quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

O Castigo Temporário dos Crentes- Arcadio Sierra Díaz

Extraído do Livro "Os Vencedores e o Reino Milenar" que está sendo traduzido para o Português pelos irmãos da cidade de Alegrete-RS; Em breve estará disponível para download.

Não somos salvos por obras, mas não podemos ter participação no reino vindouro senão pelas obras. Todas as nossas obras de agora como filhos de Deus serão examinadas. Quando o Senhor vier julgar nossas obras, sejam boas ou sejam más; e de acordo com as Escrituras, tem várias categorias de crentes derrotados, logo também há variação em relação ao castigo dispensacional milenar, a saber:

Trevas exteriores. Por exemplo, alguns não tem pecados não resolvidos, esse não é o problema deles; mas ainda assim não trabalharam adequadamente, foram descuidados, ou não obedeceram os princípios para a edificação da casa do Senhor,e se fizeram algo, o fizeram conforme a sua própria vontade humana; estes irão para as trevas exteriores; não terão parte nas festas de bodas do Cordeiro, e estarão fora da resplandecente glória do reino, cheios de remorso e sentimento de culpa. Consideremos alguns versículos. Diz Mateus 8:11-12:

"11 Digo-vos que muitos virão do Oriente e do Ocidente e tomarão lugares à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no reino dos céus.12 Ao passo que os filhos do reino serão lançados para fora, nas trevas; ali haverá choro e ranger de dentes".

Ainda que aqui se refere particularmente aos judeus, entretanto, nos serve para sustentar que fora da resplandecente glória do reino dos céus haverá trevas, onde muita gente salva será disciplinada, onde haverá remorso e terrível dor por não haver feito as coisas bem, o qual é diferente do ser lançado no lago de fogo. Ser lançado nas trevas exteriores não significa que a pessoa pereça eternamente, mas que é castigada dispensacionalmente; o crente é desqualificado e por não haver vivido uma vida vencedora por meio de Cristo, não pode desfrutar do reino durante o milênio. Diz em Mateus 22:13:
" Então, ordenou o rei aos serventes: Amarrai-o de pés e mãos e lançai-o para fora, nas trevas; ali haverá choro e ranger de dentes".
Todo crente é chamado, mas poucos são escolhidos para receber una recompensa; só o que vencer recebe recompensa. Também ao final da parábola dos talentos, o servo inútil é lançado nas trevas de fora. "E o servo inútil, lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes" (Mt. 25:30). Aqui se vê que não se julga a salvação do crente, a qual não é por obras, mas que se trata do juízo da fidelidade do servo frente à obra do Senhor. É um castigo temporal para um servo salvo do Senhor.

Açoites. Em Lucas 12:35-40 vinha a Palavra falando do servo vigilante; de pronto, nos versículos 41-48, fala da outra cara da moeda, os servos negligentes, assim:

" 41 Então, Pedro perguntou: Senhor, proferes esta parábola para nós ou também para todos?42 Disse o Senhor: Quem é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor confiará os seus conservos para dar-lhes o sustento a seu tempo?43 Bem-aventurado aquele servo a quem seu senhor, quando vier, achar fazendo assim.44 Verdadeiramente, vos digo que lhe confiará todos os seus bens.45 Mas, se aquele servo disser consigo mesmo: Meu senhor tarda em vir, e passar a espancar os criados e as criadas, a comer, a beber e a embriagar-se,46 virá o senhor daquele servo, em dia em que não o espera e em hora que não sabe, e castigá-lo-á, lançando-lhe a sorte com os infiéis 47 Aquele servo, porém, que conheceu a vontade de seu senhor e não se aprontou, nem fez segundo a sua vontade será punido com muitos açoites.48 Aquele, porém, que não soube a vontade do seu senhor e fez coisas dignas de reprovação levará poucos açoites. Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão".

Ali fala de açoites aos servos infiéis, aos descuidados; e fala de castigo a esses servos no mesmo lugar onde estarão os infiéis e incrédulos do mundo. Diz Hebreus 12:6: " porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe". O Senhor jamais tem por servos aos que não lhe pertencem. O Senhor mesmo se submeteu ao Pai em tudo e se fez servo, e em qualidade de servo não se pôs a reclamar direitos e posições de privilégio. O Senhor se submeteu a sofrer a cruz sem que primasse sua própria vontade e sim a do Pai. O que corresponde a nós? Quais são os direitos que um crente deve reclamar? A respeito diz John Nelson Darby: "Crer que podemos manter nossos direitos neste mundo é esquecer a cruz de Cristo. Não podemos pensar em nossos direitos até que os Seus sejam reconhecidos, pois não temos outros que os Dele". (J.N. Darby. Estudo sobre o Livro de Apocalipse. La Bonne Semence, 1988, pág. 42.).

A Geena de fogo. Outros têm pecados não resolvidos; estes irão ao fogo temporariamente. O que é ter pecados não resolvidos? O Senhor Jesus morreu na cruz e derramou Seu sangue para perdoar todos nossos pecados passados, presentes e futuros, manifestos ou não; e o pecador tem um Advogado diante do Pai, a Jesus Cristo o Justo, e vence a Satanás por meio do sangue do Cordeiro. Estamos já justificados em Seu sangue (cfr. Romanos 5:9). Mas se podemos pecar intencional e continuamente, sem arrepender-nos; sem que recusemos nossos pecados; sem nem sequer tentar eliminá-los. O pecador deve reconhecer seu pecado e confessá-lo, apartar-se e restituir. O sermão do monte ilustra a respeito.
" 21 Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem matar estará sujeito a julgamento.22 Eu, porém, vos digo que todo aquele que sem motivo se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo.23 Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti,24 deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta.25 Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz, ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão.26 Em verdade te digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último centavo" (Mt. 5:21-26).

No contexto vemos três classes de juízos escalonados de acordo à gravidade do ato e mencionados conforme o transfundo judeu dos irmãos que nesse momento escutavam ao Senhor. O primeiro juízo se realiza na porta da cidade, onde se resolvem os assuntos menores (Ge. 19:1,9; Rt 4:1-6; 2 Sm. 15:1-6); o segundo juízo era no Sinédrio ou tribunal supremo dos judeus, e o terceiro é um juízo supremo, o de Deus, uma de cujas penas pode ser na Geena de fogo. A Geena é o mesmo lago de fogo. Se não te reconcilias com teu irmão agora, é possível que passes uma temporada larga no lago de fogo, até que pagues o último quadrante, até que teu coração seja limpo de todo ódio. Não vais sofrer a segunda morte, mas te tocará um tempo.Nós somos o povo do reino e temos um Rei que há de vir, e compareceremos diante de Seu tribunal. Um filho de Deus não necessariamente peca quando comete o ato, e sim quando em seu coração já tem a intenção, o desejo, a atitude. Se não vivemos a qualidade de vida espiritual que exige nossa condição de novas criaturas, já estamos em perda, estamos derrotados. O contexto nos diz que se trata de irmãos da Igreja. Diz nos versículos 29-30:

"29 Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado no inferno.30 E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não vá todo o teu corpo para o inferno".
Se algo é muito atrativo para mim e me traz oportunidade de pecado, com ele ofendo a Deus e a outras pessoas, devo cortar com isso. Recomendamos também ler Mateus 10:28; 18:9; 23:15,33; Marcos 9:43,45,47; Lucas 12:5.

Cárcere. De acordo com a gravidade de nossa condição espiritual, assim seremos julgados quando vier o Senhor. Outros irão para o cárcere. Lemos em Mateus 5:24b-26:

" vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta.25 Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz, ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão.26 Em verdade te digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último centavo".

Aqui o caminho representa a era atual nesta terra, o juiz é Cristo e o meirinho é o anjo, e é possível que o cárcere seja o lago de fogo. Note que não se trata de condenação eterna; o servo vai sair do cárcere quando houver cumprido seu castigo, de acordo com a magnitude da falta.Diz Mateus 24:48-51:
" Mas, se aquele servo, sendo mau, disser consigo mesmo: Meu senhor demora-se,49 e passar a espancar os seus companheiros e a comer e beber com ébrios,50 virá o senhor daquele servo em dia em que não o espera e em hora que não sabe 51 e castigá-lo-á, lançando-lhe a sorte com os hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes ".

Observamos também que a Escritura nos revela aqui que o servo não é castigado eternamente, porém terá sua parte no mesmo lugar onde irão os hipócritas; é “somente” um castigo dispensacional. Observe que o servo é crente, é um santo, pois chama ao Senhor: "meu Senhor", mas se pôs a tratar mal aos irmãos na fé e a juntar-se com gente mundana e a participar no que o mundo participa.O cristão é julgado por sua obediência, por seu serviço, por sua fidelidade. O que caracteriza a um vencedor hoje? O cristão vencedor, mais que trabalhar, serve, porque o serviço genuíno envolve o amor, a disponibilidade, a compreensão, mas sobre tudo a obediência. O que trabalha sem amor, se vangloria, se envaidece. Quando Cristo tem a preeminência em tudo em nossa vida, lhe servimos com amor. Quando Cristo tem a preeminência em todas as tuas coisas, tanto nas experiências doces como nas amargas, és vencedor, porque Cristo é nossa vida. Um crente não chega a ser pobre no espírito, ou humilde ou amável, porque meramente lhe são propostas estas coisas; sem Cristo não podemos fazer nada bom. A carne não pode produzir algo meritório. Toda bondade carnal é hediondez para o Senhor. Não se trata de que Ele nos complete no que nos faz falta; se trata de Sua vida em nós. Por que és um vencedor? Porque te tens negado, já te consideras débil, tu já não vives; agora tua vida é Cristo, tua fortaleza é Ele, e Cristo é o que vence em ti. No momento em que começares a jactar-te (de poder espiritual, de tuas obras para o Senhor, por exemplo), e confiar em ti mesmo, começastes a ser um derrotado. Se és consciente de que és débil e que não podes esperar de ti nada bom, te consagras ao Senhor de maneira absoluta, pondo Nele toda a confiança e fé, e permitindo que seja o Senhor de toda tua vida e de teu andar. O que é negar a si mesmo? Leiamos uma magnífica, simples e eloqüente definição que nos proporciona o irmão Paul Cain:

"Mas o que significa morrer a ti mesmo? Um bloqueio ou interrupção do curso normal de tua vida pela intervenção de Deus, isso é morrer a ti mesmo. Quando todos te esquecem ou te descuidam, ou a propósito te colocam de lado, e tu não alimentas tua dor, nem permites ao insulto ou ao desprezo ferir teu interior, senão que pelo contrário, consideras uma honra o poder sofrer por Cristo, isso é morrer a ti mesmo. Quando ainda daquele que fazes bem é criticado, e teus desejos são contrariados, teu conselho desprezado e tua opinião ridicularizada, e entretanto assim tu te recusas a deixar subir a ira a teu coração e não tomas nenhuma iniciativa para defender-te, senão que aceitas tudo com paciência e amor, isso é morrer a ti mesmo. Quando nunca fazes questão de ser citado ou reconhecido por outros, ou de divulgar tuas boas obras, senão que verdadeiramente tens prazer em ser desconhecido, isso é morrer a ti mesmo. Quando vês a teu irmão prosperar e que suas necessidades sejam supridas, e tu podes honestamente regozijar-te com ele no espírito, sem sentir inveja, nem questionar a Deus, apesar de ter tuas necessidades muito maiores que as dele e estar em circunstâncias muito mais desesperantes, isso é morrer a ti mesmo. Quando podes receber correção e repreensão de pessoas que tem uma estatura e maturidade menor que a tua, e podes submeter-te humildemente por dentro e não tão somente por fora, sem que surja ressentimento nem amargura em teu coração, isso é morrer a ti mesmo". (Paul Cain. Alerta para la Iglesia. Mensaje en Kansas, USA, diciembre./98.).

A Plenitude de Cristo- Gino Iafrancesco V

Artigo enviado pelos irmãos da cidade de São Gabriel-RS

Junto ao conceito chave de Koinonia que significa comunhão, devemos considerar outro conceito chave que está estreitamente relacionado, que é o conceito de Plerona, que significa plenitude, tal como este é usado na Bíblia, especialmente no Novo Testamento. Sem dúvida o conceito de plenitude está relacionado a Deus, a Cristo e a Igreja, e também na comunicação entre estes. O Novo testamento nos fala da Plenitude de Deus (Ef. 1:23; 3:19; Col. 1:19; 2:9), e da Plenitude de Cristo (Jo 1:16; Ef 4:13), geralmente relacionado à Igreja ao Corpo de Cristo.


"... Agradou ao Pai que em (Cristo) habitasse toda plenitude" (Col. 1:19).
"... nele (Cristo) habita corporalmente toda a plenitude da divindade" (Col. 2:9).
"... a Igreja, a qual é seu corpo, a plenitude daquele que o enche em tudo" Ef 1:23)
"... que sejais cheios de toda plenitude de Deus" (Ef. 3:19b).
“... de sua (de Cristo) plenitude tomamos todos, e graça sobre graça" (Jo 1:16).


Uma observação detalhada destes versos nos permite ver que Deus o Pai entregou toda plenitude a Cristo, e por sua vez, o filho entregou toda plenitude a Igreja que é seu corpo. Deus, o Pai é aquele que tudo enche e há de encher em tudo, a Ele agradou que no Filho habitasse toda plenitude. Porem entregou a seu filho uma esposa, a Igreja que é seu corpo. Portanto este último é o complemento da plenitude de Cristo. O Cristo da plenitude é, pois, um Cristo corporativo que se há incorporado com a plenitude de Deus dentro da Igreja, para encher de si e expressar-se por meio dela.


No texto grego, a palavra plenitude, quando se refere à palavra de Deus e a de todas as coisas, é Pleroma, porem quando se refere à plenitude de Cristo, como em Ef 4:13 e em Jo 1:16, é Plerómatos. Ambas provem do verbo Plero que significa cheio, cumprir, encher. O qual nos indica o desejo de Deus de encher consigo mesmo a Igreja mediante Cristo. Pelo qual disse Jesus Cristo: "Eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos em unidade..." (Jo 17:23a). E antes havia dito: "A glória que me deste, eu dei, para que sejam um, assim como nós somos um" (Jo. 17: 22). De modo que a plenitude está relacionada com a unidade e a unidade com a comunhão.



Tudo o que é do Pai, é do filho igualmente, pois o Pai lhe entregou todas as coisas (Jo 16:15; MT. 11:27; 28:18). Agora bem, pois o que o filho recebeu do Pai, o filho há entregado a Igreja, por isso se vê a Igreja como o corpo de Cristo, o Cristo corporativo. Falamos do Cristo corporativo porque dEle nos fala a Bíblia. Na primeira epistola aos coríntios escrevia o apostolo Paulo: "Porque assim como o corpo é um e tem muitos membros, porem todos os membros do corpo, sendo muitos, são um só corpo, assim também Cristo." (1 Cor. 12:12). Claro esta que se refere a da Igreja, porém Paulo pelo Espírito Santo disse: "assim também Cristo". Quer dizer que Cristo é como um corpo que tem muitos membros. A este o qual chamamos de corporativo.


È necessário compreender o mistério de Cristo como o corpo de Cristo (Ef. 3:3-6), ou seja, o Cristo corporativo (1 Cor. 12:12), para entender melhor o que significa a Plenitude de Cristo e então ver também suas implicações. Em Efésios 1:10 nos disse que o propósito de Deus é reunir em Cristo todas as coisas nos céus e na terra, na economia do cumprimento dos tempos. Porem no verso seguinte se vê que este Cristo corporativo, pois disse: "nele assim mesmo tivemos herança..." (Ef 1:11). De modo que a plenitude de Deus e a plenitude de Cristo estejam intimamente relacionadas à Igreja, colocando sobre ele as responsabilidades próprias do que implicam seus privilégios.


Deus se dispensou a Igreja em Cristo pelo Espírito para que a Igreja lhe contenha e lhe expresse corporativamente; e falar, em suas relações; em sua unidade e em sua comunhão.


A plenitude de Cristo implica a plenitude de Deus, pois nEle habita corporalmente toda plenitude da divindade. Também implica a plenitude de Cristo a incorporação divina em todos os membros de seu corpo. Por isso, quando se define o que é a Igreja, neste sentido, se declara o corpo. Colossenses disse que o corpo de Cristo é a Igreja (Col. 1:24), e Efésios disse que a Igreja é o corpo (Ef 1.23). A Igreja se define como o corpo e o corpo se define como a Igreja. Não outra coisa é, pois, a Igreja, senão a plenitude daquele que tudo o enche em tudo. "(Deus) submeteu todas as coisas debaixo de seus pés (de Cristo) e lhe deu por cabeça da Igreja, a qual é seu corpo, a plenitude daquele que tudo o enche em tudo" (Ef 1:22, 23). Na expressão Paulina "seu corpo, a plenitude daquele..." podemos ver a Deus, a Cristo e a Igreja estreitamente unidos como um só organismo. Por isso a expressão corpo.


Assim que Deus se relaciona a Cristo, Cristo se relaciona a Igreja, a Igreja se relaciona ao corpo, e corpo se relaciona a plenitude. Temos então que também a plenitude de Cristo é a plenitude de Deus na Igreja. A Igreja, pois, deve tomar consciência de si mesma em Cristo e em Deus, e atuar em conseqüência. O qual trás muitas implicações para sua unidade, comunhão e ministério corporativo.



TRES IMPLICAÇÕES PRÁTICAS DEVEMOS VER AGORA



1ª A Igreja como corpo de Cristo, a plenitude daquele que tudo enche em tudo, implica conter tudo o que é de Deus e Cristo enquanto a riquezas na natureza, ganhos, revelação e experiência.

2ª A Igreja como corpo de Cristo, ou como o Cristo corporativo, implica conter todos os membros do corpo de Cristo. É incluir a todos os filhos de Deus, a todos os comprados com o sangue de Cristo e regenerados por seu Espírito.

3ª A Igreja como corpo de Cristo implica que cada membro exerça sua função Cristo, pelo Espírito.
Somente então teremos à Igreja em plena propriedade, PLENITUDE, se bem que ela permanece aqui durante toda sua história.


Ser Igreja implica, pois, ser um vaso corporativo para a plenitude das riquezas de Cristo. Tudo o que é de Deus e Cristo, no Espírito, deve ser recebido, contido, vivido e expressado pela Igreja. Deus mesmo, Cristo mesmo, o Espírito mesmo, são contidos na Igreja. Também toda sua obra e toda sua doutrina, todos seus dons e mistérios, suas diversas operações. Não pode haver algo que seja verdadeiramente de Cristo que a igreja rejeite, pois esta é seu corpo. Portanto não devemos dividir a Igreja por assuntos misteriosos, nem de dons, nem de conteúdos bíblicos, nem de práticas bíblicas. A Igreja para ser verdadeiramente e não deslizar-se ao partidarismo, deve aceitar todas as doutrinas bíblicas, todos os dons bíblicas, todos os mistérios bíblicos, todas as praticas bíblicas. Tudo o que é bíblico e espiritual, tudo o que provem de Cristo, deve ser admitido na Igreja e deve viver nela e não só por alguns membros.
Porem é um grave erro rejeitar algo de Cristo. Quando algo de Cristo é rejeitado, quem rejeita se coloca em lugar da cabeça, Cristo e converte a seus seguidores em divisão. A Igreja como o corpo da plenitude daquele que tudo enche em tudo, implica, receber, conter, viver e expressar tudo o que legitimamente é de Cristo. O partidarismo consiste também em rejeitar algo de Cristo, ou em reunir-se parcialmente só em redor de alguma parte de Cristo. A plenitude implica no todo de Cristo na Igreja em seus dois sentidos, o universal e o local. Qualquer grupo cristão que deseje algo de Cristo, não pode pretender não ser partidário e tampouco pode pretender estar expressando a realidade da Igreja. É uma divisão, um grupo, um partido.

Quando contém tudo o que é de Cristo, tudo o que é de seu Santo Espírito, tudo o que é bíblico apropriadamente trazido, é da Igreja. A Igreja deve caracterizar-se, pois, também, por seu conteúdo de Plenitude em Cristo, posto que é seu mesmo corpo. Se somente queremos certos aspectos da doutrina e desprezamos ou descuidamos outros, se só queremos ver uma cara, um ângulo e um só aspecto, como os querubins, então estaremos tendo uma atitude partidária e não a atitude própria da Igreja como corpo da plenitude daquele que tudo o enche em tudo. Sectarismo significa partidarismo, que é dividir a verdade.

A Igreja, para ser conseqüente com sua própria realidade quanto corpo da plenitude de Cristo, deve permitir que em seu seio todos os irmãos em Cristo possam manter, viver e expressar tudo aquilo que é de Cristo e que se encontra nas sagradas escrituras, uma vez que estas sejam trazidas adequadamente. Quando proíbe a certos irmãos praticarem algo que é bíblico, então se estará mutilando um aspecto de Cristo. Em respeito a esta implicação presente, as Sagradas Escrituras dizem claramente: "... a Igreja, a qual é seu corpo, a plenitude daquele que tudo enche em tudo" (Ef. 1:23).

Portanto, tudo o que é de Deus e Cristo, tudo o que é legítimo do Espírito Santo e todo o que é corretamente bíblico em seu traço apropriado, deve achar-se na Igreja, permitir-se na Igreja, ser testemunho da Igreja. De outra maneira, tal testemunho não será o próprio testemunho da Igreja, senão o próprio partido, de um grupo, de uma divisão, do que a bíblia chama, no idioma grego, uma heresia. Se todos os irmãos em Cristo entendessem isto e atuassem corretamente, então as divisões começariam a ser desfeitas. Já não dividiremos aos irmãos por distintos ângulos válidos de uma doutrina menor, nem tampouco envolta de diferentes ministros, nem por assuntos de prática ou de certos dons, etc...

Tampouco deve a Igreja acrescentar na plenitude de Cristo outras coisas estranhas a Ele, a seu Espírito e das Escrituras, porque então obrigariam aos santos fieis a manter distância de tais coisas por serem estranhas. Não podemos pretender, com a desculpa da plenitude de Cristo, introduzir coisas estranhas a Cristo mesmo, Sua plenitude não inclui coisas estranhas a Cristo mesmo. Sua plenitude não inclui os elementos estranhos a sua natureza e a sua palavra.

Porem não somente conteúdos espirituais e praticas bíblicas correspondem à plenitude de Cristo. Também pessoas. O corpo de Cristo, como a plenitude daquele que tudo enche em tudo, implica também, em segundo lugar, a acolhida completa de todos os irmãos em Cristo Jesus enquanto estejam nele. O corpo de Cristo está formado por todas aquelas pessoas que tenham sido de fato redimidas por Cristo, que o tenham recebido efetivamente em sua vida e tenham sido regeneradas por seu Santo Espírito.

TODOS OS MEMBROS DE CRISTO PERTENCEM AO CORPO DE CRISTO.

Se alguém foi nascido efetivamente de novo em virtude de Cristo e em seu sangue foi redimido, então é um membro de Cristo e também parte de seu corpo. A receptividade da Igreja não deve ser maior nem menor que a de Deus em Cristo. É dizer, que se o Pai, graças a Cristo, tenha tomado como filho uma pessoa, nós, todo o corpo de Cristo, estamos obrigados a receber-lo como irmãos. Ou então não estamos nos sujeitando à cabeça, mas constituindo a nós mesmos como cabeça, com a qual desejamos atuar como seu corpo e nos convertemos em uma seita de nossa própria confecção. Também, por outra parte, somente o corpo de Cristo mesmo é o corpo de Cristo. Se a parte pode representar ao todo, no entanto não pode substituir a esse todo.

Se por uma parte, Deus não recebeu a uma pessoa como filho, a Igreja tampouco pode considerar como irmão neste sentido, pois deixaria de atuar como o corpo de Cristo e introduzira em sua comunidade pessoas somente do mundo. A quem Deus ainda não recebe neste sentido de filho por efetiva regeneração, tampouco a Igreja pode considerá-lo um de seus membros. Porem, por outro lado a todos, todos, os que o Senhor há recebido como filhos, nós, a Igreja, devemos receber como membros próprios do corpo de Cristo. E se vivem em nossa mesma localidade, população, município, aldeia ou cidade, pertence então com pleno direito a única igreja de tal população, a qual deve incluir a todos os membros do corpo de Cristo em sua respectiva localidade.

Uma igreja local bíblica normal é aquela que em sua população, aldeia ou município respectivo, recebe a todos os santos em Cristo Jesus que estão em sua jurisdição. Veja por exemplo, a filipenses 1:1: "... todos os santos em Cristo Jesus que estão em Filipos,..." Nenhum irmão legítimo em Cristo Jesus deve ser rejeitado. De outra maneira, estamos atuando como seita. A seita não inclui a todos os que Deus inclui, senão somente a seus partidários, deixando de fora a legítimos filhos de Deus em Cristo. O corpo de Cristo Significa: todos os membros de Cristo. Nesse aspecto podemos ver, por exemplo, na seguinte expressão bíblica: "... que habite Cristo pela fé em vossos corações, a fim de que arraigados e firmados em amor, sejais plenamente capazes de compreender com todos os santos qual seja a largura, o comprimento, a profundidade e a altura, e de conhecer o amor de Cristo, que excede a todo conhecimento, para que sejais cheios de toda plenitude de Deus" (Ef. 3:17-19).

A largura de Cristo incorpora e compreende a todos os filhos de Deus nEle. Para compreendê-la, como também a todas as medidas de Cristo, é necessário fazer com todos os santos. A plenitude de Deus tem como vaso que contem a todos os santos na unidade orgânica de um só corpo. De modo que qualquer grupo cristão que pretenda excluir de sua comunhão a algum dos santos membros de Cristo, está atuando como seita e não está dando o testemunho do corpo de Cristo, pois ali a cabeça deixou de ser Cristo Jesus e passou a ser daquele que decide em lugar de Jesus Cristo a exclusão dos que Cristo inclui em seu corpo.

Claro está que isto não significa incorporar a Igreja todos os pecados, erros e sistemas bíblicos que tenham os filhos de Deus, pois a Igreja tem sua própria disciplina conforme a palavra escrita de Deus. Porem todas as pessoas regeneradas efetivamente em Cristo Jesus devem ser reconhecidas na Igreja como membros do corpo de Cristo e ter uma parte plena na Igreja de sua respectiva população, localidade, aldeia ou município. Uma coisa é a pessoa e outra o pecado, o erro, o sistema. As vezes devemos corrigir os pecados, os erros e os sistemas, porem sem descartar as pessoas, se esta é de Deus. A Disciplina busca liberar sua pessoa para plena comunhão normal do corpo de Cristo, na santidade, na verdade e nos princípios bíblicos de conduta cristã.

Se algum grupo cristão pretende andar sem contar com todos os filhos de Deus em sua respectiva população, sua atitude não é própria da igreja, nem seu testemunho do corpo de Cristo, se bem que todos os filhos de Deus pertencem a esse corpo. A Igreja em sua respectiva localidade ou município deve atuar como tal, mediante uma atitude inclusiva, com respeito a todos os filhos de Deus. Se alguns filhos de Deus não querem participar dessa comunhão ampla, senão que a restringem a algo menos que o corpo de Cristo, e se querem reter seus grupos partidários, em vez de incorporá-los a comunhão plena da Igreja Universal e em sua própria população ou localidade, então a Igreja segue sendo ela mesma, pois não é sua culpa, como igreja, senão que é de quem resiste à comunhão e integração plena de todos os filhos de Deus como uma só Igreja universal e em cada município ou localidade. As pessoas se excluem da comunhão plena da Igreja universal e local, porém a Igreja é inclusiva em sua atitude e princípios a todos os membros do corpo de Cristo. Não é culpa como representação da Igreja, se alguns dos mesmos filhos de Deus e membros do corpo de Cristo se mantenham partidários. A culpa dessas pessoas não tira a legitimidade da Igreja como tal, nem na questão universal nem na questão local, nem em sua representação, pois ela mesma e sua representação são inclusivas. Porem ainda assim, deve sempre assumir o encargo de guardar a unidade do Espírito e alcançar a unidade da fé e do pleno conhecimento do filho de Deus e buscar a unanimidade em torno de Cristo.


Porem, o corpo como plenitude de Cristo, tem uma terceira implicação que já marcamos. Não é suficiente receber e reconhecer a todos os filhos de Deus na comunhão da igreja; também é necessário, para que a plenitude seja tal, que cada um esteja em pleno funcionamento, exercitando e exercendo em seu espírito humano e no espírito de Jesus Cristo, sua própria função, atividade, dom, ministério, operação, em Cristo conforme a palavra de Deus. As vezes recebemos aos irmãos, porem não lhes permitimos funcionar plenamente como Deus quer que funcionem. O desprezo, a inveja, a rivalidade, a manobra política, a presunção a religiosidade e outros fatores não santos, e também a ignorância, a negligência, a omissão e outras coisas, estorvam a plena manifestação da plenitude de Cristo em seu corpo. Como pretender a plenitude se alguns membros são restringidos em sua função legítima e plena? Claro que isto não significa dar lugar a carne com a escusa de abertura e generosidade, abrindo-se imprudentemente a exercícios e atividades não nascidas no Espírito de Deus. Por uma parte todos os santos são sacerdotes e devem ser levados a seu pleno funcionamento, porem deve examinar-se tudo sem romanticismo nem ingenuidade, abstendo-se de coisas estranhas com a devida propriedade, moderação e radicalidade. Porem é vergonhoso que certos membros, para somente se sobressaírem não permitem aos outros funcionarem, menosprezam, rebaixam, desconhecem, impedindo-lhes de funcionarem a sua plena capacidade. A verdadeira liderança no ministério consiste em aperfeiçoar os santos para que eles façam a obra do ministério e edificação sem que monopolize o controle mediante manobras da carne. Muitas coisas devem ser corrigidas no nome do Senhor Jesus! O legítimo ministério esta constituído, pois, por Deus, para aperfeiçoar aos santos para a obra do ministério; é dizer, para levá-los a seu pleno funcionamento sacerdotal como membros do corpo de Cristo.

A plenitude de Cristo implica em tudo o que é de Cristo em todos os que são de Cristo, e cada um na plenitude de sua função. Essa é a Igreja. Algo menos é imperfeito e divisionário. Escrito está: "E Ele mesmo constituiu uns apóstolos, a outros profetas, a outros evangelistas, a outros pastores e mestres, a fim de aperfeiçoar aos santos para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo até que todos cheguem à unidade da fé e do conhecimento do filho de Deus, a varão perfeito, a medida da estatura e da plenitude de Cristo." (EF. 4:11-13).


"Deus submeteu todas as coisas debaixo dos pés de Cristo, e lhe deu por cabeça sobre todas as coisas da igreja, a qual é seu corpo, a plenitude daquele que tudo enche em todos." Ef 1.22,23

Irmãos em Cristo Jesus.

Irmãos em Cristo Jesus.
Mt 5:14 "Vós sois a luz do mundo"