domingo, 16 de fevereiro de 2014

A APOTEOSE DO CORDEIRO
  Extraído do Blog Aproximação ao Apocalipse, Cap 24

“Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra”. Apocalipse  5:6.

COMO UM FILHO DO HOMEM, O REI DA GLÓRIA

Irmãos; vamos continuar com a ajuda do Senhor em sua presença, a consideração deste livro que nos faz bem-aventurados.
Bem aventurado todo aquele que ouve as palavras deste livro do Apocalipse, e as guarda. Hoje chegamos à consideração do capítulo 5. No capítulo 4 vimos a descrição sumária do apóstolo João a respeito da cena celestial; uma cena que era necessário apresentar para que os seguintes capítulos da revelação tivessem um maior sentido. No capítulo 4 nos descreveu o trono de Deus com seus vinte e quatro anciãos, os quatro seres viventes, a adoração da criação à Deus por causa de Sua criação. No capítulo 5 também temos adoração, já não somente a Deus, mas também ao Cordeiro, e já não somente pela criação, mas também pela redenção. Este capítulo 5 é extremamente importante; e para entendê-lo, devemos recordar aquelas passagens que na introdução desta seção estivemos vendo; e quisera eu que comecemos primeiro, em Daniel 7, onde em poucas palavras nos resume algo que aqui com muito mais detalhe nos descreve. Há frases que de maneira sintética nos dizem o assunto central e logo nos detalham em outros lugares como neste caso de Apocalipse. Em Daniel 7:13, diz o profeta: “13 Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele. 14 Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído”. Esta visão aparece no capítulo 7 de Daniel, onde Deus lhe mostra outros reino, outros impérios que aconteceriam na história da humanidade, como o da Babilônia, representado por aquele leão; como o do Medo-Pérsa representado por aquele urso; como o da Grécia representado por aquele leopardo; como o de Roma representado por essa besta, a qual no final saem dez chifres dela e dentre os quais surge um chifre blasfemo referindo-se ao anticristo; ou seja, do que foi o império romano surgiria a situação atual dos reino dentre os quais está gerando um governo mundial. Mas logo aparece um reino estabelecido Por Deus, um reino dos Santos do Altíssimo; e o curioso é que ao referir-se a esse reino, Daniel não apresenta somente a segunda vinda, mas apresenta a ascensão e a segunda vinda em conjunção. Por isso vos rogo que olhem comigo de novo ali o verso 13: “Olhava eu na visão da noite, e eis aqui com as nuvens do céu vinha um como um filho do homem, que veio (não diz até a terra, não diz até o monte das oliveiras, a não ser) até o Ancião de dias, (ao Pai) e lhe fizeram aproximar-se diante dele”. Quando o senhor Jesus depois de morto e ressuscitado subiu aos céus, a vista de suas testemunhas, seus discípulos, uma nuvem lhe cobriu e da nuvem Ele foi à mão direita do Pai. Então aqui quando aparece nas nuvens do céu, Ele aparece vindo até o Ancião de dias. Claro que depois da mão direita do Pai, Ele também virá nas nuvens e das nuvens recolherá a seus escolhidos nas nuvens e virá também com todos os Santos à terra; mas esta vinda nas nuvens que aparece aqui em Daniel 7:13, começa com a ascensão; o reino do Senhor começa da ascensão. Já em sua vida pública já estava o rei, mas estava em suas provas; já passou as provas, então ressuscitou e ascendeu, subiu às nuvens e voltará nas nuvens a continuar estabelecendo seu reino aqui na terra; mas Ele já subiu nas nuvens, já foi à mão direita do Pai e já se sentou, e como disse o Senhor Jesus: “Toda potestade me é dada nos céus e na terra” (Mt.28:18); Ele subiu para receber toda potestade. Como em uma das parábolas Ele disse que se foi longe a receber o reino (Lc. 19:12); ou seja, Ele recebe o reino à mão direita do Pai e ali já exerce o reino; como diz em Hebreus, já vemos ele coroado de glória e majestade; seu corpo está sendo preparado para segui-lo nesta posição e vencer como Ele venceu e assentar-se com Ele como Ele se assentou com seu Pai tendo vencido.

Mas a questão chave é esta: Ele morreu, ressuscitou e ascendeu e foi apresentado, diz o verso 13, e lhe fizeram aproximar-se diante do Ancião de dias; o Filho diante do Pai. E o que aconteceu quando o Filho foi recebido em glória? “7 Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória. 10 Quem é esse Rei da Glória? O SENHOR dos Exércitos, ele é o Rei da Glória” (Sl. 24:7,10). Ele recebeu do Pai, glória e honra, para que todos honrem ao Filho como honram ao Pai. Neste capítulo 5, vamos ver como aquela adoração que se dirigia a Deus assim que divindade, agora é também dirigida ao Cordeiro assim que Verbo encarnado, como homem, para que todos honrem ao Filho como honram ao Pai.

No capítulo 4 está como se honra ao Pai; no 5 está como se honra ao Filho como ao Pai. Os versos 13 e 14 de Daniel 7 resume o desenvolvimento dos selos e como os selos continuam com as trombetas e as trombetas continuam com as taças. Diz Daniel: “14 E foi dado domínio, glória e reino”; como disse Jesus: toda potestade me é dada nos céus e na terra; e como disse São Pedro, e como disse São Paulo: foi feito Senhor e Cristo. Quando o apóstolo Pedro, tendo curado a um coxo na porta Formosa, se reuniu muita gente e ele pregou, entre as coisas que ele disse à multidão disse: é necessário que o céu o receba, que o céu retenha o Filho do Homem, ao Senhor Jesus, até que cheguem os tempos da restauração de todas as coisas (At. 3:21); ou seja, Ele ascendeu e é necessário que se assente à mão direita do Pai, como diz o Salmo 110, até que todos os seus inimigos lhe sejam postos por estrado de seus pés. Então, o que vamos ver no desenvolvimento de Apocalipse 5 e Apocalipse 6 onde aparecem os selos, e logo em sua continuação as trombeta e as taças, é este desenvolvimento que aparece aqui resumido: veio um como um Filho de homem, que veio até o Ancião de dias, e foi dado reino, etc. e seu reino sem fim; ou como diz: foi feito Senhor e Cristo; ou também: “Sente-se à minha direita até que ponha seus inimigos por estrado de seus pés”. A maneira como Deus submete ao Filho todas as coisas, é a que aparece no desenvolvimento dos selos com a continuação das trombetas e as taças.

Vamos ler uma expressão de Paulo pelo Espírito Santo em 1 Coríntios 15:22: “22 Porque assim como em Adão todos morrem, também em Cristo todos serão vivificados”. Vem falando da vitória sobre seus inimigos, onde o último inimigo é a morte; em Adão todos morrem, em Cristo todos serão vivificados; quer dizer, todos os inimigos e até o último serão vencidos em Cristo. “23 Mas cada um em sua devida ordem: Cristo, as primícias; (Cristo é as primícias da ressurreição, da vivificação; foi o primeiro em ressuscitar de entre os mortos em incorrupção para nunca mais morrer, em glória) logo os que são de Cristo, em sua vinda”. Aqui o apóstolo não faz divisões de sua vinda, somente fala de sua vinda e que os que são de Cristo serão vivificados em sua vinda; refere-se à segunda, claro. “24 Logo o fim, (aí se refere ao reino do milênio e à Nova Jerusalém) quando entregar o reino ao Deus e Pai, (mas agora fixem-se nas frases seguintes) quando tiver suprimido todo domínio, toda autoridade e poder. 25 Porque preciso é que ele reine até que tenha posto a todos seus inimigos debaixo de seus pés. 26 E o último inimigo que será destruído é a morte”. Então nos damos conta de que Ele ascendeu. Filho, sente-se à minha direita, até que ponha todos seus inimigos por estrado de seus pés. Então, o Filho se sentou para que todos seus inimigos, e o último, a morte, sejam-lhe submetidos. Por isso Ele diz: quando tiver suprimido todo domínio, toda autoridade e poder. Por isso lemos em Daniel, que diz: tirou poder e autoridade daquelas bestas; embora lhes permitiu vida por um pouco mais de tempo, mas lhes tirou seu poder, sua autoridade.

Quando o Filho ascendeu, todo poder nos céus e na terra foi dado, Ele já o tem. Ele já está em glória e majestade, Ele já está reinando, a Ele já foi dado o reino, Ele já é o Senhor, o Rei dos reis, o Senhor dos senhores, Ele é o que move todos os fios da história e Ele está movendo-os neste sentido. Filho: sente-se à minha direita, até que ponha todos seus inimigos por estrado de seus pés. O que o Senhor está fazendo é revelar, mostrar, expor seus inimigos e derrotá-los. Toda a história da ascensão, até a segunda vinda de Cristo, é uma exposição de seus inimigos para ser derrotados e submetidos sob seus pés. Então, sente-se para isto. É necessário que Ele reine, até que tenha submetido todos seus inimigos. Este "que Ele reine", refere-se à ascensão. Ele ascendeu, veio nas nuvens, chegou até o Pai, porque subiu e uma nuvem o recebeu, apresentou-se ante o Pai e foi dado todo poder, toda autoridade. Isso que está em versículos resumidos tanto aqui em Daniel, como em outras passagens que mencionamos, está detalhado em Apocalipse 5, Apocalipse 6, continua com o 7, com o 8, desenvolvido com as trombetas e as taças.

UM POUCO DE CRÍTICA TEXTUAL

Com esse pano de fundo, vamos ler Apocalipse 5. Primeiro, façamos uma leitura corrida para aproveitar e fazer as correções de crítica textual, tendo comparado os manuscritos mais antigos, porque vocês sabem que Reina Valera se apóia no códice 1 que fez Erasmo, que é um códice tardio. Como o Apocalipse é tão delicado que não se pode adicionar nem tirar nada, devemos procurar ir aos códices mais antigos, mais confiáveis. Enquanto leio, pois, vou fazer as cotações de crítica textual para ajustar esta tradução que é tardia, a uma versão dos manuscritos mais antigos e logo voltar sobre nossos passos e examinar o que temos lido: “1 E vi na mão direita do que estava sentado no trono um livro escrito por dentro e por fora, selado com sete selos. 2 E vi um anjo forte que apregoava à grande voz: Quem é digno de abrir o livro e desatar seus selos? 3 E ninguém, nem no céu nem na terra nem debaixo da terra, podia abrir o livro, nem mesmo olhá-lo. 4 E chorava muito”. A palavra “eu”, não aparece nos manuscritos mais antigos, mas por subentender-se, alguns escribas posteriores acrescentaram-na. “4 E chorava muito, porque não se achou a ninguém digno de abrir o livro, nem de lê-lo, nem de olhá-lo. 5 E um dos anciãos me disse: Não chore. Eis aqui o Leão da tribo de Judá, a raiz de David, venceu para abrir o livro e desatar seus sete selos. 6 E olhei, e vi que no meio do trono e dos quatro seres viventes, e em meio dos anciãos, estava em pé um Cordeiro como imolado, que tinha sete chifres, e sete olhos, os quais são os sete espíritos de Deus enviados por toda a terra”. Na expressão “os sete espíritos”, a palavra [sete] colocam-na os críticos textuais entre parêntese quadrados, posto que ao compará-los manuscritos mais antigos, uns dizem sete e outros não o dizem; então não há maneira de saber qual dos dois textos é o seguro; se o que disser: os sete espíritos ou o que diz os espíritos. Os manuscritos, inclusive os mais antigos se dividem; uns dizem os sete espíritos, outros dizem os espíritos, de maneira que os que têm que tratar estas questões com todo cuidado puseram a palavra sete, mas a puseram entre parêntese quadrados para explicar que alguns não o dizem e outros sim o dizem, e não se sabe qual dos dois é o mais antigo. “7 E veio, e tomou o livro da mão direita do que estava assentado no trono. 8 E quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos se prostraram diante do Cordeiro, todos tinham cítaras, (a palavra é kítaras, cítaras) e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos Santos”. Aqui no verso 9 e no verso 10 é onde devemos ter mais atenção à tradução, segundo os mais antigos manuscritos: “10 E cantavam um novo cântico dizendo: Digno é de tomar o livro e de abrir seus selos; porque você foi imolado, e com seu sangue, os (com ele, a eles, a expressão é autou [αυτου] em grego) redimiste para Deus, de toda linhagem, língua, e povo e nação; 10 e os (com ele) fez para nosso Deus reino e sacerdotes, e reinarão sobre a terra.” É o texto mais puro, repito: “porque tu fostes imolado e com seu sangue os redimiste para Deus, de toda linhagem, língua e povo e nação, e os tem feito para nosso Deus reino e sacerdotes, e reinarão sobre a terra.

 11 E olhei, e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos seres viventes e dos anciãos e seu número era miríades de miríades e quilíades de quilíades, (aqui o resumiram dizendo: milhões de milhões; no grego diz: miríades de miríades e quilíades de quilíades) 12 que diziam a grande voz: O Cordeiro que foi imolado é digno de tomar o poder, as riquezas, a sabedoria, a fortaleza, a honra, a glória e o louvor. 13 E a tudo criado que está no céu e sobre a terra, e debaixo da terra, e sobre o mar; (epi, sobre o mar) e a todas as coisas que neles há, ouvi dizer: Ao que está sentado no trono, e ao Cordeiro, seja o louvor, a honra, a glória e o poder, pelos séculos dos séculos. 14 Os quatro seres viventes diziam: Amém; e os vinte e quatro anciãos se prostraram sobre seus rostos e adoraram ao que vive pelos séculos dos séculos”.

A ADORAÇÃO AO CRIADOR E AO REDENTOR

Como dizíamos no início, a adoração a Deus aqui já não é só pela criação, mas pela redenção, e é uma adoração a Deus e ao Cordeiro, para que todos honrem ao Filho assim como honram ao Pai.

Vocês podem ver a comparação, quando vemos, por exemplo, no capítulo 4:8, onde aparecem os seres viventes, dizendo: “Santo, santo, santo é o Senhor Deus Todo-poderoso, que era, que é, e o que há de vir”; e logo estes anciãos dizem o que diziam no versículo 11: “Senhor, digno é de receber a glória e a honra e o poder porque você criou todas as coisas, e por sua vontade existem e foram criadas”. Vocês vêem que aqui a adoração é ao Criador; a honra, o poder, porque por sua vontade existem; você criou todas as coisas e por sua vontade existem e foram criadas; mas fixem-se em que no capítulo 5, a adoração aparece do verso 9: “Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto”; aqui é pela redenção. “e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo e nação; 10 e para o nosso Deus os fizeste reino, e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra.”; e logo todas aquelas multidões no verso 12, dizem: “Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor”. Aqui agora é ao Cordeiro, ao Filho. Honrem ao Filho como se honra ao Pai e honra-se-lhe pela redenção.

“13 Ouvi também a toda criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e no mar, e a todas as coisas que neles há, dizerem: Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, (junto ao Pai e ao Filho, a Deus e ao mediador Jesus Cristo homem; conjuntamente) seja o louvor, (igualmente, ao que está sentado no trono e ao Cordeiro, o mesmo louvor, a mesma) e a honra, (a mesma)  e a glória e o (mesmo)  e o domínio, pelos séculos dos séculos”.

Então, irmãos, vocês podem ver que os quatros seres viventes diziam: Amém, ou seja, os mesmos seres celestiais estavam de acordo; todo o céu, toda a criação representada nos seres viventes reconhecendo que ao Filho terá que ser dado também a glória junto com o Pai. Isto foi uma revelação absoluta, uma coisa impossível de sofrer para os judeus e os muçulmanos que não conheceram ao senhor Jesus; mas, irmãos, aqui se vê a diferença entre o capítulo 4 e o 5, e se vê como o Filho é entronizado.
Voltemos agora com mais minúcia, voltando nossos passos do versículo 1 do capítulo 5. Primeiro no 4 havia descrito o trono, mas não tinha mencionado nada de um livro; tinha mencionado ao que estava no trono, sua semelhança, os outros anciãos, os seres viventes, a adoração, etc., mas não havia dito nada de um livro; mas aí havia um livro; de repente a atenção do João foi dirigida a um livro: “1 E vi na mão direita (na mão direita, ou seja que significa o poder, a potência do Senhor como Todo-poderoso, onipotente, que pode fazer o que Ele quiser) de que estava sentado no trono, um livro escrito por dentro e por fora, selado com sete selos”. Esses livros eram em forma de cilindro, não eram livros em forma de códice, pois isto foi uma modalidade que os cristãos introduziram: o livro no formato de códice; o formato era de cilindro; então esses cilindros se enrolavam e saía um selo que correspondia a uma parte, seguia outro selo, seguia enrolando-se e outro selo, havia sete selos; o livro estava escrito por dentro e por fora. É muito interessante que o livro não está escrito só por dentro, mas sim também está escrito por fora, como aquele cilindro que viu o profeta Ezequiel. Não sei se vocês recordam. Podemos ir ali em Ezequiel capítulo 2. Vocês vão ver que ali também a Ezequiel foi mostrado um livro dessa maneira.

Aí Deus está falando com profeta. Em Ezequiel 2: 8 lhe diz: “8 Mas você, filho do homem, ouça o que eu te falo; não seja rebelde como a casa rebelde; abre sua boca e come o que eu te dou. 9 E olhei, e eis aqui uma mão estendida para mim, e nela havia um rolo de livro.

10  o estendeu diante de mim, e estava escrito por diante e por detrás; (que é o que diz aqui por dentro e por fora) e tinha escritas nele, lamentos e lamentações e ais. 1 Me disse: Filho do homem, come o que achaste; come este rolo de livro, e vê e fala à casa de Israel”. É o mesmo o que depois foi dito a João, que tinha que comer o rolo de livro da profecia desse livro; o rolo de livro era escrito por diante e por detrás, ou seja, por dentro e por fora. É muito interessante isso, porque nos mostra como se fosse dois aspectos da revelação: uma primeira aparência é por fora e um sentido místico interior, que é por dentro. O livro é escrito por dentro e por fora; há algo que se vê à primeira vista e algo mais que se vê um pouco depois que se aprofunda.

UM LIVRO SELADO ATÉ O TEMPO DO FIM

Vemos o livro em Apocalipse 5: “selado com sete selos”. Em outras ocasiões Daniel não entendeu o que Deus lhe falou nas profecias; inclusive nessas profecias que era toda uma história que lhe contava, a culminação do plano de Deus; Daniel não entendeu, e lhe disseram: “Mas você, Daniel, fecha as palavras e sela o livro até o tempo do fim” (Dn. 12:4). Quer dizer que o que estava escrito neste rolo de livro de Apocalipse 5, era um mistério; ninguém a não ser Deus, conhecia. Deus tinha em seu coração um propósito, um programa. Quando Deus disse: “Façamos ao homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine ele sobre os peixes do mar, as aves dos céus, as bestas, em toda a terra, e em todo animal que se arrasta sobre a terra” (Gn. 1:26), Deus revelou um propósito eterno que Ele tinha, mas o homem caiu; esse reino que conteria e expressaria a glória de Deus ficou detido, e qual seria a maneira para que esse reino pudesse dar-se e o propósito de Deus pudesse cumprir-se? Então, Deus teve que adiantar aos poucos um plano de salvação, lhes revelando de pouquinho: sacrificou um animal, cobriu com as peles a Adão e a Eva, e logo foi prometendo que a semente da mulher esmagaria a cabeça da serpente e logo resultou que a semente da mulher seria também semente de Abraão, e seria também da tribo de Judá, e seria também um descendente de Davi e que morreria na cruz, que ressuscitaria e que reinaria; ou seja, que Deus foi adiantando pouco a pouco, abrindo pouco a pouco seu propósito; mas se não tivesse sido por Cristo, ninguém teria sido salvo, ninguém saberia para que existimos, ninguém poderia concluir com Deus o propósito que Ele tinha quando nos criou. De maneira que não havia ninguém digno de entender o programa de Deus.

Do que tratava este livro? Quando o vemos aqui selado com sete selos, vamos responder o mesmo que respondeu João quando olhava a todas as partes; ninguém era digno de abri-lo, nem de lê-lo, nem sequer de olhá-lo. Quando nós vemos ali somente um livro selado com sete selos, ficamos com a mesma incógnita, com a mesma desesperança com que ficou João. Graças a Deus que Cristo trouxe para luz a vida e a imortalidade e deu a conhecer o programa de Deus, o propósito de Deus, e revelou o que estava no livro; e quando nós vemos o que estava nesses selos e vemos como se vão desenvolvendo e no que terminam, quando todos esses selos são abertos, vemos que a culminação é a instauração do reino de Deus e de seu Cristo; então o que esses selos continham era o programa de Deus, ou como lhe chama no Novo Testamento, a economia de Deus, as etapas, o que Deus faria, o que Cristo faria, o que o Pai faria nos céus e na terra para que no final o reino de Deus fosse plenamente estabelecido.

Aqui neste livro O Senhor começa a nos mostrar como primeiro, ninguém era digno de abrir o livro; logo o Cordeiro abriu o livro; logo vamos ver como foi abrindo selo por selo e vamos vendo que nos mostram esses selos abertos e ao final vemos no que termina tudo, para levar adiante seu propósito eterno e à economia divina, o programa de Deus, para que no cumprimento dos tempos se dê o reino de Deus como Ele o quis, com o homem corporativo e glorificado, desde antes da fundação do mundo, e quando no princípio disse: Façamos ao homem para isto, isso vai ter cumprimento quando os livros forem abertos efetivamente pelo Cordeiro de Deus. Então, a abertura do livro trata do plano de Deus, pelo que Deus faz. Quando Deus disse: Filho, sente-se à minha direita e eu vou fazer algo, vou pôr debaixo de seus pés todos seus inimigos. É necessário que você reine até que tenha suprimido toda potência, reino e nação e até a morte, aqui vemos que o Cordeiro é o que recebe do Pai, o domínio, o reino, a capacidade de abrir o livro e o programa de Deus começa a desenvolver-se.

Quando lemos a história universal à luz destes sete selos abertos pelo Cordeiro, entendemos que o Pai tem a seu Filho à mão direita, que esteve trabalhando, que nada escapou de sua mão, que Ele dirige toda a política da terra, todas as guerras, todos os acontecimentos, terremotos; não há nada que lhe escape de seu controle e que Ele está utilizando todas as coisas para submeter aos pés de Cristo todas as coisas para que logo seu Filho entregue o reino ao Pai. Isso é a grandes traços o que significam estes selos; depois temos que vê-los um por um. “2 E vi um anjo forte que apregoava a grande voz: Quem é digno?” Aqui a pergunta é extremamente séria, a pergunta é por dignidade. “Quem é digno de abrir o livro e desatar seus selos?”; ou seja, quem é digno de cooperar, ver o propósito de Deus e levá-lo a cumprimento? Quem é digno de desatar os selos do livro, quem é digno de fazer que o que está oculto no plano de Deus tenha cumprimento e se desenvolva? Quem é digno? E houve um tempo para que se apresentasse qualquer candidato e não sabemos quanto foi esse tempo, mas o fato é que ninguém nem no céu, começa pelo céu; no céu não havia nenhum digno, nem na terra, nem debaixo da terra. Também havia pessoas debaixo da terra, porque a Bíblia fala de pessoas debaixo da terra; ninguém podia abrir o livro, ou seja, trazer para luz a cumprimento do programa de Deus, para que o propósito eterno de Deus se cumpra, a economia de Deus no cumprimento dos tempos, seja estabelecida com Deus em seu reino. “4 E chorava muito”; claro, este era João; e deve ter sido um bom tempo para tomar consciência da indignidade; ninguém, nem anjos, nem sequer querubins, nem anciãos, ninguém era digno de entender o que era o que Deus tinha em seu coração e como Deus vai levar a cabo; ninguém era digno e Ele deu tempo à criação para pronunciar-se, e João não chorou um pouquinho, chorou muito. “4 E chorava muito porque não se achou ninguém digno (nem sequer ele, João) de  abrir o livro, nem de lê-lo, nem de olhá-lo”. Nem olhá-lo, Meu Deus! “5 E um destes ancião me disse: (aí se prova que João não era destes anciãos, ele está em outro plano) Não chore”. Mas o deixou chorar um tempo porque era necessário tomar consciência da indignidade das criaturas para trazer adiante o plano de Deus; só um no céu e na terra, que é seu Filho, seu Verbo, é o que pode cumprir o plano de Deus.

O ÚNICO DIGNO

“Eis aqui que o Leão da tribo de Judá, (usando a profecia de Jacó a Judá, aqui fala do Leão da tribo de Judá) a raiz de Davi”.

Embora Cristo seja chamado de o Filho do Davi, aqui neste caso não aparece como Filho de Davi, porque aqui é questão de dignidade.

Quando vai se falar de profecia, sim claro, no tempo cronológico, Ele é o Filho de Davi, mas aqui se está falando da dignidade Dele, a raiz de David; Ele é antes de Davi; era o Espírito de Cristo o que fez viver a Davi no qual Davi viveu em vitória e profetizar o que profetizou; era Cristo em Davi profetizando, por isso aqui lhe chamam a Raiz de Davi e não o Filho de Davi. “A raiz de Davi, venceu”.

Para abrir o livro teria que ter vencido uma prova. Houve uma prova nos céus e muitos anjos caíram, e houve uma prova na terra e todos os homens caíram, exceto um homem, o Verbo de Deus que veio como um menino, fez-se homem e se chamou Jesus, o Cristo do Presépio, o Nazareno. “venceu (que interessante!) para abrir o livro e desatar seus sete selos”. Em outra parte diz que morreu e ressuscitou para ser Senhor. Aqui diz que venceu para abrir o livro e desatar seus sete selos; ou seja que há uma relação: abrir o livro e desatar seus sete selos é assenhorear, é sentar-se à mão direita do Pai e começar a exercer da mão direita do Pai uma autoridade nos céus e na terra para submeter todas as coisas, derrubar todo domínio, toda potestade, toda outra rivalidade, toda outra cabeça que se levante. Por isso, naquela parábola o Senhor diz que quando aquele homem, aquele rei, foi receber seu reino, veio, e quando voltou, chamou a seus servos, passou a seus servos pelo tribunal de Cristo, deu-lhes seu respectivo galardão ou seu castigo, e disse: e os que não queriam que eu reinasse decapite diante de mim (Lc. 19:11-27); ou seja que ficaram sem cabeça os que queriam ser cabeça em lugar da única Cabeça legítima; a única Cabeça legítima é o Senhor Jesus. Ele se sentou à mão direita e a história está expondo a soberba do homem; pessoas que pretendem ser cabeça; aí o último vai ser o anticristo, que vai ser o mais soberbo, e Deus está expondo para então derrubá-lo; exatamente, derrubá-lo e até a morte, até o último inimigo. O que está fazendo o Senhor à mão direita do Pai? Expondo e derrubando; sobe um império e cai, sobe outro império e cai; todos falando contra Cristo, apresentando outras idéias, apresentando outras propostas, e Deus lhes dá permissão por um tempo, e sobem e caem; sobem e caem; todos os reinos vão caindo. Sobe Babilônia, cai; sobe Média e Pérsia, cai; sobe a Grécia, cai; sobe Roma, cai; sobe este mundo atual e cai; sobe a outra besta fazendo cair fogo do céu sobre a terra e mandando às pessoas fazerem uma marca e também cai; sobe o anticristo e também cai. O diabo tem permissão depois dos mil anos de reunir as pessoas, e cai; todos caem. Então vem a ressurreição, primeiro a dos justos, logo a de todos para ser julgados, e também todos caem; ou seja, Ele era o único digno de levar a cumprimento o propósito de Deus, a economia divina. Continua dizendo: “venceu”; não foi um presente, não, “venceu”; foi uma luta, foi uma prova para abrir o livro; o que Deus queria por fim o obteve com alguém, com seu próprio Filho, e agora pela graça de seu Filho Ele introduz nessa graça aos que a recebam, deu-lhes poder também de serem feitos filhos de Deus e entrar na prova do reino para reinar com Cristo.

“6 E olhei, e vi que no meio do trono (no meio do trono) e dos quatro seres viventes e em meio dos anciãos, estava em pé um Cordeiro como imolado, (a palavra no original grego, dá a idéia de ser recém imolado, porque aqui Ele acabava de morrer, ressuscitar e ascender, e por isso não era somente como imolado, a não ser recém imolado) que tinha sete chifres, e sete olhos, os quais são os sete espíritos de Deus enviados por toda a terra”. Interessante que aqui é o Cordeiro que foi imolado o que aparece com a plenitude do poder; os sete chifres representam na Bíblia o poder. No mundo aparece a besta com dez chifres; Alexandre Magno como um chifre que se quebrou e saíram outros quatro chifres; os chifres significam autoridade, significam o poder; mas aquele a quem Deus lhe dá a plenitude do poder, ou seja, que tem sete chifres, é o Cordeiro.

Diz: porque lhe deu potestade sobre toda carne para que dê vida eterna aos que lhe deu.

Cristo tem todo poder. Toda potestade me é dada no céu e na terra: sete chifres. Também seu reino, que está representado pela Igreja, apareceu em sete períodos representados em sete candeeiros, porque a igreja por agora é o âmbito do reino de Deus, do reino dos céus; por agora é a Igreja. Daí que apareça o Cordeiro com sete chifres. “E sete olhos, os quais são os sete espíritos de Deus enviados por toda a terra”. Interessante que quando pela primeira vez aparecem estes sete olhos são designados como os olhos de Jeová.

Leiamo-lo em Zacarias 4:10: “Os que menosprezaram o dia das pequenas coisas se alegrarão, e verão o prumo na mão de Zorobabel. Estes sete (porque recordem que foi mostrado um candeeiro com sete lâmpadas resumindo a obra do Senhor) são os olhos de Jeová, que percorrem toda a terra”. Recordem que no capítulo 3 tinha aparecido no versículo 9: “Eis aqui aquela pedra que pus diante de Josué"; essa era uma figura, Josué sumo sacerdote, uma pedra que ia ser esculpida, assim como a Igreja vai ser edificada e está diante de Cristo; Ele é o Sumo Sacerdote real. O verdadeiro Josué é Cristo que edificará a Igreja tipificada por esta pedra a ser esculpida diante de Josué. “9 Aquela pedra que pus diante de Josué; sobre esta única pedra há sete olhos; eis aqui eu gravarei sua escultura”. Deus está olhando o objetivo de Deus, que  é esculpir essa pedra. Deus tem um objetivo e toda sua atenção está centrada no objetivo de esculpir essa pedra, que é edificar a casa de Deus, o corpo de Cristo; “e tirarei o pecado da terra em um dia”. Quando a igreja for edificada, então o pecado será tirado da terra em um dia, que para o Senhor é como mil anos; no milênio será tirado o pecado da terra. “10 Naquele dia, diz Jeová dos exércitos, (esse dia é o milênio) cada um de vós convidará a seu companheiro, debaixo de sua videira e debaixo de sua figueira”.

Estes sete olhos que aparecem aqui como de Jeová, aqui em Apocalipse aparecem no Cordeiro; como quem diz: o Cordeiro é o veículo e a representação exata que não fica em nada pequeno ao próprio Deus. Jeová que é o que realiza sua obra, é o que tem os sete olhos, é o que vê tudo, é o que entende tudo, é o que está concentrado no que está fazendo, em seu propósito, e agora aparece isso mesmo, mas no Cordeiro; o Cordeiro é o agente que representa perfeitamente a Deus, que entende; por isso é o Superintendente universal; sete olhos; e diz aqui que esses sete olhos são os sete espíritos de Deus enviados por toda a terra; quer dizer, Deus vê, mas não somente para entender, a não ser para dirigir, para infundir; às vezes com um só olhar entendemos o que terá que fazer; os olhos não são somente para olhar, são para que entendamos o que temos que fazer. Esses olhos são espíritos enviados por toda a terra, o Espírito de Deus em sete, para realizar o propósito divino.

RECONHECIMENTO, EXALTAÇÃO E ADORAÇÃO AO CORDEIRO

Apocalipse 5:7: “E veio, (como dizia ali em Daniel, que fizeram-lhe aproximar-se diante Dele, como quem diz: passa, é você o que merece fazer isto) e tomou o livro da mão direita do que estava sentado no trono”. Agora sim os céus e a terra saberão para que existe o universo, o que era que Deus queria e como vai levar isto por meio deste Ungido, este Cristo, o único Cristo, seu Filho, o Cordeiro recém imolado, mas ressuscitado, ascendido e glorificado. “E tomou o livro da mão direita do que estava sentado no trono. 8 Logo que tomou o livro, os quatro seres viventes (os que representam a criação) e os vinte e quatro anciãos (aquele sacerdócio angélico) prostraram-se diante do Cordeiro”. Até aqui durante todo o tempo de sua existência imemorial na cronologia celestial, eles se tinham prostrado diante de Deus, que é, que era e que há de vir. Como que diante de um homem? Mas aqui pela primeira vez se prostram diante de um homem; já Deus o tinha adiantado quando na visão da glória de Deus apareceu um como semelhante ao Filho do Homem, sentado em um trono como de safira sobre os querubins.

 Aqui aparece este Homem. “8 Logo que tomou o livro, (não foi coisa pequena tomar o livro; isto é algo muito grande) os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos”. Vêem aqui todas as súplicas dos Santos pedindo do Senhor sua graça, pedindo ao Senhor sua ajuda, que o Senhor os conduza a ser vencedores, que os conduza a poder cooperar com o Senhor; agora tudo isso tem sentido; sem o Cordeiro todas as súplicas ficavam sem resposta, mas agora estes anciãos que são anjos ministradores apresentam essas taças de ouro cheias de incenso. Assim como tomamos um tempo para ver a Arca do Pacto, outro tempo para a mesa dos pães da proposição, outro tempo para o candeeiro, precisamos tomar um tempo para o altar de ouro e o incensário; possivelmente em um acampamento se Deus permitir. Mas aqui aparecem, irmãos, as orações como incenso.

Vocês sabem que o incenso está composto de várias coisas: de incenso mesmo que é à parte, mas ao incenso puro era acrescentado estoraque, que é uma espécie de mirra; unha aromática, que é uma espécie de casca de ovo de um animal; também gálbano, que é uma resina, e todas não é que cheirem muito bem, não cheiram muito bem, cheiram a morte, representam a morte de Cristo em nossas orações; esses elementos que acrescentam ao incenso são elementos sagrados. Nenhuma oração vem como incenso sozinho; o incenso traz as espécies; ou seja, unidos em Cristo é que nós vamos à presença de Deus. Esses três elementos: estoraque, unha aromática e gálbano que são as espécies que se põem ao incenso, representam os três distintos aspectos da morte de Cristo; mas o incenso representa a ressurreição de Cristo, e é porque Ele morreu e ressuscitou que em seu nome podemos nos apresentar na presença de Deus e receber de Deus resposta. Graças a Deus que o que Deus queria também foi pedido pelos Santos e também foi pedido no nome único em que se podiam responder as orações. “ tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos. 9 E cantavam um cântico novo”; este é novo; até aqui eles não tinham cantado isto; até aqui sabiam que Deus os tinha criado, mas não sabiam o que tinha começado com esses homens perversos; mas derrepente eles venceram, o único, o Cordeiro que os redimiu, e agora eles se prostram ante o Cordeiro e cantam um cântico novo no céu; no céu se ouve um cântico novo, um cântico de redenção; agora Deus é louvado e o Cordeiro pela redenção. “ Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto”. Aí está, sobre a base de seu sacrifício até a morte, porque se humilhou ao máximo, Deus também o exaltou ao máximo e lhe deu um nome que é sobre todo nome para que no nome de Jesus, o Senhor, se dobre todo joelho nos céus, na terra e debaixo da terra; e aqui tudo isto se inicia; já João o vê culminado depois uns versos mais adiante. “Digno é de tomar o livro e de abrir seus selos; porque você foi imolado, e com seu sangue os redimiste para Deus”. Agora Deus pode ter o que queria. Quando disse: Façamos ao homem, um homem corporativo, a nossa imagem, que o leve a Ele, a nossa semelhança, e que reine, que assenhoreie, um rei; agora é possível graças ao Cordeiro. “Redimiste-os para Deus, (não só redimidos para salvar do inferno, mas também para Deus, para que vivam, já não vivam para si, a não ser para aquele que morreu e ressuscitou por eles; que os sujeita ao Pai) de toda linhagem (graças a Deus, toda linhagem; Deus não exclui a ninguém, sempre haverá um remanescente, até nos povos mais terríveis) e língua e povo e etnia; (a palavra “nação”, aqui é “etnia) 10 e os tem feito para nosso Deus...”; já é considerado como um fato, “reino e sacerdotes”.

Por isso Jesus disse na cruz: “está consumado”; para Deus não há mais necessidade de esperar que as coisas que já foram feitas no espiritual, se concretizem no natural. “10 E os tem feito para nosso Deus, reino (a palavra aqui não é “reis” em plural, mas “reino”, porque todos os reis juntos formam um reino) e sacerdotes, e reinarão sobre a terra”. Por fim, o que Deus havia dito: “Façamos ao homem a nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e assenhoreie nos peixes do mar, nas aves dos céus, nas bestas, em toda a terra, e em todo animal que se arrasta sobre a terra”, ao fim, “reinarão sobre a terra. 11 E olhei, e ouvi (o que vimos e ouvimos) a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos seres viventes, e dos anciãos; e seu número era miríades de miríades e quilíades de quilíades, 12 que diziam em grande voz: O Cordeiro que foi imolado...”.

Que precioso! Todo o céu reconhecendo; o reconhecimento começa no céu, mas termina também na terra. Pai, que se faça sua vontade aqui na terra como se faz no céu (MT. 6:10).

 Aqui começa no céu; até aqui só o céu, muitos anjos, seres viventes, anciãos, “miríades de miríades, quilíades de quilíades, 12 que diziam em grande voz: o Cordeiro que foi imolado é digno (isso é o que se perguntou, quem é digno?) de tomar o poder, (outros têm o poder, o diabo o roubou, desonraram ao Pai, mas agora há alguém que tomará; é digno de tomar; então o que é o que vai fazer o Cordeiro quando começa a abrir os selos? Em cada selo que abre acontece uma coisa; isso que acontece quando abre os selos, é a maneira Dele tomar o poder) as riquezas, a sabedoria, a fortaleza, a honra, a glória e o louvor”.

Tudo isso começou no céu, mas agora João viu o efeito porque João está nos lugares celestiais, não está no tempo da cronologia natural, a não ser na cronologia celestial. Primeiro viu os seres celestiais, mas agora ele também viu a terminação de tudo isto, porque isto se desenvolve por etapas, isto já foi conseguido aqui, e as etapas culminarão nisto que foi conseguido. “13 Ouvi também a toda criatura (já não somente os anjos) que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e no mar, e a todas as coisas que neles há, dizerem (João viu o cumprimento, o que poderíamos dizer na linguagem dos profetas e de Pedro pregando em Atos, a restauração de todas as coisas, a todos, todas as coisas que há nestas coisas criadas) Ao que está assentado no trono, e ao Cordeiro, (ao Pai e ao Filho junto) seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos (os eons dos eones). 14 Os quatro seres viventes (aqueles que tinham adorado primeiro e ouviram logo às criaturas, a todas as criaturas na restauração de todas as coisas, adorar ao Senhor) diziam: Amém; (eles concordaram) e os vinte e quatro anciãos se prostraram sobre seus rostos e adoraram ao que vive pelos séculos dos séculos.” João estava vendo o que Ele merece; até debaixo da terra se confessará Seu nome, como o diz Filipenses 2: “10 Para que no nome do Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra; 11 e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor”.


Irmãos, o 5 é um capítulo da apoteose do Cordeiro. A única apoteose legítima, a única que é digna de permanecer eternamente; toda apoteose dos homens ou dos demônios está destinada a ser decapitada, a ser destruída; até que tenha suprimido toda autoridade, potência, todo outro nome que se nomeia e estabelecer o único nome. Que todos honrem ao Filho como honram ao Pai, porque o Pai ama ao Filho e lhe mostra todas as coisas que faz. Só Ele sabia isso, o Pai assim que Deus, mas o Cordeiro venceu como homem; como Deus Ele sabia tudo, mas como homem Ele cresceu, aprendeu e foi digno, e lhe revelou a maneira como submeter todas as coisas. Agora o Cordeiro está à mão direita do Pai; tudo o que está acontecendo é o desenvolvimento destes selos que vamos ver, mediante Deus, na próxima ocasião; é a história. A história está resumida nestes selos; a história, seus princípios básicos, da ascensão de Cristo está resumida. Se os historiadores estudassem quais são os princípios da história? Há grandes historiadores como Arnold Toynbé, um famoso historiador que escreveu como sete volumes de estudos sobre a história, tratando de descobrir quais eram as leis da história pelas quais se desenvolviam, cresciam e caíam as civilizações; tratando de estudar a história e descobrir o fio condutor; isso não o puderam fazer os historiadores, mas neste livro dos selos aparecem os princípios que dirigem a história, quem é o que governa a história e para onde vai a história; a submeter-se ao Filho, para que o Filho submeta ao Pai todas as coisas; essas são as forças que se movem na história e cujos princípios aparecem aqui nestes cavalos quanto à história deste mundo e no que acontece ao outro lado depois. Mediante Deus depois vamos nos deter mais nisto, mas isto é já a continuação e o mesmo marco da ascensão de Cristo, do reino de Cristo, do governo de Cristo sobre a história, do sentido da história à luz do trono do Filho de Deus. Vamos orar irmãos, agradecer ao Senhor que possamos entender a história de maneira cristã à luz do trono de Deus e do Cordeiro?

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Irmãos em Cristo Jesus.

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Mt 5:14 "Vós sois a luz do mundo"