domingo, 1 de fevereiro de 2009

Os vencedores ante o fracasso da Igreja - Arcadio Sierra Díaz

Extraído do Livro "Os Vencedores e o Reino Milenar". Disponível para download no Filho Varão

Solidarizo-me com os que afirmam que «a Igreja forma o centro do universo e a razão de ser da criação».*(1) O que pensava Deus quando criou o universo? Diz Zacarias 12:1b: "o SENHOR, o que estendeu o céu, fundou a terra e formou o espírito do homem dentro dele". Eis aí o centro da atenção do Senhor, eis aí o mais importante para o Criador, o espírito do homem regenerado, a Igreja, onde fará Sua morada eterna. Isso é mais importante para Deus que todas as grandes galáxias juntas.
*(1) Daniel Ruíz Bueno. Pais Apostólicos. BAC. 1985. Pág. 929.
De acordo com Gênesis 1:26-27 e Romanos 5:14, Adão foi criado à imagem de Cristo; mas o homem caiu e perdeu essa imagem. É agora na era da graça e pela redenção de Deus em Cristo, que o homem redimido volta a ser a imagem de Cristo (Romanos 8:29); é a Igreja, o conjunto de todos os predestinados por Deus para que participem desta salvação tão grande. Ante a rebelião de Satanás primeiro e a queda do homem depois, o plano eterno de Deus de reunir todas as coisas em Cristo, e que todas as coisas manifestassem a glória de Cristo, e que o homem fosse semelhante a Cristo, esse plano sofre demora; e por ele é necessário que o Filho de Deus se encarne na história, nasça e cresça como todos os homens e faça Sua obra na cruz, morrendo por nós e ressuscitando gloriosamente, segundo o antecipado conselho de Deus, e vença. O Senhor Jesus é o primeiro vencedor. Ao derramar sua vida na cruz, e por meio de Sua poderosa ressurreição e gloriosa ascensão, o Senhor da vida à Igreja, a qual é chamada a se manter na vitória de Cristo na cruz. Cristo, o Cabeça, no Calvário venceu e atou a Satanás; e o Senhor quer que Seu Corpo, a Igreja, todo o tempo que permanecer na terra, mantenha e demonstre a vitória da cruz, e para ele é necessário que a Igreja amarre a Satanás em todo lugar. Satanás tem se interessado muito em que a Igreja, seus membros, ignore que Cristo já venceu na cruz do Gólgota, e que essa vitória é nossa, onde nos devemos manter firmes. A Igreja está chamada a proclamar e viver essa vitória do Senhor sobre as forças das trevas. Sabemos que muitos irmãos vivem prostrados, crendo que suas próprias forças lhe darão a vitória.Mas a Igreja historicamente tem fracassado; isto vem ocorrendo desde o período primitivo. Desde os tempos apostólicos começaram as falhas; com a perda do primeiro amor começou o declínio. A Igreja gradualmente foi experimentando suas falhas, primeiro manifestadas em algumas pessoas, e depois caiu comprometida com o mundo em tempos de Constantino o Grande, imperador romano; houve um matrimônio desigual que se consolidou nos tempos do imperador Teodósio o Grande (379-395), veio das alturas com Cristo a morar na terra, até que definitivamente foi infiel ao Senhor. A Igreja é o Corpo místico de Cristo; Ele como Cabeça, sofre as feridas do Corpo e, como o corpo humano, através da história a Igreja tem sido atacado por inumeráveis germes e pragas malignas com que Satanás tem desejado acabar com a igreja. A Igreja tem sido atacada por legiões de demônios que a vão contaminado com a falta de amor ao Senhor e aos irmãos, falta de fé e esperança nas promessas de Deus conforme as Escrituras, com heresias, gnosticismo, ataques por parte do judaísmo e o legalismo, com o desconhecimento dos princípios bíblicos, com incontáveis divisões, com perseguições, união com o mundo, com cesaropapismo, com sincretismo, idolatria, por meio da inquisição, o nicolaísmo, a mariolatria, o denominacionalismo e as doutrinas de demônios, com as forças psíquicas latentes na alma e a teologia da prosperidade, com o evangelho das ofertas, com o cepticismo e a incredulidade, com o farisaísmo e a aparência de piedade, com sedução com princípios e práticas esotéricas, e por último com o ecumenismo e a globalização da religião.Mas a Igreja, apesar de que tem chegado a estar gravemente enferma, tem saído triunfante, porque as portas do Hades não prevalecerão contra ela, e depois do grande cativeiro e de passar pelo vale da sombra da morte, chegou a hora de brotar loução como as flores na primavera, mas desafortunadamente nem toda a Igreja tem estado comprometida, e nem toda ela é a portadora dos anticorpos, senão que só os vencedores estarão preparados para a grande batalha final. É como a vanguarda da Igreja. Desde o começo, e ante o fracasso da Igreja, surge a necessidade de que a responsabilidade recaia sobre uns poucos, os vencedores. Só com os vencedores, os que já tem recobrado a imagem de Seu Filho, Deus porá Seus inimigos por estrado dos pés de Cristo (Mateus 22:44), quem tem a preeminência em tudo. O resto, a grande massa da Igreja quer glorificar a si mesma e jactar-se de seu trabalho e de suas conquistas. É mais saudável que trabalhes para o Senhor sem esperar nada para ti; si estás esperando algo, não tens matado a ti mesmo. Se isso está te ocorrendo, conta-te entre os eliminados do reino. É preciso que Deus nos vença por meio da cruz.O Antigo Testamento está cheio de tipos e figuras de Cristo e a igreja. Por exemplo, a Escritura, falando da construção do tabernáculo no deserto sob a liderança de Moisés, diz que a coberta exterior desse templo portátil era confeccionada com peles de texugos (cfr. Êxodo 36:19). A esse respeito citamos um comentário do irmão Witness Lee, tendo em conta que o tabernáculo era só um tipo da legítima Igreja do Senhor."Depois da capa de peles de carneiro tingidas de vermelho, está a quarta capa, a qual vem a ser a capa externa. Esta coberta está formada de peles de texugo ou de marsopas, as quais são muito fortes; podem resistir a qualquer classe de clima, qualquer classe de ataque. A coberta exterior não é muito atrativa em aparência e é algo tosco. Hoje em dia, exteriormente Cristo não é tão agradável para as pessoas mundanas; Ele simplesmente se assemelha à forte pele de texugo, que não tem atrativo em sua aparência exterior. Mas ainda que Ele não seja muito atrativo por fora, por dentro Ele é formoso, maravilhoso e celestial. Ele não é como o cristianismo de hoje, que tem edifícios imensos e formosos; exteriormente são muito imponentes, mas interior e espiritualmente são desagradáveis, vazios e algumas vezes corruptos. As organizações cristãs mundanas são verdadeiramente feias. No interior da igreja apropriada, do edifício de Deus, há algo celestial e belo, ainda que exteriormente seja humilde e tosco, sem atrativo nem beleza". (Witness Lee. A Economia de Deus. LSM. 1990. pág. 204).O cristianismo perfila-se através de duas correntes. Por um lado, há um cristianismo religioso, nominal, professo e até com aparência de piedade; claro, com uma variante gama de autenticidade; que ao mesmo tempo em que podem estar anelando estar bem com Deus, também podem estar se inclinando a olhar com simpatia o mundo circundante e seus enganosos prazeres. São os que não costumam desejar comprometer-se com Deus. Mas detrás desse cristianismo veleidoso, há outra realidade, a dos lutadores, os que sabem que com Cristo são vitoriosos, os que esperam a vinda do Senhor e Seu reino com Ele. São os que têm se comprometido com Cristo até a morte; são os que são guiados pelo Espírito de Deus, porque conhecem e estão familiarizados com Sua voz e a estimam. São os que já não vivem para si mesmos, senão para Aquele que dentro deles habita e ordena, porque têm consciência que ofertou Seu próprio sangue pela vida da Igreja, e nos fez livres do que escraviza aos homens e quer destruir o rebanho do Senhor. São os que tem consciência que nossa verdadeira causa, vida e fortaleza é Cristo; são os que sabem que os demais saem sobrando. São os que sabem que tudo o que está relacionado com este mundo de pecado, com nossa própria carne e com Satanás, nos impede de um autêntico crescimento espiritual. São os que estão conscientes de que chegou a hora em que tem que deixar de julgar à Igreja. São os que não põem em primeiro lugar às “demais coisas” senão ao Senhor. Freqüentemente essas duas correntes cristãs não se identificam uma com a outra, nem se entendem, e até tem sido antagônicas na história. Dá-se o caso de que se um vencedor trata de ajudar a um irmão caído, ou a um irmão cego à realidade do Senhor, ou a um irmão egocêntrico, este o recusa e o apelida de fanático ou extraviado. E até o persegue.
A partir da regeneração dos membros do Corpo de Cristo; a Igreja já vive dentro da esfera do reino de Deus, e como em todo reino, no reino de Deus há claras normas de governo e de disciplina, e é necessário que todos os redimidos sejamos não só governados e disciplinados, senão também treinados para governar com Cristo na eventual manifestação do reino dos céus.Este é o tempo em que, de acordo com o sermão do monte de Mateus 5-7, a Igreja, como a atual realidade do reino dos céus, deve ser treinada, disciplinada, provada, purificada, limpa, experimentada em uma vida austera, em tribulações e restrições, corrigida em tudo. Nos pequenos reinos e feudos que se tem formado no cristianismo, a Igreja está sendo guiada pelos caminhos largos e amplas portas que facilitam a entrada à prosperidade econômica; os irmãos são treinados para ganhar méritos próprios diante do Senhor para serem dignos de ricas "bênçãos" terrenas, que satisfaçam seus deleites carnais aqui e agora. Estamos na era das ovações e as distinções entre os homens. Para que esperar o futuro? Não há preparação para merecer o reino, porque se desconhece tudo do reino. Para quê mais reino, se já a grande massa está reinando. Se dizem: "Somos os filhos do Grande Rei; já estamos reinando". Muitos querem reinar desde agora, mas recusam pagar o preço da coroa. É melhor reinar na manifestação do reino futuro, e estar sobre todos os bens do Senhor (cfr. Mateus 24:47), que reinar aqui. Ninguém, exceto os vencedores, querem ocupar-se na confecção e bordado, com o Espírito Santo, do vestido de linho fino, limpo e resplandecente, sem mancha, para poder participar nas bodas do Cordeiro; porque esse vestido é individual, pois é feito em nosso viver diário com o Senhor, o que fazemos, a Palavra diz que são os atos de justiça de cada santo em particular. As ações justas de outro santo não servem a ti para que possas participar nas bodas do Cordeiro, enquanto tu não negares a ti mesmo, e teu andar não for no Espírito de Deus.Por tudo isso, a Palavra de Deus fala de vencedores, porque só os vencedores podem chegar a ser pobres no espírito, ter capacidade para suportar o sofrimento, ser mansos, ter fome e sede de justiça, ser misericordiosos; só os vencedores podem ser limpos de coração, pacificadores; só os vencedores tem capacidade de padecer perseguição por causa da justiça e ser vituperados por causa do Senhor, e por cima de tudo isso, se regozijar e alegrar, sem devolver mal por mal, sem queixar-se, e sim bendizendo a seus detratores; só os vencedores são capazes de voltar a face esquerda ao que lhe fere ou golpeia a direita. Só um vencedor tem a capacidade de se contentar com qualquer que seja a situação pela que tenha que passar, seja de necessidade ou de abundância, e poder manifestar como Paulo: " tudo posso naquele que me fortalece " (Fp. 4:13).Os vencedores são a vanguarda; os vencedores são os verdadeiros guerreiros de Deus na Igreja, os que estão vestidos com toda a armadura de Deus. Na Igreja há pessoas que só vestem parte dessa armadura, e outros, embriagados por uma falsa teologia fácil, não vestem nada. Andam nus, como os de Laodicéia. Só os vencedores expressam a realidade do reino que deveria expressar toda a igreja redimida pelo Senhor; porque só na vida vitoriosa dos crentes vencedores se satisfaz o requerimento de Deus de que nossa justiça deve ser maior que a dos escribas e fariseus, ou seja, uma mais elevada e exigente moral comparada a que demanda a lei veterotestamentária e os legalistas religiosos professos. Temos a realidade do reino, mas é uma realidade escondida na Igreja, inclusive para a maioria dos crentes.Por exemplo, a lei exige que se ame ao próximo e se aborreça aos inimigos, mas o Senhor nos diz que amemos a nossos inimigos. Mas, quem que não seja vencedor pode conseguir isto? Com o estado atual da igreja professa, com essa divisão crônica reinante, se vive um egoísmo sem precedentes; não se ama nem sequer aos irmãos na fé; às vezes nos devoramos uns aos outros; muitas vezes se prefere não empregar os serviços de nossos irmãos, porque há muita desconfiança, irresponsabilidade, falta de honradez, fachada de religiosidade, mas nada de amor e respeito, muito menos de piedade, porque o crente vive como o resto dos homens, como qualquer filho de vizinho e não como filhos de nosso Pai que está nos céus. Existe uma grande diferença entre ser filho de um pai meramente humano e ser filho do Pai celestial; porque a vida humana não pode viver a realidade do reino dos céus, senão a vida divina que Deus vive dentro de nós. A oração autoritativa, a obediência, a dedicação, o sofrimento, a cruz, o negar a si mesmo, o trabalho e a vitória dos vencedores, repercute em toda a Igreja. Os vencedores obtêm a vitória para a Igreja, porque os vencedores levam toda a carga que deveria levar a Igreja inteira. Sobre os ombros dos vencedores recai a responsabilidade de carregar a arca (símbolo de Cristo); elevá-la, e ao custo de sua própria vergonha, livrá-la do vitupério dos homens. O vencedor não tem repouso; sua responsabilidade não lhe admite o descanso; o vencedor sabe que tem que se manter em vigília até que o Senhor lhe alivie da carga. Então, irmãos, é justo que o Senhor julgue em Seu tribunal o que a Igreja tem feito nesta era? Será justo que todos os santos recebam um mesmo trato, sendo que uns tem caminhado pelo caminho amargo e difícil, enquanto que outros o tem feito pelo amplo, prazeroso e fácil? É curioso o que anota o irmão Sonmore: "O povo, que tem ouvidos sarnento, se congrega ante os mestres de sua própria eleição para ouvir mensagens de prosperidade, de paz, de poder, de auto-realização e de sanidade física para continuar em pecado". (Clayton E. Sonmore. "Ninguém se atreve a chamá-lo engano". Tomo 3 da série "Mostre a Casa aos da Casa". M.S.M. 1995, p. 130).Há duas coisas que teve a igreja em seu período primitivo e que se perderam não muito tempo depois, e que urge que sejam restauradas em nosso tempo, a saber, o ministério e a mensagem. Esses dois aspectos já tem sido restaurados em certos lugares, mas a um alto custo de perseguição e dificuldades. Por exemplo, o ministério que existe agora não é o bíblico; e a mensagem em mãos de um ministério estranho também se aparta da verdade do fundamento escriturário. Alguém tem dito que uma igreja com um ministério e uma mensagem que não se podem reconhecer, é um fantasma da verdadeira Igreja do Novo Testamento. Hoje ministério é uma fonte de ganância e de posição social; na Bíblia, exercer o ministério é um grande sacrifício pois exige pagar um preço. Qual é a mensagem do verdadeiro ministério e por que é recusado no cristianismo atual? Porque o verdadeira mensagem é a cruz. Ninguém quer pregar a cruz, nem menos vivê-la. Se tu pregas a cruz, te correm de tua denominação. Se a Igreja não vive a cruz, qual será a diferença com os pagãos?Os vencedores são os únicos que levam a cruz e negam a si mesmos. A cruz é obediência e submissão ao Senhor até a morte; a cruz é dor e sofrimento, a fim de que possa haver vida para outros. Sem morte não pode haver vida. Mas a Igreja evita levar a cruz, e se refugiam na prosperidade material, na vida fácil, como se o Rei nos houvesse redimido para que nos acomodemos neste mundo. Diz W. Nee: "Cada um de nós deveria perguntar: O que faço o faço com o afã de adquirir fama, ou prosperidade ou para ganhar a simpatia dos demais? O que busco é a vida na igreja de Deus? Espero que todos possamos pronunciar a seguinte oração: Oh Senhor, permita-me morrer para que outros possam viver". (W. Nee. O Plano de Deus e os Vencedores. Ed. Vida, 1977, pág. 87.)
Satanás já foi julgado na cruz, de modo que a execução dessa sentença está a cargo da Igreja, e em particular dos vencedores. Quando os vencedores forem ressuscitados e levados ao céu, com eles o Senhor estabelece Seu reino e Sua autoridade sobre a terra e é consumada a salvação. A grande maioria na Igreja não consegue cumprir o propósito de Deus simplesmente porque o ignora; por isso é que o Senhor consegue Seu propósito com um grupo de vencedores. No cristianismo não há consciência de Igreja como Corpo de Cristo. Só na condição de Filadélfia se tem restaurado a vida corporativa da Igreja. No cristianismo tem se exagerado a ênfase na salvação individual, e isso em detrimento da Igreja, o Corpo de Cristo; porque o que tem que ver com um membro, tem sua repercussão em todo o organismo. Se não somos agarrados e alicerçados em amor, todos unidos como os membros do corpo humano, não podemos ser cheios de toda a plenitude de Deus. Deus não trabalha só, nem quer que nós trabalhemos sós. A Palavra de Deus diz que só corporativamente se pode conhecer a Cristo em suas reais dimensões (cfr. Efésios 3:17-19). Individualmente na Igreja há covardes, outros são preguiçosos, outros descuidados, outros amadores das coisas do mundo; daí que o Senhor dispensacionalmente sempre se tem valido de um pequeno remanescente, tanto no povo de Israel como na Igreja.Ser vencedor não necessariamente se relaciona com ser integrantes de um grupo de pessoas especialmente espirituais, com meta a receber coroas e recompensas quando vier o Senhor. Pode haver algo disso, mas no fundo se trata da falha que historicamente tem afetado à Igreja, e o Senhor quer cumprir Seus propósitos com uns poucos que tem vencido as circunstancias que tem levado à derrota o resto da Igreja. O vencedor faz o que realmente deveria fazer toda a Igreja. O vencedor proclama com freqüência a vitória de Cristo; ou seja, dá testemunho que Cristo já venceu Satanás, e que já se aproxima a manifestação do reino dos céus. É necessário que expressemos o testemunho tanto aos homens como a Satanás. É necessário dar testemunho que Jesus é o Senhor. De conformidade com a Palavra de Deus, vemos a diferença entre um crente vencedor e um vencido. Ao menosprezar sua vida até a morte, o vencedor está disposto a ser sacrificado em sua vida física e a negar-se até perder toda a força de sua alma. As capacidades naturais da alma humana do crente, devem ser tratadas pela cruz. Quando chegamos a Cristo, trazemos uma série de forças e capacidades, que o diabo e a carne nos induzem a por ao serviço do Senhor sem que sejam tratadas pela cruz; e quando isto ocorre, o cristão tem falhado. As capacidades naturais do homem estorvam a obra de Deus.Qualquer um pode se enganar e enganar usando suas habilidades como se procedessem do Espírito Santo. Costuma-se usar magníficas habilidades naturais pedagógicas, eloqüência, inteligência inata, privilegiada memória; mas tudo isso pode estar se fazendo na carne: madeira, feno, palha. O que significa isso? Que se está apresentando uma santidade e umas capacidades que não procedem de Deus. A Deus não se pode servir com o que não procede Dele mesmo. Deus não recebe o que não procede Dele. Qual é o caminho correto a seguir? O eu deve ser anulado por meio da cruz. Se isso não ocorre, Cristo não pode manifestar Seu poder em nós. O orgulho que nos arrasta com base em nossos próprios recursos naturais, e o poder de Cristo, não são compatíveis. Diz em 1 Coríntios 15:50: "Isto afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção". O corpo animal de que fala o versículo 44 não pode herdar o reino; ele deve passar primeiro pela ressurreição, e a alma haver experimentado a cruz.

A importância do espírito do Homem - Gino Iafrancesco

Extraído do site www.celebrandodeus.com

O espírito do homem, objetivo especial de Deus.
O homem está composto de muitas partes; tem mente, emoções, vontade, consciência; está dotado de um corpo, tem aparatos, ossos, músculos, sentidos, coração; dentre todas essas coisas do homem, há uma que para Deus é especial. É o espírito. É possível que para a Igreja, essa parte do homem não tenha tanta importância, mas, sim, o cabelo, os cílios, o rosto, o perfil. Às vezes nem sequer distinguimos o espírito da alma, e como vamos ser espirituais se nem sequer conhecemos nosso próprio espírito, seu funcionamento, suas operações, algo que para Deus é tão importante?
Deus poderia ter dito: Eu Sou Jeová, que estendo os céus, fundo a terra, e crio os olhos do homem. Mas Ele não disse os olhos, nem a silhueta. Deus referiu-se ao espírito. O Espírito é o Lugar Santissimo do templo, e o Espírito de Deus vem habitar no espírito do homem . Onde se repousa o Espírito de Deus é no espírito do homem (Ezequiel 36.26-27). Onde o Espirito de Deus comunica o que Ele é, o que quer, o que aprova, o que desaprova, é no espírito do homem. Poderíamos dizer que a terra é a capital do universo, que o homem é a capital da terra e que o espirito é a capital do homem.
Para Deus o espírito é muito importante. Há várias passagens na Bíblia onde se fala de adorar a Deus, de servir a Deus, de cantar a Deus, etc. Mas quando lemos essas passagens nós esquecemos de alguns detalhes, algumas pequenas frases importantes.
Lemos em Romanos 1:8 -9:
" Primeiramente, dou graças a meu Deus, mediantes Jesus Cristo, com respeito a todos vós, de que vossa fé se divulgue por todo o mundo. Porque minha testemunha é Deus, a quem sirvo no meu espírito no evangelho de seu Filho, de que sem cessar faço menção de vós sempre em minhas orações".
A frase curiosa é a que aparece destacada por nós. Paulo poderia dizer: ..."minha testemunha é Deus a quem amo com todo o coração", a quem louvo todos os dias...", mas diz: "... no meu espírito..." Não disse somente "a quem sirvo", senão "a quem sirvo em meu espirito". Não é o mesmo servir, que servir em espírito. Deus quer que nós exercitemos nosso espírito. Para Deus, o espírito do homem é a parte mais importante, por isso necessitamos conhecer o que é e quais são as funções do espírito, conhecê-lo doutrinariamente pela Bíblia, e também experimentalmente. Temos que distinguir o mover do Espírito de Deus em nosso espírito, porque se nós não andamos no espírito, nos deixamos ser levados pela nossa natureza carnal e nosso serviço a Deus será um serviço natural, carnal, mas não como diz Paulo:"em espírito".
No capitulo 4 do evangelho de João encontramos um exemplo clássico onde podemos observar esta diferença. A samaritana, depois de conhecer que o varão que falava com ela era de Deus, começou a discutir por assuntos religiosos, por doutrinas, como costumam fazer os seres humanos. Entramos em discussões sobre doutrinas e coisas religiosas, devido que herdamos tradições denominacionais, entramos em discussões infrutíferas, comparando uma doutrina com outra, entrando em um ambiente de religião, de controvérsia, de crítica de coisas, e nesse plano estava a samaritana. Ela quis envolver o Senhor Jesus em seu agitado ambiente, mas o Senhor se guardou e não se deixou arrastar por esse ambiente de controvérsia. No versículo 20 desse capítulo a samaritana disse ao Senhor "Nosso pais adoraram neste monte, e vós dizeis que em Jerusalém é o lugar donde se deve adorar". A samaritana indica aqui que "vocês os judeus, em vez de pensar como nossos pais (dos samaritanos), vocês têm outra idéia". Aí está discutindo, esclarecendo sua posição diferente à desse profeta, mas ainda não sabia quem Ele era. A samaritana lhe mostra sua condição de mera religiosa, dizendo-lhe: "Nosso pais, nossos antepassados adoraram neste monte (o Gerizim) por muitos séculos, logo, neste monte é que se tem de adorar, em vez de vocês os judeus, que agora dizem que é em Jerusalém é onde se tem de adorar", envolvendo-se nesse ambiente em que discutiam os samaritanos e os judeus. Devido a isso, os judeus não queriam aos samaritanos, e essa foi a causa pela qual os judeus se aborreceram quando o Senhor Jesus falou bem do samaritano que ajudou a um judeu ferido, na parábola do bom samaritano (Lucas 10.30-35); e os samaritanos tampouco queriam aos judeus.
Adoração no espirito
No verso 21, o Senhor Jesus disse a samaritana: "Mulher, crê-me, que a hora vem, quando nem neste monte e nem em Jerusamém adorareis ao Pai". Ela discutia por questões exteriores, pelo mundo natural: é aqui, ou ali, é nesta religião ou naquela, uns dizem que é aqui, outros dizem que é ali. Mas o Senhor lhe disse (versos 22-23): "Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos; porque a salvação vem dos judeus. Mas a hora vem, e já chegou, que os verdadeiros adoradores adorarão ao Pai em espírito e em verdade; porque o Pai busca a tais que assim o adorem."
O Pai estava esperando e procurando. Há coisas que Deus se cala; porque na Bíblia há coisas que não são reveladas, que são secretas, que não se contam. Em Deuteronômio 29.29 diz: "As coisas escondidas pertencem a Jeová nosso Deus; mas as reveladas são para nós". Mas Deus revelou que Ele procura essa classe de adoradores, e chegou a hora em que isso aconteça; já era tempo de chegar essa hora. Bastante tempo se estava servindo a Deus por meios meramente religiosos; "que é neste monte, que é no outro, que é naquele santuário, que é desta maneira, tem que ser assim, que há de enquadrar-se assim, que é redondo, que tem bordas, que não tem, que a medida é até aqui"; sempre tratando de servir a Deus no exterior. Temos que servir a Deus, mas com fé.
O quanto o Pai estava esperando? O Pai estava esperando que chegasse a hora em que o Senhor Jesus viesse a produzir o verdadeiro serviço a Deus. Entre as grandes festas dos judeus, figurava a festa dos tabernáculos, a qual durava sete dias, com a presença de muitos judeus que vinham de muitas partes. Esta festa era a última de um grande círculo de festas.
Estando o Senhor Jesus em Jerusalém na ocasião da festa,lemos em João 7:37 – 39 - "No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. Isto disse Ele com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus não havia sido glorificado."
Assim se manifestou Jesus quando se acabava a festa, pois era o último dia, como quem diz: "Vocês já celebraram todas as festas, e este é o último dia da última festa, e todos já vieram a Jerusalém e cantaram, fizeram um montão de coisas religiosas,mas agora Deus os convida; se os rituais religiosos não têm saciado essa sede, não tem enchido esse vazio, bebam de Seu Filho". "Se alguém vem a mim.... e crê em mim, de seu interior..." Qual é a parte interior do homem? O espírito. " Quem se conecta comigo, de seu interior começará a fluir a vida" e isso digo do Espírito de Deus. Isso significava que o Espírito de Deus haveria de fluir como água viva desde o interior do homem, desde o homem interior, ou seja, desde o espírito humano.
O espírito humano é nada mais nada menos que o canal, primeiro do Espírito de Deus. A mulher que discutia sobre assuntos religiosos não se firmava, senão na parte externa. Israel tinha seu círculo de festas: da Páscoa e dos pães sem fermento, logo as primícias da semeadura, mas tarde a do Pentecostes, a festa das trombetas, o dia da expiação, e por último a festa dos tabernáculos, a grande festa da colheita. E todos saíam cansados por tanta coisa e ficavam insatisfeitos, porque as coisas externas não satisfaziam, não saciavam a sede espiritual, por isso o Senhor trata direto com o espírito.
Por essa razão que o Senhor também disse à samaritana: " Mulher, podes crer-me que a hora vem...e a hora tem chegado". É a hora que o Pai havia esperado, quando os verdadeiros adoradores adorarão ao Pai em espírito; significa que a adoração é do espírito; para alguns desconhecida, ignorada. A adoração que não é do espírito não é verdadeira, é como um etretenimento,mas não é autêntica. Existe adoração do tipo religiosa, que pode servir de etretenimento; como o menino que pensa que quando grande vai ser um arquiteto, e põe-se a brincar com areia e fazer castelos, a fazer estradas. Simplesmente está brincando, está feliz,mas está brincando; essa não é uma estrada verdadeira; não é o castelo verdadeiro.
Assim, nós brincamos de louvar a Deus, de servir a Deus, de fazer coisas, mas o Senhor distingue que não é adoração verdadeira feita em espírito e em verdade porque o contrário do verdadeiro é falso. Existe adoração falsa. Quando diz que o Senhor entrou no santuário verdadeiro significa que o outro era falso? Não, era apenas um símbolo do verdadeiro santuário. Moisés trouxe os símbolos "Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo" (Jo. 1. 17). A palavra verdade, que em grego á aleteia, significa realidade, a realidade das coisas. Não é somente adorar, mas adorar em espírito; não somente servir, mas servir em espírito. Paulo também fala em 1 Co14:15 "Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também com o entendimento; cantarei com o espírito , mas também com o entendimento".Também diz a Bíblia: "...fervorosos no espírito" Rm. 12.11. Muitas vezes falamos do Espírito divino, mas nos esquecemos que o Espírito fez no homem um espírito humano. Esse é o peso do presente artigo: a importância do espírito humano.
O Espírito de Deus fala ao nosso espírito
Em Romanos 8:16 diz: "O Espírto(com letra maiúscula, de Deus) mesmo dá testemunho (a quem?) a nosso espírito (com letra minúscula). De que somos filhos de Deus". O Espírito de Deus é eterno; o do homem é criado, formado por Deus, mas o espírito humano é que está traçado para contatar o Espírito divino. Não é a mente, não são as emoções, não é sequer a vontade, muito menos os sentidos físicos. É o espírito humano, o qual foi traçado como órgão apropriado para entrar em contato com o Espírito divino.
Devemos ter em conta que cada parte de nosso ser, cada órgão, tanto do corpo como do espírito, está traçado para entrar em contato direto com uma porção da realidade. Há uma realidade que são as cores, os tons, a luz, os avisos, as formas. Os olhos entram em contato direto com a luz, com as cores; o ouvido entra em contato direto com os sons, o olfato entra em contato direto com os odores; o paladar entra em contato direto com os sabores; o tato entra em contato direto com as texturas; a mente entra em contato direto com os pensamentos; as emoções entram em contato direto com os sentimentos; a vontade é para exercer decisões. Mas, qual é o órgão traçado por Deus, à semelhança de Deus, que pode ter com Deus um relação íntima? Esse órgão é o espírito do homem, o espírito humano. Por isso diz que "o Espírito mesmo dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus". Poderia dizer aos nossos ouvidos, ou à nossa mente; mas não, é ao nosso espírito. O órgão traçado para receber a luz de Deus é o espírito. Com o espírito é que você capta a presença de Deus; por isso se adora em espírito; por isso se serve em espírito, e se ora em espírito.
O espírito tem várias funções, como a intuição, a comunhão e a consciência. Por meio da comunhão, por exemplo, se adora a Deus em unidade e em espírito. Quando você está realmente no espírito, percebe o Senhor. Percebe se Ele se alegra, percebe se está triste, percebe se está aborrecido, se está quieto, se está reprovando, se está aprovando, percebe se está contente com o que você fez, percebe se está satisfeito, se recebe o louvor. Como você sabe? Não é com a mente, é com a intuição. Encontramos essa palavra na Bíblia, também se chama percepção. Na Palavra diz que Jesus percebeu em seu espírito. Também diz que "o homem natural não percebe as coisas que são do Espírito de Deus..." 1Co. 2.14. Em certas ocasiões os crentes percebem as coisas em seu espírito, mas não estão acostumados a dar a devida atenção, porque temos vivido no homem exterior e o homem exterior gosta de emoções fortes, psicodélicas, A voz do Senhor é mais suave, nos fala no íntimo, não é uma agitação da nossa alma; e quando essas coisas acontecem, dizemos que algo nos chegou, mas não colocamos muita atenção. Não temos descoberto a importância do espírito do homem. É necessário conhecer este importante tema para que Deus nos ajude a despertar a importância que tem para Ele o nosso espírito; que cheguemos a ser conscientes de Seu mover em nosso espírito porque os filhos de Deus são os cristãos. O Espírito de Deus dá testemunho a quem? A nosso espírito.
Alguns estão esperando que apareça um anjo, ou uma luz, ou um trovão que diga algo no estilo psicodélico, algo emocionante. O profeta Elias era um homem muito maduro, e em certas crises que sofreu, foi e se escondeu em uma gruta no deserto e por ali venho um vento, um terremoto, um fogo, e Elias estava muito tranquilo, Podia ter muita emoção, muito ruído, mas ele permanecia tranqüilo. Um vento passou, mas no vento não estava Deus, logo passou um terremoto, mas no terremoto não estava Deus, logo passou um fogo e no fogo não estava Deus; mas diz que depois veio um assobio agradável e delicado, talvez uma suave brisa, um sopro, um ar. Essa palavra no grego é pneuma (1 Rs. 19:9-13).
Me alegra em saber que Elias era um homem que não se deixava envolver, porque o que o diabo quer é te envolver em agitações. Algumas vezes querem nos arrastar pra lá, outras pra cá, dizendo que o Senhor está se movendo de cima para baixo, desta forma ou desta outra. Mas é o Senhor que quer te dirigir, te guiar; que "a paz de Deus governe em nossos corações" (Cl 3:15). O que significa governar? Quando você vai fazer algo e perde a paz, não te deixes envolver pela agitação exterior, observe o interior porque é do interior donde flui a mensagem de Deus, a partir do mais íntimo do seu ser; ali donde está o Espírito.
A Bíblia diz que o tabernáculo tinha três partes e essas três partes se pode harmonizar e ter relações entre si. O átrio, com altar de bronze e outro montão de coisas; a seguir o Lugar Santo com o candelabro, e o altar do incenso, a mesa dos pães e outras coisas; e no Lugar Santíssimo estava a arca e a arca tinha os querubins. A arca era como uma caixa e tinha uma tampa chamada propiciatório, e em cada extremo do propiciatório havia um querubim com suas asas estendidas. E disse o Senhor em Sua Palavra: " ali virei a ti, e, de cima do propiciatório, do meio dos dois querubins que estão sobre a arca do testemunho, falarei contigo acerca de tudo o que eu te ordenar para os filhos de Israel" (Ex. 25:22). Tenhamos em conta qual o lugar que falava o Senhor. Não era fora do tabernáculo, nem no átrio, dentro do tabernáculo, nem sequer no Lugar Santo, mas sim no Lugar Santíssimo, no mais interior do tabernáculo; ali se manifestava o Senhor. Às vezes queremos buscar as coisas de fora ou pretendemos ser guiados pelas coisas externas, daqui ou dali. Não; "ali debaixo das asas dos querubins te falarei".
Quantas vezes dizemos:" Irmãos, o que vamos fazer? Será bom que jejuemos um período mais longo, ou curto, ou não jejuemos? Será que se dizima, ou as mulheres devem se embelezar, ou se podem usar calças, ou não?" Surgem todas essas perguntas e vão ao pastor tal, ao reverendo tal, e vão atrás de reverendo a reverendo buscando essa aula de orientação; mas, o Senhor diz: "...ali me declararei a vós". Se você serve a Deus sendo todo meticuloso: "não toques aqui, não olhes ali", em seu homem exterior, não está servindo a Deus em espírito. Mas se você invoca ao Senhor... Desperta – te que Ele diz: " Quem vir a mim..., quem crer em mim..." , e a unção te ensinará todas as coisas, do mais íntimo de seu ser, ainda que no exterior desejes fazer do seu ponto de vista e queres que prevaleça a sua opinião; e às vezes é trapaceiro e manobra para vencer com brilho; mas dentro de você há uma vozinha que diz: "trapaceiro". Porque o Espírito de Deus dá testemunho a seu espírito. Seu espírito é que percebe a voz de Deus; ali Ele se manifesta. Para Ele o mais importante é o espírito do homem, a parte central.
Às vezes andamos em grande equívoco esperando o que dirá o homem, o que dirá o fulano, o que dirá siclano. Claro que eles podem opinar porque o Espírito nos dá testemunho de outros irmãos, mas é o Espírito que te informa se Deus está satisfeito com isto ou com aquilo. E alguém pode estar dizendo: "Há tantas opiniões". O que esses opinarão? O quê esses opinarão, o fazem no espírito? Se fazem o correto, esse semáforo interior te dará luz verde. Você sabe qual é a luz verde? O espírito de paz. A Bíblia diz que se estamos na carne e semeamos na carne, da carne herdaremos corrupção; mas se o fazemos no Espírito, do Espírito teremos vida e paz (Gl. 6:8; Rm. 8:6, 13).
Como nos damos conta se estamos no espírito ou não? Se há fonte de vida, se não há bloqueio, se há paz, se não está se fazendo de bobo, dizendo: "Mas é que...". Há quem dá voltas e mais voltas, mas se o Senhor está aqui - "Maior é o que está em vós..." (1 Jo. 4:4). Ele está em você, em seu interior. O Senhor diz: "...negue-se a si mesmo...e siga-me" (Mt. 16:24); Como vamos seguir à Ele? Porque interiormente Ele está em Espírito e a voz exterior do Espírito é a Palavra. Assim, você precisa consultar o seu interior, conforme a Palavra dada em concordância com o sentir do espírito, com os irmãos espirituais, o Corpo; que vão pelo caminho correto.
É necessário ter em conta essas três coisas. O Espírito, a Palavra e o consenso do Corpo em espírito. Vai que tenha um consenso em uma democracia que é da carne. Temos um exemplo: Se determina votar para adulterar ou não. Em cem irmãos, 95 elegem adulterar e 5 não querem adulterar. Ganham os 95 e então está bem adulterar. Esse é um exemplo de que o consenso é na carne. Sem ter em conta o Espírito e a Palavra, não é de Deus. Pode ser a maioria na Igreja, mas não é a voz de Deus O consenso deve ser no espírito, assim sejam dos três, mas em espírito; essa é a voz de Deus. O Senhor diz: "...negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me". Esse "a si mesmo" é a alma e o eu. Paulo diz: "Não sabeis que Cristo mora em vós?". E ele diz a Timóteo: "Timóteo, o Senhor Jesus Cristo seja com teu espírito". O mesmo que está em seu espírito, o Espírito de Deus, dá testemunho a seu espírito.
O espírito do homem é de muita importância para Deus. Às vezes vivemos psicodelicamete, agitados no mundo exterior sem dar conta da importância que é aprender, o que é o nosso próprio espírito, o mais íntimo do nosso ser. E passamos o tempo nos perguntando o quê fazer, sendo agitados, arrastados e arrastando. Não devemos nos deixar arrastar. Temos o exemplo dos mergulhadores, os que usam escafandro, que é uma vestimenta impermeável. Levam uma espécie de tubo pelo qual respiram. Colocados nesse ambiente debaixo d’água, não respiram na água, pois o ar que eles recebem vem de cima através do tubo, todavia permanecem debaixo d’água. Assim somos nós, por agora estamos aqui neste mundo, conforme se tratara do fundo do mar, mas há um espírito limpo, respirando ao Senhor.
Irmãos, o Senhor é o Deus que se estende nos céus, fundou a terra e tem criou um espírito em nós, que é muito importante para Ele porque é com o espírito que Ele se comunica conosco; é do nosso espírito donde flui o Espírito de Deus. "...de seu interior fluirão...", significa do interior em direção ao exterior, da nossa consiência e intuição ao nosso entendimento; é por isso que às vezes oramos em espírito e não entendemos porque o fluir está no espírito, mas não tem brotado na nossa mente. Essa é a causa por que muitas vezes não entendemos; devido a isso temos que orar para podermos interpretar pelo espírito. É o Espírito que diz algo ali dentro em nosso homem interior. Diz algo, mas você não sabe como explicar; O percebe, aí está, como uma espécie de um pontapé do bebê na mulher grávida, assim também nós, às vezes recebemos os pontapés do Espírito Santo. Mas tudo isso ocorre primeiramente no íntimo, e é aí donde devemos percebê-Lo, porque é uma percepção que também se chama intuição. É uma percepção íntima; não é uma dedução natural das coisas, pois nossas deduções naturais não são confiáveis. "O homem natural não percebe as coisas que são do Espírito de Deus porque para ele são loucura, e não as pode entender porque tem de se discernir espiritualmete" (1Co. 2:14), ou seja, usando o espírito das pessoas.
Se não se percebe no espírito, se julga na carne.
Em muitas ocasiões não podemos julgar as pessoas com nossa mente natural, como parecidas conosco, dizendo: "Que pessoa tão querida! Se parece com minha sogra!". Mas, fixemos no que diz Paulo em 2Co 5:16 - "Assim que, nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, se, antes conhecemos Cristo segundo a carne (porque ele viveu na geração dos que o conheceram por fora e não por dentro), já agora não O conhecemos deste modo". Então, há duas maneiras de conhecê-Lo: um conhecimento natural através de uma opinião natural, da carne das tradições, dos costumes, dos prejuízos; e outro conhecimento que se baseia em negar-se a si mesmo para depender da condução de Deus, da revelação de Deus, recebendo testemunho do Espírito em nosso espírito; assim se conhece não em carne, e sim em espírito, sendo guiados pela verdade. Se não é pelo espírito, a gente não pode perceber a vida e a paz, que é como esse vento suave que Elias percebeu, e venceu com brilho a prova e se livrou dessa agitação externa que o rodeava. À ele não pôde sobrevir esse montão de alvoroços exteriores porque ele percebeu que era do espírito.
Não devemos julgar pelas aparências porque são enganosas, e não devemos ser arrastado a ter que pensar como pensam as outras pessoas, e elas, como você. Não! Mas, sim, pelo Espírito no espírito. E aonde está o trono? À destra do Pai; ali está Jesus, e o Espírito está em seu espírito, e a voz de Seu Espírito brota de você e tudo que seja de Deus deve concordar com a Palavra. Por dentro o Espírito, e por fora a Palavra, e entre a comunhão do Corpo e o consenso do espírito dos irmãos espirituais.
Paulo diz: "Entretanto, vós, quando tendes a julgar negócios terrenos, constituís um tribunal daqueles que não tem nenhuma aceitação da Igreja" (1 Co. 6:4). Não se refere aos que vão votar com seu pecado; aos que vão ser cúmplices do seu sentir, de suas fofocas, de suas coisas. Tem que ser realmente pessoas que se neguem a si mesmas, que não representam sua própria satisfação, não se intimidam com a satisfação ou oposição do outro, senão que representam o sentir de Deus, assim se o mundo vir contra vocês, que sejam fiéis representantes de Deus, do sentir de Deus e confessem o que emana do Espírito no espírito e de acordo com a Palavra.

Irmãos em Cristo Jesus.

Irmãos em Cristo Jesus.
Mt 5:14 "Vós sois a luz do mundo"