sábado, 15 de outubro de 2011

O MInistério Cristão- F.W. Grant

O MINISTÉRIO CRISTÃO
Extraído do Livreto ( NIcolaitismo Surgimento e Crescimento do Clero) Traduzido pelos irmãos da Cidade de tucuruí-PA)

Não me interpretem mal. Eu não ponho em dúvida a instituição divina do ministério cristão, posto que o «ministério» é característico do cristianismo. E se bem creio que todos os verdadeiros cristãos são ministros, eu não questiono um ministério especial e distintivo da Palavra, como dado por Deus a alguns e não a todos, mas para o uso de todos. Ninguém que seja verdadeiramente ensinado por Deus pode negar que alguns cristãos tenham o lugar de evangelista, pastor ou mestre. A Escritura ensina que todo verdadeiro ministro é um dom de Cristo, que o é por Seu cuidado como Cabeça da Igreja, e que é para Seu povo, que é algum irmão que tem seu lugar dado por Deus somente e que é responsável, em seu caráter de ministro, ante Deus somente. O miserável sistema clérigo-laicista degrada o ministro de Deus desse bendito lugar e faz dele pouco mais que a manufatura e o servidor dos homens. À vez que outorga um lugar de senhorio sobre pessoas que comprazem à mente carnal (a velha natureza), este sistema restringe ao homem espiritual, tanto ao gerar nele uma consciência artificial para os homens (o conselho da igreja, etc.), como ao obstaculizar sua consciência para estar corretamente diante de Deus.

Permita-me estabelecer brevemente qual é a doutrina da Escritura sobre o «ministério». É muito simples. A verdadeira Igreja (Assembléia) de Deus é o corpo de Cristo; todos os membros são os membros de Cristo. Nas Escrituras não há mais condição de membros que esta: a de membros do corpo de Cristo, ao qual pertencem todos os verdadeiros cristãos; não muitos corpos de Cristo, senão um só corpo (Efésios 4:4); não muitas igrejas, senão uma só Igreja.
Há um lugar diferente para cada membro do corpo pelo único fato de que ele ou ela são um membro. Nem todos podem ser o olho, ou ouvido, etc., mas todos eles são necessários, e todos são ministros em alguma forma, uns dos outros. Assim pois, cada membro tem seu lugar, não só em uma determinada localidade e para o benefício de uns poucos, senão para o benefício do corpo inteiro.
Cada membro tem um dom “porque da maneira que em um corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros tem a mesma função, assim nós, sendo muitos, somos um corpo em Cristo, e todos membros uns dos outros. De maneira que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada...” (Romanos 12:4-6). Leia também 1.ª Coríntios 12:7.11; Efésios 4:7 y 1.ª Pedro 4:10, os que também demonstram que cada cristão possui um dom.

Em 1 Coríntios 12, Paulo fala em detalhe destes dons e os chama por um nome significativo no versículo 7: “manifestações do Espírito”. Eles são dons do Espírito e, também, manifestações do Espírito. Eles se manifestam (se mostram) a si mesmos ali onde se encontram, onde há discernimento espiritual por gente que está mui próximo de Deus, em comunhão íntima com ele. Por exemplo, tomemos o Evangelho. De onde obtém seu poder e autoridade? É de alguma aprovação do homem, ou é de seu próprio poder inerente? Desafortunadamente, a tentativa comum de acreditar ao mensageiro, tira, em lugar de agregar, poder à Palavra. A Palavra de Deus deve ser recebida simplesmente por ser sua Palavra. Ela tem a capacidade de satisfazer as necessidades do coração e da consciência só por ser as boas novas de Deus; o Deus que conhece perfeitamente qual é a necessidade do homem e que, em conseqüência, tem feito provisão para ele. Todo aquele que tem sentido o poder do Evangelho sabe de Quem tem vindo o poder. A obra e o testemunho do Espírito Santo na alma não necessitam nenhum testemunho do homem que os suplementem.

Mesmo a apelação do Senhor em seu próprio caso foi à verdade. Ele expressou: “Pois se digo a verdade, por que vós não me credes?” (João 8:46). Quando Ele falava na sinagoga judaica ou em qualquer outro lugar, era, aos olhos dos homens, só um pobre filho de carpinteiro, não acreditado por escola ou grupo de homens alguns. Todo o peso da autoridade humana esteve contra Ele. Ele inclusive repudiou “o receber testemunho dos homens”. Só a Palavra de Deus deve falar por conta de Deus. “Minha doutrina não é minha, senão daquele que me enviou” (João 7:16). E, como se aprovou a si mesma? Pelo fato de ser verdade! A verdade se fez conhecer àqueles que a buscavam; o que “quer fazer a vontade de Deus, conhecerá se a doutrina é de Deus, ou se eu falo por minha própria conta” (João 7:17). Em João 7 e 8, o Senhor lhes está dizendo: «Eu digo a verdade. a tenho trazido de Deus; e se esta é a verdade, e se procurais fazer a vontade de Deus, aprendereis a reconhecê-la como a verdade.»

Deus não manteria as pessoas na ignorância e na obscuridade se procuravam fazer Sua vontade. Permitiria Deus que os corações sinceros fossem defraudados pelos muitos enganos que haviam em redor? É claro que não! Ele faz conhecer Sua voz a todos os que lhe buscam. Assim, o Senhor diz a Pilatos: “Todo aquele que é da verdade, ouve a minha voz” (João 18:37). “Minhas ovelhas ouvem minha voz, e eu as conheço, e me seguem”, e de novo: “Mas ao estranho não seguirão, senão fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos” (João 10-27, 5).
A verdade é de uma natureza tal que a desonramos se tratamos de convalidá-la para aqueles que são verdadeiros, como se ela não fosse capaz de evidenciar a si mesma. Deus mesmo inclusive é desonrado, como se ele não pudesse ser suficiente para as almas, ou para o que ele mesmo tem dado.

Não, o apóstolo fala de “manifestação da verdade, recomendando-nos a toda consciência humana diante de Deus” (2.ª Coríntios 4:2). O Senhor diz que o mundo está condenado porque “a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más” (João 3:19). Não havia nenhuma falta de evidência. A luz estava ali, e os homens reconheceram seu poder para sua própria condenação, quando procuraram escapar dela.
Da mesma maneira, no dom está a “manifestação do Espírito”, e é “dada a cada um para proveito” (1.ª Coríntios 12:7). Pelo simples fato de que um homem o tenha, ele é responsável de usá-lo; responsável ante Ele, quem não o tem dado em vão. A capacidade e o título para «ministrar» estão no dom, porque eu sou responsável de ajudar e de servir com o que tenho. Se os demais recebem ajuda, eles não necessitam perguntar se tenho autorização para ajudá-los.
Este é o caráter sensível do ministério, o serviço de amor conforme a capacidade que Deus dá; serviço mútuo de uns aos outros e para todos, sem acepção ou a exclusão de uns a outros. Cada dom é adicionado ao tesouro comum, e todos são feitos mais ricos. A benção de Deus e a manifestação do Espírito são toda a autorização requerida. Nem todos são mestres, mas se aplica exatamente o mesmo princípio. O ensinamento é, entretanto, uma das muitas divisões do serviço para Deus, serviço que é rendido por uns a outros, de acordo com a esfera de seu ministério.
Não havia acaso nenhuma classe ordenada (designada) na Igreja primitiva? Isso é uma coisa totalmente distinta. Havia duas classes de oficiais que eram regularmente designados ou ordenados. Os diáconos ou servidores tinham a seu cargo os fundos para os pobres e outros propósitos, e eram eleitos, primeiro pelos santos para este posto de confiança, e logo nomeados pelos apóstolos, já fosse diretamente ou por aqueles autorizados pelos apóstolos para fazê-lo. Os anciãos foram uma segunda classe —homens de idade, como o indica a palavra— que foram nomeados nas assembléias locais unicamente pelos apóstolos ou seus delegados (Atos 14:23; Tito 1:5) como bispos ou supervisores para estarem atentos ao estado espiritual da assembléia. Os anciãos eram o mesmo que os bispos, como deduzimos claramente das palavras de Paulo aos anciãos de Éfeso (Atos 20:17,28), quando ele lhes exorta dizendo: “Portanto, olhai por vós e por todo o rebanho em que o Espírito Santo os tem posto por bispos.” Aqui os tradutores da versão Reina-Valera tem deixado sem traduzir a palavra grega «bispo» que significa «supervisor», e o mesmo podemos observar em Tito 1:5, 7: “Por esta causa te deixei em Creta, para que... e estabelecesses anciãos em cada cidade, assim como eu te mandei... porque é necessário que o bispo (supervisor) seja irrepreensível...”.
O trabalho de um ancião era vigiar ou supervisar, e mesmo quando ser “apto para ensinar” (1.ª Timoteo 3:2) era uma qualidade muito requerida em vista de que os erros eram já rampantes, o fato de ensinar certamente não era algo limitado àqueles que eram “maridos de uma só mulher, que tenha a seus filhos em sujeição com toda honestidade”, etc. (Tito 1:6-9; 1.ª Timóteo 3). Esta foi uma prova necessária para um que seria ancião (ou bispo), “pois o que não sabe governar sua própria casa, como cuidará da igreja de Deus?” (1.ª Timóteo 3:1-7).

Qualquer que tenham sido os dons que tiveram os anciãos, eles os utilizavam da mesma maneira que faziam todos. O apóstolo Paulo ordena o seguinte: “Os anciãos que governam bem, sejam tidos por dignos de duplo honorários, especialmente os que trabalham em pregar e ensinar” (1.ª Timóteo 5:17). Mas se desprende claramente que eles podiam governar bem sem ocupar-se em trabalhar na Palavra e no ensino.

O significado de sua ordenação ou nomeação era só este: aqui se tratava de uma questão de autoridade, não de dom. Foi uma questão de título para examinar com freqüência assuntos difíceis e delicados entre pessoas que não estavam dispostas a submeterem-se à Palavra de Deus. A ministração do «dom», não obstante, era uma questão totalmente diferente.


MINISTÉRIO VS. CLERICALISMO


Nosso penoso dever, agora, é contrastar esta doutrina da Escritura com os sistemas nos quais uma classe definida está consagrada formalmente a coisas espirituais, enquanto os laicos estão excluídos de dita ocupação. Este é o verdadeiro nicolaísmo: a sujeição do povo.

O ministério da Palavra de Deus é completamente legítimo e nele estão aqueles que possuem dons e responsabilidades especiais (mas não exclusivamente) para ministrá-lo. Mas o «sacerdócio» é suficientemente distinto do «ministério» para ser reconhecido facilmente onde quer que seja reclamado ou exista. Os protestantes em geral negam que todo poder sacerdotal esta em seus ministros. Não tenho nenhum desejo de disputar sua honestidade nesta negação. Eles querem dizer que seus ministros não tem nenhum poder autoritativo de absolvição, e que eles não fazem da mesa do Senhor um altar no que se renove, dia após dia (como na missa católica romana), a perfeição do oferecimento único e suficiente de Cristo, negada por inumeráveis repetições. Eles tem razão com respeito a ambas as coisas, mas esta não é a história completa. Se analisarmos mais profundamente, encontraremos que existe um caráter sacerdotal de muitas outras maneiras.

Podemos distinguir sacerdócio e ministério como segue: o ministério é para os homens, enquanto que o sacerdócio é para Deus. O que ministra traz a mensagem de Deus ao povo, falando, da parte de Deus, a eles. O sacerdote se dirige a Deus de parte do povo, falando no sentido inverso: de parte do povo, a Deus.

O louvor e as ações de graças são sacrifícios espirituais. Eles são parte de nossas oferendas como sacerdotes. Agora, ponha uma classe especial em um lugar onde eles só, de forma regular e oficial, atuem dando louvores e ações de graças, e virão a ser um sacerdócio intermediário, mediadores entre Deus e aqueles que não estão tão perto Dele.
A Ceia do Senhor é a mais completa e proeminente expressão pública da adoração e ação de graças cristã; mas, que ministro protestante ou pastor denominacional não o considera como seu direito e dever oficiais de administrá-la? A maioria dos «laicos» se abstém de administrá-la. Este é um dos terríveis males do sistema, pelo qual as massas cristãs são deste modo secularizadas (feitas mundanas). Ocupadas com coisas mundanas, pensam que não podem esperar ser espiritualmente como os clérigos. Deste modo, as massas são exoneradas das ocupações espirituais, para as quais crêem não reunir as mesmas condições que o clero.

Mas isto vai muito mais além. “Porque os lábios do sacerdote tem de guardar a sabedoria” (Malaquias 2:7). Mas como pode o laico (que tem chegado a ser tal por haver abandonado seu sacerdócio voluntariamente) ter a sabedoria pertencente a uma classe sacerdotal? A falta de espiritualidade à qual se tem desprezado a si mesmos não lhes permite conhecer as coisas espirituais. Assim, só a classe ocupada nas coisas espirituais vem a ser intérprete autorizada da Palavra de Deus. Deste modo, o clero vem a ser os olhos, ouvidos e boca espirituais dos laicos.
De qualquer maneira, esta organização convém à maioria das pessoas. O «clericalismo» não tem começado simplesmente porque uma classe de homens que quiseram dirigir assumiram o lugar de liderança. Esta miserável e anti-bíblica distinção entre clero e laicos nunca poderia ter ocorrido de maneira tão rápida e universal se não estivesse tão bem adaptada ao gosto daqueles a quem substituiu e degradou. No cristianismo, como em Israel, a profecia têm sido cumprida, “os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam de mãos dadas com eles; e é o que deseja o meu povo.” (Jeremias 5:31). Ao sobrevir uma decadência espiritual, um que esta voltando ao mundo troca de boa vontade, como Esaú, sua primogenitura espiritual por uma mistura da sopa do mundo. Concede com gratidão sua necessidade de cuidar das coisas espirituais àqueles que aceitem esta responsabilidade.

Uma vez que a Igreja perdeu seu primeiro amor e o mundo começou a introduzir-se através das portas pobremente protegidas, chegou a ser mais difícil para os cristãos tomar o bendito e maravilhoso lugar que lhes pertencia. Cada passo descendente só fazia mais fácil os passos subseqüentes, até que, em menos de 300 anos desde o começo da Igreja, um sacerdócio judaico e uma religião ritualista foram praticados em quase todas as partes. Só os nomes das coisas preciosas do cristianismo foram deixados. A realidade dos privilégios especiais e cada cristão individual havia desaparecido.



ORDENAÇÃO


Observemos com maior detalhe um traço característico desta clerezia ou clericalismo. Notamos a confusão entre o ministério e o sacerdócio; a atribuição de um título oficial não escriturário, para as coisas espirituais, para administrar a Ceia do Senhor e para batizar, etc. Agora tratarei sobre ênfase posta por este perverso sistema sobre a ordenação (isto é, nomeação ou reconhecimento oficial).

Quero que vejas o que significa ordenação. Primeiro, se consultamos o Novo Testamento, não encontraremos nada acerca de uma ordem para ensinar ou pregar. Encontraremos as pessoas que fazem livremente, usando um dom que tenham. A Igreja inteira foi dispersa fora de Jerusalém (exceto os apóstolos) e estas pessoas foram por todas as partes pregando a Palavra. As perseguições não as ordenaram. Não há rastro de outra coisa. Timóteo recebeu um dom de profecia pela imposição das mãos de Paulo, em companhia dos anciãos (2.ª Timóteo 1:6; 1.ª Timóteo 4:14); mas aquela era a comunicação de um dom, não uma autorização para usá-lo! A Timóteo, então, se lhe ordena que comunique seu próprio conhecimento a homens de fé, que foram capazes também de ensinar a outros (2.ª Timóteo 2:2), mas não há nenhuma palavra acerca de ordená-los. O caso de Paulo e Barnabé em Antioquia (Atos 13:1-4) fracassa como sustento do propósito com que alguns o querem usar, porque (da maneira como se pretende usar) profetas e mestres estariam obrigados a ordenar ao apóstolo Paulo mesmo, que recusa totalmente ser um apóstolo “dos homens ou por homem” (Gálatas 1:1). Ao contrário o Espírito Santo diz: “Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que (Eu) os tenho chamado” (Atos 13:2). Se trata aqui simplesmente de uma missão especial que eles cumpriram (Atos 14:26).

O que significa ordenação nos círculos religiosos da atualidade? Pode você estar seguro de que significa muito; do contrario, os homens não contenderiam com tanto zelo por ele. Há duas formas de ordenação. Na forma mais extrema —como no caso dos católicos romanos e os ritualistas— à ordenação se o confere a atribuição de conceder tanto autoridade como poder espiritual. Os líderes da igreja se adotam, com todo o poder dos apóstolos, a faculdade de subministrar o Espírito Santo mediante a imposição de suas mãos. Deste modo, as massas do povo de Deus são descartadas do sacerdócio que Ele mesmo lhes tem outorgado, e uma classe especial é colocada em seu lugar para intermediar por eles de uma maneira que anula o fruto da obra de Cristo e os ata à «igreja» como o único meio de achar graça.

Aqueles que aceitam uma forma mais moderada de ordenação, recusam reta e consistentemente essas pretensões anti-cristãs. Eles não pretendem conferir nenhum dom na ordenação, senão que só «reconhecem» o dom que Deus têm dado. Pero este «reconhecimento» é considerado necessário antes de que a pessoa possa batizar ou administrar a ceia do Senhor, coisas que não requerem nenhum dom especial em absoluto! Então, enquanto ao ministério, o dom de Deus estaria obrigado a requerer a aprovação humana, e é «reconhecido» em nome de Seu povo por aqueles a quem se considera que tem um «discernimento» que os cristãos laicos não tem.
Cegos ou não, estes homens ordenados —o clero— vêm a ser os “guias dos cegos”, à vez que seus próprios corações são tirados do lugar de responsabilidade direta ante Deus e feitos indevidamente responsáveis ante o homem. Uma consciência artificial é feita para eles de parte daqueles que os ordenaram, e lhes são constantemente impostas condições as quais se tem que ajustar a fim de obter o reconhecimento requerido. Inclusive estes pastores ou ministros freqüentemente estão sob o controle de seus «ordenadores» no que respeita a sua senda de serviço.
Em princípio, tudo isto é infidelidade a Deus, porque se Deus me tem dado um dom a fim de que o use para Ele, eu seria certamente infiel se comparecer a algum homem ou a um grupo de homens com o fim de solicitar sua permissão para usá-lo. O próprio dom acarreta a responsabilidade de usá-lo, como o temos visto. Se eles dizem que as pessoas podem cometer erros, eu estou de acordo, mas quem tem de assumir minha responsabilidade se estou equivocado? Além do mais, os erros cometidos por um «corpo ordenante» (ou «presbitério») são muito mais sérios que os de um indivíduo que meramente marcha sem haver sido enviado pelos homens, porque os erros do corpo ordenante são declarados sagrados e se prolongam no tempo pela ordenação que conferiu. Se a pessoa «ordenada» simplesmente se sustentara por seus próprios méritos, encontraria rapidamente seu verdadeiro nível; mas o corpo ordenante tem investido sobre ele um caráter que deve ser mantido. Equivocação de por meio ou não, ele é agora nada menos que um novo membro do corpo clerical, um ministro, mesmo quando não tenha realmente nada que ministrar. Ele deve ser mantido —deve ter sua «igreja»— por mais que esta se encontre em uma localidade pouco ilustre, onde as pessoas —tão amadas por Deus como qualquer— é posta sob seu cuidado e deve ficar sem se alimentar se ele não for capaz de alimentá-las.

Não me acuse de sarcástico. O anterior é um fiel retrato do sistema do qual estou falando, sistema que envolve ao corpo de Cristo com vendas que impedem a livre circulação do sangue vivificante do ministério, que deveria estar fluindo de forma irrestrita através de todo o corpo. Aqueles que ordenam na atualidade devem provar que são ou apóstolos ou homens designados pelos apóstolos porque, segundo as Escrituras, nenhum outro tinha autoridade para ordenar (Atos 14:23; Tito 1:5). Aliás, devem provar que o «ancião» segundo as Escrituras pode não ser ancião de todo, senão um jovem, uma pessoa solteira, apenas saída de sua adolescência e que fora evangelista, pastor e mestre —todos dons de Deus envoltos em uma só pessoa—. Este é o ministro segundo o sistema: o tudo em todos para 50 ou 500 almas confiadas a ele como seu rebanho, no qual nenhum outro tem o direito de interferir. Seguramente a marca de «nicolaísmo», está posta sobre um sistema como este!

Mesmo quando o ministro esteja espiritualmente dotado (e muitos estão, como outros muitos não estão), é improvável que tenha todos os dons espirituais. Suponha-se que seja um verdadeiro evangelista e que as almas se salvem; ele pode não ser um mestre, e ver-se assim incapacitado para edificá-las na verdade. Ou talvez tenha o verdadeiro dom de Deus de mestre, mas é enviado a um lugar onde há tão somente uns poucos cristãos e muitos de sua congregação são não convertidos. Não há conversões, mas sua presença ali, a causa do sistema sob o qual está trabalhando, mantém afastado (em diversos graus) ao evangelista que se necessitaria ali. Agradeçamos a Deus que Ele sempre esteja desbaratando estes sistemas, e que as necessidades possam ser supridas de algum modo irregular. Entretanto, esta provisão humana não é conforme o plano de Deus e por ele divide ao invés de unir. O sistema é o responsável de tudo isto. O ministério exclusivo de um só homem, ou de um número específico de homens em uma congregação, não tem Escritura que o sustente. A ordenação é o esforço para limitar todo ministério a certa classe e faz descansar a este na autorização humana e não no dom divino. E assim se nega aos demais membros do corpo —o rebanho de Cristo— a capacidade aprovisionada por Deus para ouvir Sua voz e logo comunicá-la. O resultado é que se dá ao homem a atenção que deveria ser dada à Palavra que ele traz. A pergunta prevalecente é: Está autorizado? Relativo à verdade do que fala, com freqüência é secundaria se ele está ordenado; ou talvez, diria eu, sua ortodoxia (sua retidão doutrinal) está estabelecida já de antemão para eles pelo fato de ser ordenado.
O apóstolo Paulo não fora autorizado para ministrar conforme este plano. Houve apóstolos antes dele, mas ele não subiu a eles nem recebeu nada deles. Se houvesse uma «sucessão», ele a cortou. Paulo fez o que fez, de propósito, para mostrar que seu evangelho não era segundo os homens, nem derivado deles (Gálatas 1:1) e que não descansava sobre a autoridade humana. Se ele mesmo ou um anjo do céu (cuja autoridade pareceria concludente), anunciasse um evangelho diferente do que havia pregado, a sentença solene de Paulo é: “seja anátema” (Gálatas 1:8-9).

Autoridade, então, não é nada, a menos que seja autoridade da Palavra de Deus. Esta é a prova: É isto conforme às Escrituras? “Acaso pode um cego guiar a outro cego? Não cairão ambos no buraco?” (Lucas 6:39). Dizer: «Eu não pude conhecer: confiei no outro», não o salvará do poço (o inferno para os não conversos, a pobreza espiritual e a perda da comunhão para os salvos), independentemente de quanta «autoridade» pretendeu ter o ministro que lhe guiou ao erro.
Mas, como pode pretender o não espiritual e não instruído «laico» ter um conhecimento igual ao do educado e acreditado ministro, dedicado às coisas espirituais? Em geral, não pode. Ao invés de segurar por si e para si a Palavra de Deus, usando o poder do Espírito Santo que mora Nele para aprender as coisas espirituais (João 14:26), ele se submete àquele que, segundo supõe, deve saber mais e melhor. Assim pois, na prática, o ensinamento do ministro ou pastor substitui principalmente a autoridade da Palavra. Entretanto, ele mesmo não tem certeza em quanto à verdade ministrada. O laico não pode ocultar-se a si mesmo o fato de que os ministros não estejam de acordo entre si por mais doutos, bons e acreditados que sejam.

Mas aqui o diabo intervém e sugere à pessoa incauta que a confusão é o resultado da imprecisão das Escrituras, quando em realidade é o resultado de fazer caso omisso das Escrituras.
Opinião, não fé, há em todas as partes. Você tem direito a sua opinião, mas deve conceder a outros o direito a ter a própria. Você pode dizer «eu creio» enquanto não quer dizer «eu sei». Reclamar «conhecimento» seria reclamar que você é mais sábio e melhor que as gerações precedentes, as que creram de forma diferente.
A infidelidade (incredulidade) logra prosperar desta maneira, e Satanás se regozija quando consegue que os pensamentos de muitos vibrantes comentaristas substituem a simples e segura voz divina. O que você necessita é a “espada do Espírito, que é a Palavra de Deus” (Efésios 6:17). Crês tu que «assim disse João Calvino» ou «Martinho Lutero» ou qualquer outro homem, impactará tanto a Satanás como: “assim disse o Senhor”? ¿Quem pode negar que tais pensamentos e práticas, estão em todas as partes e não restringidas unicamente aos católicos romanos e ritualistas? A tendência constante é a de desviar-se do Deus vivente, mesmo quando Ele está tão próximo dos seus hoje em dia como nunca antes na história da Igreja. Ele é, inclusive, tão capaz para instruir como sempre, e todavia está disposto a cumprir a palavra: “O que quer fazer a vontade de Deus, conhecerá se a doutrina é de Deus” (João 7:17). Os «olhos» da fé são os olhos do coração (do afeto por Deus), não olhos da cabeça. Deus tem ocultado dos sábios e entendidos o que revela às criaturas. A escola de Deus é mais efetiva que todos os seminários juntos, e nessa divina escola, laicos e clérigos podem ser iguais: “o espiritual julga (discerne) todas as coisas (1.ª Coríntios 2:15), pois tudo depende da condição espiritual individual. Não há substituto para a espiritualidade. O homem não pode gerar espiritualidade em outra pessoa mediante a ordenação nem mediante nenhum outro meio. Ordenação, em sua forma mais moderada, é o esforço do homem para realizar a manifestação do Espírito Santo. Mas se aqueles que ordenam cometem um erro (o são eles mesmos não espirituais e, por ele, incapazes de julgar) e seu «ministro» não tem nada que ver com a obra de Deus, eles simplesmente provêem guias cegos para os cegos.

Roma en la Profecía de Daniel- Gino Iafrancesco V

PREFACIO

El libro de Daniel es básico para la escatología y para el entendimiento del resto de las profecías bíblicas, especialmente las del Apocalipsis. De la misma manera, el papel de Roma en las profecías de Daniel es crucial para la consideración de los tiempos modernos que caen en la parte final del esquema profético.
Con el presente opúsculo se piensa simplemente a consideración algunos puntos cruciales que sirvan de ayuda a las personas que desean internarse poco a poco en los tesoros de la escatología. Se aconseja, sin embargo, que los estudios escatológicos no se aíslen ni se descentren del propósito central de la Palabra de Dios, sino que más bien le sirvan como marco de referencia.
El opúsculo se escribió en el Paraguay durante el primer trimestre de 1983 a pedido de hermanos en Cristo que participaron de exposiciones orales sobre el tema dadas por el autor en tiempo atrás. La nota preliminar es posterior.
Las citas de las Escrituras se han tomado de la versión Reina-Valera de 1960. Para las citas de los libros de los Macabeos se ha utilizado la versión Latinoamericana, cuyo texto consideramos aceptable, aunque no necesariamente sus comentarios, los cuales juzgamos a veces tendenciosos, por lo cual no los aprobamos.
Gino Iafrancesco V.

PRESENTACIÓN

No deseamos molestar, ni mucho menos ofender a nadie, con la presentación de este estudio de la profecía bíblica; deseamos, sí, encarar esta porción de la Palabra divina, porque siendo efectivamente eso, Palabra de Dios, no está de sobra en las Escrituras, sino que tiene su lugar correspondiente para un propósito del Altísimo.
Dios desea que al estar comprometidos con Su causa, estemos enseñados en Su Palabra acerca del desenvolvimiento de los planes divinos. Estamos confiados en que el estudio del tema escritural que aquí nos ocupa, nos ayudará en la fe, en el fervor y en el discernimiento. De una cosa estamos seguros, y es del hecho de que esas profecías están allí para nosotros de parte de Dios, y para nuestro provecho y el de Su gloria.
La intención, pues, que nos mueve al encarar este estudio, procura estar de parte de la verdad, y de la verdad en amor. Repetimos, pues, que no es nuestro propósito ofender a nadie, ni indisponer el corazón de ninguno contra alguien, sino más bien, el que nuestros ojos sean alumbrados por la deslumbrante luz de la Palabra divina, de manera que podamos conocer mejor la voluntad de Dios y ajustarnos más estrechamente a ella.
Las realidades evidenciadas pueden parecer quizá demasiado duras para alguna u otra persona, pero recordemos que lo que estamos encarando es nada menos que una porción del tesoro de la revelación divina. Deseamos, pues, imponer a nuestra exégesis la mayor honestidad e integridad porque la responsabilidad es grande.
¿Por qué enfocar precisamente a Roma? porque, como veremos, ella está íntimamente relacionada con los acontecimientos finales, y aunque, si bien, no los copa todos, si tiene en ellos un lugar muy preponderante. En razón, pues, de la importancia que le concede la Palabra divina, iniciamos esta serie escatológica, Dios mediante, enfocando a Roma en la profecía de Daniel.

Irmãos em Cristo Jesus.

Irmãos em Cristo Jesus.
Mt 5:14 "Vós sois a luz do mundo"