domingo, 1 de fevereiro de 2009

A Pregação aos espíritos encarcerados - William Kelly

(1.ª Pedro 3:19-20)

Extraído do site www.verdadespreciosas.com.ar
Traduzido pelos irmãos da cidade de Alegrete-RS

Posto que o correto entendimento desta passagem depende grandemente de que a tradução seja a mais literal e exata possível, oferecemos uma tradução interlinear do grego ao português para poder apreciar melhor alguns detalhes que escapam nas versões ordinárias. Quem lê inglês pode consultar a versão interlinear de Newberry The Englishman’s Greek New Testament, ou as excelentes traduções de Darby e de Kelly.
Leiamos cuidadosamente a passagem:

1.ª Pedro 3:18-20

3:18 οτι και χριστος απαξ περι αμαρτιων επαθεν
Porque também Cristo uma vez pelos pecados padeceu

Δικαιος υπερ αδικων ινα ημας προσαγαγη τω θεω
[O] justo pelos injustos para nos levar a Deus,

θανατωθεις μεν σαρκι ζωοποιηθεις δε πνευματι

sendo morto na carne, mas vivificado na virtude do] Espírito,
3:19 εν ω και τοις
na [virtude de] o qual também aos [que estão]

εν υλακη πνευμασιν πορευθεις εκηρυξεν

em prisão espíritos, vendo pregou

3:20 απειθησασιν ποτε οτε απεξεδεχετο
os que desobedeceram em outro tempo, quando aguardava

η του θεου μακροθυμια εν ημεραις νωε
a de Deus paciência em [os] dias de Noé


κατασκευαζομενης κιβωτου
entretanto se preparava [a] arca



As seguintes notas de William Kelly têm sido tomadas de sua obra “The Epistles of Peter” págs. 199-205.

Se alguém deseja uma mais detalhada discusão destas notáveis expressões, poderá achar ajuda no tratado, em inglês, titulado “A pregação aos espíritos encarcerados” (Weston, 53, Paternoster Row).

Aqui necessitamos velar para não ceder à fantasia, mas sim estar sujeitos às palavras do Espírito Santo em seu sentido exato e em sua concordância com esse contexto. Porque elas são freqüentemente tomadas de forma vaga e com certa predisposição em favor de uma idéia preconcebida ou com vistas a um fim desejado. Para contar com uma luz segura, é mister ter o olho sensível: e isto só é possível quando Cristo constitui o objeto central. O pronome relativo se refere ao Espírito[1] em virtude “do qual”, Cristo foi vivificado depois de sua morte.

Seguidamente se acrescenta de um fato muito diferente, mas igualmente dependente do Espírito: “em [virtude de] o qual também foi e pregou aos espíritos [que estão] encarcerados, os que em outro tempo desobedeceram quando uma vez esperava a paciência de Deus nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca” (1.ª Pedro 3:19-20).

Aqui dá a entender que Cristo no Espírito pregou a aqueles cujos espíritos estão encarcerados porque quando ouviram Suas advertências, foram desobedientes; e o tempo em que isso ocorreu está fixado antes do dilúvio o qual os castigou enquanto estavam na terra, pois eles estão agora guardados, como todos os demais desobedientes, para o juízo vindouro.

A preposição grega έν se requer aqui a fim de expressar com exatidão “em” ou “por” que poder Cristo foi e pregou aos espíritos em prisão. Não foi em pessoa, senão em virtude do Espírito. Isto se acha notavelmente confirmado pela linguagem de Gênesis 6:3:

“Então, disse o SENHOR: O meu Espírito não agirá ( contenderá) para sempre no homem, pois este é carnal; e os seus dias serão cento e vinte anos.”

Aqui aprendemos a que se referia o apóstolo, não só a Cristo em Espírito (e sabemos que Ele é Jeová sem dúvida nenhuma), senão ao término da longanimidade de Deus nos dias de Noé. Pois a isto se refere à declaração divina, não à vida do homem (a qual ainda depois do dilúvio era muito mais larga todavia), senão a Sua paciente contenção enquanto se preparava a arca. 2.ª Pedro 2:5 junto com 1.ª Pedro 1:11 unem muita ajuda para esclarecer o sentido da passagem. A razão é simples: Noé, mais que qualquer outro homem da antigüidade, é denominado “pregoeiro da justiça”, de modo que podemos esperar que o poder que operava nele, era o mesmo Espírito de Cristo que estava nos profetas e que “ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo e sobre as glórias que os seguiriam.”.

A verdade comunicada na passagem se torna assim perfeitamente clara e consistente, não só com as exatas demandas do contexto, senão com o resto da Escritura. Se pode dizer que aqui há menos dificuldade que com Efésios 2:17, onde se diz de Cristo, que “E, vindo, evangelizou paz a vós outros que estáveis longe e paz também aos que estavam perto.” Nenhuma pessoa razoável vê nestas palavras outra coisa que Cristo ―não em pessoa, senão no Espírito― pregando aos gentios, assim como aos judeus, depois de sua ascensão. Está bastante claro. Mas em nossas passagens ―se não é mal interpretada por aqueles que dão rédeas solta à imaginação ou pelos supersticiosos― a graça proveio à qualificação ou o poder “no qual” [o Espírito] Ele procedeu, não dentro da prisão, como alguns o têm imaginado, senão que pregou aos espíritos que estão agora em prisão. Eles eram pessoas que viviam na terra quando o Espírito contendia com eles nos dias de Noé quando se preparava a arca.

Com isto precisamente concorda a expressão “os que em outro tempo desobedeceram”, durante esse largo período de longanimidade, compaixão e testemunho. De novo, a estrutura da frase é a única apropriada para expressar a causa ou razão moral pela qual eles estão agora encarcerados. Ao invés de haver se arrependido e haver crido, quando o Espírito de Jeová contendia, eles desobedeceram: um fato que nosso Senhor pôs como advertência, igual ao que seu servo faz aqui
(Mateus 24:38-39). Da mesma sorte concorrerão os imprudentes na vinda do Filho do homem na consumação dos séculos.

Não há lugar na doutrina, como tampouco nos atos ou na fraseologia de Pedro, para a estranha noção introduzida por comentaristas antigos e modernos de que Cristo em pessoa foi ao Hades depois de sua morte com o propósito de pregar aos espíritos ali. O estranho disto se torna ainda mais agudo pelo fato de que os únicos de quem se diz que são os objetos de Sua pregação foram essa geração da humanidade que havia sido favorecida com a contenção de Seu Espírito em Noé. Esse favor, quando eles estavam vivos, haveria tido naturalmente muito mais peso contra a alegada visita de Cristo depois de Sua morte, mesmo quando outras passagens não demonstraram que isso não é necessário para os santos e vão para os pecadores.

A verdade é que a noção fabulosa de tal pregação realizada por Cristo depois de sua morte no Hades, contravém toda a verdade contida ao largo de todas as Escrituras, e é extraída somente desta passagem que estamos considerando, fazendo violência a suas cláusulas por separado e a sua definida esfera de aplicação, sem procurar ocupar-se em seguir o argumento divino, senão interpolando uma interrupção totalmente incongruente.

Pois o único caráter atribuído àqueles que ouviram a pregação, como a causa de seu encarceramento, é que então foram desobedientes, e não é estranho que a desobediência constitua uma razão para assinalar a estes de forma especial com o favor do Senhor ao ir à prisão por eles?

Se bem seria um ultraje contra a doutrina ortodoxa o fato de supor que haja existido tal pregação a tal audiência, em tal lugar, condição e tempo, é ainda mais claramente contrário aos termos do apóstolo o fato de que alguém introduza fraudulentamente a idéia de que o Senhor pregou ao conjunto dos santos defuntos do Antigo Testamento. Nem uma só palavra implica que um crente se ache entre os espíritos encarcerados. Todos os esforços neste sentido, desde Agostinho até Calvino, e nos tempos modernos até Horsley, e outros tantos mais a partir dele, são completamente vãos. O claro significado do ensinamento é contrastar o conjunto de espíritos desobedientes ―os que estão na prisão correspondente do estado separado do corpo[2]― com os poucos que foram levados a salvo através da água na arca.

Os judeus incrédulos que objetavam o reduzido número dos cristãos, eram assim poderosamente refutados, o mesmo que seu menosprezo ante a pregação como algo que não produzia resultados sérios, já fosse crida ou recusada. Estava Cristo atuando agora pelo Espírito, em lugar dessa manifestação de poder e glória que os judeus anelavam por sua incredulidade do que Deus está fazendo mediante o Evangelho? Que os tais recordem a maneira em que Deus trabalhou antes do dilúvio, e que sucedeu com aqueles que desobedeceram Suas advertências. Não há, pois, nenhuma autêntica dificuldade nesta passagem, quando se compreende a analogia geral dos dias de Noé, assim como os detalhes do texto mais correto, prestando a mais estrita atenção à tradução gramatical e à sã doutrina. Não se poderia achar no Antigo Testamento outro evento mais oportuno para advertir aos judeus escarnecedores nos dias do apóstolo, que o que aconteceu aos desobedientes no tempo de Noé quando se preparava a arca. Quê diferente foi o resultado da pregação de Jonas aos homens de Nínive! Entretanto, seu arrependimento não foi senão transitório, e o fim da grande cidade seguiu. Mas o dilúvio não foi tudo para aqueles que recusavam ao Espírito de Jeová que advertia por meio de Noé; pois seus espíritos estão encarcerados aguardando o juízo, onde ninguém é justo diante de Deus. Eles estão perdidos para sempre. Só pela fé um pecador é justificado. A desobediência da incredulidade é eternamente determinante. Desafia não só a graça de Deus, senão sua ira; e é pior naqueles que tem as Escrituras.

A suposição de que Cristo pregou aos defuntos no Hades é um sonho, que choca não só com a verdade em geral senão com este contexto em particular, fazendo dele, quando se examina detalhadamente cada palavra em forma adequada, algo imperfeito e irreconciliável. O resultado, além disso, é uma extraordinária alegação, que sugere uma inferência doutrinal em conflito com todas as demais partes da Palavra de Deus. Porque atribui a Cristo uma obra que é supérflua para os santos, e não menos também para os pecadores: E para estes últimos deixa aberta a possibilidade de converter-se sobre a base de uma falsa esperança, completamente inconsistente com tudo o que nosso Senhor declarou àqueles que morrem em incredulidade enquanto estiveram aqui em baixo, e também com o que o Espírito Santo ensinou desde a redenção.

Outro perverso efeito desta errônea interpretação é que ela dá lugar a que mentes engenhosas intentem provar uma obscura confirmação desses textos no Antigo Testamento, como no Salmo 68:18; Isaías 45:2; 49:9, como assim também negar que o paraíso é celestial no Novo Testamento. Um erro conduz a outro, e pode conduzir a muito mais. Bom é manter a esperança da bem-aventurada e santa “primeira ressurreição” na vinda de Cristo. Mas se faz um dano tremendo ao negar a benção intermediaria dos santos[2] que partiram para estar com Cristo. A Escritura é perfeitamente clara e segura quanto a ambos.

W.Kelly


ANSWERS TO QUESTIONS (tomado de the Bible Treasury Vol. 14, por W. Kelly)

Bible Treasury volumen 14, p. 32, febrero de 1882.

PERGUNTA 1.ª Pedro 3:18-20: Qual é o significado desta passagem? Pregou Cristo depois da morte aos santos do Antigo Testamento?

RESPOSTA: Para entender, este versículo deve ser tomado junto com o que precede. Cristo “morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito, no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão, os quais, noutro tempo, foram desobedientes quando a longanimidade de Deus aguardava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca, na qual poucos, a saber, oito pessoas, foram salvos, através da água, a qual, figurando o batismo, agora também vos salva …”.

Assim como lemos em 1.ª Pedro 1:10-12 acerca do Espírito de Cristo testificando nos profetas, assim também aqui aprendemos que Seu Espírito (ou seja, em Noé) pregou. Aqueles que ouviram, foram então desobedientes, e seus espíritos estão agora em prisão. O Espírito de Cristo por meio de Noé foi e lhes pregou quando eram pessoas vivas na terra, antes de que viesse o dilúvio. Mas eles recusaram a Palavra e agora, em conseqüência, seus espíritos aguardam o juízo na ressurreição dos injustos. A colocação do grego (τοις εν φυλακη πνεμασιν) é decisiva, quanto a que a verdadeira conexão não é com a pregação, senão entre os espíritos e a prisão. Eles eram pecadores que foram desobedientes à mensagem, e não santos consolados. A pregação foi na terra, onde teve lugar o repúdio da incredulidade; e por causa disto, seus espíritos estão agora encarcerados (o oposto de estar no paraíso), até que venha o juízo.
NOTAS

[1] N. do T.─ Sobre o termo "Espírito" em 1.ª Pedro 3:18, algumas versões, como nossa versão Reina-Valera, tomam o termo pneuma (espírito) com minúsculas, enquanto que outras, como a King James (Authorized Version), em inglês, põem o termo com E maiúsculos. Levemos em conta que no original grego pneuma não tem nem maiúsculas nem minúsculas. É o tradutor quem decide se se refere ao espírito humano (aí vão minúsculas) ou ao de Deus (aí vão maiúsculas)."For Christ also hath once suffered for sins, the just for the unjust, that he might bring us to God, being put to death in the flesh, but quickened by the Spirit: By which also he went and preached unto the spirits in prison; Which sometime were disobedient, when once the longsuffering of God waited in the days of Noah, while the ark was a preparing, wherein few, that is, eight souls were saved by water. (AV) (1.ª Pedro 3:18-19)."Quickened by the Spirit", é a versão mais correta porque, em primeiro lugar, coincide com a doutrina de Romanos 8:11, e 2; e, em segundo lugar, não é doutrinalmente correto dizer que o espírito humano do Senhor estivera morto (como se implicaria se se tomasse espírito com minúscula) e que necessitasse ser feito vivo ou vivificado. A alma e o espírito não morrem, pois são imortais; o corpo sim. Por estas duas importantes razões, a maioria dos tradutores adictos à sã doutrina optam por referir aqui ao Espírito Santo, pois o outro não teria sentido.

[2] N. do T.─ O estado intermediário se refere à condição da alma separada do corpo por ação da morte, até que volte a unir-se ao corpo na ressurreição. Para os santos, se trata de uma condição de benção, ou seja, do paraíso, a imediata presença de Deus atrás da morte (Lucas 23:43; 2.ª Coríntios 12:1-4); enquanto que para os malvados, sua parte é no inferno, onde sofrerão o castigo eterno e consciente

Tener Conciencia De Nuestra Posicion Ante Dios - John Nelson Darby

Extraído do site http://www.verdadespreciosas.com.ar/
Lausanne, 24 de Agosto 1849
Deseo hablar esta noche de las grandes verdades sobre las cuales se basan las instrucciones de este capítulo. En efecto es importante tener mucha conciencia de nuestra posición ante Dios: de allí procede nuestro gozo, nuestra fuerza, nuestra seguridad. Cuando esto sucede el alma goza de una manera íntima y feliz de Su amor y de lo que está en El, en las relaciones que El mantiene con nosotros, Es imposible tener los sentimientos cristianos realmente formados si no se tiene la conciencia de la posición por la cuales estos sentimientos se relacionan. Estar en una relación es una cosa, gustar de los afectos que esta relación supone es otra; es necesario para experimentarlos conocer esta relación. Un niño es tomado de la mano en el camino por un hombre amable: ¡Ah, dice él si solamente fuera el hijo de este hombre! Si el descubre que es un niño perdido, todo esto cambia. Cuando alguno es regenerado y ve que Cristo atrae su corazón, produce en nosotros primeramente suspiros y tristeza: « ¡Si hubiera algo que yo pudiera hacer por El!» Una vez que se comprende que es en El, ¡que cambio! Ahora hay paz y gozo. El alma que comprende lo que Cristo es para el creyente, lo que Dios es para nosotros, se ve colocado en una posición que solo le hace feliz. Dios nos da, por su Espíritu, la conciencia de cual es relación que tiene para con nosotros, creyentes, y allí está la felicidad. Así lo ha sido para el hijo pródigo, cuando el padre se arroja a su cuello. Pensamientos nuevos son formados en su corazón cuando delante de sus ojos ve el testimonio de lo que hay en el corazón de su padre. Cuando comprendemos esto se produce el gozo. El hijo una vez allí en los brazos de su padre no razona más. Está cerca de su padre y goza de su proximidad. Hay más conocimiento de lo que es un padre que un sabio razonando sobre esto. Alguien que no ha sido madre no puede tener los sentimientos de madre, e igualmente el hijo solo puede conocerlo estando cerca de su padre. El Espíritu de adopción es dado al creyente, por aquel que sabe lo que es ser hijo, y clama: «Abba, Padre». Vemos aquí lo que es necesario para que tengamos sentimientos beneficiosos, ante Dios y ante Jesucristo. El hijo pródigo se siente hijo no por sus propios pensamientos, sino que viendo lo que el padre es para él. Si el padre tiene un hijo, el hijo tiene un padre. Es lo mismo en cuanto a la relación entre Cristo y la Asamblea. Si Cristo es el esposo de la Iglesia, la Iglesia es la esposa de Cristo. Tenemos necesidad de comprender bien esto. Cuando se comprende, Jesús crece a nuestros ojos. No se puede conocer tal relación sin conocer, — y ante todo desearlo—, que Cristo es quien nos coloca allí. Me gustaría seguir un poco con lo que se ha dicho aquí sobre lo que Cristo ha sido y ha hecho por nosotros. Cualquiera que sea la posición en la cual el hombre responsable ha sido colocado, esto no hace que se coloque en evidencia su pecado. Así ha sido igualmente y sobre todo en presencia de las promesas divinas. Nada ha demostrado la maldad del corazón del hombre como el cumplimiento de las promesas de Dios en Cristo. Los hombres— y mas precisamente «los suyos», su pueblo, —han rechazado a Cristo y perdido todo derecho a las promesas. Cristo venía con las promesas de Dios en su mano, en gracia, y ellos no lo han aceptado. Antes, estaba el pecado, la trasgresión, pero ahora el hombre ha demostrado ser un hijo de ira. Luego cuando el hombre se manifiesta como tal, Dios manifiesta lo que Él es, El. En adelante no tenemos a un Cristo cumpliendo las promesas hacia aquellos a quienes estas promesas habían sido preparadas, sino un Cristo que es la plena manifestación de lo que Dios es, —Dios manifestado en carne—. Dios puede introducir a pobres pecadores al conocimiento de Si mismo. Tal como yo soy, encuentro a Dios en Cristo, para mi gozo eternal. El hombre era pecador, cautivo de Satanás, Cristo vino a cumplir la obra de su salvación. Cristo ha amado a su Iglesia y se ha entregado a si mismo por ella: ella no existía aun, El venía rescatarla y llamarla. He aquí lo que había en el corazón de Cristo, y es la fuente de toda nuestra esperanza. He encontrado lo que Cristo es, Él ha venido para cumplir la redención de aquellos que siendo culpables de haber violado la ley, rechazando las promesas, — una redención tal que El hizo de ellos su propia carne y sus huesos —. «Nadie ha aborrecido su propia carne, sino que la alimenta y la ama, como también Cristo a la Asamblea». Pablo tiene una revelación gloriosa: lo que él perseguía eran pobres cristianos, pero el aprende que persiguiéndoles el perseguía a Cristo. Así el pensamiento de Dios no era solamente el salvar las almas, sino hacer de los salvos los miembros del cuerpo de Cristo, una parte de Jesús, tanto y más aún que mi mano es parte de mi cuerpo. Tal ha sido el pensamiento de Dios, tales son los resultados del amor de Cristo. Todo es gracia, Dios había dado la ley, Él ha enviado a su Hijo, Él ha presentado las cosas al hombre de todas las maneras, para ver si había algún bien en él: Él ha buscado el fruto de este árbol, pero en vano. Todo ha sido dejado de lado: el hombre está perdido. Pero ahora Dios coloca en evidencia algo que estaba escondido hasta aquí, la Iglesia. El une a este pobre pecador a Jesús, Él le da el mismo lugar que Jesús da a los suyos. Él solo lo ha cumplido. Tales pensamientos no podían estar en el corazón del hombre, igualmente el hombre mas piadoso tiene que venir a Jesús. Un judío piadoso podía escoger que el Cristo fuera el Hijo de Dios y el Hijo el Hombre, pero después de todo el hombre tiene su individualidad exclusiva: el no podía tener la idea de un Cristo que tuviera a otras personas como sus miembros. Luego, glorificado en el cielo Él esta allí, el Jefe, la Cabeza, y nosotros sus miembros. Esta es una realidad muy nueva. Ha enviado a su Espíritu aquí abajo, y, bautizados en un solo Espíritu, somos un solo cuerpo. No es verdad que nuestros cuerpos lo sean individualmente, El hace de nosotros un solo cuerpo. ¿Vosotras almas os habéis dado cuenta lo que es realmente estar unido a Jesús, de ser la Iglesia de Dios, el cuerpo de Jesús unido solo a Él con el fin de que gocemos con Él de todo lo que el Padre le ha dado? Nunca gozaréis plenamente de todo el amor divino que emana de la bondad de Dios, a menos que estéis en esta relación para gozarlo. «Ha subido a lo alto». Los judíos podían leer esta expresión en el Salmo 68, y habrían podido concebir la idea de un Cristo glorificado en el cielo. Pero «y eso de que subió, ¿qué es, sino también había descendido primero a las partes mas bajas de la tierra?» Encontramos aquí que Dios lo hizo para el cumplimiento de la salvación. Cristo viene aquí abajo, en el poder del amor de Dios, de un amor que desciende allí donde el pecado nos había colocado, y ejecuta su obra que Dios solo podía obrar, en la infinidad de su amor. Ha venido del trono de Dios, Él ha descendido hasta la última fortaleza de Satanás. Después Él sube. Habiendo glorificado a Dios en su amor y en su justicia, sufriendo el castigo del pecado, él sube a lo alto y llena todas las cosas, no como Dios sino en el poder de la redención que el ha obrado. Como Dios Él ha creado todas las cosas, y por la redención Él ha recuperado su derecho a todas las cosas. Si tengo fe en esto, tendré además la idea de que Satanás no puede hacer nada en contra mía. Cristo ha vencido. Él ha sufrido el castigo por el pecado, y no queda más que la plenitud del amor de Dios y las consecuencias de la obra de Cristo. No hay nada que me de felicidad en el cielo que yo no lo posea ya, salvo un cuerpo resucitado. El amor del Padre, lo gozo. El amor de Cristo, lo gozo. El poder que tiene la capacidad de gozar, — a saber el Espíritu Santo—, todo lo que produce el cielo, un lugar de felicidad y gozo, lo tenemos ya. Este pobre cuerpo que nos impide gozar como es debido, porque el vaso es de barro; pero las cosas que gozo ahora, las gozo en la eficacia de la sangre de Cristo que lo asegura en el cielo. El cristiano camina bajo la mirada de Dios con la conciencia de que no hay nada para el solo el amor. En los salmos, cuando Cristo habla del hombre y de su conducta, Él pide la venganza, pero en el Salmo 22, cuando Él habla de lo que Dios es, todo es amor. Con la plenitud del amor y de la justicia de Dios en Cristo, no queda nada que sea para nosotros. Una vez en la posición donde Cristo nos coloca, encontramos un Dios que, porque es amor, ha cumplido una obra propia en nosotros dándonos una perfecta confianza en Él. Esto faltaba en Moisés (Éxodo 33), porque Moisés no podía cumplir con lo que quita el pecado. Si estamos aún bajo la ley, toda la revelación de la bondad de Dios nos hace aparecer aun más pecadores. Pero Cristo ha provisto lo que le faltaba a Moisés, Él ha hecho la propiciación antesde subir. El no dice: “Yo subiré hacia Jehová: puede ser que haga la propiciación…”» Las intenciones del amor de Dios pueden cumplirse hacia nosotros porque Cristo ha hecho la propiciación. Cuando estamos allí, gozando de la plenitud del amor de Dios, podemos pensar en paz en estos consejos de Dios hacia nosotros. Siendo salvados, en la conciencia de este amor de Dios, aspiro a conocer más de Dios y sus pensamientos. El es un Dios infinito, pero que hay de nuestros pensamientos; ¿cuales son? El desea que seamos semejantes a su Hijo. La Iglesia estaba cautiva en las manos de Satanás, donde nos encontrábamos por el juicio de Dios. Cristo viene, muere, se coloca en nuestro lugar bajo los golpes de Satanás que tiene los derechos contra el hombre pecador, y Él destruye así el poder de Satanás. «Por la muerte Él ha destruido a aquel que tenía el poder de la muerte, es decir al diablo» Cristo ha dominado al opresor, Él ha «llevado cautiva la cautividad», a fin de poseernos por su amor a Él, y al fin presentarse a la Asamblea a si mismo, sin mancha. Es necesario que Él entregue a la Iglesia tal como Él la desea. Nos libró totalmente de tal manera que Él ha hecho de esta Iglesia el vaso de poder por lo cual la victoria ha sido conseguida. Él ha dado dones a los hombres, a los mismos que han estado bajo el poder del enemigo, y que han sido enteramente librados por Él y que han llegado a ser vasos que Espíritu de Dios ha enviado por Él de lo alto. Somos, en nuestro cuerpo, los templos de su Santo Espíritu. La Iglesia es el vaso del Espíritu Santo con el propósito de que ella goce desde ahora, antes de llegar al cielo. Ella goza de la conciencia del amor de Dios, derramado en nuestros corazones por el Espíritu Santo. Tiene la conciencia de ser la esposa de Cristo, sabe que la salvación ha sido perfectamente cumplida, que Jesús la ama y que Él la amará hasta que Él la tome sin mancha ante Él. El efecto que produce esto en nuestros corazones es el de decir: «Ven, Señor Jesús » ¿Como no desear que Él venga y que estemos siempre con el Señor? Pero el efecto práctico es de hacernos sentir que somos exclusivamente de Él, como la mujer es solo para su marido. Ella no puede ser de otro, por cariño, por deber, por la conciencia de su relación con Él: «Yo soy de mi Amado». Tener la conciencia de pertenecer solo a Jesús llena nuestro corazón de gozo, y es el secreto de todo verdadero progreso del alma. La vida cristiana llega a ser mucho más sencilla porque ella se conduce simplemente en Jesús. Las aflicciones y las dificultades de la vida son olvidadas, porque Jesús está allí. El terminará todo según su amor. El ama a la Iglesia como a su propia carne. No es solamente el Mesías cumpliendo sus promesas, es Dios colocando a la Iglesia fuera del poder de Satanás. ¿Lo gozáis vosotros? ¿Comprendéis que le pertenecemos? ¿Tenéis la conciencia de ser una parte de Jesús al punto de que Él puede decir a quien persigue a los suyos: «Yo soy Jesús a quien tu persigues?» Estad seguros que si tenéis esta conciencia vuestra vida será una vida de gozo constante y de calma. El mas grande gozo de vuestro corazón será decir: «Ven, Señor Jesús». Y esperándolo seréis testigos de que todo es gracia, podréis decir a los pecadores: “yo conozco un río de agua viva, soy feliz, venid; el Espíritu y la Palabra hacen el gozo de mi corazón; puedo decirles que Dios es bueno…” Es el testimonio de la gracia que nos ha colocado en este gozo. Si vuestro corazón está dividido, tendréis el derecho de gozar, pero no lo gozaréis, abandonáis los privilegios de cristiano por la vanidad y la mentira. Del lado de Cristo todo es fidelidad: Ha sido dada para nosotros y Él no se detendrá antes de poseernos según los deseos de su corazón para la gloria que Él nos ha preparado. ¡Que nuestro corazón esté ocupado de lo que ocupa el suyo! Así, lo primero es la gracia manifestada en una obra que ha quitado el pecado. Lo segundo, es que Cristo nos ha colocado en la misma posición que la suya, como su cuerpo, su Esposa. Como el centro de sus afectos. Dios nos haga comprender este amor que nos ha unido a Él mismo con el fin de que nos gocemos de todo lo que Él es por nosotros. J.N.Darby

Irmãos em Cristo Jesus.

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Mt 5:14 "Vós sois a luz do mundo"