sexta-feira, 7 de março de 2008

A ESPERANÇA DA GLÓRIA Por David w Dyer

A ESPERANÇA DA GLÓRIA

Qual é a sua esperança? Como crentes, o que é que estamos esperando e desejando? Para um cristão, a esperança faz grande parte de sua experiência. Junto com a fé e o amor, é uma das três coisas que permanecerão (1a. Cor 13:13). Mas o que é ela? No que consiste? Estas são as coisas que estaremos discutindo neste capítulo. Paulo ora para que “os olhos do nosso coração sejam iluminados” para que “saibamos qual é a esperança do seu chamamento, qual é a riqueza da glória da sua herança nos santos”(Ef 1:18). Isto é verdadeiramente o que necessitamos. Todos nós necessitamos de uma ulterior revelação sobrenatural referente às coisas maravilhosas de Deus. Precisamos que nossos olhos espirituais sejam “abertos” para que possamos ver. Precisamos olhar profundamente dentro de Seu maravilhoso plano. Então, com esta visão ardendo em nós, entregarmo-nos completamente a Ele para que seus propósitos possam ser cumpridos em nós.
Entretanto, antes que possamos realmente saber o que é a nossa esperança, pode nos ser necessário abandonar algumas coisas que podem substituir aquilo que é genuíno. Precisamos libertar nossas mentes de qualquer mito, verdades parciais ou mentiras completas que nos dão um conceito humano, mas não revelação espiritual. Qualquer “compreensão” que não seja verdadeira irá bloquear nossa capacidade de receber aquilo que é verdadeiro. Qualquer conceito que não flua do trono de Deus, mas sim da mente dos homens, certamente nos impedirá de ver Sua verdade. Quando pensamos que já sabemos tudo, nossas mentes se tornam “cheias” e satisfeitas, tornando difícil para nós recebermos qualquer coisa a mais. Esta posição cega e fechada é especialmente lamentável se o que pensamos ser luz se revela ser apenas trevas. Portanto, é imperativo gastar um tempo aqui nesta mensagem, não apenas para declarar o que é verdadeiro, mas também examinando algumas idéias falsas, muito comuns, que tomam o lugar da revelação divina na mente de alguns crentes. Deus tenha misericórdia de nós para revelar Sua própria verdade enquanto estamos olhando juntos para estas coisas.
Conforme afirmamos muitas vezes neste livro, nosso Deus, gratuitamente ofereceu a todo aquele que quiser, a oportunidade de receber Sua própria Vida Eterna. Uma vez que possuímos esta vida, estamos aptos a crescer espiritualmente até chegar ao que Ele é, tornando-nos filhos maduros. Então, sendo assim transformados, somos preparados para entrar em uma união de sagrado matrimônio com nosso Criador. Portanto, a verdadeira mensagem do Evangelho é uma mensagem a respeito do nosso destino. É sobre quem ou o quê podemos nos tornar. É sobre uma mudança de vida radical, de algo terreno para algo sobrenatural e glorioso.
Todavia, de alguma forma, sutilmente, estas boas novas foram alteradas. A mensagem que ouvimos tão freqüentemente hoje não é mais sobre o nosso destino, mas sobre uma destinação. O foco de nossa atenção foi desviado do que podemos “nos tornar” para “ir a algum lugar e conseguir algo ou algumas coisas”. Em vez de pregar sobre o que seremos quando morrermos, muitos focalizam “para onde iremos”ou “o quê vamos obter.” Para muitos cristãos hoje, sua esperança está num lugar chamado “céu”. Isto quer dizer que eles estão olhando para uma destinação, um endereço onde viverão para sempre. Este lugar talvez esteja em suas mentes como um tipo de “Disney World” celestial, que oferece muitos tipos de diversões e uma grande variedade de prazeres físicos, terrenos. Eles não apenas pensam que terão plenitude de conforto e diversão, mas também terão uma enorme mansão e um suprimento ilimitado de ouro para gastar naquilo que quiserem.
Naturalmente, Jesus estará lá, para o caso de necessitarmos Dele para alguma ajuda. Alguns imaginam que gastarão seu tempo jogando golfe. Para outros, talvez, surfar ou velejar seja a sua esperança. Muitos pensam que o seu passatempo preferido estará à sua disposição para garantir que estejam felizes e não se aborreçam. Para resumir o que muitos acreditam, o “céu” deve ser como um tipo de “terra do prazer” similar ao “paraíso” muçulmano.
O problema de tudo isto é que estas coisas não são verdadeiras. Esta é apenas uma idéia imaginária, construída a partir de uns poucos versículos bíblicos erroneamente interpretados. É um conceito humano, terreno, sobre a eternidade, que não é a mensagem de Jesus Cristo. Já que não é verdadeiro, não tem poder espiritual. Não tem autoridade para impactar nossas vidas de um modo real. Não tem influência para ligar os corações dos homens àquilo que eles esperam. Portanto, não pode servir como âncora da alma “que penetra além do véu” (Heb 6:19), o que poderemos ver através dos tempos de tentação e julgamento. Esta mensagem da “terra gloriosa” é simplesmente um sistema de pensamento terreno, da alma, que é impotente para impactar as vidas da raça humana. A pregação desta mensagem não pode salvar almas e “crer nela” não mudará nossas vidas ou atitudes. A razão para isto já foi afirmada: ela simplesmente não é verdadeira. Somente a verdade de Deus tem poder real.
Pense sobre isto. Tais confortos materiais, junto com riquezas físicas e prazeres, poderão ser obtidos pelas pessoas nesta Terra, hoje. Muitos neste mundo se consomem hoje por causa destas coisas. Eles querem “ir a algum novo lugar”, diferente e excitante. Querem tirar férias em um ou outro local exótico. A perseguição às “coisas” também é excessiva. Televisores novos e maiores, carros, barcos, roupas e uma variedade infinita de coisas são o motivo pelo qual muitas pessoas deste mundo anseiam e se empenham para conseguir. Veja, destinação, coisas e prazer são coisas a serem perseguidas neste mundo, não no reino de Deus. Se estas são as metas, porque não procurar por elas agora? Se estas coisas são plano de Deus para nós, então porque não procurarmos conseguê-las hoje, nesta vida, de qualquer modo e empregando todos os esforços? Deste modo, podemos ter algumas delas agora e ainda mais, no futuro. Mas os objetivos da vida espiritual são diferentes. Eles não têm nada a ver com o “lugar” para onde deveríamos ir ou com o que podemos conseguir, mas têm tudo a ver com “quem” nós podemos nos tornar. Verdadeiras metas espirituais não são as mesmas deste mundo.
Eu me lembro de estar falando para um grande grupo de crentes alguns anos atrás, em um país mais pobre. Tentando esclarecer para eles a verdadeira esperança da glória – as genuínas riquezas espirituais que deveríamos estar perseguindo hoje – eu disse algo assim: “Se possuir uma casa bem grande, três carros na garagem e muito dinheiro para gastar for o céu, então os Estados Unidos são o céu”. Fiquei chocado de ver que a audiência inteira acenava com as cabeças, em concordância. Para elas, de acordo com o evangelho que haviam recebido e no qual criam, os Estados Unidos eram, se não o céu, a coisa mais próxima dele. Queridos irmãos, esta não é a verdadeira mensagem do evangelho. É apenas uma pobre idéia humana do que possa ser a eternidade. Possivelmente, afirmar que nossas recompensas não serão físicas ou sensuais pode espantar alguns de vocês. Pode ser que você tenha “acreditado” nestas coisas durante anos. Não desejo ofender você. Por favor, eu lhe peço, não feche a sua mente, mas vamos juntos nos abrir para Deus, examinar Sua Palavra sem preconceito e vamos ver qual é realmente o plano eterno de Deus.

NOSSA VERDADEIRA “MANSÃO”

Para começar, parece necessário falar sobre as mansões celestiais que muitos crentes estão esperando receber. Colocando simplesmente, não existe nenhuma mansão. Isso mesmo, no céu não haverá nenhuma mansão, do jeito que pensamos. Eu conheço, tanto quanto você, o versículo em que Jesus diz: “Na casa de Meu Pai há muitas moradas” (ou “mansãoes) (João 14:2). Mas, a idéia que muitas intendem deste versiculo é muito pobre. A Palavra “moradas” aqui que muitas pensam significa “mansões”, não é um tipo de casa física. O Apóstolo Paulo nos explica o que é realmente “habitação”. É o nosso novo corpo glorioso que iremos receber. 2a. Cor 5:1-4 diz : “Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus. E, por isso, neste tabernáculo gememos, aspirando por ser revestidos da nossa habitação celestial; Se, todavia, formos encontrados vestidos e não nus, Pois, na verdade, os que estamos neste tabernáculo gememos angustiados, não por querermos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida”. Você vê, nossa nova “casa” ou habitação será nosso novo corpo. Não tem nada a ver com um prédio ou uma casa física. Não é uma mansão. O “lugar” que Jesus está preparando para nós é nosso corpo celestial, no qual moraremos durante a eternidade. Este corpo glorificado que receberemos é a única “mansão” que iremos obter. Por favor, note que no verso 1, esta “casa” está “nos céus”, mas no verso 2 diz que, quando a recebermos, ela não está mais “no” céu, mas vem “do” céu.
Na eternidade não haverá “casas” separadas para cada um. O moderno conceito cristão de Nova Jerusalém dividida em bairros, edifícios ou apartamentos, é errôneo. Tenho ouvido crentes fazendo cálculos baseados nas medidas da cidade, para descobrir quanto “espaço” caberá a eles. A Nova Jerusalém não é um cubo que possa ser dividido em muitos compartimentos onde vamos viver. Muito embora a altura, a extensão e a largura sejam iguais, ainda assim, não é um cubo. Ao contrário, é uma montanha. Heb 12:22 diz: “Mas tendes chegado ao Monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e a incontáveis hostes de anjos, e à universal assembléia”.
Na eternidade, vivendo na nova Terra, não haverá necessidade de um tipo de casa terrestre. Não precisaremos dormir, já que não haverá nenhuma noite, nem fadiga (Ap 21:25). Portanto, quartos não serão necessários. Não precisaremos fazer comida, portanto cozinhas não serão necessárias. Não precisaremos usar o banheiro, conseqüentemente este lugar também será desnecessário. Não haverá necessidade de privacidade, já que tudo será aberto e exposto a todos.
Nova Jerusalém será inteiramente “transparente como cristal” (Ap 21:11). Não há nada escondido lá. Não haverá paredes interiores, divisórias ou cantos escuros nos quais se esconder. Também não haverá lugar para “dar uma escapadinha” e fazer algo que você não quer que os outros vejam. Não haverá desejo de ter “alguma privacidade” dos outros ou do próprio Deus. Não haverá nenhuma divisória, nada escondido ou escuro, nenhum grupo especial ou secreto. Se isto não atrai você, talvez você ainda tenha em seu coração áreas de pensamentos e desejos que não foram trazidos à luz de Deus. Talvez você tenha necessidade de mais um trabalho de limpeza do Espírito Santo para trazer tudo o que você é para esta luz. Deste modo e, apenas deste modo, você estará preparado para viver na presença de Deus pela eternidade.
Quando Nosso Senhor chegar, toda a resistência, toda a hesitação da nossa parte em termos intimidade com Ele, serão completamente expostas. Todo medo, toda rebelião em nossas almas ou a falta de amor por Ele e somente por Ele, se tornarão totalmente óbvios para nós todos. Hoje nós O vemos somente “através de um espelho, obscuramente” (1ª Cor 13:12). Então o veremos face a face. À luz pura de Sua face tudo será visto exatamente da maneira como é. Quando Ele aparecer, tudo aquilo com que nos decepcionamos conosco, esperando que Deus nós veja corretos, ainda que sentirmos que realmente não somos corretos, será visto da maneira como realmente é. Todas as desculpas que inventamos para não procurá-Lo de todo o nosso coração e fazer a vontade Dele, serão reveladas. Todos os segredos do nosso coração serão manifestos.

JESUS ESTÁ VINDO PARA SUA NOIVA.

Jesus está vindo para a Sua noiva. Está vindo para aquela com a qual vai se casar. Isto nos fala de uma grande intimidade. Cantares 1:4 diz: “O rei me trouxe para a sua câmara”. Mas que câmara é esta? É o Seu escritório? Poderia ser a sala do Seu trono? Não, é o seu quarto de dormir. Esta figura de linguagem nos fala de uma intimidade sem igual. É o uso de uma linguagem humana para descrever nossa futura união espiritual com Cristo. Lá não haverá segredos. Não haverá nada escondido ou encoberto. Você se lembra do capítulo 1 quando falamos sobre o primeiro casamento, o matrimônio de Adão e Eva? Aqui, neste capítulo profético sobre o futuro “casamento”, a Palavra de Deus diz que “estavam ambos nus e não se envergonhavam” (Gen 2:25). O que isto significa para nós? Isto se refere ao assunto que estamos abordando. Fala de estar completamente sem “cobertura”, isto é, que tudo está inteira-mente aberto, exposto, à luz do dia. Ainda que neste estado de “nudez”, eles não estavam envergonhados. Isto é porque eles não tinham nada a esconder. Todavia, quando eles pecaram, este grande conforto de abertura e transparência desapareceu. Por causa de seu pecado, subitamente eles sentiram um impulso de se cobrir e de se esconder.
E você? Você se sentirá confortável com tal intimidade com Deus quando Ele vier? Você se sente feliz de aprender que Ele conhece tudo sobre você –todos os seus atos, pensamentos e palavras? Você está vivendo hoje neste mesmo tipo de transparência e intimidade com Ele? Você confessou tudo? Você trouxe tudo à luz Dele para que Ele pudesse examinar e julgar? Você está diariamente vivendo neste tipo de “nudez” espiritual com Ele? Se não estiver, então você será envergonhado na Sua vinda (1a João 2:28). Você se sentirá embaraçado e irá querer se esconder. Você estará cheio de medo de encontrá-lo sabendo que tudo será exposto. Muitos cristãos insistem que estão esperando ansiosamente pelo dia da volta de Jesus. Eles gritam, cantam e oram pela Sua chegada. Mas, quando o céu se abrir e Ele começar a aparecer, muitas dessas pessoas correrão a procurar um lugar para se esconder. Subitamente se darão conta de sua verdadeira condição interior. O pecado que estiveram escondendo deles mesmos e também dos outros, rapidamente se tornará óbvio. Qualquer “representação” na Igreja ou fingimento de estar num estágio espiritual superior ao que realmente estão, será salientado totalmente à luz de Sua face. Isaias 33:14 diz: “Os pecadores em Sião se assombram, o tremor se apodera dos hipócritas” Estes são aqueles que procurarão um lugar para se esconderem.
Não haverá pilhas de ouro ou prata esperando para serem gastos em Nova Jerusalém. Não haverá necessidade de dinheiro. Não haverá lojas nas quais possamos gastar e nem produtos que possamos comprar. Não haverá ninguém tentando usar as necessidades dos outros para se enriquecer. Não haverá ninguém que tenha necessidades ou alguém que esteja ansioso para ter mais que o outro. De fato, não teremos necessidade do que quer que seja. O próprio Deus será tudo o que queremos ou precisamos ter. Lá ninguém precisará ou desejará diversão, passatempo ou prazer sensual. Qualquer dessas diversões só iria nos distrair da presença maravilhosa de Deus.
Não estou dizendo que não haverá prazer de qualquer espécie. Na verdade, estou bem certo que estar com Jesus será a experiência mais agradável que alguém possa imaginar. Seguramente, em Sua presença “há plenitude de alegria” e à Sua direita, “prazeres para sempre” (Salmo 16:11). É que estes prazeres serão diferentes. Serão espirituais e não terrestres. As coisas e os prazeres desta Terra, aos quais estamos tão desesperadamente apegados serão nada para nós e, mesmo hoje são nada, em comparação com o que Deus tem para dar. É nosso privilégio hoje ter um “provinha” ou uma pequena amostra destas realidades espirituais. Aqui e agora podemos abandonar nosso apetite por prazeres terrestres, sensuais, e aprender como “saborear” o próprio Deus. Este prazer não é diferente daquilo que conheceremos no futuro, mas uma amostra um pouco limitada da coisa verdadeira.

NOSSA GRANDE RECOMPENSA.

É certamente verdade que Jesus nos ensinou a armazenar “tesouros” no céu. (Mat 6:20). E também que nossa esperança está preservada para nós no céu” (Cl 1:5). Mas há um outro fato que devemos lembrar com muito cuidado. Jesus afirma claramente que, quando Ele voltar, trará esta “recompensa” com Ele para a Terra. Ele diz: “eis que venho sem demora e meu galardão está comigo.” (Ap 22:12). Nosso “galardão” pode estar no céu agora, mas ele não vai permanecer lá. Será trazido para a Terra no dia da vinda de Jesus Cristo. E qual é esta recompensa? Já que não vai ser ouro e prata ou qualquer outro tipo de riqueza terrena, o que poderia ser? Deus falou Abrão: “Eu sou o teu escudo, o teu grandíssimo galardão” Gen 15:1 RC). para AbraVeja, o próprio Deus é nossa recompensa. Ele, tão somente Ele, será aquele em quem nos deleitaremos. Nossa recompensa não é um lugar de destino, como o céu (ou mesmo uma nova Terra). Não é riqueza como ouro ou prata. É uma Pessoa. É a oportunidade de entrar abertamente e completamente em Sua presença e deleitar-se em tudo aquilo que Ele é. Além disso, como vimos no capítilo 7 sobre o Trono do Julgamento de Cristo, nossa capacidade de usufruir desta recompensa (que poderia ser considerada como “o tamanho” desta recompensa –será governada pela nossa maturidade espiritual.
Você se sente desapontado com isto? Parece que você foi iludido sobre o que você tem desejado? Você estava esperando por muitas outras diversões e prazeres? Você já colocou seu coração em uma “mansão” no céu? Então isto é sinal que você ainda não conhece a Deus como deveria. Ainda não teve seus olhos espirituais abertos para poder ver. Você ainda está preso a uma compreensão terrena, humana, da eternidade. Mas deixe-me afirmar isto com toda a ousadia: Deus é tudo! Ele é tudo o que podemos querer ou necessitar. Ele é o Criador de todas as “coisas”que tanto valorizamos. Ele é tão maior que nossos pequenos prazeres terrenos, que os faz parecer ridículos e desprezíveis quando comparados a Ele. Ele é tudo em tudo. Em Sua presença espantosa, intensa, gloriosa, não pensaremos em nada mais e, se o fizermos, será apenas para nos envergonharmos disso. Verdadeiramente o próprio Deus será nossa extraordinariamente grande recompensa. Sem dúvida, quando estivermos com Jesus, haverá muita coisa para fazermos. Entretanto, estas coisas não serão a origem de nosso gozo. Não serão atividades ou lugares que providenciarão nossa satisfação. Não estaremos olhando para elas como fonte de entretenimento ou diversão. Em vez disso, estando plenamente satisfeitos em nosso Deus, também sentiremos alegria em servi-lo e em assisti-lo, fazendo Sua vontade no Universo. Estas atividades não serão a fonte de nossa felicidade, mas o resultado do deleite que temos em Nosso Senhor. Nossa atenção e nossos desejos serão completamente centrados Nele, mais do que em qualquer outra coisa que possamos fazer, qualquer lugar que possamos ir ou em qualquer coisa que Ele possa nos dar. Nosso relacionamento com Ele, nosso “saborear” íntimo de Sua Pessoa, comandará nossa completa afeição. Nada mais poderá ser comparado ou acrescentado à delícia desta indescritível intimidade.

MINHA IRMÃ, MINHA ESPOSA.

Talvez você se lembre como falamos, no 1º cap., de Adão, junto com Deus, procurando uma companheira adequada. Primeiro eles olharam entre os animais. Examinaram cada um deles para ver se algum atendia às exigências. Nenhum deles servia, porque nenhum deles era da mesma espécie que Adão. Então, depois que Deus fez Eva, Adão acordou e a viu. Ele exclamou: “Esta sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne” (Gen 2:23). Do mesmo modo, Nosso Senhor Jesus está procurando uma noiva. Mas ela também deve ser da mesma espécie que Ele. Ela também deve corresponder a Ele em tudo. Ela deve ser “osso do seu osso e carne da sua carne”, espiritualmente falando. Ela deve ser da Sua própria vida e natureza. Para cumprir Seu propósito, Deus colocou Sua própria vida à disposição do homem. Quando recebemos esta vida, entramos na família de Deus. Tornamo-nos um novo tipo de criatura eterna, um filho do Altíssimo. Quando Jesus Cristo veio à Terra, Ele era o “Único filho gerado” de Deus (João 3:16). Isto quer dizer que Ele era a única “criança” que Deus produziu. Mais tarde, todavia, isto mudou. O Pai agora gerou muitos filhos. Hoje, Jesus Cristo não é mais chamado de “unigênito”, mas de “primogênito” entre muitos irmãos (Rom 8:29).
Muitos cristãos novos e até mesmo descrentes perguntam “com quem os filhos de Adão e Eva se casaram?” Indubitavelmente, a resposta deve ser que eles se casaram com suas irmãs. Não havia outra escolha disponível. Não havia outras pessoas com quem pudessem se unir. Já que naqueles dias as pessoas viviam centenas de anos, houve um tempo amplo para que Adão e Eva pudessem ter muitos e muitos descendentes. Interessante que Jesus também irá se casar com sua “irmã”, espiritualmente falando. Ele chama Sua noiva em Cantares (4:9,10,12) de “minha irmã, minha esposa”. Ela tem o mesmo pai. Ela é da mesma família de Deus. Ela compartilha com Ele a mesma vida eterna. Ele deve se casar com Sua “irmã”, pois não há outra escolha. Não há outros seres eternos disponíveis para gerar filhos dentre os quais Ele possa escolher uma noiva.
Não apenas a noiva de Cristo precisa ter o mesmo tipo de vida, mas ela também deve possuir a mesma natureza. Ela também deve ser santa. Ela também deve ser pura e sem pecado. As Escrituras nos dizem que Jesus vai apresentar Sua noiva como “uma igreja gloriosa, sem mancha num ruga ou coisa semelhante, mas santa e inculpável” (Ef 5:27). O perdão de Deus abre o caminho para que possamos receber a vida de Deus. E a vida de Deus é o meio pelo qual podemos ser transformados na natureza de Deus. Nós podemos e, na verdade, devemos “nos tornar participantes da natureza divina, tendo deixado para trás a corrupção ( 2ª Pedro 1:4). Esta santa natureza é também um requisito para o matrimônio. Interiormente devemos ser como Cristo. Se não somos como Ele, como podemos nos unir com Ele em uma união íntima? A Bíblia diz: “E a si mesmo se purifica todo o que Nele tem esta esperança, assim como Ele é puro” (1ª João 3:3).
Para que possa haver um matrimônio entre o Cordeiro e a Sua noiva, ela precisa ter a mesma vida e a mesma natureza. Mas há ainda um outro requisito: ela deve ter o mesmo tipo de corpo. Isto também foi providenciado por Nosso Senhor. Algum dia, quando Ele voltar para nós, seremos glorificados. Isto significa que nossos corpos serão glorificados para ser semelhantes ao Dele. Por favor, preste bastante atenção a este fato. Biblicamente falando, “glória” não é um lugar. É um estado de ser. Não é um lugar para onde possamos ir, mas uma condição para a qual seremos trasladados. Os cristãos não devem pensar em ir para a “terra da glória” ou “céu”, mas em ser glorificados. Esta é a nossa esperança. Nossa esperança não é “para onde iremos” mas “em quê” nos transformaremos. Não é a esperança de ir a “algum lugar” mas de se transformar em “algo” glorioso. Col 3:4 diz: “Quando Cristo, que é a nossa vida, aparecer, então nós também apareceremos com Ele, em glória”.
Se quisermos saber como será este corpo, precisamos apenas olhar para a primeira parte do livro de Apocalipse. Lá nós vemos como Jesus aparece “em glória”- em Seu estado glorificado. “Sua cabeça e Seus cabelos eram brancos como a lã, tão brancos como a neve e Seus olhos como chama de fogo. Seus pés eram como fino bronze, como se refinado na fornalha e Sua voz como o som das muitas águas... Sua aparência era como do sol brilhando ao meio dia” (Ap 1: 14-16). Esta figura terrível, abrasadora e brilhante, é Nosso Senhor em glória. É Jesus em Seu corpo glorificado. Este espetáculo foi tão intenso que nosso irmão João “caí aos seus pés como morto” quando O viu (Ap 1:17). Isto, irmãos, é a verdadeira glória! Isto também é a nossa esperança que seremos glorificados para ser como Ele. 1ª João 3:2 diz: “quando Ele for revelado, seremos como Ele, pois O veremos como Ele é”. Nossos corpos serão transformados num instante, “num piscar de olhos (1ª Cor 15:52) para serem exatamente como Ele é. As Escrituras nos ensinam que “aqueles que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos conduzirem à justiça, como as estrelas, sempre e eternamente.” (Daniel 12:3) Tambem lemos que, “of justos brilharão como o sol no reino de seu Pai” (Mt 13:43).
Interessante que este novo corpo “está em construção” neste exato momento. Ele está “preparando” este lugar para nós. Possivelmente isto deve ter relação com nosso crescimento espiritual. É provável que, quanto mais amadurecemos espiritualmente, mais glorioso nosso corpo espiritual se torna. Então, quando Jesus aparecer, nosso novo corpo, glorificado, aparecerá em exata harmonia com o que somos interiormente.

A ESPERANÇA DA GLÓRIA

Esta, queridos amigos, é a nossa esperança. É a esperança da glória. Não é a esperança de uma destinação, mas do nosso destino. Não é a esperança de onde iremos ou do que podemos conseguir, mas de nos tornarmos tudo o que Cristo é. Como precisamos da revelação desta verdade! Como necessitamos de “olhar para a Sua glória” (João 1:14), como os antigos discípulos fizeram! Sem a revelação da glória de Jesus, não temos esperança. Se pensamos apenas em recompensas físicas tais como lugares ou coisas, estamos destituídos de qualquer verdadeira revelação que tem poder mudar nossas vidas. Mas, uma vez que vimos o que é ser glorificado, uma vez que tivemos uma amostra da glória que há de vir, então, certamente “rejeitaremos todo o peso e todo o pecado que tenazmente nos assedia, correndo, com perseverança, a carreira que nos foi proposta”. (Heb 12:1) Quando tivermos visto “a glória”, nada mais importará. Quando pudermos ver o que realmente está sendo oferecido a nós, tudo o mais empalidecerá, não resistindo à comparação.
A esperança bíblica é “a esperança da glória de Deus” (Rom 5:2). Esta esperança é resultado de revelação. Quando Deus revela Sua glória a nós, então, e só então, saberemos para o que devemos olhar. É então que entendemos o que é “a esperança do nosso chamamento” (Ef 1:18). É então que temos compreensão espiritual. Esta revelação da glória de Deus, a qual é para ser herdada por nós, serve como uma “âncora” para as nossas almas. É uma revelação que cativa nossas mentes e corações de maneira tal que nada mais pode parecer melhor. Qualquer custo que deva ser pago para que se alcance esta meta, é mais do que válido. Paulo diz que: “conto os sofrimentos deste tempo presente como nada sendo, comparado à glória que será revelada em nós. (Rom 8:18) No capítulo anterior, falamos sobre quem Jesus Cristo realmente é. Ele é o Filho encarnado. Ele é a imagem do Deus invisível. Ele é o instrumento através do qual o Pai se revela ao Universo – o “brilho de Sua glória e a imagem expressa de Sua Pessoa” (Hb 1:3). Mas aqui, na Palavra de Deus, lemos sobre uma esperança gloriosa, ainda mais inacreditável. A Bíblia diz que nós podemos ser transformados a esta mesma imagem. 2ª Cor 3:18 diz: “Mas todos nós, com o rosto desvendado, contemplando como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na Sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito”. Que incrível! Quão inimaginavelmente maravilhoso! Nós, pequenos e insignificantes seres humanos, podemos ser transformados à mesma imagem – a imagem do Deus invisível. Podemos não apenas contemplar a Sua glória hoje, mas através desta contemplação, podemos ser transformados naquilo que vemos. De um degrau da glória a outro degrau de glória, podemos ser transformados naquilo que Ele é. Isto é realmente esperança. Isto é algo em que devemos fixar firmemente a nossa esperança. Isto é algo que vale mais do que qualquer coisa no Universo. Isto é algo que é válido, fazendo qualquer coisa necessária para adquirir. Vale a pena renunciar a tudo, negar a nós mesmos tudo o mais, até mesmo renunciar às nossas próprias vidas para obter. Que contraste é isso em relação às pobres e miseráveis idéias humanas sobre como será a “nossa mansão no ceu” ou desejos por prazeres e diversões terrenos.
Em João 17:21 temos uma narração de Jesus orando ao Pai. Ele não está orando por Si mesmo, mas por nós. Esta prece é incrível. Ele afirma que “a glória que Tu me deste, eu a dei a eles”. E, com que propósito Ele nos está dando a Sua própria glória? É para que “sejamos um, assim como Tu, Pai, estás em mim e eu em Ti; para que sejam um em nós”. Por muitos anos eu acreditei que Jesus estava orando pela unidade entre os cristãos. Hoje tenho um ponto de vista muito diferente. Agora eu vejo que Ele está orando para que nós participemos da união que Ele tem com o Seu Pai. O desejo de Seu coração é que nos tornemos “um” com Ele, assim como Ele é um com o Pai. Ele está pedindo para que ocorra uma gloriosa união espiritual entre Ele mesmo e aqueles que O amam e O seguem. Esta união, esta intimidade, é tão incrível, tão grandiosa, que é difícil imaginar que possa ser verdadeira. Ele está abrindo um caminho para nós compartilharmos a união e a comunhão que Ele tem com o Pai. O Pai Nele e Ele em nós, para que esta incrível união santa entre o Pai, o Filho e a Noiva, possa ser perfeita.

TUDO AQUILO QUE ELE É

Deus é infinito. Ele é eterno. Sua criatividade é ilimitada. Seu poder é sem fronteiras. Sua beleza é insuperável e sua glória assombrosamente brilhante. Nosso Rei é totalmente gentil, generoso, amoroso, justo e bondoso. Ele é quem fez tudo o que existe e que ainda faz tudo novo uma outra vez (Ap 21:5). Não há outro ser no Universo que se compare em poder e glória mesmo com a menor porção de tudo aquilo que Ele é. A Palavra de Deus nos ensina todas essas coisas. Ainda, na Bíblia, podemos também descobrir o que é chamado de “boas novas”. Há um fato tão bom que é quase inacreditável, embora seja verdadeiro. É que Deus não conserva tudo só para Si. Ele tem em Seu coração um profundo desejo de compartilhar tudo isso com os homens. Ele tem convidado aqueles que têm o desejo de se submeter completamente a Ele, para vir e participar de tudo aquilo que Ele é. O plano de Deus é que nós, meros seres humanos, possamos entrar e participar de toda a glória, natureza e autoridade divinas. Podemos até mesmo “sentar” com Ele em “Seu trono” (Ap 3:21). Isto não é dizer que podemos sentar um pouco em Seu colo. Isto significa participar do governo do Universo juntamente com Deus.
Assim como uma noiva, depois de casada, pode compartilhar tudo com o seu marido, assim também nós somos convidados a participar de tudo o que Deus tem e do que Ele é. Uma esposa compartilha a casa com seu marido. Ela tem acesso aos seus recursos financeiros. Ela participa de seu status social. Em um casamento adequado, por ser submissa a ele, ela tem acesso, não apenas a tudo o que ele tem, mas também a tudo o que ele é. Assim também, fomos chamados para ser a noiva de Cristo. Deus graciosamente abre o caminho para nos tornarmos participantes com Ele, de Sua glória e de Seu reino.
Oh, como precisamos de uma visão espiritual! Como precisamos ter nossos “olhos” espirituais abertos para vermos qual pode ser nosso futuro! Precisamos olhar para o alvo. Necessitamos desesperadamente compreender aquilo em que estamos pretendendo entrar. Paulo, orando pelos cristãos de seu tempo e até para nos tambem, pede: “O Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, possa dar a vocês o espírito de sabedoria e de revelação no conhecimento Dele, os olhos de sua compreensão sendo iluminados, para que possam saber o que é a esperança do seu chamamento, quais são as riquezas da glória de sua herança nos santos” (Ef 1:17,18). Que riquezas! Que glória pode ser a nossa herança! Se pudéssemos ver apenas uma pequena parte desta realidade espiritual, iríamos renunciar a tudo o mais e correr desimpedidos atrás Dele.
Irmãos e irmãs, podemos ser a noiva de Cristo! Podemos ser transformados para ser como Ele, para que possamos entrar em uma união de matrimônio com Ele! De um degrau de glória a outro degrau de glória, temos a incomparável possibilidade de entrar nesta terra boa e tomar posse dela. Podemos nos tornar “osso de seus ossos” e “carne de sua carne”- espírito de Seu Espírito, vida de Sua vida, natureza de Sua natureza divina. Podemos e iremos nos tornar exatamente como Ele é. “Mas sabemos que, quando Ele for revelado, seremos como Ele, pois O veremos como Ele é. E todos os que têm esta esperança em si mesmo e se purificam, assim como Ele é puro” (1A João 3:2,3).
E você? Você está tendo um tira-gosto desta experiência hoje? Jesus é o foco de sua atenção e a sua delícia ou você está procurando prazeres e experiências terrenas? O seu coração, a sua alma, a sua mente e a sua força estão inteiramente devotados a viver em intimidade amorosa com Jesus? Talvez fosse bom para todos nós fazer uma pausa aqui e contemplar estas coisas. Conforme estivemos vendo, nosso relacionamento com Deus é o fator mais importante em nossas vidas. Nosso relacionamento de amor com Ele é o que nos trará para a maturidade espiritual que necessitamos para obter todas as “recompensas” espirituais que estão por vir. Comparado a isto, tudo o mais é apenas uma sombra vazia. Hoje é o dia para se arrepender se você não está vivendo completamente para Ele. Hoje é o tempo para ouvir Sua voz e retornar ao primeiro amor. Depois que Jesus voltar não haverá outra oportunidade. Não haverá uma segunda chance. Deus está nos chamando. Ele está estendendo Sua misericórdia e graça hoje para todo aquele que responder. Ninguém é fraco demais. Ninguém é incapaz. Seu poder está disponível a todos que quiserem ouvir a Sua voz e entregar-se completamente a Ele. Hoje é o dia da salvação. O convite tem sido feito. “O Espírito e a noiva dizem: “vem”. E, aquele que ouve, diz: “vem!” E deixe aquele que tem sede vir beber. E aquele que desejar, deixe-o beber livremente da água da vida” (Ap 22:17). Esta é uma oferta maravilhosa de Deus. Se a negligenciarmos, seremos os maiores tolos do mundo.
Na Nova Jerusalém não haverá necessidade de nenhuma luz. O Deus invisível está lá, iluminando tudo com Sua glória. Esta luz é mantida e exibida pela “lâmpada” ou “candeia” que é o Cordeiro de Deus (Ap 21:23). A cidade santa, então, funciona como uma grande exibição do caráter de Deus e de suas obras, através das quais a sua luz se irradia. Todos os crentes transformados, simbolizados pelas muitas pedras preciosas que constituem o “muro” da cidade, terão se tornado uma espécie de ”exibição” ao Universo. O caráter multifacetado de Deus será visto através da personalidade individual. As obras maravilhosas que Deus fez nas vidas de todos os homens “tornados perfeitos” (Hb 12:23) estará disponível para todos verem. O amor insondável, a misericórdia e a graça de Deus serão exibidos. A Bíblia nos ensina que “a mulher é a glória do homem”.(1a Cor 11:7) Portanto, esta gloriosa “mulher”, a noiva de Cristo, servirá como uma ampla e celestial expressão de tudo aquilo que Jesus Cristo é e tem sido para aqueles que são uma parte dela. Na verdade, “Ele vier para ser glorificado em seus santos e admirado em todos aqueles que creram”. (2a Tess 1:10 NVI)
Um dia haverá um glorioso casamento celestial. Você estará lá? Você estará pronto para tomar parte nele? Os sábios de coração irão preparar-se. Pagarão qualquer preço para conseguir isto. Eles estarão lá quando “a voz de uma grande magnitude, como o som de muitas águas e como o som de poderosos trovões” anunciar que “o casamento do Cordeiro vai começar e a Sua esposa encontra-se preparada” (Ap 19:6,7).

O TRIBUNAL DE CRISTO por David Dayer

O TRIBUNAL DE CRISTO

No cristianismo de hoje há, geralmente, duas escolas de pensamento referentes ao assunto “salvação”. Um grupo de cristãos acredita que você pode “perder” a sua salvação. Os que assim crêem pensam que você pode ser “salvo” ou nascido de novo e, então, mais tarde, por causa do pecado, perder sua salvação. Muitos deles também acreditam que você pode ser “salvo” quando se arrepender de novo, se o fizer. Este processo pode se repetir inúmeras vezes. Este ponto de vista foi defendido muitos anos atrás por um homem chamado Jacobus Arminius, formando uma parte de que é conhecido por “Arminianismo. Esta doutrina normalmente é mantida pelas Igrejas Pentecostais ou “Carismáticas”. A segunda escola de pensamento sobre o assunto de “salvação” é aquela em que, uma vez que você nasceu de novo, você é “salvo” e, nada que você ou qualquer outro possa fazer, mudará este fato. Se você pecar ou se você abandonar a fé, nada disso terá qualquer impacto sobre a sua segurança eterna. Eles sentem que você não pode “perder” a sua salvação. Além disso, eles ensinam, há poucas (se houver alguma,) conseqüências por suas ações. Uma vez que recebeu Jesus, você vai para o céu e ponto final. Este ponto de vista foi exposto por João Calvino e, assim, formou-se uma parte de o “Calvinismo”. Esta é a posição da maioria das Igrejas “fundamentalistas”.
Interessante, ambos os lados mostram versículos bíblicos muito significantes e convincentes para comprovar sua tese. Cada lado cita versículos que parecem provar o que eles ensinam. Entretanto, vimos no capítulo precedente, que cada lado deste debate está cometendo um erro fundamental. Eles estão discutindo seu ponto de vista considerando que “salvação” é o mesmo que “nascer de novo”. Eles não perceberam que a “salvação” bíblica não é apenas o novo nascimento, mas sim um longo processo de uma vida transformada, de glória em glória, à imagem de Jesus Cristo. (Se você tem alguma dúvida sobre isso, por favor leia o capítulo anterior sobre a “salvação da alma”, para uma explicação mais completa sobre este assunto.) Quando você lê a Bíblia com isto em mente, muitos versículos fazem mais sentido. Muita confusão é resolvida simplesmente pelo fato de compreender que “salvação” é mais do que um evento de um tempo único, mas sim um processo pelo qual nós somos transformados.
Conforme estamos vendo, ambos os pontos de vista acima mostrados, perderam algo muito importante. Mas também precisamos ver que ambos contém uma boa dose de verdade quando olhamos para eles sob a luz apropriada. Todas as Escrituras usadas por ambos os lados, são verdadeiras. Deus não cometeu enganos quando escreveu Sua Santa Palavra. Para melhor compreender isto, por favor preste cuidadosa atenção às seguintes afirmações. A salvação que você recebeu de Deus é verdadeiramente eterna e você não a pode perder. Mas, a salvação que você ainda não experimentou, você perderá se não se esforçar para entrar nela. Você vê, as duas coisas podem ser (e são) verdadeiras. Você não pode perder e, entretanto, você pode perder a sua salvação. O problema é que as pessoas definiram “salvação” simplesmente como “ser nascido de novo”, mas na Bíblia e na mente de Deus, há muito mais do que isto. A salvação bíblica é o trabalho completo de Deus no homem e para o homem, começando com a sua experiência do novo nascimento, continuando com a transformação da alma e acabando com a glorificação do corpo.
O que você ganhou da vida eterna (Zoe) é verdadeiramente eterno. Por definição, “o que Deus é” é absolutamente indestrutível. Se você permitiu ao Eterno que entrasse em seu espírito e se uniu a Ele (1ª Cor 6:17), não há maneira de perder ou destruir este fato. A vida só pode ser perdida de uma maneira. Ela não se evapora nem sai de nós. Em todo o Universo Deus nos mostra que só há um meio de acabar com qualquer tipo de vida: matá-la. Mas, como você vê, a vida de Deus é impossível de matar. Os judeus e os soldados romanos tentaram, mas foi impossível para a morte retê-Lo (Atos 2:24). Deus não vai simplesmente desaparecer de você. O que foi saturado e permeado com Sua Vida e Natureza Divina, tornou-se eterno e absolutamente indestrutível. A palavra “eterna” significa exatamente isto, eterna. Mas, por outro lado, se não permitimos a Deus que nos encha e nos transforme, permanecerá em nosso ser muita coisa que não é indestrutível. Se nos recusamos a permitir que o Espírito Santo acesse a todas as partes de nossa alma, se resistimos ao trabalho e à disciplina de Deus em nós, esta velha parte natural se perderá. Quando Jesus voltar e o nosso tempo de transformação estiver acabado, então o que ganhamos será nosso e o que não ganhamos estará perdido, já que não haverá segunda oportunidade para recebê-lo.
Esta compreensão corresponde exatamente ao ensinamento de Jesus quando Ele estava na Terra. Ele claramente dizia: “Aquele que salvar sua vida, perdê-la-á” (Mateus 16:25 e também Mat 10:39, Lucas 9:24, 17:33, João 12:25). A palavra “vida” aqui é PSUCHE, ou “vida da alma’. É significante que este verso esteja escrito cinco vezes na Bíblia. Nada poderia ser mais claro. Se você ama a si mesmo e resiste à transformação, ao trabalho purificador do Espírito Santo dentro de você, então esta vida natural da alma será perdida. Isto não se refere à sua vida física. Não significa morte física. Não está falando sobre ser um mártir. Isto se refere à sua alma. De fato, algumas traduções dizem: “Ele que salva a sua alma, perdê-la-á.” Os elementos naturais, pecaminosos, que permanecem em nosso ser serão consumidos pela presença de um Deus intensamente Santo, em Sua vinda. Eles estarão perdidos. É uma das promessas de Deus! Considere-a como sendo verdadeira.

A TERRA DA PROMESSA.

Para ilustrar melhor este ponto, vamos voltar aos Filhos de Israel e à Terra Prometida, Canaã. Deus deu a eles aquela terra. Deu-lhes livremente, sem custo. Ele definiu os limites anteriormente, mostrando o comprimento e a largura e a extensão da terra que eles herdariam (Num 34: 3-12). Entretanto, havia uma condição. Este povo tinha que, dia a dia, passo a passo, de acordo com a direção do Espírito Santo, entrar na terra e tomar posse dela. Eles não podiam simplesmente sentar-se no lado mais distante do Rio Jordão e proclamar que eram seus proprietários. Eles não poderiam apenas estar no lado leste louvando e agradecendo a Deus por este grande presente que Ele havia lhes dado. Para realmente obtê-la, através da fé e da obediência, eles tinham que ir e possuí-la. O mesmo ocorre hoje para nós com relação às nossas almas. Jesus explica: “É na vossa perseverança que ganhareis as vossas almas” (Lucas 21:19). É essencial para cada filho de Deus conhecer e compreender esta verdade.
Verdadeiramente, Jesus Cristo comprou para cada crente uma salvação completa. Sua morte na cruz foi suficiente para nos transportar de um degrau de glória para outro até a sua exata imagem. Ele derrotou o pecado, a morte e o poder do diabo. Todo o seu trabalho foi feito. Na cruz, Ele afirmou : “Está consumado” (João 19:30). Entretanto, ainda resta uma parcela para fazermos. Precisamos, pela fé e obediência, entrar e possuir aquilo que Ele gratuitamente nos deu. Não nos fará bem algum simplesmente louvar e agradecer a Deus por Seu presente se não fizermos nenhum progresso espiritual. Não há promessas para “algum dia”. Hoje é o dia da salvação (2ª Cor 6:2). Hoje é o dia para nos tornarmos co-participantes da natureza divina. Pelo fato de segurarmos estas “excedentes promessas grandes e preciosas”(2ª Pedro 1:4). Nós temos diante de nós uma boa terra, vamos entrar e possuí-la!
Se, por outro lado, não estamos desejosos de encarar o inimigo, lutar as batalhas, confrontar os gigantes de nossas vidas e manifestar Sua vitória, nós não obteremos o que é nosso por direito. Mesmo que Deus já tivesse dado a Israel seu território, eles nunca tinham entrado e possuído completamente a terra. Falharam em obedecer a Deus e, através do medo e da desobediência, falharam em entrar completamente na promessa. Aquilo que eles ganharam, receberam, mas o que não conquistaram, foi perdido para eles. Do mesmo modo hoje, para nós, não há uma segunda chance. Mais tarde não haverá uma transformação mágica da alma. Se não recebermos Cristo hoje e preenchermos nossa alma com Ele até transbordarmos, será tarde demais quando Ele voltar. O que nós experimentamos é nosso, mas o que não conquistamos estará perdido para nós a menos que nos arrependamos e forcemos a entrada nela hoje. “Portanto, desde que permanece a promessa de entrar em Seu descanso, temamos que suceda parecer que algum de vós tenha falhado” (Heb 4:1).
Pelo que posso contar, a maioria dos cristãos acredita em algum grau de transformação. Isto é, eles acreditam que podem ser transformados de um modo ou outro, pela obra do Espírito Santo. Muitos admitem a necessidade de serem libertos de alguns pecados visíveis, mais “grosseiros”. Alguns até falam de uma santidade maior. Entretanto, muitos crentes na Igreja hoje parecem pensar que este processo é opcional ou que não é realmente essential. Alguns crêem que, não importando o estado em que se encontre o nosso ser interior ou nossa alma quando o Senhor voltar, todos os problemas serão resolvidos e todas as tendências e hábitos pecaminosos mudarão “num instante, num piscar de olhos” (1ª Cor 15:52). Embora poucos admitam, isto pode levar a uma atitude semelhante a esta: “Bem, realmente não importa se não sou completamente santo. Não faz mal se ainda sou “um pouco” invejoso, sensual, mentiroso, irado, ganancioso, fofoqueiro, ciumento, ou qualquer destes. Quando Jesus voltar, tudo isto vai mudar instantaneamente, então porque vou me preocupar com minha condição agora? Afinal de contas, todos os outros parecem estar cheios de pecado também. Deus me perdoa. Porque eu deveria tentar ser santo agora se vou conseguir isto mais tarde, sem muito esforço? Embora alguns ensinem que ainda existe uma questão de “recompensa”, este fato não parece motivar muitos em nossa sociedade atual.
Mas, certamente, alguns perguntarão: “Que tal ser transformado em um piscar de olhos?” Este é um versículo maravilhoso, mas não está se referindo à nossa alma. Se você ler o contexto, perceberá que está falando sobre nossos corpos. Verdadeiramente, nossos corpos serão transformados instantaneamente para serem como Jesus. Eles serão glorificados imediatamente quando Jesus vier. Mas, com referência à alma, as Escrituras são bem claras, “Hoje é o dia da salvação” (2ª Cor 6:2). Isto deveria fazer sentido para uma pessoa que pensa bem. Porque Paulo, por ex., deveria “morrer diariamente”, “negar-se a si mesmo”, “prossege para o alvo”, “disciplinar seu corpo” e todas estas coisas, se tudo o que ele tinha a fazer era esperar pelo dia mágico em que seria transformado subitamente para ser como Jesus? Eu até mesmo ouvi cristãos ensinarem que eles têm uma “mais profunda revelação” do que Paulo e que ele não precisaria absolutamente sofrer. Este tipo de tolice irá parar rapidamente quando Jesus aparecer em poder e glória. Estes que estão ensinando estas tolices começarão a orar para as rochas e montanhas caírem sobre eles e escondê-los da intensa e abrasadora presença do Deus Todo Poderoso (Ap 6:16). “Conhecendo, portanto, o temor do Senhor, nós persuadimos os homens”(2ª Cor 5:11).
Com isto em mente, vamos agora investigar mais profundamente o que a Palavra de Deus diz sobre este assunto. Sabemos, sem dúvida, que quando Jesus voltar nós estaremos diante de Seu Trono de Julgamento (2ª Cor 5: 10) e que receberemos galardão por tudo o que fizemos. Naquele “dia”, nossas obras serão “reveladas pelo fogo”. Se nossas obras passarem no teste, receberemos uma “recompensa”, mas se nossas obras forem imperfeitas, elas serão queimadas (1ª Cor 3:12-15).

TODAVIA, COMO QUE ATRAVÉS DO FOGO

Mas, vamos olhar mais atentamente para o verso 15. Lemos que a pessoa cujas obras foram perdidas, na verdade foi “salva, ainda que através do fogo” (Heb 12:29). Assim, vemos que, não apenas nossas obras passarão pelo fogo, mas nós também seremos testados pelas chamas! Nós também entraremos no fogo. Que fogo é este? Nada menos que a presença de Deus! “Porque o nosso Deus é um “fogo consumidor” (Heb 12:29). A abrasadora intensidade daquilo que Ele é, analisará e testará os conteúdos daquilo que nós somos. Este é o verdadeiro teste. Se o que somos interiormente é puro – isto é, cheio da vida, da natureza e da essência de Deus, – passaremos. Nada poderá destruir isto. Se, ao contrário, somos cheios da velha vida e da velha natureza, seremos consumidos por Sua flamejante presença. Lembre-se que Ele não é apenas um fogo, mas um fogo consumidor. Sem dúvida, o que vai ser consumido diante de Seu Trono é algo que não é santo, nem reto, nem puro – nada que corresponda àquilo que Ele é. De fato, se você parar para pensar, isto deve ser assim. Obviamente, nada que não seja santo pode agüentar a presença de Deus.
Deus deve eliminar todo pecado de Seu povo. Quando Deus criou o mundo de Adão e Eva, criou-o sem pecado. Entretanto, apenas um pecado, apenas um, destruiu para sempre toda a criação que Ele havia feito. Do mesmo modo, se a vida e a natureza pecaminosa têm permissão para entrar na nova criação de Deus, cedo ou tarde ela produzirá pecado. (Veja o capítulo IV, As Duas Naturezas). E este novo pecado iria poluir para sempre a nova criação. Portanto, quando Ele chegar, se ainda estivermos cheios de nossa própria vida pecaminosa, algo deve ser feito.
As Escrituras perguntam: “quem dentre nós irá morar com o fogo devorador? Quem dentre nós habitará em chamas eternas?” (Isaías 33:14-15). A resposta é dada: “o que anda em justiça e fala o que é reto; o que despreza o ganho da opressão; o que com um gesto de mãos recusa aceitar suborno; o que tapa os ouvidos para não ouvir falar de homicídios e fecha os olhos para não ver o mal.” Isto indica pessoas justas, aqueles que estão cheios de Deus, permitindo a Ele que viva Sua vida através deles.
No livro de Apocalipse somos apresentados a um espetáculo surpreendente. Vemos um grupo de homens e mulheres parados num mar de vidro mesclado de fogo (Ap 15:2). Eles estão parados no centro de um flamejante inferno. Mas que lugar é este? De fato, é o pavimento transparente bem em frente ao trono de Deus (Veja Êxodo 24:10 e Ezequiel 28:14). Eles estão na presença real de Deus. E, nesta presença terrível, é como se tudo estivesse queimando como fogo. Entretanto, estas pessoas especiais estão confortáveis lá. Elas não são afetadas pelas chamas. Na verdade, elas estão em adoração, cantando a canção de Moisés na presença do Deus Todo Poderoso. Lembre-se dos três amigos do profeta Daniel que foram atirados na fornalha ardente. Eles eram pessoas santas. Haviam dado suas vidas completamente a Deus. Portanto, pela graça de Deus, não foram tocados pelas chamas. Estas coisas ainda falam a nós hoje.

O BATISMO DE FOGO

João Batista declarou: “Eu, na verdade, vos batizo com água, mas vem o que é mais poderoso do que eu, do qual eu não sou digno de desatar as correias das sandálias; Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. A sua pá, Ele a tem nas mãos para limpar completamente a Sua eira e recolher o trigo no seu celeiro, porém queimará a palha em fogo.”(Lucas 3:16-17). Aqui vemos um estranho pronunciamento. João diz que o Filho de Deus, Jesus Cristo, o Salvador do mundo, está chagando e, quando Ele chegar, Ele batizará homens e mulheres com fogo. Qual é o significado deste fogo? Por que Deus iria querer derramar fogo do céu sobre aqueles que crêem nele? Deus deseja purificar Seus filhos. Ele não só deseja selecionar entre os homens aqueles que crerão, mas também deseja justificá-los e purificá-los de maneira que, quando aparecerem diante Dele, serão santos. Eu creio que este batismo de fogo é o mesmo que o fogo refinador mencionado em outras passagens das Escrituras (Veja Mal 3:2,3, Zac 13:9) o qual é intensamente quente, incandescente jazida de carvão. É este tipo de fogo que um joalheiro de ouro e prata deve usar para expurgar todas as impurezas dos metais com os quais está trabalhando. Do mesmo jeito, Deus nos está batizando com fogo para nos limpar, nos purificar e nos deixar prontos para o Seu aparecimento.
Jesus disse: “Eu vim para lançar fogo sobre a Terra e bem quisera que já estivesse a arder (Lucas 12:49). Não há dúvidas de que Deus deseja purificar Seus filhos. Ele não apenas deseja salvá-los daquilo que eles fizeram, mas também daquilo que eles são. Ele quer purificá-los interiormente, de maneira que eles tenham a mesma natureza e substância Dele. Efésios diz: “Para que Ele possa apresentá-la como uma Igreja gloriosa, sem manchas ou rugas ou qualquer outra coisa, mas que ela seja santa e sem manchas”. Tal coisa requer o batismo de fogo. Não apenas precisamos ser batizados com o Espírito Santo para nos enchermos da glória e do poder de Deus, mas também precisamos ser batizados com fogo – aquela chama interior, purificadora, refinadora, que nos queima, nos transforma, e nos faz ser como Ele. Você vê, todo crente experimentará o fogo de Deus hoje e no futuro. Se passamos um tempo em Sua presença, isto acontecerá agora, porque verdadeiramente Ele é um “fogo consumidor”. Entretanto, se evitamos contato íntimo com Ele, então esta é uma experiência essencial, que será reservada para o futuro, quando não haverá possibilidade de ganhos. O fogo de Deus é algo pelo qual devemos passar hoje se desejarmos e estivermos prontos. Isto irá nos preparar para o fogo de Sua presença no futuro. Se permitirmos que Ele faça agora em nós o trabalho purificador, não teremos nada a temer quando Ele voltar. Se permitirmos a Ele investigar e purificar completamente nossa alma, então seremos transformados como a madeira petrificada do último capítulo e, portanto, imune a qualquer fogo posterior.
Isto significa que um crente “irá para o inferno?” Não, não estamos dizendo tal coisa. Nem a Bíblia diz isso. Aqui não estamos lendo sobre perder a vida eterna (Zoe). No Trono do Julgamento de Cristo ninguém é “atirado no lago de fogo”, a não ser o Anticristo e o Falso Profeta. A questão aqui não é de “céu ou inferno”. O que estamos vendo aqui é que há algumas sérias “perdas” para os cristãos despreparados. É a perda da alma ou da vida PSUCHE. Esta é uma destruição irrevogável de toda a vida natural com a natureza pecadora.
Então, uma questão razoável deveria ser: “Qual é o resultado final de tal julgamento? Como este afeta um crente? Está claro que todo crente que estiver diante do Trono de Julgamento de Cristo terá ao menos “alguma coisa” salva (1ª Cor 3:15), apesar da perda. No mínimo, será o espírito humano que nasceu de novo e se uniu ao Espírito de Deus. Paulo fala sobre alguém que deveria ser entregue “a Satanás para a destruição da carne, para que o seu espírito possa ser salvo no dia do Senhor Jesus” (1ª Cor 5;5). Também a maioria dos crentes terá atingido pelo menos algum grau de crescimento espiritual. Quer dizer, uma certa dose de transformação sobrenatural irá ocorrer, alguma quantidade de substância eterna terá sido depositada. Isto também não vai ser queimado, pois é imune ao fogo. Cada parte da alma que foi transformada irá permanecer. O que foi saturado e permeado com a vida de Deus é, por definição, eterno. O que nós ganhamos, certamente foi ganho para todo o sempre, mas a velha vida e a velha natureza serão perdidas.

MATURIDADE ESPIRITUAL

Mas, como isto nos afetará? Como podemos entender estas coisas? Em vários lugares nas Escrituras, lemos sobre níveis ou estágios de crescimento espiritual (Veja Ef 4:15, 1ª Pedro 2:2, 2ª Pedro 3:18 e 1ª João 2:12-14). Lemos sobre: “bebês em Cristo”, “jovens” e mesmo “pais”, assim indicando níveis de maturidade. Eu creio que estas coisas não são apenas figuras de linguagem, mas se referem a realidades espirituais. Portanto, é lógico supor que o grau de maturidade espiritual que nós atingimos nesta vida pela obediência fiel ao Espírito Santo, será nossa condição eterna quando Jesus vier.
Em outras palavras, se permanecermos “bebês” em Cristo, seremos bebês eternamente. Se nós nos esforçamos para obter alguma maturidade, este será o nosso estado eterno. Todo o resto será perdido e queimado pela Sua presença. Se, por outro lado, nos esforçarmos para conhecer o Senhor e conseguir algum grau de espiritualidade adulta, seremos para sempre gratos e sofreremos pouco se houver alguma perda em Sua vinda.
Queridos irmãos e irmãs, esta é a nossa recompensa. Não vamos receber ouro ou prata ou recompensa de qualquer outro material na eternidade. O próprio Deus é a nossa recompensa. Ele disse a Abraão: “Eu sou o teu escudo, teu grandîssimo galardão” (Gen 15:1).Você compreende isto? Em Sua presença nada mais tem valor. Ele é Aquele em quem nos regozijaremos extremamente. O salmista nitidamente declara: “Em Sua presença há plenitude de alegria, em Sua mão direita, delícias perpetuamente” (Salmos 16:11). Creia, é verdade. Ele é e será nossa recompensa. Mas pense nisto também. A capacidade de cada um aproveitar esta maravilhosa experiência será governada por sua maturidade.
Isto é exatamente o que acontece nesta vida atual. Eu me lembro de ter ido a um evento esportivo com meus filhos e uma outra família grande. Todos se divertiram, mas nem todos tiveram a mesma experiência. As crianças pequenas gostaram de rastejar ao redor de seus assentos, encontrando coisas interessantes. As crianças um pouco mais velhas se divertiram jogando e brincando umas com as outras. Os jovens e os adultos realmente se divertiram observando o jogo. Veja você, na eternidade todos irão deleitar-se em Deus, mas a recompensa de cada um se baseará em sua maturidade espiritual. Esta maturidade espiritual caminha lado a lado com as “obras” deles, as obras que eles fizeram quando estavam aqui na Terra. Você sabia que todos os crentes estarão com o Senhor para sempre, mas não será a mesma coisa para todos. A maturidade espiritual da qual falamos se manifestará em glória esplendorosa, radiante. Daniel 12:3 diz: “Aqueles que forem sábios resplandecerão como o fulgor do firmamento, como as estrelas, para sempre.” Cada um terá uma certa quantidade desta glória. Cada um irá brilhar com o seu próprio grande brilho, dependendo do seu grau de fé e transformação. Lembrando que os versículos originais não eram separados em versos numerados, vamos ler em 1ª Cor 15:41,42 “. . . porque (como) uma es-trela difere da outra em (grau) de glória, assim também é a ressurreição dos mortos.” O que se recebe de Cristo hoje será revelado quando Ele vier. Na eternidade, cada um exibirá um diferente grau de glória.
Pode ser que estes pensamentos sejam novos para você ou que os ache algo surpreendentes. Portanto, eu gostaria de recomendar a você para não simplesmente reagir a isto emocionalmente. Procure as Escrituras por você mesmo. Ore sobre estas coisas. Reveja estes pensamentos após algum tempo. Eu creio que Deus lhe dará graça para ver que “salvação” inclui mais coisas do que se pensava no passado. Há mais na divina revelação da Palavra de Deus do que tem sido pregado. Verdadeiramente precisamos nos esforçar para conhecer o Senhor e dar nossa atenção a coisas espirituais “para que jamais nos desviemos delas” (Heb 2:1).

QUE DIZER SOBRE PERFEIÇÃO?

Indubitavelmente alguns perguntarão: “Que dizer sobre perfeição? É possível para um cristão se tornar perfeito? Será que, quando Jesus vier, alguns não sofrerão perda alguma?” Para responder a estas questões, precisamos olhar atentamente para o que as Escrituras têm a dizer. Não podemos olhar ao nosso redor e julgar este resultado pela condição de outros. Nem podemos olhar para nós mesmos para decidir o que está correto. Nossa resposta precisa vir da Palavra de Deus, que sabemos ser a verdade. 1ª Tess 5:23 diz: “E agora, o mesmo Deus da paz vos santifique em tudo e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo.”
Paulo aqui está pronunciando um tipo de intercessão –uma oração por estes cristãos que ele ama. E, orando deste modo, ele mostra que tem fé que, se eles forem fiéis a Deus, Deus também será fiel para realizar este trabalho glorioso dentro deles. Vamos pensar sobre isto deste modo: Se a morte, ressurreição e ascensão de Cristo não foram poderosas o bastante para nos transformar completamente, então temos que pedir a Ele para voltar e completar o trabalho. Se tudo o que Ele cumpriu na cruz só foi bom o bastante para nos mudar parcialmente, então precisamos começar imediatamente um movimento de oração internacional e pedir a Ele que, por favor, volte e faça o necessário para completar a obra. Negar o poder de Deus para transformar cada ser humano completamente é negar que o Seu trabalho foi suficiente. Este não é o caso. Na verdade, “está consumado” (João 19:30)! Pelo seu lado, Jesus fez todo o necessário para nossa transformação e santificação. De nossa parte, apenas precisamos continuar a buscar Sua face ate o dia de Sua vinda. Podemos confiar que “Ele é capaz de salvar totalmente aqueles que vêm a Deus por meio Dele” (Heb 7:27).
Este era, de fato, o objetivo do Apóstolo Paulo. Ele diz: “Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição, mas eu prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus” (Fil 3:12). Você percebe, Paulo vira algo. Ele havia visto o Senhor glorioso, ressuscitado e estava concentrado com todo o seu ser em se prender à perfeição que ele havia visto. Ele não apenas estava perseguindo isto, mas também estava se consumindo em ajudar e recomendando a outros que chegassem também ao mesmo lugar. Em Col 1:28,29 lemos: “Ele que anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo; para isto é que eu também me afadigo, esforçando-me o máximo possível, segundo a sua eficácia que opera eficientemente em mim”.
O próprio Jesus nos exorta:- “Sede perfeitos, como o vosso pai que está no céu é perfeito” (Mat 5:48). Este é o padrão, a perfeição do próprio Deus. Enquanto nós vimos que os esforços da carne nunca poderão atingir esta imponente meta, também vimos que, na verdade, isto é possível e se realiza simplesmente por receber uma Outra Vida e viver por ela. Devemos ser cuidadosos em não tomar o exemplo dos que nos rodeiam, mas do próprio Deus. Paulo repreende plenamente este tipo de erro, dizendo: “Mas eles, medindo-se consigo mesmos e comparando-se consigo mesmos, revelam insensatez (2ª Cor 10:12). Se miramos em nada, acertaremos este alvo: nada. Infelizmente é verdade que vemos muito poucos cristãos vivendo uma vida livre de pecados e exibindo a vida sobre-natural. Tristemente, a maioria dos crentes não está tomando posse de tudo que Deus tem para eles. Talvez uma razão para isto seja a que eles não sabem que existe uma possibilidade de se tornarem perfeitos. Além do novo nascimento, eles não têm noção de que há algo mais para ser ganho ou perdido. Verdadeiramente, Deus disse: “Meu povo padece porque lhe falta o conhecimento” (Oséias 4:6). Há certamente uma grande escuridão cobrindo a Igreja dos nossos dias. Enquanto isso, muitos pensam que eles são a geração mais espiritualmente erudita, mesmo que a verdade mais essencial sobre a salvação da alma esteja incompleta ou mal compreendida.
Vamos ser muito claros aqui: eu não estou ensinando “perfeição sem pecado”- o pensamento de que poderíamos chegar a algum lugar nesta vida onde nunca pecaríamos. Um fator que torna isto impossível é que nós ainda temos “um corpo caído”. Este corpo é “um corpo de pecado” (Rom 6:6). Ele tem apetites naturais, carnais. O desejo de alimentos, conforto, sexo e muitas outras coisas, estarão sempre conosco enquanto estivermos neste corpo. Isto só mudará quando Jesus voltar. É por isto que Paulo ensina que devemos exercitar domínio espiritual sobre o nosso corpo. Ele diz: “Eu disciplino meu corpo e o trago à sujeição” (1ª Cor 9:27). Também lemos que ele almejava se livrar deste corpo pecador e receber um outro corpo puro e celestial (2ª Cor 5:2-4). Isto é porque, quanto mais ele se tornava puro interiormente e se enchia com a vida de Deus, mais ele julgava este corpo terreno indigno de conter esta preciosa substância. O corpo pecador se tornou um peso demasiado cansativo.
Queridos irmãos e irmãs, a salvação da alma é verdadeiramente um assunto sério. As conseqüências do que estivemos discutindo aqui são eternas. Não há tempo a perder. Não haverá uma segunda chance. Portanto, precisamos estar encorajando uns aos outros mais e mais, conforme vemos o dia se aproximando (Heb10:25). Pela graça e misericórdia de Deus, que nós não estejamos entre “daqueles que se retiram para a perdição (destruição)”, mas entre “daqueles que crêem para a (completa) conservação da alma” (Heb 10:39).

Irmãos em Cristo Jesus.

Irmãos em Cristo Jesus.
Mt 5:14 "Vós sois a luz do mundo"