Extraído do Livro " O Homem Espiritual"
Muitos crentes, senão a maioria deles, não foram cheios do Espírito Santo no momento em que acreditaram no Senhor. E o que é ainda pior, depois de muitos anos de terem crido, continuam presos nas redes do pecado e ainda são cristãos carnais. Nas páginas que seguem, tudo o que tentamos explicar sobre como se pode libertar um cristão de sua carne está apoiado na experiência dos crentes de Corinto e também na de muitos crentes parecidos de todas partes.
Além disso, não desejamos dar a entender que um cristão deve primeiro acreditar na obra substitutiva da cruz e posteriormente acreditar em sua obra identificativa. Não é verdade, entretanto, que muitos, no princípio não têm uma revelação clara em relação à cruz? O que receberam é só a metade de toda a verdade, e por isso têm que receber a outra metade em um período posterior.
Mas, se o leitor já aceitou a obra completa da cruz, o que vai encontrar aqui não lhe interessará muito. Mas se, como a maioria de crentes, também acreditou unicamente na metade de toda a verdade, então lhe é indispensável o resto. Mesmo assim, queremos seriamente que nossos leitores saibam que não é necessário aceitar as duas faces da obra da cruz em separado; a segunda aceitação só é necessária para quem recebeu a primeira de maneira incompleta.
A libertação da cruz
Em sua carta aos Gálatas, depois de enumerar muitos atos da carne, o apóstolo Paulo adverte que «os que pertencem a Jesus Cristo crucificaram a carne com suas paixões e desejos» (Gl. 5:24). Eis aqui a libertação. Não é estranho que o que interessa ao crente difere muito do que interessa a Deus? O crente está interessado nas «obras da carne» (Gl. 5:19), quer dizer, nos pecados variados da carne. Está ocupado com a irritação de hoje, o ciúmes de amanhã ou a disputa de depois de amanhã. O crente se lamenta por um pecado em particular e deseja conseguir a vitória sobre ele. Entretanto, todos estes pecados só são frutos da mesma árvore. Enquanto se agarra uma fruta (em realidade não se pode agarrar nenhuma) aparece outra. Crescem uma atrás de outra e não dão nenhuma possibilidade de vitória. Por outro lado, Deus não está interessado nas obras da carne mas sim na crucificação da carne.
«E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.» (Gl. 5:24).
Se tivessem arrancado a árvore haveria alguma necessidade de temer que desse fruto?
O crente trabalha ativamente fazendo planos para controlar os pecados, que são as frutas, enquanto se esquece de tratar a própria carne — que é a raiz —. Não é estranho que antes de que possa resolver um só pecado já surgiu outro. Por isso hoje devemos tratar a origem do pecado.
Os recém-nascidos em Cristo precisam se apropriar do profundo significado da cruz porque ainda são carnais. O objetivo de Deus é crucificar junto com Cristo o velho homem do crente, com o resultado de que os que pertencem a Cristo «crucificaram a carne com suas paixões e desejos».
Tenham presente que o que foi crucificado é a carne junto com suas poderosas paixões e desejos.
Posto que o pecador foi regenerado e redimido de seus pecados por meio da cruz, agora o menino carnal em Cristo deve ser libertado do domínio da carne pela mesma cruz para que possa andar segundo o espírito e já não segundo a carne. Depois disto não passará muito tempo antes de que seja um cristão espiritual.
Aqui encontramos o contraste entre a queda do homem e a ação da cruz. A salvação que proporciona esta é justamente o remédio para aquela. Que adequação tão perfeita entre as duas!
Primeiro Cristo morreu na cruz pelo pecador para perdoar seu pecado. Portanto, o Deus santo podia perdoá-lo com justiça. Mas a seguir está o fato de que o pecador também morreu na cruz com Cristo para que não possa ser controlado mais por sua carne. Só isto pode fazer que o espírito do homem recupere seu próprio domínio, que o corpo seja seu servidor externo e que a alma seja sua intermediária. Desta forma, o espírito, a alma e o corpo são restaurados a sua posição original anterior à queda. Se ignoramos o significado da morte que descrevemos, não seremos libertados. Que o Espírito Santo seja nosso Revelador!
«Os que pertencem a Cristo Jesus» se refere a todo crente no Senhor. Todos os que creram nEle e nasceram de novo lhe pertencem. O fator decisivo é se se esteve unido a Ele na vida, não se se é espiritual ou se se trabalhar para o Senhor, nem se se conseguiu libertação do pecado; venceram-se as paixões e desejos da carne e agora se é plenamente santificado. Em outras palavras, a pergunta só pode ser: foi-se regenerado, ou não? acreditou-se no Senhor Jesus como Salvador, ou não? Se for sim, não importa o estado espiritual atual — em vitória ou em derrota —, crucificou-se a carne».
O assunto que temos adiante não é moral, nem é coisa da vida, conhecimento ou obras espirituais. Simplesmente é se se é do Senhor. Se for assim, então já se crucificou a carne na cruz. Está claro que isto significa, não que alguém vai crucificar, nem que está no processo de crucificação, mas sim que já crucificou.
Convém ser mais explícito aqui. Assinalamos que a crucificação da carne não depende das experiências, por muito diferentes que possam ser, mas sim depende do fato da obra terminada de Deus.
«Os que pertencem a Cristo Jesus» — tanto os fracos como os fortes — «crucificaram a carne com suas paixões e desejos».
Dizeis que ainda pecais, mas Deus diz que fostes crucificados na cruz.
Dizeis que vosso mau gênio persiste, mas a resposta de Deus é que fostes crucificados.
Dizeis que vossas paixões continuam sendo muito poderosas, mas novamente Deus replica que vossa carne foi crucificada na cruz.
De momento, façam o favor de parar de olhar suas experiências e ouçam o que Deus lhes diz. Se não escutarem sua Palavra e em lugar disso observarem continuamente sua situação, jamais viverão a realidade de que sua carne foi crucificada na cruz. Não façam caso de seus sentimentos e de sua experiência. Deus declara crucificada sua carne, e conseqüentemente, ela foi crucificada. Respondam simplesmente à Palavra de Deus e terão experiência. Quando Deus lhes diz que «sua carne foi crucificada», devem responder: «Amém, é verdade que minha carne foi crucificada.» Atuando desta maneira, segundo sua Palavra, comprovarão que sua carne está verdadeiramente morta.
Os crentes de Corinto se permitiram cometer os pecados de fornicação, ciúmes, disputas, espírito partidarista, pleitos e muitos outros. Eram claramente carnais. É certo que eram «meninos em Cristo», mas mesmo assim eram de Cristo. Pode-se dizer realmente que estes crentes carnais haviam tido sua carne crucificada na cruz? A resposta é indubitavelmente que sim. Inclusive estes haviam tido crucificada sua carne. Como é isso? Devemos compreender que a Bíblia jamais nos diz que nos crucifiquemos. Só nos informa que «fomos crucificados». Devemos compreender que não temos que ser crucificados individualmente, mas sim fomos crucificados junto com Cristo (Gl. 2:20; Rm. 6:6). Se foi uma crucificação conjunta, então quando o Senhor Jesus foi crucificado, nesse momento também foi crucificada nossa carne. Além disso, a crucificação junto com a sua não a sofremos pessoalmente, posto que foi o Senhor Jesus quem nos levou a cruz em sua crucificação. Em conseqüência, Deus considera nossa carne já crucificada. Para Ele é um fato consumado. Sejam quais forem nossas experiências pessoais, Deus declara que «os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne». Para possuir esta morte não devemos dedicar muita atenção a investigar ou observar nossas experiências. Em vez disso devemos acreditar na Palavra de Deus. «Deus diz que minha carne foi crucificada e por isso acredito que está crucificada. Reconheço que o que diz Deus é verdade.» Respondendo desta maneira logo nos encontraremos com a realidade disto. Se primeiro olhamos o ato de Deus, nossa experiência virá a seguir.
Da perspectiva de Deus, esses coríntios já tinham crucificada sua carne na cruz com o Senhor Jesus, mas do seu ponto de vista é evidente que não tinham semelhante experiência. Possivelmente isto se devia a seu desconhecimento de fato de Deus. Daí que o primeiro passo para a libertação é tratar a carne segundo o ponto de vista de Deus. E o que é isso? Não é tentar crucificar a carne, mas sim reconhecer que foi crucificada; não é andar segundo nossa vista, mas sim segundo nossa fé na Palavra de Deus. Se estivermos bem assentados neste ponto de reconhecer que a carne já está crucificada, então poderemos tratar com a carne em nossa experiência. Se titubearmos quanto a este fato perderemos a possibilidade de possuí-lo definitivamente. Para experimentar a crucificação junto com Jesus, primeiro devemos deixar de lado nossa situação atual e simplesmente confiar na Palavra de Deus.
O Espírito Santo e a experiência
«Enquanto estávamos vivendo na carne, nossas paixões pecaminosas... obravam em nossos membros para dar fruto de morte. Mas agora estamos... mortos...» (Rm. 7:5, 6).
A conseqüência disto é a carne já não ter nenhum poder sobre nós.
Acreditamos e reconhecemos que nossa carne foi crucificada na cruz. Agora — antes não — podemos fixar nossa atenção no tema da experiência. Embora agora destaquemos a experiência, mesmo assim nos aferremos firmemente ao feito de nossa crucificação com Cristo.
O que Deus tem feito por nós e o que experimentamos da obra acabada de Deus, embora sejam duas coisas distinguíveis, são inseparáveis.
Deus fez o que podia fazer. A pergunta imediata é: Que atitude adotamos em relação à sua obra terminada? Ele crucificou nossa carne na cruz, não de nome, mas sim de fato. Se acreditamos e exercemos nossa vontade para escolher o que Deus tem feito por nós, esta experiência será nossa para sempre. Não se nos pede que façamos nada, porque Deus tem feito tudo. Não se nos exige que crucifiquemos nossa carne, porque Deus a crucificou na cruz.
Crêem que é certo? Desejam possuí-lo em sua vida? Se acreditarem e desejarem, então colaborarão com o Espírito Santo para conseguir uma rica experiência.
Colossenses 3:5 nos exorta: «Exterminai, pois, as vossas inclinações carnais.»
Este é o caminho para a experiência. O «pois» indica a conseqüência do dito no versículo 3, «morrestes». O «morrestes» é o que Deus obteve para nós. Posto que «morrestes», pois, «façam morrer o que é terrestre em vós». Aqui, a primeira menção da morte é nossa posição de fato em Cristo; a segunda é nossa experiência real. O fracasso dos crentes de hoje pode achar-se no fracasso em ver a relação entre estas duas mortes. Alguns tentaram anular sua carne porque têm insistido exclusivamente na experiência da morte. Por isso sua carne cresce mais forte com cada tentativa! Outros reconheceram a verdade de que sua carne de fato foi crucificada com Cristo na cruz, mas não procuram a realidade prática disso. Nenhum destes pode jamais apropriar-se em sua experiência da crucificação da carne.
Se desejamos fazer morrer nossos membros, devemos primeiro ter uma base para semelhante ação, pois do contrário simplesmente confiaríamos em nossas forças. Nenhum grau de entusiasmo pode nos trazer jamais a experiência desejada. Além disso, se unicamente soubermos que nossa carne foi crucificada com Cristo, mas não nos preocupamos de que sua obra acabada trabalhe em nós, nosso conhecimento também será inútil. Para fazer morrer nossos membros devemos primeiro passar pela identificação de sua morte. Conhecendo nossa identificação, devemos então proceder ao fazer morrer nossos membros. Estes dois passos devem acontecer juntos. Enganamos a nós mesmos se nos conformamos em simplesmente entender o fato da identificação, achando que agora somos espirituais posto que a carne foi destruída. Por outro lado, também nos enganamos se, ao fazer morrer as más ações da carne colocamos nisso muita ênfase e falhamos em tomar a atitude de que a carne morreu. Se esquecermos que a carne está morta, nunca poderemos nos desprender de nada, enterrar nada. O «façam morrer» depende do «morrestes». Aqui, o fazer morrer significa levar a morte do Senhor Jesus a todas as ações da carne. A crucificação do Senhor tem muita autoridade porque faz morrer aquilo com que se enfrenta. Como estamos unidos a Ele em sua crucificação, podemos aplicar sua morte a qualquer membro que seja tentado pelas paixões e fazê-lo morrer imediatamente.
Nossa união com Cristo em sua morte significa que é um fato em nossos espíritos. O que o crente deve fazer agora é tirar esta morte de seu espírito e aplicá-la a seus membros cada vez que suas paixões despertem. Esta morte espiritual não é coisa para uma vez e pronto. Se o crente não se mantiver vigilante ou se perde a fé, é indubitável que a carne entrará em um frenesi de atividade. Que deseje ser totalmente conformado à morte do Senhor, deve fazer morrer sem cessar as ações de seus membros para que o que é real no espírito se realize no corpo.
Mas de onde vem o poder para aplicar a crucificação do Senhor a nossos membros? Paulo insiste em que é «pelo Espírito que se fazem morrer as ações do corpo» (Rm. 8:13). Para fazer morrer estas ações, o crente deve confiar no Espírito Santo para converter sua crucificação conjunta com Cristo em uma experiência pessoal. Deve acreditar que o Espírito Santo aplicará a morte da cruz a tudo o que tenha que morrer. Em vista do fato de que a carne do crente foi crucificada com Cristo na cruz, não tem que ser crucificada de novo. Tudo o que se precisa é aplicar, por meio do Espírito Santo, a morte consumada do Senhor Jesus em favor dele sobre a cruz a qualquer ação má do corpo que tente elevar-se. As obras más da carne podem surgir em qualquer momento e em qualquer lugar. Como conseqüência, se o filho de Deus não faz valer constantemente pelo Espírito Santo o poder da santa morte de nosso Senhor Jesus, não poderá triunfar. Mas se enterrar as ações do corpo deste modo, o Espírito Santo que habita nele realizará finalmente o propósito de Deus de deixar inoperante o corpo do pecado (Rm. 6:6).
Apropriando-se da cruz deste modo, o menino em Cristo será libertado do poder da carne e será unido ao Senhor Jesus na vida da ressurreição.
Daí em diante o cristão deveria «andar pelo espírito, e não satisfazer os desejos da carne» (Gl. 5:16). Deveríamos recordar sempre que por muito profundamente que penetre em nossas vidas a cruz do Senhor, não podemos esperar evitar mais perturbações das más ações de nossos membros sem uma constante vigilância por nossa parte. Sempre que um filho de Deus fracassa em seguir o Espírito Santo, isto tem como conseqüência imediata seguir à carne. Deus nos descobre a realidade de nossa carne por meio do perfil que o apóstolo Paulo faz do eu do cristão em Romanos 7 a partir do versículo 5. No momento em que o cristão deixa de fixar sua atenção no Espírito Santo, instantaneamente se encaixa no modelo de vida carnal que descrevemos. Alguns dão por certo que, como o capítulo de Romanos 7 está entre os capítulos 6 e 8, a atividade da carne será coisa do passado assim que o crente a tenha passado e tenha entrado na vida do Espírito em Romanos 8. Na realidade os capítulos 7 e 8 são paralelos. Se um crente não andar pelo Espírito segundo Romanos 8, fica submerso imediatamente na experiência de Romanos 7.
«Assim, por mim mesmo sirvo à lei de Deus com minha mente, mas com minha carne sirvo à lei do pecado» (7:25).
Observem que Paulo conclui a descrição de sua experiência, explicada antes deste versículo 25, usando a frase «assim». Notamos uma contínua derrota em todo o versículo 24. Só no versículo 25 se vê a vitória:
«Graças a Deus por meio de Jesus Cristo nosso Senhor» (v. 25a).
No momento de conseguir a vitória depois de derrotas constantes lemos que Paulo diz:
«Eu por mim mesmo sirvo à lei de Deus com minha mente.»
Aqui está nos dizendo que sua nova vida deseja o que Deus deseja. Porém, essa não é toda a história, porque imediatamente Paulo declara:
«mas com minha carne sirvo à lei do pecado».
E encontramos isto dito exatamente depois de sua vitória no versículo 25a. A conclusão óbvia é que não importa o muito que sua mente interior possa servir à lei de Deus e por mais que se veja livre da carne, esta permanece invariável e continua servindo à lei do pecado. Por isso, se desejamos ser guiados pelo Espírito Santo (Rm. 8:14) e ser libertados da opressão da carne, devemos fazer morrer as más ações do corpo e andar e conformidade com o Espírito Santo.
A existência da carne
Notemos com atenção em que, embora possamos fazer morrer a carne para que fique «inútil» (o significado real de «destruir» em Rm. 6:6), a carne continua resistindo, apesar de tudo. É um tremendo engano pensar que já eliminamos a carne e deduzir que a natureza do pecado está completamente aniquilada. Este falso ensino engana às pessoas. A vida regenerada não modifica a carne. A crucificação conjunta em Cristo não suprime a carne. O fato de que o Espírito Santo habite em uma pessoa não a impossibilita para andar segundo a carne. A carne, com sua natureza carnal, vive perpetuamente no crente. Assim que tenha uma oportunidade, passará à ação de modo imediato.
Vimos anteriormente o quão estreitamente relacionados estão o corpo humano e a carne.
Enquanto não chegue o momento de nos libertar fisicamente deste corpo não poderemos estar suficientemente libertados da carne, de modo que esta não tenha nenhuma oportunidade de atuar.
Todo o que nasce da carne é carne. Não há maneira possível de eliminá-la até que este corpo corrompido do Adão não seja transformado. Nosso corpo ainda não está redimido (Rm. 8:23); espera o volta do Senhor Jesus para sua redenção (1 Co. 15:22, 23,42-44,51-56; 1 Ts. 4:14-18; Fp. 3:20,21). Assim pois, enquanto estivermos no corpo devemos nos manter continuamente alertas para que a carne não entre em ação com suas más obras.
Nossa vida na terra se pode comparar, na melhor das hipóteses, com a de Paulo, que dizia que «embora andemos na carne não militamos segundo a carne» (2 Co. 10:3).
Como ainda possui um corpo, anda na carne. Entretanto, como a natureza da carne é tão corrupta, não luta segundo a carne. Anda na carne, sim, mas não anda pela carne (Rm. 8:4).
Enquanto o crente não é libertado do corpo físico, não está totalmente livre da carne.
Fisicamente falando, deve viver na carne (Gl. 2:20); espiritualmente falando, não lhe é necessário e não deve lutar segundo a carne.
Vejamos bem, se Paulo, segundo a conclusão evidente de 2 Coríntios 10:3, estando no corpo, é suscetível de lutar segundo a carne (embora deduzamos do v. 4 que não luta nesse sentido), então quem se atreve a dizer que já não tem uma carne potencialmente ativa? A obra terminada da cruz e sua contínua aplicação por parte do Espírito Santo são, por conseguinte, inseparáveis.
Devemos prestar uma atenção especial a este ponto porque apresenta sérias conseqüências.
Se um crente chega a acreditar que está totalmente santificado e que já não tem carne, viverá uma vida de aparência, falsa, ou uma vida indolente e relaxada. Aqui temos que destacar um fato. Os filhos nascidos de pais regenerados e santificados ainda são da carne e precisam nascer de novo como outros meninos.
Ninguém pode dizer que não são da carne e que não precisam nascer de novo. O Senhor Jesus afirmou que «o que nasce da carne é carne» (Jo. 3:6). Se o que nasce é carne, isto mostra que o que dá a luz também deve ser carne, porque só a carne pode engendrar carne. O fato de que os filhos são carnais testemunha de maneira concreta que os pais não estão totalmente liberados da carne. Os santos transmitem a seus filhos a natureza caída unicamente porque, originariamente era a sua. Não podem transmitir a natureza divina recebida na regeneração, já que essa natureza não é a sua original, a não ser a recebida individualmente como um dom gratuito de Deus. O fato de que os crentes comuniquem sua natureza pecadora a seus filhos indica que sempre está presente neles.
Considerada dessa perspectiva, vemos que uma nova criatura em Cristo nunca recupera, nesta vida, a posição que Adão tinha antes da queda, posto que pelo menos o corpo ainda está esperando a redenção (Rm. 8:23). Uma pessoa que é uma nova criatura, continua conservando a natureza pecaminosa em seu interior. Ainda está na carne. Seus sentimentos e seus desejos são imperfeitos às vezes e são menos nobres que os de Adão antes da queda. Se não eliminar a carne humana de seu interior, não pode ter sentimentos, desejos ou amor perfeitos. O homem jamais pode chegar à posição de estar acima de toda possibilidade de pecar, visto que a carne persiste. Se um crente não seguir o Espírito Santo mas, em vez disso ceder para a carne, estará, certamente, sob o domino da carne. Entretanto, apesar destas realidades, não devemos empobrecer a salvação realizada por Cristo. A Bíblia nos diz em muitas passagens que tudo o que foi engendrado de Deus e foi cheio com Deus não tem nenhuma inclinação para o pecado. Não obstante, isto não significa que, definitivamente, não haja possibilidade de ter um desejo pecaminoso. Exemplificando: dizemos que as bóias de madeira não têm tendência de afundar, mas é obvio que não são insubmergíveis. Se a madeira fica encharcada o tempo suficiente, afundará por si só. Mesmo assim, a natureza de uma tora de madeira é claramente de não afundar. De maneira análoga, Deus nos salvou até o ponto de não termos inclinação para pecar, mas não nos salvou até o ponto de sermos incapazes de pecar.
Se um crente permanecer totalmente inclinado a pecar, isto mostra que é a carne e que não se apropriou da salvação total. O Senhor Jesus pode nos desviar do pecado, mas além disso devemos estar alertas. Sob a influência do mundo e a tentação de Satanás, a possibilidade de pecar se mantém.
Naturalmente, um crente deve compreender que em Cristo é uma nova criatura. Como tal, o Espírito Santo vive em seu espírito; e isto, junto com a morte de Jesus trabalhando ativamente em seu corpo, pode equipar o crente para viver uma vida santa. Isto só é possível porque o Espírito Santo aplica a cruz na carne do crente, fazendo morrer as ações de seus membros. E então fica inativa. Entretanto, isto não implica que já não existe a carne. Porque um crente continua possuindo uma carne pecaminosa e é consciente de sua presença e de sua contaminação. O próprio fato de que a natureza pecaminosa seja transmitida aos filhos deixa claramente estabelecido de que o que agora possuímos não é a perfeição natural de Adão sem pecado.
O crente deve confessar que inclusive em suas horas mais santas pode haver momentos de fraqueza: podem introduzir-se maus pensamentos em sua mente inconscientemente; podem escapar palavras impróprias sem querer; sua vontade pode, às vezes, encontrar dificuldade em ceder diante do Senhor; e secretamente pode, inclusive, aprovar a idéia da auto-suficiência.
Tudo isso não é nada mais do que a obra da carne.
Por isso os crentes devem saber que a carne pode voltar a exercer seu poder a qualquer momento. Não foi eliminada do corpo. Mas a presença da carne tampouco significa que a santificação seja impossível para um crente. Só quando entregamos nosso corpo ao Senhor (Rm. 6:13) é possível libertar-nos do domínio da carne e estar sob o domínio do Senhor. Se seguirmos o Espírito Santo e mantivermos uma atitude de não deixar que o pecado reine sobre o corpo (Rm. 6:12), então nossos pés ficam livres de tropeçar e experimentamos uma vitória constante. Havendo sido libertado, nosso corpo se converte em templo do Espírito Santo e é livre para fazer a obra de Deus. Assim, a maneira de preservar nossa liberdade da carne tem que ser exatamente a maneira com que se obteve esta liberdade no princípio, naquela conjuntura entre a vida e a morte, quando o crente diz «sim» a Deus e «não» à carne. Longe de ser um fato único, de uma vez para sempre, o crente deve manter durante toda sua vida uma atitude afirmativa diante de Deus e uma resposta negativa para o pecado.
Nenhum crente consegue chegar ao ponto de estar acima da tentação. Quão necessário é vigiar e orar, e inclusive jejuar, para poder saber como andar segundo o Espírito Santo! Apesar de tudo, o crente não deveria diluir nem o propósito de Deus nem sua própria esperança. Tem a possibilidade de pecar, mas não deve pecar. O Senhor Jesus morreu por nós e crucificou nossa carne com Ele na cruz. O Espírito Santo vive em nós para tornar real para nós o que o Senhor Jesus fez. Temos a absoluta possibilidade de não ser governados pela carne. A presença da carne não é uma chamada à rendição, mas sim uma chamada a vigiar. A cruz crucificou por completo à carne. Se estivermos dispostos a anular as más obras do corpo no poder do Espírito Santo, experimentaremos seriamente a obra consumada da cruz.
«assim, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne, porque se viverem segundo a carne morrerão, mas se pelo Espírito fazem morrer as ações do corpo, viverão» (Rm. 8:12, 13).
Posto que Deus concedeu semelhante graça e salvação, a culpa será toda nossa se continuarmos seguindo a carne. Já não lhe somos devedores como o fomos antes de conhecer esta salvação. Se agora persistirmos em viver pela carne é porque queremos viver assim, não porque devemos viver assim. Muitos santos amadurecidos experimentaram uma vitória sustentada sobre a carne. Embora a carne permaneça, seu poder está reduzido virtualmente a zero. Sua vida, junto com sua natureza e suas atividades, foi posta em suspensão de maneira tão contundente pela cruz do Senhor no poder do Espírito Santo, que foi relegada a um estado de existência como se não estivesse presente. Devido à profunda e persistente obra da cruz e à fidelidade dos santos em seguir ao Espírito Santo, a carne, embora exista, perde toda sua existência. Inclusive seu poder para estimular aos crentes parece estar anulado. Todos os crentes podem obter este triunfo total sobre a carne.
«Se pelo Espírito fazem morrer as ações do corpo, viverão.»
Toda a relação expressa neste versículo se apóia nessa palavra: «se».
Deus fez tudo o que era necessário. Não pode fazer nada mais. A decisão é nossa. Se descuidarmos desta perfeita salvação, como escaparemos?
«Se viverem segundo a carne morrerão»: isto é uma advertência. Embora estejam regenerados, mesmo assim perderão sua experiência espiritual, como se não estivessem vivos.
Se viverem «pelo Espírito» também morrem, mas morrem na morte de Cristo. Esta morte é muito autêntica porque anulará todas as ações da carne. De um ou outro modo morrerão. Que morte escolhem: a que procede de uma carne viva ou a que surge de um espírito ativo? Se a carne estiver viva, o Espírito Santo não pode viver com força.
Que vida preferem: a da carne ou a do espírito? A provisão de Deus para vocês é que sua carne e todo seu poder e suas atividades fiquem sob o poder da morte de Cristo na cruz. O que nos falta não é outra coisa senão a morte.
Deixemos isto bem claro antes de falar de vida, porque não pode haver ressurreição se antes não houver morte.Estamos dispostos a obedecer a vontade de Deus? Deixaremos que a cruz de Cristo se manifeste de uma maneira prática em nossas vidas? Se for assim, devemos fazer morrer com o Espírito Santo todas as ações más do corpo.
Para a Edificação do Corpo de Cristo!! Mateus 5:9 Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos maduros de Deus.
domingo, 24 de janeiro de 2010
Um Chamado aos Apóstatas- John Wesley
'O Senhor irá se ausentar para sempre? E Ele não será mais solicitado? Rejeitará o Senhor para sempre e não tornará a ser favorável? Cessou para sempre a sua benignidade? Acabou-se já a promessa de geração em geração?' (Salmos 77:7)
1. A presunção é uma das grandes armadilhas do diabo, em que muitos dos filhos dos homens são levados. Eles, então, se prevalecem sobre a misericórdia de Deus, de maneira a esquecer totalmente de Sua justiça. Embora Ele tenha declarado expressamente, 'Sem santidade nenhum homem verá ao Senhor', ainda assim, eles alimentam a esperança de que, no fim, Deus irá sobrepujar Sua palavra. Eles imaginam que eles podem viver e morrer em seus pecados, e, não obstante, 'escaparem da condenação do inferno'.
2. Mas, embora existam muitos que são destruídos pela presunção, existem muitos mais que perecem pelo desespero. Eu quero dizer, pela falta de esperança; por pensar que é impossível que eles possam escapar da destruição. Muitas vezes, tendo lutado contra seus inimigos espirituais, e sempre dominados, eles entregam suas armas, e não lutam mais, uma vez que não têm mais esperança da vitória. Sabendo, através de experiência melancólica, que eles não têm poder em si mesmos, para auxiliar a si próprios, e tendo nenhuma expectativa de que Deus irá ajudá-los, colocam-se debaixo de seu fardo. Não se esforçam mais; já que eles supõem que isto seja impossível que alcancem.
3. Neste caso, como em milhares de outros, 'o coração conhece sua própria amargura, mas um estranho não se intromete com sua aflição'. Não é fácil para estes, conhecerem o que eles nunca sentiram. Porque, 'quem conhece as coisas de um homem, a não ser o espírito do homem que está nele?'. Quem conhece, a não ser, através de sua própria experiência, o que este tipo de espírito errante quer dizer? Em conseqüência, existem poucos que sabem como compreender os sentimentos daqueles que estão debaixo desta desagradável tentação. Existem poucos que têm devidamente considerado o caso; poucos que não estão iludidos pelas aparências. Eles vêem os homens seguirem em direção ao pecado, e tomam por certo, que eles estão sendo meramente presunçosos: Enquanto que, na realidade, ele vem de um princípio completamente contrário; -- eles estão em desespero apenas. Tanto eles não têm esperança, afinal, -- e, enquanto este é o caso, eles não se esforçam, decerto, -- quanto eles têm alguns intervalos de esperança, e, enquanto ele dura, eles 'se esforçam pelo domínio'. No entanto, esta esperança logo acaba: Eles, então, cessam de se esforçarem, e 'são feitos cativos de satanás e de vontade dele'.
4. Este é freqüentemente o caso, com respeito àqueles que começam a seguir bem, mas logo se cansam na sua estrada celeste; em particular, com aqueles que, uma vez, 'viram a glória de Deus na face de Jesus Cristo', mas, que, mais tarde, afligiram Seu Espírito Santo, e naufragaram na fé. De fato, muitos destes, correram em direção ao pecado, como um cavalo dentro da batalha. Eles pecam com pulso forte, como a suprimir completamente o Espírito Santo de Deus; de modo que Ele os entrega às luxúrias de seus próprios corações, e permite que eles sigam a própria imaginação deles. E estes, que estão assim desesperados, podem ser completamente estúpidos, sem tanto terem medo, quanto tristeza, ou prudência; extremamente sossegados e despreocupados com respeito a Deus, ou céu, ou inferno; para os quais, o deus deste mundo não contribui com pouco, cegando e endurecendo seus corações. Mas ainda, até mesmo esses não seriam tão negligentes, não fosse pela desesperança. A grande razão porque eles não têm tristeza ou cuidado, é porque eles não têm esperança. Eles verdadeiramente acreditam que eles têm desafiado a Deus, de tal forma, que 'Ele não mais poderá ser solicitado'.
5. E, ainda assim, nós não devemos desistir completamente, mesmo destes. Nós temos conhecido alguns, mesmos daqueles despreocupados, a quem Deus tem visitado novamente, e os tem restaurado para seu primeiro amor. Mas nós podemos ter muito mais esperança por aqueles apóstatas que não são negligentes, que ainda estão apreensivos; -- aqueles que ficariam satisfeitos, se pudessem escapar da armadilha do diabo, mas pensam que isto é impossível. Eles estão completamente convencidos de que eles não podem salvar a si mesmos, e acreditam que Deus não irá salvá-los. Eles acreditam que eles têm 'encarcerado sua bondade no desprazer', irrevogavelmente. Eles se fortificam ao acreditar nisto, pela abundância de motivos; e a menos que essas razões sejam claramente removidas, eles não podem esperar por qualquer livramento.
E com o objetivo de aliviar essas almas desesperançadas e desamparadas, que eu proponho, com a assistência de Deus: --
I. Inquirir qual os principais motivos, destes que induzem tantos apóstatas a lançarem fora a esperança; e suporem que Deus se esqueceu de ser gracioso. E,
II. Dar uma resposta clara e completa a cada um deles.
I
Em Primeiro Lugar, eu vou inquirir quais as principais razões, que induzem tantos apóstatas a pensarem que Deus se esqueceu de ser gracioso. Eu não quero dizer todas as razões; porque inumeráveis são as que tanto o próprio coração pecaminoso deles, quanto a velha serpente irão sugerir; mas as principais delas; -- aquelas que são mais plausíveis e, portanto, mais comuns.
1. O primeiro argumento, que induz muitos apóstatas a acreditarem que 'o Senhor não mais poderá ser solicitado', é esboçado da mesma razão da coisa: 'Se', dizem eles, ' um homem se rebela contra um príncipe terreno, muitas vezes, ele morre, por causa da primeira ofensa; ele paga com sua vida, pela primeira transgressão'. Ainda assim, se o crime for possivelmente extenuado, através de alguma circunstância favorável, ou, se uma forte intercessão for feita por ele, sua vida pode ser devolvida. Mas, se, depois de um perdão completo e livre, ele for culpado de se rebelar, uma segunda vez, quem se atreveria a interceder por ele? Ele não deve esperar por misericórdia além. Agora, se alguém se rebela contra um rei terreno, depois de ter sido perdoado livremente, uma vez, ele não pode, com alguma plausibilidade da razão, esperar ser perdoado, uma segunda vez; assim sendo, qual deve ser o caso daquele que, depois de ter sido perdoado livremente pela rebelião contra o grande Rei no céu e terra, rebela-se contra Ele novamente? O que pode ser esperado, a não ser aquela 'vingança que virá sobre ele ao extremo?'.
2. Este argumento, esboçado da razão, eles reforçam, através de diversas passagens das Escrituras. Um dos mais fortes destes, é aquele que ocorre na Primeira Epístola de João: (I João 5:16) 'Se alguém vir pecar seu irmão, pecado que não é para morte, orará, e Deus dará a vida àqueles que não pecarem para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que ore'. Por esta razão, eles argumentam: 'Certamente, eu não dizer que ele deva suplicar por ela, é equivalente a, eu dizer que ele não deve suplicar por ela'. Assim, o Apóstolo supõe que aquele que cometeu este pecado, esteja, de fato, em um estado desesperado! Tão desesperado, que nós não podemos, nem mesmo orar por seu perdão; nós não podemos pedir pela vida dele. E o que podemos razoavelmente supor ser um pecado para a morte, do que uma rebelião obstinada em busca de um perdão completo e livre?
'Considere, Em Segundo Lugar', dizem eles, 'aquelas passagens terríveis na Epistola de Hebreus'; uma das quais ocorrem, no sexto capítulo, e a outra no décimo. Para começar com o último:
(Hebreus 10:26-31) 'Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação horrível de juízo, e ardor de fogo, que há de devorar os adversários. Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto castigo maior, cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue da aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça? Porque bem conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, eu darei a recompensa, diz o Senhor. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo!'.
Agora, aqui não está expressamente declarado pelo Espírito Santo, que nosso caso é desesperado? Não está declarado que, 'se, depois de nós termos recebido o conhecimento da verdade', depois de o termos experimentalmente conhecido, 'nós pecamos terrivelmente', -- o que, sem dúvida, o fizemos, e isto, repetidas vezes, -- 'resta outro sacrifício, para o pecado, do que buscar pelo julgamento e indignação flamejante, que deverá devorar os adversários?'.
"E não é esta passagem, no sexto capítulo, exatamente paralela com isto? (Hebreus 6:4) 'Porque é impossível que os que já foram iluminados, uma vez, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, -- se eles se tornaram apóstatas'; (literalmente, e recaíram) 'sejam, outra vez, renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério'".
"É verdade, que alguns são da opinião de que é improvável que essas palavras sejam tomadas literalmente, como denotando absoluta impossibilidade; mas, tão somente, uma dificuldade muito grande. No entanto, não parece que temos alguma razão suficiente para descartarmos o sentido literal; já que ele nem sugere algum absurdo, nem contradiz quaisquer outras Escrituras. Estas, então", dizem eles, "eliminam toda esperança; vendo que nós, indubitavelmente, 'testamos do dom celestial, e fomos feitos parceiros do Espírito Santo?'. Como é possível 'nos renovarmos novamente para o arrependimento'; para uma mudança inteira no coração e vida? Vendo que nós temos crucificado para nós mesmos, 'o filho de Deus novamente, e o exposto à vergonha declarada?'".
"Uma passagem ainda mais terrível do que esta, se possível, é aquela no décimo-segundo capítulo de Mateus: (Mateus 12:31-32) 'Portanto, eu vos digo: Todo o pecado, e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens. E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro'". Exatamente paralelo a essas, são aquelas palavras de nosso Senhor, que são recitadas, através de Marcos: (Marcos 3:28-29) 'Na verdade vos digo que todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, e toda a sorte de blasfêmias, com que blasfemarem; qualquer, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão, mas será réu do eterno juízo'
O julgamento de alguns, é que todas essas passagens apontam para um e o mesmo pecado; que não apenas as palavras de nosso Senhor, mas aquelas de João, concernentes ao 'pecado para a morte', e aquelas de Paulo, concernentes 'crucificarem, para si mesmos, o filho de Deus novamente', esmagando com os pés, o Filho de Deus, e o fazendo, a despeito do Espírito da graça, todas se referem à blasfêmia contra o Espírito Santo'; o único pecado que nunca deverá ser perdoado. Quer pratiquem ou não, deve ser permitido que esta blasfêmia seja absolutamente imperdoável; e que, conseqüentemente, por causa desses que têm sido culpados disto, Deus 'não será mais solicitado'.
3. Para confirmar esses argumentos, esboçados da razão e Escrituras, eles apelam de fato. Eles perguntam: "Não é verdade que esses que decaíram da graça justificadora, que 'naufragaram da fé', aquela fé, da qual, vem a salvação presente, perecem sem a misericórdia? Quão menos, pode escapar quem decaiu da graça santificadora! Os que naufragaram daquela fé, por meio da qual eles são limpos de toda poluição da carne e espírito! Alguma vez, existiu um exemplo de um ou outro desses sendo renovados novamente para o arrependimento? Se houve alguma instância desta, alguém poderia estar inclinado a acreditar que aquele pensamento de nosso poeta não seja extravagante:-- 'Até mesmo Judas lutou para abrandar seu desespero. A esperança quase floresceu nas sombras do inferno'".
II
Estes são os principais argumentos esboçados da razão, das Escrituras, e dos fatos, por meio dos quais, os apóstatas estão acostumados a justificarem a si mesmos, ao jogarem fora a esperança; em suportem que Deus tem 'encarcerado sua bondade no desprazer'. Eu os tenho proposto, em toda sua intensidade, para que possamos formar um julgamento melhor, concernente a eles, e experimentar se cada um deles não pode receber uma resposta clara, completa e satisfatória.
1. Eu começo com aquele argumento que é tomado da natureza da coisa: 'Se um homem que se rebela contra um príncipe terreno, pode possivelmente ser perdoado, na primeira vez; existe esperança de que ele obtenha um segundo perdão, se depois de um perdão completo e livre, ele se rebelar novamente? Não. Ele deve esperar morrer, sem misericórdia. Agora, se ele que se rebela novamente contra um rei terreno, não pode buscar por um segundo perdão, como poderá buscar pela misericórdia aquele que se rebela, pela segunda vez, contra o grande Rei dos céus e terra?'.
2. Eu respondo: Este argumento, esboçado da analogia entre as coisas terrenas e celestes, é plausível, mas não é sólido; e por esta razão clara: A analogia não tem lugar aqui: Não existe analogia ou proporção entre a misericórdia de alguns filhos dos homens e aquela do mais sublime Deus. 'No que vocês irão se comparar a mim, diz o Senhor?'. Ao que, seja céu quanto na terra? Quem, ou 'o que ele é, em meio aos deuses, que deva ser comparado ao Senhor?'. 'Eu digo que vocês são deuses', diz o salmista, falando para os magistrados supremos. Tal é a dignidade e poder de vocês, comparados àqueles dos homens comuns. Mas o que eles são para o Deus do céu? São como uma bolha sobre a onda. O que é o poder deles, em comparação ao Seu poder? O que é a misericórdia deles, comparada com Sua misericórdia? Por isto, aquela palavra confortável, 'Eu sou Deus, e não homem; portanto, a casa de Israel não será destruída'. Porque Ele é Deus, e não homem; 'por conseguinte, suas compaixões não falham'. Ninguém pode, então, inferir que, porque um rei terreno não irá perdoar alguém que se rebele contra ele, uma segunda vez, portanto, o Rei do céu não o fará. Sim, Ele o fará; não apenas sete vezes apenas, ou até setenta vezes sete. Não; fossem suas rebeliões multiplicadas como as estrelas do céu; fossem elas mais em número do que os cabelos de sua cabeça; ainda assim, 'volte para o Senhor, e Ele terá misericórdia de você; e para nosso Deus, e Ele irá perdoá-lo abundantemente'.
3. "Mas João não nos tira esta esperança, por meio do que ele disse do 'pecado para a morte? Dizer que 'eu não digo que ele deva suplicar por ela', não é equivalente com, 'eu digo que ele não deve suplicar por ela?'. E isto não implica que Deus não determinou ouvir aquela súplica? Que ele não dará vida a tal pecador, não, nem através da oração de um homem justo?'".
4. Eu respondo: 'Eu não digo que você deva suplicar por ela', certamente significa que ele não deve suplicar por ela. E, sem dúvida, implica que Deus não dará vida para aqueles que cometeram este pecado; que a sentença deles está feita, e que Deus determinou que não será revogada. Ela não poderá ser alterada, nem mesmo, através daquela 'oração fervorosa efetiva', que, em outros casos, 'teria muito valor'.
5. Mas eu pergunto, Primeiro, qual é o pecado que é para a morte? E, em Segundo Lugar, qual é a morte que aqui está anexada a ele?
E, Primeiro, qual é o pecado que é para a morte? Há muitos anos, eu perguntei a algumas das pessoas mais experientes nas coisas de Deus, do que qualquer outra que eu tenha visto, o que vocês entendem por 'pecado para a morte', que é mencionado na Primeira Epístola de João? E eles responderam: "Se alguém está enfermo, em meio de nós, ele é levado para os presbíteros da Igreja; e eles oram por ele, e a oração da fé salva o doente; e o Senhor o restaura. E, se ele cometeu pecados, que Deus está punindo, por meio daquela enfermidade, eles estão perdoados dele. Mas, algumas vezes, nenhum de nós pode orar para que Deus possa reerguê-lo. E nós somos constrangidos a dizer a ele: 'Nós estamos temerosos que você tenha cometido um pecado para a morte'; um pecado que Deus determinou punir com a morte; nós não podemos suplicar por sua reparação. Nós ainda não conhecemos qualquer instância de tal pessoa restaurada".
Eu não vejo absurdo, afinal, nesta interpretação da palavra. Parece ser um significado (pelo menos) da expressão, 'um pecado para a morte'; um pecado que Deus tem determinado punir através da morte do pecador. Se, por conseguinte, você cometeu um pecado deste tipo, e seu pecado apossou-se de você; se Deus está o punindo, através de algumas doenças severas, de nada adiantará orar pela sua vida; você está irrevogavelmente sentenciado a morrer. Mas observe! Isto não tem relação com a morte eterna. Isto, de forma alguma, significa que você está condenado a morrer a segunda morte. Não; isto preferivelmente implica o contrário: O corpo está sendo destruído, para que a alma possa escapar da destruição.
Eu mesmo, durante o curso de muitos anos, tenho visto numerosos exemplos disto. Eu conheci muitos pecadores (principalmente, apóstatas notórios, do mais alto grau de santidade, tais que deram muitos motivos para os inimigos da religião blasfemarem), aos quais Deus tem interrompido, no meio da jornada deles; sim, antes que eles tivessem vivido metade de seus dias. Esses, eu entendo, pecaram 'um pecado para a morte'; em conseqüência do que, eles foram removidos; algumas vezes, mais rapidamente, e algumas vezes, mais vagarosamente, através de um golpe inesperado. Mas, na maioria desses casos, observa-se que 'a misericórdia regozija-se sobre o julgamento'. E as próprias pessoas foram completamente convencidas da bondade, tanto quanto da justiça de Deus. Elas reconheceram que Ele destruiu o corpo, com o objetivo de salvar a alma. Antes que eles partissem disto, Ele curou a apostasia deles. De modo que eles morreram, para que vivessem para sempre.
Um exemplo muito notável disto ocorreu muitos anos atrás. Um jovem mineiro [das minas de carvão], em Kingswood, próximo a Bristol, foi um pecador eminente; e, mais tarde, um santo eminente. Mas, pouco a pouco, ele renovou sua familiaridade com seus velhos companheiros, que, vagarosamente, forjaram sobre ele, até que ele declinou de toda sua religião, e foi, duas vezes mais, um filho do inferno do que antes. Um dia, ele estava trabalhando em uma mina com um jovem sério que, de repente clamou: 'Ó, Tommy, que homem você foi uma vez! Como suas palavras e exemplo fizeram com que muitos amassem e praticassem as boas obras! E o que você é agora? O que aconteceria a você, se você fosse morrer, da maneira como está?'. 'Não, Deus me livre!', disse Thomas, 'porque, então, eu poderia ir para o inferno abruptamente! Oh! Vamos clamar a Deus!'. Eles assim fizeram, por um tempo considerável; primeiro um, depois o outro. Eles clamaram a Deus com clamores fortes e lágrimas; lutando com Ele, com orações fortes. Depois de algum tempo, Thomas irrompeu: 'Agora eu sei que Deus curou minha apostasia. Eu sei novamente, que meu Redentor vive, e que Ele tem me lavado de meus pecados com o próprio sangue. Eu desejo ir com ele'. Instantaneamente, parte da mina desabou, e o esmagou até a morte. Quem quer que tu sejas que tenhas pecado 'um pecado para a morte', coloca isto para o coração! Pode ser que Deus vá requerer tua alma de ti, em uma hora, quando tu não procuraste por isto! Mas, se Ele o fizer, existe misericórdia no meio do julgamento: tu não deverás morrer eternamente.
6. "Mas o que você poderá dizer daquela outra Escritura, a décima de Hebreus? Ela deixa alguma esperança para os apóstatas notórios, de que eles não deverão morrer eternamente; de que eles poderão sempre recuperar o favor de Deus, ou escapar do inferno? (Hebreus 10:26-29) 'Se nós pecarmos obstinadamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, resta nenhum outro sacrifício para os pecados; mas uma certa expectativa horrível pelo julgamento, e uma indignação veemente, que deverá devorar os adversários. Ele que desprezou a lei de Moisés morreu sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanta punição dolorosa mais, você supõe, se acha merecedor aquele que pisou no Filho de Deus, e que considerou o sangue da aliança, por meio do qual ele foi santificado, uma coisa impura, e menosprezou o Espírito da graça?'".
7. "E não se trata da mesma coisa, ou seja, o estado desesperado e irrecuperável dos apóstatas obstinados; completamente confirmado, através daquela passagem no sexto capítulo? (Hebreus 6:4) 'É impossível para os que foram iluminados uma vez; foram parceiros, do Espírito Santo,-- e caíram', -- assim está no original, -- 'renová-los para arrependimento;vendo que eles crucificaram a si mesmos o Filho de Deus novamente, e o expuseram à vergonha declarada'".
8. Essas passagens me parecem paralelas, uma a outra, e merecem nossa mais profunda consideração. E com o objetivo de entendê-las, será necessário saber:
(1) Quais são as pessoas das quais se fala aqui?
(2) Qual o pecado que eles cometeram, que tornou o caso delas quase, se não, completamente desesperado?
Esses, tão somente, 'provaram o dom celeste', remissão dos pecados, eminentemente assim chamada. Esses 'foram feitos parceiros do Espírito Santo', ambos da testemunha e frutos do Espírito. Este caráter não pode, com alguma propriedade, ser aplicado a qualquer um, a não ser aqueles que foram justificados.
E eles foram santificados também; pelo menos, no primeiro grau, tanto quanto todos que receberam remissão dos pecados. Assim também, a segunda passagem expressamente: 'aqueles que consideraram o sangue da promessa, por meio do qual ele foi santificado, uma coisa impura'.
Assim sendo, esta Escritura diz respeito, tão somente, àqueles que foram justificados, e, pelo menos em parte, foram santificados. Conseqüentemente, todos vocês que nunca estiveram assim 'iluminados' com a luz da glória de Deus; todos que nunca 'provaram do dom celestial'; que nunca receberam remissão de pecados; todos que nunca 'foram feitos parceiros do Espírito Santo'; da testemunha e fruto do Espírito; -- em uma palavra, todos que nunca foram santificados pelo sangue da aliança eterna, vocês não são referidos aqui. Por mais que outras passagens das Escrituras possam condenar vocês, certamente, vocês não serão condenados, quer pelo sexto ou décimo capítulos de Hebreus. Porque ambas essas passagens falam completamente e unicamente de apóstatas da fé, a qual eles nunca tiveram. Portanto, quaisquer que sejam os julgamentos denunciados nessas Escrituras, eles não são denunciados contra vocês. Vocês não são as pessoas aqui descritas, contra as quais apenas eles foram pronunciados.
Nós inquirimos a seguir: De qual pecado, as pessoas aqui descritas foram culpadas? Com o objetivo de entender isto, nós podemos lembrar que, sempre que os judeus prevaleceram sobre um cristão para apostatar-se, eles requereram que ele declarasse, em termos expressos, e isto em assembléia pública, que Jesus de Nazaré era um impostor; e que ele não sofreu qualquer punição que seus crimes justamente mereciam. Este é o pecado que Paulo denomina enfaticamente, na primeira passagem. 'cometer apostasia'; 'crucificando o Filho de Deus novamente, e o expondo à vergonha declarada'. Isto é o que ele denomina em Segundo lugar, considerando o sangue da aliança uma coisa impura; pisando sobre o Filho de Deus, e menosprezando o Espírito da graça'. Agora, qual de vocês abandonou a religião que antes professava? Qual de vocês 'crucificaram o Filho de Deus novamente?'. Nenhum: nem um de vocês, assim, 'expuseram o Senhor a uma vergonha declarada'. Se vocês renunciaram expressamente aquele 'sacrifício único pelo pecado', não existirá pecado algum restante; de modo que vocês devem ter perecido sem misericórdia. Mas este não é o caso de vocês. Nenhum de vocês renunciou assim aquele sacrifício, por meio do qual o Filho de Deus fez uma penitência completa e perfeita pelos pecados de todo o mundo. Por pior que vocês sejam, vocês estremecem ao pensar: por conseguinte, aquele sacrifício ainda permanece para vocês. Venham, então; atirem fora seus medos desnecessários! 'Venham corajosamente para o trono da graça'. O caminho ainda está aberto. Vocês devem novamente 'obter misericórdia, e encontrar graça para socorrer em tempo de necessidade'.
9. "Mas as palavras notórias do próprio nosso Senhor, não nos tira toda a esperança de misericórdia? Ele não diz: 'Toda maneira de pecado e blasfêmia deve ser perdoada ao homem: Mas a blasfêmia contra o Espírito Santo não deverá ser perdoada. E quem quer que fale uma palavra contra o Filho do homem, ela deverá ser perdoada nele: Mas quem quer que fale uma palavra contra o Espírito Santo, ela nunca poderá ser perdoada nele; nem neste mundo, nem no mundo que há de vir?'".
"Portanto, está claro que, se nós temos cometido este pecado, não existe lugar para a misericórdia. E não se trata da mesma coisa repetida por Marcos, quase nestas mesmas palavras? 'Verdadeiramente eu lhes digo' (Um prefácio solene! Sempre denotando grande importância ao que se segue), 'que todos os pecados deverão ser perdoados aos filhos dos homens, e as blasfêmias, por mais que eles possam blasfemar: Mas, aquele que blasfema contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, mas está debaixo da sentença da condenação eterna'".
Quão imenso é o número daqueles que têm, mais ou menos, se afligido, com respeito a esta Escritura! Que multidão, neste reino, tem estado perplexa, acima da medida, concernente ao mesmo relato! Mais ainda; existem poucos que verdadeiramente estão convencidos do pecado, e se esforçam seriamente para salvar suas almas; que não têm sentido alguma inquietação, pelo temor que tenham cometido, ou possam cometer este pecado imperdoável. O que tem freqüentemente aumentado a inquietação deles, é que eles dificilmente poderiam encontrar algum conforto neles. Seus conhecidos, mesmo os mais religiosos deles, não entenderam mais do assunto do que eles mesmos; e eles não puderam encontrar escritor algum que tivesse publicado alguma coisa satisfatória sobre o assunto. De fato, nos 'Sete Sermões', do Sr. Russel, que eram comuns ,em meio deles, existe um, expressamente escrito sobre isto; mas ele fornece uma pequena satisfação a um espírito preocupado. Ele fala sobre isto e aquilo, mas diz nada: ele se esforça, mas perde o ponto, finalmente.
Mas existiu no mundo uma prova mais deplorável da pequenez do discernimento humano, mesmo naqueles que têm corações honestos, e são mais desejos do conhecimento da verdade? Como é possível que alguém que leia sua Bíblia possa permanecer uma hora em dúvida concernente a ela, quando o próprio nosso Senhor, na mesma passagem acima citada, tem tão claramente nos dito que blasfêmia é esta? 'Qualquer, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão, mas será réu do eterno juízo (Porque diziam: Tem espírito imundo)' (Marcos 3:29-30). Isto, então, e tão somente isto, (se nós permitimos que nosso Senhor entenda seu próprio significado) é a blasfêmia contra o Espírito Santo: O dizer que ele que tem um espírito impuro; o afirmar que Cristo forjou seus milagres, através do poder de um espírito pecaminoso; ou, mais particularmente, que 'Ele expulsou demônios, através de Belzebu, o príncipe dos demônios'. Agora, vocês se consideram culpados disto? Vocês têm afirmado que ele expulsou demônios, através do príncipe dos demônios? Não mais do que você cortar a garganta de seu próximo, e botar fogo em sua casa. Quão terrivelmente, então, vocês têm estado temerosos, onde não existe medo! Rejeitem esse terror vão; permitam que seu medo seja mais racional, daqui para frente. Estejam temerosos de dar lugar ao orgulho; temerosos de consentir na ira; temerosos de amar o mundo e as coisas do mundo; temerosos dos desejos tolos e danosos; mas nunca mais estejam temerosos de cometer a blasfêmia contra o Espírito Santo! Vocês não correm mais o risco de fazer isto, do que o sol de cair do firmamento.
10. Vocês não têm, então, motivo das Escrituras para imaginarem que 'o Senhor tem se esquecido de ser gracioso'. Os argumentos esboçados disto, vocês vêem, são de nenhum peso, são totalmente inconclusivos. E existe algum peso mais do que tem sido traçado da experiência ou dos fatos?
Este é um ponto que pode exatamente ser determinado, e com a mais extrema certeza. Se for perguntado: "Algum apóstata real encontrou misericórdia de Deus? Alguém que 'naufragou da fé e da boa consciência', recuperou o que eles tinham perdido? Vocês conhecem; vocês viram alguma instância de pessoas que encontraram redenção no sangue de Jesus, e que, mais tarde, tornaram-se apóstatas, e, ainda assim, foram restaurados, -- 'renovados no arrependimento?'". Sim, verdadeiramente; e não um, ou cem apenas, mas, eu estou persuadido, diversos milhares. Em todo lugar onde o braço do Senhor foi revelado, e, muitos pecadores convertidos a Deus, existem diversos edificados que 'voltaram atrás no santo mandamento entregue a eles'. Porque a grande parte desses 'teria sido melhor nunca terem conhecido o caminho da retidão'. Ela apenas aumenta a condenação deles, vendo que eles morreram em seus pecados. Mas existem outros que 'olham para ele que eles tinham trespassado, e lamentam', recusando-se a serem confortados. Mas, mais cedo ou mais tarde, Ele certamente erguerá a luz de seu semblante sobre eles; Ele fortalecerá os abatidos, e confirmará os joelhos fracos; Ele os ensinará a dizer: 'Minha alma magnífica o Senhor, e meu espírito se regozija em Deus, meu Salvador'. Inumeráveis são as instâncias deste tipo, dos que caíram, mas agora estão de pé. Realmente, está tão longe de ser uma coisa incomum para um crente cair e ser restaurado, que, preferivelmente, é incomum encontrar algum crente que não esteja consciente de ter sido um apóstata de Deus, em um grau maior ou menor, e, talvez, mais do que uma vez, antes que estivesse estabelecido na fé.
"Mas aqueles que caíram da santificação da graça, eles têm sido restaurados para a bênção que eles tinham perdido?". Esta também é uma questão de experiência; e nós temos tido a oportunidade de repetir nossas observações, durante um considerável curso de anos, e de um extremo ao outro do reino.
1o. Nós conhecemos um grande número de pessoas, de todas as idades e sexo, desde a mais tenra infância à idade mais avançada, que deram todas as provas de que a natureza da coisa admite, de que eles foram 'santificados completamente'; 'limpos de toda poluição da carne e espírito'; que eles 'amaram o Senhor, seu Deus, com todo seu coração, e mente e alma, e forças'; que eles continuamente apresentaram' suas almas e corpos 'como um sacrifício santo e aceitável para Deus'; em conseqüência do que, eles 'se regozijaram, sempre mais, oraram sem cessar; em todas as coisas dando graças'. E este, e não outro, é o que nós acreditamos ser a santificação verdadeira e bíblica.
2o. Uma coisa comum para esses que estão assim santificados, é acreditarem que eles não podem cair; é suporem que são os 'pilares no templo de Deus; e que não cairão mais'. Contudo, nós temos visto alguns dos mais fortes deles, depois de um tempo, movidos de sua firmeza. Algumas vezes, repentinamente; mas, mais freqüentemente, através de graus vagarosos, eles têm cedido à tentação; o orgulho, a ira, ou desejos tolos têm novamente brotado em seus corações. Mais ainda; algumas vezes, eles têm perdido a vida de Deus extremamente, e o pecado tem readquirido o domínio sobre eles.
3o. Ainda assim, diversos desses, depois de estarem completamente conscientes de sua queda, e, profundamente envergonhados diante de Deus, têm sido novamente preenchidos com seu amor -- e não apenas aperfeiçoados nele, mas firmados, fortificados, e estabelecidos. Eles têm recebido a bênção que eles tinham antes com abundante crescimento. Mais do que isto: muitos que tinham caído, tanto da justificação, quanto da graça santificadora, e tão profundamente, que dificilmente foram classificados em meio aos servos de Deus, foram restaurados, (mas raramente, até que eles tivessem sido chacoalhados, como aconteceu, sobre a boca do inferno), e isto muito freqüentemente, de imediato, restituindo tudo o que tinham perdido. Eles recuperaram imediatamente a consciência do favor de Deus, e a experiência de Seu puro amor; em um só momento, eles receberam, mais uma vez, a remissão dos pecados, e muitos, em meio deles, foram santificados.
Mas que nenhum homem afirme desta longanimidade de Deus, que Ele tem dado a qualquer um a licença para pecar. Nem alguém ouse continuar no pecado, por causa dessa instância extraordinária da misericórdia divina. Esta é a presunção mais desesperada, e mais irracional, e que conduz à destruição extrema e irrevogável. Em toda minha experiência, eu não tenho conhecido um que fortificou a si mesmo no pecado, pela presunção de que Deus iria salvá-lo, no final; que não estivesse miseravelmente desapontado, e sujeito a morrer em seus pecados. Fazer da graça de Deus um encorajamento para o pecado é o caminho certo para o inferno mais baixo! As considerações precedentes não foram designadas a esses filhos desesperados da perdição; mas para aqueles que sentem 'a lembrança de seus pecados os afligindo; o fardo deles intolerável'. Nós colocamos diante desses uma porta aberta de esperança. Permita que eles entrem, e dêem graças ao Senhor; permita que eles saibam que 'o Senhor é gracioso e misericordioso; longânime, e de grande bondade'. 'Veja o quão alto os céus estão da terra! Tão longe Ele irá colocar os pecados deles de si mesmos'. "Ele não será sempre repreensivo; nem Ele manterá sua ira para sempre". Apenas coloquem em seus corações, que 'eu darei tudo para todos, e a oferta deverá ser aceita'. Dêem a Ele todo seu coração! Que tudo que esteja em vocês continuamente clame: 'Tu és meu Deus, e eu serei grato a ti; tu és meu Deus, e eu louvarei a Ti'. 'Este Deus é meu Deus para sempre e sempre! Ele será meu guia até a morte'.
[Editado por Michael Anderson, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com correções de George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]
1. A presunção é uma das grandes armadilhas do diabo, em que muitos dos filhos dos homens são levados. Eles, então, se prevalecem sobre a misericórdia de Deus, de maneira a esquecer totalmente de Sua justiça. Embora Ele tenha declarado expressamente, 'Sem santidade nenhum homem verá ao Senhor', ainda assim, eles alimentam a esperança de que, no fim, Deus irá sobrepujar Sua palavra. Eles imaginam que eles podem viver e morrer em seus pecados, e, não obstante, 'escaparem da condenação do inferno'.
2. Mas, embora existam muitos que são destruídos pela presunção, existem muitos mais que perecem pelo desespero. Eu quero dizer, pela falta de esperança; por pensar que é impossível que eles possam escapar da destruição. Muitas vezes, tendo lutado contra seus inimigos espirituais, e sempre dominados, eles entregam suas armas, e não lutam mais, uma vez que não têm mais esperança da vitória. Sabendo, através de experiência melancólica, que eles não têm poder em si mesmos, para auxiliar a si próprios, e tendo nenhuma expectativa de que Deus irá ajudá-los, colocam-se debaixo de seu fardo. Não se esforçam mais; já que eles supõem que isto seja impossível que alcancem.
3. Neste caso, como em milhares de outros, 'o coração conhece sua própria amargura, mas um estranho não se intromete com sua aflição'. Não é fácil para estes, conhecerem o que eles nunca sentiram. Porque, 'quem conhece as coisas de um homem, a não ser o espírito do homem que está nele?'. Quem conhece, a não ser, através de sua própria experiência, o que este tipo de espírito errante quer dizer? Em conseqüência, existem poucos que sabem como compreender os sentimentos daqueles que estão debaixo desta desagradável tentação. Existem poucos que têm devidamente considerado o caso; poucos que não estão iludidos pelas aparências. Eles vêem os homens seguirem em direção ao pecado, e tomam por certo, que eles estão sendo meramente presunçosos: Enquanto que, na realidade, ele vem de um princípio completamente contrário; -- eles estão em desespero apenas. Tanto eles não têm esperança, afinal, -- e, enquanto este é o caso, eles não se esforçam, decerto, -- quanto eles têm alguns intervalos de esperança, e, enquanto ele dura, eles 'se esforçam pelo domínio'. No entanto, esta esperança logo acaba: Eles, então, cessam de se esforçarem, e 'são feitos cativos de satanás e de vontade dele'.
4. Este é freqüentemente o caso, com respeito àqueles que começam a seguir bem, mas logo se cansam na sua estrada celeste; em particular, com aqueles que, uma vez, 'viram a glória de Deus na face de Jesus Cristo', mas, que, mais tarde, afligiram Seu Espírito Santo, e naufragaram na fé. De fato, muitos destes, correram em direção ao pecado, como um cavalo dentro da batalha. Eles pecam com pulso forte, como a suprimir completamente o Espírito Santo de Deus; de modo que Ele os entrega às luxúrias de seus próprios corações, e permite que eles sigam a própria imaginação deles. E estes, que estão assim desesperados, podem ser completamente estúpidos, sem tanto terem medo, quanto tristeza, ou prudência; extremamente sossegados e despreocupados com respeito a Deus, ou céu, ou inferno; para os quais, o deus deste mundo não contribui com pouco, cegando e endurecendo seus corações. Mas ainda, até mesmo esses não seriam tão negligentes, não fosse pela desesperança. A grande razão porque eles não têm tristeza ou cuidado, é porque eles não têm esperança. Eles verdadeiramente acreditam que eles têm desafiado a Deus, de tal forma, que 'Ele não mais poderá ser solicitado'.
5. E, ainda assim, nós não devemos desistir completamente, mesmo destes. Nós temos conhecido alguns, mesmos daqueles despreocupados, a quem Deus tem visitado novamente, e os tem restaurado para seu primeiro amor. Mas nós podemos ter muito mais esperança por aqueles apóstatas que não são negligentes, que ainda estão apreensivos; -- aqueles que ficariam satisfeitos, se pudessem escapar da armadilha do diabo, mas pensam que isto é impossível. Eles estão completamente convencidos de que eles não podem salvar a si mesmos, e acreditam que Deus não irá salvá-los. Eles acreditam que eles têm 'encarcerado sua bondade no desprazer', irrevogavelmente. Eles se fortificam ao acreditar nisto, pela abundância de motivos; e a menos que essas razões sejam claramente removidas, eles não podem esperar por qualquer livramento.
E com o objetivo de aliviar essas almas desesperançadas e desamparadas, que eu proponho, com a assistência de Deus: --
I. Inquirir qual os principais motivos, destes que induzem tantos apóstatas a lançarem fora a esperança; e suporem que Deus se esqueceu de ser gracioso. E,
II. Dar uma resposta clara e completa a cada um deles.
I
Em Primeiro Lugar, eu vou inquirir quais as principais razões, que induzem tantos apóstatas a pensarem que Deus se esqueceu de ser gracioso. Eu não quero dizer todas as razões; porque inumeráveis são as que tanto o próprio coração pecaminoso deles, quanto a velha serpente irão sugerir; mas as principais delas; -- aquelas que são mais plausíveis e, portanto, mais comuns.
1. O primeiro argumento, que induz muitos apóstatas a acreditarem que 'o Senhor não mais poderá ser solicitado', é esboçado da mesma razão da coisa: 'Se', dizem eles, ' um homem se rebela contra um príncipe terreno, muitas vezes, ele morre, por causa da primeira ofensa; ele paga com sua vida, pela primeira transgressão'. Ainda assim, se o crime for possivelmente extenuado, através de alguma circunstância favorável, ou, se uma forte intercessão for feita por ele, sua vida pode ser devolvida. Mas, se, depois de um perdão completo e livre, ele for culpado de se rebelar, uma segunda vez, quem se atreveria a interceder por ele? Ele não deve esperar por misericórdia além. Agora, se alguém se rebela contra um rei terreno, depois de ter sido perdoado livremente, uma vez, ele não pode, com alguma plausibilidade da razão, esperar ser perdoado, uma segunda vez; assim sendo, qual deve ser o caso daquele que, depois de ter sido perdoado livremente pela rebelião contra o grande Rei no céu e terra, rebela-se contra Ele novamente? O que pode ser esperado, a não ser aquela 'vingança que virá sobre ele ao extremo?'.
2. Este argumento, esboçado da razão, eles reforçam, através de diversas passagens das Escrituras. Um dos mais fortes destes, é aquele que ocorre na Primeira Epístola de João: (I João 5:16) 'Se alguém vir pecar seu irmão, pecado que não é para morte, orará, e Deus dará a vida àqueles que não pecarem para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que ore'. Por esta razão, eles argumentam: 'Certamente, eu não dizer que ele deva suplicar por ela, é equivalente a, eu dizer que ele não deve suplicar por ela'. Assim, o Apóstolo supõe que aquele que cometeu este pecado, esteja, de fato, em um estado desesperado! Tão desesperado, que nós não podemos, nem mesmo orar por seu perdão; nós não podemos pedir pela vida dele. E o que podemos razoavelmente supor ser um pecado para a morte, do que uma rebelião obstinada em busca de um perdão completo e livre?
'Considere, Em Segundo Lugar', dizem eles, 'aquelas passagens terríveis na Epistola de Hebreus'; uma das quais ocorrem, no sexto capítulo, e a outra no décimo. Para começar com o último:
(Hebreus 10:26-31) 'Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação horrível de juízo, e ardor de fogo, que há de devorar os adversários. Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto castigo maior, cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue da aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça? Porque bem conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, eu darei a recompensa, diz o Senhor. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo!'.
Agora, aqui não está expressamente declarado pelo Espírito Santo, que nosso caso é desesperado? Não está declarado que, 'se, depois de nós termos recebido o conhecimento da verdade', depois de o termos experimentalmente conhecido, 'nós pecamos terrivelmente', -- o que, sem dúvida, o fizemos, e isto, repetidas vezes, -- 'resta outro sacrifício, para o pecado, do que buscar pelo julgamento e indignação flamejante, que deverá devorar os adversários?'.
"E não é esta passagem, no sexto capítulo, exatamente paralela com isto? (Hebreus 6:4) 'Porque é impossível que os que já foram iluminados, uma vez, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, -- se eles se tornaram apóstatas'; (literalmente, e recaíram) 'sejam, outra vez, renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério'".
"É verdade, que alguns são da opinião de que é improvável que essas palavras sejam tomadas literalmente, como denotando absoluta impossibilidade; mas, tão somente, uma dificuldade muito grande. No entanto, não parece que temos alguma razão suficiente para descartarmos o sentido literal; já que ele nem sugere algum absurdo, nem contradiz quaisquer outras Escrituras. Estas, então", dizem eles, "eliminam toda esperança; vendo que nós, indubitavelmente, 'testamos do dom celestial, e fomos feitos parceiros do Espírito Santo?'. Como é possível 'nos renovarmos novamente para o arrependimento'; para uma mudança inteira no coração e vida? Vendo que nós temos crucificado para nós mesmos, 'o filho de Deus novamente, e o exposto à vergonha declarada?'".
"Uma passagem ainda mais terrível do que esta, se possível, é aquela no décimo-segundo capítulo de Mateus: (Mateus 12:31-32) 'Portanto, eu vos digo: Todo o pecado, e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens. E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro'". Exatamente paralelo a essas, são aquelas palavras de nosso Senhor, que são recitadas, através de Marcos: (Marcos 3:28-29) 'Na verdade vos digo que todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, e toda a sorte de blasfêmias, com que blasfemarem; qualquer, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão, mas será réu do eterno juízo'
O julgamento de alguns, é que todas essas passagens apontam para um e o mesmo pecado; que não apenas as palavras de nosso Senhor, mas aquelas de João, concernentes ao 'pecado para a morte', e aquelas de Paulo, concernentes 'crucificarem, para si mesmos, o filho de Deus novamente', esmagando com os pés, o Filho de Deus, e o fazendo, a despeito do Espírito da graça, todas se referem à blasfêmia contra o Espírito Santo'; o único pecado que nunca deverá ser perdoado. Quer pratiquem ou não, deve ser permitido que esta blasfêmia seja absolutamente imperdoável; e que, conseqüentemente, por causa desses que têm sido culpados disto, Deus 'não será mais solicitado'.
3. Para confirmar esses argumentos, esboçados da razão e Escrituras, eles apelam de fato. Eles perguntam: "Não é verdade que esses que decaíram da graça justificadora, que 'naufragaram da fé', aquela fé, da qual, vem a salvação presente, perecem sem a misericórdia? Quão menos, pode escapar quem decaiu da graça santificadora! Os que naufragaram daquela fé, por meio da qual eles são limpos de toda poluição da carne e espírito! Alguma vez, existiu um exemplo de um ou outro desses sendo renovados novamente para o arrependimento? Se houve alguma instância desta, alguém poderia estar inclinado a acreditar que aquele pensamento de nosso poeta não seja extravagante:-- 'Até mesmo Judas lutou para abrandar seu desespero. A esperança quase floresceu nas sombras do inferno'".
II
Estes são os principais argumentos esboçados da razão, das Escrituras, e dos fatos, por meio dos quais, os apóstatas estão acostumados a justificarem a si mesmos, ao jogarem fora a esperança; em suportem que Deus tem 'encarcerado sua bondade no desprazer'. Eu os tenho proposto, em toda sua intensidade, para que possamos formar um julgamento melhor, concernente a eles, e experimentar se cada um deles não pode receber uma resposta clara, completa e satisfatória.
1. Eu começo com aquele argumento que é tomado da natureza da coisa: 'Se um homem que se rebela contra um príncipe terreno, pode possivelmente ser perdoado, na primeira vez; existe esperança de que ele obtenha um segundo perdão, se depois de um perdão completo e livre, ele se rebelar novamente? Não. Ele deve esperar morrer, sem misericórdia. Agora, se ele que se rebela novamente contra um rei terreno, não pode buscar por um segundo perdão, como poderá buscar pela misericórdia aquele que se rebela, pela segunda vez, contra o grande Rei dos céus e terra?'.
2. Eu respondo: Este argumento, esboçado da analogia entre as coisas terrenas e celestes, é plausível, mas não é sólido; e por esta razão clara: A analogia não tem lugar aqui: Não existe analogia ou proporção entre a misericórdia de alguns filhos dos homens e aquela do mais sublime Deus. 'No que vocês irão se comparar a mim, diz o Senhor?'. Ao que, seja céu quanto na terra? Quem, ou 'o que ele é, em meio aos deuses, que deva ser comparado ao Senhor?'. 'Eu digo que vocês são deuses', diz o salmista, falando para os magistrados supremos. Tal é a dignidade e poder de vocês, comparados àqueles dos homens comuns. Mas o que eles são para o Deus do céu? São como uma bolha sobre a onda. O que é o poder deles, em comparação ao Seu poder? O que é a misericórdia deles, comparada com Sua misericórdia? Por isto, aquela palavra confortável, 'Eu sou Deus, e não homem; portanto, a casa de Israel não será destruída'. Porque Ele é Deus, e não homem; 'por conseguinte, suas compaixões não falham'. Ninguém pode, então, inferir que, porque um rei terreno não irá perdoar alguém que se rebele contra ele, uma segunda vez, portanto, o Rei do céu não o fará. Sim, Ele o fará; não apenas sete vezes apenas, ou até setenta vezes sete. Não; fossem suas rebeliões multiplicadas como as estrelas do céu; fossem elas mais em número do que os cabelos de sua cabeça; ainda assim, 'volte para o Senhor, e Ele terá misericórdia de você; e para nosso Deus, e Ele irá perdoá-lo abundantemente'.
3. "Mas João não nos tira esta esperança, por meio do que ele disse do 'pecado para a morte? Dizer que 'eu não digo que ele deva suplicar por ela', não é equivalente com, 'eu digo que ele não deve suplicar por ela?'. E isto não implica que Deus não determinou ouvir aquela súplica? Que ele não dará vida a tal pecador, não, nem através da oração de um homem justo?'".
4. Eu respondo: 'Eu não digo que você deva suplicar por ela', certamente significa que ele não deve suplicar por ela. E, sem dúvida, implica que Deus não dará vida para aqueles que cometeram este pecado; que a sentença deles está feita, e que Deus determinou que não será revogada. Ela não poderá ser alterada, nem mesmo, através daquela 'oração fervorosa efetiva', que, em outros casos, 'teria muito valor'.
5. Mas eu pergunto, Primeiro, qual é o pecado que é para a morte? E, em Segundo Lugar, qual é a morte que aqui está anexada a ele?
E, Primeiro, qual é o pecado que é para a morte? Há muitos anos, eu perguntei a algumas das pessoas mais experientes nas coisas de Deus, do que qualquer outra que eu tenha visto, o que vocês entendem por 'pecado para a morte', que é mencionado na Primeira Epístola de João? E eles responderam: "Se alguém está enfermo, em meio de nós, ele é levado para os presbíteros da Igreja; e eles oram por ele, e a oração da fé salva o doente; e o Senhor o restaura. E, se ele cometeu pecados, que Deus está punindo, por meio daquela enfermidade, eles estão perdoados dele. Mas, algumas vezes, nenhum de nós pode orar para que Deus possa reerguê-lo. E nós somos constrangidos a dizer a ele: 'Nós estamos temerosos que você tenha cometido um pecado para a morte'; um pecado que Deus determinou punir com a morte; nós não podemos suplicar por sua reparação. Nós ainda não conhecemos qualquer instância de tal pessoa restaurada".
Eu não vejo absurdo, afinal, nesta interpretação da palavra. Parece ser um significado (pelo menos) da expressão, 'um pecado para a morte'; um pecado que Deus tem determinado punir através da morte do pecador. Se, por conseguinte, você cometeu um pecado deste tipo, e seu pecado apossou-se de você; se Deus está o punindo, através de algumas doenças severas, de nada adiantará orar pela sua vida; você está irrevogavelmente sentenciado a morrer. Mas observe! Isto não tem relação com a morte eterna. Isto, de forma alguma, significa que você está condenado a morrer a segunda morte. Não; isto preferivelmente implica o contrário: O corpo está sendo destruído, para que a alma possa escapar da destruição.
Eu mesmo, durante o curso de muitos anos, tenho visto numerosos exemplos disto. Eu conheci muitos pecadores (principalmente, apóstatas notórios, do mais alto grau de santidade, tais que deram muitos motivos para os inimigos da religião blasfemarem), aos quais Deus tem interrompido, no meio da jornada deles; sim, antes que eles tivessem vivido metade de seus dias. Esses, eu entendo, pecaram 'um pecado para a morte'; em conseqüência do que, eles foram removidos; algumas vezes, mais rapidamente, e algumas vezes, mais vagarosamente, através de um golpe inesperado. Mas, na maioria desses casos, observa-se que 'a misericórdia regozija-se sobre o julgamento'. E as próprias pessoas foram completamente convencidas da bondade, tanto quanto da justiça de Deus. Elas reconheceram que Ele destruiu o corpo, com o objetivo de salvar a alma. Antes que eles partissem disto, Ele curou a apostasia deles. De modo que eles morreram, para que vivessem para sempre.
Um exemplo muito notável disto ocorreu muitos anos atrás. Um jovem mineiro [das minas de carvão], em Kingswood, próximo a Bristol, foi um pecador eminente; e, mais tarde, um santo eminente. Mas, pouco a pouco, ele renovou sua familiaridade com seus velhos companheiros, que, vagarosamente, forjaram sobre ele, até que ele declinou de toda sua religião, e foi, duas vezes mais, um filho do inferno do que antes. Um dia, ele estava trabalhando em uma mina com um jovem sério que, de repente clamou: 'Ó, Tommy, que homem você foi uma vez! Como suas palavras e exemplo fizeram com que muitos amassem e praticassem as boas obras! E o que você é agora? O que aconteceria a você, se você fosse morrer, da maneira como está?'. 'Não, Deus me livre!', disse Thomas, 'porque, então, eu poderia ir para o inferno abruptamente! Oh! Vamos clamar a Deus!'. Eles assim fizeram, por um tempo considerável; primeiro um, depois o outro. Eles clamaram a Deus com clamores fortes e lágrimas; lutando com Ele, com orações fortes. Depois de algum tempo, Thomas irrompeu: 'Agora eu sei que Deus curou minha apostasia. Eu sei novamente, que meu Redentor vive, e que Ele tem me lavado de meus pecados com o próprio sangue. Eu desejo ir com ele'. Instantaneamente, parte da mina desabou, e o esmagou até a morte. Quem quer que tu sejas que tenhas pecado 'um pecado para a morte', coloca isto para o coração! Pode ser que Deus vá requerer tua alma de ti, em uma hora, quando tu não procuraste por isto! Mas, se Ele o fizer, existe misericórdia no meio do julgamento: tu não deverás morrer eternamente.
6. "Mas o que você poderá dizer daquela outra Escritura, a décima de Hebreus? Ela deixa alguma esperança para os apóstatas notórios, de que eles não deverão morrer eternamente; de que eles poderão sempre recuperar o favor de Deus, ou escapar do inferno? (Hebreus 10:26-29) 'Se nós pecarmos obstinadamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, resta nenhum outro sacrifício para os pecados; mas uma certa expectativa horrível pelo julgamento, e uma indignação veemente, que deverá devorar os adversários. Ele que desprezou a lei de Moisés morreu sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanta punição dolorosa mais, você supõe, se acha merecedor aquele que pisou no Filho de Deus, e que considerou o sangue da aliança, por meio do qual ele foi santificado, uma coisa impura, e menosprezou o Espírito da graça?'".
7. "E não se trata da mesma coisa, ou seja, o estado desesperado e irrecuperável dos apóstatas obstinados; completamente confirmado, através daquela passagem no sexto capítulo? (Hebreus 6:4) 'É impossível para os que foram iluminados uma vez; foram parceiros, do Espírito Santo,-- e caíram', -- assim está no original, -- 'renová-los para arrependimento;vendo que eles crucificaram a si mesmos o Filho de Deus novamente, e o expuseram à vergonha declarada'".
8. Essas passagens me parecem paralelas, uma a outra, e merecem nossa mais profunda consideração. E com o objetivo de entendê-las, será necessário saber:
(1) Quais são as pessoas das quais se fala aqui?
(2) Qual o pecado que eles cometeram, que tornou o caso delas quase, se não, completamente desesperado?
Esses, tão somente, 'provaram o dom celeste', remissão dos pecados, eminentemente assim chamada. Esses 'foram feitos parceiros do Espírito Santo', ambos da testemunha e frutos do Espírito. Este caráter não pode, com alguma propriedade, ser aplicado a qualquer um, a não ser aqueles que foram justificados.
E eles foram santificados também; pelo menos, no primeiro grau, tanto quanto todos que receberam remissão dos pecados. Assim também, a segunda passagem expressamente: 'aqueles que consideraram o sangue da promessa, por meio do qual ele foi santificado, uma coisa impura'.
Assim sendo, esta Escritura diz respeito, tão somente, àqueles que foram justificados, e, pelo menos em parte, foram santificados. Conseqüentemente, todos vocês que nunca estiveram assim 'iluminados' com a luz da glória de Deus; todos que nunca 'provaram do dom celestial'; que nunca receberam remissão de pecados; todos que nunca 'foram feitos parceiros do Espírito Santo'; da testemunha e fruto do Espírito; -- em uma palavra, todos que nunca foram santificados pelo sangue da aliança eterna, vocês não são referidos aqui. Por mais que outras passagens das Escrituras possam condenar vocês, certamente, vocês não serão condenados, quer pelo sexto ou décimo capítulos de Hebreus. Porque ambas essas passagens falam completamente e unicamente de apóstatas da fé, a qual eles nunca tiveram. Portanto, quaisquer que sejam os julgamentos denunciados nessas Escrituras, eles não são denunciados contra vocês. Vocês não são as pessoas aqui descritas, contra as quais apenas eles foram pronunciados.
Nós inquirimos a seguir: De qual pecado, as pessoas aqui descritas foram culpadas? Com o objetivo de entender isto, nós podemos lembrar que, sempre que os judeus prevaleceram sobre um cristão para apostatar-se, eles requereram que ele declarasse, em termos expressos, e isto em assembléia pública, que Jesus de Nazaré era um impostor; e que ele não sofreu qualquer punição que seus crimes justamente mereciam. Este é o pecado que Paulo denomina enfaticamente, na primeira passagem. 'cometer apostasia'; 'crucificando o Filho de Deus novamente, e o expondo à vergonha declarada'. Isto é o que ele denomina em Segundo lugar, considerando o sangue da aliança uma coisa impura; pisando sobre o Filho de Deus, e menosprezando o Espírito da graça'. Agora, qual de vocês abandonou a religião que antes professava? Qual de vocês 'crucificaram o Filho de Deus novamente?'. Nenhum: nem um de vocês, assim, 'expuseram o Senhor a uma vergonha declarada'. Se vocês renunciaram expressamente aquele 'sacrifício único pelo pecado', não existirá pecado algum restante; de modo que vocês devem ter perecido sem misericórdia. Mas este não é o caso de vocês. Nenhum de vocês renunciou assim aquele sacrifício, por meio do qual o Filho de Deus fez uma penitência completa e perfeita pelos pecados de todo o mundo. Por pior que vocês sejam, vocês estremecem ao pensar: por conseguinte, aquele sacrifício ainda permanece para vocês. Venham, então; atirem fora seus medos desnecessários! 'Venham corajosamente para o trono da graça'. O caminho ainda está aberto. Vocês devem novamente 'obter misericórdia, e encontrar graça para socorrer em tempo de necessidade'.
9. "Mas as palavras notórias do próprio nosso Senhor, não nos tira toda a esperança de misericórdia? Ele não diz: 'Toda maneira de pecado e blasfêmia deve ser perdoada ao homem: Mas a blasfêmia contra o Espírito Santo não deverá ser perdoada. E quem quer que fale uma palavra contra o Filho do homem, ela deverá ser perdoada nele: Mas quem quer que fale uma palavra contra o Espírito Santo, ela nunca poderá ser perdoada nele; nem neste mundo, nem no mundo que há de vir?'".
"Portanto, está claro que, se nós temos cometido este pecado, não existe lugar para a misericórdia. E não se trata da mesma coisa repetida por Marcos, quase nestas mesmas palavras? 'Verdadeiramente eu lhes digo' (Um prefácio solene! Sempre denotando grande importância ao que se segue), 'que todos os pecados deverão ser perdoados aos filhos dos homens, e as blasfêmias, por mais que eles possam blasfemar: Mas, aquele que blasfema contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, mas está debaixo da sentença da condenação eterna'".
Quão imenso é o número daqueles que têm, mais ou menos, se afligido, com respeito a esta Escritura! Que multidão, neste reino, tem estado perplexa, acima da medida, concernente ao mesmo relato! Mais ainda; existem poucos que verdadeiramente estão convencidos do pecado, e se esforçam seriamente para salvar suas almas; que não têm sentido alguma inquietação, pelo temor que tenham cometido, ou possam cometer este pecado imperdoável. O que tem freqüentemente aumentado a inquietação deles, é que eles dificilmente poderiam encontrar algum conforto neles. Seus conhecidos, mesmo os mais religiosos deles, não entenderam mais do assunto do que eles mesmos; e eles não puderam encontrar escritor algum que tivesse publicado alguma coisa satisfatória sobre o assunto. De fato, nos 'Sete Sermões', do Sr. Russel, que eram comuns ,em meio deles, existe um, expressamente escrito sobre isto; mas ele fornece uma pequena satisfação a um espírito preocupado. Ele fala sobre isto e aquilo, mas diz nada: ele se esforça, mas perde o ponto, finalmente.
Mas existiu no mundo uma prova mais deplorável da pequenez do discernimento humano, mesmo naqueles que têm corações honestos, e são mais desejos do conhecimento da verdade? Como é possível que alguém que leia sua Bíblia possa permanecer uma hora em dúvida concernente a ela, quando o próprio nosso Senhor, na mesma passagem acima citada, tem tão claramente nos dito que blasfêmia é esta? 'Qualquer, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão, mas será réu do eterno juízo (Porque diziam: Tem espírito imundo)' (Marcos 3:29-30). Isto, então, e tão somente isto, (se nós permitimos que nosso Senhor entenda seu próprio significado) é a blasfêmia contra o Espírito Santo: O dizer que ele que tem um espírito impuro; o afirmar que Cristo forjou seus milagres, através do poder de um espírito pecaminoso; ou, mais particularmente, que 'Ele expulsou demônios, através de Belzebu, o príncipe dos demônios'. Agora, vocês se consideram culpados disto? Vocês têm afirmado que ele expulsou demônios, através do príncipe dos demônios? Não mais do que você cortar a garganta de seu próximo, e botar fogo em sua casa. Quão terrivelmente, então, vocês têm estado temerosos, onde não existe medo! Rejeitem esse terror vão; permitam que seu medo seja mais racional, daqui para frente. Estejam temerosos de dar lugar ao orgulho; temerosos de consentir na ira; temerosos de amar o mundo e as coisas do mundo; temerosos dos desejos tolos e danosos; mas nunca mais estejam temerosos de cometer a blasfêmia contra o Espírito Santo! Vocês não correm mais o risco de fazer isto, do que o sol de cair do firmamento.
10. Vocês não têm, então, motivo das Escrituras para imaginarem que 'o Senhor tem se esquecido de ser gracioso'. Os argumentos esboçados disto, vocês vêem, são de nenhum peso, são totalmente inconclusivos. E existe algum peso mais do que tem sido traçado da experiência ou dos fatos?
Este é um ponto que pode exatamente ser determinado, e com a mais extrema certeza. Se for perguntado: "Algum apóstata real encontrou misericórdia de Deus? Alguém que 'naufragou da fé e da boa consciência', recuperou o que eles tinham perdido? Vocês conhecem; vocês viram alguma instância de pessoas que encontraram redenção no sangue de Jesus, e que, mais tarde, tornaram-se apóstatas, e, ainda assim, foram restaurados, -- 'renovados no arrependimento?'". Sim, verdadeiramente; e não um, ou cem apenas, mas, eu estou persuadido, diversos milhares. Em todo lugar onde o braço do Senhor foi revelado, e, muitos pecadores convertidos a Deus, existem diversos edificados que 'voltaram atrás no santo mandamento entregue a eles'. Porque a grande parte desses 'teria sido melhor nunca terem conhecido o caminho da retidão'. Ela apenas aumenta a condenação deles, vendo que eles morreram em seus pecados. Mas existem outros que 'olham para ele que eles tinham trespassado, e lamentam', recusando-se a serem confortados. Mas, mais cedo ou mais tarde, Ele certamente erguerá a luz de seu semblante sobre eles; Ele fortalecerá os abatidos, e confirmará os joelhos fracos; Ele os ensinará a dizer: 'Minha alma magnífica o Senhor, e meu espírito se regozija em Deus, meu Salvador'. Inumeráveis são as instâncias deste tipo, dos que caíram, mas agora estão de pé. Realmente, está tão longe de ser uma coisa incomum para um crente cair e ser restaurado, que, preferivelmente, é incomum encontrar algum crente que não esteja consciente de ter sido um apóstata de Deus, em um grau maior ou menor, e, talvez, mais do que uma vez, antes que estivesse estabelecido na fé.
"Mas aqueles que caíram da santificação da graça, eles têm sido restaurados para a bênção que eles tinham perdido?". Esta também é uma questão de experiência; e nós temos tido a oportunidade de repetir nossas observações, durante um considerável curso de anos, e de um extremo ao outro do reino.
1o. Nós conhecemos um grande número de pessoas, de todas as idades e sexo, desde a mais tenra infância à idade mais avançada, que deram todas as provas de que a natureza da coisa admite, de que eles foram 'santificados completamente'; 'limpos de toda poluição da carne e espírito'; que eles 'amaram o Senhor, seu Deus, com todo seu coração, e mente e alma, e forças'; que eles continuamente apresentaram' suas almas e corpos 'como um sacrifício santo e aceitável para Deus'; em conseqüência do que, eles 'se regozijaram, sempre mais, oraram sem cessar; em todas as coisas dando graças'. E este, e não outro, é o que nós acreditamos ser a santificação verdadeira e bíblica.
2o. Uma coisa comum para esses que estão assim santificados, é acreditarem que eles não podem cair; é suporem que são os 'pilares no templo de Deus; e que não cairão mais'. Contudo, nós temos visto alguns dos mais fortes deles, depois de um tempo, movidos de sua firmeza. Algumas vezes, repentinamente; mas, mais freqüentemente, através de graus vagarosos, eles têm cedido à tentação; o orgulho, a ira, ou desejos tolos têm novamente brotado em seus corações. Mais ainda; algumas vezes, eles têm perdido a vida de Deus extremamente, e o pecado tem readquirido o domínio sobre eles.
3o. Ainda assim, diversos desses, depois de estarem completamente conscientes de sua queda, e, profundamente envergonhados diante de Deus, têm sido novamente preenchidos com seu amor -- e não apenas aperfeiçoados nele, mas firmados, fortificados, e estabelecidos. Eles têm recebido a bênção que eles tinham antes com abundante crescimento. Mais do que isto: muitos que tinham caído, tanto da justificação, quanto da graça santificadora, e tão profundamente, que dificilmente foram classificados em meio aos servos de Deus, foram restaurados, (mas raramente, até que eles tivessem sido chacoalhados, como aconteceu, sobre a boca do inferno), e isto muito freqüentemente, de imediato, restituindo tudo o que tinham perdido. Eles recuperaram imediatamente a consciência do favor de Deus, e a experiência de Seu puro amor; em um só momento, eles receberam, mais uma vez, a remissão dos pecados, e muitos, em meio deles, foram santificados.
Mas que nenhum homem afirme desta longanimidade de Deus, que Ele tem dado a qualquer um a licença para pecar. Nem alguém ouse continuar no pecado, por causa dessa instância extraordinária da misericórdia divina. Esta é a presunção mais desesperada, e mais irracional, e que conduz à destruição extrema e irrevogável. Em toda minha experiência, eu não tenho conhecido um que fortificou a si mesmo no pecado, pela presunção de que Deus iria salvá-lo, no final; que não estivesse miseravelmente desapontado, e sujeito a morrer em seus pecados. Fazer da graça de Deus um encorajamento para o pecado é o caminho certo para o inferno mais baixo! As considerações precedentes não foram designadas a esses filhos desesperados da perdição; mas para aqueles que sentem 'a lembrança de seus pecados os afligindo; o fardo deles intolerável'. Nós colocamos diante desses uma porta aberta de esperança. Permita que eles entrem, e dêem graças ao Senhor; permita que eles saibam que 'o Senhor é gracioso e misericordioso; longânime, e de grande bondade'. 'Veja o quão alto os céus estão da terra! Tão longe Ele irá colocar os pecados deles de si mesmos'. "Ele não será sempre repreensivo; nem Ele manterá sua ira para sempre". Apenas coloquem em seus corações, que 'eu darei tudo para todos, e a oferta deverá ser aceita'. Dêem a Ele todo seu coração! Que tudo que esteja em vocês continuamente clame: 'Tu és meu Deus, e eu serei grato a ti; tu és meu Deus, e eu louvarei a Ti'. 'Este Deus é meu Deus para sempre e sempre! Ele será meu guia até a morte'.
[Editado por Michael Anderson, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com correções de George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]
Assinar:
Postagens (Atom)
Irmãos em Cristo Jesus.

Mt 5:14 "Vós sois a luz do mundo"