenos que servem só para impedir os propósitos de Deus e levar as pessoas á escravidão.
Como vimos, a genuína autoridade espiritual emana do próprio Deus. Aqueles que exercem tal autoridade são vasos preparados que transmitem os pensamentos e desejos de Deus para o Seu povo. É este tipo de autoridade que deveríamos estar exercendo na Igreja hoje. Precisamos desesperadamente de homens que falem quando Deus fala com eles, que liderem de acordo com Sua direção e que manifestem Suas revelações. A grande necessidade atual não é daqueles que foram treinados, eleitos ou indicados para posições de autoridade, mas daqueles que são íntimos de Deus e através dos quais Ele pode transmitir livremente Sua vontade.
A genuína autoridade espiritual não vem por uma indicação para uma “posição” ou “diaconato”. Embora certos homens tenham adquirido no Novo Testamento rótulos como “ancião”, “diácono” ou “apóstolo”, a autoridade deles não veio por causa de alguma “posição”. A verdade é exatamente o contrário. Tais designações vieram como resultado do profundo trabalho espiritual que Deus fez interiormente neles. Elas eram uma maneira de descrever suas funções especiais no corpo. Em alguma área específica Deus preparou esses homens para serem canais de Sua autoridade. Esses nomes foram usados para identificar essas áreas de serviço, não para qualificá-los para elas.
Sim, a Bíblia diz que os Apóstolos “ordenaram” presbíteros em cada Igreja (Atos 14:23). Mas o que este termo realmente significa? W. E. Vine, em seu Dicionário Expositor das Palavras do Novo Testamento, diz o seguinte: “não se trata de uma ordenação eclesiástica formal, mas a escolha, para o reconhecimento das Igrejas, daqueles que já tinham sido levantados e qualificados pelo Santo Espírito e dado evidência disso em suas vidas e em suas obras.” Você vê que os Apóstolos não estavam arbitrariamente selecionando homens que preenchessem certas qualificações ou que, talvez, estivessem mais desejosos de prosseguir com a programação deles ou que, possivelmente, tivessem muito dinheiro ou influência na comunidade. Ao contrário, com olhos espirituais, eles estavam indicando, para benefício daqueles que não podiam ver tão claramente, aqueles que Deus havia selecionado e preparado para usar como Seus vasos.
Um dano incalculável tem sido causado ao povo de Deus por meio da má interpretação deste princípio. Muito frequentemente, homens são indicados por outros homens para uma “posição” com o pensamento que algum tipo de autoridade é necessário na Igreja. Tremendo prejuízo e perda tem sido experimentados pelo povo de Deus através dessa prática. Quando nós estabelecemos na Igreja de Deus a autoridade delegada, terrena, nós estamos oferecendo uma substituição para a verdadeira. Quando nós elegemos ou indicamos homens de acordo com a razão ou a percepção humana, nós estabelecemos uma variedade de autoridade que é estranha ao plano de Deus e que será só um impedimento para Sua perfeita vontade.
A razão para isto é que, não importa o quão fiel às Escrituras isto seja, a autoridade hierárquica nunca pode produzir resultados espirituais. Nada que se origine no nível terreno pode chegar aos desígnios de Deus. A Bíblia é bem clara: “A carne para nada aproveita” (João 6:63). A autoridade humana nunca pode transmitir o poder necessário para transformar vidas humanas. Ela não pode atingir o interior de uma pessoa e tocar em seu coração. O melhor que toda autoridade delegada pode produzir é um tipo de arranjo terreno que se aproxima do trabalho do Espírito. Isto não apenas não efetua algo de valor eterno, mas rouba aos crentes a oportunidade de experimentar a realidade de Cristo.
Por favor, não compreendam mal isto: esforços humanos movidos pela autoridade natural podem ser capazes de realizar coisas notáveis no mundo religioso. Campanhas de “reavivamento,” acionamento de membros, levantamento de fundos e projetos de construção, podem todos ser executados por forte liderança humana. Mas, lembremo-nos que “sucesso” não é a medida para nossas realizações espirituais. Não importa quão grandiosos ou impressionantes nossos trabalhos possam parecer, se eles tiverem sido construídos com substâncias erradas – elementos terrenos em vez de sobrenaturais – eles serão destruídos no dia do julgamento.

HOMENS NATURAIS DESEJAM UM REI
Por alguma estranha razão, os Filhos de Deus frequentemente não estão satisfeitos com o plano de Deus. Muitos têm um desejo diferente em seus corações. Eles desejam uma autoridade humana, palpável. Eles anseiam por alguém que possam ver, ouvir e sentir. Sentem-se muito mais confortáveis com algo natural. Saibam eles ou não, o que procuram é um tipo de rei, assim como os Filhos de Israel fizeram tantos anos atrás. Sentindo-se insatisfeitos com sua autoridade espiritual, eles vieram a Samuel e insistiram para que ele estabelecesse um rei terreno para eles (1ª. Sam. 8:5-20). Talvez possamos identificar algumas razões para este desejo enigmático. Antes de mais nada, ter um rei iria desobrigá-los da responsabilidade pessoal de procurar Deus por eles mesmos. Agora seu “líder” poderia fazer isso por eles. Além disso, ele poderia arcar com toda a responsabilidade, cuidar de todos os problemas, decidir sobre todas as direções que eles deveriam tomar e lutar as batalhas deles. Tudo o que eles precisariam fazer seria sentar e aproveitar a jornada.
Quando Samuel ouviu este pedido, ficou muito irado. Ele sabia quais eram as intenções de Deus e compreendia que Deus o estava usando para transmitir liderança Divina ao povo. Samuel se afligiu porque a nação que Deus havia escolhido como Sua, iria para o caminho errado. Entretanto, o Senhor lembrou-o que ele não tinha sido o único a ser rejeitado. O povo não estava abandonando um homem, mas estava recusando a soberania de Deus em suas vidas (1ª. Sam. 8:7-8).
É uma evidência do grande amor de Deus pelos homens e de Sua graça abundante, o fato Dele não ter desamparado os Israelitas, mesmo quando eles O estavam abandonando. Ele os deixou seguir seu próprio caminho, mas primeiro explicou-lhes que o seu pedido seria ruim para eles. A autoridade humana, terrena, iria ferí-los de três maneiras : 1) Iria tirar deles seus filhos e filhas, 2) Iria requerer uma porção de suas propriedades e, 3) Iria trazê-los a uma escravidão da qual Deus não os libertaria (2ª.. Samuel 8:9-18). Ele permitiu que eles seguissem seu próprio caminho porque percebeu que seus corações já O haviam abandonado. Mas está bem claro que este não era o Seu desejo.

UMA MENSAGEM PARA HOJE
Vamos nos dar conta de que todos estes exemplos do Velho Testamento não são apenas histórias interessantes. Na verdade eles foram registrados com uma intenção específica: para que pudéssemos perceber neles verdades espirituais. Assim como era naquela época, hoje também nós temos escolhas a fazer no que se refere à autoridade. Claro que, como habitantes desse mundo, nós devemos nos submeter às autoridades terrenas (1ª. Pedro 2:13). Com referência à nossa interação com o mundo, está bem claro que a autoridade delegada se aplica a nós. Mas, com respeito à nossa participação na Igreja, essas duas variações de liderança estão também presentes–autoridade humana e autoridade espiritual. Um tipo de autoridade é estabelecido pelo homem e fortalecido por todos os sustentáculos comuns como títulos, posições e vestimentas. O outro tipo é estabelecido por Deus e é confirmado pelo Seu Espírito. No corpo de Cristo nós temos uma escolha. Por um lado, podemos aprender a reconhecer a autoridade de Deus e a nos submeter a ela, quando Ele nos fala pessoalmente ou quando Sua vontade está sendo transmitida através de Seus vasos escolhidos. Por outro lado, podemos nos sujeitar a algum tipo de autoridade humana, delegada, que é estabelecida e reconhecida pelo homem. Temos diante de nós os dois caminhos o terreno e o celestial.
É verdade que Deus permitiu a Seu povo seguir seu próprio caminho e indicou um rei para ele. Mesmo que Ele não quisesse isto, Ele continuou a trabalhar tanto quanto possível através deste sistema errado para trazer Seu povo a uma intimidade com Ele. Da mesma forma hoje Ele tolera nosso comportamento desobediente quando estabelecemos para nós mesmos uma autoridade terrena na Sua Igreja. Em Sua abundante misericórdia e graça, Ele trabalha mesmo em meio a nossos “sistemas reais” o tanto quanto Ele pode, para cumprir Seus propósitos. Mas esta não é a Sua perfeita vontade e isto nunca pode realizar Seus mais sublimes desejos. Em vez disso, a Bíblia deixa bem claro que estabelecer tal autoridade é uma rejeição da Sua própria e um grave erro.
As três conseqüências deste erro que Samuel tão claramente predisse, são as seguintes :
1) Rouba às pessoas os seus frutos espirituais (filhos e filhas). A autoridade humana paralisa o corpo de Cristo pela colocação de suas próprias orientações e planos no lugar do Espírito Santo. Embora esta autoridade possa ser bem intencionada e possa mesmo ter muitos programas, tais como “metas evangelísticas,” o poder tremendo do Evangelho é diminuído quando a substituição for feita. Um resultado desfavorável é que os cristãos tendem naturalmente a olhar para a autoridade humana em busca de direção e aprovação, em vez de estar sendo continuamente dirigidos por sua verdadeira Cabeça. Consequentemente, aqueles que estão sob este tipo de autoridade hesitam em iniciar algo por eles mesmos, com receio de que isto seja visto como um desafio à posição do líder. Com o passar do tempo, tornam-se incapazes de serem dirigidos pelo Espírito Santo. Isto rouba poder espiritual dos cristãos. Conforme a intimidade real com a verdadeira Autoridade é substituída por algo humano e fraco, o fruto que produz em cada faceta da vida espiritual é constrito.
2) A autoridade humana demanda o dinheiro das pessoas (suas posses). Está fora de questão que a importância de qualquer posição terrena é julgada pela sua esfera de influência e por sua extravagância. Quanto mais pessoas um líder tem sob sua autoridade, mais importante ele é. Quanto maior o território que ele governa, maior prestígio ele tem. Usualmente, acompanhando esta elevação perante os olhos humanos, estão roupas extravagantes, meios de transporte mais caros e moradias mais luxuosas. Na Igreja de hoje não é diferente. Quase invariavelmente, conforme cresce a influência de um líder, cresce também o desejo dele de conseguir lugares de encontro que sejam maiores e mais impressionantes, um guarda-roupa mais condizente com sua posição e, em geral, um aumento de salário. Isto inevitavelmente custa dinheiro e este dinheiro vem daqueles que se colocaram sob a influência desta autoridade terrena.
Pare um momento e compare isto com o exemplo de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele não tinha lugar para apoiar Sua cabeça e, provavelmente, também não tinha uma muda de roupas. Ele nunca construiu palácios ou templos. Constantemente recusava qualquer posição de autoridade terrena. Seu pagamento era o que o Pai movia os outros a lhe darem. Como fica o que estamos fazendo, comparando com isto? É verdade que as Escrituras nos exortam a dar nosso dinheiro para o obra e para os obreiros de Deus. Mas, se usarmos nossas rendas para sustentar autoridades e esforços simplesmente humanos, não seremos recompensados. Quando o fogo de Deus descer, tudo que tiver sido construído de materiais naturais (madeira, feno e palha) será consumido e nosso dinheiro tão dificilmente ganho desaparecerá com eles na fumaça. Por outro lado, se formos cuidadosos para investir nosso dinheiro em coisas que são verdadeiramente espirituais, nosso investimento produzirá frutos para a eternidade. Quando nós usamos nossas finanças para sustentar trabalhos e líderes verdadeiramente espirituais, jamais perderemos nossa recompensa.
3) A autoridade não espiritual leva o povo de Deus a ser escravo da vontade humana, usando seu tempo, energia e talentos para construir uma organização terrena em vez de um corpo espiritual. A autoridade natural, com todos os seus planos e programas, necessita de pessoas para fazer o trabalho. Então, quando você se coloca sob tal autoridade, você passa a permitir que a usem como um instrumento para tais empenhos. Além disso, na mesma proporção que você se submete a ter sua vida governada por autoridade humana, você exclui a autoridade do Espírito. Você não pode servir a dois senhores. É inevitável que surgirá um conflito entre os dois. Seu Mestre Celestial deseja dirigir cada aspecto de sua existência e qualquer outra autoridade só irá ser competitiva e frustrante. Quando você escolhe a maneira terrena, como os Israelitas fizeram, você se torna um escravo da vontade e dos caprichos humanos, em vez de experimentar a verdadeira liberdade da submissão a Deus.
Esta é uma escravidão da qual Deus não vai nos libertar (1ª. Samuel 8:18). Deus nunca violará nossa vontade. Quando escolhemos algo, Ele não irá nos forçar a mudar de decisão. Ele pode trabalhar de muitas maneiras diferentes para nos fazer ver nosso erro. Nós podemos descobrir nossa percepção de Sua presença em nossa vida abatida. Podemos começar a achar que problemas que pareciam pequenos quando estávamos caminhando em intimidade com Jesus, agora parecem insuperáveis. Ele pode mesmo permitir que nos tornemos miseráveis no caminho que escolhemos. Mas, quando nós voluntariamente nos sujeitamos à autoridade humana, Ele não nos livrará dela. Nossa única alternativa é reverter a escolha. Devemos exercitar nossa própria vontade e escolher nos afastar de qualquer autoridade na Igreja que seja uma substituição de Sua própria autoridade.
Isto pode ser uma surpresa para muitas pessoas mas é, apesar disso, verdade. Quando nós nos submetemos à autoridade terrena, nós realmente nos colocamos debaixo de uma maldição. A Escritura diz: “Maldito é o homem que confia no homem e faz da carne a sua força, cujo coração se aparta do Senhor. Porque ele será como o arbusto solitário no deserto e não verá quando lhe vier o bem; antes morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável” (Jeremias 17:5 e 6). Note que confiar no homem e afastar-se de Deus estão ligados. Quando você olha para seres humanos, você não pode evitar de tirar os olhos de Deus. Um outro verso nos adverte : “Não confieis em príncipes, nem nos filhos dos homens, em quem não há salvação. Sai-lhes o espírito e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia perecem todos os seus desígnios.” E continua : “Bem aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio, cuja esperança está no Senhor Seu Deus (Salmo 146:3-5).
Pela discussão precedente, deve estar evidente que há dois tipos básicos de autoridade no mundo hoje. Há o tipo superficial, terreno, chamado “autoridade delegada,” que Deus usa para exercer algum controle sobre aqueles que não o conhecem e nem o seguem. E há a “autoridade espiritual,” transmitida, que sempre foi a escolhida por Deus para governar Seu povo. Uma é para o mundo, a outra é para o que hoje é chamada Sua Igreja. Uma funciona, de certa forma, independente de Deus, enquanto que a outra, não. De fato, nem sequer pode funcionar, a não ser que Deus esteja falando ou se movendo.

TEMOS QUE ESCOLHER
Hoje, na Igreja de Cristo, estes dois tipos de autoridade estão sendo exercidos. Portanto, como membros da Igreja, cada um de nós é confrontado com uma escolha importante. Se nós nos submetemos ao tipo humano, hierárquico, esta autoridade impedirá e eventualmente substituirá o tipo espiritual. Se, pelo contrário, nós nos rendemos á autoridade celestial, esta irá inevitavelmente entrar em conflito com a terrena. Como já vimos, esta decisão é extremamente importante. De fato, é crucial. Se escolhemos caminhar pelo caminho amplo e fácil, sem dúvida encontraremos muita companhia e poderemos mesmo gozar de um bom grau de popularidade, mas os efeitos sobre os quais Deus tão claramente nos advertiu, virão sobre nós. Se, por outro lado, escolhemos o caminho mais difícil e mais estreito, sem dúvida haverá tempos em que nos encontraremos sozinhos e, querendo ou não, estaremos enredados no conflito entre estes dois tipos de autoridade.
Os primeiros apóstolos e, de fato, a próprio Jesus, encontram-se neste tipo de situação. Embora não a tivessem procurado, eles encontraram oposição contínua daqueles que ocupavam “posições” na organização religiosa estabelecida em seus dias. As autoridades tradicionais viram uma coisa muito claramente: se eles permitissem que esta manifestação da autoridade espiritual seguisse incontrolada, ela eventualmente substituiria a sua própria. De algum modo, eles foram capazes de reconhecer que ela era, em essência, um tipo superior de autoridade que estava destinada a suplantar seu tipo inferior, humano. Seus corações não estavam em sintonia como coração de Deus e, então, eles lutaram para manter o seu “lugar”, do qual eles tanto gostavam (João 11:48). No processo eles fizeram tudo o que podiam para suprimir a autoridade mais alta. Finalmente, quando já haviam exaurido todas as outras opções, eles se reuniram para matar os representantes de Deus. Como é fácil para nós querer evitar aborrecimentos!
Certamente a nossa tendência natural é simplesmente prosseguir com o “status quo” e “ser como qualquer outro” (2ª. Samuel 8:5). Todavia não estamos em nenhuma posição diferente de nossos antecessores ou de Nosso Senhor. Se nós queremos verdadeiramente seguir a Jesus, Seus conflitos se tornarão nossos. Então, de novo, teremos essas duas escolhas. Nós podemos preservar nossa paz e felicidade pessoal ou prepara-nos para compartilhar dos sofrimentos de Cristo. Nós podemos submeter-nos ao homem ou humilharmo-nos sob a mão poderosa de Deus (2ª. Pedro 5:6).
Infelizmente, a escolha diante de nós não é sempre entre o preto e o branco. Na Igreja hoje há, frequentemente, uma mistura destes dois tipos de autoridade. Alguns homens que possuem certa dose de autoridade espiritual, têm permitido que outros homens os coloquem em posições terrenas. Outros, possivelmente, terão mesmo buscado essas posições por si mesmos. Isto, então, coloca estes líderes em uma situação na qual eles podem exercer, e provavelmente exercem, ambos os tipos de autoridade. Muitas vezes estes próprios líderes são incapazes de distinguir entre estes dois tipos de autoridade. Eles não foram ensinados ou não são maduros o suficiente para compreender as implicações de exercer cada tipo. Portanto, cabe a cada indivíduo saber, de acordo com a revelação do Espírito Santo, a que direções e liderança ele (ou ela) deverá se submeter e quais deverão ser recusadas.
Nesta decisão extremamente importante, temos que ser muito cuidadosos. Há dois modos pelos quais podemos nos enganar seriamente. Por um lado, a rebelião carnal contra a autoridade terrena não agrada a Deus. Quando nós discernimos que a autoridade natural está sendo substituída pela de Deus na Igreja, se a nossa reação a isso não for caracterizada por brandura, humildade a amor, ela não é a resposta do Espírito. Quando manifestamos ódio ou ira, isso não realiza o trabalho de Deus. Nós não podemos permitir que nossa carne reaja ao que vemos, mas sim que seja dirigida em todos os aspectos pela Suprema Autoridade. Em geral, Sua resposta enquanto estava na Terra era não confrontar e condenar, mas seguir no verdadeiro trabalho de Deus. Não somos chamados a uma rebelião aberta contra qualquer autoridade hierárquica, mas tão somente a nos submeter à vontade superior.
Por outro lado, nós não queremos, e de fato não podemos, perder a direção sobrenatural de Deus, especialmente quando essa direção vem através de outros vasos humanos. Não podemos simplesmente rejeitar toda e qualquer autoridade que seja expressa através dos homens. É essencial que nós nos humilhemos nesse assunto diante de nosso Criador e que estejamos certos que estamos desejando obedecer á Sua voz, onde quer que ela seja ouvida. Precisamos estar desejosos de segui-Lo no que quer que seja que ele diga. Se nós não temos esta atitude de coração, iremos acabar certamente rejeitando não apenas a autoridade humana, mas de fato toda autoridade. Nossa condição será de rebeldes independentes que têm pouca serventia para Deus. A verdade é que, se nós não podemos nos submeter ao Senhor quando Ele fala através de nossos irmãos e irmãs, realmente não estamos submissos a Ele. A questão óbvia que surge de toda essa discussão é : “Como podemos saber a diferença entre a autoridade que é espiritual e aquela que é da terra?” A resposta é muito simples, mas não é facil. Além da revelação do Santo Espírito, não há maneira de saber. O homem natural não é capaz de diferenciar as duas. Só aqueles que têm visão espiritual poderão saber o que vem de Deus e o que não vem. É algo que precisa ser discernido.
Portanto, é essencial que cada filho de Deus cultive uma intimidade com Ele. Cada um de nós é responsável por desenvolver e manter um relacionamento espiritual com Nosso Senhor. Ninguém mais irá fazer isso por nós. Não podemos crer que algum tipo de “rei” vá se encarregar das responsabilidades. Assim como foi com o povo de Israel, hoje também o desejo de Deus continua o mesmo. Em Seu coração Ele anseia que nós permitamos ser levados a um profundo relacionamento com Ele. Deste modo, repousando no colo de Jesus como o João (João 13:23), nós chegaremos a compreender tudo o que Ele julga necessário que saibamos.

Saiamos a Ele fora do Arraial- C.H. Mackintosh

Extraído do Livro " Estudo sobre o livro de levítico, Ed DLC"
Consideremos agora o que era feito da "carne" ou "corpo" do sacrifício, no qual, como já foi acentuado, encontramos o verdadeiro fundamento de discipulado. "Todo aquele novilho, levará fora do arraial, a um lugar limpo, onde se lança a cinza, e o queimará com fogo" (Lv 4:12). Este ato deve ser encarado sob um duplo aspecto: primeiro, como expressão do lugar que o Senhor Jesus tomou por nós, levando o pecado; depois, como expressão do lugar para onde foi lançado por um mundo que O havia rejeitado.
E para este último ponto que pretendo chamar a atenção do leitor.
O uso que o apóstolo faz em Hebreus 13:13 do fato de Cristo haver padecido "fora da porta" é profundamente prático. "Saiamos, pois, a ele fora do arraial, levando o seu vitupério". Se os sofrimentos de Cristo nos têm assegurado uma entrada no céu, o lugar onde Ele sofreu representa a nossa rejeição pela terra. A sua morte tem-nos proporcionado uma cidade nas alturas; o lugar onde Ele morreu priva-nos de uma cidade aqui ('). Ele "padeceu fora da porta", e, fazendo-o, pôs de lado Jerusalém como centro das operações divi­nas. Não existe aquilo que poderíamos chamar um lugar consagra­do na Terra. Cristo tomou o Seu lugar, como o Sofredor, fora dos limites da religião deste mundo — da sua política e tudo que lhe pertence. O mundo aborreceu-O e lançou-O fora. Portanto, a Escritura diz "Saiamos". Este é o lema quanto a tudo que os homens levantem como "arraial" não obstante o que esse arraial possa ser. Se os homens levantarem uma "cidade santa" devemos procurar um Cristo rejeitado" fora da porta". Se os homens levantarem um arraial religioso, qualquer que seja o nome que se lhe queira dar, "saiamos" dele a fim de encontrarmos o Cristo rejeitado. Não é que a cega superstição não possa escavar as ruínas de Jerusalém para nelas encontrar as relíquias de Cristo. Certamente que o fará e já o tem feito. Fingirá ter encontrado e honrado o sítio da Sua cruz e do Seu sepulcro. A cobiça da natureza, aproveitando-se da superstição da natureza, também tem levado a efeito durante séculos um tráfego lucrativo, com o astuto pretexto de prestar honra aos chamados lugares sagrados da antigüi­dade. Porém um simples raio de luz da lâmpada da Revelação celestial é suficiente para nos autorizar a dizer que é preciso sair de todas estas coisas a fim de encontrar e gozar comunhão com um Cristo rejeitado.

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(1) A Epístola aos Efésios apresenta um aspecto muito elevado da Igreja nas alturas, não meramente como uma prerrogativa, mas também quanto ao método. O direito é certamente o sangue; mas o método é assim estabelecido: " Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo" (Ef 2:4-6).

Todavia, o leitor precisa recordar que o convite impressionante de "sair" implica muito mais do que o alijamento dos absurdos crassos de uma superstição ignorante ou as intenções de uma astuta cobiça. Há muitos que podem falar poderosa e eloqüentemente em desabono destas coisas, e que estão muito longe, na verdade, de obedecer à notificação apostólica. Quando os homens levantam um"arraial" e se reúnem em redor de um pendão embelezado com qualquer dogma importante de verdade ou alguma instituição valiosa — quando podem recorrer a um credo ortodoxo, a um plano de doutrina avançado e iluminado ou a um esplêndido ritual capaz de satisfazer as mais ardentes aspirações da natureza devocional do homem — quando alguma ou todas estas coisas existem é necessária muita inteligência espiritual para se discernir a força real e própria aplicação da palavra " Saiamos" e muita energia espiritual e decisão para se atuar de confor­midade com ela.
Contudo, deve atuar-se de conformidade com ela, porque é absolutamente certo que a atmosfera de um arraial, se ja qual for o seu fundamento ou padrão, é destrutivo da comunhão pessoal com Cristo rejeitado; e nenhuma vantagem da chamada religião poderá jamais substituir a perda dessa comunhão. É propensão dos nossos corações caírem em formas fixadas. Este tem sido sempre o caso com a igreja professa.
Estas formas podem ter sido produzidas por verdadeiro poder. Podem ter resultado de graça positiva do Espírito de Deus. Há a tentação de fixar formas logo que o espírito e poder deixam de existir. Isto é, em princípio, estabelecer um arraial.
O sistema judeu podia vangloriar-se da sua origem divina. Um judeu podia apontar vitoriosamente para o templo, com o seu sistema esplêndido de culto, o seu sacerdócio, os seus sacrifícios, todo o seu equipamento, e mostrar que tudo havia sido dado pelo
Deus de Israel. Podia citar o capítulo e o verso, como nós diríamos, de tudo que se relacionava com o sistema com que ele estava ligado. Onde está o sistema, antigo, medieval ou moderno, que possa apresentar tão elevadas e poderosas pretensões ou descer até ao coração com tal peso de autoridade? E contudo a ordem era "SAIAMOS".
Este assunto é profundamente solene, e diz-nos respeito a todos, porque somos todos propensos e esquivarmo-nos da comunhão com Cristo para cairmos na rotina morta. Daí o poder prático das palavras, "saiamos", pois a ele.
Não é SAIR de um sistema para outro — de uma ordem de opiniões para outra ou de um grupo de pessoas para outro. Não! Mas sair de tudo que merece a designação de um arraial para Aquele que "padeceu fora do arraial".
O Senhor Jesus está tão fora da porta agora como quando padeceu ali há dezoito séculos. O que foi que o pôs fora da portai "O mundo religioso" desse tempo: e o mundo religioso desse tempo é, em espírito e princípio, o mundo religioso deste tempo. O mundo é ainda o mundo. "Não há nada novo debaixo do sol". Cristo e o mundo não são um. O mundo cobriu-se com a capa do cristianismo; porém fê-lo para que o seu ódio contra Cristo possa desenvolver-se em formas implacáveis. Não nos enganemos. Se andarmos com um Cristo rejeitado, teremos de ser um povo rejeitado. Se o nosso Mestre" padeceu fora do arraial", nós não podemos esperar reinar dentro do arraial. Se andarmos nas Suas pisadas, aonde nos condu­zirão elas? Não, seguramente, às altas posições deste mundo sem Deus e sem Cristo.
Ele é um Cristo desprezado, um Cristo rejeitado, um Cristo fora do arraial. Oh, saiamos, pois, a Ele, levando o Seu vitupério. Não nos deixemos envolver com a luz do favor deste mundo, visto que crucificou e ainda aborrece com ódio implacável o Ente amado a quem devemos tudo quanto possuímos no presente e na eternidade, e que nos ama com um amor que as muitas águas não poderiam apagar. Não aceitemos, quer direta quer indiretamente, aquilo que se cobre com o Seu nome sagrado, mas que, na realidade, odeia os
Seus caminhos, odeia a Sua verdade e odeia a simples menção do Seu advento. Sejamos fiéis ao nosso Senhor ausente. Vivamos para Aquele que morreu por nós.
Enquanto as nossas consciências repousam sobre o Seu sangue, que os afetos dos nossos corações se enlacem em redor da Sua pessoa; de sorte que a nossa separação "deste presente século mau" não seja meramente um coro de princípios frios, mas uma separação afetu­osa porque o objeto das nossas afeições não se encontra aqui. Que o Senhor nos liberte da influência desse egoísmo consagrado e prudente, tão comum no tempo presente, que não pode estar sem religião, mas que é inimigo da cruz de Cristo. O que nós necessita­mos, para podermos resistir com êxito a essa forma terrível de mal, não são formas de ver peculiares, ou princípios especiais ou teorias singulares ou uma fria exatidão intelectual. Necessitamos de uma profunda devoção pela pessoa do Filho de Deus; uma inteira con­sagração de nós próprios, de alma, corpo e espírito ao Seu serviço; e de um ardente desejo do Seu glorioso advento. Estas são, prezado leitor, as necessidades especiais dos tempos em que vivemos. Não quererá, portanto, unir-se, do profundo do seu coração, ao grito: Oh Senhor, vivifica a tua obra! Completa o número dos teus eleitos! Apressa o teu reino, "Vem, Senhor Jesus"!

Somos salvos pela Graça!.... Mas, o que é graça? - Levi Cândido

“Atraí-os com cordas humanas, com laços de amor; e fui para eles como quem alivia o jugo de sobre as suas queixadas, e me inclinei para dar-lhes de comer.” (Os 11:4)

A graça divina é pedra de tropeço àqueles que se consideram dignos de aprovação diante de Deus por seus próprios méritos, mas é preciosidade para os indignos, para os combalidos, para os desgraçados, para os maltrapilhos da vida. “A graça é uma provisão para homens que se acham tão decaídos que não podem erguer o machado da justiça, tão corruptos que não podem mudar a sua própria natureza, tão contrário a Deus que não podem voltar-se para Ele, tão cegos que não podem vê-lo, tão surdos que não podem ouvi-lo, tão mortos que Ele mesmo precisa abrir os seus túmulos e levantá-los para a ressurreição.”1 A graça é uma ofensa ao mérito. Ela é a manifestação da suficiência de Deus para a nossa completa deficiência. “Deus amou-nos quando não havia nada de bom para ser visto em nós, e nada de bom para ser dito por nós.”2 “Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” (Rm 5:8) A graça é o amor em ação; é o amor tomando a iniciativa. “Quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós.” Deus agindo favoravelmente através de Cristo Jesus para nossa completa salvação; passada, presente e futura, é declaração majestosa do evangelho da graça plena. As Escrituras Sagradas é categórica neste sentido. “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos),” (Ef 2:4-5) “Mas Deus”. Esta expressão contém em si mesma a definição da graça. Não é Adão em busca de Deus, Mas Deus em busca de Adão: “E chamou o SENHOR Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás?” (Gn 3:9) “A diferença entre o cristianismo e todos os outros sistemas religiosos consiste principalmente nisto: Em todas as religiões vê-se o homem procurando a Deus, enquanto no cristianismo temos Deus procurando o homem.”3 Não haveria possibilidade de alguém buscar a Deus se antes não fosse buscado por Ele. Não haveria possibilidade de alguém amar a Deus, se antes não fosse amado por Ele. Deus é a causa primária de nosso amor e interesse Nele. “Nós o amamos porque ele nos amou primeiro.” (IJo 4:19) Se houvesse a possibilidade de alguém buscar a Deus para ser salvo, a morte de Cristo Jesus seria desnecessária. “Nenhum pecador jamais foi salvo por ter dado o coração a Jesus. Não somos salvos por termos dado, mas sim pelo que Deus deu.”4 O evangelho das boas novas anuncia: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3;16) A ênfase neste verso está no amor de Deus e na sua dádiva com o determinado objetivo de buscar e salvar o perdido. Não é a ação por parte do homem em crer que deve ser louvada, mas o amor imensurável por parte de Deus abrindo a possibilidade da salvação do perdido pecador. “Como quando um príncipe estende a mão a um mendigo: não se elogia a nulidade do mendigo, mas a misericórdia e a bondade do príncipe.”5 Mas como era impossível achegar-nos a Deus pelas obras de justiça ou por qualquer outro meio, Deus enviou o Seu Filho unigênito, movido por seu inefável amor e misericordiosa graça a fim de que por Ele tivéssemos acesso à Sua presença. “Nada que não seja gratuito é seguro para os pecadores...A não ser que sejamos salvos somente pela graça, não podemos absolutamente ser salvos.”6 “Mas quando apareceu a benignidade e amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens, Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, Que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador; Para que, sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna.” (Tt 3:4-7) C.S.Lewis pesou a sua pena sem pena quando escreveu: “Agnósticos amáveis falarão alegremente de como o homem procura a Deus. Para mim, eles podem também falar sobre como o rato procura o gato...Deus encostou-me na parede.” Mas graça é assim mesmo; é Deus agindo favoravelmente para com aqueles onde há absoluto demérito. Estou na fila da graça. A Sua palavra sustenta que fui aceito incondicionalmente por Deus em Cristo Jesus, dependendo tão somente de Seus atributos, Seus méritos e Sua obra redentora e eficaz em meu favor, assegurando-me plena e poderosa salvação; passada, presente e futura. “Não sou perfeito em entender o que Deus quis, o que Deus planejou; só sei que à sua direita está alguém que é meu Salvador.”7 “Ora, o essencial das cousas que temos dito, é que possuímos tal sumo sacerdote, que assentou-se à destra do trono da Majestade nos céus,.. Ele que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as cousas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade nas alturas,” (Hb 8:1; 1:3) A parábola do filho pródigo em Lucas 15 ilustra com precisão o caráter gracioso do Aba. Podemos dizer que o que está em destaque neste episódio e merece solene consideração de nossa parte, não é a fuga do filho mais novo em busca dos prazeres da vida, tampouco o sentimento de ciumaria do filho mais velho com seu legalismo tacanho, mas sim, o caráter gracioso do pai pródigo de amor para com o seu maltrapilho. “E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.” (v.20) Meus irmãos e irmãs, percebam isto: O filho mais novo saiu de casa, desperdiçou todo seu dinheiro na futilidade da vida, porém, quando seu dinheiro esvaiu-se, os “amigos da conveniência” o abandonaram. “Amigo é alguém que se achega quando todo mundo se afasta.”8 Agora persuadido pela fome chegou-se à resolução: “...Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti..;” (v.17-18) Notem; não foi o seu amor ao pai e/ou à sua família que o motivou a esta resolução; mas o seu estômago vazio. Nas palavras de Brennan Manning, “O estômago do maltrapilho não estava doendo de remorso porque havia partido o coração do pai. Ele cambaleou para casa simplesmente para sobreviver. Sua permanência numa terra distante o havia deixado falido. Os dias de vinho e rosas murcharam. Sua declaração de independência havia ceifado uma colheita inesperada: não liberdade, alegria e uma vida nova, mas cativeiro, tristeza e um embate com a morte. Os amigos-da-onça haviam transferido suas lealdades quando o seu cofrinho se esvaziou. Desencantado com a vida, o gastador traçou o caminho de volta para casa, não ardendo de desejo de ver seu pai, mas de apenas permanecer vivo.” Porém o que causa grande admiração neste fato, foi a atitude amorosa de seu pai. Na narrativa de Jesus está escrito: “E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.” (v.20) O pai não deu uma lição de moral ao filho:”Porque você fez isso?”, ou; “Nunca mais faça isto!”, etc. Não! A atitude do pai foi o acolhimento amoroso e incondicional para com seu filho. Porque “O amor busca somente uma coisa: o bem eterno do ser amado.”2 “De longe se me deixou ver o SENHOR, dizendo: Com amor eterno eu te amei, por isso com benignidade te atraí.” (Jr 31:3) Esta profecia teve seu cumprimento graciosamente através de Cristo Jesus crucificado. Fomos colocados nele como ato da graça de Deus conforme o relato João 12:32. “E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo.” Atraídos em Cristo crucificado, fomos participantes da sua morte a fim de sermos regenerados pela sua ressurreição. A palavra de Deus nos revela: “Palavra fiel é esta: que, se morrermos com ele, também com ele viveremos; Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado. Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos,” (II Tm 2:11; Rm 6:6; I Pe 1:3) Graça! Soberana graça!
“ Phillip Yancey foi preciso em sua consideração: “Graça, diz ele, significa que não há nada que possamos fazer para Deus nos amar mais. E graça significa que não há nada que possamos fazer para Deus nos amar menos. A graça significa que Deus já nos ama tanto quanto é possível um Deus infinito nos amar.” Outro fato que nos revela este amor indizível de Deus encontra-se na narrativa do apóstolo João capítulo 8, relacionado à mulher que fora apanhada em flagrante adultério. Os seus acusadores – os religiosos legalistas, diga-se de passagem -, a levou até Jesus, procurando algo para terem de que o acusar. Diante dos acusadores com suas acusações de um lado, e da pobre réu do outro, foi manifestada a maravilhosa graça. “...Aquele que dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro que lhe atire pedra.” (v.7) Jesus não estava apoiando aquela mulher em suas práticas pecaminosas (v.11), mas demonstrando a sua compaixão e graça à indigna pecadora. “Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça;” (Rm 5:20) A graça acolhe os indignos não para deixá-los como estão; mas para libertá-los de sua deplorável condição. “A graça não encontra homens aptos para a salvação, mas torna-os apto para recebê-la.”9 “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” (Ef 2:8-10)
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1. G.S.BISHOP ; 2. Alguém ; 3. Thomas Arnold ; 4. A.W.Pink ; 5. Lutero ; 6. Charles Hodge ; 7. Dorothy Greenwell ;
8. Anônimo ; 9. Agostinho
Levi Cândido

A Igreja de Deus nos dias de Hoje - Ed Verdades Vivas

Extraído do site www.verdadesvivas.com.br
Sem dúvida alguma, os cristãos de hoje estão confundidos acerca da Igreja. Existem centenas de denominações em todo o mundo, e todas presumindo ser a igreja verdadeira. O popular slogan “vá à igreja que mais lhe agrade” aceita esta condição e supõe que a Palavra de Deus seja falha em dar-nos uma preparação adequada para estes tempos, e guiar-nos em meio à confusão que reina na cristandade.
Mas, será que o Senhor Jesus queria deixar os Seus seguidores sinceros em um tal estado de confusão? Vamos diretamente às Escrituras, para mostrar o que Deus nos diz a respeito de Sua Igreja nos dias de hoje.
A primeira epístola a Timóteo apresenta a “Casa de Deus” (1 Tm 3.15) de acordo com o pensamento de Deus. A segunda epístola apresenta “a Casa” quando esta foi arruinada pelo fracasso do homem e, em sua ruína, ficou semelhante a uma “grande casa”, na qual “não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra” (2 Tm 2.20). O crente que uma vez tenha visto a verdade da Igreja ou assembléia como a Casa de Deus, tal como ensinam as Escrituras, talvez não encontre nada ao seu redor que corresponda ou se ajuste a esta verdade, O que principalmente podemos ver na cristandade é uma “grande casa”, na qual há vasos, uns para honra e outros para desonra. Será que a Palavra de Deus dá instruções para o Seu povo em condições como estas? Sim, ela mesma nos dá a resposta.

Se desejamos andar neste mundo de acordo com o propósito de Deus, devemos aprender que, por maior que seja nossa inteligência natural, por mais que nossa mente tenha sido instruída, por maior que seja nosso conhecimento das Escrituras, e por mais sinceros que sejam nossos desejos, se confiarmos em nossa inteligência não poderemos achar a senda de Deus para o Seu povo, em meio à confusão reinante na cristandade. Não somos capazes de encontrar o caminho por nós mesmos, em meio às crescentes dificuldades, face à contínua oposição à verdade; ou de nos desembaraçarmos das várias questões e dificuldades que continuamente surgem.

Após reconhecermos claramente nossa total incompetência, poderemos aprender que não nos é dado achar nosso caminho como melhor possamos fazê-lo, e que Deus nunca esperou de nós que tivéssemos alguma sabedoria ou capacidade em nós mesmos, para andar de acordo com os Seus pensamentos. Bem pôde o Senhor dizer: “Sem Mim nada podeis fazer” (Jo 15.5).
Deus tem feito provisão para que conheçamos a Sua vontade.
Há três coisas que devemos recordar:
1. Temos uma Cabeça no céu: Cristo na glória é a Cabeça de Seu Corpo, a Igreja; e toda a sabedoria está na Cabeça. Nós não temos nenhuma sabedoria em nós mesmos. E de extrema importância deixarmos nossas próprias “cabeças” e olharmos para Cristo como “a Cabeça” que nos guia. Se confiarmos em nossas próprias “cabeças “, não estaremos, na prática, “ligados à Cabeça” (Cl 2.19).
2. O Espírito Santo, uma Pessoa divina, está na Terra. O Senhor sabia que Seu povo não seria capaz de manter-se, por si mesmo, em um mundo do qual Ele estaria ausente. Antes de partir, Ele disse: “E Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; o Espírito de verdade... Esse vos ensinará todas as coisas” (Jo 14.16,17,26). A defesa e a manutenção desta verdade não depende dos crentes, mas da presença contínua do Espírito de verdade.
3. Temos a Santa Escritura que, “divinamente inspirada, é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2 Tm 3.16,17), e que nos mostra “como convém andar na Casa de Deus, que é a Igreja de Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade” (1 Tm 3.15). Mas numa época em que a Casa de Deus foi convertida em uma ruína, e quando já não temos mais a realidade da verdade, o homem de Deus tem todavia a infalível autoridade das Escrituras, por meio das quais pode verificar todas as coisas.

Contudo, em hipótese alguma a ruína do cristianismo, qualquer que seja o seu grau, poderá alterar a Cristo, ao Espírito Santo, ou as Escrituras. Cristo continua sendo a Cabeça no céu, com toda a sabedoria necessária para o Seu povo, tanto para estes últimos tempos, como o foi nos primeiros dias da cristandade, O Espírito Santo habita entre os que crêem com inalterável poder para guiar e reger. As Sagradas Escrituras permanecem com sua autoridade suprema e inalterável.

Não obstante, a cristandade, como um todo, tem posto de lado a Cristo, ao Espírito Santo e as Escrituras. Os grandes sistemas religiosos dos homens têm retido o nome de Cristo, enquanto têm abolido a Cristo como Cabeça no céu, nomeando-se cabeças terrenas. Roma tem seu Papa; a igreja grega, seu Patriarca; as igrejas protestantes, seus reis, arcebispos, presidentes ou moderadores. Por conseguinte, nesses grandes sistemas, pouco ou nenhum lugar é deixado ao Espírito. A máquina religiosa e os artifícios carnais do homem têm excluído o Espírito. E finalmente, os homens têm lançado o mais implacável ataque contra as Escrituras, manipulando-as ao seu bel-prazer, até ao ponto de não restar quase nenhuma seita na cristandade que mantenha um certo grau de reconhecimento de que TODA a Escritura é “divinamente inspirada” (2 Tm 3.16).

O que devemos fazer? As Escrituras nos respondem definitivamente o que nós devemos manter e como devemos atuar sobre dois grandes princípios:
1. Separação de tudo o que é contrário à verdade de Deus — Tudo quanto seja uma negação da verdade da Igreja; tudo quanto negue a Cristo como sendo a única Cabeça de Sua Igreja; tudo quanto negue ao Espírito Santo como sendo nosso todo suficiente guia, e tudo quanto negue as Escrituras como sendo nossa absoluta autoridade, a qual permanece imutável.
2. Associação com tudo quanto está de acordo com Deus — Depois de termos nos apartado do mal, as Escrituras insistem neste outro ponto igualmente importante. Em poucas palavras, “cessai de fazer o mal, aprendei a fazer o bem” (Is 1.16,17).

O que nos dizem as Escrituras quanto à separação do mal? Todos devemos admitir que a separação deste mundo ímpio foi sempre necessária para o povo de Deus em todos os tempos; todavia neste tempo em que a cristandade encontra-se corrompida, temos instruções especiais para uma separação em três aspectos:
1. Separação de todo sistema religioso, que é uma negação da verdade de Cristo e da Igreja. “Saiamos, pois, a Ele fora do arraial, levando o Seu vitupério” (Hb 13.13). O arraial (ou acampamento) era o sistema judaico estabelecido originalmente por Deus. Era composto de um povo em um relacionamento exterior com Deus, com uma ordem terrena de sacerdotes. É evidente que os sistemas religiosos da cristandade foram formados sob o modelo do arraial ou acampamento. Geralmente são compostos de uma mistura de convertidos e inconversos. Tais sistemas são, definitivamente, de um apelo ao homem natural, pois têm seus santuários terrenos, seu ritual e sua ordenação humana de sacerdotes ou líderes que se colocam entre o povo e Deus. E assim, imitando o arraial ou acampamento, os cristãos puseram de lado a Cristo como a Cabeça, ao Espírito Santo como guia, e a~ Escrituras como autoridade. Se quisermos dar a Cristo o Seu verdadeiro lugar, devemos, em obediência à Palavra de Deus, sair “a Ele, fora do arraial, levando o Seu vitupério” (Hb 13.13).
2. As Escrituras também nos ensinam, de uma maneira muito clara, separação da má doutrina. “Qualquer que profere o nome de Cristo aparte-Se da iniqüidade” (2 Tm 2.19). Todo aquele que confessa o nome do Senhor, por sua profissão de fé. identifica-se com o Senhor, e é responsável de apartar-se da iniqüidade. Está bem claro que esta passagem está se referindo à “iniqüidade” como sendo más doutrinas. Não devemos associar a iniqüidade com o nome de Cristo. Pode ser que seja muito custoso agora nos separarmos da iniqüidade, mas qual é a estima que temos de Cristo?
3. Estas mesmas Escrituras nos pedem para nos separarmos de pessoas más. 2 Timóteo 2.20 nos fala de “vasos para honra e vasos para desonra”, e o versículo seguinte diz que devemos nos purificar dos vasos para desonra, para sermos vasos para honra, “santificado e idôneo para uso do Senhor” (2 Tm 2.21). Aqui está se referindo às pessoas e não meramente a doutrina. Em outras palavras, à medida que nos separamos destes vasos – pessoas, não apenas suas doutrinas – somos santificados e feitos úteis para uso do Senhor. Não é suficiente o não apoiar suas doutrinas, pois só pelo fato de se estar associado a eles há contaminação com o mal. Todos os esforços possíveis têm sido feitos, na cristandade, para debilitar a força desta passagem.

Assim, as Escrituras nos ensinam, com toda evidência, a separação dos sistemas os quais são uma negação da verdade; das falsas doutrinas, que negam a verdade, e dos vasos para desonra, pessoas que não praticam a verdade.

A separação. ainda que necessária, é sempre negativa, mas deve ter também algo que seja positivo. Isto nos leva ao segundo e grande princípio: associação com o bem. Devemos seguir “a justiça, a fé, o amor, e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor” (2 Tm 2.22).
Primeiro deve haver a justiça ou retidão. Qualquer que seja a profissão de fé que o homem faça, se não há nenhuma evidência de justiça prática, não pode estar de acordo com Deus. Mas a justiça não é bastante; o que é justo e o que é injusto não são suficientes para determinar o caminho do cristão. Ele deve, por princípio, fazer o que é justo. mas para andar com desembaraço no caminho do Senhor se requer fé. Portanto, com a justiça, deve haver a fé. E a justiça e a fé preparam caminho para o amor. Se o amor não é garantido pela justiça e pela fé, se degenerará em mero afeto humano. o qual será usado como desculpa para não se atuar com firmeza e para passar por alto o mal. Logo estas qualidades conduzem à paz — não a uma paz desonrosa que faz compromisso com o mal, com a incredulidade e com a inimizade, mas uma paz honrosa, que resulta da justiça, da fé e do amor. Se seguirmos assim estas formosas qualidades, encontraremos outros que estão fazendo o mesmo — aqueles ‘que, com um coração puro, invocam o Senhor” — com os quais devemos nos associar. A separação não significa o isolamento. As Escrituras nos mostram que sempre haverá aqueles com os quais poderemos estar associados ou reunidos.

Portanto, estas passagens das Escrituras fornecem, ao povo de Deus, instruções precisas para os dias de hoje. Não nos sugerem, nem uma só vez, que saiamos fora da Casa de Deus. Para fazê-lo, teríamos que sair totalmente fora deste mundo. Mas do mesmo modo que não podemos sair da Casa, somos responsáveis de nos apartarmos do mal que há dentro da Casa. Não nos é dito que voltemos a construir a Casa.

É, portanto. nossa responsabilidade, andarmos na luz do que foi no princípio, e que todavia ainda existe sob o olhar de Deus, e isto apesar de todo o fracasso do homem. Estas três coisas são necessárias:
— O reconhecimento de Cristo como “a Cabeça”.
— O governo e guia do Espírito Santo.
— O atuar de acordo com as Escrituras.

“Cristo amou a Igreja e a Si mesmo Se entregou por ela” (Ef 5.25).
Querido leitor, está o seu coração pronto para corresponder a isto?

Sobre dúvidas e Questões- G.Cutting

Eu me desviei e temo ter cometido o pecado imperdoável.


Qual é o pecado imperdoável? O próprio Senhor respondeu claramente a essa pergunta em Marcos 3.29,30: “Qualquer, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão, mas será réu do eterno juízo. Porque diziam: Tem espírito imundo”.
Em Mateus 12.28, o Senhor diz: “Mas eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus”. E eles disseram, “Este não expulsa os demônios senão por Belzebú, príncipe dos demônios” (v.24). Eles estavam então na verdade chamando o Espírito de Deus de príncipe dos demônios! Era esta a blasfêmia para a qual não havia perdão! Atribuir os milagres de Jesus a uma obra do demônio.
Fica assim evidente que se alguém continuar desejando Cristo como seu Salvador, quaisquer que tenham sido os seus desvios, ele não cometeu este pecado. Como poderia desejar ter como Salvador alguém que julga ser capacitado pelo poder do próprio Satanás? Se conhecesse uma tal pessoa não confiaria a guarda de seus cães a ela nem por um dia, quanto mais a salvação de sua alma por toda a eternidade!
Todavia, um indivíduo perturbado pode dizer, pequei muito e me desviei completamente. Respondemos, sua atitude é lamentável. Nada pode ser mais humilhante e triste do que uma retribuição dessas para o amor mostrado por Ele. Mas, mesmo isto não mudou o coração do Senhor. “Como havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13.1) .
“É isto que me humilha e envergonha,
Descobrir que Tu não mudaste”.
Nós perguntamos naturalmente, depois de fazer ou dizer alguma coisa desagradável a um amigo querido: “O que ele vai pensar de mim?”.
Isso acontece geralmente com o que se desvia. “O que o Senhor vai pensar de mim agora?” diz ele, “Quando eu mesmo condeno e odeio a minha atitude, meu comportamento que desonrou a Deus?”
Na verdade, Ele continua pensando de você o que sempre pensou. “Porque eu bem sei os pensamentos que penso de vós, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais”(Jr 29.11). Ele sabia desde o início quão mau seria o seu comportamento, mas deu mesmo assim o seu precioso sangue de vida para remi-lo.
Foi em vista de tudo o que eu era, e tudo o que viria a ser, que Ele “me amou e deu-se a Si mesmo por mim”.



O que dizer dos meus pecados depois de minha conversão?


Lembre-se, caro leitor, que além do juízo eterno dos perdidos, Deus só tem um meio de tratar com o pecado segundo a Sua justiça: pelo sacrifício e morte de Jesus. Considere um santo pecador como Davi, no Velho Testamento, e um como você na presente dispensação. A cruz de Cristo satisfez cada pecado de ambos, caso contrário a condenação eterna será o seu destino. Mas existe uma grande diferença entre os dois casos. Ela pode ser explicada mais ou menos assim: Quando Cristo foi colocado na cruz como portador de pecados, Ele não levou sobre si nenhum dos pecados de Davi, exceto os cometidos no passado; enquanto não carregou nenhum dos seus, exceto os futuros. O significado é este: quando Jesus estava “levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro” (1Pe 2.24), os pecados de Davi estavam todos no passado e os seus todos no futuro. Como diz o pequeno hino:
“Deus, que os conhecia, colocou-os sobre Ele,
E crendo, você está livre”.
Ou, melhor ainda, segundo expresso na Escritura (veja Isaías 53.6): “Todos nós andámos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos”. Os pecados de Davi, os seus e os meus; a saber, os pecados de cada alma salva na história do mundo - todos eles se reuniram ali. Que grande atração essa cruz vai ser na eternidade para cada remido, qualquer que seja a dispensação em que tenha vivido! Foi o amor insondável que O levou até ela; e até que o juízo completo pelo pecado tivesse sido suportado e esgotado, até que a maior de todas as transações tivesse sido completada, e ganha a maior das vitórias, foi o amor inextinguível que O manteve nela. Abençoado Salvador!
O que torna tão iníqüos os nossos pecados depois da conversão, é a desonra que causamos ao seu Nome, a tristeza provocada num coração como o dEle.
Mas Aquele que pensou em nós e morreu por nós em nossa condição de pecadores perdidos, não se esqueceu de prover também livramento para nós como santos ingratos. Ele tomou nosso lugar na cruz e morreu por nós, passando depois a defender a nossa causa no trono e vivendo para nós. “Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida” (Rm 5.10).
Obtemos a garantia divina nas palavras “Muito mais”, de que seremos preservados para sempre. “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis“ (1 Jo 2.1). Temos, entretanto, a graciosa provisão, não obstante essas palavras, pois o mesmo versículo diz, “e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo”. A Escritura não diz, “Se alguém arrepender-se de seu pecado, temos um Advogado”. Não; o arrependimento e a auto-análise que levam à confissão são os resultados do serviço do Advogado para nós. Ele não defende a nossa causa porque nos entristecemos; mas nos entristecemos porque Ele nos defende. “Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça” (Lc 22.32), foi a sua bondosa declaração a Pedro. Ele sabia que o comportamento dele iria falhar, mas não esperou até que Pedro “chorasse amargamente” para orar a seu favor. “Roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça”.
Jesus provou novamente a Pedro ainda autoconfiante, naquela ocasião, que tinha tanta capacidade para sustentar um discípulo que começava a afogar-se como para atrair aquele que começava a andar; que se Pedro desviasse os olhos do Senhor, este não desviaria os seus dele; e que mesmo se deixasse de andar pela fé, essa seria justamente a ocasião de manifestar as novas atividades do amor do Mestre - sua mão estendida estaria agora ao serviço de seu servo infiel. “Do justo não tira os seus olhos” (Jó 36.7). Assim sendo, mediante a sua intercessão predominante junto ao Pai no céu, é que eu, pelo Espírito de Deus, sou levado a confessar com o coração compungido. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo, para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”(1 Jo 1.9).
Você pode, portanto, aproximar-se do Pai com toda confiança e abrir todo o seu coração diante dEle. Se fizer isso, esteja certo de que, em toda fidelidade e justiça Àquele que levou sobre Si os nossos pecados e que “vive para sempre a fim de interceder por nós”, Ele irá perdoá-lo livremente. E quando faz isso, uma tão grande graça irá sem dúvida tornar você cada vez mais zeloso, cuidando para que outro passo em falso não ofenda e entristeça um amor assim tão fiel e imutável.

Extraído do livro “Luz Para as Almas Ansiosas” - G.Cutting

Deus predestinou o Homem para a Perdição? - H.L.H

Extraído do site http://www.verdadesvivas.com/
Haveis sentido, até certo ponto, inquietação porque alguém tem afirmado que não é possível ter-se a certeza da salvação neste mundo por não poder saber-se se tem sido eleito.
Pois bem, pode-se responder a uma tal afirmação com a Bíblia. A Palavra de Deus diz: Para que todo aquele que crê não pereça mas tenha a vida eterna (João 3.16). Se Deus, pois, fala verdade, isso pode saber-se. Ninguém negará que Deus tem dito a verdade.
A alguém que falava da mesma maneira, perguntei uma ocasião se julgava que o apóstolo Paulo havia estado com Deus afim de deitar uma vista de olhos ao Seu livro de desígnios. O que naturalmente ele negou. Prossegui com outra pergunta: Como pode então ele escrever aos Tessalonicenses: Sabendo, amados irmãos, que a nossa eleição é de Deus (I Tess.1.4), e como é que em todas as suas epístolas chama aqueles a quem escreve, santos? E ele, então, não teve resposta para dar-me; porém no dia seguinte acercou-se a mim e disse: “Agora eu também sei que estou salvo”.
De fato, a Palavra de Deus fala claramente de predestinação. Qual o filho de Deus que, meditando em Efésios 1.4,5; Romanos 8.29,30; 1 Pedro 1.2, não tem motivo para bendizer a Deus por uma tal graça?


PREDESTINAÇÃO

Infelizmente o homem não se manteve no que estava escrito na Palavra de Deus, mas antes permitiu que o seu entendimento fosse mais além, afim de tirar conclusões lógicas, assim chamadas. O resultado a que chegou foi fazer afirmações que estão contra a Palavra de Deus e que na realidade constituem uma desonra para o Seu nome. O ensino da predestinação de todos os homens é uma caricatura do quadro glorioso da eleição que nos oferece a Palavra de Deus.
Diz a doutrina da predestinação que Deus predestinou uns para a eterna salvação, mas que decidiu rejeitar outros. É bom lermos os versículos de Romanos 9.8-23, que falam claramente do assunto.


GRAÇA NÃO SÓ PARA OS JUDEUS

Nos primeiros oito capítulos da Epístola aos Romanos encontramos descrita a condição do homem e a resposta de Deus. O homem está perdido sem nenhuma esperança. Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus (Rom 3.23,24). Mas se fossem todos salvos somente sobre a base da graça, então ela não se limitaria aos Judeus. Então a graça seria também para as nações que não são judaicas.
Isto, porém, não queriam os judeus. Eles ocupavam um lugar de privilégio e queriam mantê-lo. Por isso a sua grande inimizade é manifestada sempre que o mesmo evangelho é pregado aos Gentios (veja Atos 13.45-50; 15.1; 17.5; 28.25-29).
Em Romanos capítulos 9 a 11 o apóstolo trata da questão de harmonizar a igualdade entre os Judeus e os Gentios a respeito do Evangelho de acordo com a posição especial que Deus havia dado aos Judeus.


A SEMENTE DE ABRAÃO

O primeiro argumento invocado pelos Judeus foi que eram a semente de Abraão. Bem, diz o apóstolo, então tereis de reconhecer também a Ismael, visto que também era filho de Abraão. E se neste caso se pode inferir que a mãe de Ismael era apenas escrava, Esaú era também o pai dos Árabes. Jacó e Esaú tinham o mesmo pai e a mesma mãe, e nasceram ao mesmo tempo. Não obstante, Esaú, ainda que era o maior, não foi o patriarca do povo de Deus. E isto não porque Jacó era melhor. Já antes do seu nascimento Deus havia dito que o maior serviria o menor.
Assim, vemos, aqui, que os Judeus não tinham recebido esta posição com base no direito, mas com base na soberania de Deus. Se eles tivessem apelado para os seus direitos, então teriam também de reconhecer os Árabes como povo de Deus somente com base na soberania de Deus; não tinha Deus o direito de abençoar também outros? Vemos também que não é uma questão de predestinação ou rejeição para a eternidade, mas somente segundo a sua posição privilegiada na Terra.
As palavras do versículo 13 as quase sempre usadas como prova da doutrina da rejeição. Quem o faz confunde os versículos 12 e 13. O que está escrito no versículo 12 é o que Deus realmente havia dito antes de os meninos haverem nascidos, mas não antes da fundação do mundo, como está escrito a nosso respeito em Efésios 1.4. Aqui trata-se de uma posição terrena, e isto anunciou-o Deus imediatamente antes do nascimento (versículo 10). Mas o versículo 13 é extraído de Malaquias 1. E Deus disse isto aproximadamente mil e quatrocentos anos depois da vida de Jacó e Esaú - depois de haver sido vista a sua vida e a dos seus descendentes. Em Hebreus 12.16,17 Esaú é chamado devasso e profano, que por um manjar vendeu o seu direito de primogenitura e não achou lugar para arrependimento. É de admirar que Deus haja dito deste homem que o aborreceu? Aborreces a todos os que praticam a maldade (Salmo 5.5).
Então chegamos ao versículo 15: Compadecer-me-ei de quem me compadecer e terei misericórdia de quem me tiver misericórdia. Esta passagem é tirada de Êxodo 33.19, o povo tinha levantado o bezerro de ouro e rejeitado o Senhor(Êxodo 32.4). Merecia o juízo (Êxodo 32.10); porém Moisés orou por eles. Então Deus manifesta uma vez mais a Sua graça e poupa o povo. Estas palavras mostram a evidência que Deus Se reserva o direito de dispensar graça, até mesmo quando o castigo é merecido. Israel era o povo de Deus somente sobre o fundamento da graça. Mas como podem estas palavras ser uma prova da doutrina da rejeição?
O versículo 15 estabelece o princípio da graça. Onde todos estão debaixo do juízo só a misericórdia de Deus pode dar o escape. Se a partir de hoje um homem não pecasse mais (caso pudesse fazê-lo!) que lhe aproveitaria isso? Ainda assim teria que submeter-se ao juízo por aqueles pecados que tivesse antes cometido.


DEUS ENDURECE ALGUNS HOMENS

O versículo 17 é uma citação de Êxodo 9.16, Deus disse a Faraó que endureceria o seu coração para manifestar-lhe todo o Seu poder, mas temos de ler o que está escrito antes, em Êxodo 5.2 onde Faraó disse: Quem é o Senhor, cuja voz eu ouvirei para deixar ir Israel? Não conheço o Senhor, nem tão pouco deixarei ir Israel. Em seguida torna mais pesado o serviço do povo (Êxodo 5.17). Apesar de todos os sinais e juízos que Deus enviou, Faraó não obedeceu à vontade do Senhor. Então Deus diz: Agora endurecerei o teu coração para que todo o peso do meu juízo caia sobre ti.
Deveras o Senhor havia dito anteriormente que o faria (Êxodo 4.21), pois sabia antecipadamente que Faraó não escutaria, conhecia o coração de Faraó (Êxodo 3.18). Porém não foi antes de haver falado a Faraó várias vezes e de lhe haver mandado bastante sinais e pragas, e de Faraó haver dito que deixaria ir o povo, faltando cada vez à sua palavra, que Deus lhe endureceu o coração (Êxodo 9.12). E é então que Ele diz estas palavras. É uma verdade solene que Deus às vezes endurece os corações! Fê-lo à Faraó. Fá-lo às vezes no tempo presente. E, em breve, depois do arrebatamento da Assembléia, fá-lo-á a todos os que têm ouvido o Evangelho, mas não o têm aceitado (II Tess.2.11). Porém, Deus nunca endurece os corações antes de ter dado aos homens oportunidade para se converterem (Jó 33.14-30). Isso é muito diferente do que diz a doutrina da rejeição.


DEUS É SOBERANO EM SEUS ATOS

Romanos 9.19-21 trata principalmente desta questão. Deus não tem o direito de fazer com as Suas criaturas o que Ele quer? Se Deus quisesse fazer de um homem um vaso para a honra e de outro um vaso para desonra, não teria o direito disso? Pode uma criatura pedir contas ao Criador? Deus, como Criador, tem o direito de fazer com as Suas criaturas o que quer. Tem o direito de dar graça a um e destinar outro para o castigo eterno. Mas o versículo 21 não tem feito uso deste último direito. Deus é luz e amor e nunca está em contradição Consigo mesmo.
O versículo 21 fala disto. Faz-se alusão a Jeremias 18. Ali Deus indica o Seu direito de fazer com Israel o que quer. O oleiro faz do barro um vaso, mas quando ele se quebra, faz do mesmo barro outro.
Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Não poderei eu fazer de vós como fez o oleiro, ó casa de Israel? Diz o Senhor: eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel.
Se alguém se arrepende de sua maldade Deus se arrependerá do juízo que pensava executar e lhe mostrará graça. Para isso Deus serve-Se da Sua soberania!


OS VASOS DA IRA PREPARADOS PARA PERDIÇÃO!

Romanos 9.22,23 mostra o mesmo princípio; apesar de ser usado muitas vezes como uma grande prova a favor da doutrina da rejeição, na realidade esta passagem é a maior prova contra essa doutrina.
O versículo 22 fala dos vasos da ira preparados para a perdição. Quem os preparou? Não é dito aqui. Mas, que Deus não o fez parece ser claro do contexto. Poderia dizer-se que Deus os suportou com muita paciência se Ele mesmo os tivesse preparado para a perdição? Veja-se também a diferença com o versículo 23, onde efetivamente está escrito que Ele tem preparado de antemão os vasos de misericórdia que já dantes preparou. É claro que os vasos da ira se prepararam a si mesmos. Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente entesouras ira para ti, no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus Rom 2.5.


A PALAVRA DE DEUS
DESCONHECE A PREDESTINAÇÃO PARA REJEIÇÃO

Nas Escrituras não há nem uma só evidência de que Deus haja tomado uma decisão para rejeição, nem de que haja destinado determinadas pessoas para a perdição eterna. Pelo contrário, isto está em contradição com o que Deus tem revelado de Si mesmo na Sua Palavra.
Pode ser que Deus nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem, e que deu Seu Filho Jesus Cristo em resgate por todos afim de que todos pudessem participar Dele, tenha destinado uma parte deles para a perdição eterna? E assim há muitas passagens sobre o assunto, como por exemplo João 3.16, Romanos 3.22, I João 2.2, etc...
Graças a Deus, pobres pecadores foram predestinados para a glória eterna. Mas em nenhuma parte da Palavra de Deus se fala de eleição para condenação. Em contrapartida, a Palavra de Deus diz: E quem quiser tome de graça da água da vida (Ap 22.17). Deus nosso Salvador,...quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade (I Tim 2.4).
E se não podemos reconciliar estes dois lados da verdade: vida e o convite feito a todos para virem: os meus pensamentos são mais altos do que os vossos pensamentos Is 55.9. Qual o homem que ousaria atrever-se a pensar que o seu intelecto podia compreender e julgar a sabedoria e os desígnios de Deus? Para a fé resta o que Abraão havia dito: Não faria justiça o juiz de toda a terra? (Gen 18.25).
Vosso irmão em Cristo.
H.L.H.

Irmãos em Cristo Jesus.

Irmãos em Cristo Jesus.
Mt 5:14 "Vós sois a luz do mundo"

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