segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Cristianismo de mente vazia- John Sttot ( Excelente!!)

O que Paulo escreveu acerca dos judeus não crentes de seu tempo poderia ser dito, creio, com respeito a alguns crentes de hoje: "Porque lhes dou testemunho de que eles têm zelo por Deus, porém não com entendimento". Muitos têm zelo sem conhecimento, entusiasmo sem esclarecimento. Em outras palavras, são inteligentes, mas faltam-lhes orientação.

Dou graças a Deus pelo zelo. Que jamais o conhecimento sem zelo tome o lugar do zelo sem conhecimento! O propósito de Deus inclui os dois: o zelo dirigido pelo conhecimento, e o conhecimento inflamado pelo zelo. É como ouvi certa vez o Dr. John Mackay dizer, quando era presidente do Seminário de Princeton: "A entrega sem reflexão é fanatismo em ação, mas a reflexão sem entrega é a paralisia de toda ação".

O espírito de anti-intelectualismo é corrente hoje em dia. No mundo moderno multiplicam-se os programatistas, para os quais a primeira pergunta acerca de qualquer idéia não é: "É verdade?" mas sim: "Será que funciona?". Os Jovens têm a tendência de ser ativistas, dedicados na defesa de uma causa, todavia nem sempre verificam com cuidado se sua causa é um fim digno de sua dedicação, ou se o modo como procedem é o melhor meio para alcançá-lo. Um universitário de Melbourne, Austrália, ao assistir a uma conferência na Suécia, soube que um movimento de protesto estudantil começara em sua própria universidade. Ele retorcia as mãos, desconsolado. "Eu devia estar lá", desabafou, "para participar.

O protesto é contra o que?" Ele tinha zelo sem conhecimento.

Mordecai Richler , um comentarista canadense, foi muito claro a esse respeito: "O que me faz Ter medo com respeito a esta geração é o quanto ela se apóia na ignorância. Ser o desconhecimento geral continuar a crescer, algum dia alguém se levantará de um povoado por aí dizendo Ter inventado... a roda".

Este mesmo espectro de anti-intelectualismo surge freqüentemente para perturbar a Igreja cristã. Considera a teologia com desprazer e desconfiança. Vou dar alguns exemplos.
Os católicos quase sempre têm dado uma grande ênfase no ritual e na sua correta conduta. Isso tem sido, pelo menos, uma das características tradicionais do catolicismo, embora muitos católicos contemporâneos (influenciados pelo movimento litúrgico) prefiram o ritual simples, para não dizer o austero. Observe-se que o cerimonial aparente não deve ser desprezado quando se trata de uma expressão clara e decorosa da verdade bíblica. O perigo do ritual é que facilmente se degenera em ritualismo, ou seja, numa mera celebração em que a cerimônia se torna um fim em si mesma, um substituto sem significado ao culto racional.Por outro lado, há cristãos radicais que concentram suas energias na ação política e social.

A preocupação do movimento ecumênico não é mais ecumenismo em si, ou planos de união de igrejas, ou questões de fé e disciplina; muito pelo contrário, preocupa-se com problema de dar alimento aos famintos, casa aos que não tem moradia; com o combate ao racismo, com os direitos dos oprimidos; com a promoção de programas de ajuda aos países em desenvolvimento, e com o apoio aos movimentos revolucionários do terceiro mundo. Embora as questões da violência e do envolvimento cristão na política sejam controvertidos, de uma maneira geral deve-se aceitar que luta pelo bem estar, pela dignidade e pela liberdade de todo homem, é da essência da vida cristã. Entretanto, historicamente falando, essa nova preocupação deve muito de seu ímpeto à difundida frustração de que jamais se alcançará um acordo em matéria de doutrina. O ativismo ecumênico desenvolve-se com reação à tarefa de formulação teológica, a qual não pode ser evitada, se é que as igrejas neste mundo devam ser reformadas e renovadas, para não dizer, unidas.

Grupos de cristãos pentecostais, muitos dos quais fazem da experiência o principal critério da verdade. Pondo de lado a questão da validade do que buscam e declaram, uma das características mais séria, de pelo menos alguns neo-pentecostais, é o seu declarado anti-intelectualismo.

Um dos líderes desse movimento disse recentemente, a propósito dos católicos pentecostais, que no fundo o que importa" não é a doutrina, mas a experiência". Isso equivale a por nossa experiência subjetiva acima da verdade de Deus revelada. Outros dizem crer que Deus propositadamente dá às pessoas uma expressão inteligente a fim de evitar a passagem por suas mentes orgulhosas, que ficam assim humilhadas. Pois bem. Deus certamente humilha o orgulho dos homens, mas não despreza a mente que ele próprio criou.

Estas três ênfases - a de muitos católicos no ritual, a de radicais na ação social, e a de alguns pentecostais na experiência - são, até certo ponto, sintomas de uma só doença, o anti-intelectualismo.

São válvulas de escape para fugir à responsabilidade, dada por Deus, do uso cristão de nossas mentes.

Num enfoque negativo, eu daria como substituto este trabalho "a miséria e a ameaça do cristianismo de mente vazia". Mais positivamente, pretendo apresentar resumidamente o lugar da mente na vida cristã. Passo a dar uma visão geral do que pretendo abordar. No segundo capítulo, a título de introdução, apresentarei alguns argumentos - tanto seculares como cristãos - a favor da importância do uso de nossas mentes. No terceiro, constituindo a tese principal, descreverei seis aspectos da vida e responsabilidade cristãs, nos quais a mente tem uma função indispensável. Concluindo , procurarei prevenir contra o extremo oposto, também perigoso, de abandonar um anti-intelectualismo superficial para cair num árido super-intelectualismo. Não estou em defesa de uma vida cristã seca, sem humor, teórica, mas sim de uma viva devoção inflamada pelo fogo da verdade. Anseio por esse equilíbrio bíblico, evitando-se os extremos do fanatismo. Apressar-me-ei em dizer que o remédio para uma visão exagerada do intelecto não é nem depreciá-lo , nem negligenciá-lo, mas mantê-lo no lugar indicado por Deus, cumprindo o papel que ele lhe deu.***

Por que os cristãos devem usar suas mentes?

A primeira razão se apresentará a todo crente que deseja ver o evangelho proclamado e Jesus Cristo reconhecido no mundo todo. Trata-se do poder do pensamento humano na concretização de ações. A História está repleta de exemplos da influência que grandes idéias exercem. Todo movimento de poder teve a sua filosofia que se apossou da mente, inflamou a imaginação e capacitou a devoção de seus seguidores. Basta pensar nos manifestos fascista e comunista do século passado, na obra "Mein Kampf" de Hitler, de um lado, e no "Das Kapital" de Marx e "Pensamentos" de Mao, do outro. A. N. Whitehead resume isso da seguinte forma: Uma grande parte do mundo é atualmente dominada por ideologias que, se não completamente falsas, são estranhas ao evangelho de Cristo. Apregoamos "conquistar" o mundo para Cristo. Mas que espécie de "conquista" temos em mente? Certamente que não uma vitória baseada na força das armas.

Nossa cruzada cristã diferencia-se completamente das vergonhosas cruzadas da Idade Média. Observemos a descrição que Paulo faz dessa batalha: "Na verdade, as armas com que combatemos não são carnais, mas têm, a serviço de Deus, o poder de destruir fortalezas. Destruímos os raciocínios presunçosos e todo poder altivo que se levanta contra o conhecimento de Deus. Tornamos cativo todo pensamento para levá-lo a obedecer a Cristo". Esta é uma batalha de idéias, a verdade de Deus vencendo as mentiras dos homens. Será que acreditamos no poder da verdade?

Não muito tempo depois que a Rússia brutalmente reprimiu a revolta húngara de 1956, o Sr. Kruschev referiu-se ao precedente dado pelo Czar Nicolau I, que comandara combate à revolta húngara de 1848.

Num debate sobre a Hungria, travado na Assembléia Geral das Nações Unidas, Sir Leslie Munro citou as observações feitas por Kruschev e concluiu seu discurso relembrando uma declaração feita por Lord Palmerston na Casa dos Comuns em 24 de julho de 1849, com respeito ao mesmo assunto. Palmerston tinha dito o seguinte: "As opiniões são mais fortes que os exercícios. Se fundadas na verdade e na justiça, as opiniões ao fim prevalecerão sobre as baionetas da infantaria, os tiros da artilharia e as cartas da cavalaria"... Deixando de lado exemplos seculares do poder do pensamento, passo agora a abordar algumas razões, mais propriamente cristãs, pelas quais devemos fazer uso de nossas mentes. Meu argumento agora é que nas doutrinas básicas da fé cristã, doutrinas da criação, revelação, redenção e juízo, em todas elas está implícito que o homem tem um duplo e inalienável dever: o de pensar e o de agir de conformidade com o seu pensamento e conhecimento.

CRIADO PARA PENSAR

Começo com a criação. Deus fez o homem à sua própria imagem, e um dos aspectos mais nobres da semelhança de Deus no homem é a capacidade de pensar. É verdade que todas as criaturas infra-humanas têm cérebro, alguns rudimentos, outros mais desenvolvidos. O Sr. W.S. Anthony, do Instituto de Psicologia Experimental de Oxford, apresentou um trabalho perante a Associação Britânica, em setembro de 1957, no qual descreveu algumas experiências com ratos. Ele pôs obstáculos às entradas que continham alimento e água, frustrando-lhes as tentativas de encontrar o caminho naquele labirinto. Descobriu que, diante do labirinto mais complicado, seus ratos demonstraram o que ele denominou de "dúvidas intelectual primitiva"! Isso bem pode ser verdade. Todavia, mesmo que algumas criaturas tenham dúvidas, somente o homem tem o que a Bíblia chama de "entendimento".

A Escritura assegura e evidencia isso a partir do momento da criação do homem. Em Gênesis 2 e 3 vemos Deus comunicando-se com o homem de um modo segundo o qual Ele não se comunica com os animais. Ele espera que o homem colabore consigo, consciente e inteligentemente, no cultivo e na conservação do jardim em que o colocara , e que saiba diferenciar- tanto racional como moralmente - entre o que lhe é permitido e o que lhe proibiu de fazer. Ainda mais, Deus chama o homem para dar nomes aos animais, simbolizando assim o senhorio que lhe dera sobre essas criaturas. E Deus cria a mulher de maneira tal que o homem imediatamente a reconhece como companheira idônea de sua vida, e então irrompe espontaneamente primeiro poema de amor da História!

Esta racionalidade básica do homem, por criação, é admitida em toda a Escritura. Na realidade, sobre esse fato se apóia o argumento normal que, sendo o homem diferente dos animais, ele deve comportar-se também diferentemente. "Não sejais como o cavalo ou a mula, sem entendimento". Em conseqüência, o homem é escarnecido e repreendido quando o seu comportamento é mais bestial que humano ("eu estava embrutecido e ignorante; era como um irracional à tua presença"), e quando a conduta de animais é mais humana que a de alguns homens. Pois que às vezes os animais de fato superam os homens. As formigas são mais trabalhadoras e mais previdentes que o folgadão. Os bois e jumentos muitas vezes dão a seus donos um reconhecimento mais obediente do que o povo Deus ao Senhor. E os pássaros migratórios são melhores no arrependimento, já que quando partem em migração sempre retornam, enquanto que muitos homens que se desviam não conseguem voltar.

O tema é claro e desafiador. Há muitas semelhanças entre o homem e os animais. Mas os animais foram criados para se conduzirem por instinto, enquanto que os homens (apesar dos "behavioristas"), por escolha racional. Dessa forma os homens, ao deixarem de agir racionalmente, procedendo por instinto à semelhança dos animais, estão se contradizendo, contradizendo sua criação e sua diferenciação como seres humanos, e devem Ter vergonha de si próprios.De fato é verdade que a mente do homem está afetada pelas devastadoras conseqüências da Queda. A "depravação total" do homem significa que cada parte constituinte da sua humanidade foi, até certo ponto, corrompida, inclusive sua mente, a qual a Escritura descreve como "obscurecida". Com efeito, quanto mais os homens reprimem a verdade de Deus que reconhecem, mais "fúteis", ou mesmo "insensatos" se tornam no seu pensar. Podem declarar-se sábios, mas são tolos. A mente deles é a "mente da carne", a mentalidade de uma criatura decaída, e é basicamente hostil a deus e à sua lei.

Tudo isso é verdade. Mas o fato de que a mente do homem é decaída não nos pode servir de desculpa para batermos em retirada, passando do pensamento à emoção, já que o lado emocional da natureza humana está igualmente decaído. De fato, o pecado traz mais efeitos perigosos à nossa faculdade de sentir do que à nossa faculdade de pensar, porque nossas opiniões são mais facilmente controladas e reguladas pela verdade revelada do que nossas experiências.

Assim, pois, apesar do estado decaído da mente humana, ainda o homem lhe é ordenado pensar e usar sua mente, na condição de criatura humana que é. Deus convida o Israel rebelde. "Vinde, pois , e arrazoemos, diz o Senhor". E Jesus acusou as multidões descrentes, inclusive os fariseus e saduceus, por poderem interpretar as condições meteorológicas e preverem o tempo, mas não poderem interpretar "os sinais dos tempos" nem preverem o julgamento de Deus. "Por que perguntou-lhes. Em outras palavras: por que não usais os vossos cérebros? Por que não aplicais ao campo moral e espiritual o sentido comum que empregais no físico?

"A sociedade secular, por esse mundo a fora, concorda com o ensino da Escritura acerca da racionalidade básica do homem, constituída em sua criação e não de todo destruída na Queda. Os propagandistas podem dirigir os seus apelos promocionais aos nossos apetites mais baixos, mas eles não têm nenhuma dúvida de que temos a capacidade de distinguir entre produtos: de fato, muitas vezes até mesmo chegam a lisonjear o consumidor que discrimina. Quando sai a primeira notícia de um crime, geralmente ela vem com a frase "o motivo ainda não foi descoberto". Pressupõe-se, como se vê , que mesmo a ação criminosa tem uma motivação, seja ela qual for. E quando nossa conduta é mais emocional do que racional, ainda assim insistimos em "racionalizá-la". O próprio processo chamado "racionalização" é significativo. Indica que o homem de tal forma se constituiu num ser racional que quando não tem razões para a sua conduta ele tem que inventar alguma para se satisfazer.

PENSANDO OS PENSAMENTOS DE DEUS

Passo agora do argumento da criação para o da revelação. Os fatos simples e gloriosos - que Deus é um Deus que se revela a si próprio, e que Ele se revelou ao homem - demonstram a importância de nossas mentes. Pois eu toda a revelação de Deus é racional, tanto a revelação geral na natureza como sua revelação especial nas Escrituras e em Cristo. Consideremos a natureza. "Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras até aos confins do mundo". Ou seja, Deus fala aos homens através do universo que criou, e proclama sua glória divina, conquanto seja uma mensagem sem palavras. A mensagem é muito clara, no entanto, e os que rejeitam sua verdade são culpados diante de Deus. "Portanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou.

Porque os atributos invisíveis de Deus, o seu eterno poder e também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são por isso indesculpáveis. Porquanto, tendo conhecimento de Deus não o glorificaram como Deus..."

Estas duas passagens referem-se à revelação que Deus faz de si mesmo através da ordem criada. Embora seja uma proclamação sem palavras, uma voz sem som, mesmo assim resulta que todo homem tem algum "conhecimento de Deus". Está pressuposto aí que o homem tem capacidade para ler o que Deus escreveu no universo, e isso é extremamente importante. Toda a pesquisa científica apóia-se nessa pressuposição, na correspondência entre o caráter do que está sendo investigado e a mente de quem investiga. Essa correspondência é a racionalidade. O homem pode compreender os processos da natureza. Eles não são misteriosos; deve-se ao Criador que, tanto nela como neles, expressou a Sua mente. Em decorrência, de acordo com as famosas palavras de Kepler, os homens "podem pensar segundo os pensamentos de Deus". Essa mesma importante correspondência é ainda mais direta entre a Bíblia e quem a lê. Pois que nela e através dela Deus tem falado, isto é, tem se comunicado por meio de palavras. Se concordamos que na natureza a revelação de Deus é visualizada, na Escritura é verbalizada, e em Cristo é tanto uma coisa como a outra, pois Ele é "a Palavra que se fez carne". Ora, a comunicação com palavras pressupõe uma mente que as possa entender e interpretar, pois as palavras não passam de símbolos sem significado a menos que sejam decifradas por um ser inteligente.

Assim, o segundo motivo cristão pelo qual a mente humana é importante é que o cristianismo é uma religião revelada. Creio que quem melhor expressou esse ponto foi James Or em seu livro "The Cristian View of God and the World" A Visão Cristã de Deus e do Mundo): Se há uma religião neste mundo que dê relevância ao ensino, sem dúvida tal religião é a de Jesus Cristo. Com freqüência já se tem destacado o fato de que a doutrina tem uma mínima importância nas religiões não-cristãs; nelas o destaque está na realização de um ritual. Mas é precisamente nisto que o cristianismo se diferencia das demais religiões: ele tem doutrina. Ele se apresenta aos homens com um ensinamento definido, positivo, declara-se ser a verdade; nele o conhecimento dá suporte à religião, conquanto seja um conhecimento somente acessível sob condições morais... Uma religião divorciada do pensamento diligente e elevado tem tido, através de toda a história da igreja, a tendência de se tornar fraca, estéril e nociva; por outro lado, o intelecto desprovido de seus direitos no âmbito da religião, tem procurado sua satisfação fora, e desenvolvido um materialismo sem Deus. É certo que alguns chegaram à conclusão oposta. Já que o homem é finito e decaído, argumentam, já que não pode descobrir Deus através de sua mente, tendo Deus que se revelar por Si, então a mente não é importante. Mas não! A doutrina cristã da revelação, ao invés de fazer da mente algo desnecessário, na verdade a torna indispensável e a coloca no seu devido lugar. Deus se revelou por intermédio de palavras às mentes humanas. Sua revelação é uma revelação racional a criaturas racionais. Nosso dever é receber sua mensagem, submetermo-nos a ela, esforçamo-nos por compreendê-la e relacionarmo-la com o mundo em que vivemos. O fato de que Deus precisa tomar a iniciativa para revelar-se a nós mostra-nos que nossas mentes são finitas e decaídas; por Ele preferir revelar-se às criancinhas, vemos que temos de nos humilhar para recebermos sua Palavra; o mero fato de que se revelou, por meio de palavras, mostra-nos que nossas mentes são capacitadas para o entendimento. Uma das mais elevadas e mais nobres funções da mente humana é ouvir a Palavra de Deus, e assim ler a mente de Deus e pensar conforme seus pensamentos, tanto pela natureza como pela Escritura. Atrevo-me a dizer que quando falhamos no uso de nossas mentes e descemos ao nível dos animais, Deus se dirige a nós , como o fez a Jó quando o encontrou enchafurdado em auto-piedade, insensatez e lamentações amargas: "Cinge agora os teus lombos como homem; eu te perguntarei e tu me responderás".

MENTES RENOVADAS

Passamos agora da doutrina da revelação à doutrina da redenção, redenção realizada por Deus através da morte e ressurreição de Jesus Cristo. Tendo Deus executado esta redenção através do seu Filho, agora a anuncia por intermédio de seus servos. De fato, a proclamação do evangelho - também feita por palavras dirigidas às mentes humanas - é o principal meio provido por Deus para dar a salvação aos pecadores.

Paulo assim se expressa quanto a isso:

Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar aos que crêem, pela loucura da pregação".

Note-se com cuidado o contraste que o apóstolo faz. Não é entre uma apresentação racional e um não-racional , como se fosse o caso de Deus Ter posto de lado por completo uma mensagem racional, em virtude da sabedoria humana ser impotente para encontrar a Deus. Não. O que Paulo contrasta com a sabedoria humana é a revelação divina. Mas nossa pregação é uma revelação racional, o enigma de Cristo crucificado e ressurreto. Pois conquanto as mentes dos homens estejam em trevas e seus olhos estejam cegos, conquanto os não-regenerados não possam por si próprios receber o compreender coisas espirituais "porque elas se discernem espiritualmente", nem por isso o evangelho deixa de ser levado às suas mentes, porque tal é o meio previsto por Deus para abrir-lhes os olhos, iluminar-lhes as mentes e salvá-los. Terei mais a dizer sobe isso ao tratar da evangelização.

Pois bem, a redenção traz consigo a reconstituição da imagem divina no homem, a qual fora distorcida na Queda. Nessa reconstituição inclui-se a mente. Paulo pôde descrever os convertidos do paganismo dizendo: "e vos revestistes do novo homem, que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou e também: "aprendestes a Cristo... no sentido de que... vos renoveis no espírito do vosso entendimento". Ele pode ir ainda mais longe. Um homem "espiritual", no qual habita o Espírito Santo e que por Ele é dirigido, tem novos poderes para o discernimento espiritual. Dele pode-se mesmo dizer que tem "a mente de Cristo".

Esta convicção de que os cristãos têm novas mentes fez com que Paulo apelasse confiantemente a seus líderes: falo como a criteriosos, julgai vós mesmos o que digo".

Ás vezes me ponho a pensar sobre de que maneira o apóstolo reagiria se hoje viesse visitar a cristandade ocidental. Acho que lamentaria a falta de uma mente cristã nos dias de hoje, como o fez recentemente Harry Blamires. Uma "mente cristã", como a descreve o Sr. Blamires, é "uma mente treinada, informada, equipada para manusear os dados de uma controvérsia secular dentro de um quadro de referência constituído por pressuposições cristãs", por exemplo, pressuposições quanto ao sobrenatural, quanto à universalidade do mal, quanto à verdade, autoridade e valor da pessoa humana. O pensador cristão, continua ele, desafia os preconceitos correntes... perturba os complacentes... se antepõe aos ativos pragmatistas... questiona as bases de tudo que lhe diz respeito e... faz-se incômodo". Mas, prossegue, hoje em dia parece não existir pensadores cristãos com uma mente cristã. Pelo contrário":

"A mente cristã tem-se deixado secularizar num grau de debilidade e de forma tão despreocupada sem paralelos na história cristã. Não é fácil achar as palavras certas para exprimir a completa perda de moral intelectual na igreja do século vinte. Não se pode caracterizar este fato sem recorrer a uma linguagem que parecerá ser histérica e melodramática. Não existe mais uma mente cristã. Ainda há, certamente, uma ética cristã, uma prática cristã e uma espiritualidade cristã... Mas na condição de um ser que pensa, o cristão moderno já sucumbiu à secularização".Trata-se de uma triste negação de nossa redenção por Cristo, a respeito de quem se diz que "se nos tornou da parte de Deus sabedoria".

JULGADOS POR NOSSO CONHECIMENTO

A Quarta doutrina cristã na qual está implícita a importância da mente é a doutrina do juízo de Deus. Pois um ponto é bastante claro no ensinamento bíblico quanto ao juízo: que Deus nos julgará pelo nosso conhecimento e pela nossa atitude em resposta (ou pela falta desta) à sua revelação.

Tomemos como um exemplo do Velho Testamento o livro de Jeremias.

Jeremias profetizou pela palavra do Senhor, com grande coragem e com uma persistência inabalável que, a menos que o povo atendesse à voz de Deus, a nação, a cidade e o templo seriam destruídos. Mas, em vez de atenderem, fecharam os seus ouvidos, ficaram inflexíveis , e endureceram a cerviz. Essas são algumas frases-chaves do livro. Temos aí alguns exemplos.

Desde o dia em que vossos pais saíram da terra do Egito, até hoje, enviei-vos todos os meus servos, os profetas, todos os dias, começando de madrugada, eu os enviei. Mas não me deste ouvidos nem me atendestes; endurecestes a cerviz e fizeste pior do que vossos pais....

ordenei a vossos pais no dia em que os tirei da terra do Egito..., dizendo: Daí ouvidos à minha voz, e fazei tudo segundo o que vos mando; assim vós me sereis a mim por povo, eu vos serei a vós por Deus... Porque deveras advertia a vossos pais no dia em que os tirei da terra do Egito, até o dia de hoje, testemunhando desde cedo cada dia, dizendo: Daí ouvidos à minha voz. Mas não atenderam nem inclinaram os seus ouvidos, antes andaram cada um segundo a dureza do seu coração maligno.

Durante vinte e três anos... tem vindo a mim a palavra do Senhor, e, começando de madrugada, eu vo-la tenho anunciado; mas vós não escutastes. Também, começando de madrugada, vos enviou o Senhor todos os seus servos, os profetas, mas vós não escutastes, nem inclinastes os vossos ouvidos para ouvir...

Viraram-me as costas, e não o rosto; ainda que eu, começando de madrugada, os ensinava, eles não deram ouvidos, para receberem a advertência.

Mesmo depois de Jerusalém ter sido destruída por Nabucodozor e o desventurado Jeremias, com relutância, Ter sido levado ao Egito, continuou ele a advertir a seus compatriotas judeus quanto ao juízo de Deus diante da perversidade do seu povo.

Todavia começando eu de madrugada, lhes tenho enviado os meus servos , os profetas, para lhes dizer: Não façais esta coisa abominável que aborreço. Mas eles não obedeceram, nem inclinaram os ouvidos...

Este princípio de juízo foi endossado pelo próprio Senhor Jesus:

"Quem me rejeita e não recebe as minhas palavras tem quem o julgue; a própria palavra que tenho proferido, essa o julgará no último dia".

E a base do argumento do apóstolo Paulo nos primeiros capítulos de sua cata aos Romanos é que todos os homens são culpados diante de Deus precisamente porque todos possuem algum conhecimento - os judeus por meio da lei de Deus escrita, e os gentios por meio da natureza e da lei de Deus em seus corações - mas ninguém viveu de acordo com esse conhecimento.

É um pensamento solene o de que, com o nosso anti-intelectualismo, tanto nos oponho como não nos incomodando com o ouvir a palavra de Deus, poderemos estar preparando para nós o juízo do Deus Todo-Poderoso.

Tentei mostrar como a racionalidade humana tem uma importância fundamental nas doutrinas básicas da criação, revelação, redenção e juízo. Deus nos constituiu como seres que pensam; Ele nos tratou como tais, comunicando-se conosco com palavras; ele nos renovou em Cristo e nos deu a mente de Cristo; e nos considerará responsáveis pelo conhecimento que temos.

Talvez se comece a ver agora o mal que é essa disposição anti-intelectualista, cultivada em alguns grupos cristãos. Não se trata de uma verdadeira devoção, absolutamente; mas sim de uma conformação a uma onda deste mundo, ou seja, trata-se de uma forma de mundanismo.

Subestimar a mente é soterrar doutrinas cristãs fundamentais. Deus nos criou seres racionais; será justo negarmos a humanidade que Ele nos deu? Deus conosco se comunicou; não procuraremos entender suas palavras? Deus renovou nossa mente por intermédio de Cristo; não faremos uso dela? Deus nos julgará por sua Palavra; não seremos prudentes, construindo nossa casa sobre essa rocha?

Em vista dessas doutrinas, não é de se surpreender a descoberta de quantas ênfases a Escritura - tanto no Velho como no Novo Testamento - coloca obtenção de conhecimento e sabedoria. No Antigo Testamento Deus se queixava de que seu povo se comportava como "filhos néscios, e não entendidos", e declarava que "o meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento". Toda a literatura de sabedoria do Velho Testamento lhes fora dada para enfatizar que apenas "os loucos aborrecem o conhecimento " e que somente o sábio é na verdade feliz, pois que tendo adquirido sabedoria, possui algo "melhor do que o ouro" e mais precioso do que pérolas".

De igual forma, no Novo Testamento uma boa parte das instruções dos apóstolos foi dirigida no sentido de adquirirmos a sabedoria divina, aplicando-a numa vida santa. "Reunindo toda vossa diligência", escreveu Pedro, "associai com a vossa fé a virtude; com a virtude , o conhecimento..." "Expomos sabedoria entre os experimentados", escreveu Paulo, e prosseguiu censurando os coríntios pela imaturidade que tinham. Eram ainda como bebês, disse, que necessitavam de leite incapazes que eram de ingerir o alimento sólido da sabedoria do alto.

Dessa forma, o principal motivo das orações de Paulo com respeito às jovens igrejas e seus membros era que crescessem em conhecimento e que o Espírito Santo, o Espírito da verdade, exercesse o seu ministério entre eles e com eles.

Para os de Éfeso ele orou "que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele, iluminando os olhos do vosso entendimento, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos, e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos...

"Mais adiante, nesta mesma carta, ele orou que "sejais fortalecidos com poder, mediante seu Espírito no homem interior; e assim habite Cristo nos vossos corações, pela fé, "Por que? Eis a razão: "estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento , e a altura, e a profundidade , e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento , para que sejais tomados de toda plenitude de Deus".

Pelos filipenses, orou: "que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção, para aprovardes as coisas excelentes e serdes sinceros e inculpáveis para o dia de Cristo, cheios de frutos de justiça...

Pelos colocensses, orou: "que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual; a fim de viverdes de modo digno do Senhor , para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra , e crescendo no pleno conhecimento de Deus".

A repetição dos termos conhecimento, sabedoria, percepção e entendimento é mesmo impressionante. Não resta dúvida que o apóstolo considerava tais pontos a própria base da vida cristã.

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domingo, 7 de dezembro de 2008

A Salvação da Alma- Luiz Fontes

Mt 16.24-28; Mc 8.31-38; Lc 12.15-21; Lc 17.26-37; Hb 10.39;

Por: Luiz Fontes

Introdução
O assunto que iremos abordar é a salvação da alma. A Primeira Epístola aos Tessalonicenses 5.23 diz: "vosso espírito, alma e corpo". Esse versículo divide o homem em três partes.
- O espírito é a parte que tem comunhão com DEUS;
- A alma é o órgão do pensamento, da vontade e da emoção do homem. A alma é a vida que temos como a de um animal.
- O corpo é à parte do homem que se comunica com o mundo material.

A Bíblia diz que as três partes que compõe o homem precisam ser salvas
- I Corintos 5.5, diz: "afim de que o espírito seja salvo no dia do SENHOR" Esse trecho fala da salvação do espírito.
- Romanos 8.23 diz: "A redenção do nosso corpo" Queremos prosseguir analisando a salvação da alma.
- Mateus 16.24-28: "Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Porquanto, que quiser salvar sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á. Pois o que aproveita o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Porque o Filho do Homem há de vir na glória de sei Pai, com os seus anjos. E então, retribuirá a cada um conforme as suas obras. Em verdade vos digo que alguns há, dos que aqui se encontram, que de maneira nenhuma passarão pela morte até que vejam vir o Filho do homem no seu Reino" Nesse texto o SENHOR nos mostra a questão de salvar a alma. Se uma pessoa cuida demasiadamente de si mesma e não está disposta a negar a si mesma, o resultado final será perder a alma. A partir disso, podemos entender até certo ponto o significado de salvar a própria alma. Significa ser incapaz de despreza-se, ou de renunciar a seus direitos; significa ser incapaz de permitir-se sofrer e submeter-se a DEUS. Essa palavra nos mostra que salvar a alma é o oposto de negar o ego e tomar a cruz. Portanto, se um homem entende o que é negar a si mesmo e tomar a cruz, ele entende o que é salvar a alma. Todo aquele que estiver disposto, por amor ao SENHOR, a renunciar à sua própria mente e àquilo que lhe dá prazer, a proibir seu coração de achar satisfação nas coisas do mundo, e a suportar muita dor e sofrimento, o SENHOR o fará ganhar o que agrada ao seu coração, obter satisfação, desfrutar bênção e tornar-se feliz em outra ocasião. Depois de ler o versículo acima, sabemos qual é o significado de salvação da alma. Esse versículo nos mostra que salvação da alma significa alegrar a alma, seguir os desejos do coração e ganhar satisfação. Perder a vida da alma significa privar-se de alegria, não seguir os desejos do coração e não Ter satisfação.
A recompensa no Reino
- A vinda do SENHOR e a sua recompensa se referem particularmente à Sua realeza no Reino. "E então, retribuirá a cada um conforme as suas obras".
- Devemos saber que nossa posição futura no Reino será determinada pelos nossos atos hoje. O que é ganho hoje, em natureza, é o mesmo que será ganho no futuro.
- O que se perde hoje. Em natureza, é o mesmo que se perderá mo futuro.

Como o espírito é salvo
- A Bíblia diz: "O que é nascido do ESPÍRITO é espírito" (Jo 3.6). Em João 3.36 diz que "quem crê tem a vida eterna" Uma vez que a pessoa crê, seu espírito está salvo.
- A salvação do espírito significa ganhar a vida eterna.

Com a alma é salva
- A Bíblia diz: "que quiser salvar sua vida (alma) perdê-la-á; e quem perder a vida(alma) por minha causa acha-la-á". Esse texto nos ensina que somente, quando alguém perde sua alma por causa do SENHOR, é que ela é salva.

Paradoxo entre a salvação da alma e do espírito:
- Salvação do espírito é ganhar a vida eterna;
- Salvação da alma é ganhar o reino

- espírito é salvo por JESUS ter carregado a cruz por mim;
- A alma é salva pelo meu tomar a cruz

- O meu espírito é salvo porque JESUS negou a Si mesmo;
- A alma é salva por eu negar a mim mesmo;

- A salvação do espírito está baseado no crer;
- A salvação da alma, entretanto, depende de algo que se processa durante toda a vida, de uma jornada percorrida;

- A salvação do espírito é baseada na fé;
- A salvação da alma é baseada em nossas ações

- A salvação do espírito é um fato experimentado hoje;
- A salvação da alma será experimentado por ocasião da vinda do SENHOR;

- A salvação do espírito é o Dom da graça hoje;
- A salvação da alma é um galardão;

- Para que a alma de uma pessoa seja salva, esta, deve ser alguém, cujo espírito já foi salvo. Se o espírito não for salvo, não é possível que a alma seja salva.

O que significa o “justo viverá pela fé”
- Em Hebreus 10.38,39, nos diz: "Todavia, o meu justo viverá pela fé". A palavra diz que os que são salvos viverão pela fé. Ainda em Hebreus 11.1, diz: "Ora, a fé é a substantificação de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem"
- Essa é a fé para a salvação da alma. Essa é a fé pela qual os justos vivem. Aqui, a fé se refere a uma coisa. Que coisa é essa? Leiamos Hebreus 11.13: "Todos estes morreram na fé, sem terem alcançado as promessas; mas tendo-as visto e saudado, de longe, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra".



A SALVAÇÃO DA ALMA À LUZ DE I CORINTOS TRÊS

- Paulo escreve essa carta em Éfeso aproximadamente em 57 d.C.
- Essa carta está dividida da seguinte maneira:
- Capítulos 1 e 2 – A cruz de CRISTO como a base de toda a nossa posição cristã.
- Capítulos 3 a 9 – A ordem que convém a Casa de DEUS.
- Capítulos 10 a 14 – A excelência do Corpo de CRISTO.
- Para entender o significado da salvação da alma precisamos entender o significado de I Corintos capítulo três. Como no estudo desse capítulo podemos compreender o perigo de uma edificação errada que incorrerá na perda do reino o que é conseqüentemente a perda da alma.
- O ensino dos capítulos 1 e 2 de Primeira aos Corintos é que CRISTO é o único centro de DEUS e a porção dos santos.
- Paulo diz em 3.1: “Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em CRISTO. Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em CRISTO”.
- Um homem carnal é um homem que anda segundo a influência da sua carne.
- Um homem espiritual é um homem que anda segundo CRISTO. Ele anda em CRISTO.
- Nesse versículo 1 Paulo enfatiza que a necessidade deles era de crescimento espiritual.
- “como crianças” - A palavra grega traduzida aqui é “nepios”. Esse vocábulo indica “alguém que ainda não sabe falar”. Esses irmãos em Corintos ainda não haviam crescido em vida. O que está enfatizado aqui é que eles tinham uma deficiência, não cresceram.
- “Leite vos dei de beber, e não comida sólida...” – Leite é para as criancinhas, enquanto o alimento sólido é para os adultos (Hb 5.12,14; Jo 4.34).
- Paulo diz: “Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de DEUS. De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento” (vv. 6,7). Isso indica que os cristãos infantis precisam do plantar e do regar a fim de crescerem em vida.

Paulo divide os homens em três classes
1.Psuchikos – essa palavra fala dos sentidos sensuais (Tg 3.15; Jd 19). Aqui nós podemos ver o homem adâmico, não renovado, não vivificado pelo ESPÍRITO SANTO (Jo 3.3,5).
2.Pneumatikos – significa “espirituais”, isto é, um homem renovado, cheio do ESPÍRITO SANTO (Ef 5.18-20).
3.Sarkikos – significa “carnais”, isto é, embora, renovado está andando como uma criancinha em CRISTO (I Co 3.1-4)

Sinais de infantilidade espiritual
- Nesse capítulo vemos nitidamente três sinais de infantilidade espiritual.
- 1.A incapacidade de absorver o alimento sólido (3.2).
- 2.A superficialidade acerca das coisas espirituais. Todo tipo de contenda e ciúme reflete a nossa infantilidade e a nossa superficialidade espiritual (3.3).
- 3.Exaltar e ter preferências com aqueles que exercem o ministério de CRISTO entre nós (3.4,5).

A Igreja como lavoura e como edifício de DEUS (3.9)
- A expressão “lavoura de DEUS” se refere principalmente ao crescimento em vida.
- O edifício, refere-se ao objetivo do propósito eterno.
- A Igreja como lavoura de DEUS, visa gerar os produzir os materiais para que DEUS cumpra sua vontade, que é ter um edifício.
- A lavoura fala-nos do crescimento em vida; enquanto, que o edifico fala do cumprimento do propósito eterno de DEUS;
- Ser um edifício significa que não estamos mais espalhados, não estamos mais divididos.
- Primeiro, DEUS que uma lavoura para que CRISTO venha ser cultivado e depois um edifício para que nele CRISTO seja glorificado.
Precisamos ter visão espiritual para compreender a riqueza de todas essas verdades.

CRISTO JESUS – o Verdadeiro e único fundamento (3.10,11)
- Os cristãos têm sido divididos por diversos fundamentos.
- Não podemos lançar outro fundamento, precisamos edificar sobre o que já está lançado.
- Paulo diz que esse fundamento é CRISTO. Portanto, precisamos atentar para não edificar com nada além de CRISTO.

Quero analisar quatro textos sobre esse fundamento:
- 1 Reis 7.10 (Esdras 3.10,11) - “O fundamento era de pedras de valor, pedras grandes; pedras de dez côvados e pedras de oito côvados”;
- O número dez fala de “completação humana” e o número oito fala da ressurreição do SENHOR JESUS (Ef 4.4,11).
- Os apóstolos foram aqueles que edificaram sobre esse fundamento. No Novo Testamento temos duas classes de apóstolos distintas:
- Os primeiros apóstolos foram aqueles que andaram com o SENHOR JESUS e se tornaram testemunhas da ressurreição; depois, temos todos os apóstolos (Rm 16.7; I Ts 2.7; I Co 15.5-7) que foram ministros para a edificação do Corpo de CRISTO.
- Romanos 15.20 – “fundamento alheio”
- A palavra fundamento alheio aqui no grego é alotrios, que significa “estranho”.
- “Estranho” é aquilo que é “esquisito”, “aquilo que causa espanto”, “aquilo foge aos padrões”, “aquilo que não faz parte”, “aquilo que não pode ser identificado ou relacionado”.
- Efésios 2.20 - “fundamento dos apóstolos”
- Paulo diz no versículo 19 “edificados”. Esta palavra no grego é epoikodomeo que significa “construídos em”.
- Isso indica que fomos construídos em CRISTO. Mas no versículo 22 Paulo diz: “no qual também vós juntamente estais sendo edificados”. Aqui o vocábulo grego para “edificados” é sunoikodomeo que significa “construído juntos”.
- A idéia desse vocábulo é que agora o ESPÍRITO SANTO está nos edificando juntamente com outros irmãos para sermos o lugar da habitação de DEUS.
- II Timóteo 2.19 - “firme fundamento de DEUS” – Aqui Paulo diz que este fundamento e um “selo”
- Esse “firme fundamento de DEUS” é uma inscrição ou impressão estampada na testa daqueles que foram comprados pelo sangue de CRISTO.
- Esse termo (“selo”) ocorre dezesseis vezes no Novo Testamento. Só no livro de Apocalipse essa palavra ocorre treze vezes (Ap 5.1,2,5,9; 6:1,3,5,7,9,12; 7.2; 8.1; 9.4)

“Ouro, prata e pedras preciosas” – Materiais para a edificação da Igreja
- Para entendermos os significado desses minerais preciosos precisamos compreender que esse capítulo foi escrito do ponto de vista da experiência.
- Paulo usa a analogia do ouro, prata e pedras preciosas para nos falar das diversas experiências de CRISTO nas virtudes e atributos do DEUS Triúno, isto é, do DEUS-comunhão.
- Os números, as árvores e os minerais foram usados por DEUS na Bíblia para simplesmente nos ilustrar verdades celestes.
- Existem 1704 referências bíblicas para pedras preciosas e minerais em toda a Bíblia, e o ESPÍRITO SANTO usa 124 nomes para descreve essas pedras e minerais.
- É significante que Paulo mencione três tipos de materiais preciosos: ouro, prata e pedras preciosas, porque corresponde ao DEUS Triúno.
- Prata – a prata na Bíblia está sempre relacionada à redenção e representa a obra redentora de CRISTO.
- Ouro – o ouro fala da divindade e da glória de DEUS.
- O que é glória?
- Glória é uma função da luz no seu sentido mais pleno.
- Pedras preciosas – Fala da obra do ESPÍRITO SANTO:
- Diversidades de dons (I Co 12.4).
- Diversidade nos serviços (I Co 12.5).
- Diversidade nas realizações (I Co 12.6).
- Fruto do ESPÍRITO (Gl 5.22).
- De acordo com a ciência as pedras preciosas vêm das rochas.
- Há somente três tipos de rochas:
Ø Rocha ígnea – chamada rochas de fogo.
Ø Rocha sedimentária – chamada de rocha de água.
Ø Rocha metamórficas – Essa rocha é obtida através de outra rocha. É na rocha metamórfica que encontramos as pedras preciosas.
- Para edificar com esse material precisamos tê-los constituídos em nós. Precisamos ter a natureza do Pai, a redenção do Filho e a transformação do ESPÍRITO SANTO.

Edificar com pedras preciosas
- Para entendermos melhor esse assunto vamos ler em Êxodo 28.1-7-20. Esse texto nos diz que no peitoral do sumo sacerdote havia doze pedras e em cada uma dessas pedras estava gravado o nome das doze tribos de Israel.
- Portanto, essas pedras preciosas nos falam da nossa vida em CRISTO. Se nossa vida não está em CRISTO não podemos edificar no padrão de CRISTO.
- O ESPÍRITO SANTO está esculpindo CRISTO em nós; agora, nós devemos cooperar com Ele para que em nós CRISTO tenha um santuário, todo Ele edificado com pedras preciosas. Isso indica que o elemento com o qual nós construímos esse santuário tem a natureza do elemento da vida de CRISTO.

Qual é o significado de “madeira, palha e feno?”
- Madeira
- Representa a natureza humana.
- Podemos ilustrar isso com a criação do “bezerro de ouro” (Êx 32).
- Quando proclamaram que um bezerro os tinha tirado do Egito, abandonaram, evidentemente, toda a idéia da presença e do caráter do verdadeiro DEUS.
- Esse bezerro foi esculpido pelo artifício e imaginação dos homens
- Não podemos edificar a Igreja com a nossa natureza adâmica.
- Palha
- Representa a obra e o viver que resultam da de fonte terrena. Isto significa buscar no mundo elementos para edificação da Igreja
- O exemplo de Acaz (II Rs 16.8-10) – Acaz foi o décimo segundo rei de Judá, que reinou 4 anos junto com Jotão, seu pai; e depois, sozinho, mais 16 anos (736-716 a.C.). Foi um dos piores reis de Judá (II Cr 28).
- Acaz mandou construir um altar cujo modelo estava de acordo com aquilo que ele viu em Damasco.
- A obra e o viver que resultam da natureza terrena, sem a transformação do ESPÍRITO SANTO.
- Feno
- No grego essa palavra é “chortos”, que significa um capim seco.
- Em I Pd 1.24 “Pois toda carne é como a erva (“chortos” – feno) e toda a sua glória, como a flor da erva; seca-se a erva (“chortos” – feno), e cai a sua flor;
- Representa o homem caído, o homem da carne.
- Aqui fala de edificar com o que somos, com as nossas preferências.
- O exemplo que temos aqui e a construção da torre de Babel (Gn 11).
- Se a Igreja expressar a composição natural ou ser natural dos líderes, isso indica que ela está sendo edificada com feno. Há algo do homem natural não redimido foi introduzido nela. Isso é um elemento que não foi redimido aniquilado e substituído por CRISTO.
- Ser edificado na vida da Igreja é crescer no sentido de aumentar com CRISTO para determinada estatura. O crescimento de CRISTO em nós é a nossa estatura.

Precisamos tirar o véu (II Co 3.18)
- Para entendermos esse assunto é necessário que compreendamos algumas palavras que nos farão entender o que ocorreu conosco na salvação em CRISTO.
- Transfusão – Essa palavra é um substantivo feminino que foi incorporada na língua portuguesa em 1690, depois de um sermão de Padre Antônio de Oliveira em Lisboa. Significa “o ato ou efeito de transfundir-se”; “passagem de um líquido de um vaso a outro”;
- Transvasar - verbo transitivo direto que veio ser incorporado na língua portuguesa por Antônio de Morais Silva em 1858. O seu significado é: “transferir de um recipiente para outro”; “transfundir”; “verter líquido de um recipiente para outro”; ”difundir”; “espalhar”.
- Transformação - no grego esta palavra é “metamorfoo” que significa “tomar nova feição ou caráter”, “passar de um estado ou condição a outro”;
- Para contemplar o SENHOR e ser transformados, precisamos de um rosto desvendado. Não deve haver véu entre nós e o SENHOR.
- Do ponto de vista da experiência, um véu se refere a isolamento.
- Isolamento é um ermo usado com respeito à eletricidade. Isolar alguma coisa é cobri-la para não receber energia elétrica. Não importa quão próximo estejamos do SENHOR se somos isolados por um véu, e assim, Ele não poderá infundir-Se em nós.
- Se estivermos sem véu, seremos um espelho contemplando e refletindo a gloriosa imagem do SENHOR. Sempre que O contemplamos de forma direta, sem véu, sem isolamento, experimentaremos a Sua transfusão em nós.
- A transformação nos torna materiais vivos para a edificação da casa de DEUS.
- A vida espiritual não é uma vida emocional. A vida espiritual é uma vida transformada.

O exemplo do diamante
- O diamante é a única pedra preciosa em que você pode ver o arco-íris.
- O arco-íris é composto de sete cores. Isso nos fala da epifania (personificação) setúpla da divindade de DEUS.
- Precisamos descobrir que o diamante que é uma pedra preciosa tem o mesmo elemento químico do grafite, porque, ambos são compostos pelo carbono. A diferença entre ambos, é que no diamante que é a pedra mais dura que existe os átomos estão arranjados de forma diferente.
- Se alguém coloca um carvão ou grafite dentro de uma rocha metamórfica a uma temperatura de 5000 graus que corresponde a 100.00 atmosferas, nessa pressão altíssima, com esse grande calor, lá no coração dessa rocha, o carvão que é o mais fraco de todos os materiais é transformado em diamante.
- São necessário de 3 a 8 hora para lapidar um quilate de diamante.

Pedro – de torrão a diamante (Jo 1.40-42; Mt 4.18-22);
- Ele foi levado pelo seu irmão André - Jo 1.40-42
- Ele era da Galiléia e era um pescador;
- Os galileus não eram bem visto pelos judeus - Mt 4.15
- Pedro era impulsivo, franco, agressivo e impetuoso, contudo, era honesto, sincero e modesto;
- Ele estava enterrado e perdido entre as multidões até que CRISTO veio e o desenterrou transformando aquela pedra bruta em um lindo e precioso jaspe



Como JESUS viu a Pedro
- JESUS olhou atentamente para dentro de Pedro com discernimento espiritual, vendo o que o ESPÍRITO SANTO estava fazendo na vida daquele homem;
- JESUS olhou para Pedro com olhar profético – “Tu serás chamado de Cefas” (Cefas-pedra);
- SENHOR JESUS disse a ele mais tarde que esse material seria usado na edificação da Igreja Mt 16.
- Vejamos o que ele entende sobre isso: I Pe 2.4,5;
- Vemos algo extraordinário aqui: a vida cristã começa com a conversão, e depois com o discipulado e em seguida o serviço. Não podemos mudar essa ordem;

Quatro passagens que mostram a transformação ascensional de um cristão
Gênesis 3.19, diz: “... porque tu és pó e ao pó tornarás”. Isso indica a nossa natureza terrena, e ainda, que retornaremos ao pó. Não há esperança para nós se estamos em Adão.
- João 1.40-42, o SENHOR JESUS disse a Pedro: “Tu és Simão filho de João; tu serás chamado de Cefas (nome aramaico)...” Quando nos convertemos não somos mais pó e sim pedra.
- I Pedro 2.5 “vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a DEUS, por JESUS CRISTO”.
- O nosso Pai Celeste sabe quanto calor e quanta pressão Ele usou para nos transformar.
- Apocalipse 21.19, diz: “Os fundamentos da muralha da cidade estão adornados de toda espécie de pedras preciosas. O primeiro fundamento é de jaspe; o segundo, de safira; o terceiro, de calcedônia; o quarto, de esmeralda”;
- A esperança do nosso chamamento (Ef 1.17,18) é que do pó seremos transformados em pedras preciosas. Seguir a CRISTO significa ter um futuro brilhante pela frente.

“Manifesta se tornará a obra de cada um” (I Co 3.13)
- A Palavra “manifesta” no grego é phaneros, que significa: “evidente”, “tornar claro”, “fazer conhecido” (Lc 8.17).
- Precisamos ver duas coisas práticas na experiência cristã: Sem a fé ninguém é salvo. Sem as obras ninguém é recompensado.
- As nossas obras devem resistir diante do trono do julgamento e sobreviver ao exame minucioso dos olhos de DEUS. Esses olhos que são como chamas de fogo (Ap 1.14; 2.18; 19.12), revelará a natureza de tudo o que fizemos.



“pois o Dia a demonstrará” (I Co 3.13)
- “o Dia” - O artigo que acompanha a palavra fala de um dia que é conhecido de todos. A palavra “dia” é o sujeito do verbo. O tempo presente é usado para expressar o futuro.
- A palavra “Dia” aqui significa hemera. Essa palavra hemera é usada para descrever o período da luz natural (Gn 1.5; Pv 4.18). O “Dia” lança luz nas coisas que estavam nas trevas.
- Aqui nesse texto, precisamos notar duas frases interessantes: “está sendo revelada pelo fogo” e
- “o próprio fogo o provará”
- A palavra “revelada” no grego é apokalupto, que significa: “descobrir” (Mt 10.26).
- A palavra “provará” no grego é dokimazo que significa: “examinar” (II Co 13.5; I Pe 1.7).
- A natureza dessas duas palavras nos indica duas coisas impressionantes:
- 1.Todas as coisas que fizemos na edificação da Casa de DEUS serão descobertas, para que seja revelado o seu caráter. Isto está relacionado com a “madeira”, “palha” e “feno”.
- 2.As nossas obras irão passar pelo intenso fogo dos olhos de DEUS. Tudo ficará patente diante Dele. Diante Dele tudo será examinado, e aquilo que não suportar o calor da Sua justiça será reprovado. Embora, seremos salvos, não ganharemos o Reino. Teremos a Salvação, mas perderemos o galardão.

Precisamos estar alerta quanto a esse “Dia”
- Em Mateus 25.13 lemos: “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora”. A palavra “Vigiai” é encontrada 21 vezes no Novo Testamento. Aqui no grego é gregoreuo que significa: “estar pronto” (Mt 24.42).
- A palavra “dia” aqui e em Mateus 24.42 é a mesma palavra “o Dia” de I Co 3.13. Mas, a palavra “hora” em grego é hora, da onde provém a palavra latina “hora” em português, que denota “uma parte do dia”.
- O que significa “estar prontos?”
- Para entender isso, temos que entender que a vigilância é o contrário de estar “dormindo”; o contrário de “indiferença” e “falta de firmeza” (Mt 24.43; I Ts 5.6; Ap 3.3; 16.15).
- Significa “permanecer firmes na fé” e “portar se corajosamente”, “destemido” (I Co 16.13).
- É estar vivendo em íntima comunhão com o SENHOR JESUS - (1 Ts 5.10)
- Viver a vida cristã equilibrada e estável é uma característica de vigilância - (Ap 3.2).
- Pedro usou a palavra “sóbrio” três vezes com o sentido de exortar os irmãos ao viver cristão equilibrado (1 Pd 1.13; 4.7; 5.8). Uma outra palavra que Pedro usou foi “acautelai-vos”, para que os irmãos não fossem enganados por qualquer heresia e assim, perdessem a firmeza da fé.

Como Paulo ensinou acerca do Dia do SENHOR?
- Vamos analisar esse assunto apenas em dois textos na Carta aos Tessalonicenses
- I Tessalonicenses 5.2 - “pois vós mesmos estais inteirados [no grego essa palavra é eido, que significa: “ver”, “perceber”] com precisão [no grego é akribos, que significa: “zelo”, “prudência”] de que o Dia do SENHOR vem como ladrão (II Pe 2.10; Ap 3.3; 16.15) de noite”. Aqui podemos extrair algumas lições:
- 1.Atente para as palavras “ver”, “perceber”, “zelo” e “prudência” nesse texto. Essas palavras nos falam que a vinda do SENHOR para os remanescentes na Sua vinda não será para eles uma surpresa.
- 2.A palavra “ladrão” no grego é kletes. De acordo com o contexto que essa palavra foi usada em Ap 3.3; 16.15, indicando a “habilidade de alguém que não rouba com violência”, em contraste com outro vocábulo que é lestes que é “assaltante”, “aquele que se apossa dos bens alheios com violência”. O vocábulo kletes fala da maneira “inesperada” da vinda do SENHOR. Ele virá buscar as coisas preciosas.
- 3.Diz que ele vem a “noite”. Segundo os eruditos da Bíblia “noite” é uma palavra para designar “crise espiritual”, “apostasia”. O SENHOR voltará para buscar Sua Igreja gloriosa numa época de densas trevas espirituais (II Tm 3.1-5; Rm 13.12; Ap 21.25; 22:5).
- I Tessalonicenses 5.4 – “Mas vós, irmãos, não estais em trevas, [no grego é skotos, “ignorância com respeito as coisas divinas”] para que esse Dia como ladrão vos apanhe de surpresa”. Numa tradução mais livre esse versículo está assim: “Mas vocês, irmãs e irmãos, não estão na escuridão, e o Dia do SENHOR não deverá pegá-los como um ladrão, que ataca de surpresa”.
- Vamos fazer uma análise desse texto:
- 1.Paulo não está se contradizendo, o que precisamos entender esse assunto co muita clareza para que sejamos edificados. Esses dois textos não expressam duas verdades. Na Bíblia só há uma verdade. Dentre os irmãos no passado, muitos ensinaram que a Igreja seria arrebatada antes da Grande tribulação (John Nelson Derby), outros ensinaram que a Igreja seria arrebatada após a grande tribulação (Benjamim Newton). Esses dois irmãos citados fizeram parte de um grande mover de DEUS na história da Igreja na Inglaterra, conhecido como “Os irmãos unidos” em 1829. Outros irmãos conhecidos como eruditos, que possuíam um profundo conhecimento da Palavra de DEUS, tais como G.H. Pember Robert Govett e D. M Panton, ensinavam que a vinda do SENHOR JESUS ocorreria em duas etapas: uma antes da grande tribulação e outra após a grande tribulação.
- 2.Em Apocalipse 3.3 e 16.15, diz que o SENHOR JESUS virá como ladrão, e que para isso, teremos de ser vigilantes.
- 3.Em I Tessalonicenses 4.17 e Apocalipse 10.1 – A nuvem está relacionada com a vinda do SENHOR JESUS. O SENHOR JESUS foi para o céu numa nuvem e voltará numa nuvem à terra da mesma forma (At 1.9,11; Mt 26.64; Ap 14.14).
- Vamos atentar para dois aspectos:
Ø Primeiro – Ele virá na nuvem. Isto significa que Ele estará oculto pela nuvem.
Ø Segundo – Ele descerá vestido numa nuvem. Ele não descerá a terra, mas sim, nos ares.
Ø No primeiro aspecto está relacionado com os vencedores, antes da grande tribulação.
Ø No segundo aspecto está relacionado com a Igreja após a grande tribulação.
- De acordo com a Bíblia DEUS teve duas escolhas:
- A primeira escolha foi antes da fundação do mundo (Ef 1.4)
- A segunda escolha será quando nos ares Ele escolher aqueles que irão reinar com Ele para todo sempre
- A primeira escolha foi para a salvação (Mt 22.14).
- A segunda escolha é para o reino (Mt 20.16;).

Qual a recompensa para aqueles que são vigilantes quanto à vinda do SENHOR JESUS
- Em Apocalipse 2.28 diz: “assim como também eu recebi de meu Pai, dar-lhe-ei ainda a estrela da manhã”. Em Malaquias 4.2 diz: “Mas para vós outros que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça, trazendo salvação nas suas asas; saireis e saltareis como bezerros soltos da estrebaria”.
- Há uma grande diferença entre o Sol e a Estrela da manhã. Se você quiser ver a estrela da manhã você tem de levantar bem cedo. Se você dormir, você irá perde-la, embora, você não perderá o Sol. A aparição da estrela da manhã é secreta, mas a do sol é as claras.
- Os vencedores serão arrebatados antes dos “sextos selo” (Ap 6.12).
- Os vencedores são aqueles que esperam e apressam a vinda do SENHOR (2 Pd 3.12).

Salvos através do fogo – (I Co 3.15)
- Analisando esse texto vamos compreender algumas verdades extraordinárias acerca da salvação e do reino: “se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo”.
- A primeira palavra que precisamos compreender nesse texto é “queimar” – Apalavra “queimar” no grego é katakaio. Em Lucas 3.17 diz que o SENHOR “...queimará a palha em fogo inextinguível”. O sentido dessa palavra aqui é que o fogo queimará completamente. A preposição pré-fixada no original grego indica “perda de recompensa” (Is 40.10; 62.11; II Co 5.10; Cl 3.23-25;).
- Uma pessoa pode perder o reino dos céus, mas ela não perderá a vida eterna. Ela pode perder a recompensa, contudo não perderá o dom, isto é a salvação.
- Nunca podemos esquecer que a salvação não é um fim em si mesma. Ela não é último passo da via cristã, ela é o primeiro passo.
- É através da salvação que DEUS separa os salvos dos que não são salvos. Os que receberam a vida eterna dos que receberão a condenação eterna.
- Sem a fé o homem não pode ser salvo. Sem as boas obras, o homem não pode ser recompensado. Essas boas obras não são aquelas que as pessoas fazem para a salvação. As boas obras são realizadas através da nossa experiência de viver CRISTO. Essas boas obras devem ser fruto da experiência da vida de CRISTO em nós. É por causa da justiça de CRISTO em nós, e não por causa da nossa justiça.
- A segunda palavra que devemos estudar aqui é “sofrer” – No original grego é zemioo, que significa “danificar”. Essa mesma palavra é usada em Mateus 16.26 que diz: “Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?” Em Filipenses 3.8, Paulo diz que considerou “...tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de CRISTO JESUS, meu SENHOR; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a CRISTO”
- A terceira palavra que precisamos estudar é “dano”. Essa palavra significa: “deterioração”, “prejuízo”. Na era vindoura todos os cristãos serão julgados conforme suas obras. Aqueles que realizaram obras que não edificaram a Igreja do SENHOR JESUS, isto é, com madeira, palha e feno, terão prejuízo, e esse prejuízo será a perda do reino.
- A quarta e última palavra é “fogo” – essa palavra indica que a pessoa salvará apenas a sua vida, embora, terá perdas.

A disciplina de DEUS
- DEUS é diferente do homem. O homem quando ama é tolerante, mas DEUS, quando ama disciplina. DEUS não é negligente, Ele é sério.
- Todos nós cristãos precisamos conhecer o sentido paradoxal entre disciplina e a graça de DEUS. Todavia, não podemos ignorar que a disciplina é um grande aspecto da graça de DEUS.
- Há um aspecto da disciplina de DEUS que quero analisar aqui nesse estudo. É a disciplina na era vindoura.
- Como já vimos, nesta última fase da obra de DEUS algumas coisas irão ocorrer numa seqüência extraordinária em relação à Igreja. Vejamos:
- 1.O arrebatamento dos vencedores
- 2.O período da grande tribulação
- 3.O arrebatamento da Igreja após a grande tribulação.
- 4.O tribunal de CRISTO.
- 5.O reino milenial do SENHOR JESUS.

Precisamos estudar três passagens na Bíblia para entendermos melhor esse assunto.
- Na Bíblia a “era vindoura” ou “porvir” sempre se refere ao reino. Pois a palavra era no grego é aion (Lc 20.35; Mt 12.32). Essa palavra se refere a um intervalo de tempo.
- Lucas 12.45-48 – A parábola do servo vigilante
- Nesse texto vemos que a palavra “servo” indica um cristão, uma pessoa salva.
- O cristão pode ser um servo bom ou um servo mau.
- O texto diz que o SENHOR daquele servo pode vir na hora que ele não sabe (Lc 12.46). essa advertência o SENHOR JESUS nos dá também em Mateus 25.13.
- Esse texto nos fala da punição futura dos cristãos diante de DEUS.
- A salvação é um fato imutável na vida de um cristão, mas se um cristão não viver sua vida segundo a vontade de DEUS ele terá perdas no tocante a era vindoura.
- Colossenses 3.23-25 – O caráter distintivo da vida cristã nos deveres familiar
- O contexto desses versículos nos fala como um cristão deve ser uma esposa, um marido, um pai ou mãe, um filho ou filha, um senhor e um escravo.
- Aquilo que alguém fizer cometendo injustiça, receberá por aquilo que injustamente cometeu.
- No capítulo três da Primeira carta aos Coríntios Paulo mostra a seriedade desse assunto no seu aspecto prático na vida cristã.
- II coríntios 5.10 – O tribunal de CRISTO
- Nesse texto somos informados que o julgamento se dará aos cristãos por tudo que eles fizeram por meio do corpo (I Co 9.27).
- Aqui nesse texto se vê claramente que no trono do julgamento de DEUS os que fizeram o bem receberão um galardão e os que fizeram o mal perderão o galardão pois serão recompensados segundo o que fizeram.
- Paulo estava tão ciente do julgamento futuro que em II Timóteo 1.18 ele ora e diz: “O SENHOR lhe conceda, naquele Dia, achar misericórdia da parte do SENHOR. E tu sabes, melhor do que eu, quantos serviços me prestou ele em Éfeso”. Paulo expressa o desejo de que Onesíforo possa achar misericórdia da parte do SENHOR no dia do julgamento de CRISTO.
- Nessas três passagens podemos ver com nitidez que haverá um julgamento no porvir. E esse julgamento está relacionado com Hebreus 10.30 e I Pe 4.17.

Edificar errado – destruir o Santuário de DEUS
- A palavra “santuário” aqui é a palavra grega naos que indica a parte interior do tabernáculo. Essa palavra ocorre com maior freqüência no livro de Apocalipse. Vejamos apenas duas citações nesse livro (11.19; 21.22).
- Santuário é o lugar da habitação de DEUS.
- Olhe atentamente para I Reis 8.27: “Eis que os céus e até o céu dos céus não te podem conter, quanto menos esta casa que eu edifiquei”; e ainda Atos 7.48: “entretanto, não habita o ALTÍSSIMO em casas feitas por mãos humanas”, no versículo 49 ainda diz: “O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa me edificareis, diz o SENHOR, ou qual é o lugar do meu repouso?” Nesses versículos vemos que DEUS na Sua infinita graça desejou ter um lugar para Ele descansar. O santuário é o lugar do descanso de DEUS. É o lugar onde DEUS se completa como DEUS.
- Paulo diz que o “ESPÍRITO habita” esse santuário. A palavra “habita” é o vocábulo grego oikeo, que significa “morar dentro”. É interessante notar que a primeira vez que essa palavra ocorre no Novo Testamento é em Romanos 7.17, e depois, no versículo 18. No versículo 17 Paulo diz que o “pecado habitava nele” e em seguida, ele diz “que nele não habitava bem algum”. Há algo muito especial aqui. Logo no capítulo 8 da Epístola aos Romanos Paulo nos dois primeiros versículos Paulo diz: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em CRISTO JESUS. Porque a lei do ESPÍRITO da vida, em CRISTO JESUS, te livrou da lei do pecado e da morte”. Paulo prossegue ainda nos versículos 9 e 11 “Vós, porém, não estais na carne, mas no ESPÍRITO, se, de fato, o ESPÍRITO de DEUS habita em vós. E, se alguém não tem o ESPÍRITO de CRISTO, esse tal não é Dele. Se habita em vós o ESPÍRITO daquele que ressuscitou a JESUS dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a CRISTO JESUS dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do Seu ESPÍRIT, que em vós habita”.
- Agora, acho que todos nós podemos entender o que Paulo diz em Romanos 8.39: “nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de DEUS, que está em CRISTO JESUS, nosso SENHOR”.

O que é uma coroa?
- Em Apocalipse 11.15, mostra-nos ainda essa verdade, que, o SENHOR JESUS CRISTO se tornará o rei de todo o mundo, e nesse tempo se dará a recompensa, isto é, haverá a entrega da coroa e do trono. Isso não quer dizer, que os cristãos, andarão na era vindoura, com essa coisa esplendorosa sobre suas cabeças.
- A coroa representa a posição que cada cristão terá no reino. A coroa não fala de um objeto, como também, não diz que uns terão uma coroa mais bonita do que a do outro (I Co 9.25; I Ts 2.19; II Tm 4.8; Tg 1.12; I Pe 5.4; Ap 2.10; Ap 3.11; Ap 4.4,10).
- Aqui em Ap 4.4,10, diz que os anciãos receberam uma coroa de ouro, como também, as depositaram diante do SENHOR JESUS, isto é uma referência que somente Ele é digno de ser coroado. A coroa representa a nossa posição no reino. A coroa fala também da glória do reino.
- Portanto, temos que entender que a coroa representa o reino. Todavia, perder a coroa é perder o reino, e é isso, que ela representa. Assim também, o trono fala de posição no reino, autoridade no reino e a glória no reino.

Irmãos em Cristo Jesus.

Irmãos em Cristo Jesus.
Mt 5:14 "Vós sois a luz do mundo"