sábado, 1 de agosto de 2009

A Obra de Deus, A Obra do Ministério e a Obra de Cada Um- Gino Iafrancesco

Traduzido pelos irmãos da cidade de Alegrete-RS
vamos estar considerando algo relativo à obra de Deus, a obra do ministério e a obra de cada um; a obra de cada um está dentro da obra do ministério e a obra do ministério do corpo de Cristo está dentro da obra de Deus.

A obra de Deus.

vamos abrir a palavra de Deus no livro de Atos dos Apóstolos, e vamos ao capítulo 13, o verso 41, que é uma citação que faz o apóstolo Paulo. Aqui neste capítulo 13 aparece o testemunho de Paulo e Bernabé em Pisídia, e aparece o que ele nos diz de um trecho, no contexto do testemunho do evangelho por parte dos apóstolos, por parte do corpo de Cristo ao mundo, aos judeus primeiro, em uma sinagoga judia na Pisídia; o apóstolo utilizou um versículo que é de Interesse. Então, diz o verso 41 do capítulo 13, que é uma citação que está no profeta Habacuque: “Vede, ó! desprezadores..”, porque quando a gente despreza, a gente aniquila; mas Deus diz: Vede; os que estão desprezando Vede; o que é que terá que Ver? “…espantai-vos, e desaparecei”; Ó! três coisas: ver, se espantar, e se continuamos sendo desprezadores, desaparecer. Oxalá não sejamos desprezadores, mas sim colaboradores, para não desaparecer, mas sim para permanecer. “Vede, Ó desprezadores, espantai-vos e desaparecei; porque Eu faço uma obra em vossos dias, obra que não acreditarão, se alguém lhes contar”. É isso uma citação interessante, onde Deus mesmo fala em primeira pessoa: Eu faço uma obra; é a obra de Deus.
Sem combinarmos nada, o irmão Manolito sentiu no coração nos ler do começo um Salmo que falava das obras e os fatos prodigiosos de Deus, e nosso testemunho, e glorificaram a Deus por causa de suas obras e seus feitos prodigiosos. Então, há uma obra, da eternidade, que Deus vem fazendo; uma obra que abrange tudo o que Ele tem feito, incluindo Seu amor eterno, presciência e propósito, Sua criação, Sua providência, a obra da redenção, Seu reino, a glorificação da igreja, Seu julgamento, a conclusão de todas as coisas, o cumprimento, a realização de Seu propósito eterno. Tudo isto é o que se chama “a obra de Deus”; e a obra de Deus tem vários capítulos; e um desses capítulos é a obra que Deus diz que faria em nossos dias; e Paulo refere que esses dias são a partir da primeira vinda do Senhor Jesus; porque ele está declarando da vinda do Senhor Jesus, da obra de Cristo na cruz, da ressurreição, do derramamento do Espírito, da comissão dada à Igreja e do trabalho de Deus com a Igreja. Então, essa é a obra de Deus, que Deus está fazendo em nossos dias; não podemos menosprezá-la, embora possamos também nos assombrar; e alguns podem desaparecer. Que sério! não?, que Deus relacione com Sua obra em nossos dias essas três palavras: Ver, espantar-se e desaparecer. A obra do Senhor é para que nós desapareçamos, e para que o Senhor apareça; essa é a obra de Deus.

A gesta de Cristo.

As festas solenes de Israel nos recordam a gesta de Cristo, a obra do Senhor, os distintos aspectos de Sua obra. dentro destes aspectos de Sua obra temos o de Sua morte expiatória na cruz, tal como aparece a nós, no sentido objetivo, jurídico, exterior, na festa da Páscoa; Ele morreu por nós. Mas também temos que comê-lo, ao Cordeiro sacrificado, e com pães sem levedura; então, por isso a festa da páscoa vinha junto com a dos ázimos, e com a das primícias, que fala da ressurreição. Então, há o aspecto jurídico e o aspecto orgânico, o que O fez em si mesmo e o que faz em nós; por isso aparece também logo a festa do Pentecostes, depois das primícias, aos cinqüenta dias, a obra do Espírito, que é outro capítulo da obra de Deus; mas depois do Pentecostes, e cobertos pela expiação, e em espera da conclusão, está a obra das trombetas, que significa Cristo sendo anunciado. Logo então chega a festa dos tabernáculos.


A obra do ministério

Há, pois, uma obra divina de criação, uma obra divina de providência, uma obra divina de redenção, e também há uma obra divina de inspirar as Sagradas Escrituras, de edificar o corpo de Cristo, de constituir o ministério do corpo, de dar à igreja apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres, para que edifiquem o corpo de Cristo, por meio de aperfeiçoar aos Santos. São os Santos os que fazem em Cristo, pelo Espírito, a obra do ministério. Então aí podemos nos dar conta de como, dentro da obra de Deus, está esse grande capítulo da festa das trombetas, que é Cristo sendo anunciado, a Palavra sendo inspirada, sendo escrita, e sendo exposta; porque, como diz inspiradamente o salmista: a exposição das palavras de Deus ilumina. Isto é também parte da obra de Deus; não é a única, mas é parte da obra de Deus. Damo-nos conta de que da obra de Deus surge o que se chama na Palavra: “a obra do ministério”. A obra o ministério é necessária dentro da obra de Deus, e é também parte da obra de Deus. Embora haja diversidade de dons, há um mesmo Espírito; e embora haja diversidade de ministérios, há um mesmo Senhor que coordena todos os ministérios no ministério do Novo Pacto, do Novo Testamento, da justificação, da reconciliação, do Espírito, da Palavra, no sentido completo do conselho de Deus. Então, pois, a obra do ministério também é parte da obra de Deus; é Deus mesmo o que faz estas obras. Diz a Palavra que Cristo constituiu a Paulo ministro, segundo a graça de Deus que foi dada, e segundo a operação de Seu poder. Então, a obra de Deus é a operação de Seu poder em graça, através de todos os membros do corpo. O trabalho do corpo de Cristo é parte da obra de Deus, porque é a operação de Seu poder em graça; e é necessária a obra do ministério do corpo de Cristo para que a obra total de Deus tenha sua culminação.

A abertura do primeiro Selo.

O Filho de Deus e Filho do Homem ascendeu ressuscitado, e se sentou à mão direita do Pai, e foi dado o Livro dos Sete Selos. O primeiro selo que Ele abriu foi o do cavalo branco, com seu cavaleiro para vencer; e Ele derramou Seu Espírito, constituiu apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres, para aperfeiçoar aos Santos para a obra do ministério, para a edificação do corpo de Cristo; essa é a festa das trombetas: Cristo sendo anunciado. Depois da festa do Pentecostes, vem a festa das trombetas; essa é uma obra de Deus. Alguém mencionou aqui a um personagem que se está opondo, realmente não aos evangélicos nem aos pastores meramente, a não ser à obra de Deus. Se este menosprezador não vê, não se assombra, então desaparece em sua cegueira; esse e qualquer outro. Há algo que Deus mesmo está fazendo em nossos dias. Uma obra que Eu farei, diz o Senhor, em seus dias; e parte dessa obra é a obra do ministério. Tal expressão: a obra do ministério, que se usa no Novo Testamento, já tinha sido adiantada pelo Espírito Santo no Antigo Testamento de maneira tipológica. Não vamos ver todas as passagens, mas pelo menos algum representativo no 1º livro de Crônicas.

Tipología veterotestamentária da obra do ministério.

Vamos ao primeiro livro de Crônicas, capítulo 23, porque é um capítulo tipológico; recordemos que nestes capítulos está sendo ordenado o serviço da casa de Deus: os porteiros, levitas cantores, etc., etc. Então, no capítulo 23, que as Sociedades Bíblicas titularam: “Distribuição e deveres dos levita”, há várias expressões com o passar do capítulo, que algumas concentram a importante expressão, e que podemos ler do versículo 24 em diante. Tinha mencionado uma série de pessoas, e disse: “Estes são os filhos de Levi, nas famílias de seus pais…”; notemos aqui que primeiro são pessoas; e estas pessoas estão em uma família, e estão corporativamente trabalhando sob o governo de Deus; “…chefes de famílias segundo o censo deles, contados por seus nomes, por suas cabeças, de vinte anos acima, os quais trabalhavam (isso é plural) no ministério (isso é singular) da casa de Yhaveh”. Todos eles trabalhavam em ministérios diferentes; mas seus diferentes ministérios, funções e atividades, formavam parte de uma atividade ou serviço coletivo que entre todos prestavam; esse serviço coletivo, onde as partes de todos e cada um se juntavam e se mesclavam umas com as outras, chamava-se “a obra do ministério da casa de Deus”.
Podemos seguir lendo; vou pular o versículo 25, e diz no verso 26: “E também os levita não terão que levar mais o tabernáculo e todos os utensílios para seu ministério”. Agora era o templo; então, tendo passado do tabernáculo, ou da tenda, ao templo, agora seu ministério se modificava segundo as circunstâncias; e agora vou ler em v.27: “Assim, conforme às últimas palavras de Davi, fez-se a conta dos filhos do Levi de vinte anos acima. E estavam sob as ordens dos filhos do Aarão (que representa o Supremo Sacerdócio que é Cristo) para ministrar na casa de Yhaveh”. Em que lugares? “Nos átrios, nas câmaras e na purificação de toda coisa santificada, e na demais obra”. Tudo o que se fazia, por exemplo, nos átrios, nas câmaras, o que se fazia para purificar cada coisa, tudo isso era parte desta obra; e agora diz: “… e na demais obra do ministério da casa de Deus”. Então notem como o Espírito Santo estava introduzindo na tipología o conceito da obra do ministério do corpo de Cristo, o qual é hoje a casa de Deus, o povo de Deus, a Igreja. Aquilo era uma figura; hoje é a realidade.

No Novo Testamento.

No Novo Testamento, já os irmãos conhecem muito bem, temos aquela expressão; em Efésios, no capítulo 4, aparece no versículo 10: “que desceu, é o mesmo que também subiu por cima de todos os céus (para que Ele subiu?) para encher todas as coisas”. (Sente-se a minha mão direita até que Eu ponha a todos seus inimigos por estrado de seus pés…/… Toma o livro e abre seus 7 selos… Quando terminar de abrir o Livro, os reino do mundo deverão ser do Senhor e de Seu Cristo). Então Ele se sentou à mão direita e começou a abrir o Livro; e o primeiro que pôs a cavalgar foi o cavalo branco. Esse cavaleiro começou a cavalgar desde que Jesus Cristo se sentou à mão direita de Deus e começou a abrir o Livro. Escrito está: “…subiu por cima de todos os céus para encher todas as coisas. E ele mesmo deu (vou traduzir aqui com mais exatidão, porque a palavra “constituiu” tem aqui como uma conotação um pouco clerical, um pouco eclesiástoide, mas não no sentido bíblico mas sim no sentido tradicionalista institucional; mas a palavra no grego é edoken, ou seja, deu Deus; de dar; quer dizer, Deus está dando de presente certas pessoas à igreja; não pondo opressores aos Santos, a não ser lhe fazendo presentes; é muito diferente o sentir da maneira como Paulo fala; então por isso prefiro traduzi-lo assim: “E ele mesmo deu a uns, apóstolos, a outros, profetas; a outros, evangelistas; a outros, pastores e mestres, a fim…”. Ele deu; essa é parte de Sua obra, da obra Dele em nossos dias. Para que Ele dá essas pessoas?, Qual é o objetivo? Para que os dados se engrandeçam?, Ou que sejam um clericato especial, um sacerdócio insofrível? Não!, o objetivo é um presente à igreja, para a igreja; diz: “…a fim de aperfeiçoar aos Santos…”. Deus dá pessoas à igreja com o objetivo de aperfeiçoar aos Santos; o objetivo é os Santos, que os Santos façam a obra do ministério: Então a obra do ministério não é feita somente pelos apóstolos, pelos profetas, pelos evangelistas, pelos pastores e mestres, mas sim por todos os Santos, por todos os membros do corpo de Cristo. E se Deus deu esse presente à igreja, não é para que substitua o trabalho da igreja, mas sim para que o promovam, para que o ajustem, para que o aperfeiçoem. Então ali aparece essa expressão que tínhamos lido lá em Crônicas, “a obra do ministério”; aqui diz: “para a edificação do corpo de Cristo”, que isso é o que é a casa de Deus.
Dizia que os levita trabalhavam juntos; eram muitos; havia um censo; muitas pessoas; mas todas essas pessoas, das que cada uma tinha sua particularidade, essa particularidade a devia realizar na comunhão do corpo; não perdia sua particularidade, mas tampouco perdia sua inclusão no corpo. E nisto precisamos ter muita clareza, e que o Senhor, por seu Espírito, conceda-nos muito equilíbrio.

A obra de cada um.

A mesma Bíblia que fala da obra de Deus, e que fala da obra do ministério de todos os Santos, fala também da obra de cada um”. Então existe a obra de cada um. A obra de cada um é uma obra particular, tem seu selo particular, não é igual à obra de outro; a obra do pâncreas não é quão mesma a dos pulmões, não é a mesma que a do estômago, não é a mesma que a dos olhos; mas, embora não seja a mesma, está coordenada dentro de uma só obra de todo o corpo. Então todo o corpo cumpre uma função conjunta, coletiva, para o Senhor; então a obra de cada um está inserida na obra do ministério, e a obra do ministério do corpo de Cristo é uma parte da obra de Deus. em relação à criação, bom, nós não tivemos nada que ver; da providência tampouco temos muito que ver, embora Ele nos use como instrumentos providenciais; a obra da redenção lhe tocou fazê-la sozinho na cruz; mas da obra do ministério de edificar o corpo de Cristo nos tocou uma parte no Espírito, assim como na obra da providência lhe tocou também aos anjos nos cuidar, evitar alguns acidentes, produzir algumas das que nós chamamos entre aspas “casualidades”. Ele usa anjos para Sua obra da providência, e de cuidado, etc. Ele usa os membros do corpo de Cristo para a obra do ministério da edificação do corpo de Cristo, que é a edificação de uma esposa para o Filho de Deus. Então a obra de cada um está inserida, incluída, e é parte da obra do ministério coletivo. Então aí precisamos aprender um equilíbrio.

Equilíbrio e coordenação.

O equilíbrio é para não homogeneizar muito, nem particularizar muito. Em um extremo, às vezes ressaltamos tanto nossa própria obra, que às vezes nos esquecemos de que nossa parte é apenas isso, uma parte no contexto da obra de outros, e que deve encaixar com a obra de outros. Mas podemos ir ao outro lado, e querer homogeneizar, e pretender fazer a todo mundo iguais a nós, quando sim o Senhor estabeleceu diversidade de ministérios, e deu diversidade de dons, e também está escrito que Deus realiza diversas operações; há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo; há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo; e há diversidade de operações, mas Deus, que faz todas as obras em todos, é o mesmo. Deus tem que ver com a obra de cada um, e também com a obra das equipes que Ele forma; e há diversidade de operações, mas Deus faz todas as coisas em todos.
A obra de Deus é que o coração palpite, e a obra de Deus é que os pulmões respirem, e obtenham o oxigênio, e o passem ao sangue: e o aparelho circulatório tem que fazer uma coisa, e o nervoso outra, e cada um tem que fazer algo distinto. Então há algo distintivo, que é a obra de cada um; e à mesma vez, a obra de cada um não é uma obra isolada, não é uma obra em contraposição a de outros que são diferentes, e às vezes até contrastantes. Embora cada um tem sua obra, essas obras são coordenadas por uma cabeça: Jesus Cristo. Por isso na Bíblia se fala da coordenação; mas não se trata de uma coordenação que venha da carne, e que possa utilizar Satanás para estorvar com muita astúcia. Não!; trata-se melhor da coordenação que vem da Cabeça, pelo Espírito, e que é sobrenatural, e que não tem mão humana estranha. A Bíblia diz: bem ajustados e coordenados em Cristo, o templo vai crescendo para ser um templo santo no Senhor, edificados junto uns com os outros.

Autoridade.

vamos ver agora um pouco mais da terceira parte: a primeira, a obra de Deus; a segunda, a obra do ministério; a terceira, a obra de cada um. vamos ver outra Escritura onde nos fala da obra de cada um; esse “cada um” é você; pode pôr seu nome e seu sobrenome, e se quiser sua carteira de identidade. Vamos ao evangelho de Marcos, para os últimos capítulos de seu livro, ao capítulo 13, versículos 33 em diante, até o 37; ali onde o Senhor está falando: “Olhem”; bom, terá que olhar, “velem e orem; porque não sabem quando será o tempo. É como (aqui está dando uma figura, uma parábola) um homem (o Senhor Jesus) que indo-se longe (à mão direita do Pai) deixou sua casa (essa é a igreja aqui na terra; Ele não a levou ainda, embora nos sentou com Ele em lugares celestiais, mas em Espírito) e deu autoridade (isso é em singular) a seus servos (isso é em plural; ou seja que Sua autoridade, Sua delegação, foi repartida entre Seus servos, embora exercida coletivamente, mas também respeitando e tendo em conta as particularidades, pois agora diz mais:) e a cada um sua obra, e ao porteiro (que tem que fazer uma obra específica) mandou que velasse, vigiasse”. Quer dizer, tem que estar atento o porteiro, para que não se infiltre nada estranho e para que quando seu Senhor chegue, levante-se e lhe abra e anuncie. Então aqui o Senhor Jesus fala da autoridade divina, que é uma só, pois disse Jesus: toda potestade me é dada nos céus e na terra; portanto, vão e façam discípulos a todas as nações, batizando-os no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, lhes ensinando que guardem todas as coisas que eu lhes mandei; e eis aqui que eu estou com vós todos os dias até a consumação do século, deixou por um tempo Sua casa, e deu autoridade a Seus servos; repartiu-a entre eles, mas de uma vez a expressa na comunhão espiritual deles em acordo com o Espírito; mas também acrescentou: “e a cada um sua obra”.

Servos alheios.

Por isso em 1ª aos Coríntios 3, se vocês querem ver comigo, voltamos a nos encontrar com essa expressão no versículo 13, mas vou ler desde o v.10: “Conforme à graça de Deus que me foi dada, eu como perito arquiteto pus o fundamento, e outro edifica em cima, mas (notem essa frase) cada um veja como edifica sobre”. Sobre o fundamento, ninguém pode pôr outro que o que já está posto; mas sobre o fundamento cada um tem que fazer sua parte. Se você for fazer sua parte, para que seja uma obra legítima, que não seja de palha, que não seja inflamável, tem que ser feita em Cristo; produzida pelo atuar de Deus; como diz Paulo: que atuou em mim; Diz: que atuou no Pedro, atuou também em mim; também diz: pôs-me por ministro…/… segundo a operação de seu poder. Para que a obra de cada um seja legítima, tem que ser produzida em graça pela operação do poder de Deus. É o poder de Deus o que tem que operar em cada pessoa, fazendo entender a cada um, assim seja, inclusive, que deve recolher um papelzinho; essa também é parte da obra de Deus; cada um deve sabê-lo, pois tem que nascer do sopro do Espírito, tem que ser uma obra que tem origem em Deus, que sua origem é celestial, tanto a comissão, como a realização, como o objetivo; tem que ser Dele, tem que ser por Ele, e tem que ser para Ele; então é parte da obra de Deus, porque se originou nele, realiza-se por meio Dele, e se realiza para Ele; essa é a marca da verdadeira obra de Deus: tem que ter sua origem em Deus, ser realizada espiritualmente, e tem que ser para a glória de Deus; Dele, por Ele e para Ele; assim deve ser a obra em geral, e a obra particular de cada um.
Então aqui volta a falar da obra de cada um; no verso 10: “cada um olhe como edifica”; a quem lhe corresponde olhar como edificar? A quem lhe corresponde, em primeiro lugar, fazer o melhor que sabe, e o que lhe toca fazer particularmente? Cada um veja; isso toca a cada um; por isso também dá a entender a Escritura: Quem somos nós para julgar ao criado alheio? para seu próprio Senhor é que está em pé, ou cai; mas poderoso é o Senhor para lhe fazer estar firme. O Senhor tem que nos dizer como disse a Pedro, quando estava tão obcecadamente interessado na sorte de João; perguntou Pedro ao Senhor: e o que deste? Como quem diz: Já me disse o que vai acontecer a mim; mas, e ao João o que? E o Senhor lhe responde Como quem diz: e a ti o que te importa? Sim, é como uma maneira de dizer: o que importa a ti?; Com que direito quer colocar seu nariz em todas as partes? você se assegure de fazer sua parte, faz você o melhor que puderes, anda no Espírito, sim, faz sua parte, e faz como te toca fazer, e ninguém tem porquê interferir. Notem isto; é necessário ter equilíbrio; não devemos homogeneizar a obra do Senhor, nem pretender controlar aos irmãos de uma maneira carnal, porque essa é uma tática que usa Satanás para estorvar a obra. Desgraçadamente às vezes queremos homogeneizar e controlar por meios naturais, e utilizamos às vezes sistemas legalistas, e estabelecemos cláusulas manipuladoras, e às vezes até organizações que tiram a autoridade do fluir do Espírito, e a colocam em um carro de bois. O peso da Arca, do carregar da Arca do Pacto, da Palavra e da glória de Deus, tem que pesar sobre o coração de cada homem escolhido Por Deus; não se trata de uma coisa automática. A automaticidade conduz à mortandade.
Às vezes por nós mesmos repartimos e dizemos: isto vai tocar a ti, isto vai tocar para mim, isto vai tocar a ele; e fazemos as coisas segundo um critério meramente humano e uma organização humana; esse é o carro de bois que conduz à mortandade; o carro de bois é qualquer mecanismo de fabricação humana que pretenda fazer a obra de Deus, colocando a mão para manipular. Isso estorva a obra de Deus, a qual deve pesar espiritualmente sobre o coração de cada um dos escolhidos Por Deus mesmo.
Uma coisa é que cada um, cada levita, cada sacerdote, que agora no corpo de Cristo o somos todos os membros do corpo, homens e mulheres, filhos de Deus, cada um tenha o peso do Arca sobre seu coração; e outra coisa muito diferente, embora aparentemente muito mais fácil e prático para o meramente humano, é pretender fazer como fez Montesquieu, repartir os poderes, criando diversos aparelhos, como o poder Legislativo, o Executivo e o Judiciário, sem nos importar a vida e a disposição divina, pretendendo usurpar por nós mesmos uma fatia na torta de Deus. Criamos um aparelho para manobrar, mas esse aparelho não tem vida. Deus não comissionou aparelhos, Deus não comissiona sistemas, Deus não comissiona estatutos, Deus comissiona pessoas escolhidas por Ele, pessoas que têm o peso de Deus em seu coração, e que o Espírito opera nelas, pela operação de Sua graça e Seu poder. É pela graça do Senhor que uma pessoa começa a servir e a fazer o que a essa pessoa corresponde; e diz a Palavra a outros, e todos somos outros: quem é você que julga ao criado alheio? Para seu próprio Senhor está em pé ou cai, mas poderoso é o Senhor para lhe fazer estar em pé. Precisamente esse, que você e eu estamos criticando, esse é um servo alheio.
Então cada um tem uma obra específica que fazer; e também lhes digo isto: cada um de nós temos uma obra particular, e cada um a tem, temos que ter dois cuidados: pela direita e pela esquerda; há um querubim guardião em um extremo, e outro querubim guardião em outro extremo. Por um lado, você não tem que fazer sua obra particular de maneira individualista, não tem que te desvincular do corpo, deve saber que sua parte é com o corpo; por outra parte, não pode permitir a homogeneização, a alienação de sua função particular, porque o Senhor estabelece uns limites e diz: esta é a obra de um, esta é a obra do outro; embora a de um e a do outro, sejam a obra do ministério, esta é a obra de Deus. dentro da obra de Deus, está a obra do ministério, e dentro da obra do ministério, está a obra de cada um; e se houver a obra de cada um, então há a obra do outro, a tua e a do outro.

A obra de outro, regra e medida.

vamos ver onde que fala sobre a
, obra do outro, mas devemos aqui ainda seguir falando um pouco da obra de cada um na 1ª aos Coríntios; não só no verso 10 do capítulo 3, mas também o versículo 13 diz: “a obra de cada um se fará manifesta” Amém? Assim como em Marcos se fala da obra de cada um, em 1ª aos Coríntios se fala também da obra de cada um.
Agora vejamos 2ª aos Coríntios; como na primeira falou da obra de cada um, agora também explica sobre a obra do outro, e do fundamento alheio; quer dizer, posto, da parte de Deus, por outro. Vamos a 2ª aos Coríntios capítulo 10 verso 16; e vou ler o do verso 12 para ter o contexto: “Porque não nos atrevemos (porque isso seria um atrevimento) a nos contar nem a nos comparar com alguns que louvam a si mesmos; (não terá que se contar nem se comparar com os que louvam a si mesmos) mas eles, medindo a si mesmos por si mesmos…” Um, quando está sozinho, encontra que é o melhor, que é a última palavra, e como dizemos: é a última Coca-cola no deserto, verdade?; então isso não é sábio, medir-se a si mesmo por si mesmo, “e comparando-se consigo mesmos, não são judiciosos”; ou seja, por aí começam a “afrouxar as porcas a um”; por isso é necessário estar dentro da comunhão, sem perder a identidade entregue pelo Senhor, mas sem isolar a identidade individual da identidade coletiva do corpo e da obra coletiva. Então diz: “Mas nós…” ah! Paulo está fazendo diferença entre alguns meio louquinhos e (diz:) “nós”; oxalá estejamos entre os cordatos e não entre os louquinhos; “mas não nos glorificaremos desmedidamente…”; aqui usa uma palavra: “desmedido”; o que quer dizer desmedido? Não estar dentro das medidas, ficar curto ou ultrapassar-se, ir além do que lhe corresponde, ou não ir até onde lhe toca. Então, quando você não vai até onde te toca, você está sendo irresponsável, e vais afetar o corpo; e quando vai além do que te toca, também afetas ao corpo. Então por isso se fala de uma medida; não terá que desmedir-se, nem por defeito, nem por excesso, “…a não ser conforme à regra que Deus nos deu por medida”. Há algo no Novo Testamento que se chama uma regra dada Por Deus para medir, para saber até onde tenho que chegar, e só até onde posso chegar; isso é o que se chama um “prumo”, uma regra dada Por Deus como medida; Deus dá uma regra; essa regra diz: até aqui posso chegar e até aqui tenho que chegar, mas daqui para lá não posso me ultrapassar. Então, logo explica assim: “a regra que Deus nos deu por medida, para chegar também até vós”; ou seja, que a regra tem que ver com a chegada pioneira até os outros.
Por exemplo, Paulo chegou a Corinto enviado Por Deus, e começou um trabalho em Corinto; então ele tem que pôr da parte de Deus o fundamento em Corinto, mas não em Jerusalém, porque em Jerusalém correspondeu a Pedro, a Tiago e a João; e também, quando Paulo ia se meter em Bitínia, o Espírito Santo lhe disse: não, não vá a Bitínia; quem devia ir era Pedro; sim, a Pedro correspondeu ir a Bitínia. Quer dizer que Deus entregou Bitínia ao Pedro, e entregou a Paulo, a Macedônia. Se Deus disser a Paulo: vem para a Macedônia, e não vá a Bitínia, e não te meta na Mésia, quer dizer que há um ambiente no qual ele vai ser útil, e outro no que não. Paulo, eu sei, eu conheço meus amado em Jerusalém, Paulo, não vão receber seu testemunho em Jerusalém, eu lhe envio longe aos gentios; lá vou te usar com os gentios; em Jerusalém se vai armar um problema; desde que você chegar vão te fazer isto e aquilo; dão-se conta?
Medidas, medidas; a obra de cada um, a obra de outro, a medida apropriada de relacionar-se, a obra do um com a do outro, porque a obra dos dois, ou dos três, ou dos cinco, é já diferente, são diferentes, são particulares, são complementares, não rivais, nunca devemos atuar de uma maneira rival, mas sim de uma maneira complementar, porque o outro não vai ser como você, nem você como o outro, mas não são inimigos, são complementares, mas no complemento devemos aprender até onde eu posso chegar, inclusive até onde devo chegar, e onde não devo me colocar, e onde devo aprender a retirar minha mão.
Diz assim o verso 15: “Não nos glorificamos desmedidamente em trabalhos alheios”. Há um alegrar-se ou glorificar-se que é legítimo, mas há um que é desmedido; o que quer dizer trabalhos alheios? Que Deus encarregou ao pâncreas fazer um trabalho; o fígado pode ajudá-lo, podem complementar-se; mas não vai fazer o fígado o mesmo trabalho do pâncreas; e tampouco podemos dizer: têm que escolher; ou se vão com o fígado ou se vão com o pâncreas? Não!, mas sim necessitamos ao pâncreas como o pâncreas é, e necessitamos ao fígado como o fígado é; necessitamos aos dois, não temos que pô-los a brigar, lhe deixemos ser distintos, apoiar-se, complementar-se, não estorvar-se, dão-se conta? Além disso, Deus entregou jurisdições a cada um que não devem ser violadas. “Não nos glorificamos desmedidamente em trabalhos alheios, mas sim esperamos (porque nisto terá que ter muita paciência) que conforme cresça sua fé (ou seja, quando os irmãos sejam mais amadurecidos, não agora, a não ser depois) seremos muito engrandecidos entre vós, conforme a nossa regra”. por agora somos criticados, e não nos consideram apóstolos, diz Paulo; mas agora em nossos tempos reconhecemos a Paulo. Muitas vezes, quando vai se partir o pão, nem sequer se usam as palavras de Jesus nos evangelhos, a não ser as de Paulo. Muitas vezes não se lêem as palavras do Senhor em Mateus, nem em Marcos, nem em Lucas, nem em João, mas sim se lê quase sempre a Paulo em 1ª aos Coríntios. Agora honramos a Paulo, mas quando Paulo esteve no meio deles, foi tratado como se fosse um inferior, dão-se conta?
Segue dizendo Paulo: “…mas sim esperamos que conforme cresça sua fé seremos muito engrandecidos entre vós, conforme a nossa regra; e que anunciaremos o evangelho nos lugares além de vós, sem entrar na obra de outro…”. Não é que não possa entrar, se lhe convida, mas sim ensina que não se deve entrar para glorificar-se no que já estava preparado. Se da parte de Deus correspondeu tal jurisdição a Paulo, com Timóteo, com Tito, com qualquer deles, sob sua autoridade, e fundar a igreja em Corinto, então são eles os que devem pôr as coisas em ordem ali, são eles os que devem nomear aos anciões, e auditar as situações; não corresponde aos que fundaram a igreja em Jerusalém, fazer na de Corinto; a Paulo não corresponde fazer isso em Jerusalém, mas lhe corresponde fazê-lo em Corinto. E diz Paulo que ele procurou não glorificar-se desmedidamente nos trabalhos alheios; porque é muito fácil, quando uma árvore está plantada, sentar-se a sua sombra e comer de seu fruto; o que é difícil é plantar a árvore quando não há árvore, e regá-la, e cuidá-la até que esteja grande, para que possam vir as aves e fazer seus ninhos ali. Por isso Paulo preferia anunciar a Cristo onde não tivesse sido renomado, para não edificar sobre fundamento alheio. Mas outros pretendiam diz que pregar a Cristo, mas para semear animadversão contra Paulo, e apartar aos irmãos dele, para que estes lhes sirvam , glorificando-se em trabalhos alheios. A Palavra de Deus nos ensina qual é a ética ministerial do Espírito Santo.

Me siga você.

Então, tudo isto quer dizer que existem na Palavra de Deus certos cuidados e delicadezas do Espírito Santo que devemos guardar. Mas ao mesmo tempo, não devemos pôr muralhas muito altas como se fôssemos um corpúsculo independente; isso seria um excesso por um lado; a obra do Senhor, e a obra de cada um, está vinculada com a obra de outros; e temos que admitir com sabedoria, generosidade e prudência a outros, e temos que aprender a viver dentro das medidas; e ao mesmo tempo, tem que manter sua identidade de função; você não é tudo, é sozinho uma parte; e como outros são outros e funcionam distinto, eles não têm as mesmas cargas que você tem; não lhes importam certas coisas, e possivelmente sintam menosprezo pelo que foi encomendado; então agora você não pode dizer: já que aos outros não gosta disto que eu faço, não o vou fazer mais. Não, mas sim você tem que fazer o que a ti corresponde, embora outro não o faça; te tocou fazer isto; pode ser que o outro diga: eu não o faria assim, mas sim eu o faria assado. Bom, é que você é outro membro; faz o teu em sua jurisdição como melhor saiba fazer. Que cada um trabalhe livremente, mas não pretendamos manipular aos demais.

Táticas infiltradoras e destrutivas de Satanás.

vamos ver um exemplo no livro de Neemías, onde temos um precioso exemplo de como Satanás é ardiloso para estorvar a obra do Senhor. Vocês recordam o que diz o Livro do Neemías depois do trabalho de Sanbalá e do Tobías e Gesém; diz que paralisaram a obra, estorvaram-na. No capítulo 6, a Sociedade Bíblica pôs este título: “Maquinações dos adversários”; Ó! Temos um adversário que é Satanás, com seus demônios, que têm suas maquinações; e essas maquinações dele as infiltra em corações de pessoas, às vezes desapercebidas, e as maquinações de Satanás passam a ser maquinações de seres humanos, que têm em seu coração alguma animadversão; e Satanás usa essa animadversão para provocar problemas e estorvar a obra. Então é necessário ter muito cuidado com as maquinações de Satanás. Diz o capítulo 6: “Quando ouviram Sanbalá e Tobías e Gesém o árabe (que é chamado também Gasmú, porque está em árabe e em hebraico) e outros de nossos inimigos, que eu tinha edificado o muro, e que não ficava nele brecha (embora até aquele tempo não tinha posto as folhas nas portas)…”; ainda não estava tudo bem fechado, mas já se estava fazendo o muro para fazer separação entre o santo e o profano; ah! notem aqui a maquinaria “ecumênica”; notem aqui como Satanás utiliza aqui essa animadversão, essa brechinha, essa coisinha, para criar um ambiente desanimador.
Verso 2: “Sanbalá e Gesém enviaram a me dizer: Vêem e nos reunamos em alguma das aldeias no campo do Ono. Mas eles haviam pensando me fazer mau”. Ou seja, o que havia em seus corações era animadversão, mas por fora parecia unidade, nos reunamos, façamos as coisas juntos; mas eles queriam estar ali para exercer uma pressão não nascida do Espírito, não nascida da comissão divina, a não ser nascida de seus interesses particulares, de sua animadversão. “nos reunamos, nos reunamos”. Irmãos, como lhes dizia, Paulo diz em Filipenses: Alguns pregam a Cristo sinceramente; mas há pessoas, diz Paulo, que pregam a Cristo não sinceramente, mas sim por luta e pensando acrescentar aflição a minhas prisões. Eles tinham “coisinhas” com Paulo; então anunciavam a Cristo, isso era o bonito, isso era o caramelo por fora, ah! é Cristo, não Paulo, é Cristo, não Paulo, diziam; mas a obra de Cristo a estava fazendo Cristo por Paulo; em troca eles se cobriam sob o nome de Cristo para fazer sua própria obra contra Paulo; eram as maquinações de seu próprio coração; todas estas acontecem, e as utiliza Satanás para estorvar a obra de Deus.

Devidas distâncias.

Segue dizendo Neemías aqui: “E lhes enviei mensageiros, dizendo: Eu faço uma grande obra, e não posso ir; porque cessaria a obra, deixando-a eu para ir a vós”. Neemías não caiu na armadilha da homogeneização, onde aqueles queriam controlar, impor sua opinião e dirigir as coisas, sendo que lhe tinha encomendado a ele especificamente fazer isto. Mas recordemos também o que aconteceu com aquele profeta jovem que Deus lhe deu uma comissão, mas por lá lhe chegou um profeta velho e lhe disse: Eu também sou profeta de Deus como você; além disso sou mais velho e tenho mais experiência; como é que não vais comer e a beber aqui comigo? vêem, comamos e nos sentemos aqui. E o pobre profeta jovem se deixou homogeneizar, deixou alienar sua obra encomendada a ele Por Deus, e desobedeceu a comissão direta que ele recebeu; a comissão era para que fora, falasse, e se voltasse sem comer nem beber nada desse lugar, porque essa seria a maneira de dizer: não participo com vós em seu pecado, vos anúncio o julgamento. Mas o outro profeta velho, ardiloso, “experiente”, diplomático, político, fez-lhe desviar de sua comissão a esse profeta jovem, e o profeta jovem desobedeceu a Deus, e se sentou a comer, e descuidou sua comissão, e morreu. por que morreu? porque desobedeceu; já Deus não podia mais contar com ele. Quando você tem uma comissão que é de Deus, primeiro tem que saber ser de Deus, e também o corpo deve examinar, mas em Espírito, porque às vezes tem supostas “democracias”, chamadas melhor “carnocracias”, que criam certas pressões sociais sobre os irmãos para manipulá-los, para controlá-los. O Espírito Santo nunca faz isso; o Espírito Santo sempre é respeitoso com cada pessoa; não trata de manipular, nem controlar. Quando quer criar um ambiente coercitivo e “policialesco”, então não veremos o ambiente espiritual apostólico de Pedro, Tiago e João, a não ser o conspirativo e invejoso do Sanbalá, Tobías e Gesém o árabe, “apóstolos” de outro, “apóstolos” das maquinações do adversário, dão-se conta?. Como reagiu Neemías? Eu faço uma grande obra, eu tenho que fazer o que me foi encomendado, não pretendo que o meu seja o único, mas farei minha parte o melhor que posso, e tenho que honrar meu ministério, como disse Paulo; não vou permitir que seja desonrado, porque não se trata sozinho de mim, mas sim da obra de meu Senhor. o de Neemías e Paulo, Moisés e Samuel, não era sozinho um assunto meramente humano deles, mas sim era algo do Senhor.
Agora, quando estamos no corpo, temos que aprender a respeitar o ministério dos outros, e aprender ou seja levar a coordenação, sem necessidade da homogenização, e sem necessidade do isolamento; não está bem o isolamento, mas tampouco está bem que nós deixemos alienar a obra do Senhor por uma pressão que não nasceu do Espírito, e que contradiz a comissão. O livro do Neemías segue dizendo no verso 4: “E enviaram para mim com o mesmo assunto até quatro vezes”; notem, eles queriam meter-se no que outros estavam edificando, mas não para colaborar, a não ser para estorvar; não se davam conta de que seu critério estava influenciado por Satanás; assim o está acostumado a fazer. Há uma grande diferença, que se pode notar, quando alguém está em um espírito de colaboração, ou quando vai ser usado por Satanás para estorvar. Verdade que se pode notar?
Segue dizendo o verso 5: “Então…”; ah! eles insistiam e insistiam; mas então agora já começaram a mostrar as garras; primeiro Sanbalá era muito diplomático, “nos reunamos”; mas o que era o que haveria no coração dessa reunião? De onde teria nascido essa reunião? Irmãos, não pensem que terá que reunir-se sempre. Às vezes há pessoas que organizam reuniões com a intenção de estorvar a outros; para isso alguns fazem reuniões, para estorvar aos servos de Deus em seu trabalho; não pensem que isso não acontece; acontece muitas vezes. Diz aqui: “Então Sanbalá enviou para mim seu criado para dizer o mesmo pela quinta vez, com uma carta aberta em sua mão”; agora começa a pressão mais dura, agora começam as acusações: quer te engrandecer, querem fazer-se vocês os maiores, como disseram Corá, Datã e Abirão a Moisés e a Aarão; o mesmo disseram aqui a Neemías: “ouviu-se entre as nações, e Gasmú (que é o mesmo Gesém, só que um é em árabe e outro em hebraico) o diz, que você e os judeus pensam rebelar-vos”; começam a acusar de rebelião; a quem não se submete à maquinaria da pressão “eclesiastoide”, lhe tratam de rebelde; pessoas que têm comissão de Deus às vezes são tratados de rebeldes, porque os querem manipular e eles não se deixam, como disse Paulo: não cedemos aos que dizendo-se irmãos, entraram encobertamente para estorvar a liberdade que temos em Cristo, aos quais nem por um minuto cedemos, para que a verdade de Deus permanecesse convosco. Paulo vivia e falava do corpo de Cristo, mas ele não era tolo; ele discernia o espírito que se movia na política eclesiástica. Segue o livro do Neemías: “diz, que você e os judeus pensam se rebelar; e que por isso edifica você o muro, (as medidas, as regras de Deus), e segundo se diz (ou seja, essas são suas intenções) segundo estas palavras, de ser você o rei deles (quer te fazer o rei), e que puseste profetas que proclamem a respeito de ti em Jerusalém, dizendo: Há rei em Judá! E agora serão ouvidas do rei as tais palavras; vem, portanto, e consultemos juntos”. Como querem se meter no que não lhes corresponde!; isso é o que se chama “rabugice”, colocar os narizes onde não se deve; e o que é pior, com más intenções.
Verso 8: “Então enviei eu a lhe dizer: Não há tal coisa como diz, mas sim de seu coração você o inventa. Porque todos eles nos amedrontavam, dizendo: Debilitarão-se as mãos deles na obra, e não será terminada (isso era o que eles queriam, ou seja, Satanás, mas às vezes ele usa corações humanos) Agora, pois, Ó Deus, fortalece você minhas mãos.” depois veio a pressão por meio de falsas profecias; agora lhe chegaram com falsas profecias: “Tendo eu ido à casa de Semaías, filho de Delaías, filho de Meetabel (que estava encerrado), disse ele: Vamos juntamente à Casa de Deus, ao meio do templo (como quem diz: oremos juntos) e fechemos as portas do templo, porque vêm para te matar; sim, esta noite virão a te matar. Então disse: Um homem como eu tem que fugir? E quem há, como eu, que entre no templo para que viva? Não entrarei. E entendi que Deus não o tinha enviado, (notem: uma coisa que parecia boa, orar juntos) mas sim falava aquela profecia contra mim porque Tobías e Sanbalá o tinham subornado”. Inclusive há pessoas que não se dão conta de que foram subornadas, porque os subornadores são tão sutis, que destilam frasezinhas como as de Absalão, para pôr o povo contra Davi. Aquela pessoa atuou manipulada.
Irmãos, na edificação da casa de Deus, todos juntos fazemos uma só obra; essa única obra geral tem muitas partes; cada um tem sua parte, e cada um tem que fazer sua parte com retidão ante Deus, defender o que foi dado e fazê-lo, não deixar-se alienar, nem intimidar, nem manipular, nem amedrontar, nem estorvar; mas bem faça o melhor que possa. Como disse o Senhor: trabalhem enquanto é de dia, porque vem a noite quando ninguém pode trabalhar. Enquanto haja tempo de fazer as coisas, as faça, antes que se levantem contra ti para estorvar seu trabalho. Se Deus te deu algo pra fazer, faz com diligência, faz o melhor que possa, não faça como o profeta novo que se deixou enganar pelo velho; mas ao mesmo tempo te lembre de que sua parte é só uma parte do corpo, que tem que te complementar com outros verdadeiros de coração limpo, que não importam as diferenças exteriores a não ser a identidade de espírito; temos que conviver com os que de coração limpo invocam ao Senhor, não nos isolar, mas sim estar com outros irmãos genuínos para edificar o corpo; se for pâncreas, sejas um bom pâncreas, mas não trate de ser fígado-pâncreas; deixa ao fígado ser fígado, e não trate de fazer ao pâncreas, fígado; e trabalhem juntos em harmonia, cada um dentro de seus limites, dentro do reconhecimento mútuo, como Deus fez que Paulo reconhecesse ao Tiago, Cefas e João, e também Deus fez que Tiago, Cefas e João reconhecessem a graça que lhe tinha sido dada ao Paulo. E ao haver um reconhecimento mútuo deve haver decoro, decência, cuidado, responsabilidade, sem ir mais à frente, nem ficar mais para cá, nem no extremo do isolamento, nem no extremo da homogeneização, da manipulação, porque Satanás sempre tentará roubar, matar e destruir; e com isto estou terminando, embora o Espírito não me deixe ainda terminar, pois tenho que dizer algo mais: Satanás sempre quer roubar a obra dos que fazem o trabalho no Espírito. O Senhor trabalha em e com os irmãos, e começam a evangelizar, começam-se a reunir, começam-se a multiplicar; então chega um “presidente de uma missão”, com sua pessoa jurídica, ah!, tiremos este, planejam, e ponhamos ao pastor de nosso Instituto; mas esse “pastor” importado, que não nasceu ali, o que faz é danificar o que outro, o usado Por Deus, fazia; e ao verdadeiro servo de Deus lhe dão a cotovelada, e o apartam, e então estes arrivistas vêm a cobrir-se na árvore alheia, e a fazer estorvo; dão-se conta meus irmãos? Satanás sempre obra assim, através do aparelho, através do carro de bois, através de uma organização humana, motivada erradamente, com origem que não é celestial, colocando a mão, “nos reunamos”, “consultemos juntos”, até “oremos juntos”, mas com tal de que você não siga obedecendo a Deus, a não ser a outro critério; dão-se conta irmãos? Em muitas obras de pessoas que começaram com Deus, depois os irmãos cometem o engano de entregar o trabalho que foi encomendado, a X ou Y denominação ou grupo, ou a tal “pastor”, ou a tal organização, para que se faça cargo; mas estes o que fazem é desbaratar o que Deus tinha feito. Deus tinha encomendado a uns esse trabalho, e lhes abriu a porta , usou-os, e portanto são eles quem deve guardar essa obra, lhe pôr muros, ser porteiros, e guardá-la para o governo de Cristo, do Espírito e da Palavra, e não entregar irresponsavelmente o que foi encomendado, em outras mãos que tenham outros interesses.
Na política eclesiástica há muita gente que vive do modus vivendi eclesiástico. É necessário tomar cuidado com isso. Sempre aparecerão pessoas com pele de ovelha dizendo: Irmão, vejo que vocês têm muitos grupinhos pelas casas, eu estudei no seminário tal, e fui pastor em tal denominação, por que não me dá um desses grupinhos? Que fácil, verdade? por que não começam eles mesmos a reunir pessoas em sua própria casa para evangelizar e edificar? Não lhes estou dizendo coisas que não acontecem, a não ser coisas que acontecem muito freqüentemente na cristandade, por causa de que os irmãos não têm claras estas coisas: a obra de Deus, a obra do ministério e a obra de cada um. Cada um deve ser fiel ao fazer sua obra; não de maneira isolada; não devemos pretender ser os únicos, a não ser estar em concordância com os que de coração limpo invocam ao Senhor, em um bom espírito. Quando vir outro espírito, assim como este que promoveram Sanbalá, Tobías e Gesém, guarda distância, porque a Palavra do Senhor diz: em vão se tenderá a armadilha aos olhos da ave; e também diz a Escritura: foge como gazela do que arma laços. Armar laços implica aquelas pressões vis para alienar sua obra. Então faz o que tem que fazer, mas como não é sozinho, fâ-lo na verdadeira comunhão do corpo, mas te assegure de que seja a verdadeira, te assegure de que é algo do Espírito, algo que o Espírito organizou. O Espírito colocou pessoas diferentes juntas para complementarem-se, para amarem-se, para reconhecerem-se mutuamente, para trabalhar juntos; mas não para rivalizar, nem para estorvar, nem para alienar, manipular, controlar; o controle quem deve ter sempre é o Espírito Santo, porque é Ele quem reparte a cada um como Ele quer.

Disposições soberanas de Deus.

Deus não reparte como te parece. Às vezes nós alargamos com ligeireza e atrevimento nossa mão, e queremos ser nós os que repartimos como nos parece; e dizemos: vamos baixar a este, e vamos subir àquele, como se fôssemos o Espírito Santo. Que tal que os apóstolos houvessem dito: “Como é possível que Paulo apareça tanto em Atos dos Apóstolos? Mas Tomé quase não aparece; vamos trocar o livro dos Atos, rebaixemos páginas a Paulo, e dêmos páginas à Tomé e a outros que não apareceram tampouco. Ponhamos um capítulo para Pedro, um para o Tiago, outro para o André, e assim sucessivamente; assim seremos melhores”. Mas, amados irmãos, não foi isso o que o Senhor inspirou. Mas bem disse o Senhor: lhe tirem àquele a mina, e dêem ao que tem dez, pois ao que tem lhe será dado, mas ao que não tem, ainda o que tivesse lhe seria tirado.
Quando eu era jovem, ouvia os Beatles; e quando ia olhar a autoria das canções, via: esta do Lennon- McArtney, esta do Lennon-McArtney, quase sempre; ah! esta por fim é do Harrison; mas continuava Lennon-McArtney, Lennon-McArtney, quase sempre; por aí, cada terceiro disco, ou mais, uma do Ringo; mas, ah!, eu com minha justiça própria queria que fosse uma do Ringo, outra Lennon, outra do Harrison, outra do McArtney, todos igualados com minha rasoura; mas não é como nós queremos. Irmãos, tomem cuidado para não colocar as mãos para manipular a Igreja do Deus Vivo como lhe gostaria ou como a outros gostariam e utilizam a você para pressionar. Deus reparte como Ele quer; além disso, não somos ninguém para julgar a obra de outro. O que for pra mim? Devo fazer o melhor que posso, e devo ter a melhor relação que posso com os outros irmãos, assim que de mim dependa; mas não devo permitir que o que recebi do Senhor, e tenho que fazer, seja alienado. Sem me isolar do corpo, a não ser com o Espírito, em comunhão, com prudência, sabendo até onde se pode chegar, etc. etc. Eu confio em que o Espírito Santo confirmará o que Dele seja; e o que seja meramente meu, oxalá também os mostre Deus, para que se livrem do meramente meu, e fiquem com o que é do Senhor. Obrigado irmãos.

animadversão[Do lat. animadversione.]
Substantivo feminino. 1.V. repreensão (1). 2.Rancor, ódio, aversão:

Depósito, Ortodoxia e Espírito- Gino Iafrancesco

Depósito, Ortodoxia e Espírito, O que Deus tem confiado à Igreja.
O bom depósito

A palavra chave do que estivemos olhando na revista anterior é a palavra «administração». Agora, mediante Deus, vamos passar a um segundo conceito, relacionado também com o de administração: o depósito.
Administração é o acerto administrativo de Deus, para que o que é dele e para ele, circule, e produza o efeito que Deus quer produzir. Agora, relacionado com essa administração, devemos ter consciência do depósito. Para a igreja foi encomendado nas mãos, no coração, no espírito, podemos dizer, no ventre, um depósito.
Agora, este depósito tem vários aspectos. Então, abramos a Bíblia na segunda epístola de Paulo a Timóteo, que poderíamos chamar como o testamento do apóstolo Paulo antes de morrer. E justamente por isso, por ser como uma espécie de testamento tem essa configuração de encargo, de encomenda.
Algo precioso que veio do céu para ficar na terra e produzir fruto para Deus foi encomendado aos santos da parte de Deus o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Então, a igreja deve tomar consciência de que ela é um vaso depositário de um conteúdo riquíssimo.

Dois aspectos do depósito
E é um conteúdo que, antes de entrar em detalhe, vamos ver de maneira global em dois aspectos principais: um conteúdo interior, um conteúdo dinâmico, que podemos chamar espiritual. Esse conteúdo interior é uma essência que o Senhor converte e distribui como uma fragrância; é uma realidade espiritual. Logicamente que é mais que palavras; mas, como diz a Escritura, é algo que também falamos.Então, vamos tomar consciência desses dois aspectos. Primeiro, o depósito, o pacote celestial que o Senhor pôs nas mãos e no espírito da igreja, como realidades espirituais, e também a sua administração falada, o ministério da Palavra, do que o Senhor nos deu.Poderíamos relacionar o aspecto da Palavra com a ortodoxia da verdade. Logicamente, não vamos falar só da ortodoxia da verdade, mas também da verdade da ortodoxia, que é o seu conteúdo, o seu espírito. Então, esses dois aspectos, no capítulo 1 da 2ª epístola de Paulo a Timóteo, aparecem claramente nos versos 13 e 14. Vejamos como o Espírito do Senhor movia o apóstolo Paulo neste depósito e nestes dois aspectos do depósito.O aspecto exterior também é da parte de Deus, porque o Senhor não só se encarregou do vinho, mas também do odre. O Senhor faz corresponder o vinho com o odre e o odre com o vinho. Para cuidar do vinho, ele se ocupou também do odre, porque o vinho novo em odre velho se rompe; rompe o odre e o vinho é derramado e se perde. De maneira que o Senhor, que aprecia o vinho, dá-nos o odre. Claro que um odre sem vinho seria uma tragédia, mas o Senhor se encarrega das duas coisas.Às vezes, nós somos muito suscetíveis e dedicados somente ao odre, e nos falta o principal, que é o próprio Senhor, que é o próprio vinho. Mas o Senhor se encarregou das duas coisas, do que é de dentro e do que é de fora, porque ele é o Senhor de tudo.«Retenhas…». O verbo que utiliza aqui é «reter». No capítulo seguinte é «guardar». Ou seja, é uma riqueza que foi confiada à igreja para ser retida e para ser guardada. Por isso, em outros contextos desta mesma carta e da carta anterior, o apóstolo fala de guardar, fala de encomenda.Por exemplo, no final do capítulo 6 de 1ª Timóteo, no verso 20, diz: «Timóteo, guarda…». Há um conteúdo. O Senhor Jesus também fala como Paulo; diz à igreja: «Lembra-te do que tens recebido, e guarda-o», e adverte à igreja em Sardes que algumas das coisas que vieram do céu, o que foi confiado à igreja, algumas coisas foram se perdendo; essas realidades e sua expressão foram se perdendo na igreja. Então o Senhor diz: «…não tenho achado as tuas obras perfeitas».As obras da igreja em Sardes já não eram perfeitas, porque tinha perdido algo do que lhe tinha sido confiado. A igreja deve ter um claro conhecimento espiritual, uma clara consciência de que algo específico, definido e completo lhe foi confiado desde o começo ao colégio dos apóstolos, para que dali passasse aos anciões e às igrejas. E que, ainda que o diabo tenha procurado separar esse depósito da igreja, o Espírito Santo tem velado inclusive para restaurar e recuperar a plenitude do conteúdo, e cremos que o Espírito Santo continua nessa vigilância, porque uma das suas tarefas é conduzir a igreja à toda verdade.Então, Paulo diz: «Timóteo, guarda o que te foi encomendado…». É uma encomenda, um pacote espiritual, algo definido, algo claro, do qual eles, os primeiros depositários, tinham clara consciência, e velavam espiritualmente sobre isso. E essa mesma consciência nós devemos ter. Às vezes não temos consciência do depósito; às vezes temos gosto por algumas das coisas espirituais, das coisas cristãs, das coisas bíblicas; o que nos interessam, e estamos com elas, ruminamo-las, e outras descuidamos; mas justamente aquilo que descuidamos é onde se faz o buraco, e por aí penetra Satanás.Por isso precisamos ter consciência de sermos juntos um vaso coletivo, a quem foi confiado algo imenso e rico, que todos devemos conservar. E não só conservar, mas também, diz Paulo que essa palavra de Deus, que é completa, tem o poder de sobreedificar na graça de Deus. Ou seja, a própria palavra de Deus vai se enriquecendo; à medida que o povo de Deus a desfruta, a Palavra vai ficando cada vez mais preciosa. Ela é a mesma de sempre, mas para nós é cada vez mais preciosa; cada vez a vemos melhor, cada vez a compreendemos melhor, podemos relacionar uma parte com outra de uma maneira melhor, porque toda ela às vezes nos esconde e às vezes nos revela o nosso Senhor.A princípio, parece que ele está escondido na Palavra, e a princípio nem sequer relacionamos a Palavra com Cristo, e em algumas porções da Palavra não vemos ainda nada do Senhor, mas com o tempo o que é próprio dele vai aparecendo em todos os aspectos da Palavra. E todos estão relacionados em uma cosmovisão, uma visão completa que vai de eternidade a eternidade, e que apresenta o nosso Deus, a beleza do nosso Deus e Cristo, a beleza do seu Espírito, e, portanto a beleza que a igreja herda, que a igreja vai cada vez mais adquirindo na medida em que desfruta do Senhor, e a palavra do Senhor produz fruto, germina, na vida da igreja.Então, voltando para 2ª Timóteo, vemos estes dois aspectos: o aspecto da ortodoxia da verdade, e o da verdade ou realidade espiritual da ortodoxia. Os dois, intimamente ligados, um no 13 e outro no 14.«Retenha a forma das sãs palavras que de mim ouviste, na fé e amor que há em Cristo Jesus» (2ª Tim. 1:13). Nessa frase é manifestado o cuidado do Espírito em relação à ortodoxia da verdade – a forma das sãs palavras. Há umas palavras, que foram inspiradas pelo Espírito, que transmitem a verdade, e essas palavras é o que estamos chamando a ortodoxia, que poderíamos identificar com o Novo Testamento como cumprimento ou realização do Antigo Testamento.Poderíamos dizer que a Bíblia é o conteúdo da ortodoxia, mas logicamente não é só uma ortodoxia seca, meramente doutrinária, intelectual e externa, ainda que também implica. Deus fez o ser humano completo; cada parte do ser humano tem a sua função, e cada função tem que estar integrada, sujeita à cabeça que é Cristo. Assim que a doutrina tem também que sujeitar-se a Cristo. Os assuntos doutrinários, teológicos, ideológicos, também devem expressar a Cristo. Esse é um aspecto do que Deus criou no homem, e deve submeter-se a Cristo.Mas antes de terminar o verso 13, já começa a transitar para o conteúdo interior. Começa a dizer que essa forma das sãs palavras, de onde vem essa expressão que também é paulina, sã doutrina, começa a mostrar que não é algo meramente exterior, não somente uma correção doutrinária, não somente uma teologia correta. Paulo diz que essas palavras são «na fé e amor que há em Cristo Jesus». Cristo Jesus é a realidade da fé e a realidade do amor. Paulo dizia: «A vida que agora vivo, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e a si mesmo se entregou por mim». Ele não diz a fé no Filho, mas a fé do próprio Filho.Paulo fala da fé do Filho. Ou seja, que essas palavras são palavras na fé, muito diferentes das simples palavras, as repetições de papagaios. Os papagaios também dizem palavras; eles poderiam aprender o credo de Nicéia e repeti-lo de cor. Mas não é só essa a correção que o Senhor espera, a vigilância que ele espera de sua igreja quanto ao depósito. Os santos não são papagaios, mas filhos e filhas de Deus, nascidos de mistério, por um elemento celestial que desceu do céu e que enche as palavras e o testemunho da igreja, e que é o que precisam as pessoas que têm que receber o testemunho.As pessoas precisam ser tocadas pelo Espírito da Palavra. Nós também necessitamos a realidade da Palavra, e esse é o trabalho do Espírito Santo – lhe dar substantividade, realidade à Palavra, e passar essa realidade a nós através da fé, pois estas palavras são realidade na fé e no amor.Graças a Deus que em Cristo existe a fé e existe o amor, e as palavras do Senhor nunca estão separadas da fé. Por isso Paulo dizia que ele, primeiro, antes de falar, teve que crer. Diz: Cri que as promessas de Deus são verdadeiras, cri que o que Deus diz é verdade. Creio que o Senhor é fiel à sua Palavra; creio que o seu Espírito Santo está aí, para substantivar, para sustentar as promessas de Deus com fidelidade, e realizar o que só ele pode realizar.Mas Paulo cria; por isso, ele disse: «Cri, por isso falei». Então, as palavras, a forma das sãs palavras, a sã doutrina de Cristo e dos apóstolos, não é só uma ortodoxia. Elas são na fé e são no amor, e a fé e o amor também são em Cristo, e são um presente. Graças a Deus, que Deus nos libertou da necedade de ter que imitar a fé ou imitar o amor. Deus sabe que nós, em nós mesmos, não temos nem fé nem amor; mas ele se encarregou de nos dar fé, um dom de Deus, e derramar o amor pelo Espírito. Isso é um primeiro trabalho de Deus o Pai, do Filho e do Espírito Santo: dar-nos a fé e derramar o seu Espírito de amor. E isto, Deus faz.Graças a Deus, porque já nos encontramos com Deus. Deus já nos alcançou, já nos tocou, o celestial já entrou em nosso espírito, e agora estamos conhecendo uma realidade pela fé, uma realidade espiritual que transcende o que os nossos olhos vêem e os nossos ouvidos ouvem, porque estamos diante do Senhor, crendo em sua palavra. Não estamos diante de homens, nem estamos considerando a Bíblia como palavra meramente de homens.As palavras do Senhor Jesus são o falar de Deus; as palavras dos apóstolos não são de homens, são a mesma administração que vem do céu, do Pai pelo Filho e agora pelo Espírito, através dos apóstolos, através do Novo Testamento. Essas palavras nos tem tocado. No princípio, nem entendíamos o que líamos, mas pouco a pouco começamos a entender. E aí entrou a nova vida em nosso ser, em nosso ventre espiritual, e esse menino começou a formar-se no ventre da igreja. Cristo começou a crescer na mulher que tem dores de parto. Mas Cristo já está se formando nela, e essas são coisas de fé, de fé e de amor.«Retenha…». Paulo não diz reter somente a fé, mas inclusive «a forma das sãs palavras… na fé e amor que há em Cristo Jesus». Temos que reter não só as sãs palavras, mas também a fé e o amor dessas palavras, porque as palavras de Deus são em fé e são em amor. E assim temos que retê-las, e são parte do depósito. Assim na última frase do verso 13, já nos deslocamos para a realidade interior; da forma das sãs palavras, descobrimos que essas sãs palavras são na fé, são no amor, e a fé e o amor são em Cristo.Então, Paulo repete de novo, como é o estilo hebraico de repetir as coisas, uma frase e logo outra, e passa ao verso 14 já completamente dentro, atrás do véu. Diz: «Guarda…», que é como a «Retenha…». «Guarda o bom depósito». E agora nos diz qual é o segredo para poder guardar, para reter a frescura da palavra de Deus. Porque às vezes nós na mera ortodoxia exterior fazemos como papagaios, aprendemos o credo correto, mas desvinculado da fé e do amor, desvinculado da dependência do Senhor. Trasladamos do Senhor outra vez para nós mesmos. Já não sabemos as coisas, então as repetimos sem dependência do Senhor, sem atender a ele no espírito, sem nos voltarmos no espírito para ele.Mas Paulo diz: «Guarda o bom depósito pelo Espírito Santo, que habita em nós». Esse já é um fato – o Espírito Santo já habita em nós, e ele não está ocioso, e uma de suas funções é nos ajudar a guardar o bom depósito, fazer permanecer a palavra do Senhor fresca.O Espírito Santo, e somente o próprio Espírito Santo é a frescura da palavra de Deus. Por isso, sempre temos que sair de nós, nos tornarmos para o Senhor e solicitar o seu toque, para que ele, em sua fidelidade, nos renove outra vez a frescura do Espírito. O irmão Orville Swindoll há muitos anos em Buenos Aires compartilhou uma mensagem que ele intitulou «Para uma renovação constante», justamente enfatizando este segredo.Qual era o segredo de uma renovação constante? A vida religiosa às vezes entra em uma inércia, e nos acostumamos a fazer as coisas sem depender do Senhor. Até a própria oração pode tornar-se algo rotineiro, algo apenas de postura; é como se fosse um dever que, como cristãos, devemos obedecer. Então, temos que orar, temos que ler a Bíblia, temos que pregar, e vamos fazendo muitas coisas por rotina ou por inércia. E assim as coisas vão morrendo, porque a realidade das coisas é o Espírito, e o Espírito habita em nós.E é uma grande necedade nossa que, tendo o Espírito Santo morando em nós, nós não atentamos para o Espírito Santo, não nos voltamos para ele, não lhe tocamos a porta e lhe dizemos: ‘Senhor, não quero dar um passo se não estiver comigo’. Como Moisés dizia: «Senhor, se tu não fores conosco, não nos tire daqui, nos deixe aqui tranqüilos. O que nós vamos fazer lá? Se não fores conosco, não nos tire daqui».Mas o Senhor prometeu ir conosco, prometeu estar conosco todos os dias, até o fim do mundo, e a fidelidade dele não depende da nossa excelência, porque ninguém é excelente, a não ser o Senhor. Nós somos frágeis, pessoas más, totalmente corruptas, capazes de qualquer barbaridade, e por isso mesmo temos que estar nos voltando para o Senhor. ‘Senhor, não me deixe solto como um cão raivoso, porque eu vou causar um dano em sua vinha. Tenha misericórdia, Senhor, guarda-me! Mantenha-me crucificado, porque eu mesmo não me sinto crucificado se não for pelo poder da tua cruz’.Por isso, necessitamos que o Senhor, constantemente, esteja nos retendo na cruz e ao mesmo tempo esteja nos ajudando. E ele está completamente tendo prazer de fazer isto, porque isso é o que ele quer fazer, é o que ele é capaz de fazer, e ele deseja poder fazê-lo. Então, é por meio do Espírito Santo que guardamos o bom depósito.O bom depósito se refere ao dispensar-se de Deus, a administração do próprio Deus. Há a administração de Deus, da multiforme graça de Deus, dos mistérios de Deus; mas nessa administração Deus tem que estar, tem que estar o Espírito. Essa é a diferença fundamental entre o Antigo Testamento, o antigo pacto, que era o da mera letra, que era o dos mandamentos, mas que não tinha nada haver conosco, que estava fora de nós, em tábuas de pedra, em rolos, nos filactérios, nas paredes e nas vergas das portas, mas não estava em nosso espírito.Mas, no Novo Testamento, o Senhor, em sua bondade, decidiu nos dar a seu Filho. O verbo é «dar». Não nos vendeu; nunca teríamos podido pagar, nunca teríamos condições de merecer, mas Deus deu a seu Filho; deu-nos vida quando estávamos mortos; deu-nos o espírito, que é um dom; deu-nos a fé, deu-nos tudo.Então, como o temos, senão somente crendo nele? Contando com ele, contando que ele é fiel e nos ajudará. E essa deve ser a nossa dependência constante. ‘Senhor, se tu queres fazê-lo, tu o farás. Se quiser que eu esteja ali, amém, mas tu tens que estar, porque se não, o que eu faço sozinho? Tu tens que estar’. E ele o faz, e ele sempre está com a igreja, sempre está com cada um de nós, porque ele é fiel.Ele quer fluir, mas às vezes nós o ofendemos; então, com essas retrações e contrações do Espírito, ele vai corrigindo, para que não sejamos ofensivos em sua presença. Nossa jactância o ofende; nosso menosprezo a outros o ofende. Qualquer atitude nossa que não é própria, ele tem que assinalá-la, para que nós possamos estar a seus pés, e quanto mais escondidos e desaparecidos, melhor, e enquanto olharmos para ele, muito melhor. Por isso, mediante o Espírito, o depósito, a frescura de toda a palavra de Deus, de toda a visão que foi confiada, mantém-se fresca. (Continuará).Resumido de uma mensagem ministrada em Temuco, em agosto de 2008

Irmãos em Cristo Jesus.

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Mt 5:14 "Vós sois a luz do mundo"