quinta-feira, 24 de julho de 2008

Princípios para Formação da Família- John Walker


Princípios para Formação da Família- John Walker

A própria Palavra de Deus é positiva e negativa. Primeiro temos a lei (negativa) no Velho Testamento e depois a graça (positiva) no Novo Testamento. Sem entender a lei não vamos experimentar a graça, porque sem lei nem sentimos necessidade dela. Nossa cultura é contra a lei Nossa cultura é dominada pelo príncipe deste mundo e ele tem um plano de subverter o reino de Deus que exige autoridade. A estratégia de Satanás é tirar a autoridade de Deus, colocar anarquia (falta de governo ou chefe) para no fim implantar seu próprio sistema. Esta guerra contra autoridade começou desde o início no Éden. Deus falou: "Não comerás deste fruto" e Satanás disse: "Será que Deus quis dizer isto mesmo? Pode comer, vai ser bom para você" . A psicologia moderna, por exemplo, afirma que não existe pecado e que o homem é inerentemente bom. Só precisa de um ambiente certo onde possa fazer sua vontade, sem restrições, com amor e liberalidade. Mas isto não está funcionando porque as escolas estão produzindo alunos cada vez piores. Li num artigo na revista "Time" que nos Estados Unidos as pessoas estão saindo do segundo grau sem saber ler corretamente. Isto porque a educação moderna não enfatiza disciplina mental nem moral. Permite ao aluno fazer a sua própria vontade. Nós como cristãos precisamos estar alerta, pois esta filosofia contra autoridade e disciplina tem invadido todos os meios de comunicação e educação - rádio, televisão, escolas e igrejas. Nossos filhos, por exemplo, vão para escola e aprendem diariamente princípios contra a Palavra de Deus. Recentemente uma pesquisa nas escolas primárias dos Estados Unidos constatou que está sendo suprimido dos livros de estudos sociais toda referência sobre Deus e religião na história da formação da nação. Isto mostra como é firme e sutil a estratégia de Satanás, pois religião foi fundamental na formação da nação americana. Precisamos ir contra esta corrente que ensina que amor, tolerância e permissividade são as coisas certas. Precisamos aprender o significado da palavra "não" e usá-la com autoridade na criação de nossos filhos. O Princípio da Cruz - Quebrantamento da Vontade Este princípio é fundamental para a formação do caráter de nossos filhos. Temos de entender que o homem caiu, e mesmo sendo nenê sua natureza não presta. É egocêntrico e vai ficar cada vez pior se não experimentar o "não" da lei. Se Deus, que é o modelo de toda paternidade, enviou Seu Filho para morrer na cruz, negando Sua vontade, nós também temos de criar nosso filhos quebrando-os para a salvação em Cristo que exige a morte de nossa vontade para a aceitação da vontade de Deus. A criança não tem força sozinha para negar sua vontade. Precisa de nossa ajuda e autoridade assim como nós precisamos de Cristo para nos salvar de nossas carnalidades e egoísmos. Se pensamos que estamos fazendo um bem deixando-a fazer o que quiser, estamos enganados. A pessoa mais miserável que existe é a que faz sua própria vontade, pois a vontade do homem caído leva para a perdição. Você já reparou que uma criança que faz o que quer não é feliz? Está sempre chorando, fazendo birra, insatisfeita e inquieta. Ao passo que uma criança que conhece autoridade é mais calma e está sempre querendo fazer algo construtivo. O Amor vem da Autoridade A base do verdadeiro amor é a autoridade que vem da lei. Sem lei não há autoridade, sem autoridade não há segurança, e sem segurança não há amor. O fator negativo é necessário para produzir o positivo. O amor que deixa a criança fazer o que quer não é amor. Ela tem necessidade de conhecer seus limites e saber o que é certo e o que é errado. A criança que faz o que quer não sente segurança. No fundo sua consciência a acusa de que está errada, mas sem a autoridade dos pais não consegue parar de fazer aquilo. Os pais não se sentem bem com ela e nem ela os respeita, e ambos acabam ficando frustrados. E num ambiente assim o verdadeiro amor não pode fluir, mas se tem autoridade no lar todos sentem paz porque a coisa certa está acontecendo, e assim o amor pode fluir. Gálatas 3:23 e 24. Vemos aqui que antes de mostrar sua graça e misericórdia Deus deu a lei. "Mas, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei... De maneira que a lei nos serviu de aio (preceptor de crianças ilustres ou ricas) para nos conduzir a Cristo." Sem a lei não podemos entender e aceitar a graça. Sem a lei somos "bonzinhos" e bonzinhos não precisam da graça de Deus. A lei é necessária para mostrar nossa situação e necessidade da graça. No contexto da formação da família poderíamos interpretar o versículo 23 assim: "Antes que venha a graça no lar, devemos disciplinar nossos filhos na lei, para que mais tarde possam entender e aceitar a graça de Jesus Cristo" . Este é um princípio muito firme que precisa operar nos lares cristãos. Não podemos pensar que nossos filhos entendem a graça. Nem nós ainda entendemos bem, quanto menos eles. Os pais são representantes da autoridade de Deus para os filhos. Têm a função de aio até o tempo da graça lhes ser revelada. Sempre falei com minha família: "Se a graça não funciona, a lei vai funcionar. Se você não quer fazer isto pela graça, vai fazer pela lei". E isto funciona porque acaba com a indefinição. Não pense que estou desprezando a graça de Deus. Eu creio nela e à medida que usei a lei com meus filhos ensinava-os sobre a graça e o amor de Deus e a possibilidade disto acontecer. Porém, não creio em anarquia que dá lugar a Satanás para se aproveitar do amor de Deus e deixar as pessoas fazerem o que quiserem. Enquanto não entende a graça, a criança precisa de definição, de autoridade. E através da autoridade dos pais ela vai entender como Deus é e estará sendo preparada para conhecer a Cristo e o Seu amor. O amor e alegria verdadeiros fluem de um ambiente com ordem e princípios, e não com anarquia. É claro que só o lado negativo não vai resolver tudo; no final o positivo e o negativo precisam ser equilibrados. Mas em nossa época o positivo tem sido tão enfatizado que torna-se necessário entender bem o negativo para aproveitar o positivo.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Nós Nos Tornamos Naquilo Que Amamos- A. W. Tozer

Nós Nos Tornamos Naquilo Que Amamos
A. W. Tozer

Estamos todos num processo de transformação. Já saímos daquilo que éramos e chegamos a esta posição onde estamos; agora estamos caminhando para aquilo que seremos.
Saber que nosso caráter não é sólido e imutável e, sim, flexível e maleável não é, em si, uma idéia que incomoda. De fato, a pessoa que conhece a si mesma pode receber grande consolo ao compreender que não está petrificada no seu estado atual; que é possível deixar de ser aquilo que se envergonha de ter sido até então; e que pode caminhar em direção à transformação que seu coração tanto almeja.
O que perturba não é o fato de estarmos em transformação, e sim no quê estamos nos tornando; não é problema o estarmos em movimento, precisamos saber para onde estamos nos movendo. Pois não está na natureza humana mover-se num plano horizontal; ou estamos subindo ou descendo, alçando vôo ou afundando. Quando um ser moral (com o poder de escolha) se desloca de uma posição a outra, necessariamente é para o melhor ou para o pior.
Isto é confirmado por uma lei espiritual revelada no Apocalipse: "Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se" (Ap 22.11).
Não só estamos todos num processo de transformação, mas estamos nos tornando naquilo que amamos. Em grande medida, somos a somatória de tudo que amamos e, por necessidade moral, cresceremos na imagem daquilo que mais amamos; pois o amor, entre outras coisas, é uma afinidade criativa; muda, molda, modela e transforma. É sem dúvida o mais poderoso agente que afeta a natureza humana depois da ação direta do Espírito Santo dentro da alma.
O objeto do nosso amor, então, não é um assunto insignificante a ser desprezado. Pelo contrário, é de importância atual, crítica e permanente. É profético do nosso futuro. Mostra-nos o que seremos e, desta forma, prediz com precisão nosso destino eterno.
Amar objetos errados é fatal para o crescimento espiritual; torce e deforma a vida e torna impossível a imagem de Cristo se formar na alma humana. É somente quando amamos as coisas certas que nós mesmos podemos estar certos; e é somente enquanto continuamos amando-as que podemos nos deslocar lenta, mas firmemente, em direção aos objetos da nossa afeição purificada.
Isto nos dá em parte (e somente em parte) uma explicação racional para o primeiro e grande mandamento: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento" (Mt 22.37).
Tornar-se semelhante a Deus é, e precisa ser, o supremo objetivo de toda criatura moral. Esta é a razão da sua criação, a finalidade sem a qual não existiria nenhuma desculpa para sua existência. Deixando de fora, no momento, aqueles estranhos e belos seres celestiais a respeito dos quais conhecemos tão pouco (os anjos), concentraremos nossa atenção na raça caída da humanidade. Criados originalmente na imagem de Deus, não permanecemos no nosso estado original, deixamos nossa habitação apropriada, ouvimos os conselhos de Satanás e andamos de acordo com o curso deste mundo e com o espírito que agora opera nos filhos da desobediência.
Mas Deus, que é rico em misericórdia, com seu grande amor com que nos amou, mesmo quando estávamos mortos em nossos pecados, proveu-nos expiação. A suprema obra de Cristo na redenção não foi salvar-nos do inferno, mas restaurar-nos à semelhança de Deus, ao propósito declarado em Romanos 8: "Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho" (Rm 8.29).
Embora a perfeita restauração à imagem divina aguarda o dia do aparecimento de Cristo, a obra da restauração está em andamento agora. Há uma lenta, porém firme, transmutação do vil e impuro metal da natureza humana para o ouro da semelhança divina, que ocorre quando a alma contempla com fé a glória de Deus na face de Jesus Cristo ( 2 Co 3.18).
Supremo Amor a Deus
Neste ponto, seria proveitoso antecipar uma dificuldade e tentar esclarecê-la. É a questão que surge de um conceito errado sobre o amor. Este conceito errado pode ser definido mais ou menos assim: O amor é volúvel, imprevisível e quase totalmente fora do nosso controle. Surge espontaneamente e tanto pode perdurar como apagar-se sozinho. Como, então, podemos controlar nosso amor? Como podemos direcioná-lo para objetos mais ou menos dignos? E, especialmente, como podemos obrigá-lo a focalizar-se em Deus como o objeto apropriado e permanente da sua devoção?
Se o amor fosse, de fato, imprevisível e além do nosso controle, estas perguntas não teriam respostas satisfatórias e nossa perspectiva seria desoladora. A simples verdade, entretanto, é que o amor espiritual não é esta emoção caprichosa e irresponsável que as pessoas pensam erroneamente que é. O amor é servo da nossa vontade e sempre terá de ir para onde for enviado e fazer o que lhe foi ordenado.
A expressão romântica "apaixonar-se" nos deu a noção que somos obrigatoriamente vítimas das flechas do Cupido e que não podemos ter controle algum sobre nossos sentimentos. Os jovens hoje esperam se apaixonar e ser arrebatados por uma tempestade de emoções deliciosas. Inconscientemente, estendemos este conceito de amor à nossa relação com o Criador e nos perguntamos: Como podemos nos obrigar a amar a Deus acima de todas as coisas?
A resposta a esta pergunta, e a todas as outras relacionadas a ela, é que o amor que temos por Deus não é o amor do sentir, mas o amor do querer. O amor está dentro do nosso poder de escolha, de outra forma não teríamos na Bíblia a ordem de amar a Deus, nem teríamos de prestar contas por não amá-lo.
A mistura do ideal de amor romântico com o conceito de como nos relacionar com Deus foi extremamente prejudicial às nossas vidas cristãs. A idéia de que é necessário "apaixonar-se" por Deus, como algo passivo da nossa parte, fora do nosso controle, é uma atitude ignóbil, antibíblica, indigna da nossa parte e que certamente não traz honra alguma ao Deus Altíssimo. Não chegamos ao amor por Deus através de uma repentina visitação emotiva. O amor por Deus vem do arrependimento, de um desejo de mudar o rumo da vida e de uma determinação resoluta de amá-lo. À medida que Deus entra de maneira mais completa no foco do nosso coração, nosso amor por ele pode, de fato, expandir-se e crescer dentro de nós até varrer, qual enchente, tudo que estiver à sua frente.
Mas não devemos esperar por esta intensidade de sentimento. Não somos responsáveis por sentir, somos responsáveis por amar, e o verdadeiro amor espiritual começa com o querer. Devemos fixar nosso coração para amar a Deus acima de todas as coisas, por mais frio ou duro que este possa estar, e depois confirmar nosso amor através de cuidadosa e alegre obediência à sua Palavra. Emoções prazerosas certamente seguirão. Cânticos de passarinhos e flores não produzem a primavera, mas quando a primavera chega todos estes sinais a acompanharão.
Agora, apresso-me em negar qualquer identificação com a idéia popular de salvação por esforço humano ou força de vontade. Estou radicalmente oposto a toda forma de doutrina, com "capa" cristã, que ensina a depender da "força latente dentro de nós", ou a confiar em "pensamento criativo" no lugar do poder de Deus. Todas estas filosofias infundadas falham exatamente no mesmo ponto – por presumirem erroneamente que a correnteza da natureza humana possa ser levada a voltar e subir as cataratas no sentido contrário. Isto é impossível. "A salvação vem do Senhor."
Para ser salvo, o homem perdido precisa ser alcançado pelo poder de Deus e elevado a um nível superior. Precisa haver uma transmissão de vida divina no mistério do novo nascimento, antes de poder aplicar à sua vida as palavras do apóstolo: "E todos nós, que com a face descoberta contemplamos a glória do Senhor, segundo a sua imagem estamos sendo transformados com glória cada vez maior, a qual vem do Senhor, que é o Espírito" (2 Co 3.18, NVI).
Ficou estabelecido aqui, espero, que a natureza humana está num processo de formação e que vai progressivamente se transformando na imagem daquilo que ama. Homens e mulheres são amoldados por suas afeições e poderosamente afetados pelo desenho artístico daquilo que amam. Neste mundo adâmico e caído, isto produz diariamente tragédias de proporções cósmicas. Pense no poder que transformou um garotinho inocente, de bochechas rosadas, num Nero ou num Hitler. E Jezabel, será que sempre foi a mulher maldita cuja cabeça nem os cachorros quiseram comer? Não! No princípio, ela também sonhou com a pureza de uma garotinha e se enrubescia ao pensar no amor sentimental; mas logo ficou atraída por coisas perversas, admirava-as e finalmente passou a amá-las. Aí a lei da afinidade moral tomou conta e Jezabel, como argila na mão do oleiro, se tornou aquele ser deformado e odioso que os eunucos jogaram pela janela (2 Rs 9.30-37).
Objetos Morais Dignos do Nosso Amor
Nosso Pai celestial proveu para seus filhos objetos morais e dignos de serem admirados e amados. São para Deus como as cores no arco-íris em volta do trono. Não são Deus, porém estão mais próximos a Deus; não podemos amá-lo sem amar estas coisas e à medida que as amarmos, seremos capacitados a amá-lo ainda mais. Quais são elas?
A primeira é justiça. Nosso Senhor Jesus amava justiça e odiava iniqüidade (Hb 1.9). Por esta razão, Deus o ungiu com o óleo da alegria acima de todos seus companheiros. Aqui temos um padrão definido. Amar implica também em odiar. O coração atraído à justiça será repelido pela iniqüidade no mesmo grau de intensidade; esta repulsão moral é ódio. A pessoa mais santa é aquela que mais ama a justiça e que odeia o mal com o ódio mais perfeito.
Depois vem a sabedoria. Temos a palavra "filosofia", que vem dos gregos e significa o amor à sabedoria; porém os profetas hebreus vieram antes dos filósofos gregos e seu conceito de sabedoria era muito mais elevado e espiritual do que qualquer coisa que se conhecesse na Grécia. A literatura da sabedoria no Velho Testamento – Provérbios, Eclesiastes e alguns dos Salmos – pulsa com um amor à sabedoria desconhecido até por Platão.
Os escritores do Velho Testamento colocam a sabedoria num plano tão elevado que às vezes mal conseguimos distinguir a sabedoria que vem de Deus da sabedoria que é Deus. Os hebreus anteciparam por alguns séculos o conceito grego de Deus como a essência da sabedoria, embora seu conceito da sabedoria fosse mais moral do que intelectual. Para os hebreus, o homem sábio era o homem bom e piedoso, e sabedoria na sua maior nobreza era amar a Deus e guardar seus mandamentos. O pensador hebreu não conseguia separar sabedoria de justiça.
Um outro objeto para o amor cristão é a verdade. Aqui também teremos dificuldade em separar a verdade de Deus da sua pessoa. Cristo disse: "Eu sou a verdade", e ao dizer isso, uniu verdade com a divindade de forma indissolúvel. Amar a Deus é amar a verdade, e amar a verdade com ardor constante é crescer em direção à imagem da verdade e afastar-se da mentira e do erro.
Não é necessário tentar relacionar todas as outras coisas boas e santas que Deus aprovou como nossos modelos. A Bíblia as coloca diante de nós: misericórdia, bondade, pureza, humildade, compaixão e muitas outras, e aqueles que forem ensinados pelo Espírito saberão o que fazer a respeito delas.
Em síntese, devemos amar e cultivar interesse em tudo que é moralmente belo. Foi por isto que Paulo escreveu aos filipenses: "Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas" (Fp 4.8).

Irmãos em Cristo Jesus.

Irmãos em Cristo Jesus.
Mt 5:14 "Vós sois a luz do mundo"