sábado, 12 de janeiro de 2008

A História Do Sacerdócio


Leitura da Bíblia: Ap 20:6; Hb 7:3


Há na Bíblia um oficio chamado o oficio sacerdotal. Este ofício denota um grupo de pessoas que foram separadas do mundo e são devotadas unicamente para ministrar a Deus. Elas não têm outra profissão ou vocação além de servir a Deus. Tais pessoas são conhecidas na Bíblia como sacerdotes.
Deus tem tido Seus sacerdotes desde a época de Gênesis. O primeiro sacerdote foi Melquisedeque, sacerdote do Deus altíssimo, que dispensou pão e vinho para Abraão. Ele foi um sacerdote que separou a si mesmo para o serviço de Deus.
De gênesis à Ascensão do Senhor. Desde o tempo de Gênesis até a nação de Israel, houve sacerdotes. Desde a época em que o Senhor Jesus veio à terra ate Sua partida do mundo, o ofício sacerdotal perdurou. A Bíblia também nos diz que após sua ascensão, o Senhor Jesus ministra como um sacerdote diante de Deus. Em outras palavras, o Senhor Jesus devotou-se inteiramente para servir a Deus.
Na Era da Igreja e o Milênio. Na era da igreja, o ministério sacerdotal continua. No começo do milênio, aqueles que participarem da primeira ressurreição serão “sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos”, (Ap 20: 6) Em outras palavras, durante esses mil anos, os filhos de Deus continuam a servir como “sacerdotes de Deus e de Cristo”. Para o mundo eles são reis, enquanto para Deus são sacerdotes. O ministério sacerdotal não é alterado; eles servem a Deus.
Até a Época do novo Céu e nova Terra. O termo “sacerdote” deixa de existir quando o novo céu e a nova terra são introduzidos. Nesta época, todos os filhos de Deus e Seus servos nada mais fazem além de servir a Deus. Na nova Jerusalém, todos os Seus servos O servem, e os filhos de Deus também O servem.
Assim, aqui percebemos uma coisa maravilhosa, isto é, o oficio sacerdotal começou com Melquisedeque que não tinha genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de existência, mas feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote perpetuamente (Hb7:3).
Desde o primeiro livro da Bíblia, parece que apenas Melquisedeque é um sacerdote. Mas o propósito de Deus não é ter somente uma ou duas pessoas como sacerdotes. Seu alvo é que todo seu povo se torne sacerdote.

Um Reino de Sacerdotes
Deus escolheu os Israelitas. Quando os israelitas saíram do Egito e chegaram ao monte Sinai, Deus falou a Moisés que dissesse ao povo: “Vós me sereis reino e sacerdotes enação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel”. Deus disse aos israelitas que eles eram um reino de sacerdotes. Esta é uma afirmação que parece difícil de entender. Por que Deus disse isso? O significado disso é que toda a nação deveria ser sacerdote. Em outras palavras, não havia pessoas comuns naquela nação, mas todas eram sacerdotes. Posso dizer-lhes que este é o propósito de Deus.
O Objetivo de Edificar um Reino de Sacerdotes. Quando Deus escolheu o povo de Israel para ser Seu povo, Ele tinha apenas um objetivo para com eles, isto é, este Reino devia ser diferente dos reinos da terra; este reino devia ser um reino de sacerdotes. Cada um neste reino devia ser um sacerdote. Cada um tinha a única vocação de servir a Deus. Deus gosta de escolher pessoas na terra para servi-Lo; Deus gosta de ter um povo na terra que viva exclusivamente a Seu serviço. Deus deseja que todos os Seus filhos seja sacerdote e O sirvam.
Quando o povo de Israel chegou ao Sinai, Deus lhes disse que iria estabelecê-los reino de sacerdotes. Isso é algo deveras excelente. A Inglaterra é bem conhecida como uma nação naval, os Estados Unidos como uma poderosa nação financeira, a China por ter uma civilização antiga e a Índia por sua filosofia. Aqui está um reino conhecido como um reino de sacerdotes. Neste reino todos os homens e mulheres servem no sacerdócio. Jovens e velhos igualmente são sacerdotes. Qualquer profissão em que estejamos engajados, deve contribuir para o serviço a Deus.
Deus Deu ao Povo de Israel Dez Mandamentos. Depois de dizer ao povo que Ele os estabeleceria como um reino de sacerdotes, Deus então disse a Moises que fosse até Ele no monte. Lá, Ele escreveria os Dez Mandamentos nas duas tábuas de pedra, para serem dados ao povo de Israel. Moisés esteve no monte por quarenta dias, e Deus escreveu nas tábuas de pedra Seus Dez Mandamentos.
O Povo de Israel Fez um Bezerro de Ouro. Enquanto Moisés estava no monte, o povo estava ao pé do monte. Vendo que ele demorava e não sabendo o que lhe acontecera o povo disse a Arão: “Levanta-te, faze-nos deuses que vão adiante de nós” (Ex 32:1). Arão ouviu as suas palavras e recolheu muito ouro com o qual fez um bezerro de ouro e disseram: “São estes, ò Israel, os teus deuses que te tiraram da terra do Egito”.
Então adoraram o ídolo; o povo assentou-se para comer e beber, e levantou-se para divertir-se. Eles se alegraram grandemente. Naquele dia puderam ver com seus próprios olhos um deus feito de ouro fundido. O Deus no qual Moisés os tinha levado a crer era inconveniente, pois Ele não podia ser visto nem achado facilmente. Até Moisés havia desaparecido. Ficaram felizes com o bezerro de ouro que adoraram. Agora, embora Deus os tivesse ordenado como Seus sacerdotes, antes de assumirem o sacerdócio de Deus, eles primeiro serviram como sacerdotes do bezerro de ouro. Deus desejava que eles fossem um reino de sacerdotes; mas antes de servirem a Deus, eles primeiro serviram o ídolo, o bezerro de ouro. Eles tinham deuses além de Deus e também os adoravam.
O conceito humano sobre Deus é tal que sempre se quer criar um deus próprio e adorá-lo a seu próprio modo. O homem gosta de adorar um deus feito por suas próprias mãos; ele reluta para aceitar a autoridade de Deus na criação. O homem não está feliz com sua posição de criatura de Deus.

A Tribo De Sacerdotes
Enquanto Moisés ainda estava no monte, Deus lhe disse para descer. Moisés voltando-se desceu do monte com as tábuas do testemunho na mão, nas quais estavam escritos os Dez Mandamentos. Quando ele se aproximou do acampamento e viu a situação ali, sua ira acendeu-se e ele espedaçou as tábuas de pedra. Então Moisés pôs-se em pé à entrada do arraial e disse: “Quem é do Senhor, venha até mim”. Então todos os filhos de Levi se juntaram a ele. Ele lhes disse: “Cada um cinja a espada sobre o lado, passai e tornai a passar pelo arraial de porta em porta, e mate cada um a seu irmão, cada um a seu amigo, e cada um a seu vizinho”. Não importa quem seja, apenas o mate. Isso porque eles adoraram os ídolos e o bezerro de ouro. Não importa qual seja seu relacionamento individual com a pessoa, você deve matá-la.
O Preço Pago pelos Levitas. Muitas pessoas sentem que isso foi realmente cruel demais: quem poderia matar seus próprios irmãos e amigos? Dentre as doze tribos, onze não se moveram. Eles acharam o preço alto demais. Somente os levitas obedeceram. Com sua espada sobre o lado, cada um deles passou e tornou a passar de porta em porta. Cerca de três mil homens foram mortos, e eles eram parentes e amigos dos levitas.
O Oficio Sacerdotal Foi Dado aos Levitas. Desde o incidente do bezerro de ouro, somente a casa de Arão, da tribo de Levi, tinha o ofício sacerdotal; e os israelitas como um todo não podiam ser uma nação de sacerdotes.
A Distinção Entre o Povo de Deus e os Sacerdotes de Deus. Daquela época em diante, havia duas classes distintas de homens em Israel: o povo de Deus e os sacerdotes de Deus. A intenção original de Deus era que todo o povo de Deus fosse sacerdote de Deus. Ninguém poderia fazer parte do povo de Deus sem ser, ao mesmo tempo, sacerdote de Deus. Contudo, porque muitos amaram o mundo e o parentesco humano, sendo infiéis e idólatras, o oficio sacerdotal foi separado do povo comum. Se uma pessoa não ama ao Senhor mais que seu próprio pai, mãe, esposa, filhos, irmãos e irmãs, ela não é digna de ser discípulo do Senhor. Muitos não conseguiram pagar o preço. Daquele dia em diante, em Israel, os sacerdotes foram separados do povo.
O Sacerdócio Pertencia a Uma Família. A nação de sacerdotes tornou-se a tribo de sacerdotes, e então, a família de sacerdotes. Dentro da tribo de Levi, o povo de Deus também era os sacerdotes de Deus. Dentro das onze tribos, o povo de Deus não podia ser os sacerdotes de Deus. Essa é uma questão séria. È uma questão muito séria se uma pessoa pertence ao povo de Deus, contudo não está em Seu ministério sacerdotal.

A CONTINUAÇÃO DO SACERDÓCIO POR MEIO DA IGREJA
Leitura da Bíblia: 1Pe 2:5; Ap 1:6
Desde o tempo de Êxodo até o Senhor Jesus vir à terra, não houve sacerdotes de outras tribos. Além da tribo de Levi. O povo não podia fazer ofertas a Deus diretamente; eles tinham de fazê-las por meio dos sacerdotes. Não podiam confessar seus pecados diretamente diante de Deus. Não podia consagrar-se a si mesmos. Todas as coisas espirituais eram-lhes feitas pelos sacerdotes.
Havia Um Mediador Entre Deus e o Homem. Para os israelitas no velho testamento, Deus estava muito longe e não facilmente acessível. O sistema de um mediador passou a existir. Deus vinha até o homem por meio dos sacerdotes e o homem aproximava-se de Deus por meio dos sacerdotes. O relacionamento entre Deus e o homem tornou-se indireto.
Por cerca de 1500 anos, desde o tempo de Moisés até a vinda do Senhor Jesus, o povo de Deus não podia aproximar-se de Deus diretamente. Somente uma família servia com sacerdote, e apenas por meio deles o povo podia aproximar-se de Deus. Qualquer outro que se aproximasse de Deus diretamente, certamente morreria. Durante este período, o oficio sacerdotal era muito importante. Sem sacerdotes, o homem não podia aproximar-se de Deus. Contudo, sob a Nova Aliança o homem foi redimido, e o homem pôde ser salvo e tornar-se sacerdote de Deus. “Também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espirituais para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo” (1Pe 2:5).
Todos os Que Sob a Graça São Sacerdotes. Pedro nos disse que o fundamento da igreja é Cristo. Ele foi a pedra rejeitada pelos construtores, embora tenha-se tornado a pedra angular. Todos nós somos pedras vivas, sendo edificados uma casa espiritual. Tornando-nos os sacerdotes santos de Deus. A voz celestial nos disse que todos os que foram salvos pela graça são sacerdotes de Deus. Vemos aqui que Deus fez uma promessa que foi posta de lado por 1500 anos e que agora foi apanhada. O que os israelitas perderam, a igreja ganhou. O sacerdócio perdido pelos israelitas agora foi dado a todos aqueles salvos pela graça.
A Igreja é Também o Reino de Sacerdotes. Apocalipse 1:6 diz: “E os constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai”. O que os israelitas perderam por causa do bezerro de ouro, a igreja recuperou por intermédio do Senhor Jesus. Agora a igreja toda é de sacerdotes. O reino de sacerdotes ordenado por Deus foi restaurado.
Deus obtém na igreja o que Ele não pôde obter do povo de Israel. Qual o significado de a igreja ter-se tornado o reino de sacerdotes? Significa que todos os que foram salvos pela graça de Deus têm uma única profissão, isto é, servir a Deus. Antes de uma pessoa crês em Deus, ela pode ser um médico, uma enfermeira, um professor ou um negociante. Após ser salva, tal pessoa tem apenas uma vocação principal, a de servir a Deus, embora ela possa continuar exercendo sua profissão. Antigamente, alguém desejava ser reconhecido em sua carreira, ser uma pessoa ilustre em sua profissão. Agora, tas ambições desvaneceram-se e a única vocação admitida é servir ao Senhor. Todas as outras atividades devem sujeitar-se a esse fim.

O MINISTÉRIO DO SACERDÓCIO
Leitura da Bíblia: 1Pe2:5; Ap 20:6; Hb7:3
Logo após a minha conversão, achava que pedir para um novo convertido servir a Deus, requeria um grande esforço, com se eu estivesse suplicando-lhe em nome de Deus. Isso é muito diferente do ponto de vista de Deus. A atitude de Deus não é pedir ao homem para fazer-lhe algum favor. Servir a Deus é a gloria do homem. Qualquer um que não fosse um sacerdote morreria se violasse o santuário ou a arca da aliança. Os néscios podem pensar que estão fazendo um favor a Deus servindo-O. Pensam que, por renunciar a uma parte do seu tempo, dinheiro, posição ou qualquer outra coisa, estão honrando a Deus. Isso apenas mostra quão ignorantes são. Na verdade, servir a Deus é honra e gloria para o homem. O fato de Deus permitir ao homem servi-Lo é glória par o homem. Isso é graça de fato. Indigno como sou, posso servir a Deus. Que boas novas! Que evangelho glorioso!
Na igreja hoje não existe mais o sacerdócio restrito, mas o serviço sacerdotal em geral. Israel falhou uma vez quando separou os sacerdotes do povo de Deus. Não devemos repetir esta separação hoje. Todo filho de Deus é um sacerdote, oferecendo ofertas espirituais e louvores diante de Deus. Quando você vir uma classe intermediária na igreja, essa é seita dos nicolaítas.
A Classe Intermediaria Deve Ser Abolida. Para abolir a classe intermediaria, devemos todos servir a Deus, diretamente, como Seus sacerdotes. Se todo o povo de Deus O servisse como sacerdotes, então haveria somente Deus e seu povo, que também seriam Seus sacerdotes. A idéia de uma classe intermediaria vem da carne, da idolatria e do amor a este mundo. Se todos nós, um a um servirmos a Deus diretamente como Seus sacerdotes, não mais haverá uma classe intermediaria.
Ser Um Cristão Significa Seu Um Sacerdote. Assim, você pode observar que por meio do fracasso e da vontade própria, surge uma classe intermediaria. Um grupo de pessoas servirá a Deus; eles cuidarão das coisas espirituais. Outro grupo de pessoas apenas se importará com as coisas do mundo; eles trabalham como negociantes, professores, médicos ou em outras profissões. Parece que servir a Deus não é da sua conta. Se uma pessoa é um cristão, ela também deve servir a Deus como um sacerdote.

A RESTAURAÇÃO DO SACERDÓCIO
Desde a época que o Senhor Jesus deixou o mundo, a época após a qual o livro de Apocalipse foi escrito, e até agora, todos os filhos de Deus são Seus sacerdotes. Isso apresentou pouca dificuldade, de um modo geral, durante os primeiros três séculos da era cristã.
A História do Fracasso da Igreja. Como a aceitação do cristianismo por Roma, muitos leigos entraram na igreja. O fato de alguém tornar-se um cristão, fazia com que este tal contasse com o favor do imperador romano. O mandamento original era dar a César o que era de César e a Deus, o que era de Deus. Agora, as coisas de César e Deus, todas pertencem a Deus. Foi, realmente, uma grande vitória do cristianismo Constantino tornar-se um cristão. Daquela época em diante, contudo, a igreja se degradou. Durante a época da perseguição romana, morreram milhares de mártires. Naquela época era difícil procurar ser cristão. Porem, mais tarde, ser cristão tornou-se algo comum e muitos entraram na igreja. O número do povo de Deus aumentou, mas o número dos que serviam a Deus não aumentou. É possível misturar-se na multidão como cristão, mas não é possível misturar-se nela como sacerdote.
A Separação Entre Homens do Espírito e Homens do Mundo. Houve uma grande mudança no século quarto. As pessoas que entraram na igreja eram crentes parciais com poderes no mundo. Elas não tinham intenção de servir a Deus. Em resposta a esta mudança surgiram aqueles que manejaram o serviço espiritual. Assim, muitos na igreja disseram: “Nós cuidadas do que é próprio do mundo. Por favor, vocês cuidem do serviço espiritual”. Portanto, muitos não participaram do serviço a Deus.
Algumas Pessoas do Povo de Deus Não Servem como Sacerdotes. No século primeiro, no tempo dos apóstolos, cada crente servia a Deus. Então no século quarto, alguém disse : “Nós somos o povo de Deus, mas continuaremos no mundo. Apenas contribuiremos com algum dinheiro. Que os outros que são espirituais cuidem do serviço espiritual”. A igreja tonou-se como Israel após a adoração do bezerro de ouro; a maioria do povo não mais servia como sacerdotes.
Hoje Devemos Andar No Caminho da Restauração. Desejo que todos os irmãos e irmãs possam ver isto. É a vontade de Deus, nestes últimos tempos, restaurar Suas coisas. Ele quer restaurar a posição do Seu povo, então somos Seus sacerdotes. Há sacerdotes hoje, e em Seu reino continuará a haver sacerdotes. Todo o povo de Deus será Seus sacerdotes.

O SERVIÇO DO SACERDOTE
Quero que todos os irmãos e irmãs valorizem o fato de que como cristãos, todos são sacerdotes. Não esperem que outros sejam seus sacerdote. Não há classe intermediária em nosso meio; você deve servir a Deus diretamente.
A Igreja Deve Ter o Serviço de Todos. Se Deus for gracioso conosco, todos os irmãos trabalharão juntos servindo a Deus. Quanto mais irmãos houver servindo a Deus, mais forte será o testemunho da igreja. Sem tal serviço, nos falhamos.
È Algo Glorioso Servir a Deus. É gloria para nós quando Deus nos aceita para servi-Lo, vendo quão fracos e pobres somos. Na época do Velho Testamento, todos aqueles que eram aleijados ou que de alguma forma sofriam de enfermidades não podiam servir a Deus. Contudo, agora, vis como somos, Deus tem-nos chamado para servi-Lo. Até mesmo de joelhos, elevemos nosso modo de servir a Deus. Na verdade, ser sacerdote de Deus significa estar perto Dele, tendo acesso direto a Ele, sem passar por qualquer intermediário.
O Reino de Deus Virá Se Todos Nós O Servirmos. Se um dia, em todas as igrejas locais, todos os irmãos e irmãs servirem a Deus, teremos em nosso meio o reino de Deus, o reino de sacerdotes. Isso é realmente algo muito glorioso! Que esse pensamento possa levar-nos a sacrificar tudo e ser fieis a Deus.
A Base do Sacerdócio é a Aceitação de Deus. A base do sacerdócio no Velho Testamento é que Deus ordenou que os sacerdotes se aproximassem sem ter medo da morte. Isso é uma grande coisa. Os Paes da proposição somente podiam ser partilhados pelos sacerdotes. Somente os sacerdotes podiam entrar no santuário e fazer as ofertas.Qualquer outro que entrasse morreria. Portanto, a aceitação de Deus é à base do sacerdócio. Hoje Deus nos diz: “Venham!” Não deveríamos aproximar-nos Dele?
É Misericórdia de Deus Aceitar Nosso Serviço. Devemos perceber que é misericórdia de Deus podermos aproximar-nos Dele e servi-lo. Ser salvo pela graça e receber perdão é, na verdade, maravilhoso, mas ser aceito para servir a Deus é ainda mais. Na igreja hoje, todo aquele que foi salvo pode servir a Deus.
O Principio da Não Aceitação de Qualquer Intermediário. No cristianismo hoje, onde se aceita haver uma classe intermediária, os sacerdotes de Deus são separados do povo de Deus. É minha fervorosa esperança que entre nós, na igreja, não haja tais intermediários. Que o Senhor possa salvar-nos e preservar-nos do fracasso dos israelitas!

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

O Pecado, os Pecados e o Pecador-Watchman Nee


O Pecado, os Pecados e o Pecador
(Extraído do Livro o Evangelho de Deus)

O Caráter desta Reunião — o Ensino do Evangelho
Hoje iniciamos uma série de reuniões de estudos bíblicos. Porém, antes de
iniciarmos, gostaria primeiramente de dizer algumas palavras acerca da natureza destas
reuniões. Não sei se há alguns aqui que estão conosco pela primeira vez. Alguns que vêm
pela primeira vez acham muito difícil localizar nosso endereço. Muitos se queixam de que a
rua onde nos encontramos é de difícil localização. Alguns até mesmo disseram que, apesar
de estarem de fato sentados aqui, não sabiam como sair daqui após a reunião. Eles não
sabiam que caminho tomar para chegar àquela loja de automóveis que viram enquanto
vinham para cá, e não sabem como caminhar de lá para a parada de bonde ou para a
parada de ônibus. Muito embora estivessem aqui, não estavam seguros e dificilmente
poderiam lembrar-se do caminho pelo qual vieram. Esse é o caso de muitos cristãos em sua
vida cristã. Se você lhes perguntar se crêem no Senhor, eles dirão que sim. Porém, se lhes
perguntar como foi que creram, eles dirão que não têm certeza. Eles não têm clareza
alguma acerca da maneira pela qual foram salvos.
As reuniões que teremos agora não são um reavivamento nem reuniões de
evangelização. E, embora o assunto dessas reuniões seja o evangelho, elas não são
reuniões de evangelização. Não estaremos pregando o evangelho desta vez; em vez disso,
estaremos ensinando o evangelho. Por que precisamos ensinar o evangelho? Muitos foram
salvos e se tornaram cristãos, mas ainda não sabem como se tornaram cristãos. O que
vamos fazer hoje é dizer às pessoas como é que elas se tornaram cristãs. Em outras
palavras, estamos dizendo-lhes que elas tomaram o sentido sul a partir da Rua Aiwenyi e
caminharam diretamente para aquela loja de automóveis que viram, que dali viraram para
Wende Lane onde estamos agora, deram alguns passos em direção à janela do nosso salão
de reuniões, viraram na entrada do nosso salão e caminharam até um cesto de lixo à porta
do salão de reuniões e, em seguida, entraram no salão. Desta vez não estaremos
persuadindo as pessoas a entrar; pelo contrário, estaremos dizendo-lhes como entraram.
Se aqui houver alguns que não creram no Senhor, podem ficar desapontados. O que
vamos fazer desta vez é mostrar aos que creram como é que creram. Alguns irmãos e irmãs
podem ter muita clareza do evangelho; talvez até já saibam sobre o que estamos falando.
Porém espero que o Senhor nos abençoe e nos conceda nova luz. Você precisa saber que
estas reuniões são de estudo bíblico e destinam-se aos que creram, mas não sabem como
creram. Dessa vez não estou tentando encorajá-lo ou reavivá-lo. Estou simplesmente lhe
mostrando a direção. Em outras palavras, nessas reuniões nada mais sou do que um guia
turístico.
O Pecado, Os Pecados, O Pecador
Começarei com um princípio muito básico com respeito ao evangelho. Contudo,
espero que a cada reunião avancemos um pouco. Nesta primeira reunião, nosso tema é um
assunto que a maioria das pessoas não gosta de ouvir, mas é inevitável. Nosso assunto
nesta reunião é o pecado, os pecados e os pecadores.
A Bíblia dá muita atenção à questão do pecado. Somente quando tivermos clareza
acerca do pecado é que poderemos compreender a salvação. Se quisermos conhecer sobre
o evangelho de Deus e sobre a salvação de Deus, primeiro precisamos saber o que é o
pecado. Devemos ver inicialmente como o pecado nos afetou e como nos tornamos
pecadores. Só então teremos clareza da salvação de Deus. Vamos primeiro considerar o
ABC. Precisamos ver o que é pecado, o que são pecados e quem é pecador.
A Diferança entre Pecado e Pecados
Podemos facilmente dizer que a diferença entre pecado e pecados é que pecado é
singular e pecados é plural. Entretanto, precisamos distinguir claramente entre pecado e
pecados. Se você não consegue diferenciar os dois, será impossível ter clareza da sua
salvação. Se uma pessoa não tem clareza da diferença entre pecado e pecados, mesmo
que seja salva, sua salvação provavelmente é uma salvação obscura. Que é pecado de
acordo com a Bíblia? E que são pecados? Permitam-me dar uma breve definição primeiro.
Pecado refere-se àquele poder dentro de nós que nos motiva a cometer atos pecaminosos.
Pecados, por outro lado, refere-se aos atos pecaminosos individuais, específicos, que
cometemos exteriormente.
Que é pecado? Não gosto de utilizar termos tais como “pecado original”, “a raiz do
pecado”, “a fonte do pecado” ou similares. Estes termos são criados por teólogos e são
desnecessários para nós agora. Seremos simples e consideraremos essa questão a partir
da nossa experiência. Sabemos que há algo dentro de nós que nos motiva e nos obriga a ter
certas inclinações espontâneas, que nos induz para o caminho da concupiscência e paixão.
De acordo com a Bíblia esse algo é o pecado (Rm 7:8, 16-17). Todavia, não há somente o
pecado interior que nos obriga e induz, há também os atos pecaminosos individuais, os
pecados, os quais são cometidos exteriormente. Na Bíblia, os pecados estão relacionados
com a nossa conduta, enquanto o pecado está relacionado com a nossa vida natural.
Pecados são os cometidos pelas mãos, pelos pés, pelo coração, e mesmo por todo o corpo.
Paulo refere-se a isso ao falar dos feitos do corpo (Rm 8:13). Então, que é o pecado? O
pecado é uma lei que controla nossos membros (Rm 7:23). Existe algo dentro de nós que
nos leva a pecar, a cometer o mal e esse algo é o pecado.
Se quisermos fazer uma distinção clara entre pecado e pecados, há uma parte nas
Escrituras que precisamos considerar. São os primeiros oito capítulos do livro de Romanos.
Esses oito capítulos mostram-nos o significado pleno do pecado. Nesses oito capítulos
encontramos uma característica notável: do capítulo 1 ao 5:11, somente a palavra pecados,
no plural, é mencionada; a palavra pecado, no singular, jamais é mencionada. Mas, de 5:12
até o final do capítulo oito, o que encontramos é pecado, não pecados. Do capítulo 1 até
5:11, Romanos mostra-nos que o homem tem cometido pecados diante de Deus. De 5:12
em diante, Romanos mostra-nos que tipo de pessoa o homem é diante de Deus: um
pecador. Pecado refere-se à vida que possuímos. Antes de Romanos 5:12 nenhuma
menção há de mortos sendo vivificados, pois o problema ali não é que alguém precise ser
vivificado e, sim, que os pecados individuais que alguém cometeu precisam ser perdoados.
De 5:12 em diante, temos a segunda seção. Aqui vemos algo forte e poderoso dentro de nós
como uma lei em nossos membros, que é o pecado, que nos induz e obriga a cometer os
pecados, os atos pecaminosos. Por isso há necessidade de sermos libertados.
Os pecados têm a ver com a nossa conduta, e para isso a Bíblia mostra-nos que
precisamos de perdão (Mt 26:28; At 2:38; 10:43). Porém, o pecado é o que nos incita, induznos
a cometer os atos pecaminosos. Por isso, a Bíblia mostra-nos que precisamos de
libertação (Rm 6:18, 22). Certa vez encontrei um missionário que falava sobre “o perdão do
pecado”. Imediatamente levantei-me, apertei sua mão e perguntei: “Onde na Bíblia se diz
‘perdão do pecado’?” Ele argumentou que existiam muitos casos. Quando lhe perguntei se
podia encontrar um para mim, ele disse: “Que você quer dizer? Não é possível encontrar
nem sequer um lugar que diga isso?” Eu disse-lhe que em toda a Bíblia, em nenhum lugar
são mencionadas as palavras o perdão do pecado; em vez disso, a Bíblia sempre fala de
“perdão de pecados”. Os pecados é que são perdoados, não o pecado. Ele não acreditou
em minhas palavras, então foi procurar em sua Bíblia. Finalmente me disse: “Sr. Nee, é tão
estranho. Toda vez que essa frase é usada, um pequeno s é adicionado a ela”. Creio que
você pode ver que os pecados é que são perdoados, não o pecado.
Os pecados são exteriores a nós. Eis por que precisam ser perdoados. Contudo, algo
mais está dentro de nós, algo forte e poderoso que nos leva a cometer pecados. Para isso
precisamos não de perdão, mas de libertação. Precisamos ser libertados. Tão logo não
estejamos mais sob seu poder e nada tenhamos a ver com ele, estaremos em paz. A
solução para os pecados vem do perdão. Entretanto, a solução para o pecado vem quando
não estivermos mais debaixo do seu poder e não tivermos mais nada a ver com ele. Os
pecados estão relacionados com as nossas ações e são cometidos um por um. Eis por que
precisam ser perdoados. O pecado, porém, está dentro de nós e precisamos ser libertados
dele.
Portanto, a Bíblia nunca diz “perdão do pecado”, mas “perdão dos pecados”.
Tampouco a Bíblia fala sobre ser “libertado dos pecados”. Posso assegurar-lhes que a Bíblia
nunca diz isso. Pelo contrário, a Bíblia diz que somos “libertados do pecado”, em vez de
libertados dos pecados. A única coisa da qual precisamos escapar e ser libertados é daquilo
que nos incita e nos induz a cometer pecados. Essa distinção é feita de modo bastante claro
na Bíblia. Posso comparar os dois desta forma:
De acordo com a Bíblia, o pecado está na carne; enquanto os pecados estão na
nossa conduta.
O pecado é um princípio dentro de nós; é um princípio da vida que temos. Os
pecados são atos cometidos por nós; são atos em nosso viver.
O pecado é uma lei nos membros. Os pecados são transgressões que cometemos;
são atividades e atos reais.
O pecado está relacionado com o nosso ser; os pecados estão relacionados com o
nosso agir.
Pecado é o que somos; pecados é o que fazemos.
O pecado está na esfera da nossa vida; os pecados estão na esfera da consciência.
O pecado está relacionado com o poder da vida que possuímos; os pecados estão
relacionados com o poder da consciência. Uma pessoa é governada pelo pecado em sua
vida natural, mas ela é condenada em sua consciência pelos pecados cometidos
exteriormente.
Pecado é algo considerado como um todo; pecados são coisas consideradas caso a
caso.
O pecado está no interior do homem; os pecados estão diante de Deus.
O pecado requer que sejamos libertados; os pecados requerem que sejamos
perdoados.
Pecado diz respeito à santificação; pecados se relacionam com a justificação.
Pecado é uma questão de vencer; pecados é uma questão de ter paz no coração.
O pecado está na natureza do homem; os pecados estão nos hábitos do homem.
Figurativamente falando, o pecado é como uma árvore e os pecados são como o fruto
da árvore.
Podemos tornar essa questão clara com uma simples ilustração. Ao pregar o
evangelho, freqüentemente comparamos o pecador a um devedor. Todos sabemos que ser
devedor não é algo agradável. Contudo devemos lembrar que uma coisa é alguém ter
dívidas; e outra coisa é ter disposição para contrair dívidas. Uma pessoa que toma
empréstimos seguidas vezes não se importa tanto com o fato de usar dinheiro alheio. A
Bíblia diz que os cristãos não devem ser devedores (Rm 13:8); eles não deveriam tomar
emprestado dos outros. Uma pessoa com tendência a tomar emprestado pode pedir
duzentos ou trezentos dólares de alguém hoje e, depois, dois ou três mil dólares de outro
amanhã. E mesmo que seja incapaz de pagar suas dívidas e seus parentes ou amigos
tenham de pagá-las por ele, após uns poucos dias ele começará a pensar em pedir
emprestado novamente. Isso mostra que tomar emprestado é uma coisa, mas ter tendência
para o empréstimo é outra. Os pecados descritos pela Bíblia são como débitos exteriores,
enquanto pecado é como o hábito e a disposição interiores, é como a mente que tem a
inclinação de tomar emprestado facilmente. Uma pessoa com tal mente não irá parar de
tomar emprestado simplesmente porque alguém pagou seus débitos. Pelo contrário, ela
pode até mesmo tomar emprestado ainda mais, porque os outros agora estão pagando suas
dívidas.
Essa é a razão de Deus não tratar apenas com o registro dos pecados, mas também
com a inclinação para o pecado. Podemos ver a importância de lidar com os pecados, mas é
igualmente importante lidar com o pecado. Somente ao vermos ambos os aspectos é que o
nosso entendimento sobre nossa salvação será completo.
Quem é Pecador?
Agora precisamos fazer a pergunta: Quem é pecador? Creio que alguns dos irmãos
aqui são cristãos por mais de vinte anos. Alguns até mesmo têm trabalhado pelo Senhor por
mais de quinze anos. Minha pergunta pode ser considerada como um dos ABC’s da Bíblia.
Quem é pecador? Creio que muitos responderão que pecador é alguém que peca. Se
verificar no dicionário, temo que seja esta a resposta que você obterá: pecador é o que peca.
Porém, se ler a Bíblia, terá de rejeitar esta definição, porque não é que os que pecam sejam
pecadores, mas pecadores são os que cometem pecados. Que significa isso? Muitos entre
nós leram o livro de Romanos. Ouvi muitos dizerem que Paulo, para provar que no mundo
todos são pecadores, mencionou no capítulo três que todos pecaram e carecem da glória de
Deus (v. 23). Deus busca justos e não encontra nenhum; Ele procura os que O entendam e
que O buscam, e não encontra nenhum; todos mentiram e se extraviaram (vs. 10-13).
Portanto, parece que Paulo está dizendo que no mundo todos são pecadores. Mas seja
cuidadoso. Não seja rápido demais para dizer isso. Será que Romanos 3 menciona de fato o
pecador? Se alguém puder encontrar a palavra pecador em Romanos 3, eu irei agradecerlhe
por isso. Onde pecador é mencionado neste capítulo? Por favor, repare que pecador
nunca é citado aqui. Alguns dizem que por Romanos 3 falar sobre o homem pecando, isso
prova que o homem é um pecador. Contudo, Romanos 3 não menciona o pecador. É
Romanos 5 que fala sobre o pecador. Portanto, precisamos fazer a distinção: Romanos 3
fala sobre o problema dos pecados e Romanos 5 fala sobre o problema do pecador. Tudo o
que Romanos 3 nos diz é que todos pecaram. Somente em Romanos 5 é-nos dito quem são
os pecadores.
Todos que nasceram em Adão são pecadores. Isso é o que Romanos 5:19 nos diz.
Se ler a J. N. Darby’s New Translation (Nova Tradução da Bíblia de J. N. Darby), você verá
que ele usou as palavras tendo sido constituídos pecadores. Todos somos pecadores por
constituição. Ao escrever um currículo, há dois itens que você deve colocar. Um é o seu
local de nascimento e outro é a sua profissão. De acordo com Deus, somos pecadores por
nascimento, e por profissão somos os que pecam. Por sermos pecadores por nascimento,
seremos sempre pecadores, quer pequemos ou não.
Certa vez eu estava conduzindo um estudo bíblico com os irmãos em Cantão. Disselhes
que existem dois tipos de pecadores no mundo — os pecadores que pecam e os
pecadores morais. Entretanto, quer seja um ou outro, você ainda é um pecador. Deus diz
que todos os que nasceram em Adão são pecadores. Não importa que tipo de pessoa você
seja; uma vez que foi gerado em Adão, é um pecador. Se você peca, é um pecador que
peca. E se você não pecou ou para ser mais preciso, se você pecou menos, é um pecador
moral ou um pecador que peca pouco. Se é uma pessoa nobre, você é um pecador nobre.
Se se considera santo, você é um pecador santo. Em qualquer caso, ainda é um pecador.
Hoje, o maior engano entre os homens é considerar um homem como pecador somente
porque ele pecou; se não pecou, ele não é considerado um pecador. Porém, não existe tal
coisa. Pecando ou não, desde que seja homem, você é pecador. Desde que tenha nascido
em Adão, você é pecador. Um homem não se torna pecador porque peca; pelo contrário, ele
peca porque é pecador.
Portanto, meus amigos, lembrem-se da Palavra de Deus. Somos pecadores; não nos
tornamos pecadores. Não precisamos nos tornar pecadores. Certa vez eu falava com um
irmão. Havia uma garrafa térmica em frente a ele, e ele disse: “Aqui está uma garrafa
térmica. Se ela orar: ‘Eu quero ser uma garrafa térmica’, que acontecerá?” Eu disse: “Ela já é
uma. Não precisa ser uma”. O mesmo ocorre conosco, uma vez que sejamos algo, não há
necessidade de nos tornarmos este algo.
Embora nossos pecados sejam perdoados, permanecemos pecadores. Podemos até
chamar-nos de pecadores perdoados. Mas muitos acreditam que não mais são pecadores.
Acham que se afirmarmos que somos pecadores, isso significa que não conhecemos o
evangelho tão bem. Isso pode não ser toda a verdade. Paulo não disse que seus pecados
não foram perdoados. Mas ele disse que era um pecador (1 Tm 1:15). Você viu a diferença
aqui? Se perguntasse a Paulo se os pecados dele foram perdoados, ele não poderia ser tão
humilde a ponto de dizer não. Mas Paulo poderia humildemente dizer que é um pecador. Ele
não poderia negar a obra de Deus nele. Contudo, ele tampouco poderia negar sua posição
em Adão. Embora tenhamos recebido a graça em Cristo, Deus não removeu completamente
o problema do pecado; nós ainda somos pecadores. O problema do pecado não será
plenamente solucionado até que o novo céu e a nova terra apareçam. Entretanto, isso não
significa que não tenhamos recebido uma salvação completa. Não me entendam mal. Em
poucos dias trataremos desse ponto.
O que devemos ver clara e corretamente é que toda pessoa no mundo é um pecador.
Quer tenha pecado ou não, uma vez que seja um ser humano, você é um pecador. Quando
alguns ouvem o evangelho, gastam o tempo todo pensando em quantos ou quão poucos
pecados têm cometido. Mas diante de Deus há somente uma questão: Você está em Cristo
ou em Adão? Todos os que estão em Adão são pecadores, e desde que seja um pecador,
nada mais precisa ser dito.
Por que, então, Paulo teve de dizer-nos em Romanos 1, 2 e 3 sobre todos os pecados
que o homem comete? Estes poucos capítulos mostram-nos que pecadores pecam. Os
primeiros três capítulos de Romanos provam que um pecador é conhecido pelos pecados
que comete. Romanos 5, porém, diz-nos que tipo de pessoa um pecador na verdade é. Uma
vez fui a Jian, em Kiangsi, e uma noite encontrei um irmão que é guarda de segurança. Ele
não acreditou que eu fosse um pregador e um obreiro do Senhor. Ali estava um problema.
Sou um obreiro do Senhor e um servo de Cristo, mas ele não acreditava. Portanto, eu tinha
de provar a ele quem eu era. Dei-lhe muitas provas. Por fim ele acreditou. Da mesma
maneira, nós já somos pecadores. Mas não nos foi provado. Os três primeiros capítulos de
Romanos provam que somos pecadores. Eles nos dão as evidências. Mostrando-nos que
pecamos de tais maneiras, esses capítulos provam-nos que somos pecadores. O capítulo
cinco diz que somos pecadores, mas os três primeiros capítulos provam que somos
pecadores.
Deixe-me relatar outra história. Em Fukien, havia alguns ladrões e seqüestradores
que haviam sido cristãos, ainda que fosse somente de nome. Embora fossem ladrões e
seqüestradores, a consciência deles ainda estava de certa forma um tanto sensível; quando
percebiam que haviam seqüestrado um pastor ou um pregador eles o libertavam sem
resgate. Pouco a pouco, quando alguém era seqüestrado dizia que era pregador ou pastor
desta ou daquela denominação. Que fizeram os ladrões? Após algum tempo, eles
descobriram uma maneira. Toda vez que alguém se dizia ser um pastor, os ladrões pediamlhe
que recitasse os dez mandamentos, a oração do Senhor, e as bem-aventuranças. Os
que conseguissem recitar deviam ser pastores e, assim, deixavam-nos ir. Ouvi essa história
recentemente e achei-a muito interessante. Se você fosse um pastor, tinha de provar. Os
ladrões exigiam que aquelas pessoas lhes provassem que eram pastores. Da mesma forma,
Deus quer provar-nos que somos pecadores. Sem nos provar isso, podemos esquecer quem
somos nós. Esse é o motivo de Romanos 1—3 enumerar todos aqueles pecados. É para nos
mostrar que somos pecadores. Após tantos fatos apresentados ali, foi-nos provado que
somos pecadores.
Portanto, nunca se deve pensar que são os muitos pecados que nos fazem
pecadores. Já faz muito tempo que somos pecadores. Não nos tornamos pecadores após
estes pecados serem cometidos. Precisamos estabelecer este fundamento claramente. Hoje
você pode sair à rua, encontrar qualquer um, tomá-lo pela mão e dizer-lhe que é pecador. Se
ele disser que não pode ser um pecador porque não assassinou ninguém ou não ateou fogo
na casa de ninguém, você pode dizer-lhe que ele é um pecador que nunca matou ninguém
nem ateou fogo na casa de ninguém. Se alguém lhe diz que nunca roubou nem cometeu
fornicação, você pode dizer-lhe que ele é um pecador que nunca roubou nem cometeu
fornicação. Não importa quem encontre, você pode dizer que ele é um pecador.
Em todo o Novo Testamento, somente Romanos 5:19 nos diz quem é pecador. Todos
os outros lugares no Novo Testamento nos dizem o que o pecador faz. Somente este único
lugar nos diz quem o pecador é. Um pecador pode fazer um milhão de coisas, mas não são
essas coisas que o constituem pecador. Uma vez que seja nascido em Adão, ele é pecador.

Irmãos em Cristo Jesus.

Irmãos em Cristo Jesus.
Mt 5:14 "Vós sois a luz do mundo"