sexta-feira, 31 de agosto de 2007

O Pecado, os Pecados e o Pecador-Watchman Nee


O Pecado, os Pecados e o Pecador
(Extraído do Livro o Evangelho de Deus)

O Caráter desta Reunião — o Ensino do Evangelho
Hoje iniciamos uma série de reuniões de estudos bíblicos. Porém, antes de
iniciarmos, gostaria primeiramente de dizer algumas palavras acerca da natureza destas
reuniões. Não sei se há alguns aqui que estão conosco pela primeira vez. Alguns que vêm
pela primeira vez acham muito difícil localizar nosso endereço. Muitos se queixam de que a
rua onde nos encontramos é de difícil localização. Alguns até mesmo disseram que, apesar
de estarem de fato sentados aqui, não sabiam como sair daqui após a reunião. Eles não
sabiam que caminho tomar para chegar àquela loja de automóveis que viram enquanto
vinham para cá, e não sabem como caminhar de lá para a parada de bonde ou para a
parada de ônibus. Muito embora estivessem aqui, não estavam seguros e dificilmente
poderiam lembrar-se do caminho pelo qual vieram. Esse é o caso de muitos cristãos em sua
vida cristã. Se você lhes perguntar se crêem no Senhor, eles dirão que sim. Porém, se lhes
perguntar como foi que creram, eles dirão que não têm certeza. Eles não têm clareza
alguma acerca da maneira pela qual foram salvos.
As reuniões que teremos agora não são um reavivamento nem reuniões de
evangelização. E, embora o assunto dessas reuniões seja o evangelho, elas não são
reuniões de evangelização. Não estaremos pregando o evangelho desta vez; em vez disso,
estaremos ensinando o evangelho. Por que precisamos ensinar o evangelho? Muitos foram
salvos e se tornaram cristãos, mas ainda não sabem como se tornaram cristãos. O que
vamos fazer hoje é dizer às pessoas como é que elas se tornaram cristãs. Em outras
palavras, estamos dizendo-lhes que elas tomaram o sentido sul a partir da Rua Aiwenyi e
caminharam diretamente para aquela loja de automóveis que viram, que dali viraram para
Wende Lane onde estamos agora, deram alguns passos em direção à janela do nosso salão
de reuniões, viraram na entrada do nosso salão e caminharam até um cesto de lixo à porta
do salão de reuniões e, em seguida, entraram no salão. Desta vez não estaremos
persuadindo as pessoas a entrar; pelo contrário, estaremos dizendo-lhes como entraram.
Se aqui houver alguns que não creram no Senhor, podem ficar desapontados. O que
vamos fazer desta vez é mostrar aos que creram como é que creram. Alguns irmãos e irmãs
podem ter muita clareza do evangelho; talvez até já saibam sobre o que estamos falando.
Porém espero que o Senhor nos abençoe e nos conceda nova luz. Você precisa saber que
estas reuniões são de estudo bíblico e destinam-se aos que creram, mas não sabem como
creram. Dessa vez não estou tentando encorajá-lo ou reavivá-lo. Estou simplesmente lhe
mostrando a direção. Em outras palavras, nessas reuniões nada mais sou do que um guia
turístico.
O Pecado, Os Pecados, O Pecador
Começarei com um princípio muito básico com respeito ao evangelho. Contudo,
espero que a cada reunião avancemos um pouco. Nesta primeira reunião, nosso tema é um
assunto que a maioria das pessoas não gosta de ouvir, mas é inevitável. Nosso assunto
nesta reunião é o pecado, os pecados e os pecadores.
A Bíblia dá muita atenção à questão do pecado. Somente quando tivermos clareza
acerca do pecado é que poderemos compreender a salvação. Se quisermos conhecer sobre
o evangelho de Deus e sobre a salvação de Deus, primeiro precisamos saber o que é o
pecado. Devemos ver inicialmente como o pecado nos afetou e como nos tornamos
pecadores. Só então teremos clareza da salvação de Deus. Vamos primeiro considerar o
ABC. Precisamos ver o que é pecado, o que são pecados e quem é pecador.
A Diferança entre Pecado e Pecados
Podemos facilmente dizer que a diferença entre pecado e pecados é que pecado é
singular e pecados é plural. Entretanto, precisamos distinguir claramente entre pecado e
pecados. Se você não consegue diferenciar os dois, será impossível ter clareza da sua
salvação. Se uma pessoa não tem clareza da diferença entre pecado e pecados, mesmo
que seja salva, sua salvação provavelmente é uma salvação obscura. Que é pecado de
acordo com a Bíblia? E que são pecados? Permitam-me dar uma breve definição primeiro.
Pecado refere-se àquele poder dentro de nós que nos motiva a cometer atos pecaminosos.
Pecados, por outro lado, refere-se aos atos pecaminosos individuais, específicos, que
cometemos exteriormente.
Que é pecado? Não gosto de utilizar termos tais como “pecado original”, “a raiz do
pecado”, “a fonte do pecado” ou similares. Estes termos são criados por teólogos e são
desnecessários para nós agora. Seremos simples e consideraremos essa questão a partir
da nossa experiência. Sabemos que há algo dentro de nós que nos motiva e nos obriga a ter
certas inclinações espontâneas, que nos induz para o caminho da concupiscência e paixão.
De acordo com a Bíblia esse algo é o pecado (Rm 7:8, 16-17). Todavia, não há somente o
pecado interior que nos obriga e induz, há também os atos pecaminosos individuais, os
pecados, os quais são cometidos exteriormente. Na Bíblia, os pecados estão relacionados
com a nossa conduta, enquanto o pecado está relacionado com a nossa vida natural.
Pecados são os cometidos pelas mãos, pelos pés, pelo coração, e mesmo por todo o corpo.
Paulo refere-se a isso ao falar dos feitos do corpo (Rm 8:13). Então, que é o pecado? O
pecado é uma lei que controla nossos membros (Rm 7:23). Existe algo dentro de nós que
nos leva a pecar, a cometer o mal e esse algo é o pecado.
Se quisermos fazer uma distinção clara entre pecado e pecados, há uma parte nas
Escrituras que precisamos considerar. São os primeiros oito capítulos do livro de Romanos.
Esses oito capítulos mostram-nos o significado pleno do pecado. Nesses oito capítulos
encontramos uma característica notável: do capítulo 1 ao 5:11, somente a palavra pecados,
no plural, é mencionada; a palavra pecado, no singular, jamais é mencionada. Mas, de 5:12
até o final do capítulo oito, o que encontramos é pecado, não pecados. Do capítulo 1 até
5:11, Romanos mostra-nos que o homem tem cometido pecados diante de Deus. De 5:12
em diante, Romanos mostra-nos que tipo de pessoa o homem é diante de Deus: um
pecador. Pecado refere-se à vida que possuímos. Antes de Romanos 5:12 nenhuma
menção há de mortos sendo vivificados, pois o problema ali não é que alguém precise ser
vivificado e, sim, que os pecados individuais que alguém cometeu precisam ser perdoados.
De 5:12 em diante, temos a segunda seção. Aqui vemos algo forte e poderoso dentro de nós
como uma lei em nossos membros, que é o pecado, que nos induz e obriga a cometer os
pecados, os atos pecaminosos. Por isso há necessidade de sermos libertados.
Os pecados têm a ver com a nossa conduta, e para isso a Bíblia mostra-nos que
precisamos de perdão (Mt 26:28; At 2:38; 10:43). Porém, o pecado é o que nos incita, induznos
a cometer os atos pecaminosos. Por isso, a Bíblia mostra-nos que precisamos de
libertação (Rm 6:18, 22). Certa vez encontrei um missionário que falava sobre “o perdão do
pecado”. Imediatamente levantei-me, apertei sua mão e perguntei: “Onde na Bíblia se diz
‘perdão do pecado’?” Ele argumentou que existiam muitos casos. Quando lhe perguntei se
podia encontrar um para mim, ele disse: “Que você quer dizer? Não é possível encontrar
nem sequer um lugar que diga isso?” Eu disse-lhe que em toda a Bíblia, em nenhum lugar
são mencionadas as palavras o perdão do pecado; em vez disso, a Bíblia sempre fala de
“perdão de pecados”. Os pecados é que são perdoados, não o pecado. Ele não acreditou
em minhas palavras, então foi procurar em sua Bíblia. Finalmente me disse: “Sr. Nee, é tão
estranho. Toda vez que essa frase é usada, um pequeno s é adicionado a ela”. Creio que
você pode ver que os pecados é que são perdoados, não o pecado.
Os pecados são exteriores a nós. Eis por que precisam ser perdoados. Contudo, algo
mais está dentro de nós, algo forte e poderoso que nos leva a cometer pecados. Para isso
precisamos não de perdão, mas de libertação. Precisamos ser libertados. Tão logo não
estejamos mais sob seu poder e nada tenhamos a ver com ele, estaremos em paz. A
solução para os pecados vem do perdão. Entretanto, a solução para o pecado vem quando
não estivermos mais debaixo do seu poder e não tivermos mais nada a ver com ele. Os
pecados estão relacionados com as nossas ações e são cometidos um por um. Eis por que
precisam ser perdoados. O pecado, porém, está dentro de nós e precisamos ser libertados
dele.
Portanto, a Bíblia nunca diz “perdão do pecado”, mas “perdão dos pecados”.
Tampouco a Bíblia fala sobre ser “libertado dos pecados”. Posso assegurar-lhes que a Bíblia
nunca diz isso. Pelo contrário, a Bíblia diz que somos “libertados do pecado”, em vez de
libertados dos pecados. A única coisa da qual precisamos escapar e ser libertados é daquilo
que nos incita e nos induz a cometer pecados. Essa distinção é feita de modo bastante claro
na Bíblia. Posso comparar os dois desta forma:
De acordo com a Bíblia, o pecado está na carne; enquanto os pecados estão na
nossa conduta.
O pecado é um princípio dentro de nós; é um princípio da vida que temos. Os
pecados são atos cometidos por nós; são atos em nosso viver.
O pecado é uma lei nos membros. Os pecados são transgressões que cometemos;
são atividades e atos reais.
O pecado está relacionado com o nosso ser; os pecados estão relacionados com o
nosso agir.
Pecado é o que somos; pecados é o que fazemos.
O pecado está na esfera da nossa vida; os pecados estão na esfera da consciência.
O pecado está relacionado com o poder da vida que possuímos; os pecados estão
relacionados com o poder da consciência. Uma pessoa é governada pelo pecado em sua
vida natural, mas ela é condenada em sua consciência pelos pecados cometidos
exteriormente.
Pecado é algo considerado como um todo; pecados são coisas consideradas caso a
caso.
O pecado está no interior do homem; os pecados estão diante de Deus.
O pecado requer que sejamos libertados; os pecados requerem que sejamos
perdoados.
Pecado diz respeito à santificação; pecados se relacionam com a justificação.
Pecado é uma questão de vencer; pecados é uma questão de ter paz no coração.
O pecado está na natureza do homem; os pecados estão nos hábitos do homem.
Figurativamente falando, o pecado é como uma árvore e os pecados são como o fruto
da árvore.
Podemos tornar essa questão clara com uma simples ilustração. Ao pregar o
evangelho, freqüentemente comparamos o pecador a um devedor. Todos sabemos que ser
devedor não é algo agradável. Contudo devemos lembrar que uma coisa é alguém ter
dívidas; e outra coisa é ter disposição para contrair dívidas. Uma pessoa que toma
empréstimos seguidas vezes não se importa tanto com o fato de usar dinheiro alheio. A
Bíblia diz que os cristãos não devem ser devedores (Rm 13:8); eles não deveriam tomar
emprestado dos outros. Uma pessoa com tendência a tomar emprestado pode pedir
duzentos ou trezentos dólares de alguém hoje e, depois, dois ou três mil dólares de outro
amanhã. E mesmo que seja incapaz de pagar suas dívidas e seus parentes ou amigos
tenham de pagá-las por ele, após uns poucos dias ele começará a pensar em pedir
emprestado novamente. Isso mostra que tomar emprestado é uma coisa, mas ter tendência
para o empréstimo é outra. Os pecados descritos pela Bíblia são como débitos exteriores,
enquanto pecado é como o hábito e a disposição interiores, é como a mente que tem a
inclinação de tomar emprestado facilmente. Uma pessoa com tal mente não irá parar de
tomar emprestado simplesmente porque alguém pagou seus débitos. Pelo contrário, ela
pode até mesmo tomar emprestado ainda mais, porque os outros agora estão pagando suas
dívidas.
Essa é a razão de Deus não tratar apenas com o registro dos pecados, mas também
com a inclinação para o pecado. Podemos ver a importância de lidar com os pecados, mas é
igualmente importante lidar com o pecado. Somente ao vermos ambos os aspectos é que o
nosso entendimento sobre nossa salvação será completo.
Quem é Pecador?
Agora precisamos fazer a pergunta: Quem é pecador? Creio que alguns dos irmãos
aqui são cristãos por mais de vinte anos. Alguns até mesmo têm trabalhado pelo Senhor por
mais de quinze anos. Minha pergunta pode ser considerada como um dos ABC’s da Bíblia.
Quem é pecador? Creio que muitos responderão que pecador é alguém que peca. Se
verificar no dicionário, temo que seja esta a resposta que você obterá: pecador é o que peca.
Porém, se ler a Bíblia, terá de rejeitar esta definição, porque não é que os que pecam sejam
pecadores, mas pecadores são os que cometem pecados. Que significa isso? Muitos entre
nós leram o livro de Romanos. Ouvi muitos dizerem que Paulo, para provar que no mundo
todos são pecadores, mencionou no capítulo três que todos pecaram e carecem da glória de
Deus (v. 23). Deus busca justos e não encontra nenhum; Ele procura os que O entendam e
que O buscam, e não encontra nenhum; todos mentiram e se extraviaram (vs. 10-13).
Portanto, parece que Paulo está dizendo que no mundo todos são pecadores. Mas seja
cuidadoso. Não seja rápido demais para dizer isso. Será que Romanos 3 menciona de fato o
pecador? Se alguém puder encontrar a palavra pecador em Romanos 3, eu irei agradecerlhe
por isso. Onde pecador é mencionado neste capítulo? Por favor, repare que pecador
nunca é citado aqui. Alguns dizem que por Romanos 3 falar sobre o homem pecando, isso
prova que o homem é um pecador. Contudo, Romanos 3 não menciona o pecador. É
Romanos 5 que fala sobre o pecador. Portanto, precisamos fazer a distinção: Romanos 3
fala sobre o problema dos pecados e Romanos 5 fala sobre o problema do pecador. Tudo o
que Romanos 3 nos diz é que todos pecaram. Somente em Romanos 5 é-nos dito quem são
os pecadores.
Todos que nasceram em Adão são pecadores. Isso é o que Romanos 5:19 nos diz.
Se ler a J. N. Darby’s New Translation (Nova Tradução da Bíblia de J. N. Darby), você verá
que ele usou as palavras tendo sido constituídos pecadores. Todos somos pecadores por
constituição. Ao escrever um currículo, há dois itens que você deve colocar. Um é o seu
local de nascimento e outro é a sua profissão. De acordo com Deus, somos pecadores por
nascimento, e por profissão somos os que pecam. Por sermos pecadores por nascimento,
seremos sempre pecadores, quer pequemos ou não.
Certa vez eu estava conduzindo um estudo bíblico com os irmãos em Cantão. Disselhes
que existem dois tipos de pecadores no mundo — os pecadores que pecam e os
pecadores morais. Entretanto, quer seja um ou outro, você ainda é um pecador. Deus diz
que todos os que nasceram em Adão são pecadores. Não importa que tipo de pessoa você
seja; uma vez que foi gerado em Adão, é um pecador. Se você peca, é um pecador que
peca. E se você não pecou ou para ser mais preciso, se você pecou menos, é um pecador
moral ou um pecador que peca pouco. Se é uma pessoa nobre, você é um pecador nobre.
Se se considera santo, você é um pecador santo. Em qualquer caso, ainda é um pecador.
Hoje, o maior engano entre os homens é considerar um homem como pecador somente
porque ele pecou; se não pecou, ele não é considerado um pecador. Porém, não existe tal
coisa. Pecando ou não, desde que seja homem, você é pecador. Desde que tenha nascido
em Adão, você é pecador. Um homem não se torna pecador porque peca; pelo contrário, ele
peca porque é pecador.
Portanto, meus amigos, lembrem-se da Palavra de Deus. Somos pecadores; não nos
tornamos pecadores. Não precisamos nos tornar pecadores. Certa vez eu falava com um
irmão. Havia uma garrafa térmica em frente a ele, e ele disse: “Aqui está uma garrafa
térmica. Se ela orar: ‘Eu quero ser uma garrafa térmica’, que acontecerá?” Eu disse: “Ela já é
uma. Não precisa ser uma”. O mesmo ocorre conosco, uma vez que sejamos algo, não há
necessidade de nos tornarmos este algo.
Embora nossos pecados sejam perdoados, permanecemos pecadores. Podemos até
chamar-nos de pecadores perdoados. Mas muitos acreditam que não mais são pecadores.
Acham que se afirmarmos que somos pecadores, isso significa que não conhecemos o
evangelho tão bem. Isso pode não ser toda a verdade. Paulo não disse que seus pecados
não foram perdoados. Mas ele disse que era um pecador (1 Tm 1:15). Você viu a diferença
aqui? Se perguntasse a Paulo se os pecados dele foram perdoados, ele não poderia ser tão
humilde a ponto de dizer não. Mas Paulo poderia humildemente dizer que é um pecador. Ele
não poderia negar a obra de Deus nele. Contudo, ele tampouco poderia negar sua posição
em Adão. Embora tenhamos recebido a graça em Cristo, Deus não removeu completamente
o problema do pecado; nós ainda somos pecadores. O problema do pecado não será
plenamente solucionado até que o novo céu e a nova terra apareçam. Entretanto, isso não
significa que não tenhamos recebido uma salvação completa. Não me entendam mal. Em
poucos dias trataremos desse ponto.
O que devemos ver clara e corretamente é que toda pessoa no mundo é um pecador.
Quer tenha pecado ou não, uma vez que seja um ser humano, você é um pecador. Quando
alguns ouvem o evangelho, gastam o tempo todo pensando em quantos ou quão poucos
pecados têm cometido. Mas diante de Deus há somente uma questão: Você está em Cristo
ou em Adão? Todos os que estão em Adão são pecadores, e desde que seja um pecador,
nada mais precisa ser dito.
Por que, então, Paulo teve de dizer-nos em Romanos 1, 2 e 3 sobre todos os pecados
que o homem comete? Estes poucos capítulos mostram-nos que pecadores pecam. Os
primeiros três capítulos de Romanos provam que um pecador é conhecido pelos pecados
que comete. Romanos 5, porém, diz-nos que tipo de pessoa um pecador na verdade é. Uma
vez fui a Jian, em Kiangsi, e uma noite encontrei um irmão que é guarda de segurança. Ele
não acreditou que eu fosse um pregador e um obreiro do Senhor. Ali estava um problema.
Sou um obreiro do Senhor e um servo de Cristo, mas ele não acreditava. Portanto, eu tinha
de provar a ele quem eu era. Dei-lhe muitas provas. Por fim ele acreditou. Da mesma
maneira, nós já somos pecadores. Mas não nos foi provado. Os três primeiros capítulos de
Romanos provam que somos pecadores. Eles nos dão as evidências. Mostrando-nos que
pecamos de tais maneiras, esses capítulos provam-nos que somos pecadores. O capítulo
cinco diz que somos pecadores, mas os três primeiros capítulos provam que somos
pecadores.
Deixe-me relatar outra história. Em Fukien, havia alguns ladrões e seqüestradores
que haviam sido cristãos, ainda que fosse somente de nome. Embora fossem ladrões e
seqüestradores, a consciência deles ainda estava de certa forma um tanto sensível; quando
percebiam que haviam seqüestrado um pastor ou um pregador eles o libertavam sem
resgate. Pouco a pouco, quando alguém era seqüestrado dizia que era pregador ou pastor
desta ou daquela denominação. Que fizeram os ladrões? Após algum tempo, eles
descobriram uma maneira. Toda vez que alguém se dizia ser um pastor, os ladrões pediamlhe
que recitasse os dez mandamentos, a oração do Senhor, e as bem-aventuranças. Os
que conseguissem recitar deviam ser pastores e, assim, deixavam-nos ir. Ouvi essa história
recentemente e achei-a muito interessante. Se você fosse um pastor, tinha de provar. Os
ladrões exigiam que aquelas pessoas lhes provassem que eram pastores. Da mesma forma,
Deus quer provar-nos que somos pecadores. Sem nos provar isso, podemos esquecer quem
somos nós. Esse é o motivo de Romanos 1—3 enumerar todos aqueles pecados. É para nos
mostrar que somos pecadores. Após tantos fatos apresentados ali, foi-nos provado que
somos pecadores.
Portanto, nunca se deve pensar que são os muitos pecados que nos fazem
pecadores. Já faz muito tempo que somos pecadores. Não nos tornamos pecadores após
estes pecados serem cometidos. Precisamos estabelecer este fundamento claramente. Hoje
você pode sair à rua, encontrar qualquer um, tomá-lo pela mão e dizer-lhe que é pecador. Se
ele disser que não pode ser um pecador porque não assassinou ninguém ou não ateou fogo
na casa de ninguém, você pode dizer-lhe que ele é um pecador que nunca matou ninguém
nem ateou fogo na casa de ninguém. Se alguém lhe diz que nunca roubou nem cometeu
fornicação, você pode dizer-lhe que ele é um pecador que nunca roubou nem cometeu
fornicação. Não importa quem encontre, você pode dizer que ele é um pecador.
Em todo o Novo Testamento, somente Romanos 5:19 nos diz quem é pecador. Todos
os outros lugares no Novo Testamento nos dizem o que o pecador faz. Somente este único
lugar nos diz quem o pecador é. Um pecador pode fazer um milhão de coisas, mas não são
essas coisas que o constituem pecador. Uma vez que seja nascido em Adão, ele é pecador.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

A NOVA CRIAÇÃO- Ruth Paxson

A NOVA CRIAÇÃO- Ruth Paxson


Quando o Espírito Santo trouxe à vida do crente uma nova natureza, ele abriu a porta para uma união viva e orgânica entre o cristão e Cristo. Cristo e o cristão são então um. Mas o que é ser cristão? É ter o Cristo glorificado em nós em real presença e poder.
“Estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em min; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim” ( Gl 2:20)
Cristo vive em mim. Você pode dizer isto? Paulo podia. Mas note a ordem das suas palavras. Primeiro: “Estou crucificado com Cristo”, então “ Cristo vive em mim”. O destronamento do ego precede e abre o caminho para a entronização de Cristo.
Ser um Cristão é ter a vida de Cristo como nossa vida de tal forma e num grau tal que possamos dizer como Paulo: “ Para mim o viver é Cristo”, isso significa que Cristo agora vive em você, seja em Hong Kong, ou nos Estados Unidos, na Europa ou em qualquer outro lugar, de forma tão verdadeira como viveu em Cafarnaum ou Caná. É assim com você?
Ser cristão significa possuir a semente divina que foi plantada em nosso espírito interior no novo nascimento, desabrochando em crescente conformidade com sua vida perfeita. é ser diariamente “transformado à sua semelhança de glória em glória”. Estamos assim sendo transformados?
Ser um Cristão é ter Cristo como a vida da nossa mente, coração e vontade, para que Ele seja aquele que pensa através de nossa mente, ame através de nosso coração e queira através da nossa vontade. É ter Cristo preenchendo nossas vidas numa medida sempre crescente, até que não tenhamos vida a parte dele. É assim que ele preenche você?
Contudo, posso ouvir alguns Nicodemos modernos dizer, como isso pode ser? Como posso viver tal vida em meu lar onde não recebo ajuda ou aprovação antes escárnios, onde tenho vivido por tanto tempo uma vida de derrota? Como posso ter uma vida coerente em meu círculo social que está impregnado de mundanismo e fraqueza, onde Cristo nunca é mencionado ou mesmo considerado? Como posso viver uma vida espiritual em um local de trabalho onde todos ao meu redor vivem completamente na carne? Como posso até mesmo viver no mais alto plano em minha igreja quando ela é mundana e modernista, e não sou alimentado ou ensinado?
Bem, você não pode viver essa vida, mas Cristo pode. Cristo em nós pode vive-la em todo e qualquer lugar. Ele a viveu na terra em um lar onde era incompreendido e caluniado, no meio de pessoas que o ridicularizavam, zombavam dEle, se opunham a Ele e finalmente o crucificaram. Todo o objetivo dessa mensagem hoje é para mostrar que não temos que viver essa vida, mas que Cristo deseja e é capaz de vive-la em nós.
Essa é a verdade que Cristo em princípio ensinou na sua última conversa com seus discípulos. Ele disse-lhes que partiria para longe deles e eles queriam saber como poderiam viver sem Ele. porém ele assegurou-lhes que estaria com eles em uma presença espiritual muito mais vital e real do que o relacionamento que formalmente tiveram com ele. A vida da videira se tornaria a vida das varas.
“Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.”( Jô 15:5).
Depois que ensinou, orou sobre isso. Foi o encargo da sua oração de Sumo Sacerdote.
“Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o farei conhecer, a fim de que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles esteja.” ( Jô 17:26).
Você já refletiu sobre essas duas palavras desta oração? “ Eu neles”, estas simples, mas significativas palavras exalam o mais profundo desejo do coração de Cristo em relação aos seus. É seu ardente desejo de ser um com o Cristão.
Paulo se prendeu a essa gloriosa verdade e ela se prendeu a ele. Ela esta entretecida na urdidura e trama da sua experiência pessoal. Não havia nada além disso para Paulo. Para ele isso era vida no plano mais alto.
“ Cristo em vós” era o centro de suas mensagens às igrejas. Ela ressoava com toda clareza em todo ensino e pregação de Paulo.
“aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória;”(Cl 1:27).
“ Cristo em nós” era o sentimento de todo serviço missionário de Paulo. Ele tinha um único alvo e meta em toda forma de trabalho executado, que cristo pudesse ser formado em cada convertido. “meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós” ( Gl 4:19).
Cristo é o centro do cristão; Cristo é a periferia do cristão; Cristo é tudo no meio. Como Paulo colocou “ Cristo é tudo em todos”. Cristo é a vida da nossa vida.
“Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória.” (Cl 3:4)
Ele é isto para você? A história espiritual da cada cristão poderia ser escrita em duas fases: “ Tu em Mim” e “ Eu em Ti”. Na consideração de Deus, Cristo e o cristão se tornam um de tal maneira que Cristo está tanto no céu como na terra e o cristão está tanto na terra como no céu. O Cristo no céu é a parte invisível do cristão. O cristão na terra é a parte visível de Cristo. Esse é um pensamento chocante. Sua plena significação é que você e eu devemos trazer Cristo do céu para a Terra para que os homens possam ver quem Ele é e o que ele pode fazer em uma vida humana. É ter a vida de Cristo vivida em nós em tal plenitude que o vendo em nós os homens sejam atraídos a Ele em fé e amor.

(Do Livro “ Rios de Águas Vivas” [ Rivers of Living Water])

Irmãos em Cristo Jesus.

Irmãos em Cristo Jesus.
Mt 5:14 "Vós sois a luz do mundo"