sábado, 17 de janeiro de 2009

O Inexplicável Sofrimento dos Justos - Norbert Lieth

O sofrimento de um justo não pode ser explicado, mas muitas e muitas vezes sua razão de ser foi interpretada de maneira incorreta. Muitos cristãos que estão sofrendo se preocupam demais em achar a “causa” de sua angústia e se esgotam de tanto questionar. Minha doença é castigo pelo meu pecado? Ou será que Deus quer me disciplinar, educar, purificar, transformar através do sofrimento, me preparar para Seu Reino e Sua glória? - É claro que existem castigos mandados por Deus, mas nem de longe todo o sofrimento físico ou emocional, toda derrota, fome ou tormento podem ser explicados dessa maneira. Quem recebeu a Jesus Cristo em sua vida por meio da fé não sofre por causa da ira de Deus ou por castigo, mas o sofrimento é uma provação e é igualmente um meio pedagógico que o Senhor usa na vida dos crentes (Hb 12.1-11; Rm 8.31-39). Mas não são raras as vezes em que o agir de Deus e a Sua direção em nossas vidas continuará sendo um mistério para nós, principalmente quando Ele manda sofrimento e tristeza.


Não queremos deixar passar despercebido o fato de que nem todo o sofrimento tem a amável correção do Senhor como alvo final. Existem sofrimentos que nascem do ódio satânico, e se os mesmos nos alcançam foi porque o Senhor o permitiu. Os sofrimentos de Jó, por exemplo, não vieram de Deus. Também não havia motivo para correção na vida desse homem, pois Jó vivia completamente dentro do que agradava ao Senhor e era irrepreensível, o que foi confirmado pelo próprio Senhor. Seus sofrimentos eram provocados pelo maligno (comp. Jó 1.1,6-19).


Os Salmos e Provérbios também falam do sofrimento do justo: “Muitas são as aflições do justo!” (Sl 34.19a; comp. também Pv 11.31). A Bíblia nos exorta a não considerarmos todo e qualquer sofrimento dos justos como conseqüência automática de culpa e pecado em suas vidas, pois com isso estaríamos condenando a maneira justa de viver dos retos de coração. Asafe orou: “Com efeito, inutilmente conservei puro o coração e lavei as mãos na inocência. Pois de contínuo sou afligido, e cada manhã castigado. Se eu pensara em falar tais palavras, já aí teria traído a geração de teus filhos” (Sl 73.13-15). Também no Salmo 44 encontramos uma das muitas indicações da Palavra de Deus de que sofrimento nem sempre tem sua origem em pecado ou culpa diante de Deus e nem sempre é castigo por erros cometidos: “Tudo isso nos sobreveio, entretanto não nos esquecemos de ti, nem fomos infiéis à tua aliança. Não tornou atrás o nosso coração, nem se desviaram os nossos passos dos teus caminhos… Se tivéssemos esquecido o nome do nosso Deus ou tivéssemos estendido as mãos a deus estranho, porventura não o teria atinado Deus, ele que conhece os segredos dos corações? Mas, por amor a ti, somos entregues à morte continuamente, somos considerados como ovelhas para o matadouro” (vv. 17-18, 20-22). Mas todo esse sofrimento estava sob a permissão de Deus: “…para nos esmagares onde vivem os chacais, e nos envolveres com as sombras da morte… Pois a nossa alma está abatida até ao pó, e o nosso corpo como que pegado no chão. Levanta-te para socorrer-nos, e resgata-nos por amor da tua benignidade (vv. 19,25-26).”


Antes que eu mencione o testemunho do irmão Lee, da Coréia do Sul, perguntemo-nos: todos esses sofrimentos foram resultado de pecado na vida desse irmão? Ele conta:
Eu tinha 18 anos de idade quando os norte-coreanos invadiram a Coréia do Sul. Presenciei quando 7.000 cristãos foram mortos, inclusive meu pai e minha irmã. Durante três dias minha irmã ficou pendurada de cabeça para baixo em uma corda. No terceiro dia, ela estava quase desacordada. Todos os dias os comunistas nos levavam para fora para que pudéssemos ver como eram tratados os cristãos presos. Todos tínhamos sido presos e interrogados: “Você é cristão?” Naquela época minha irmã tinha 22 anos de idade. E naquele dia em que fui obrigado a ficar na sua frente, ela me reconheceu. Sangue já escorria de sua cabeça. Me senti impotente diante dela, pois estava amarrado. Mas ela cantava num sussurro: “Em Jesus amigo temos…” e “Mais perto quero estar, meu Deus de Ti…” E foi dessa maneira que ela morreu, mas sua morte vitoriosa deixou uma profunda impressão em minha vida. - Uma semana depois meu velho pai de 72 anos foi executado. Ele foi queimado vivo, depois de ter passado fome por um mês. Jogaram-no em uma cova, cobriram-no com querosene e tocaram fogo. Antes de perder os sentidos, gritou com suas últimas forças: “Você tem de acabar o que eu não consegui levar até o fim!” Então levantou suas mãos e orou: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem!”


Esses dois acontecimentos deixaram marcas em toda a minha vida futura, marcas que nunca mais puderam ser apagadas. Não posso descrever os sofrimentos que tive que passar. Durante um mês inteiro meus carrascos me espancaram, queimaram e quebraram meus ossos. Quando eles finalmente acharam que eu estava morto, jogaram-me em um pântano. Fiquei oito dias inconsciente no meio de cadáveres. Os ratos passavam por cima de nós e o sofrimento era infernal. Mas nessa hora eu entreguei minha vida ao Senhor Jesus. Reconheci o que significa na vida de uma pessoa um relacionamento pessoal com Jesus: no mais profundo sofrimento pode nascer a alegria da fé!
Os terríveis sofrimentos e a angústia de sua irmã e de seu pai e seus próprios sofrimentos contribuíram para que o Dr. Lee chegasse a crer no Senhor Jesus Cristo - que maravilhoso fruto de sofrimento por amor ao Senhor!
Será que você anda encurvado sob o fardo de sofrimentos e pressões do dia-a-dia que pesa sobre os seus ombros? Você se angustia com problemas e infortúnio? Você sofre por fracassos, decepções, esperanças frustradas? Ou você sofre por amor a Cristo? Existe uma cruz pesada sobre sua vida, cruz que você tem de carregar?
Qual é a causa do sofrimento, se não é o pecado?
Sofrimento por amor a Jesus. Foi dito ao apóstolo Paulo que ele iria sofrer muito por amor a Jesus (At 9.16). O Senhor o usou de modo extraordinário como instrumento muito útil, mas os sofrimentos de Paulo foram igualmente extraordinários. Os profundos sofrimentos por amor a Jesus faziam parte de sua elevada vocação.
Sofrimentos por amor a Jesus não são motivo de tristeza, mas de alegria: “… alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também na revelação de sua glória vos alegreis exultando” (1 Pe 4.13). E sofrer pelo Evangelho é um tipo de sofrimento por amor a Jesus (2 Tm 1.8), assim como sofrimentos por praticar o bem (1 Pe 2.20), sofrimentos por causa da justiça (Mt 5.10) e os sofrimentos como servos de Deus (2 Co 6.4 ss.).
Sofrimentos por amor aos outros (à Igreja). É isso o que nos relata Colossenses 1.24: “Agora me regozijo nos meus sofrimentos por vós; e preencho o que resta das aflições de Cristo, na minha carne, a favor do seu corpo, que é a igreja.” Sofrimentos suportados com paciência por um cristão servem de exemplo e testemunho para toda a Igreja, pois é nisso que o caráter de Jesus mais se reflete. E é por isso que as pessoas mais santificadas têm de sofrer mais, por estarem muito próximas do Senhor e por terem condições de suportar o sofrimento. Epafrodito, cooperador de Paulo, ficou gravemente enfermo por causa da obra do Senhor e por servir ao apóstolo por parte dos filipenses (comp. Fl 2.25-30).
Sofrimentos por testemunhar da fé para a glória do Senhor. Para provar isso quero citar novamente 1 Pedro 4.13: “…alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também na revelação de sua glória vos alegreis exultando.” O salmista Asafe testemunha em meio ao seu sofrimento: “Todavia, estou sempre contigo, tu me seguras pela minha mão direita. Tu me guias com o teu conselho, e depois me recebes na glória. Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra. Ainda que a minha carne e o meu coração desfalecem, Deus é a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre… Quanto a mim, bom é estar junto a Deus; no Senhor Deus ponho o meu refúgio, para proclamar todos os seus feitos”(Sl 73.23-26, 28).
Será que conseguimos imaginar o testemunho glorioso e elogiado que um servo de Deus que sofre por amor ao Senhor tem diante do mundo invisível dos anjos, quando se firma no Senhor e espera nEle em meio aos sofrimentos, e quando consegue dizer “Senhor, apesar de tudo eu quero ficar perto de Ti”? Como é grandioso e maravilhoso o reflexo desses sofrimentos na eternidade! Isso é mostrado em Romanos 8.18: “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não são para comparar com a glória por vir a ser revelada em nós.”
O que devemos fazer no sofrimento?
Como é que a nossa alma consegue ficar consolada e quieta em tempos de angústia? Em tempos de sofrimento ninguém mais consegue ajudar aquele que sofre a não ser o Senhor. Isso o salmista também sabia, pois orava: “Faze-me justiça, ó Deus, e pleiteia a minha causa… Pois tu és o Deus da minha fortaleza” (Sl 43.1a,2a). Jesus Cristo sofreu fora da porta - e, nesse sentido, cada um que sofre está sozinho com seus sofrimentos, sofre “fora da porta” como Jesus. O salmista também tinha reconhecido isso, e encomendou sua alma juntamente com toda a sua angústia ao fiel cuidado de Deus. Ele sabia que a ajuda real, a ajuda que traz resultados não pode vir de pessoas, mas única e exclusivamente do Deus vivo. E era a Deus que ele queria entregar seu sofrimento. Ele não foi obrigado a se deixar enlouquecer e inquietar pelos outros e por seus bons conselhos, mas foi capaz de se entregar plenamente à vontade divina, e de se sentir abrigado e seguro no Senhor.
Ficamos consolados e tranqüilos quando entregamos nossa angústia ao Senhor, quando nos aquietamos e esperamos nEle.
Dificilmente o sofrimento pode ser explicado humanamente, ele só pode ser compreendido de dentro do santuário. Por isso o salmista orou: “Por que me rejeitas? Por que hei de andar eu lamentando sob a opressão dos meus inimigos? Envia a tua luz e a tua verdade, para que me guiem e me levem ao teu santo monte, e aos teus tabernáculos. Então irei ao altar de Deus, de Deus que é a minha grande alegria; ao som da harpa eu te louvarei, ó Deus, Deus meu. Por que estás abatida, ó minha alma? por que te perturbas dentro em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu” (Sl 43.2b-5). O coração do salmista estava repleto de porquês. Ele não conseguia entender o porquê de seus sofrimentos; mas parece que, de repente, ele passou a entender, passou a não mais precisar de uma resposta para suas muitas perguntas - mas precisava somente de uma profunda comunhão com seu Deus no santuário (vv. 3b-4a). Essa foi a solução. Foi dessa maneira que sua alma conseguiu ficar quieta e consolada e cheia de gratidão para com o Senhor apesar do sofrimento pelo qual estava passando (vv. 4b-5). Nem sempre existe uma resposta, mas sempre existe consolo e luz na escuridão de nossa alma quando nos achegamos ao Senhor, quando entramos no santuário. E é por isso que filhos de Deus santificados conseguem dizer: “O Senhor está tão perto de mim!” Para o salmista passou a ser secundário conhecer ou não a causa de seus sofrimentos. Para ele passou a ser prioridade saber que era Deus que conduzia sua vida, passou a ser prioridade andar na luz do Senhor, andar na verdade do Senhor e ser dirigido pelo Senhor para alcançar seu alvo de vida.
Asafe estava cheio de dúvidas e questionamentos. Parecia-lhe que o sofrimento ela algo sem lógica, algo incompreensível e absurdo. Ele não era capaz de entendê-lo nem explicá-lo: “Em só refletir para compreender isso, achei mui pesada tarefa para mim; até que entrei no santuário de Deus…” (Sl 73.16-17). No santuário nem sempre recebemos a explicação para o porquê de nossos sofrimentos, mas em compensação recebemos consolo, recebemos fortalecimento e uma profunda paz. Até um homem como Elias chegou ao ponto de se sentir desesperado e questionava o motivo de tanto sofrimento. Ele não recebeu uma resposta para suas perguntas, mas recebeu comida e bebida para sua longa jornada em busca de um novo encontro com o Senhor. João Batista foi tomado de dúvidas quando estava no cárcere. E ele também não recebeu resposta ao porquê de seus sofrimentos, dúvida que certamente ocupava sua mente. Mas ele recebeu a palavra do Senhor: “…bem-aventurado é aquele que não achar em mim motivo de tropeço” (Mt 11.6).
Agora me dirijo a você, especialmente a você que tem sofrimento e dor em sua vida, que passa por angústias e enfermidades - você não quer simplesmente entrar no santuário para receber ali o consolo que vem de Deus? Em pouco tempo se cumprirá em sua vida o que o Senhor glorificado diz no último livro da Bíblia: “E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras cousas passaram. E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as cousas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras… O vencedor herdará estas cousas, e eu lhe serei Deus e ele me será filho” (Ap 21.4-5,7).


Autor: Norbert Lieth
Fonte: Revista Chamada da Meia-Noite, julho de 1997

sábado, 10 de janeiro de 2009

Materiais da construção- Arcadio Sierra Diaz

Seguimos lendo 1 Coríntios 3: "Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo" (vv.11,12).Na edificação da casa de Deus há um único fundamento, que é Seu Filho Jesus Cristo, a pedra angular. Aqui figuram seis elementos com os quais se está edificando. Os três primeiros, ouro, prata e pedras preciosas, simbolizam a Trindade divina: Pai, Filho e Espírito Santo. Os três últimos, madeira, feno e palha, simbolizam o humano nessa sobre edificação; o último grupo se contrapõe ao primeiro, pois os pensamentos do homem não são os de Deus. Deus quer edificar sua casa com os três primeiros elementos. O ouro se refere à natureza divina, à vontade de Deus, o eterno, o que jamais se envelhece, o mais glorioso; ao passo que a madeira é a natureza humana, o que perece. Por exemplo, no tabernáculo o principal é Cristo, a arca, a qual estava feita de madeira de acácia (a humanidade de Cristo) recoberta de ouro (a divindade de Cristo). De maneira que caso se edifique em ouro significa que se está obedecendo à vontade de Deus consignada no Novo Testamento; mas se é em madeira, é porque se está obedecendo outras opiniões; é o que tem feito o cristianismo a partir do século V desta era. Mas se seguimos ao Senhor Jesus, devemos fazer sua vontade, e Ele veio fazer a vontade do Pai que o enviou. "Disse-lhes Jesus: A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra." (Jo. 4:34).
Antes que o Senhor nascesse em carne, o Pai já tinha preparado tudo, galáxias, sistemas solares, mares, continentes, tudo o necessário para que homem pudesse viver na terra e se pudesse encarnar seu Filho e salvar à Igreja. Deus não vai deixar o cumprimento de seus propósitos ao critério dos homens. O primeiro Adão falhou, mas o segundo Adão veio para vencer, a obedecer a Deus. A partir Dele, Cristo veio preparar para Deus uma nova raça humana, o verdadeiro homem à imagem de Deus.O Pai disse ao Filho o que devia fazer. "Eu nada posso fazer de mim mesmo; na forma por que ouço, julgo. O meu juízo é justo, porque não procuro a minha própria vontade, e sim a daquele que me enviou" ( Jo 5:30 ). Por que insiste o Senhor Jesus nisto? Para nos dar exemplo de obediência. "Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou.39 E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia " (Jo. 6:38-39).Voltemos a Efésios 2:19-22: "19 Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus,20 edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular;21 no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor,22 no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito ".
A que se refere aqui com o fundamento dos apóstolos? Refere-se ao Novo Testamento. Estamos em plena edificação do templo, e o Senhor quer terminar esse edifício com pessoas obedientes. Recorde-se que cada um de nós é uma pedra viva, com as quais o Senhor está edificando sua casa. Ele não busca montões de pedras mortas, nem sequer que haja montões de pedras por lá e outras por cá; Ele busca é que estejamos todos juntos para que possamos ser edificados. Quando Pedro confessou que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivente, o Senhor lhe disse: "Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela ". (Mt 16:18)
O que edifica a Igreja é Cristo, e nós somos colaboradores; Ele conosco e nós com Ele. Se não edificamos com Ele, só estaríamos edificando com madeira. Já não seria Sua Igreja; de pronto estaríamos edificando nossas pequenas igrejas.O que é a Igreja? A palavra igreja vem do grego ekklesia (de ek, fora de, e klesis, chamamento). Usava-se entre os gregos esta palavra para se referir a um corpo de cidadãos reunidos para considerar assuntos de estado (At. 19:39). A igreja de Jesus Cristo (Mt. 16:18), a qual é seu corpo (Ef. 1:22; 5:22) é toda a companhia dos redimidos através da era presente. A Igreja universal do Senhor é a mesma que nasceu no dia de Pentecostes, dez dias depois de haver ascendido o Senhor à destra do Pai.Então vemos que nessa construção da Igreja, nós somos Seus colaboradores, que estamos sobre edificando, "edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular" (Ef 2:20). Essa sobre edificação, quando se faz sobre o fundamento dos apóstolos e os profetas, ou seja, de acordo com o que eles pregaram e escreveram, deve ser em ouro, prata e pedras preciosas, o qual é a obra de Deus. Ali o ouro, o metal precioso por excelência, representa a natureza de Deus Pai, Sua vida, Sua glória, Sua justiça, Sua obra, Seus propósitos com a criação; a prata se relaciona com a redenção, a obra do Filho, pelo preço designado pelo Senhor (Zacarias 11:12; Mateus 16:15), e as pedras preciosas tem a ver com a manifestação e obra do Espírito Santo na Igreja e na vida de cada um de nós em particular. As pedras preciosas são carbonos purificados e trabalhados através do tempo com alta pressão e temperaturas elevadas.Infortunadamente, sobre esse mesmo fundamento, Jesus Cristo, Freqüentemente também costuma trabalhar por iniciativa própria, valendo-nos de nosso próprio ponto de vista, excluindo a vontade do Senhor; se abandonam os princípios do fundamento apostólico, do que eles deixaram registrado pela vontade de Deus, e é quando aparecem outros três elementos que de alguma maneira se relacionam com os três primeiros: madeira, feno e palha. Se alguém edifica em madeira, que representa a natureza do homem, essa obra se destrói, se converte em lixo. Temos por exemplo, a arca do pacto. Foi feita de madeira de acácia recoberta de ouro, pois era um tipo de Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Também disse João o Batista em Mateus 3:10: "Já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo".

Se alguém edifica em feno, que é uma planta de utilização periódica, essa sobre edificação também perece e não é eterna em comparação com a salvação eterna que nos assegurou o Senhor Jesus na cruz.Por último, pode ser que se edifique em palha, que são folhas secas, mortas, que caem das árvores quando seus tecidos se murcham e já não lhes chega seiva; isso simboliza as coisas de vistosa aparência, mas de uma fragilidade impressionante, são as coisas inúteis e de pouca sustância, ainda que a nós pareça que estamos fazendo muito bem, especialmente nas palavras e promessas; ou essa demasiada e inútil frondosidade de algumas árvores e plantas; todo o inútil com o qual cremos que estamos agradando ao Senhor, desprezando o verdadeiro trabalho do Espírito Santo em nós, comparado com as pedras preciosas. A maturidade de um crente se dá através de um processo e um árduo trabalho do Espírito do Senhor em nós e conosco, levando a cruz, negando-nos a nós mesmos, passando por provas.Deus nos deu sua vida na regeneração, o ouro; também nos tem redimido pela obra de Seu Filho, a prata, e também forja dentro de nós as pedras preciosas, para que sejamos a imagem de Seu Filho. Deus não troca as pedras preciosas por palha. A vida que Deus nos tem dado não é afetada pelo fogo. Os três primeiros, o de Deus, são materiais duradouros, e os três últimos são materiais combustíveis, perecíveis, por quanto simbolizam a obra do homem. Continuando, podemos tentar fazer uma comparação um pouco mais detalhada entre os três elementos de Deus e os três elementos do homem:
Ouro. O ouro é o primeiro elemento indicado para a sobre edificação da igreja. O ouro se relaciona com a obediência à vontade do Pai. Já temos visto que o Senhor tem estabelecido e ordena que a edificação de sua casa se efetue sobre o fundamento posto pelos apóstolos e profetas. "A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e estavam sobre estes os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro" (Ap. 21:14). O testemunho dos doze apóstolos do Cordeiro é fundamental, pois por meio deles o Senhor nos deixou no Novo Testamento os detalhes sobre esta edificação do templo. O modelo, pois, da Igreja do Senhor está no Novo Testamento. A edificação da igreja do Senhor deve ser sobre a base da unidade do Espírito, não da carne; a unidade só se pode realizar no amor na igreja de uma localidade. Obedecer à vontade de Deus para edificar a igreja, é sobre edificar em ouro. O ouro, portanto, se contrapõe à madeira. O ouro e a madeira se juntam na construção da arca do tabernáculo, autêntico tipo de Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. "Também farão uma arca de madeira de acácia; de dois côvados e meio será o seu comprimento, de um côvado e meio, a largura, e de um côvado e meio, a altura.
11 De ouro puro a cobrirás; por dentro e por fora a cobrirás e farás sobre ela uma bordadura de ouro ao redor " (Ex. 25:10-11).
Esses dois versículos nos falam do centro do tabernáculo. Agora nós somos o tabernáculo de Deus, e a arca (Cristo) a levamos dentro de nós, em nosso lugar santíssimo (nosso espírito regenerado).
Madeira. A madeira é o que se contrapõe ao ouro; a madeira é a natureza humana; o homem mortal. Mas nessa madeira vem Cristo a morar e trazer o ouro da natureza divina. Cristo vai desenvolvendo em nós. "Já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo" (Mt. 3:10).

Não se refere às árvores do campo, senão aos homens que não dão fruto de arrependimento. Mateus 7:19 repete nas palavras do Senhor Jesus. Ele quer que cada um de nós demos abundante fruto; mas fora de sua vontade não podemos dar fruto. Deus quer que nos capacitemos para um trabalho em sua obra. Nós em nossa vida natural podemos ir adquirindo conhecimentos, escalando sucessos, inclusive posições de onde nos enaltecemos; mas à medida que Cristo se forma em nós, o Espírito Santo vai nos mostrando que há dentro de nós, e podemos ver os preceitos supersticiosos, os fundamentos filosóficos e religiosos. A religião do mundo se fundiu com a cristandade; da Babilônia passou esse espírito a formar o papado romano e do papado passou ao anglicanismo e dali aos batistas, aos presbiterianos, etc. A igreja do Senhor ficou cativa em um emaranhado de sistemas construídos com madeira, e o Senhor decidiu tirá-la dali, e continuar sua construção com ouro, prata e pedras preciosas. Tudo o que não edifica a casa de Deus em unidade do corpo de Cristo, é construído com madeira; e se queimará. Nós somos a assembléia dos santos; somos santos porque temos sido apartados para Deus. Na cristandade infiel tem se metido muito fundamento filosófico, muito judaísmo, muita construção de templos materiais, muitas leis e preceitos estatutários, muito nicolaísmo, muita religião babilônica, muita magia, comercialização com a Palavra de Deus, visualização, muito pense e faça-se rico. No começo se formaram as grandes denominações em torno de doutrinas; hoje se organizam em torno de lideranças e "ministérios".
Prata. Relaciona-se com o Filho de Deus, com a redenção na cruz. Tipifica a vida do homem redimido; na prata estamos envolvidos os redimidos; a sobre edificação com prata tem a ver com nosso andar com Cristo. O Cordeiro de Deus está intimamente ligado com sua cruz. Quando em Apocalipse João viu o trono de Deus, ali estava o Cordeiro imolado. Os Atos mais relevantes da história da humanidade são: a encarnação do Verbo de Deus, sua crucificação e ressurreição no corpo glorioso. Cristo ressuscitou para jamais voltar a experimentar a morte. Durante seu ministério Ele ressuscitou a Lázaro e a outros, mas eles voltaram a morrer. Cristo está edificando através da cruz; se nós não levamos nossa cruz e experimentamos a negação de nosso eu, não podemos edificar com Cristo. Através desse processo há revelação em nossas vidas, mas antes deve haver revelação do Pai acerca do Senhor Jesus como Salvador; se não há revelação ninguém pode crer em Cristo. Quem é Cristo para ti? Ninguém busca ao Senhor; é o Senhor o que nos busca. Ele sempre toma a iniciativa, nós jamais.Mateus 16:15: "Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou?" Surge uma pergunta, qual é a rocha que menciona o Senhor? "Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.17 Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus". Conhecer quem é Jesus é uma revelação do Pai. Já que o Pai te revelou quem sou eu e tu o confessas, então "Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela". Agora deixas de ser Simão; agora és uma pedra viva para a construção de minha casa. A construção não é material; é uma casa espiritual. Sobre esta rocha, sobre o que acaba de confessar Pedro "edificarei minha igreja". Aí está o fundamento. A rocha é Cristo, e Pedro é uma pedra vida. "também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo" (1 Pe. 2:5). Cristo é a pedra viva, a pedra angular, e nós somos pedras vivas em Cristo. Nós somos "edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular;21 no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor,22 no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito" (Ef. 2:20-22). O fundamento dos apóstolos e profetas é o Novo Testamento; eles foram testemunhas da encarnação do Verbo de Deus, de sua vida como homem, de sua morte, de sua ressurreição, de sua ascensão aos céus. Uns anjos de Deus se apresentaram e lhes disseram: " Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir" (At 1:11). O apóstolo Paulo também o viu, e também foi levado ao terceiro céu, e ali recebeu toda essa informação que nos transmite em suas cartas; e Paulo foi apóstolo, profeta, evangelista, pastor e mestre.Então, quem sobre edifica? Os crentes em Cristo; mas essa sobre edificação pode ser errada; alguns podem estar edificando com madeira, feno e palha. De modo, pois que a sobre edificação com prata tem a ver com o Filho, com a redenção; a prata tipifica a vida do homem redimido, o andar com Cristo. Com a prata se paga um preço. José, o filho de Jacó, é um tipo de Cristo; ele foi vendido como escravo por seus próprios irmãos por vinte moedas de prata (Gn 37:28). O Senhor foi vendido por trinta moedas de prata, como está profetizado em Zacarias 11:12-13 e seu cumprimento em Mateus 26:14-15.A prata se relaciona com o fato de que nossa vida está unida ao Senhor. Ele pagou o preço com seu precioso sangue. A prata tem a ver com a vida de Cristo em nós. É necessário que Cristo se forme e cresça em nós (Gl. 2:20); nós em Cristo já fomos à cruz, por isso agora é necessário que Ele viva sua vida em mim. Se não for assim, não estou sobre edificando com prata. Se Cristo vive em mim, já eu não vivo; o viver na carne (comer, dormir, trabalhar, falar), o vivo não em minhas próprias ilusões e interesses. Quanto mais viver Cristo em mim, se vão de meus antigos costumes, porque Ele traz outros costumes a nossas vidas. A edificação em prata, como em Cristo, pode incluir em nós o sofrimento. "Ora, tendo Cristo sofrido na carne, armai-vos também vós do mesmo pensamento; pois aquele que sofreu na carne deixou o pecado,2 para que, no tempo que vos resta na carne, já não vivais de acordo com as paixões dos homens, mas segundo a vontade de Deus. " (1 Pe. 4:1-2).
Feno. Se não se edifica com prata, a contraparte negativa é o feno. O feno é uma gramínea que simboliza o homem caído, o homem não redimido, o homem carnal, não regenerado. Quando se trata de um crente, é um bebê espiritual e nunca deixa de ser (1 Co. 3:2,3), de maneira que sua edificação o faz em seus egoísmos, mal caráter, ambições e avareza; pretensões de que pode tudo. Quando a vida de alguém não tem passado do velho homem, está na erva, no feno (1 Pe. 1:24); o homem velho atrai a glória dos homens. Muitas vezes o homem gosta de receber a glória terrena, as palavras de aprovação, as felicitações. Mas o que assim trabalha tudo está fazendo em feno; muitos vivem pendentes dos homens. A glória e o viver humano se seca quando sai o sol (a vinda do Senhor), a flor cai (Tg. 1:9-11) e perece. O verdadeiro tesouro deve ser o Senhor; os demais tesouros causam cegueira e apartam de Deus. Há uma grande diferença entre o viver de Cristo e o viver carnal. Entre a prata e o feno podemos ver a relação entre a erva e o viver de Cristo.
Pedras preciosas. Temos aqui a obra transformadora do Espírito Santo em nós. Os crentes têm passado por um processo. O Pai nos fez do barro da terra para viver neste mundo físico (Gn. 2:7; Ro. 9:20,21); o Filho, ao crescer Nele, nos converteu em pedras vivas a fim de viver em Sua casa e fazer parte dela (Jo. 1:42; Mt. 16:17,18; 1 Pe. 2:5), e o Espírito Santo veio a converter-nos em pedras preciosas para entrar no reino e na Nova Jerusalém, a cidade celestial (Ap. 21:18-20; 2 Co. 3:18; Ro. 12:2). Como barro somos vasos; como pedras vivas construídas somos casa, e como pedras preciosas faremos parte da cidade de Deus. Na natureza as pedras preciosas se formam através de um prolongado processo de altas temperaturas e pressões; algo parecido nos acontece. (Mt. 16:24) Ninguém quer submeter-se à cruz, e à negação de seu ego. Mas só a ação da cruz aplicada pelo Espírito realiza essa transformação. Na Nova Jerusalém não pode entrar nada que não seja precioso. Para ser precioso tem que se pagar o preço.
Palha. É o oposto à pedra preciosa. Palha é o que não tem vida, está seca. A palha é o trabalho e viver proveniente de uma fonte terrena. É o proceder de uma alma sem a devida transformação e vida por parte do Espírito Santo. É quando em nosso ser natural não somos pedras senão barro. Tudo o que se constrói com palha, quando não sai de uma vida transformada pelo Espírito Santo, não está firme, se vai face a qualquer corrente (Salmo 83:13); tudo se queima fácil (Isaías 33:11)." Contudo, se o que alguém edifica sobre o fundamento é ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha,13 manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará.14 Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão;15 se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo " (1 Co. 3:12-15).Mas chega o dia do juízo da Igreja. O Senhor virá provar todas nossas obras; virá a ver como utilizamos nossos talentos. O que sucede, pois, com os que sobre edificam em ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno e palha? Que o fogo provará tudo. Esse fogo é o juízo. O fogo do juízo do Senhor à Igreja em Sua vinda; entra a provar se o que temos sobre edificado tem sido em ouro, prata e pedras preciosas. Se for assim, em tudo isso se sai vitorioso, e tem recompensa; uns mais, outros menos, mas tem, e se entra a participar com o Senhor no reino. Se for com ouro, prata e pedras preciosas; haverá recompensa, a qual é o reino milenar. Mas ao chegar aos que tem edificado em madeira, feno e palha, tudo muda. Mas se queimar a obra, sofrerá perda do reino, e entrará em uma disciplina. Haverá, pois, um período de pagar o preço assim como por fogo (Mt. 5:21-26). Ninguém perde a salvação, mas tudo isso se queima, pois nada disso foi conforme a Deus. Então o Senhor diz em sua Palavra:
"Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão;15 se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo " (1 Co. 3:14-15).Mateus 5:27-30. Se algo é para mim de muita atração e com ele peco, devo cortar com ele. Está falando à Igreja. Em Apocalipse 20:11-14 fala da segunda morte, o Geena. O lago de fogo é o Geena. O juiz é o Senhor, os meirinhos são os anjos. Se não te reconcilias com teu irmão agora, vais a passar uma temporada no lago de fogo até que pagues o último centavo.Apocalipse 2:9-11. O que vencer não sofrerá dano da segunda morte. A primeira morte é a morte física, a separação da alma do corpo. A segunda morte é a separação da pessoa de todo contato com Deus e lançado no lago de fogo, a perdição eterna. Deve-se buscar viver uma vida de obediência e submissão ao Senhor para ser um vencedor e não sofrer dano da segunda morte.Com freqüência há diferença entre servir a Deus e trabalhar para Deus. Diz o irmão Watchman Nee: "Muitos vão apressadamente de um lugar a outro para conseguir fama por suas obras. Não cabe dúvida de que tem realizado essas obras, mas em realidade não tem servido a Deus",*(1) pois efetivamente, não têm servido a Deus, senão ao templo e a seus próprios interesses.
*(1) W. Nee. "O Plano de Deus e os Vencedores". Ed. Vida. 1977. pág. 56.

Irmãos em Cristo Jesus.

Irmãos em Cristo Jesus.
Mt 5:14 "Vós sois a luz do mundo"