Para a Edificação do Corpo de Cristo!! Mateus 5:9 Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos maduros de Deus.
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
A experiência dos crentes anímicos- Watchman Nee
Inevitavelmente, a alma varia de uma pessoa para outra. Não pode ser estereotipada. Cada um de nós tem uma individualidade particular, algo único, que se estenderá por toda a eternidade. Não é destruída quando tem lugar a regeneração. De outro modo, na eternidade, a vida seria completamente monótona! Bem, como há variação nas almas dos homens, naturalmente deduz-se que a vida dos cristãos anímicos igualmente variará de pessoa a pessoa. Conseqüentemente, podemos falar aqui só em termos gerais, e meramente apresentaremos os traços mais proeminentes com os quais, basicamente, os filhos de Deus podem comparar suas próprias experiências.
Os cristãos anímicos são excepcionalmente curiosos. Por exemplo, pelo mero desejo de conhecer o que lhes reserva o futuro, tratam de satisfazer sua curiosidade e estudam conscientemente as profecias da Bíblia.
Os cristãos carnais têm tendência a mostrar suas diferenças e superioridades no vestir, no seu modo de falar e em seus atos. Desejam causar impressão nas pessoas para que sejam reconhecidas todas suas obras.
Naturalmente, essa tendência pode já ter existido neles antes da conversão; mas acham muito difícil vencer esta propensão natural, depois. Ao contrário dos cristãos espirituais, que procuram não tanto a explicação como a experiência de ser um com Deus, esses crentes procuram diligentemente uma compreensão na mente. Gostam de discutir e raciocinar. O fracasso em fazer com que seus ideais se transformem em realidade não é o que os preocupa; é sua incapacidade para compreender esta falta de experiência espiritual que os perturba! Assumem que conhecer mentalmente é possuir na experiência. Isto é um grande engano.
Muitos crentes anímicos adotam uma atitude de justiça própria, embora freqüentemente seja difícil perceber. Aferram-se tenazmente às mínimas opiniões. Sem dúvida, é correto manter as doutrinas básicas e essenciais da Bíblia, mas certamente podemos nos permitir conceder certa margem de tolerância em questões menores. Podemos ter a convicção de que o que acreditamos é verdade absoluta; porém, se engolirmos o camelo mas tentarmos peneirar o mosquito, isso absolutamente não agradará a Deus. Deveríamos pôr de lado as diferenças pequenas e prosseguir para o objetivo comum.
Às vezes, a mente dos cristãos anímicos é assaltada pelo espírito maligno; daí seu pensamento se torna confuso, misturado e, às vezes, poluído. Em suas conversas, freqüentemente respondem o que não lhes foi perguntado; sua mente se embota; trocam o tópico da discussão com freqüência, demonstrando o quanto seus pensamentos estão dispersos. Mesmo que orem e leiam a Bíblia, sua mente se perde na lonjura. Embora estes cristãos geralmente atuem de forma que raramente põem em ordem seu pensamento sobre alguma coisa com antecipação, podem dizer aos outros que sempre operam sobre princípios e que consideram cuidadosamente cada ação, inclusive citando alguns incidentes de suas vidas para corroborar suas pretensões. Embora pareça estranho, de vez em quando pensam três e até dez vezes antes de executar um ato. Suas ações são verdadeiramente imprevisíveis.
Os crentes carnais são facilmente mutáveis. Há ocasiões em que estão extremamente entusiasmados e contentes; em outras, abatidos e tristes. Nos momentos de felicidade podem julgar que o mundo é muito pequeno para contê-los, por isso se elevam pelos ares, asas do vento, para os céus; mas nos momentos de tristeza chegam à conclusão de que o mundo já está farto deles e de boa vontade se desembaraçariam de sua pessoa. Há ocasiões de entusiasmo em que seus corações são agitados como se fosse por um fogo ardendo dentro, ou como se tivessem subitamente achado um tesouro. Igualmente há horas de depressão em que seu coração não pode ser estimulado, mas sim cedem a um sentimento de perda que os deixa extremamente deprimidos. Seu gozo e sua pena igualmente dependem principalmente do sentimento. Suas vidas são suscetíveis de mudanças constantes, porque são governados por suas emoções.
A hipersensibilidade é outro traço que geralmente marca os anímicos. É muito difícil viver com eles porque interpretam qualquer movimento que acontece ao seu redor como dirigido a eles.
Quando alguém os trata com menos cuidados, se zangam. Quando suspeitam que os outros mudaram de atitude a seu respeito, se magoam. Exibem o sentimento da inseparabilidade. Uma leve mudança em tal relação produz em sua alma uma dor inexprimível. E assim estas pessoas se enganam pensando que sofrem pelo Senhor.
Deus conhece as fraquezas dos anímicos quando fazem do seu eu o centro, e se consideram especiais quando conseguem um pequeno progresso no reino espiritual. Deus lhes concede dons especiais e experiências sobrenaturais que lhes possibilitam vivenciar momentos de bem-aventurança inefável, assim como momentos de maior intimidade com o Senhor, como se O tivessem visto e tocado. Mas Ele usa estas graças especiais para que se humilhem e assim possa trazê-los para o Deus de toda graça. Infelizmente, esses crentes não seguem os propósitos de Deus. Em vez de glorificar a Deus e aproximar-se mais dEle, apoderam-se da graça de Deus para sua própria jactância. Agora se consideram mais fortes que outros; porque imaginam, em segredo, que são mais espirituais que aqueles que não tiveram estes encontros. Além disso, os crentes anímicos têm numerosas experiências sentimentais que os induzem a considerar-se mais espirituais, sem se dar conta que não passam de evidências de que são carnais. Quem é espiritual não vive pelo sentimento, mas sim pela fé.
Com freqüência o cristão carnal é perturbado pelas coisas de fora. As pessoas ou os assuntos ou as coisas no mundo que os rodeia facilmente invadem seu homem interior e perturbam a paz de seu espírito. Se colocarem um cristão anímico em um ambiente feliz, se sentirá feliz. Ponha-o em um ambiente penoso e se sentirá de causar pena. Carece de poder criador. Em vez de possuí-lo, adota a compleição peculiar daqueles com os quais está em contato. Os que são anímicos geralmente prosperam na sensação. O Senhor lhes concede o sentido de Sua presença antes de alcançarem a espiritualidade. Tratam esta sensação como um gozo supremo. Quando lhes concede um sentimento assim, imaginam que fazem grandes progressos para o auge da maturidade espiritual. Contudo, o Senhor alternadamente concede e retira esses toques, para poder treiná-los gradualmente a prescindir da sensação e a andar por fé. Eles, porém, não entendem o método do Senhor, e chegam à conclusão de que sua condição espiritual é mais elevada quando sentem a presença do Senhor e mais baixa quando deixam de senti-la.
Os cristãos carnais têm uma marca comum: a verbosidade. Suas palavras deveriam ser poucas, sabem muito bem, mas se vêem impulsionados a discussões intermináveis, com a emoção mais entusiasta. Carecem de controle de si mesmos na fala; uma vez que tenham aberto a boca, a mente parece não ter rédeas para freá-la. As palavras saem como uma avalanche.
Em certo momento, o cristão anímico percebe que não deveria falar sem parar, mas por alguma razão lhe é impossível inibir-se uma vez que a conversa tenha iniciado. Então há pensamentos de todos os tipos que rapidamente invadem a conversação, precipitando-se em uma contínua mudança de assuntos infalivelmente cheio de palavras. E «quando as palavras são muitas, não falta a transgressão», diz Provérbios 10:19. Porque o resultado será ou uma perda de controle devido ao muito falar, a perda da paz por causa das discussões, ou até a perda de amor por causa das críticas, porque de modo secreto e hipócrita ajuízam a outros dizendo que são loquazes e consideram que não deveriam sê-lo. Percebam que esta volubilidade não é adequada ao santo
A pessoa carnal não consegue parar de falar frivolamente, e prossegue falando e escutando brincadeiras pobres. Ou pode haver conversações alegres e vivazes, que acredita que não pode perder, custe o que custar. Embora às vezes se aborreça desse falar sem proveito e ímpio, não é durante muito tempo; quando a emoção é de novo estimulada, automaticamente volta ao seu passatempo favorito.
Os cristãos anímicos se permitem também o «desejo dos olhos». O que com freqüência governa suas atitudes é o ponto de vista particular, artístico ou estético, que prevalece momentaneamente no mundo corrente. Não assumiram ainda a atitude de morte quanto aos conceitos artísticos humanos. Em vez disso se orgulham de possuir a visão penetrante do artista. Caso que não sejam admiradores ardentes da arte, podem saltar ao outro extremo e ser totalmente indiferentes à beleza. Esses vão vestir farrapos como demonstração do que sofrem pelo Senhor.
Os intelectuais entre os que vivem segundo a alma tendem a ver-se a si mesmos como «boêmios». Em uma manhã ventosa, ou uma noite de lua, por exemplo, é provável achá-los derramando suas almas em canções sentimentais.
Com freqüência lamentam suas vidas, vertendo muitas lágrimas de auto-compaixão. Esses indivíduos adoram a literatura, estão famintos dela e devoram sua formosura. Também recitam poemas líricos, porque isto lhes dá um sentimento transcendental. Vão ver as montanhas, os lagos e as correntezas, posto que isto os leva para mais perto da natureza. Ao ver que o curso do mundo declina, começam a pensar em viver uma existência isolada dos demais. Que elevados e que puros são! Não como os outros crentes, que lhes parecem materialistas, vulgares, metidos em mil assuntos. Esses cristãos se consideram muito espirituais, não reconhecendo o incrivelmente anímicos que são na realidade. Uma carnalidade assim representa o maior dos obstáculos para que possam entrar em um reino totalmente espiritual, porque são governados completamente por sua emoção. O que constitui o maior risco para eles é que não conseguem perceber sua posição perigosa e o seu total contentamento próprio.
Os crentes carnais podem abundar em conhecimento chamado espiritual, mas ficam curtos na experiência. Daí que condenam os outros mas não se corrigem a si mesmos. Quando ouvem o ensino de dividir a alma e o espírito, sua mente natural o assimila rapidamente e sem dificuldade. Mas o que acontece então? Ficam a discernir e ordenar os pensamentos e atos anímicos, não de suas vidas, mas sim das dos demais. Sua aquisição de conhecimento meramente os impulsiona a julgar a outros mas não a ajudar-se a si mesmos.
Esta propensão a criticar é uma prática comum entre os anímicos. Têm a capacidade da alma de receber o conhecimento, mas carecem da capacidade espiritual para ser humildes. No relacionamento com as pessoas dão a impressão de serem frios e duros. Seus entendimentos com outros possuem certa rigidez. Ao contrário dos crentes espirituais, seu homem exterior não foi quebrantado e portanto não é fácil aproximar-se deles ou acompanhá-los.
Os cristãos que prosperam na vida da alma são muito orgulhosos. Isso é devido a fazerem do eu o seu centro. Por muito que tratem de dar a glória a Deus e reconhecer todo mérito como a graça de Deus, os crentes carnais têm a mente posta em si mesmos. Tanto se considerarem suas vidas boas ou más, seus pensamentos giram ao redor de si mesmos. Não se perderam ainda em Deus. Ficam muito magoados se forem postos de lado, seja na obra ou no julgamento dos outros. Não podem tolerar os mal-entendidos ou as críticas, porque — ao contrário de seus irmãos mais espirituais — ainda não aprenderam a aceitar alegremente as disposições de Deus, quer estas resultem em elevação ou em rejeição.
Resistem em parecerem inferiores, ou serem desprezados. Mesmo depois de terem recebido a graça de conhecer o estado real de sua vida natural como muito corrupta, e até depois de haver-se humilhado diante de Deus — considerando que suas vidas são as piores do mundo—, essas pessoas, apesar disso e ironicamente, terminam considerando-se mais humildes que os outros. Se envaidecem de sua humildade! O orgulho está encravado neles até a medula dos ossos.
As obras dos crentes anímicos
Os anímicos não cedem a ninguém em questão de obras. São os mais ativos, zelosos e dispostos. Mas não trabalham porque tenham recebido a ordem de Deus; trabalham, em troca, porque têm o zelo e a capacidade de fazê-lo. Acreditam que fazer a obra de Deus é muito bom, sem perceber que só o fazer a obra que Deus ordenou é verdadeiramente elogioso. Estes indivíduos nem têm o ânimo para confiar nem o tempo para esperar. Nunca procuram sinceramente fazer a vontade de Deus. Ao contrário, operam conforme suas idéias, com a mente cheia de planos e esquemas. Devido a que trabalham com diligência, estes cristãos caem no engano de ver-se como mais adiantados que outros irmãos deles que vão mais pausadamente. Quem pode negar, não obstante, que com a graça de Deus estes últimos podem ser facilmente mais espirituais que os primeiros?
O trabalho dos crentes anímicos depende principalmente dos sentimentos. Ficam a trabalhar só quando os emprega; e se estes sentimentos apropriados cessam enquanto estão trabalhando, deixam de fazê-lo imediatamente. Podem dar testemunho a outros durante horas sem cessar e sem cansaço se experimentam em seus corações um desejo ardente e um sentimento de contentamento inexprimível. Mas se tiverem que suportar um desprezo ou uma insipidez logo que vão falar, ou não falarão em absoluto, inclusive frente à maior necessidade, nem mesmo diante de uma situação no leito de morte. Com calor estimulante podem correr milhares de milhas; sem ele não vão dar um passo. Não podem prescindir de seus sentimentos até o ponto de falar com o estômago vazio a uma mulher samaritana ou com os olhos sonolentos a um Nicodemos.
Os cristãos carnais trabalham com gosto; contudo, entre os muitos trabalhos são incapazes de manter a calma de seu espírito. Não podem cumprir as ordens de Deus quietamente como seus irmãos espirituais. O muito trabalho os transtorna. A confusão exterior lhes causa uma inquietação interna. Seus corações são governados por questões externas. «As muitas coisas os angustiam» (Lc. 10:40). Isso é característico da obra do cristão anímico. Os cristãos carnais se desanimam facilmente por causa de MEUS esforços. Falta-lhes a tranqüila confiança que se apóia em Deus para fazer a obra. Estando regidos por suas sensações internas e o ambiente externo, não podem apreciar a «lei da fé». Diante do sentimento de que falharam, por mais que não seja verdade, estão dispostos a renunciar. Se deprimem quando o ambiente se nubla e fica desanimado. Não entraram ainda no repouso de Deus.
Como lhes falta poder ver ao longe, estes crentes que confiam na alma se desanimam facilmente. Só podem ver o que têm imediatamente diante de si. As vitórias momentâneas injetam-lhes gozo; as derrotas temporárias os entristecem. Não descobriram a maneira de ver o fim da obra através dos olhos da fé. Desejam um êxito imediato como consolo e distração para seu coração; a falha em consegui-lo os faz incapazes de seguir adiante, imperturbáveis, e confiar em Deus em meio às trevas circundantes.
Os crentes anímicos são peritos em descobrir faltas, embora eles não sejam por necessidade fortes. São prontos a criticar e lentos em perdoar. Quando investigam e corrigem as deficiências de outros exsudam uma espécie de auto-suficiência e uma atitude de superioridade. Sua maneira de ajudar às pessoas gente é correta e legal, mas sua motivação nem sempre é reta.
A tendência a apressar-se marca com freqüência aos que partem ao ritmo de sua alma. Não esperam a Deus. Tudo o que fazem é precipitado, impetuoso, com pressa. Operam, mais por impulso que por princípios. Inclusive na obra de Deus, estes cristãos são impulsionados por seu zelo e paixão, até o ponto que não podem esperar que Deus deixe clara sua vontade e seu caminho.
A mente do carnal está ocupada completamente em seus empreendimentos. Consideram e planejam, fazem esquemas e predizem. Algumas vezes pressagiam um futuro esplêndido, por isso estão fora de si de gozo; outras vezes captam só olhadas de trevas e imediatamente são presa de um estado de miséria inexprimível.
Dessa forma, estão pensando em seu Senhor? Não, pensam mais em seus trabalhos. Para eles, o fazer a obra do Senhor é de importância suprema, mas com freqüência se esquecem de que o Senhor é o que dá a obra. A obra do Senhor ocupa o centro, mas o Senhor da obra retrocede ao fundo.
As pessoas anímicas carecem de penetração espiritual, por isso são guiadas por pensamentos súbitos que, como brilhos, cruzam velozes sua mente; suas palavras e obras, portanto, são com freqüência inapropriadas. Falam, em primeiro lugar, não porque se sentem chamados a fazê-lo, mas sim simplesmente porque supõem que é necessário fazê-lo. E, então, podem fazer recriminações, quando deveriam mostrar simpatia ou consolação. Tudo isto é devido a sua deficiência em discernimento espiritual. Confiam muito em seus pensamentos limitados e limitantes. E até depois que se viu que suas palavras são improcedentes, negam-se a aceitar o veredicto dos feitos. Devido a que possuem oceanos de planos e montanhas de opiniões é muito penoso trabalhar com os cristãos carnais. Tudo o que lhes parece bom deve ser aceito como bom pelos outros. A condição essencial para operar com eles é estar perfeitamente de acordo com suas idéias ou interpretações. Não podem tolerar qualquer opinião diferente que alguém possa manifestar. Embora o crente anímico saiba que não deveria aferrar-se a opiniões, assegura-se de que sempre que alguma opinião tenha que ser descartada, que não seja a sua! O sectarismo — admite — não é espiritual; mas nunca é sua seita particular a que deve desaparecer. Tudo o que ele não aceita, o considera como uma heresia. (Não é de se estranhar que outros cristãos — anímicos como ele — lhe paguem com a mesma moeda, negando a autenticidade de sua fé.) Sente grande apego a sua obra. Ama a seu pequeno círculo, digamos íntimo, e é por isso incapaz de trabalhar conjuntamente com outros filhos de Deus. E insiste em denominar somente filhos de Deus aos que são de sua própria filiação. Quando chegamos ao sermão, o anímico não pode depender inteiramente em Deus. Ou põe sua confiança em algumas histórias ilustrativas boas, ou em palavras engenhosas ou em sua personalidade. Há alguns pregadores notáveis que possivelmente dependam completamente de si mesmos: como eu disse, todos tem que escutar! Podem depender de Deus, mas também, ao mesmo tempo, dependem deles mesmos. Daí sua cuidadosa preparação. Passam mais tempo analisando e recolhendo os materiais, e pensando com esforço, que orando e procurando a mentalidade de Deus e esperando o poder de cima. Memorizam suas mensagens e logo as pregam literalmente. Seus pensamentos ocupam um lugar primário nesta obra. Com um enfoque assim, estes crentes, naturalmente, vão pôr mais confiança na mensagem que no Senhor. Em vez de confiar no Espírito Santo para que lhes revele a necessidade do homem, e a provisão de Deus para seus ouvintes, dependem de modo exclusivo das palavras que pronunciam para comover os corações dos homens. Aquilo em que esses crentes carnais fazem insistência e no que confiam é só em suas palavras. Possivelmente suas mensagens transmitam a verdade, mas sem ser avivada pelo Espírito Santo, até a verdade é uma vantagem pequena. Haverá muito pouco fruto espiritual se alguém se apoiar nas palavras mais que no Espírito Santo. Por muito que essas mensagens sejam aclamadas, só fazem impacto na mente dos ouvintes, não em seus corações.
Os crentes anímicos desfrutam empregando palavras altissonantes e frases destiladas. Pelo menos a esse respeito estão tratando de imitar ao que é genuinamente espiritual, que, tendo recebido muita experiência, é capaz de ensinar com precisão, superior a de todos seus predecessores. O carnal considera isto altamente atrativo, por isso se deleita em empregar maravilhosa imaginação na mensagem. Sempre que lhe ocorre uma idéia que acredite superior — seja andando, conversando, comendo ou dormindo — a anota para uso futuro. Nunca se pergunta se essa idéia foi revelada pelo Espírito Santo ou é meramente um pensamento que irrompeu em sua mente.
Alguns cristãos que são verdadeiramente anímicos acham um deleite especial em ajudar a outros. Isto não significa que não tenham conhecimento; na realidade têm muito. Ao descobrir algum elemento impróprio ou quando lhes falam de alguma dificuldade, imediatamente adotam a atitude do crente veterano, ávidos de ajudar com a visão limitada que têm. Esbanjam ensinos escriturais e prodigalizam em abundância as experiências de santos. Inclinam-se a dizer tudo o que sabem, quer dizer, mais do que sabem, chegando com isso ao reino da hipótese. Estes crentes «veteranos» exibem uma atrás da outra, todas as verdades que se armazenaram em suas mentes, sem se inquirir se aqueles a quem falam têm realmente a necessidade delas ou podem absorver tanto ensino em uma sessão. São como Ezequias, que abriu as portas do tesouraria e exibiu todos seus tesouros.
Algumas vezes sem nenhum estímulo externo, mas porque simplesmente foram movidos por uma emoção interna, derramam ensinos espirituais sobre outros, muitos dos quais meramente teorias. Desejam, além disso, desdobrar seu conhecimento.
Entretanto, nem todas as peculiaridades antes mencionadas existem em cada um dos filhos de Deus de caráter anímico. Varia com as diferentes personalidades. Alguns ficam quietos, sem dizer nem uma sílaba. Até em meio de uma necessidade desesperam-se, e quando deveriam falar, mantêm a boca fechada. Não alcançaram ainda a libertação do acanhamento e do temor natural. Podem estar sentados junto a aqueles crentes faladores e criticá-los no coração, mas seu silêncio não os faz menos anímicos.
Devido a que não estão enraizados em Deus e, portanto, não aprenderam a esconder-se nele, as pessoas carnais desejam ser vistas. Procuram posições proeminentes na obra espiritual. Se assistem a reuniões esperam serem ouvidos, embora eles não escutem a outros. Experimentam um gozo inexprimível quando são reconhecidos, respeitados e recebem homenagem.
O anímico ama usar fraseologia espiritual. Aprendem de memória um copioso vocabulário espiritual que empregam invariavelmente em qualquer oportunidade conveniente. Usam-no tanto ao pregar como ao orar, mas não de coração.
Os que vivem no reino da alma possuem uma voraz ambição. Seu desejo ocupa com freqüência o primeiro lugar. Se vangloriam da obra do Senhor. Aspiram a ser operários poderosos, usados grandemente pelo Senhor. Por que? Para que possam obter um lugar, conseguir um pouco de glória. Gostam de comparar-se a si mesmos com outros: provavelmente nem tanto com aqueles a quem eles não conhecem como com aqueles com quem colaboram. Este disputar e contender pode ser muito intenso. Desprezam os que espiritualmente buscam a Deus, considerando-os como ociosos; rebaixam os que são espiritualmente grandes, visualizando-os como quase seus iguais. Sua firmeza se aplica a ser grandes, a estar na cabeça. Esperam a prosperidade de sua obra, com o objetivo de que se fale deles. Esses desejos, naturalmente, estão profundamente escondidos em seus corações e podem ser apenas perceptíveis aos outros. Embora esses desejos possam estar muito bem escondidos e mesclados com motivos mais puros, a presença desses desejos inferiores é um fato irrefutável.
Os crentes anímicos são muito satisfeitos de si mesmos. Se o Senhor os usar para salvar uma alma, se enchem de júbilo e se consideram espiritualmente vitoriosos. Se alcançam algum triunfo, enchem-se de orgulho. Um pouco de conhecimento, um pouco de experiência, um pequeno êxito facilmente os faz sentir como se houvessem conseguido muito. Este traço comum entre os cristãos anímicos pode ser comparado ao copo pequeno que se enche facilmente. Não enxergam o vasto e profundo oceano de água que fica de fora. Conquanto seu balde esteja transbordando já estão satisfeitos. Não se perderam em Deus, pois senão encarariam todas estas coisas como sem valor, porém seus olhos estão sempre enfocados em seu eu insignificante e por isso se sentem muito afetados por qualquer simples e pequeno ganho ou perda.
Essa capacidade limitada é a razão pela qual Deus não pode usá-los mais. Se essa jactância tiver como resultado ganhar só dez almas para o Senhor, o que aconteceria se tivessem ganhado mil?
Depois de terem experimentado algum êxito na pregação, uma idéia permanece nesses crentes anímicos: foram verdadeiramente magníficos! Insistir em sua superioridade lhes rende grande gozo. Que diferentes são dos outros, inclusive «maiores que o maior dos apóstolos!» Pois bem, algumas vezes se sentem magoados em seus corações se os outros não os estimam conforme acreditam merecer. Lamentam a cegueira dos que não reconhecem que um profeta pode proceder de Nazaré e que está ali presente. Às vezes, quando esses crentes anímicos pensam que suas mensagens contêm revelações que ninguém tenha descoberto antes, sentem apreensão de que sua audiência possa não apreciar a maravilha das mesmas. Depois de cada êxito vão passar horas, senão dias, felicitando-se a si mesmos. Debaixo desse engano, não é de se estranhar que frequentemente se convençam de que a igreja de Deus deveria perceber que grande evangelistas ou pregadores de avivamentos ou escritores eles são. Que desgosto sentem se as pessoas não percebem isso!
Os crentes carnais carecem de princípios fixos. Suas palavras e feitos não seguem máximas determinadas. Vivem em conformidade com sua emoção e sua mente. Operam conforme sentem ou pensam, algumas vezes de modo diferente e até oposto à sua pauta usual. Essa mudança pode ser vista de modo muito vívido depois da pregação. Mudam de acordo com o que pregaram recentemente. Se, por exemplo, falaram sobre paciência, durante os dois dias seguintes se mostram extremamente pacientes. Se exortaram a louvar a Deus, começam a louvar sem cessar. No entanto, isso não vai durar. Como obram segundo o que sentem, suas próprias palavras vão ativar suas emoções e assim se comportarão de uma maneira determinada. Mas, uma vez passada a emoção, tudo termina e voltam a ser como antes.
Outro ponto especial com referência aos cristãos anímicos é que parecem ser superdotados. Os crentes envolvidos no pecado não mostram tantos talentos; nem tampouco os que são espirituais. Aparentemente, Deus concede dons abundantes aos anímicos a fim de que estes possam voluntariamente entregar seus dons à morte, e, uma vez renovados e glorificados na ressurreição, recebê-los de volta. Contudo, esses santos de Deus resistem a consignar estes dons à morte, e em vez disso os usam ao máximo. As habilidades concedidas por Deus deveriam ser usadas por Deus e para Sua glória, mas os crentes carnais com freqüência as consideram como suas próprias. Enquanto sirvam a Deus nesse estado mental vão continuar usando-as em conformidade com suas idéias, sem permitir que o Espírito Santo os guie. E quando têm êxito, atribuem a si próprios toda a glória. Naturalmente, uma autoglorificação e autoadmiração assim, são muito veladas; entretanto, por muito que tentem parecer humildes e oferecer a glória a Deus, não podem evitar de estarem centrados em si mesmos. A glória pode ser de Deus, sim; mas é para Deus e para mim!
Pelo fato dos carnais terem muitos talentos — ativos no pensamento e ricos na emoção —, facilmente estimulam o interesse das pessoas e comovem seus corações. Em conseqüência, os cristãos anímicos possuem personalidades magnéticas. Podem rapidamente ganhar a aclamação do povo comum. Contudo, persiste o fato de que realmente carecem de poder espiritual. Não têm o fluxo vivo do poder do Espírito Santo. O que têm é o seu próprio. As pessoas notam que possuem algo, mas esse algo não dá vitalidade espiritual aos outros. Os vêem muito ricos; mas na realidade são muito pobres.
Concluindo: um crente pode ter alguma ou todas as experiências já mencionadas, antes de ser libertado inteiramente do jugo do pecado. A Bíblia e a experiência real juntas dão prova do fato de que muitos crentes são controlados simultaneamente, por um lado, por seu corpo para incorrer em pecado, e influenciados, por outro, por sua alma para viver conforme si mesmos. Na Bíblia os dois são rotulados como «da carne».
Algumas vezes, em suas vidas, os cristãos seguem o pecado do corpo e outras a vontade própria da alma. Pois bem, se um crente pode encontrar muitos dos deleites da alma permitindo-se não menor indulgência nos desejos do corpo, não é igualmente possível ter muitas sensações da alma associadas com muitas experiências do espírito? (Naturalmente, não podemos ignorar que alguns concluem uma fase antes de entrar nas outras fases.) A experiência de um cristão, por conseguinte, é algo bem mais complexo. É imperativo que determinemos por nós mesmos se fomos libertos do baixo e ignóbil. O fato de termos experiências espirituais não nos faz espirituais. Só depois de libertos do pecado e do eu, podemos ser considerados espirituais.
Caminhos Para o Inferno- Watchman Nee
Voltemo-nos para um versículo bíblico muito importante, cujas palavras foram proferidas pelo próprio Jesus Cristo: "Larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz para a perdição" (Mateus 7:13b). Esta passagem parece informar-nos que há um lugar chamado destruição. A entrada a esse lugar é por meio de uma porta larga e além da porta encontra-se um caminho espaçoso. Gente incontável apressa-se para este lugar; até mesmo parecem estar indo de trens expressos, tanta é a velocidade com que se dirigem para este destino! Visto que a porta é larga, tudo pode ser levado para dentro. E uma vez que o caminho é espaçoso é muito fácil viajar por ele. Mas esta porta e este caminho conduzem para a perdição.
O lugar da perdição é o inferno. Assim, o que o Senhor Jesus diz aqui é que larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz para o inferno e são muitos os que entram por ela. Pode ser que você se encontre entre os que estão entrando.
Não fique a especular, dizendo não haver porta para o inferno. Pelo contrário, a porta para o inferno existe e é larga. Não fique a imaginar que não há caminho para o inferno: existe um caminho que conduz ao inferno e é mais espaçoso do que qualquer via expressa deste mundo. É muito mais espaçoso do que a rodovia mais espaçosa que se construiu. De fato, os caminhos do inferno são muitos — não há somente um. Se a pessoa desejar ir para o inferno pode encontrar muitas estradas secundárias à sua escolha. Embora sejam muitos os caminhos, um só é o destino. Embora os pontos de partidas possam variar, a linha de chegada é a mesma. Embora as pessoas viajem por caminhos diversos, todas acabam no inferno.
De forma que se você está decidido a ir para esse lugar a Bíblia pode, facilmente, mostrar-lhe muitos caminhos a seguir. Destes muitos caminhos para a destruição mencionarei aqui apenas cinco. Todos os que desejarem ir para o inferno podem tomar qualquer destes cinco caminhos e terão a segurança de acabarem lá. Entretanto, os que não quiserem acabar no inferno podem aprender desta apresentação como escapar de tal destino. Como anseio que nenhum de vocês vá para o inferno; mas se alguém insiste em palmilhar este caminho, quem poderá fazê-lo mudar de idéia?
O Primeiro Caminho Para o Inferno: Suicídio
O suicídio é um atalho para o inferno. Não há caminho que leve para o inferno tão rapidamente quanto este. Observe esta breve passagem bíblica: "Indo [Judas] para o seu próprio lugar" (Atos 1:25b). Judas jamais crera em Jesus Cristo.
Embora externamente aparentasse ser um dos discípulos, era "o filho da perdição" (João 17:12) que nunca tivera a experiência da salvação. Depois de morrer ele foi "para o seu próprio lugar". Qual era seu próprio lugar? Era a destruição ou perdição. Depois da morte ele foi para o inferno. Como foi ele para o inferno? Matou-se enforcando-se.
Se alguém desejar ir para o inferno o método mais conveniente para isso é o suicídio. Uma navalha, uma corda ou um copo de veneno rapidamente enviará a alma para o lugar de sofrimento eterno. O inferno pode estar bem distante de você nesta vida; de fato, pode ser que você leve muitos anos para acabar lá. Mas se você cometer o suicídio, encurta os seus dias de vida na terra e apressa-se para o lugar de perdição eterna.
Certa vez um patrão incrédulo perguntou a seu chofer cristão qual era o caminho mais curto para o inferno. Nesse instante o carro corria pela estrada. O motorista abriu a porta do carro e disse para o patrão: "Se o senhor pular do carro chegará lá imediatamente. Uma vez que não crê no Senhor Jesus, irá para o inferno assim que morrer."
O caminho mais fácil e mais rápido para o inferno, deveras, é o suicídio. Se desejar chegar ao inferno em poucas horas, tome uma boa dose de ópio e chegará ao seu destino. Se deseja chegar ao inferno em alguns minutos, tome cianureto e com certeza lá estará. Se achar que estes caminhos são lentos demais e deseja descer ao inferno em menos de um minuto, dê um tiro no ouvido e, com toda certeza lá estará. Há muitas outras maneiras de suicidar-se. Por exemplo, você pode deixar-se morrer de fome ou jogar-se no mar. Ou você pode deitar no trilho e deixar que o trem o esmague.
Ao suicidar-se, a pessoa priva-se da esperança da salvação. Mas se continuar a viver na terra, poderá ouvir o evangelho da morte substitutiva do Senhor Jesus e crer para a salvação. Matando-se a si mesma, destrói para sempre a possibilidade de ouvir o evangelho. Por favor, tome nota disto: a salvação ou a perdição é assunto que se decide nesta vida. Se você se recusar a crer no Senhor Jesus nesta vida, não terá mais oportunidade de ouvir o evangelho e ser salvo depois da morte. Ao matar a si mesmo você acaba com a vida e perde toda oportunidade de salvação. Assim, a vítima do suicídio irá diretamente para o inferno. Seu próprio sangue é o selo de seu bilhete para lá.
Certa vez eu dirigia uma reunião em Chuang-chow. Falava sobre este assunto. Naquela noite encontravam-se reunidas mais de 1.400 pessoas. No auditório havia grande número de colegiais. Enquanto falava, pensei comigo mesmo: "De que adianta dizer-lhes estas coisas? Certamente que não devem nutrir a idéia do suicídio." Mas o Espírito do Senhor operava em mim de modo que tive de dizer o que fui levado a dizer. E assim, falei-lhes francamente que se em verdade quisessem ir para o inferno, sem dúvida acabariam lá ao cometerem o suicídio.
Terminada a reunião daquela noite, um professor veio ver-me. Formado pela universidade, muito inteligente e educado. Disse-me que a vida se tornara tão insípida e monótona e que muitas vezes tinha pensado em destruir a si mesmo mas não ousava fazê-lo por causa da escuridão que se apresentava à sua frente. Agora ele sabia que se tirasse a própria vida não teria esperança de ser salvo. Assim, decidira não suicidar-se desse dia em diante. Algum tempo mais tarde um ginasiano veio a mim e contou-me o pessimismo que nutria para com a vida e que muitas vezes pensara em suicídio, mas não tivera oportunidade de cometê-lo. Ao ouvir a pregação da Palavra de Deus algumas noites antes, desistira de tal idéia.
Vários meses mais tarde eu pregava em Amoy e novamente falei sobre este assunto. Se alguém tirasse a própria vida, repeti eu, certamente acabaria no inferno. Mais tarde uma médica contou-me que tinha uma enfermeira que com freqüência havia tentado suicidar-se mas que ela impedira tal ação. Naquela noite, depois de ouvir o que eu disse da Palavra de Deus, a enfermeira desistiu da idéia de suicídio.
Estas pessoas a quem mencionei creram no Senhor Jesus Cristo. Não apenas não ousaram eliminar a própria vida, mas também não -precisaram suicidar-se; agora têm a Cristo — estão salvas! Cristo confortou-lhes o coração de tal forma e transformou-lhes a vida de modo que já não abrigam a idéia de acabar com sua própria existência. Não tenho idéia de quantas pessoas entretêm esse pensamento. Mas disto sei: Cristo pode satisfazer todos os corações. Portanto, por que continuar contemplando o suicídio e prosseguir para o inferno?
Certa vez eu pregava o evangelho por alguns dias em uma universidade em Nanquim. Depois da última reunião, um conterrâneo meu, estudante universitário, veio falar comigo. Ele não tinha dificuldade alguma em pagar as suas mensalidades e a situação financeira da família era boa. Além disso, ele não estava em perigo de reprovação em seus estudos. Contudo, tinha uma perspectiva muito pessimista da vida. Indagava-se de onde os homens tinham vindo e para onde iam.
Estivera nessa estrutura mental desde os dias de ginásio. Achava ser a vida tão desinteressante e extremamente cruel e assim percebia uma necessidade e um anseio — uma falta dentro de si que nada neste mundo poderia satisfazer ou preencher. De modo que começou a tomar uma atitude passiva para com todas as coisas. Para ele a vida não tinha significado e não passava de um fardo pesado que tinha de carregar. Quanto mais vivia tanto mais aborrecimento experimentava. A não ser pela monotonia e dor a vida para ele não tinha outro significado. Freqüentemente ficava a sós e passava a vida solitário a pensar. Entretanto, quanto mais contemplava seu estado tanto mais abstrato tudo se tornava. Procurava nas trevas e não podia encontrar um raio de luz. Para ele, uma vida tão penosa devia agora ser rapidamente terminada. Ele não tinha desejo algum de continuar esse aborrecimento. De modo que decidiu jogar-se no mar e terminar sua miserável existência no dia em que voltasse para casa de navio durante as férias de inverno.
Entretanto, ele tinha ouvido o evangelho durante os poucos dias de reuniões. E hoje ele sabia que o Senhor Jesus Cristo morrera por todos e vive para ser Amigo de muitos. De modo que ele pensou: "Por que devo morrer?" Durante nossa conversa, ele aceitou o Senhor Jesus como Salvador. Depois de ele ter decidido aceitar o Senhor, pedi-lhe que contasse a Deus sua idéia de suicídio. Ele o fez enquanto orávamos juntos. Depois da oração, ele me perguntou o que devia fazer ao levantar-se na manhã seguinte. Respondi-lhe que devia tirar tempo para ler a Bíblia em atitude de oração e meditar na Palavra de Deus a fim de alimentar sua vida espiritual. Separamo-nos, então.
Alguns dias mais tarde perguntei a um amigo dele a seu respeito. O amigo me disse que hoje ele é muito diferente do que fora antes, é uma pessoa feliz. Alguns dias depois disso, encontrei seu amigo uma vez mais e de novo perguntei sobre ele. Recebi a mesma resposta. Louvado seja Deus! Agora que ele tem o Senhor Jesus não sente necessidade de tirar a própria vida.
Por que você procura a morte? Sei que está insatisfeito com a vida. Sei que muitas vezes se sente solitário e triste. Sei que sua vida é monótona. Sei que suspira com freqüência. Percebe o tédio da vida. E as lágrimas não lhe são estranhas. Embora você possua muitas coisas neste mundo, estas não podem satisfazer-lhe o coração. Na profundeza do ser você percebe uma necessidade, um anseio por algo que não conhece mas que espera há de preencher esse vazio.
É verdade que além de dor e aborrecimento, a vida não tem outro sabor. E por isso você às vezes pensa em suicidar-se. Mas por que deve tomar essa direção? Jesus Cristo veio para salvar os que sofrem. Ele confortou muitos corações, satisfez muitas almas, transformou muitas vidas e enxugou muitas lágrimas. Ele está disposto a ajudá-lo a transformar sua vida de aborrecimentos em alegria. Ele pode ser o sol em seus dias nublados e a canção em suas noites escuras.
Com ele sua alma pode receber conforto e alegria. Por que, então, deseja você morrer? Por que suicidar-se e acabar no inferno? É preciso que hoje você dê ouvidos ao evangelho. O Senhor é poderoso e tem cuidado de você. Aceite-o como Salvador e Senhor e os seus problemas serão resolvidos.
O Segundo Caminho Para o Inferno: Indisposição em Lidar com o Pecado
E, se tua mão te faz tropeçar, corta-a; pois é melhor entrares maneta na vida do que, tendo as duas mãos, ires para o inferno, para o fogo inextinguível (onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga).
E se teu pé te faz tropeçar, corta-o; é melhor entrares na vida aleijado do que, tendo os dois pés, seres lançado no inferno (onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga).
E se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o; é melhor entrares no reino de Deus com um só dos teus olhos do que, tendo os dois, seres lançado no inferno, onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga (Marcos 9:43-48).
Quem fala nesta passagem é o Senhor Jesus e claramente diz-nos como podemos ir para o inferno. Se a mão nos faz tropeçar — isto é, se a mão nos faz pecar — devemos cortá-la. Isto não quer dizer que devemos cortar literalmente nossa mão física; simplesmente indica que devemos cortar a lascívia e o pecado de nossa mão. O cortar a mão é doloroso e algo que às vezes estamos indispostos e relutantes em fazer. Da mesma forma, lidar com a lascívia e o pecado da mão é também doloroso e contra nossa vontade natural. Entretanto, se amarmos nossa mão (e a lascívia e o pecado que a mão representa), encontraremos grande desastre. Não é apenas a mão que peca; nosso pé, nosso olho e nosso corpo todo peca também. A mão, o pé e o olho representam o corpo inteiro.
E com que freqüência nossa mão peca! Fazemos tantas coisas que não devemos fazer, ao passo que há tantas que devemos fazer mas que não fazemos. Erga a mão direita e coloque-a à sua frente; olhe para ela. Olhando-a com atenção, pergunte a si mesmo o que sua mão tem feito. Quantos pecados tem ela cometido? Quantas vezes tem ela resistido a Deus? Quantas coisas tem ela feito que são mais ou menos prejudiciais aos homens? Quantos atos tem ela praticado ao pecar contra você mesmo? Olhemos todos nós para nossas mãos e recordemos as coisas que fizeram. Creio que ao terminar esse exame você derramará lágrimas por elas. Você não pode ser descuidado nem levar a vida na esportiva. Deve sentir dor e chorar pelos muitos males que suas mãos têm feito, livrar-se de seus pecados e ser salvo crendo no Senhor Jesus.
Examine também neste instante os caminhos de seus pés. Quantas vezes seus pés o levaram para onde você não devia ter ido? Quantos pecados têm seus pés cometido? Está você agora à porta da destruição? Viaja você hoje no caminho da perdição? Desce tão consistentemente que já quase chega ao ponto de onde não pode voltar? Volte, pecador; por que perecer? Por que prosseguir no caminho do pecado? Esta não é uma estrada de paz. Pelo contrário, é o caminho mais triste que pode haver. Por que não se volta para o Senhor Jesus e livra-se de seus pecados?
Imploro que volte e ande pelo caminho da vida.
E os olhos? Nossos olhos servem de contato principal entre nosso mundo interior e o mundo externo. Mediante eles transferimos para dentro as coisas que estão ao nosso redor e levamos impressões para nosso coração. Que coisas estão sendo transferidas para o seu interior? Sem dúvida que nossos olhos têm pecado e nos têm feito pecar. Com os olhos lemos livros e jornais que não devíamos ler e vemos filmes que não devíamos ver. Desejamos ler certos romances, mas fingimos fazê-lo por amor à literatura. Sentimos o desejo de ver pornografia mas o fazemos em nome da apreciação da arte. Como nossos olhos anseiam ver cenas que despertam a lascívia! Quem poderá contar os pecados que nossos olhos cometeram? Eva olhou para a árvore proibida e achou-a deleitável; como conseqüência cometeu o pecado da rebeldia. Davi viu Bate-Seba tomando banho e cometeu o pecado do adultério. Os seus olhos têm pecado? Você sabe e Deus também o sabe.
Quão difícil é livrarmo-nos dos pecados da mão porque nos trazem tanto prazer. Como as pessoas gostam de seus pés pecadores. Quão natural e confortável é andar no caminho do pecado e quão frustrada se sente sua alma se não andar segundo esse antigo caminho. Como você se deleita em contemplar coisas imundas! Um olhar — um olhar atento — gratificar-lhe-á a lascívia e lhe dará prazer momentâneo. Realmente não é fácil livrarmo-nos da lascívia e dos pecados das mãos, dos pés e dos olhos. Contudo, o problema verdadeiro não é que não possamos livrar-nos deles (pois no Senhor Jesus há salvação), mas nossa indisposição em livrar-nos deles (pois sua alma sofrerá se eliminar a lascívia e os pecados). Ninguém pode forçá-lo a livrar-se dos seus pecados. Não obstante, a decisão de Deus permanece: ele declara em sua Palavra que ninguém que não seja nascido de novo poderá entrar no reino dos céus. Você pode deleitar-se com os pecados de suas mãos, pés e olhos; pode ser que não esteja disposto a livrar-se deles; de fato, pode ser que você os abrace de todo o coração. Mas uma coisa é certa: pecador não salvo algum poderá entrar no reino de Deus. Ninguém que pecar terá a vida eterna.
Você ou suporta a dor de um momento em sua disposição de cortar o pecado para que possa ter a vida eterna e entrar no reino dos céus ou levará consigo o pecado para sentir-se cômodo e prazenteiro durante a vida terrena mas ir para o inferno a fim de ser queimado pelo fogo e consumido pelos vermes. Livre-se do pecado e salve-se ou carregue o pecado e acabe no inferno. A fim de entrar na vida é preciso eliminar o pecado. A fim de entrar no inferno não é preciso preocupar-se com o pecado mas apenas continuar pecando e tendo prazer nele. Visto que no céu não existe pecado, ninguém que deseje ir para lá pode levar consigo o pecado. Pecado deve ser ou deixado no Calvário ou levado para o inferno. O céu somente permite a entrada de pecadores salvos. Portanto, não espere entrar com pecados no céu. Você deixa-o e entra ou ambos ficam de fora.
A porta do inferno é larga. Se deseja entrar lá, pode levar todo o pecado, quer seja ele orgulho, ciúmes, porfia, adultério, imundícia ou qualquer outro. O inferno não tem medo de demasiado pecado; teme tê-lo pouco. Se deseja ir para o inferno pode pecar livremente. O inferno não o lançará fora por causa do seu muito pecar; está pronto para receber os piores pecadores. Jamais recusa ninguém. Dá boas-vindas a todos os que lá chegam. Se preferir ir para lá sofrer a ira de Deus, permita-me dizer-lhe que pode pecar à vontade e fazer tudo o que seu coração desejar. Doutra forma, imploro-lhe que se livre dos pecados, crendo no Senhor Jesus. Os pecados da mão e os pecados dos olhos e dos pés devem ser cortados. Está você, pecador, disposto a parar de pecar? Ou está pensando em cometer aquele pecado que premeditou uma hora atrás? Deixe-me preveni-lo que tenha cuidado para não acabar no inferno. O Senhor recebe o pecador que está disposto a deixar o pecado e voltar-se para ele.
Um dia uma casa pegou fogo. A casa era resistente e as vigas eram de pedras maciças. Uma pessoa na casa ficou sabendo do incêndio tarde demais. Ao descer as escadas e tentar fugir pelo corredor, foi atingida por uma das vigas que caíam naquele instante. A mão ficou presa sob a viga tão pesada que a pessoa não podia movê-la nem retirar a mão de debaixo dela. Gritou, pedindo socorro mas ninguém a socorreu. Esforçou-se ao máximo a fim de mover a viga mas não pôde fazê-lo. Tentou tirar a mão à força, mas não conseguiu. O fogo aproximava-se. Se não escapasse agora não teria outra oportunidade. Que podia fazer?
Viu alguns pedaços de pedra ao seu redor. Usando a mão livre rapidamente escolheu um pedaço de pedra afiado e começou a cortar a mão que estava presa. Aos poucos cortou a carne e no processo perdeu muito sangue e sofreu grandes dores. Mas a fim de salvar a vida, teve de fazer isso. A vida é mais importante do que uma mão. Se não tivesse suportado a dor por algum tempo, teria perdido o corpo todo tentando apegar-se a um único membro dele. Finalmente conseguiu cerrar o pulso e libertar-se.
Apoiando o braço quebrado com a mão sã, o homem correu para fora da casa em chamas. Assim que se viu livre do edifício, caiu desmaiado. Levaram-no para o hospital. Passados vários meses o homem recuperou-se por completo. Uma mão presa fizera com que perdesse a liberdade de movimento mas ao cortá-la pôde fugir do incêndio. Ele perdeu uma mão mas preservou a vida.
Todos os pecadores devem perceber que o fogo do inferno se aproxima. Você que é pecador está numa situação muito precária. Sua mão está oprimida pelo pecado. Embora um único dos seus membros peque, isso é suficiente para privar seu corpo inteiro da liberdade. O pecado desse membro é bastante para fazer com que você perca a vida e se queime no fogo eterno. O fogo do inferno aproxima-se mais e mais. Você poderia estar vivendo os seus últimos cinco minutos. Pode ser agora ou nunca. Num instante a oportunidade pode estar perdida para sempre. Portanto, você deve fugir para salvar sua vida imediatamente; do contrário, perecerá, Por que deixar que o corpo todo vá para o inferno por causa do pecado de um membro recalcitrante? Por amor do seu corpo inteiro deve estar disposto a suportar a dor momentânea, livrar-se do pecado e confiar no Senhor Jesus. Assim, entrará para a vida. Caso contrário, permita-me dizer-lhe francamente, se insistir em conservar as mãos e os pés, o corpo inteiro será queimado até a morte. Se não estiver disposto a suportar a dor de cortar uma mão ou um pé o corpo inteiro acabará no inferno.
O Terceiro Caminho Para o Inferno: Orgulho
Leiamos várias passagens bíblicas. A primeira encontra-se no evangelho segundo Lucas, capítulo 18, versículo 14. Aqui o Senhor Jesus conta-nos como termina a história do fariseu e do publicano. O fariseu é um fanático religioso e também uma pessoa muito moral, ao passo que o publicano não apenas é extremamente imoral mas também muito mundano. Não obstante, ambos vão ao templo orar. O bom fariseu não se humilha reconhecendo ser pecador e pedindo a misericórdia de Deus, mas o ímpio publicano humildemente confessa os pecados na presença do Senhor e pede que eles sejam perdoados porque sabe não ter nada de bom com que agradar a Deus. No versículo 14 o Senhor Jesus registra os seus fins respectivos: "Digo-vos qu.e este [o publicano] desceu justificado para sua casa, e não aquele [o fariseu]; porque todo o que se exalta, será humilhado; mas o que se humilha, será exaltado." De forma que o fariseu moral não foi justificado enquanto o publicano fora da lei o foi.
Ser justificado não significa apenas ser perdoado, pois o perdão quer dizer apenas a remissão dos pecados. Para que a pessoa seja justificada é preciso que seja declarada sem pecado. Daí que o que dizia estar sem pecado foi condenado por Deus, o outro, porém, que se considerava pecador, é declarado sem pecado algum.
Mas como uma pessoa tão moral como o fariseu da história pode ser condenada e um publicano tão imoral justificado? A única razão é dada por Jesus, na parábola: "Todo o que se exalta, será humilhado; mas o que se humilha, será exaltado." Dizendo-o de uma maneira mais dura, o ser justificado significa ir para o céu e não ser justificado significa ir para o inferno. Daí vermos como o orgulhoso vai para o inferno. Os orgulhosos devem precaver-se.
Examinemos alguns outros versículos da Bíblia: "O Senhor deita por terra a casa dos soberbos" (Provérbios 15:25a) — "Abominável é ao Senhor todo arrogante de coração; é evidente que não ficará impune" (Provérbios 16:5) — "Porque o dia do Senhor dos Exércitos será contra todo o soberbo e altivo, e contra todo o que se exalta, para que seja abatido" (Isaías 2:12). Estas passagens dizem-nos claramente que o orgulhoso será punido no dia em que Deus julgar toda a terra. Ir para o inferno é sofrer dores eternas. Se alguém realmente desejar ir para o inferno, basta simplesmente ser orgulhoso e chegará ao destino desejado.
O que é, pois, o orgulho? Orgulho significa exaltar a si mesmo, colocar-se acima do que realmente conseguiu. Reivindicar um nome que está além da realidade — isso é orgulho. Na história de Lucas 18, o Senhor tornou este ponto muito claro. Ele disse que o fariseu se exalta e é orgulhoso. Em que é ele orgulhoso? Não é sua moralidade digna de admiração? Mas na presença de Deus e sob sua luz, o fariseu não está disposto a confessar-se pecador. Em vez disso, tenta relatar a Deus toda a sua bondade e. omitir toda e qualquer menção de sua fraqueza, fracasso e derrota. Recusa-se a reconhecer que é pecador; pelo contrário, deseja apresentar perante Deus sua própria justiça. Este é seu orgulho.
O fariseu é orgulhoso, porque insiste em fingir perante Deus ser homem justo; embora seja pecador, não admite, na presença de Deus, o seu estado real. No entanto, Deus não interfere em seu orgulho. Permite-lhe autojustificar-se e ser autocomplacente. Deus não discute com ele. Tampouco o justifica; antes, permite-lhe perecer e ir para o inferno.
Daí o verdadeiro significado do orgulho é que o homem não está disposto a humilhar-se perante Deus, nem a reconhecer ser pecador e aceitar a obra expiatória do Senhor Jesus a fim de ser salvo. Os orgulhosos perecerão — contudo, não diretamente por causa do orgulho, mas indiretamente porque o orgulho impede-os de receber a salvação. O orgulho é apenas um dentre muitos pecados. O Senhor Jesus morreu por todos os pecados do mundo; ele levou a penalidade de todos os nossos pecados. Até mesmo o pecado do orgulho já foi punido na cruz. Mas se permitirmos que o orgulho permaneça não podemos crer na morte viçaria do Senhor Jesus e receber a vida eterna. Os orgulhosos perecerão porque o orgulho impede que sejam salvos.
A menos que a pessoa confesse os pecados e se coloque no lugar do pecador, não aceitará a Jesus como Salvador. Sou pregador do evangelho e ainda estou para ver ser salva a pessoa que, embora esteja disposta a crer na morte substitutiva do Senhor Jesus, não deseja confessar seus pecados. Para ser salvo é preciso humildade. A pessoa precisa confessar-se pecadora.
Lembro-me de pregar certa vez em um determinado lugar e conversar com um professor de ginásio naquela noite. Ele fez muitas perguntas acerca do Cristianismo e de outras religiões. Conversamos muito tempo e suas questões eram como uma torrente. Disse-lhe que suas perguntas não eram de modo nenhum básicas ao seu problema. O crer na pessoa do Senhor Jesus não depende da solução às perguntas levantadas por ele. Apenas uma questão era de suprema importância, a primeira e mais importante condição para crer em Cristo: a pessoa confessar-se pecadora. Se ele não se confessasse pecador, a solução a todas as perguntas difíceis não o ajudaria a crer em Cristo. Mas se confessasse seus pecados por saber que os tinha, que estava preso por eles e tinha medo da pena que recairia sobre eles, então procuraria o Salvador.
Este professor, porém, estava muito confuso acerca do pecado. Às vezes confessava ter pecado, mas outras vezes, indicava achar não ter pecado algum. Finalmente eu disse-lhe que a menos que admitisse com toda a certeza ser pecador, não havia meios de ele compreender o ensino bíblico da expiação. Conversamos até à meia-noite sem resultado algum. Afinal, eu lhe disse: "Por favor, pense mais sobre seus pecados e muitos dos seus problemas serão resolvidos." Alguns dias mais tarde esse homem realmente admitiu que era pecador e confessou esse fato e verdadeiramente creu no único Salvador: Jesus Cristo.
Por que você, neste instante, não examina o assunto dos seus pecados? Se você se humilhar e confessar que deveras é pecador, pode ser salvo. Se, entretanto, não confessar, mas permanecer orgulhoso, seu orgulho apressará sua ida para o inferno. Todos os que quiserem ir para o inferno podem enganar-se a si mesmos à vontade, ser arrogantes e desacreditar o fato de serem pecadores. Não é preciso humildade no inferno.
O Quarto Caminho Para o Inferno: Prostituição
Como Sodoma e Gomorra e as cidades circunvizinhas que, havendo-se entregue à prostituição como aqueles, seguindo após outra carne, são postas para exemplo do fogo eterno, sofrendo punição (Judas 7).
Vemos aqui que certo tipo de pessoas sofrerá a punição do fogo eterno. São punidas por terem-se prostituído. Os fornicadores impenitentes devem ir para o inferno. Pois o fogo eterno é a punição do inferno. Ali o fogo nunca se apaga. Assim, se alguém deseja ir para o inferno, basta apenas entregar-se à prostituição. O inferno não se exime da impureza e fornicação. De fato, dá as boas-vindas a todos os fornicadores. Se você não deseja ir para o inferno, deve cortar o pecado da prostituição.
E quão comum é este pecado! A modéstia e a virgindade tornaram-se fora de moda e foram desprezadas pela grande maioria da sociedade. Apanhe um jornal e veja quantos casos de fornicação se registram por dia. Leia as notícias referentes aos tribunais e verifique quantos casos de adultério estão sendo tratados na justiça. Literatura pornográfica é impressa e divulgada abertamente.
Não sei quantos de vocês têm cometido adultério. Nem tampouco sei quantos conservaram sua virgindade quando solteiros, tanto os homens como as mulheres. Essa é uma questão que só vocês podem responder. Cada pessoa sabe que pecado cometeu e Deus também o sabe. Acha você que a fornicação é muito agradável? Bem, pense nisto: todos os adúlteros só têm um fim à sua espera: o inferno.
Por favor, não leve este assunto na brincadeira. Os que quebram o relacionamento amoroso entre marido e esposa são os indivíduos mais horrendos do mundo. Por que rouba você o marido de outrem e faz com que a esposa sofra pesares indizíveis no lar? Por que tenta você a esposa de alguém fazendo com que ela seja infiel a seu marido? O adultério tem destruído a paz de muitos lares. Incontável número de mães, maridos, esposas, e filhos têm o coração partido, estão separados sem esperança de consolação — tudo por causa do adultério. Faça meia-volta ou estará indo em direção ao inferno.
Examinemos, por instantes, a definição de adultério que nos é dada pelo Senhor Jesus: "Eu, porém, vos digo: Qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração já adulterou com ela" (Mateus 5:28). De acordo com esta definição haverá poucos, se existir alguém, que ainda não cometeram o pecado do adultério. Quantos há que cometem adultério em pensamento! Inumeráveis são os que têm cometido este pecado através da imaginação! Por que peca você com tais pensamentos contra a mulher virtuosa? Por que concebe tais pensamentos impuros para com aquela que não tem relação nenhuma com você? Entretanto, ao fazer isso, você verdadeiramente peca contra ela. E vocês, mulheres, não pensem que só os homens pequem desta maneira. Por que têm eles desejos impuros ao vê-las? Se eles precisam ser punidos por terem desejos impuros para com vocês, então vocês que os excitam também devem ser punidas. Se o seu vestir, sua maquiagem, sua atitude e sua conduta leviana despertam a lascívia dos homens, você de igual forma deve levar a culpa e ser punida.
O mundo está cheio de fornicação e adultério. Contudo, não pense que determinado lugar na terra seja pior que os outros. Com vistas à quantidade, não há lugar na terra que se compare com o inferno, pois é aí o lugar principal de detenção para todos os fornicadores e adúlteros de todas as eras. Devo dizer com toda a franqueza que se você for um fornicador que ainda não se arrependeu, seu fim será o inferno. Mas há salvação no Senhor Jesus. Ele serviu como substituto para todos os pecadores. Todo aquele que o aceita como Salvador não perece mas tem a vida eterna. O adultério o enviará para o inferno, mas não é preciso que você vá para lá, pois muitos fornicadores foram salvos e já não estão a caminho do abismo.
O adultério, deveras, pode mandá-lo para o inferno; entretanto, você não acabará lá especificamente por causa dele. Como posso explicar isto? Primeiramente compreendamos que a morte de Cristo foi para a propiciação pelo pecado. Ele morreu por todos os pecados, inclusive o pecado da fornicação. Ele já levou o castigo devido por nosso adultério. Nós, portanto, não precisamos ir para o inferno por causa de tal pecado. Mas a fim de nos salvarmos do inferno, temos de crer no Senhor Jesus. Embora ele tenha morrido por nós, ainda pereceremos se não o aceitarmos como Salvador. A despeito do fato de o adultério não necessariamente mandar-nos para o inferno, ele, não obstante, tem o poder de impedir-nos de aceitar o Senhor Jesus como nosso Salvador. E quantos perecem hoje — porém não por causa da grandeza de seu pecado, mias por impedirem eles as pessoas de irem ao Senhor para que tenham vida. O Senhor pode salvá-los mas amam a seus pecados muito mais do que as suas próprias almas. Muitas mulheres apegam-se aos seus relacionamentos adúlteros e muitos homens aos seus casos amorosos ilícitos. Não desejam separar-se; não estão dispostos a cortar sua afeição impura. E por conseguinte, não vêm ao Senhor Jesus para serem salvos.
Aqui devo falar, com toda a sinceridade, que a não ser que a pessoa corte o relacionamento adúltero e se volte para o Senhor, irá para o inferno juntamente com essa pessoa. Hoje você deve escolher entre a salvação de Deus e o seu parceiro de adultério; entre o céu e seu pecado. Se não desfizer o laço que o liga a seu amor ilícito, já decidiu contra o céu. Por amor ao céu, é preciso deixar o pecado do adultério.
Certa vez conheci um senhor rico. Era muito conhecido e influente onde vivia. Homem bom em todos os aspectos da vida, com um único senão: era dado à licenciosidade. Havia tirado a virgindade de muitas senhoras da alta sociedade. Não obstante, era diácono na igreja. Mas certo dia, ao ouvir o evangelho e compreender a realidade de seu futuro, fez a escolha entre a vida eterna e suas muitas amantes. Graças a Deus, nesse dia ele fez a escolha acertada. Desfez as relações ilícitas com todas as suas amantes e recebeu a bênção eterna do céu.
Posso não conhecer seu passado nem saber o que você tem praticado às escuras, mas suspeito haver muitos que têm cometido o pecado do adultério. Insto com vocês, sinceramente, a fazerem a escolha da vida eterna e cessarem a atividade pecaminosa.
O Quinto Caminho Para o Inferno: Desobediência ao Evangelho
A Bíblia mostra-nos outro caminho para o inferno. Este pode parecer mais limpo e menos feio do que os outros. Qual é? É desobedecer ao evangelho de Jesus Cristo. Leiamos uma passagem bíblica:
Quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu -poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que "não obedecem "ao evangelho de nosso Senhor Jesus.
Estes sofrerão — penalidade de — "eterna destruição", banidos da face do Senhor e da glória do seu poder (2 Tessalonicenses 1:7-9).
Destruição eterna é sofrimento eterno no inferno. Esta passagem bíblica, de forma apropriada, diz-nos que todos os que não obedecem ao evangelho de Jesus Cristo vão para o inferno.
O que é o evangelho do Senhor Jesus? A Bíblia contém ensino explícito quanto a este assunto. O Senhor Jesus não veio para servir nem para ensinar. Não veio para pregar princípios de liberdade, igualdade e fraternidade nem tampouco serve como o grande e perfeito exemplo. Por meio do apóstolo Paulo Deus diz-nos o seguinte com respeito ao evangelho: "Antes de tudo vos entreguei o que também recebi; que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras" (1 Coríntios 15:3, 4). Logo, o evangelho de Cristo é sua morte e ressurreição.
Por que Cristo morreu? Certamente que não foi para ser um exemplo, nem para martírio nem para serviço, mas "pelos nossos pecados". Isto é substituição, visto que Jesus não tinha pecado algum. O que era sem pecado fez-se pecado por nós. Tomou o lugar do pecador e sofreu a penalidade por todos nós, pecadores. Nós pecamos, mas Cristo não. Nós somos pecadores mas Cristo não o é. Entretanto, ele, não nós, levou nossos pecados e foi punido em nosso lugar. Como se chama isso? Chama-se substituição. O Cristo sem pecado morreu pelos pecadores. Isto é o evangelho, são as boas-novas.
O evangelho diz-nos que um Salvador veio a fim de salvar pecadores e levar a sua penalidade para que eles não mais fossem punidos. O evangelho ou boas-novas de Cristo não persuade os homens a tornarem-se melhores, reformarem-se, fazerem penitências nem mudarem a fim de serem salvos. Simples mas gloriosamente anuncia ao povo do mundo que Jesus Cristo já realizou a salvação, de modo que os pecadores não precisam fazer nada nem acrescentar nada a esta salvação perfeita. Tudo o que precisam fazer é aceitar a salvação que Cristo já preparou para eles.
Jesus Cristo não apenas morreu pelos pecadores a fim de remir os seus pecados mas também ressuscitou dentre os mortos para que os pecadores pudessem ser justificados. Jesus "foi entregue por causa das nossas transgressões, e ressuscitou por causa da nossa justificação" (Romanos 4:25). Sua morte realiza obra negativa desfazendo a penalidade de nossos pecados para que não sejamos condenados; sua ressurreição opera obra positiva e dá-nos nova posição na presença de Deus visto que nos justificou, isto é, declarou-nos justo. Perdão significa não mais haver pecado e, portanto, estamos firmados em terreno perfeitamente justo e puro, o qual não requer perdão algum. É isto que a ressurreição de Jesus Cristo fez por nós. Todos morrem mas ninguém ressuscita porque o salário do pecado é a morte. Jesus Cristo morreu e ressuscitou dentre os mortos para provar que Deus aceitou sua obra viçaria e que ele era sem pecado.
Conseqüentemente, por um lado, mediante a morte do Senhor Jesus recebemos o perdão, e por outro lado, por intermédio de sua ressurreição recebemos a prova de que somos justificados. A justificação é edificada sobre o perdão. Primeiro vem o perdão do pecado, depois a justificação. Através da morte do Senhor Jesus obtivemos perdão; pela sua ressurreição temos a segurança da justificação. E tudo isso já foi realizado. O pecador, ao crer no Senhor Jesus como Salvador, pode receber instantaneamente, perdão e justificação.
Tal é o evangelho. Você já o ouviu? Deus agora manda que todos os homens obedeçam a esse evangelho. Este é o evangelho da graça que oferece a todo pecador a possibilidade de ser salvo. Deseja você obedecer a este evangelho? Quão fácil é ir para o inferno! Não é preciso que você cometa pecados tais como adultério e orgulho. Você pode estar a caminho do inferno neste instante — simplesmente por não obedecer ao evangelho. O rejeitar a morte viçaria do Senhor Jesus é suficiente para mandar qualquer pessoa para o inferno. Não pense que deva pecar mais a fim de qualificar-se para o inferno. Sua qualificação é suficiente desde que desobedeça ao evangelho.
Não pense que os que vão para o inferno sejam pecadores horrendos. Há também ali muitos religiosos, moralistas, filantropos e agentes sociais. A pessoa pode ser moral, amável e reta e, contudo, pode acabar sendo habitante do inferno. E o que o espera é a morte e o juízo. E este é seu destino por uma única razão: desobedeceu ao evangelho. Religião alguma e moralidade alguma pode salvar uma única alma; somente o evangelho da graça de Deus pode salvar. Rejeitar este evangelho é rejeitar o único caminho de salvação. E tal atitude naturalmente mandará a alma para o inferno. A pessoa pode ser boa, mas não consegue ser perfeita. Quem poderá dizer que durante a vida jamais pecou nem por um segundo? Se a pessoa pecar uma única vez em um segundo, necessitará de um Salvador porque seu pecado deve ser punido. Ao rejeitar o Salvador manda a si mesmo para o inferno. Não abrigue o pensamento de que se você praticar boas obras, não irá para o abismo. A menos que você nunca tenha, desde o nascimento até a morte, nem por um único segundo, cometido pecado por ação, palavra ou pensamento, você está destinado para o inferno. Hoje você ouviu o evangelho. Imploro-lhe que aceite ao Senhor Jesus como seu Salvador nesta hora.
Mediante a morte e a ressurreição do Senhor Jesus realizou-se a redenção. O que lhe está sendo entregue agora é o evangelho. Por que é ele chamado de boas-novas, evangelho? Porque todos os pecadores na terra, sem exceção, podem ser salvos. O Senhor Jesus morreu por todos eles. Ele crucificou todo o pecado do mundo. Logo, todos os que estiverem dispostos a aceitá-lo como Salvador serão libertos da opressão e também do castigo do pecado.
O caminho do homem é sempre tentar gradativamente reformar a si mesmo, acumulando mais méritos e esperando, ao final, alcançar a salvação. Isso não são boas-novas; são notícias de miséria. Pois quantos neste mundo são capazes de disciplinar a si mesmos de tal forma a acumular virtudes nesta vida, se é que alguém possa fazê-lo? E todos os que desejam salvar a si mesmos mediantes as boas obras façam a seguinte observação: a não ser que sua boa obra seja perfeita e sem mácula, o seu assim chamado bem em si mesmo é pecado. A menos que sua justiça alcance os céus e satisfaça a Deus, é como trapos da imundícia. Na solidão da noite sua consciência o acusará de misturar o ego, a fama, a reputação e outros pensamentos impuros com seus atos justos; como é que Deus pode ficar satisfeito com "justiça" como essa? Será que você pode praticar o bem que satisfaça a Deus (e não somente satisfazer a si mesmo ou aos seus vizinhos)? Dificilmente. Visto que você não pode praticar o bem, as notícias de que você deve realizar o bem a fim de ser salvo, na verdade, são notícias más.
Mas graças a Deus que ele não pede que façamos o impossível. Ele conhece nossa fraqueza e por isso faz com que seu Filho morra por nós e leve a penalidade de todos os nossos pecados. Não precisamos, gradativamente, praticar o bem em antecipação da salvação; podemos ter a vida eterna imediatamente depois de crermos no Filho de Deus como nosso Salvador pessoal, e aceitá-lo como tal.
Isso não significa, é claro, que nós, os que cremos no Senhor Jesus, não precisemos praticar o bem; quer simplesmente dizer que, inicialmente, não podemos ser salvos por meio das boas obras. Nossa salvação depende inteiramente da graça de Deus (Efésios 2:8). Depois de sermos salvos, porém, o Senhor dá-nos nova vida e essa vida praticará o bem espontaneamente. Primeiro, seja salvo, depois pratique o bem. Não queira primeiro praticar o bem para ser salvo.
Há alguém oprimido pelo pecado? Há alguém que trema só em pensar na vida depois da morte? A sua consciência não lhe diz que é pecador? Você não tem medo da morte e do juízo? Eis a salvação para o pecador contrito. O Senhor Jesus veio para salvar tais pecadores. Venha a ele assim como está, e ele o salvará. Ele mesmo declarou: "o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora" (João 6:37). O seu temor deve ser em não vir, mas não tenha medo algum de que ele não o receba.
Agora você não tem desculpa alguma porque já ouviu o evangelho. Obedecerá a ele? O evangelho trouxe o Salvador até você e informou-o que o caminho da salvação é mediante a aceitação de Cristo. Agora a decisão de obedecer é sua. Se você perecer não será por causa de seus pecados passados mas por não obedecer ao evangelho.
Suponha que você esteja doente e quase à porta da morte e alguém lhe traz um remédio que pode curá-lo. E suponhamos que você se recuse a tomar o remédio. Se morrer, não será por causa da doença, mas por ter recusado o remédio que podia tê-lo curado e salvado. Não há dúvida de que você pecou, mas eis um Salvador cuja especialidade é salvar pecadores. Se você perecer> será porque não deseja obedecer ao evangelho e aceitar o Salvador dos pecadores. E quantas almas estão agora no inferno — contudo, não por causa dos seus pecados mas por rejeitarem ao Salvador. Portanto, não deixe que a palavra do Salvador que diz: "Contudo não quereis vir a mim para terdes vida" (João 5:40) se cumpra em sua vida.
Irmãos em Cristo Jesus.

Mt 5:14 "Vós sois a luz do mundo"