Jesus disse aos discípulos, "Eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto". E então rapidamente acrescenta essas palavras solenes: "E o vosso fruto permaneça" (João 15:16).
As palavras de Cristo aqui se aplicam a todos os Seus discípulos, em todas as eras. Ele está nos dizendo essencialmente: "Assegure-se de que o teu fruto se manterá até o dia do Juízo".
A palavra "fruto" quer dizer realizar a obra e o ministério de Cristo aqui na terra. Como crente, fui escolhido e ordenado a ir por todo o mundo e pregar o evangelho de Cristo. E mais, como ministro desse evangelho, sou chamado a fazer e a treinar discípulos reais.
Ora, existe algo que é a falsa conversão. Jesus adverte os fariseus: "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós!" (Mateus 23:15).
Essas palavras são fortes, mas vêm do próprio Senhor. E Jesus endereça tais palavras a judeus zelosos, que promoviam o proselitismo. Eram estudiosos da Bíblia, homens que conheciam as escrituras.
Pode-se perguntar: "Como isso que Jesus diz aqui pode ser possível? Como alguém que busque converter os outros, pode fazer com que os perdidos sejam colocados numa situação ainda pior?".
Jesus responde isso. Quando Ele grita, "Hipocrisia!", está afirmando aos fariseus, "O teu fruto é mal". E os previne, "Sofrereis juízo muito mais severo!" (23:14).
Os fariseus aos quais Jesus se dirigia estavam mais interessados em números, do que em ver uma obra real de conversão acontecendo no coração das pessoas. Jesus lhes dizia, na verdade:
"Vocês estão fechando os céus para os seus assim chamados 'convertidos'. E isso acontece porque vocês não têm uma palavra de Deus em suas próprias vidas. Vocês chegam a esforços extremos ao planejar fazerem convertidos. Porém, em verdade, estão fechando os céus às pessoas que alcançam".
Tragicamente, vemos o mesmo espírito conduzindo muitas pessoas na igreja hoje. Me pergunto se Jesus diria algo similar a muitos dos pastores encarregados da casa de Deus: "Vocês percorrem céus e terras atrás de novos conceitos, idéias, programas. E tudo para trazer gente às suas igrejas. Vocês foram picados pela hipocrisia dos números. Medem o sucesso pela quantidade de corpos sentados nos bancos".
Posso lhe dizer que nem todo aquele em nossa igreja em Times Square que chama a si próprio de cristão é realmente um crente convertido e salvo. Ao mesmo tempo, posso assegurar que se tais indivíduos chegarem aqui e acabarem sendo duas vezes mais filhos do inferno, não será por causa do que ouviram do púlpito. Não será devido a uma mensagem incompleta do evangelho. Não - será porque rejeitaram a verdade vinda do Espírito Santo, produtora de convencimento Eu pergunto: onde estão os pastores que não aceitarão abrandar a mensagem em favor do Altíssimo? Onde estão os pregadores tão profundamente entregues a Cristo, que por isso pregam aos reis a mesma mensagem que pregam aos pobres e desprezados?
Tremo em pensar que é possível que eu, ou qualquer outro pregador do evangelho, bloqueie os céus e leve os "convertidos" a se tornarem filhos do inferno duas vezes mais. Mas isso está acontecendo hoje, tudo devido à necessidade que alguns ministros têm de serem amados e louvados pelos outros. Eles comprometem a verdade a fim de serem aceitos pelo mundo.
Jesus se referiu a isso. Ele reuniu os discípulos, e "na presença" de todas as pessoas, fez uma repreensão mordaz aos escribas religiosos:
"Guardai-vos dos escribas, que gostam de andar com vestes talares e muito apreciam as saudações nas praças, as primeiras cadeiras nas sinagogas e os primeiros lugares nos banquetes" (Lucas 20:46).
Resumidamente, Ele estava dizendo ao povo: "Cuidado com os pastores que adoram os louvores e elogios dos homens. Atenção com os que andam com suas Bíblias e amam a afeição e o aplauso das pessoas. Guardem-se dos líderes religiosos que querem a aprovação da sociedade".
Uma igreja que seja aceita e aprovada pelo mundo é um oxímoro, uma contradição. É uma impossibilidade. De acordo com Jesus, toda igreja que é amada pelo mundo é do mundo, e não de Cristo:
"Se vós fosseis do mundo, o mundo amararia o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia" (João 15:19).
A minha vida foi muito influenciada pelos escritos de George Bowen, um missionário presbiteriano que trabalhou na Índia de 1838 a 1879. Bowen abriu mão de todo sustento missionário para viver em cortiços e favelas como os moradores locais. Teve uma existência muito frugal, quase em pobreza. Contudo devido a essa escolha, deixou um testemunho do real poder de se viver em Cristo.
Esse piedoso homem advertiu quanto à chegada de um espírito de anticristo. Ele identificou esse espírito de anticristo como sendo "o espírito da sociedade moderna". Segundo Bowen, esse espírito de anticristo iria se infiltrar na igreja Protestante com a mentalidade, os métodos e a ética e moral da sociedade maior.
O espírito de anticristo iria continuar com sua influência até que a sociedade e a igreja não pudessem mais ser diferenciadas. Com o passar do tempo, o mundo iria perder o ódio pela igreja de Cristo e pelos crentes. Iria parar a perseguição, e a igreja seria amada e aceita pelo mundo. Uma vez isso ocorrido, diz Bowen, esse espírito de anticristo teria assumido o trono.
Vários meses atrás, quando as portas do Iraque estavam prestes a serem abertas às organizações cristãs de ajuda, o jornal New York Times trouxe um artigo derrogatório. Isso se pode esperar da imprensa liberal e secular. Eles poderiam aplaudir a distribuição de alimentos no Iraque, mas certamente não a pregação de Cristo.
Mas o artigo citava um intelectual evangélico que criticava todo o empreendimento. Ele censurava inteiramente o projeto, dizendo que a igreja devia cuidar da própria vida. Esse homem da Bíblia estava na realidade embaraçado porque a igreja estaria evangelizando. Essa é a mentalidade mundana!
Vamos encontrar inimigos em todos os lugares - pessoas que se oporão em nosso trabalho, na vizinhança, até em algumas igrejas - por que estamos cumprindo a missão de Cristo.
Mais uma vez Jesus avisa: "Ai de vós, quando todos vos louvarem! Porque assim procederam seus pais com os falsos profetas" (Lucas 6:26). Quero lhe perguntar: o mundo está louvando você? Você é o grande amado por toda a cidade? Todos lhe louvam nos eventos seculares? Você é politicamente correto em suas interações? Os prefeitos, os dignitários e os famosos ficam à vontade em sua presença? Então ouça as palavras de Jesus para você: "Tem alguma coisa de falso em seu testemunho".
O próprio Jesus deixa claro: se alguma igreja estiver se movendo no poder do Espírito Santo e cumprindo a missão como Ele ordenou, então essa igreja será odiada e perseguida pelo mundo. Como Paulo, o pastor será considerado escória do mundo. E a igreja será odiada pelos políticos e líderes ímpios da sociedade. Também será espezinhada pelos homossexuais, pornográficos, e mais do que tudo pelos líderes religiosos apóstatas que estão espiritualmente mortos.
Mas Jesus diz a essa igreja:
"Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram os profetas que viveram antes de vós" (Mateus 5:10-12).
Um cristão de verdade é amoroso, pacífico, perdoador e atencioso. Os obedientes às palavras de Jesus são abnegados, mansos e bons.
Agora, a sabedoria comum diz que não é natural odiar quem lhe ama, bendiz, e ora por você. Pelo contrário, as pessoas odeiam quem as agride, rouba e xinga. Então, por que os cristãos são tão odiados?
Jesus diz simplesmente: "Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim...Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros" (João 15:18,20). Por quê é assim?
A igreja, e todo ministro e crente dela são odiados devido à sua missão. Veja, a nossa missão é muito mais do que dizer aos perdidos, "Jesus te ama". É mais do que tentar acomodar e apaziguar pessoas.
Você pode se surpreender quando eu lhe lembrar qual é a nossa missão. Em termos simples, a nossa missão enquanto cristãos é remover dos ímpios aquilo que lhes é mais precioso: a autojustificação. É lhes trasladar a uma liberdade que eles julgam ser escravidão. É separá-los dos pecados malditos, uma bênção que vêem como tédio e tristeza.
A coisa mais preciosa a uma pessoa do mundo é a sua autojustificação. Pense nisso: ela passou a vida toda formando uma opinião boa sobre si mesma. Construiu um ídolo em honra às suas boas obras. Ela elogia a si mesma por realmente ter um coração tão benigno, e ser boa para com os outros. Simplificando, construiu sua própria Torre de Babel, um monumento à própria bondade. Está certa de que é suficientemente boa para o céu, e boa demais para o inferno.
Esse ímpio passou anos golpeando a consciência, e minimizando-a. Ensinou a si próprio a silenciar qualquer tipo de voz que possa lhe convencer de algo. E agora desfruta de uma paz falsa. Ficou tão iludido, que realmente crê que Deus o admira!
E então, bem quando ele bloqueou a voz da consciência, você, um cristão, chega. E a verdade que você traz, fala mais alto que a consciência morta dele: "Se você não nascer de novo, não entrará no reino dos céus".
De repente, você é uma ameaça na mente desse homem; você é alguém que quer privá-lo da segurança de que tudo está bem com a alma dele. Todo esse tempo ele achou que estava ótimo. Mas agora você está lhe dizendo que todas as boas obras dele são como trapos de imundície.
Posso lhe dizer que esse homem não o vê como alguém trazendo boas notícias. Não, aos olhos dele você é um tormento, alguém que veio para lhe tirar o sono Tais pessoas acham que estão nas boas graças de Deus simplesmente por aparecerem na igreja. Ainda assim criaram seu próprio conceito de quem Cristo é. O seu cristo é alguém igual a eles. E esse cristo não é formado pela palavra de Deus, mas por sua própria cegueira.
Agora você chega e diz que sem arrependimento e sem uma real mudança de vida eles são rebeldes.Você diz que a integridade que eles mesmos produziram é abominação a Deus. E, ao invés de estar sob o favor de Deus, estarão sob a Sua ira se continuarem no pecado.
Você chega pregando o sangue de Cristo, o novo nascimento, separação do mundo, um andar de submissão e obediência. Mas está dizendo tudo isso a pessoas convencidas de que não precisam de nada. Eles não podem conceber como essas transformações podem de alguma maneira trazer paz e felicidade. Para eles, isso soa como um deserto árido e vazio.
Alguns pastores lendo isso podem objetar, "Essa não é a minha missão de jeito algum. Eu jamais iria provocar uma confrontação assim". Outros podem dizer, "Fui chamado para trazer o evangelho do amor e da graça. Assim, prego uma mensagem que não traz controvérsias".
Não posso falar por outros pastores; só posso dizer o que sei. E por cinqüenta anos tenho pregado aos pecadores mais endurecidos e corrompidos do mundo: viciados, alcoólatras, prostitutas. Contudo, lhe digo, tais pecadores são muito menos resistentes à verdade do evangelho que muitos que se sentam nos bancos de igreja, e estão cegos em relação à sua situação.
Milhares de assim chamados crentes por todo o país são mais endurecidos que qualquer pessoa das ruas. E não tem evangelho suave, macio, dividido, que consiga romper as muralhas dessa impiedade.
Saulo de Tarso era um destes homens religiosos endurecidos. Um fariseu dentre os fariseus, uma imagem de correção dentro de uma sociedade altamente religiosa, Saulo era tudo isso. E então? Será que Jesus chegou até esse homem fazendo pesquisa, perguntando o que ele gostaria de assistir num culto da sinagoga? Não! Saulo foi lançado ao solo por uma luz que o cegou, uma explosão total da presença de Cristo. Foi um encontro penetrante e de confrontação que expôs o coração de Paulo, apontando em detalhes o seu pecado.
Como ministro do evangelho de Cristo, devo fazer igual. É meu ofício convencer homens e mulheres do pecado. Devo alertá-los quanto ao perigo que os espera se continuarem em seus caminhos. E nenhum elogio, sutileza, tenuidade, ou fazer com que gostem de mim, lhes mudará a situação.
Em termos simples, sou chamado a levar as pessoas a largarem tudo para seguirem um Cristo que eles acham não atraente. Só o Espírito Santo em mim pode conseguir isso.
Não entenda mal o que estou dizendo aqui. Prego a misericórdia, a graça e o amor de Cristo a todas as pessoas. E o faço com lágrimas. Mas a única coisa que penetrará as muralhas levantadas por pessoas endurecidas é uma explosão da presença de Jesus. E isso tem de vir da boca de pastores e leigos contritos, homens e mulheres de oração.
Jesus Diz: "Dele (do mundo) vos escolhi" (João 15:19)
Esse versículo atinge exatamente o coração do motivo pela qual somos odiados. Quando fomos salvos, saímos "do mundo". E aceitamos nossa missão de insistir em que outros "saiam do mundo".
"Não sois do mundo...por isso, o mundo vos odeia" (João 15:19). Cristo está dizendo basicamente, "O mundo os odeia porque tirei vocês da situação em que estavam. E isso significa que tirei vocês da comunhão com ele. Porém, eu não os tirei apenas dele. Em seguida os enviei para que convocassem todos para saírem dele".
O espírito Protestante de anticristo opera para impedir esta separação dos cristãos em relação ao mundo. Faz com que pareça ser possível os crentes permanecerem no mundo, e mesmo assim verem-se a si mesmos como cristãos.
Pode-se perguntar: "O quê Jesus quer dizer exatamente quando diz 'o mundo'?".
Ele não está só falando da luxúria ímpia, do desespero por prazeres, da pornografia ou do adultério. Não, "o mundo" ao qual Cristo se refere não é uma lista de práticas más. Isso é só uma parte. Muitos muçulmanos "saíram" de todas estas coisas por pura força de vontade e medo de destruição.
"O mundo" do qual Jesus fala é a falta de disposição para se render ao Seu senhorio. Em resumo, mundanismo é toda tentativa de se mesclar Cristo com vontade própria.
Veja, quando nos submetemos ao senhorio de Cristo, nos apegamos a Jesus. E somos levados pelo Espírito Santo, passo a passo, a um caminhar de pureza e retidão. Começamos a valorizar a repreensão piedosa.
Ninguém Pode se Submeter ao Senhorio de Cristo Enquanto Não Enfrentar as Exigências da Cruz.
Me conscientizo dessa verdade toda vez que me levanto para pregar. Ao olhar do púlpito à platéia, dispersos entre crentes fiéis enfrento a cada semana pessoas não crentes que vieram pela primeira vez. Alguns são vitoriosos homens de negócios, que se fizeram por si próprios, cheios de ímpeto. Outros vêm de todos os caminhos da vida. Contudo todos estão oprimidos com pecados secretos. São pessoas que vivem como querem, sob nenhuma autoridade espiritual. Mas estão vazios e desiludidos. Se enjoaram da busca de prazeres que nunca satisfazem.
Eu poderia pregar a eles todo tipo de sermão sobre princípios e regras de comportamento, ou como lidar com stress, ou como tratar com o medo e a culpa. Mas nenhuma pregação dessas tira alguém "do mundo". Não muda o coração de ninguém.
Eu simplesmente tenho de dizer ao não crente que sua vontade própria, sua auto-suficiência, e sua teimosa luta para fazer tudo do jeito dele, irão destruí-lo. E no fim, leva-lo-ão ao tormento eterno.
Se eu não lhe trouxer essa mensagem, então para sempre terei bloqueado os céus para ele. E o terei feito duas vezes membro do inferno. A situação dele será pior do que antes de entrar por nossas portas.
Tenho de levar esse homem face a face à mensagem de ser crucificado à sua independência. Tenho de lhe mostrar que tem de sair do enganoso mundo da autobondade. Tenho de lhe dizer que inexiste maneira de haver paz em sua vida a não ser através da rendição total ao Rei Jesus. Se agir de outra maneira, estarei enganando esse homem. E terei cometido o terrível pecado do pior tipo de orgulho: o terei contado entre os "convertidos" para eu ficar bem. Que isso nunca aconteça!
Como ministro do evangelho de Jesus Cristo, sou obrigado a dizer a Sua verdade a todo aquele que verdadeiramente se arrependa: "Você será odiado e perseguido a partir de agora".
Jesus Uma Vez se Dirigiu Aos Ligados a Ele Aqui Na Terra e Disse: "Não Pode o Mundo Odiar-vos" (João 7:7)
Com essas terríveis palavras, Jesus nos dá o teste do tornassol (que determina a acidez ou alcalinidade de uma solução química- NT) da igreja e do discípulo genuínos. Me pergunto a quantas igrejas e a quantos cristãos essas palavras poderiam ser aplicadas hoje: "Não pode o mundo odiar-vos".
Cristo está dizendo na essência: "Vocês trouxeram o mundo de tal maneira para dentro da igreja - vocês diluíram tanto o meu evangelho - que o mundo abraça vocês. Vocês se tornaram amigos para o mundo". Tiago nos dá advertência em sua epístola: "A amizade do mundo é inimiga de Deus...Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus" (Tiago 4:4).
É claro que Jesus era amigo dos políticos e pecadores. Mas também está escrito que era "separado dos pecadores" (Hebreus 7:26). Ele ministrou a eles, mesmo como submissão ao Pai. Como Ele, somos chamados a estarmos no mundo, mas não a sermos dele.
"Lembrai-vos da palavra que vos disse...Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros" (João 15:20). Você não precisa procurar a perseguição. Ela não virá devido à sua performance profissional, ou devido à sua raça, ou aparência. Não, ela virá simplesmente porque você tornou Cristo o seu Senhor.
Que Deus tenha misericórdia do cristão a quem o mundo não odeia. E que Deus ajude o político que se declare por Cristo; o mundo irá odiá-lo e satanizá-lo.
Agora quero lhe dar uma palavra de encorajamento. Ainda que o mundo odeie e persiga os reais discípulos de Cristo, encontramos um amor crescente e uma afeição piedosa entre os membros de Sua igreja. Em verdade, aquilo que faz com que o mundo nos odeie, leva nossos retos irmãos e irmãs a nos abraçarem muito mais.
Nos dias que virão, o amor na casa de Deus se tornará mais valioso. Seremos odiados pelo mundo todo, zombados pela mídia, ridicularizados pelo cinema, escarnecidos por companheiros, objetos de riso por parte da sociedade. Mas ao entrarmos na casa de Deus, estaremos entrando num lugar de amor incrível, amando-nos uns aos outros como Cristo nos ama.
Não importará que perseguição enfrentamos. Seremos recebidos com essas palavras: "Bem vindo, irmão; bem vinda, irmã. Aqui você é amado". Teremos uma retaguarda para prosseguirmos segundo o comando do Senhor, com o evangelho genuíno.
Para a Edificação do Corpo de Cristo!! Mateus 5:9 Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos maduros de Deus.
sábado, 11 de outubro de 2008
Os Dois Reinos- David W Dyer
Antes que nos adiantemos neste livro, uma coisa deve ser esclarecida, se os leitores quiserem compreender bem esta mensagem: é que o “Reino dos Céus” não é a mesma coisa que “o céu”. Deixe-me dizer de novo: quando o Novo Testamento usa a frase “o Reino dos Céus”, não está se referindo ao céu propriamente dito. Em vez disso, está se referindo ao Reinado Milenar sobre o qual estamos falando. É fácil cometer tal engano se não lemos a Bíblia cuidadosamente. Já que muitos crentes têm escutado uma enorme quantidade de ensino e de pregações sobre o céu como nosso destinação, é fácil ler sobre o “Reino dos Céus” e, automaticamente, pensar em “céu”. Entretanto, conforme veremos neste livro, esta frase tem um significado diferente e muito importante. Quando estamos tentando compreender a Bíblia, é essencial sermos cuidadosos para não admitir qualquer coisa ou não sermos guiados por idéias pré concebidas. Se queremos realmente compreender o Reino de Deus, é essencial que sejamos capazes de permitir que a Palavra de Deus nos corrija, mesmo quando ela contradiz noções apreciadas por nós.
Talvez o elemento de confusão na frase “o Reino dos Céus” seja a expressão “dos Céus”. O que esta expressão realmente quer dizer é que o Reino terreno vindouro tem sua origem no céu – que ele é celestial em sua natureza e conteúdo. Então, é um reino “DO” céu e não “NO” céu. Não é o céu sobre o qual a Bíblia fala em outros lugares. Deus reina supremo no céu. O céu é o local de Sua autoridade – o ponto de onde Ele governa todo o Universo. As palavras “dos céus” então, estão se referindo à fonte deste reino sobre o qual Jesus testificou. É o lugar de onde o Reino está vindo e não o destino para onde iremos.
Novamente, a oração que Ele ensinou os discípulos a orar mostra claramente o quadro: “O Teu Reino venha a nós, assim na Terra, como ele é nos Céus”. (Mat 6:10) A oração de Jesus era para que o Reino do Pai fosse totalmente manifesto na Terra. Então nós vemos que, embora o Reino dos Céus seja celestial na origem e no caráter, ele não é a mesma coisa que “o céu”. Ao invés disto, se refere a o Milênio.
É interessante notar que, de todos os escritores do Novo Testamento, apenas Mateus usa a frase “O Reino dos Céus”. Todos os outros escritores usam a frase “o Reino de Deus”. Nos quatro Evangelhos, quando os escritores estão citando as mesmas parábolas de Jesus, Mateus usa “O Reino dos Céus” e os outros três dizem:
“O Reino de Deus”. Isto nos mostra que estes termos são usados alternadamente na Palavra inspirada. Não há diferença entre eles. Tal observação reforça a idéia de que “O Reino dos Céus” não é o “céu”, mas o Reino de Deus que virá a esta Terra quando Jesus voltar. A importância da distinção entre ‘Reino dos Céus” e “céu” aparece quando lemos as parábolas nas quais Jesus ensinou sobre este reino. Se aplicarmos as “parábolas do Reino” para “o céu”, então poderemos chegar a alguma confusão e mesmo a idéias erradas. Mas, quando as aplicamos corretamente ao terrestre Reino Vindouro de Jesus Cristo, a verdade de Deus se torna muito mais clara. Isto é exatamente o que estaremos fazendo nos próximos capítulos deste livro.
As pessoas judias que estavam ouvindo o ensinamento de Jesus não tinham problema algum em entender que Ele estava se referindo ao um Reino terreno. Pelo contrário, muitos deles tinham dificuldade em imaginar os aspectos espirituais dele. Por séculos, eles haviam esperado pelo Rei Messias que os libertaria da escravidão.
Conheciam muito bem a profecia das Escrituras que viria Um para sentar-se no Trono de Davi pra reinar sobre eles (Is 9:7). Quando Herodes questionou os escribas sobre o lugar do nascimento do Messias, eles sabiam a exata localização. A vinda de um rei para estabelecer um Reino terreno não era segredo para eles. Era exatamente o que eles estavam esperando. O que não compreenderam é que a profecia da vinda de Jesus consistia em dois eventos. Houve a primeira vinda e haverá uma segunda –aquela para a qual todos os verdadeiros crentes estão olhando. E é nesta segunda vinda que Ele vai estabelecer Seu Reino terreno, físico.
DOIS ASPECTOS DO “REINO”.
O que os judeus não compreenderam então, mas que sabemos agora, é que estas duas vindas de Cristo correspondem aos dois aspectos do Reino de Deus. Primeiro, há a atual experiência espiritual do Reino, na qual os cristãos podem entrar e, segundo, há a vindoura manifestação exterior do Reino nesta Terra. Hoje podemos experimentar o Reino espiritualmente e algum dia, muito breve, ele estará vindo para a Terra fisicamente. Por outro lado, referindo-se ao primeiro, Jesus disse: “Meu Reino não é deste mundo” (João 18:36). Mas, por outro lado, as Escrituras dizem: “Os reinos deste mundo se tornaram os reinos de Nosso Senhor e do Seu Cristo” (Ap 11: 15). Embora o aspecto espiritual do Reino anunciado no primeiro advento de Cristo e a visível manifestação dele, que começará com a segunda vinda, sejam separados por 2000 anos, eles têm muito em comum. De fato, são inseparáveis e completamente inter relacionados. Para transmitir uma clara compreensão destas duas facetas do Reino de Deus, talvez seja necessário falar primeiro sobre o que é um reino. Um reino é uma certa área geográfica que é governada por um rei. Um reino é também um grupo de pessoas que são sujeitas à vontade e às ordens de um determinado rei. Realmente estas duas definições se ajustam exatamente aos dois reinos sobre os quais estávamos falando.
Com a Sua primeira vinda, Cristo reuniu um povo para Si. Com a segunda, Ele estabelecerá Sua legítima soberania sobre este mundo. Seu primeiro advento introduziu a afirmação de seu senhorio sobre os corações e as vidas dos homens que desejam submeter-se a Ele e o segundo introduzirá a afirmação de Sua realeza sobre todos os habitantes da Terra.
Na maioria dos países hoje, as pessoas têm um certo problema em compreender o conceito de “rei”. Há muito poucos governantes hoje que reivindicam ser reis e aqueles que o fazem (exceto talvez no Oriente Médio) presentemente, exercem muito pouco poder. A idéia de se inclinar diante de alguém e ser obediente ao seu menor desejo é estranha a nós, se não mesmo repulsiva. O simples pensamento de não estar no controle de suas próprias vidas, nem mesmo entra na cabeça de muitos homens. Nós, especialmente, nos Estados Unidos, estamos acostumados à liberdade e qualquer “rei” que se apresente terá alguma dificuldade em impor sua influência sobre nós. Que triste! Tal é a situação com Jesus Cristo e grande parte de Sua Igreja hoje. Nós, o Seu povo, legitimamente pertencemos a Ele, mas somos muito pouco submissos à Sua autoridade.
Talvez uma palavra que possa descrever melhor o que a palavra bíblica “rei” deveria significar para nós, seja a palavra “ditador”. Esta é uma palavra com a qual o nosso mundo pode se relacionar. Ela nos traz a idéia de um homem que exerce o poder absoluto. Sua palavra é a lei e ninguém ousa desobedecê-lo. Isto é o que a Bíblia realmente quer dizer quando usa a palavra “rei”. (A palavra “senhor”, por falar nisso, tem um significado parecido) Embora “ditador” possa nos trazer a idéia de repugnância ou crueldade enquanto que nosso rei Jesus não é assim, o conceito de poder absoluto e autoridade é exatamente correto. Deus fez este mesmo Jesus que foi crucificado, Rei e Senhor. De fato, Ele é o Rei dos Reis e o Senhor dos Senhores (Ap 19:16). É a Ele que devemos nos submeter e a Ele que devemos obedecer.
Agora, com isto em mente, podemos falar um pouco sobre o Reino de Deus. O Reino de Deus ou o Reino dos Céus, é a esfera sobre a qual se estende a autoridade de Deus. Ele consiste no território e nos seres sobre os quais Ele reina. Nós acreditamos que a maior parte do Universo se encaixa nesta categoria. Uma exceção é esta Terra e a maioria das pessoas que vivem nela. A Bíblia nos ensina que este mundo está atualmente nas mãos do diabo e que ele é um príncipe sobre ela e sobre os seus habitantes (Jo 14:30). Embora Jesus o tenha derrotado na cruz, esta vitória ainda não foi completamente manifesta. Deus está agora no processo de estabelecer sua legítima autoridade sobre este mundo. Quando Jesus voltar, o diabo será acorrentado por mil anos (Ap 20: 1 a 3) e Jesus reinará supremo sobre toda a Terra.
Conforme mencionado anteriormente, o primeiro lugar sobre o qual Ele está começando a reinar e a área na qual Ele está trabalhando hoje é nos corações e nas vidas dos homens e das mulheres. Através dos acontecimentos em Seu primeiro advento, Jesus Cristo demonstrou Seu direito de transferir as pessoas deste reino de trevas para Seu próprio reino de luz. Ele redimiu a humanidade com Seu próprio sangue precioso e nos comprou para Sua própria posse. Enquanto que antes éramos obedientes ao mau soberano deste século, agora não mais precisamos nos sujeitar a ele. Jesus nos libertou. Embora fôssemos de Deus, porque foi Ele quem nos fez, Satanás usurpou esta autoridade no Jardim do Éden através da tentação de Adão e Eva. Agora Jesus Cristo está no processo de nos recuperar desta queda e de restabelecer Sua realeza sobre o Seu povo. Aleluia!
NOSSA VONTADE É ESSENCIAL
Há, entretanto, um aspecto muito interessante no Reino de Cristo, ao qual devemos prestar cuidadosa atenção. Jesus só reinará sobre aqueles que desejarem. Ele será rei apenas daqueles que o quiserem como Rei. Quando Ele veio em pessoa aos judeus em Israel, a maioria o rejeitou. A um certo ponto, os líderes deles (que supostamente deveriam estar esperando o Messias), declararam: “Não temos outro rei além de César.” (Jô 19:15). E ainda é assim hoje. Nós podemos aceitar ou rejeitar a soberania de Jesus Cristo. Mas está chegando o dia em que esta opção terminará. Quando Jesus Cristo vier de novo, as Escrituras nos dizem que : “todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor” (Fil 2:10,11). Nesta ocasião Ele, poderosamente, subjugará toda a Terra e todos os seus habitantes para Si mesmo (Lucas 19:27).
Hoje em dia, nos círculos evangélicos, uma pessoa pode ouvir muitos pregando coisas como “aceitar Jesus”, “confiar em Jesus” ou “pedir a Jesus que entre em sua vida”. Estas coisas são verdadeiras, corretas e boas. Porém, isto não é a história completa. O que parece estar faltando neste tipo de pregação é que, quando recebemos a Jesus, nós o recebemos por aquilo que Ele é – Rei e Senhor. Quando os primeiros discípulos pregaram, eles pregaram o “Senhor” Jesus Cristo. Eles proclamaram um Cristo que desejava completa fidelidade, que pedia um total compromisso para o resto de suas vidas e que requeria uma completa separação daquilo que não estava em Seu reino. Este é o motivo pelo qual eles viram resul-tados tão maravilhosos. Aqueles pregadores não enfatizavam o que Cristo podia fazer pelas pessoas, mas eles anunciavam qual era a responsabilidade do povo para com Deus. Eles sabiam quem era Jesus. Ele era o Rei prometido muito tempo atrás e eles foram suficientemente sábios para se submeterem totalmente a Ele. Como precisaríamos de uma boa dose deste tipo de pregação hoje! Como necessitamos seguir o exemplo deles! Esta é uma explicação do porquê temos hoje tantos convertidos ao cristianismo que são indiferentes e insinceros. Nós lhes dizemos coisas como: “Se você aceitar Jesus, Ele vai fazer você feliz e vai fazer você se sentir bem e ajudar você em sua vida”. Jesus, por outro lado, pregava: “Arrependei-vos (mudança total no modo de pensar e de viver), pois o Reino dos Céus está disponível”. Este é o problema. Quando levamos alguém a aceitar Jesus sem esclarecer bem para elas o compromisso total que é requerido, no princípio as coisas podem ir bem, mas mais cedo ou mais tarde, Jesus começará a cobrar Sua legítima soberania sobre a vida deles. Como estes convertidos não foram preparados para nada semelhante a isto, muitas vezes eles acabam deixando de andar com Ele. Ou muitas vezes aí começa uma longa e dolorosa luta com Deus sobre quem deve governar suas vidas. Poderíamos facilmente poupar as pessoas deste problema simplesmente lhes dizendo a verdade desde o princípio. Vamos dizer francamente a elas que nem deveriam começar a construir uma torre sem antes se sentar e fazer os cálculos completos dos custos. Tenho receio de que nós simplificamos demais o evangelho para conseguir “um grande número” de “salvos”, quando, na realidade, não estamos prestando serviço algum, seja a Deus, seja a eles. É também muito fácil imunizar convertidos com o Cristianismo fácil, tornando muito mais difícil para eles imaginar a verdade.
Este então, é o evangelho do Reino. É o Evangelho que Jesus pregou. Nós devemos nos arrepender porque existe um Reino espiritual que tem sido anunciado, no qual Deus deve ter controle absoluto sobre cada aspecto de nossas vidas. Ele deve governar nossas mentes, nossas emoções e nossa vontade. Nossos corpos devem ser Dele para serem usados para promover Seus planos e propósitos. Nosso dinheiro, nosso futuro, nossas esperanças e nossos sonhos, todas essas coisas têm que estar completamente submissas à autoridade de nosso Rei. Além disso, existe uma manifestação terrena, visivel, deste Reino que breve virá a esta Terra, do qual nós faremos parte, se assim o desejarmos. Realmente, não há outro Evangelho. Embora usualmente se ouça outros aspectos dele, isto é o que verdadeiramente a Bíblia ensina.
O Reino de Deus hoje é um Reino espiritual, interior. É um Reino que não vem com visível aparência (Lucas 17:20,21). Isto quer dizer que ele ainda não foi manifesto externamente. A sujeição do coração de um homem a Jesus Cristo é uma coisa escondida. Para entrar neste reino que é de natureza espiritual, se requer primeiramente o novo nascimento espiritual. Assim como nascemos fisicamente para entrarmos neste mundo, assim também necessitamos nascer de novo, do Espírito de Deus, para entrarmos no reino espiritual de Deus (João 3:5). Este novo nascimento requer um elemento de submissão a Deus. Para tê-lo, precisamos nos arrepender de nossos pecados e admitir o direito de soberania de Jesus sobre nossas vidas. No processo, Ele nos purifica de nossos pecados com o Seu precioso sangue e nos faz “um” com Deus.
Uma vez que entramos na esfera de Deus estar reinando sobre nós, é essencial que continuemos a nos submeter a Ele se quisermos continuar experimentando o atual reino de Deus. Infelizmente, depois de entrarmos no reino de Deus, também é possível nos rebelarmos contra Ele. Como foi mencionado anteriormente, Jesus hoje só reina sobre aqueles que desejam que Ele o faça. Assim como nossa entrada no Reino depende de nosso desejo de preencher certos requisitos, assim também nosso desejo contínuo é crucial se desejamos ser Seus súditos. Deus não forçará ninguém a aceita-lo. Se não quisermos que Ele seja nosso rei, Ele não o será. Todos nós devemos escolher.
Eu gostaria de enfatizar aqui que existe uma escolha que devemos fazer a cada dia, se não mesmo a cada minuto de cada dia. Existe uma constante batalha sendo travada. Satanás deseja manter controle sobre nossas vidas e nos manter submissos a ele. Infelizmente, ainda existe uma velha natureza dentro de nós, um produto de nosso primeiro nascimento natural, que se alinha com o diabo contra Deus. Mas Jesus Cristo conquistou tudo o que há dentro de nós e tudo o que está no mundo, o qual é a esfera do diabo. A nova vida com a nova natureza que nasceu dentro de nós tem poder para superar toda oposição. Dentro de nós existe um poder sobrenatural para derrotar Satanás e seu reino. O ponto essencial, entretanto, é a nossa vontade. Precisamos estar inteiramente desejosos de nos submeter a Deus. Se o fizermos, Ele nos dará poder para vencer. Se não o fizermos, seja conscientemente ou não, acabaremos sendo servos do diabo. Quantos cristãos estão neste barco! Eles pertencem a Deus mas, em suas vidas diárias, estão perseguindo as coisas deste mundo e o seu próprio prazer e assim se tornam escravos do soberano deste mundo. Oh, como nós, crentes, necessitamos nos submeter totalmente, sem reservas, ao nosso justo Senhor e Criador! Que vergonha é quando seguimos em frente ao nosso próprio modo e, que glória para Deus quando desejamos viver em Seu Reino e permitimos que Ele seja senhor de nossas vidas!
Assim, vemos que há dois aspectos do Reino de Deus. Há a presente realidade espiritual, da qual podemos fazer parte e há a vindoura manifestação terrena dela. Como já foi afirmado, nosso papel no Reino vindouro tem tudo a ver com a nossa participação no atual. Não seja enganado! Ninguém que sirva a si mesmo hoje, será recompensado amanhã. O Reino dos Céus que está por vir não se separa daquele que podemos experimentar hoje. Eles são realmente a mesma coisa. Eles têm um rei, um propósito e uma realidade. Eu peço a você: submeta-se a Deus hoje!
Talvez o elemento de confusão na frase “o Reino dos Céus” seja a expressão “dos Céus”. O que esta expressão realmente quer dizer é que o Reino terreno vindouro tem sua origem no céu – que ele é celestial em sua natureza e conteúdo. Então, é um reino “DO” céu e não “NO” céu. Não é o céu sobre o qual a Bíblia fala em outros lugares. Deus reina supremo no céu. O céu é o local de Sua autoridade – o ponto de onde Ele governa todo o Universo. As palavras “dos céus” então, estão se referindo à fonte deste reino sobre o qual Jesus testificou. É o lugar de onde o Reino está vindo e não o destino para onde iremos.
Novamente, a oração que Ele ensinou os discípulos a orar mostra claramente o quadro: “O Teu Reino venha a nós, assim na Terra, como ele é nos Céus”. (Mat 6:10) A oração de Jesus era para que o Reino do Pai fosse totalmente manifesto na Terra. Então nós vemos que, embora o Reino dos Céus seja celestial na origem e no caráter, ele não é a mesma coisa que “o céu”. Ao invés disto, se refere a o Milênio.
É interessante notar que, de todos os escritores do Novo Testamento, apenas Mateus usa a frase “O Reino dos Céus”. Todos os outros escritores usam a frase “o Reino de Deus”. Nos quatro Evangelhos, quando os escritores estão citando as mesmas parábolas de Jesus, Mateus usa “O Reino dos Céus” e os outros três dizem:
“O Reino de Deus”. Isto nos mostra que estes termos são usados alternadamente na Palavra inspirada. Não há diferença entre eles. Tal observação reforça a idéia de que “O Reino dos Céus” não é o “céu”, mas o Reino de Deus que virá a esta Terra quando Jesus voltar. A importância da distinção entre ‘Reino dos Céus” e “céu” aparece quando lemos as parábolas nas quais Jesus ensinou sobre este reino. Se aplicarmos as “parábolas do Reino” para “o céu”, então poderemos chegar a alguma confusão e mesmo a idéias erradas. Mas, quando as aplicamos corretamente ao terrestre Reino Vindouro de Jesus Cristo, a verdade de Deus se torna muito mais clara. Isto é exatamente o que estaremos fazendo nos próximos capítulos deste livro.
As pessoas judias que estavam ouvindo o ensinamento de Jesus não tinham problema algum em entender que Ele estava se referindo ao um Reino terreno. Pelo contrário, muitos deles tinham dificuldade em imaginar os aspectos espirituais dele. Por séculos, eles haviam esperado pelo Rei Messias que os libertaria da escravidão.
Conheciam muito bem a profecia das Escrituras que viria Um para sentar-se no Trono de Davi pra reinar sobre eles (Is 9:7). Quando Herodes questionou os escribas sobre o lugar do nascimento do Messias, eles sabiam a exata localização. A vinda de um rei para estabelecer um Reino terreno não era segredo para eles. Era exatamente o que eles estavam esperando. O que não compreenderam é que a profecia da vinda de Jesus consistia em dois eventos. Houve a primeira vinda e haverá uma segunda –aquela para a qual todos os verdadeiros crentes estão olhando. E é nesta segunda vinda que Ele vai estabelecer Seu Reino terreno, físico.
DOIS ASPECTOS DO “REINO”.
O que os judeus não compreenderam então, mas que sabemos agora, é que estas duas vindas de Cristo correspondem aos dois aspectos do Reino de Deus. Primeiro, há a atual experiência espiritual do Reino, na qual os cristãos podem entrar e, segundo, há a vindoura manifestação exterior do Reino nesta Terra. Hoje podemos experimentar o Reino espiritualmente e algum dia, muito breve, ele estará vindo para a Terra fisicamente. Por outro lado, referindo-se ao primeiro, Jesus disse: “Meu Reino não é deste mundo” (João 18:36). Mas, por outro lado, as Escrituras dizem: “Os reinos deste mundo se tornaram os reinos de Nosso Senhor e do Seu Cristo” (Ap 11: 15). Embora o aspecto espiritual do Reino anunciado no primeiro advento de Cristo e a visível manifestação dele, que começará com a segunda vinda, sejam separados por 2000 anos, eles têm muito em comum. De fato, são inseparáveis e completamente inter relacionados. Para transmitir uma clara compreensão destas duas facetas do Reino de Deus, talvez seja necessário falar primeiro sobre o que é um reino. Um reino é uma certa área geográfica que é governada por um rei. Um reino é também um grupo de pessoas que são sujeitas à vontade e às ordens de um determinado rei. Realmente estas duas definições se ajustam exatamente aos dois reinos sobre os quais estávamos falando.
Com a Sua primeira vinda, Cristo reuniu um povo para Si. Com a segunda, Ele estabelecerá Sua legítima soberania sobre este mundo. Seu primeiro advento introduziu a afirmação de seu senhorio sobre os corações e as vidas dos homens que desejam submeter-se a Ele e o segundo introduzirá a afirmação de Sua realeza sobre todos os habitantes da Terra.
Na maioria dos países hoje, as pessoas têm um certo problema em compreender o conceito de “rei”. Há muito poucos governantes hoje que reivindicam ser reis e aqueles que o fazem (exceto talvez no Oriente Médio) presentemente, exercem muito pouco poder. A idéia de se inclinar diante de alguém e ser obediente ao seu menor desejo é estranha a nós, se não mesmo repulsiva. O simples pensamento de não estar no controle de suas próprias vidas, nem mesmo entra na cabeça de muitos homens. Nós, especialmente, nos Estados Unidos, estamos acostumados à liberdade e qualquer “rei” que se apresente terá alguma dificuldade em impor sua influência sobre nós. Que triste! Tal é a situação com Jesus Cristo e grande parte de Sua Igreja hoje. Nós, o Seu povo, legitimamente pertencemos a Ele, mas somos muito pouco submissos à Sua autoridade.
Talvez uma palavra que possa descrever melhor o que a palavra bíblica “rei” deveria significar para nós, seja a palavra “ditador”. Esta é uma palavra com a qual o nosso mundo pode se relacionar. Ela nos traz a idéia de um homem que exerce o poder absoluto. Sua palavra é a lei e ninguém ousa desobedecê-lo. Isto é o que a Bíblia realmente quer dizer quando usa a palavra “rei”. (A palavra “senhor”, por falar nisso, tem um significado parecido) Embora “ditador” possa nos trazer a idéia de repugnância ou crueldade enquanto que nosso rei Jesus não é assim, o conceito de poder absoluto e autoridade é exatamente correto. Deus fez este mesmo Jesus que foi crucificado, Rei e Senhor. De fato, Ele é o Rei dos Reis e o Senhor dos Senhores (Ap 19:16). É a Ele que devemos nos submeter e a Ele que devemos obedecer.
Agora, com isto em mente, podemos falar um pouco sobre o Reino de Deus. O Reino de Deus ou o Reino dos Céus, é a esfera sobre a qual se estende a autoridade de Deus. Ele consiste no território e nos seres sobre os quais Ele reina. Nós acreditamos que a maior parte do Universo se encaixa nesta categoria. Uma exceção é esta Terra e a maioria das pessoas que vivem nela. A Bíblia nos ensina que este mundo está atualmente nas mãos do diabo e que ele é um príncipe sobre ela e sobre os seus habitantes (Jo 14:30). Embora Jesus o tenha derrotado na cruz, esta vitória ainda não foi completamente manifesta. Deus está agora no processo de estabelecer sua legítima autoridade sobre este mundo. Quando Jesus voltar, o diabo será acorrentado por mil anos (Ap 20: 1 a 3) e Jesus reinará supremo sobre toda a Terra.
Conforme mencionado anteriormente, o primeiro lugar sobre o qual Ele está começando a reinar e a área na qual Ele está trabalhando hoje é nos corações e nas vidas dos homens e das mulheres. Através dos acontecimentos em Seu primeiro advento, Jesus Cristo demonstrou Seu direito de transferir as pessoas deste reino de trevas para Seu próprio reino de luz. Ele redimiu a humanidade com Seu próprio sangue precioso e nos comprou para Sua própria posse. Enquanto que antes éramos obedientes ao mau soberano deste século, agora não mais precisamos nos sujeitar a ele. Jesus nos libertou. Embora fôssemos de Deus, porque foi Ele quem nos fez, Satanás usurpou esta autoridade no Jardim do Éden através da tentação de Adão e Eva. Agora Jesus Cristo está no processo de nos recuperar desta queda e de restabelecer Sua realeza sobre o Seu povo. Aleluia!
NOSSA VONTADE É ESSENCIAL
Há, entretanto, um aspecto muito interessante no Reino de Cristo, ao qual devemos prestar cuidadosa atenção. Jesus só reinará sobre aqueles que desejarem. Ele será rei apenas daqueles que o quiserem como Rei. Quando Ele veio em pessoa aos judeus em Israel, a maioria o rejeitou. A um certo ponto, os líderes deles (que supostamente deveriam estar esperando o Messias), declararam: “Não temos outro rei além de César.” (Jô 19:15). E ainda é assim hoje. Nós podemos aceitar ou rejeitar a soberania de Jesus Cristo. Mas está chegando o dia em que esta opção terminará. Quando Jesus Cristo vier de novo, as Escrituras nos dizem que : “todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor” (Fil 2:10,11). Nesta ocasião Ele, poderosamente, subjugará toda a Terra e todos os seus habitantes para Si mesmo (Lucas 19:27).
Hoje em dia, nos círculos evangélicos, uma pessoa pode ouvir muitos pregando coisas como “aceitar Jesus”, “confiar em Jesus” ou “pedir a Jesus que entre em sua vida”. Estas coisas são verdadeiras, corretas e boas. Porém, isto não é a história completa. O que parece estar faltando neste tipo de pregação é que, quando recebemos a Jesus, nós o recebemos por aquilo que Ele é – Rei e Senhor. Quando os primeiros discípulos pregaram, eles pregaram o “Senhor” Jesus Cristo. Eles proclamaram um Cristo que desejava completa fidelidade, que pedia um total compromisso para o resto de suas vidas e que requeria uma completa separação daquilo que não estava em Seu reino. Este é o motivo pelo qual eles viram resul-tados tão maravilhosos. Aqueles pregadores não enfatizavam o que Cristo podia fazer pelas pessoas, mas eles anunciavam qual era a responsabilidade do povo para com Deus. Eles sabiam quem era Jesus. Ele era o Rei prometido muito tempo atrás e eles foram suficientemente sábios para se submeterem totalmente a Ele. Como precisaríamos de uma boa dose deste tipo de pregação hoje! Como necessitamos seguir o exemplo deles! Esta é uma explicação do porquê temos hoje tantos convertidos ao cristianismo que são indiferentes e insinceros. Nós lhes dizemos coisas como: “Se você aceitar Jesus, Ele vai fazer você feliz e vai fazer você se sentir bem e ajudar você em sua vida”. Jesus, por outro lado, pregava: “Arrependei-vos (mudança total no modo de pensar e de viver), pois o Reino dos Céus está disponível”. Este é o problema. Quando levamos alguém a aceitar Jesus sem esclarecer bem para elas o compromisso total que é requerido, no princípio as coisas podem ir bem, mas mais cedo ou mais tarde, Jesus começará a cobrar Sua legítima soberania sobre a vida deles. Como estes convertidos não foram preparados para nada semelhante a isto, muitas vezes eles acabam deixando de andar com Ele. Ou muitas vezes aí começa uma longa e dolorosa luta com Deus sobre quem deve governar suas vidas. Poderíamos facilmente poupar as pessoas deste problema simplesmente lhes dizendo a verdade desde o princípio. Vamos dizer francamente a elas que nem deveriam começar a construir uma torre sem antes se sentar e fazer os cálculos completos dos custos. Tenho receio de que nós simplificamos demais o evangelho para conseguir “um grande número” de “salvos”, quando, na realidade, não estamos prestando serviço algum, seja a Deus, seja a eles. É também muito fácil imunizar convertidos com o Cristianismo fácil, tornando muito mais difícil para eles imaginar a verdade.
Este então, é o evangelho do Reino. É o Evangelho que Jesus pregou. Nós devemos nos arrepender porque existe um Reino espiritual que tem sido anunciado, no qual Deus deve ter controle absoluto sobre cada aspecto de nossas vidas. Ele deve governar nossas mentes, nossas emoções e nossa vontade. Nossos corpos devem ser Dele para serem usados para promover Seus planos e propósitos. Nosso dinheiro, nosso futuro, nossas esperanças e nossos sonhos, todas essas coisas têm que estar completamente submissas à autoridade de nosso Rei. Além disso, existe uma manifestação terrena, visivel, deste Reino que breve virá a esta Terra, do qual nós faremos parte, se assim o desejarmos. Realmente, não há outro Evangelho. Embora usualmente se ouça outros aspectos dele, isto é o que verdadeiramente a Bíblia ensina.
O Reino de Deus hoje é um Reino espiritual, interior. É um Reino que não vem com visível aparência (Lucas 17:20,21). Isto quer dizer que ele ainda não foi manifesto externamente. A sujeição do coração de um homem a Jesus Cristo é uma coisa escondida. Para entrar neste reino que é de natureza espiritual, se requer primeiramente o novo nascimento espiritual. Assim como nascemos fisicamente para entrarmos neste mundo, assim também necessitamos nascer de novo, do Espírito de Deus, para entrarmos no reino espiritual de Deus (João 3:5). Este novo nascimento requer um elemento de submissão a Deus. Para tê-lo, precisamos nos arrepender de nossos pecados e admitir o direito de soberania de Jesus sobre nossas vidas. No processo, Ele nos purifica de nossos pecados com o Seu precioso sangue e nos faz “um” com Deus.
Uma vez que entramos na esfera de Deus estar reinando sobre nós, é essencial que continuemos a nos submeter a Ele se quisermos continuar experimentando o atual reino de Deus. Infelizmente, depois de entrarmos no reino de Deus, também é possível nos rebelarmos contra Ele. Como foi mencionado anteriormente, Jesus hoje só reina sobre aqueles que desejam que Ele o faça. Assim como nossa entrada no Reino depende de nosso desejo de preencher certos requisitos, assim também nosso desejo contínuo é crucial se desejamos ser Seus súditos. Deus não forçará ninguém a aceita-lo. Se não quisermos que Ele seja nosso rei, Ele não o será. Todos nós devemos escolher.
Eu gostaria de enfatizar aqui que existe uma escolha que devemos fazer a cada dia, se não mesmo a cada minuto de cada dia. Existe uma constante batalha sendo travada. Satanás deseja manter controle sobre nossas vidas e nos manter submissos a ele. Infelizmente, ainda existe uma velha natureza dentro de nós, um produto de nosso primeiro nascimento natural, que se alinha com o diabo contra Deus. Mas Jesus Cristo conquistou tudo o que há dentro de nós e tudo o que está no mundo, o qual é a esfera do diabo. A nova vida com a nova natureza que nasceu dentro de nós tem poder para superar toda oposição. Dentro de nós existe um poder sobrenatural para derrotar Satanás e seu reino. O ponto essencial, entretanto, é a nossa vontade. Precisamos estar inteiramente desejosos de nos submeter a Deus. Se o fizermos, Ele nos dará poder para vencer. Se não o fizermos, seja conscientemente ou não, acabaremos sendo servos do diabo. Quantos cristãos estão neste barco! Eles pertencem a Deus mas, em suas vidas diárias, estão perseguindo as coisas deste mundo e o seu próprio prazer e assim se tornam escravos do soberano deste mundo. Oh, como nós, crentes, necessitamos nos submeter totalmente, sem reservas, ao nosso justo Senhor e Criador! Que vergonha é quando seguimos em frente ao nosso próprio modo e, que glória para Deus quando desejamos viver em Seu Reino e permitimos que Ele seja senhor de nossas vidas!
Assim, vemos que há dois aspectos do Reino de Deus. Há a presente realidade espiritual, da qual podemos fazer parte e há a vindoura manifestação terrena dela. Como já foi afirmado, nosso papel no Reino vindouro tem tudo a ver com a nossa participação no atual. Não seja enganado! Ninguém que sirva a si mesmo hoje, será recompensado amanhã. O Reino dos Céus que está por vir não se separa daquele que podemos experimentar hoje. Eles são realmente a mesma coisa. Eles têm um rei, um propósito e uma realidade. Eu peço a você: submeta-se a Deus hoje!
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