domingo, 19 de abril de 2015

OS DOIS LAÇOS- A vida eterna e a comunhão pessoal - C. H. Mackintosh

OS DOIS LAÇOS
A vida eterna e a comunhão pessoal

C. H. Mackintosh

Traduzido do Espanhol para o Português pelos irmãos da Cidade de Cascavel-PR


No cristianismo há dois laços muito importantes que trataremos de distinguir. Um deles é o laço da vida eterna, e o outro é o laço da comunhão pessoal. Ambos são diferentes e nunca devem confundir-se; e, posto que estão intimamente relacionados, não devem separar-se jamais. O primeiro constitui o fundamento de nossa segurança; o segundo, a fonte secreta de nosso gozo e de toda nossa fecundidade. O primeiro não pode ser quebrado jamais; o segundo, pode-o ser por milhares de coisas.

Dada a imensa importância destes laços, examinemo-los com reverência e com oração, à luz da divina inspiração.

Em primeiro lugar, com respeito ao precioso laço da vida eterna, não podemos menos que citar algumas passagens que mostram sua origem, o que é e quando e como se forma.

Acima de tudo devemos ter claramente presente que o homem em seu estado natural não tem nenhum conhecimento deste laço: “O que é nascido da carne, carne é” (João 3:6). Pode ser que haja muito do que é realmente amável, grande nobreza de caráter, grande generosidade, estrita integridade; mas não vida eterna. O primeiro laço é desconhecido. Não importa quão cultivada e elevada seja a natureza: você não pode de maneira nenhuma formar o grande laço da vida eterna. Pode fazer esta natureza moral, instruída, religiosa, mas em tanto ela seja simplesmente natureza, não tem a vida eterna. podem-se escolher as mais belas virtudes morais, e as concentrar em um indivíduo, sem que este indivíduo haja jamais sentido uma simples pulsação da vida eterna. Não estamos dizendo que estas virtudes e qualidades não sejam boas e desejáveis em si mesmos. Ninguém em seu são julgamento poria isto em dúvida. Na natureza, tudo o que é bom, deve ser estimado em seu justo valor. Ninguém pensaria nem por um momento em pôr um homem sóbrio, industrioso, amável e de princípios, ao nível de um bêbado, de um ocioso, um perverso ou um pródigo. Do ponto de vista moral e social, existe evidentemente uma diferença enorme e muito importante. Mas, entenda-se claramente, e tenha-se bem presente, que, mediante as mais belas virtudes e as mais nobres qualidades da velha criação, jamais poderemos adquirir um lugar na nova. Não podemos, pelas excelências do primeiro Adão, por mais que se concentrem em um só indivíduo, estabelecer um direito a ser membros do segundo Adão, que é Cristo. Os dois são totalmente distintos. O velho e o novo, o primeiro e o Segundo. “O que é nascido da carne, carne é; e o que é nascido do Espírito, espírito é”. “De modo que se alguém estiver em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram; eis que todas as coisas são feitas novas” (Jo 3:6; 2ª Coríntios 5:17).

Nada pode ser mais explícito, mais concludente que a última citação de 2ª Coríntios 5: “As coisas velhas” —qualquer que seja sua natureza— “passaram”. Sua existência não é reconhecida na nova criação, onde “tudo provém de Deus” (V. 18). O antigo fundamento foi completamente removido e, na Redenção, jogaram-se novos alicerces. Não há uma só partícula do velho material, empregado no novo. “Todas as coisas são feitas novas”: “tudo provém de Deus”. Os copos da antiga criação foram postos de lado e, em seu lugar, foram postos os da Redenção. A vestimenta da antiga criação foi desprezada, e a nova, a impecável roupa da Redenção, substituiu-a. A mão do homem jamais teceu um só fio nem pôs um só ponto nesta bela roupa. Como sabemos? Como podemos falar com semelhante confiança e autoridade? Dizemo-lo, pela autoridade divina e a voz concludente da Santa Escritura, que declara que na nova criação “tudo provém de Deus”. Louvado seja o Senhor de que assim seja! Esta verdade que faz que tudo seja tão seguro, põe todas as coisas em uma posição que está inteiramente fora do alcance do poder do inimigo. O adversário não pode tocar nada nem em ninguém na nova criação.

A morte é o limite do domínio de Satanás. Seus domínios não se estendem além da tumba; mas a nova criação começa do outro lado da morte. Descobrimo-la quando dirigimos nosso olhar desde aquela tumba onde o Príncipe da vida foi sepultado, para o céu. Ela pulveriza sobre nós os brilhantes raios de sua glória em meio de uma cena onde a morte não pode entrar jamais, onde o pecado e a aflição são desconhecidos, onde o assobio da serpente jamais pode ser ouvido e seus odiosos rastros visto. “Tudo provém de Deus”.

Agora bem, se este aspecto da nova criação fosse compreendido claramente, resolveria muitas de dificuldades, acalmaria as perplexidades do coração e simplificaria as coisas de maneira notável. Se olharmos ao nosso redor, ao que se chama o mundo religioso, ou a Igreja institucionalizada, o que vemos? Uma grande quantidade de esforços para melhorar ao homem em sua condição adâmica, natural ou da velha criação. A filantropia, a ciência, a filosofia, a religião ficam em jogo. Todo tipo de alavanca moral fica em ação com o propósito de elevar ao homem sobre a escala da existência. O que querem dizer os homens quando falam de «elevar às massas»? Quão longe podem chegar em suas ações? Até que grau poderiam-nas elevar? Poderiam convocá-las na nova criação? Certamente que não, sabendo que nesta criação “tudo provém de Deus”.                             

Mas então, o que são estas «massas» que os homens procuram elevar? São eles nascidos da carne ou do Espírito? Da carne certamente! Mas, então “o que é nascido da carne, carne é.” Você pode elevar a carne tão alto à seu bel-prazer. Pode aplicar a mais poderosa alavanca e fazê-la subir ao ponto mais elevado ao que se possa chegar. Pode educá-la, cultivá-la e refiná-la tudo o que quizer. Que a ciência, a filosofia, a religião (assim chamada) e a filantropia ponham ao seu dispor todos os seus recursos; com tudo isso, o que se consegue obter? Não se pode fazer da carne espírito. Não se pode introduzi-la na nova criação. Não se pode formar o primeiro grande vínculo da vida eterna. Você não terá feito absolutamente nada pelo homem, até o melhor; não terá feito nada por seu interesse espiritual e eterno. O terá deixado em seu antigo estado adâmico, nas circunstâncias da velha criação. O Terá deixado em seus perigos, sua responsabilidade, seus pecados, sua culpabilidade; o terá deixado exposto à justa ira de um Deus que aborrece o pecado. Pode ser que seja mais cultivado em seu estado de pecado, mas é de todas maneiras culpado. A cultura não pode tirar a culpa; a educação não pode apagar os pecados; a civilização não pode dissipar do horizonte do homem as sombras e as pesadas nuvens da morte e do julgamento.

Que não nos interpretem mal. Não é nossa intenção menosprezar a educação nem a civilização, a filantropia nem a verdadeira filosofia. O que queremos, e  afirmamos com total clareza, é que se tenham estas coisas pelo que realmente merecem, que sejam estimadas em seu justo valor. Estamos dispostos a deixar a margem mais ampla que se requeira para incluir todas as vantagens possíveis da educação em todos os seus ramos. Concedido isto, retomemos com renovadas forças nossa tese, Ou seja: que na educação das «massas» se eleva precisamente o que não tem nenhuma existência diante de Deus, nenhum lugar na nova criação. Pois bem, repetimo-lo com ênfase e insistimos com energia neste ponto: que até que não seja feito entrar a alma na nova criação, nada absolutamente será feito por ela no que diz respeito à eternidade, ao céu e a Deus. É certo que se pode aplainar o caminho do homem neste mundo; que se podem polir do grande caminho da vida humana algumas asperezas; que se pode alimentar a carne no seio enganoso do luxo e as comodidades; que se pode fazer tudo isto e muito mais; que se pode coroar a cabeça do homem com os mais apreciados louros que o homem possa ganhar, nas distintas arenas, competindo em sua luta pela fama. Você pode adornar seu nome com todos os títulos que jamais tenha recebido um mortal, e, depois de tudo isto, deixá-lo em seus pecados, exposto à morte e à condenação eterna. Se o primeiro grande laço não se formar, a alma é como uma embarcação solta de suas amarras e impelida pelos ventos tempestuosos em meio ao mar agitado, sem leme nem bússola.

Queremos chamar seriamente a atenção do leitor sobre este ponto, pois sentimos profundamente sua imensa importância prática. Acreditam que é difícil achar uma verdade a qual o inimigo faça uma oposição mais ardente e mais constante que a da nova criação. Ele conhece perfeitamente sua poderosa influência moral, o poder que tem sobre a alma para a desprender das coisas presente, para produzir a renuncia ao mundo, para elevar de maneira prática e habitual, por cima das coisas presente e sensíveis. Daí que seu esforço se concentre em manter as pessoas sempre ocupadas na desventurada tarefa de tratar de elevar a natureza e melhorar o mundo. Não tem nenhuma objeção contra a moralidade, ou a religião, como tais, em todas as suas formas. Irá se servir do próprio cristianismo como meio para melhorar a velha natureza. Sua obra professa é, sem dúvida, costurar como uma «nova peça» a religião cristã, sobre o «velho vestido» da natureza caída. Você pode fazer o que quiser sempre desde  que deixe o homem na antiga criação; porque Satanás sabe muito bem que todo o tempo que você o deixar ali, permanecerá em suas garras. Tudo o que for da antiga criação se acha nas garras de Satanás e dentro do alcance de suas armas. Tudo o que pertence a nova criação escapa de seu poder. “Aquele que nasceu de Deus o guarda, e o Maligno não lhe toca” (1 João 5:18, Versão Moderna). Não diz que o crente se guarda a si mesmo, e o maligno não lhe toca. O crente é um ser complexo que se compõe de duas naturezas: a velha e a nova, a carne e o espírito, e se ele não vigia, “o maligno” imediatamente o tocará e o transtornará. Mas a natureza divina, a nova criação, não pode ser tocada, e enquanto isso partamos na energia desta natureza divina, e respiremos a atmosfera desta nova criação, estaremos perfeitamente resguardados de todos os assaltos do inimigo.

Examinemos agora como alguém entra na nova criação —e de que maneira devemos ser possuidores da natureza divina—, como se forma este laço da vida eterna. Uma citação ou duas da Palavra bastarão para nos fazer compreender este ponto. “Porque de tal maneira amou Deus ao mundo, que deu seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crer, não se perca, mas tenha vida eterna” (Jo 3:16). Leitor, note estas palavras, e observe a relação: “nele crer” e “tenha vida eterna”. Eis aqui o laço: a simples fé. Desta maneira passamos da antiga criação e de tudo o que lhe pertence, à nova criação com tudo o que lhe pertence. Este é o precioso segredo do novo nascimento: a fé que opera na alma pela graça de Deus, pelo Espírito Santo; a fé que nos leva a crer em Deus, em sua Palavra, que dá por certo com seu selo que Deus é verdadeiro. A fé que enlaça à alma com um Cristo ressuscitado: a Cabeça e o princípio da nova criação.

Passemos a outra citação: “​Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.” (João 5:24). Aqui encontramos de novo o laço: “ouve a minha palavra e crê”, “tem vida eterna”. Nada pode ser mais simples. Pelo nascimento natural, entramos nos limites da antiga criação, e devemos ser herdeiros de tudo o que pertence ao primeiro Adão. Pelo nascimento espiritual, entramos nos limites da nova criação e devemos ser herdeiros de tudo o que pertence ao segundo Adão. E caso se pergunte: Qual é o segredo do grande mistério do nascimento espiritual? A resposta é: a fé. “quem crê em mim”, diz o Senhor. Em conseqüência, se o leitor acreditar em Jesus, ele está na nova criação, segundo a linguagem das passagens citadas; é possuidor da natureza divina; está unido a Cristo por um laço que é absolutamente indissolúvel. Essa pessoa não perecerá jamais. Nenhum poder da terra ou do inferno, dos homens ou dos demônios, é capaz de romper esse laço da vida eterna que põe em relação a todos os membros de Cristo com sua Cabeça na glória, e uns com os outros.

Que o leitor queira examinar particularmente esta verdade, quanto ao laço da vida eterna e sua formação; devemos tomar os pensamentos de Deus em lugar dos nossos; devemos ser exclusivamente governados pela Palavra de Deus, e não por nossos vãos raciocínios, nossos sonhos insensatos e nossos sentimentos sempre tão inconstantes. Além disso, devemos ser cuidadosos de não confundir o laço da vida eterna com o da comunhão pessoal, os quais, embora intimamente unidos, são perfeitamente distintos. Não devemos deslocá-los, mas deixá-los em sua ordem divina. O primeiro não depende do segundo, mas o segundo emana do primeiro. O segundo é um laço tanto como é o primeiro, mas é o segundo e não o primeiro. Todo o poder e a malícia de Satanás são incapazes de romper o primeiro laço; o peso de uma pluma pode romper o segundo. O primeiro laço é eterno, o segundo pode ser quebrado em um segundo. O primeiro deve sua permanência à obra de Cristo por nós, a que foi cumprida na cruz, e à Palavra de Deus para nós, que foi estabelecida para sempre no céu. O segundo depende da ação do Espírito Santo em nós, e pode ser —e infelizmente é— impedido por milhares de coisas cada dia. O primeiro está baseado na vitória de Cristo a favor de nós; o segundo, pela vitória do Espírito Santo em nós.

Pois bem, nossa firme convicção é que milhares de cristãos são sacudidos com respeito à realidade e a perpetuidade do primeiro laço,o da vida eterna, por causa de seus fracassos na manutenção do segundo, o da comunhão pessoal. Algo sobrevém para romper o segundo, e eles começam a pôr em dúvida a existência do primeiro. Isto é um engano, mas serve para mostrar a imensa importância de uma Santa vigilância em nosso andar jornal a fim de que o laço da comunhão pessoal não seja quebrado pelo pecado, em pensamentos, palavras ou ações; e, se for quebrado, a fim de restaurá-lo imediatamente mediante o julgamento de si mesmo e a confissão, fundados na morte e a intercessão de Cristo. É um fato inegável, confirmado pela penosa experiência de milhares de Santos, que quando o segundo laço é quebrado, é quase impossível ver a realidade do primeiro. Mas a interrupção da comunhão em si, por mais que para nós seja algo de vital importância, em realidade não é mais que um pouco de valor secundário, e inclusive insignificante, quando a compara com a desonra feita a Cristo e com a tristeza causada ao Espírito Santo por aquilo que ocasionou a perda da comunhão, isto é, pelo pecado não julgado.

Que o Espírito Santo trabalhe em nós poderosamente, para produzir vigilância, piedade, seriedade, zelo, a fim de que nada interrompa nossa comunhão, e que os dois laços sejam compreendidos e os desfrutemos em seu devido lugar e em sua ordem conveniente, para a glória de Deus por nós, para a estabilidade de nossa paz nele, e a integridade e a pureza de nosso andar diante dele!

A fim de desenvolver mais plenamente o tema dos dois laços», queremos dirigir um momento a atenção do leitor a uma importante passagem de 1ª Coríntios 5: “Porque nossa páscoa, que é Cristo, já foi sacrificada por nós. Assim celebremos a festa…”. Esta breve citação nos mostra o alcance da verdade apresentada. Em primeiro lugar, temos o grande feito estabelecido: “Cristo, nossa páscoa, já foi sacrificada”, e, em segundo lugar, um sério chamado: “Celebremos a festa”. No primeiro caso temos o fundamento de nossa segurança; no último, o segredo de nossa santidade pessoal.

Achamos aqui, em sua distinção característica e sua devida ordem, novamente os dois laços. Temos um sacrifício e uma festa, duas coisas totalmente distintas e, entretanto, em íntima relação uma com a outra. O sacrifício é perfeito, mas a festa deve ser celebrada. Tal é a ordem divina. A perfeição do sacrifício assegura os direitos do crente, e a celebração da festa inclui toda sua vida prática.

Devemos tomar cuidado de não confundir estas coisas. A festa dos pães sem levedura, fundada na morte do cordeiro pascal, era o tipo da santidade prática que devia caracterizar toda a vida do crente. “Cristo foi sacrificado”: esta verdade nos assegura um título perfeito. “Verei o sangue e passarei de vós” (Êxodo 12:13). Pelo sangue do cordeiro, Deus, como Juiz, foi apaziguado e plenamente satisfeito. O anjo destruidor devia atravessar a terra do Egito à meia-noite, com a espada do julgamento em sua mão, e o único meio para escapar era a aspersão do sangue, mas para Deus este sangue era suficiente. Deus havia dito: “Verei o sangue e passarei de vós.” A salvação de Israel descansava na estimativa que Deus tinha do sangue do cordeiro. A alma não poderia descansar em uma verdade mais preciosa. A salvação do homem descansa na satisfação que Deus achou na obra de seu Filho. Louvado seja Deus! “Cristo, nossa páscoa, foi sacrificada por nós.” Notemos as palavras: “foi sacrificada” e “por nós”. Isto resolve tudo o que concerne à tão importante questão da salvação do julgamento e da ira. Assim se forma o precioso laço da salvação, o qual jamais pode ser quebrado. Não há nenhuma diferença entre o laço da vida eterna e o laço da salvação. O Senhor Jesus Cristo, O Salvador vivente, a Cabeça ressuscitada, mantém, e manterá sempre, este laço em uma inquebrável integridade, como ele mesmo o diz: “Porque eu vivo, vós também vivereis.” “Porque se sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando reconciliados, seremos salvos por sua vida.” “Vivendo sempre para interceder por eles” (João 14:19; Romanos 5:10; Hebreus 7:25).

Ainda uma ou duas palavras sobre a exortação do apóstolo: “Assim celebremos a festa”. Cristo nos guarda, mas nós devemos guardar a festa. Ele foi sacrificado para que nós tenhamos uma festa que celebrar, e esta festa é uma vida de santidade pessoal, uma separação prática de todo mal. A comida dos israelitas se compunha de três coisas: um cordeiro assado, ervas amargas e pães sem levedura. Preciosos ingredientes! Mostram em uma linguagem típica, primeiro, a Cristo tendo suportado a ira de Deus por nós; em segundo lugar, os profundos exercícios espirituais do coração que fluem de nossa contemplação da cruz; e, em terceiro lugar, a santidade pessoal ou a separação prática do mal. Tal era a festa dos redimidos de Deus, e tal é a nossa hoje. OH, que possamos celebrá-la em sua devida ordem! Tenhamos os lombos rodeados, os pés calçados e nosso bastão de peregrinos na mão!

Recordemos que a festa não é celebrada para obter um sacrifício, mas sim o sacrifício devotado proveu a festa. Não devemos inverter esta ordem. Somos propensos a fazê-lo porque estamos dispostos a considerar Deus como um cobrador, em lugar de considerá-lo como um doador; dispostos a fazer do dever a base da salvação, em lugar de fazer da salvação a base do dever. Um israelita não rechaçava a levedura para ser salvo da espada do destruidor, mas sim porque era salvo. Em outras palavras, estava, primeiro, o sangue sendo derramado, e, seguidamente, os pães sem levedura. Estas coisas não devem confundirem-se, nem devem se separar. Não somos salvos da ira pelos pães sem levedura, e sim pelo sangue; mas não gozaremos desta última verdade a menos que mantenhamos com zelo e diligência a primeira. Os dois laços devem manterem-se sempre em sua ordem divina, e em sua íntima relação. O próprio Cristo mantém infalivelmente o primeiro; e nós, pelo poder do Espírito Santo, devemos manter o segundo. Que Ele nos faça capazes de fazê-lo!


 extraído do site verdades preciosas.ar

A TESTEMUNHA FIEL, REINO E SACERDOTES- Gino Iafrancesco

A TESTEMUNHA FIEL, REINO E SACERDOTES

Extraído do blog Aproximação ao Apocalipse.


“4 João, às sete igrejas que estão na Ásia: Graça e paz a vós, da parte do que é, e que era, e que há de vir, e dos sete espíritos que estão diante de seu trono; 5 e de Jesus Cristo a testemunha fiel, o primogênito dos mortos, e o soberano dos reis da terra. 

Ao que nos amou, e nos lavou de nossos pecados com seu sangue, 6 e nos fez reis e sacerdotes para Deus, seu Pai; a ele seja glória e império pelos séculos dos séculos. amém. 7 Eis que vem com as nuvens, e todo olho lhe verá, e os que lhe transpassaram; e todas as tribos da terra farão lamentação por ele. Sim, amém.  8  Eu sou o Alfa e Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso” (Apocalipse 1:4-8).


SAUDAÇÃO DA TRINDADE

Vamos ao Livro do Apocalipse, no primeiro capítulo; estamos somente na introdução. No primeiro capítulo vimos a respeito da alta crítica, a respeito deste livro do Apocalipse, vendo como seu autor foi efetivamente o apóstolo João. No segundo capítulo vimos o relativo à baixa crítica, a transmissão do texto desde os primeiros séculos, os manuscritos que nos trazem o texto do Apocalipse, o que é muito necessário, porque através da consideração dos manuscritos mais antigos têm acesso ao texto mais puro e podemos avaliar as diferentes versões e traduções que existem.

aconselho aos irmãos que estejamos abertos a considerar várias traduções, e no que for possível, ir aos idiomas originais, especialmente os documentos mais antigos. No terceiro capítulo vimos o relativo à hermenêutica deste livro; como deve ser encarado este livro que é uma profecia. No quarto capítulo vimos o relativo ao título do livro; e no quinto capítulo, na vez passada, começamos com a saudação do livro. Hoje vamos continuar com a saudação; o tema de hoje é a continuação da saudação. A saudação está no capítulo 1 do verso 4 ao verso 8.  Na vez passada estivemos vendo os textos gregos para que pudéssemos ver esta saudação da maneira mais pura, como nos é conservada pelos textos antigos, e nos detivemos depois de ver o aspecto textual na exegese do versículo 4; mas a saudação vai do 4 até o 8.

Então devemos agora nos centrar um pouco na exegese do versículo 5 em diante, porque no verso 4 João faz a saudação da maneira como os apóstolos faziam as saudações: a graça e a paz de Deus. Paulo dizia: de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo; e João diz: “4 Graça e paz a vós, da parte daquele que é e que era e que há de vir (que é o Pai), e dos sete espíritos diante de seu trono; 5 e de Jesus Cristo a testemunha fiel, o primogênito dos mortos, e o soberano dos reis da terra”. Vamos primeiro a nos deter ali, no ponto; vou parar porque ali começa uma exultação, exaltação também ao Senhor; mas no ponto termina a parte da saudação da parte do Pai, do Filho e do Espírito Santo, mas nesta ordem como João o apresenta: o Pai, o Espírito e o Filho. “De Jesus Cristo a testemunha fiel”; a graça e a paz de Deus são também de Jesus Cristo; nada nos vem do Pai senão pelo Filho; e até o que nos vem do Espírito Santo é no nome do Filho; é por meio do Filho que Deus e o homem se unem, encontram-se; na pessoa do Filho temos o Filho de Deus como que Verbo divino e o Filho do Homem porque se fez homem e assumiu natureza humana.

   Agora aparece chamado aqui como a testemunha fiel. Que precioso! Esta testemunha é testemunha de Deus, testemunha do Pai; como é formosa essa expressão “testemunha fiel”; ou seja que em Jesus Cristo, o Filho de Deus, podemos conhecer Deus o Pai sem distorção, sem equívoco.

QUE IMAGEM DE DEUS APRESENTAMOS?

Muitos seres humanos te falado de Deus e falamos de Deus; eu também estou aqui falando de Deus; muitos de nós, seres humanos, conversamos e apresentamos coisas a respeito de Deus. Se vocês recordarem, por exemplo, o livro de Jó, no livro de Jó, Jó conversa com seus amigos; e depois essa conversação se volta mais ou menos a uma discussão, e o tema é Deus; Jó fala de Deus, os amigos falam de Deus, e Deus escuta o que eles falam Dele mesmo; às vezes, se a gente não puser atenção ao último capítulo, quando Deus mesmo dá sua avaliação das conversações deles, pensaríamos que sua doutrina é muito boa; às vezes nós poderíamos até emoldurar um dos versículos da dissertação de Bildade suíta ou do Elifaz temanita ou de Zofar naamatita, ou de Eliú; mas fixem-se no que Deus, depois de que lhes deixou falar trinta e tantos capítulos e ele guardava silêncio, ao fim falou o próprio Deus; e quando falou Deus mesmo aí se calaram todos; aí Jó deixou de responder argumentos e se prostrou e disse: Eu falava o que não entendia, coisas muito maravilhosas para mim que eu não compreendia; portanto me aborreço em pó e cinza; eu te perguntarei e Tu me ensinarás. Mas logo vêm as palavras que diz Deus aos amigos de Jó, os que estavam defendendo a Deus.

 Deus lhes diz: Vós não falastes de mim o reto como meu servo Jó, portanto peçam a ele que ore por vocês para que eu não os trate afrontosamente; como quem diz: para que não lhes corrija pelo que falastes mal de mim; me interpretastes mal diante de Jó; vocês apresentaram uma imagem minha que não é; ou seja que eles, embora trataram de defender a Deus, não foram testemunhas fiéis de Deus, e isso que suas palavras estão registradas na Bíblia. A quem Deus considerou que falou bem?  À Jó; dele considerou Deus que falou bem; mas, o que foi o que ele falou? depois de ter falado muitas coisas disse: Eu falava o que não entendia; ou seja, reconheceu que o que falava, falava sem entendimento e que se arrependia, e que se aborrecia; isso foi o que Deus considerou correto, deixar que seja Deus o que responde, não ficar alguém a tratar de ponderar e a dar definições finais de Deus.

Nós, às vezes, que ensinamos a respeito de Deus, não apresentamos uma imagem correta.  Quando o diabo disse a Eva: É assim que Deus disse: não comam de toda árvore do Jardim? a primeira coisa que quis fazer foi apresentar uma idéia falsa de Deus, distorcer a Deus, lhe atribuir despropósitos às intenções de Deus. 

Então, a partir da queda, Deus ficou desconhecido do homem; os homens ficaram abandonados a seus próprios sentidos por um tempo; não abandonados da parte de Deus, mas sim Deus, para mostrar a necessidade de Sua revelação permitiu aos homens, como diz Paulo aos atenienses, segundo Lucas em Atos 17, diz-lhes que apalpassem, a ver se apalpando podiam conhecer um pouco de Deus, mas que na sabedoria de Deus, o homem não conheceu Deus mediante a sabedoria; então foi necessária a pregação do evangelho; ou seja, o mais distorcido é Deus, não Ele em si mesmo, a não ser a imagem Dele que é a que nós mesmos representamos equivocadamente, desequilibradamente; mas fixem-se em que precioso o que se pode dizer do Senhor Jesus, que Ele sim é a testemunha fiel de Deus.

SÓ O SENHOR JESUS DÁ A CONHECER O PAI

Jesus diz: farão isto, inclusive perseguindo os que são de Deus, porque não conhecem o Pai nem a mim.  Fazem coisas, diz que para defender a Deus, que Deus aborrece. Chega a hora em que qualquer que vos mate, disse Jesus, pensará que rende serviço a Deus. Quantos dos torturadores da época da inquisição que estavam aplicando torturas terríveis a muitos que não eram seguidores do Papa ou não eram marianistas, pensavam estar prestando um serviço a Deus; mas Deus não é assim. Jesus disse: “Se me conhecessem, também a meu Pai conheceriam; e a partir de agora vocês o conhecem e lhe viram” (João 14:7); ou seja, que o Pai é conhecido através do Filho, para que não tenhamos uma visão desequilibrada, vendo algum aspecto e negando outro, ou ignorando outro; quem realmente nos revela o caráter de Deus, como é Deus, em Sua misericórdia e ao mesmo tempo em Sua justiça, em Sua santidade, também em Sua vida e entretanto também Sua paciência, etc., é o Senhor Jesus; é pelo Senhor Jesus, e só por Ele, que se pode conhecer a Deus. Por isso Jesus disse: que quem não honra ao Filho, não honra ao Pai; e também está escrito que o que não recebe ao Filho, não recebe ao Pai e o que não tem o Filho não tem ao Pai.

Muitas pessoas aceitam a existência de um Deus; hoje na oração se mencionou, por exemplo, aos muçulmanos; mas a imagem que têm os muçulmanos de Deus, não é uma imagem fiel; alguns são capazes de se colocar bombas e ir usar em um terrorismo porque pensam que vão a um paraíso onde vão ter virgens que os sirvam; estão enganados porque não receberam ao Filho; quem não recebe ao Filho não recebe tampouco ao Pai, o Pai só é conhecido pelo Filho. 

Então esta expressão aqui: “Jesus Cristo a testemunha fiel”, é muito importante, por meio de Jesus conhecemos ao Pai. “Pai, dei-lhes a conhecer seu nome e o darei a conhecer ainda”; ou seja, continuarei dando a conhecer; a Deus só conhecemos por meio de Jesus.

Jesus é uma testemunha fiel.  Essa palavra, “testemunha fiel”, pode-se contrastar com outra palavra terrível que é: “falsa testemunha”.  Uma testemunha fiel é o que dá o testemunho de Deus como é, sem lhe acrescentar e sem lhe tirar; uma falsa testemunha é o que mente a respeito do que viu; uma pessoa que fala de Deus sem falar de Cristo e não em Cristo, é uma falsa Testemunha. Isto é delicado; o Senhor quer que sejamos suas testemunhas e para poder ser suas testemunhas temos que conhecer a Ele e procurar depender Dele e estar Nele; de outra maneira não encontraremos a Deus. Jesus é a testemunha fiel; muito preciosa essa palavra e muito profunda. O Pai pode dizer: “Este é meu Filho amado, em quem tenho complacência; a ele ouçam” (Mateus 17:5); como quem diz, e como Ele o disse: toda alma que não ouvir a esse profeta...

Claro que esse profeta era o próprio Filho de Deus, o Verbo divino feito homem, mas a profecia dizia que esse Filho de Deus feito homem seria também, entre outras coisas, um profeta como Moisés.

“Profeta como eu, levantará o Senhor”, disse Moisés; então disse Deus: toda alma que não ouvir aquele profeta, será desarraigada do povo; ou seja, o testemunho fidedigno de Deus, só podemos receber por seu Filho Jesus Cristo, a testemunha fiel.

A TESTEMUNHA FIEL

Outra coisa importante que se diz do Senhor Jesus aqui e que se diz a seguir, vocês se dão conta de que aqui há uma seqüência; primeiro diz: a testemunha fiel; então, claro, como demonstrou Deus que o testemunho de Jesus foi fiel? Ressuscitando-o dos mortos; essa foi a maneira de dizer:  o que Ele dizia, sim, era verdadeiro. Maomé está podre ainda, Buda está ainda podre, irmãos; até os apóstolos estão ainda podres; mas claro, aos apóstolos ressuscitará o Senhor na primeira ressurreição, mas por estarem em Cristo Jesus; mas Deus demonstrou quem é o Senhor Jesus ressuscitando-o dos mortos. A seqüência diz primeiro: a testemunha fiel; então como conseqüência disso: primogênito; graças a Deus que não é o único, mas o primeiro, porque Ele conduziu a muitos em Seu testemunho; “primogênito dos mortos”, então ressuscitado, glorificado, sentado à destra do Pai. A seguinte conseqüência é: “soberano dos reis da terra”. Fixem-se na ordem: primeiro “testemunha fiel”; isso foi da encarnação e Seu viver humano e Sua morte, porque foi testemunha até a morte, porque a palavra “testemunha” no idioma grego é “mártir”; ou seja que para Deus “testemunha” e “mártir”, é a mesma coisa; ou seja, quem não estiver disposto a pôr sua vida até à morte pela honra de Deus, não é uma verdadeira testemunha; por isso a palavra testemunha e mártir para Deus é a mesma palavra; no grego é a mesma palavra; onde diz: o mártir fiel, é a testemunha fiel.

PRIMOGÊNITO DOS MORTOS

Agora sim vem “o primogênito dos mortos”. Preciosa esta palavra; isto quer dizer: o primeiro que ressuscitou da morte em incorrupção para nunca mais morrer. Certamente que antes do Senhor Jesus houve outras pessoas que ressuscitaram dos mortos, mas ainda em um corpo adâmico, ainda em um corpo corruptível que voltaria a morrer. As pessoas que Elias ou Eliseu ressuscitaram, não é verdade? Inclusive aqueles que  o Senhor Jesus ressuscitou aqui na terra, voltaram a morrer, mas o Senhor Jesus foi o primeiro em ressuscitar em incorrupção para nunca mais morrer e por isso ele é o primogênito. Mas que precioso que diga que é primogênito! Isso implica que não é o único; por isso diz: “primogênito dos mortos”; ou seja, que graças a Ele, e sendo Ele nosso precursor, haverá outros que por meio Dele e por estarem nele ressuscitarão com Ele, amém? E por isso se chama “primogênito dos mortos”; como João resume nestas três palavras a identidade do Senhor Jesus: “testemunha fiel”, aí está, Deus encarnado, Deus sendo conhecido através de humanidade e então, tendo morrido, ressuscitado dos mortos e feito Senhor, autoridade total nos céus e na terra, sendo o soberano dos reis da terra, Senhor de senhores e Rei dos reis.  Ele tem agora toda potestade; pode ser que alguns e muitos reis da terra não saibam que Ele é seu soberano; muitos não sabem que Ele é Senhor e que vão dar lhes prestar conta da oportunidade que Ele lhes deu; Ele é o que os põe e Ele é o que os tira e tudo Ele faz para levar adiante Seu propósito.  Sempre devemos ver a mão de Deus detrás de todos os acontecimentos, porque nada escapa da mão de Deus; Ele é o primogênito dos mortos, o primeiro ressuscitado para nunca mais morrer e o soberano dos reis da terra.

Isto nos recorda aquele Salmo 2, precioso Salmo onde o Pai diz ao Filho: Filho, “8 pede-me, e eu te darei por herança as nações”; e logo diz aos reis: Reis, “12 honrai ao Filho, para que não se zangue, e pereçam no caminho”; ou seja que o Senhor Jesus tem toda potestade nos céus e na terra. Que coisa importante de João!

Imaginem uma coisa: eles estavam nada menos que no tempo de Domiciano, que foi considerado como um segundo Nero, ou um Nero revivido ou ressurgido como se diz; e estavam morrendo, e Domiciano estava mandando ao povo que adorasse o imperador e oferecesse incenso à sua estátua, como figura do que tem que acontecer com a imagem da besta nos tempos do fim; e nesse tempo, que tudo parecia tão difícil, João diz: “soberano dos reis da terra”. Irmãos, isto devemos levar em conta nos tempos piores, estando acontecendo o pior, devemos recordar que Ele é o soberano dos reis da terra, Ele tem absoluto domínio; Não permite sequer um milímetro a mais a Satanás do que o permite.  Quando Lhe disse: Não tocará a vida de Jó, Satanás não pôde fazer nada.  Satanás fez muitas coisas muito poderosas, mas não pôde tocar a vida de Jó. Depois sim lhe disse: Tocará sua pele, mas até a pele, não sua vida; ou seja que o diabo não pode escapar um centímetro; há um soberano absoluto que está sempre no trono.  Então, irmãos, não importa o que estejamos vendo no mundo, o Senhor é soberano dos reis da terra, e eles darão conta ao Senhor.

FEZ-NOS REINO E SACERDOTES

Depois vem o ponto, e depois de mencioná-lo, ao invés de falar, porque ele vai começar a contar as coisas que aconteceram com ele, do versículo 9, no verso 9 diz: “Eu João, seu irmão, e co-participante”; mas antes de começar a contar ele acaba de mencionar ao Pai, ao Espírito e ao Filho; então tem que glorificar; por isso diz: “Ao que nos amou, e nos livrou”, já na vez passada fizemos a comparação textual entre as traduções e vimos que a palavra “livrou” é um pouco mais próxima ao original que “lavou”; ou seja, lavou está incluído em “livrou”, mas livrou é mais que lavar. “5 Ao que nos amou, e nos livrou de nossos pecados com seu sangue, 6 e nos fez reino e sacerdotes para Deus, seu Pai; a ele seja glória e império pelos séculos dos séculos. Amém”. Irmãos, com esta exultação de João, realmente estamos vendo que este livro é o Apocalipse; o Apocalipse é o final, é a consumação, e aqui da maneira como João exalta ao Senhor, está apresentando ao Senhor de uma maneira global e de uma maneira completa. Primeiro disse: Ele é a testemunha fiel, o primogênito dos mortos, o soberano dos reis da terra; aí está uma cristologia resumida onde está tudo o que é Jesus Cristo quanto à Sua pessoa; mas agora deve resumir Sua obra, “amou-nos, e nos livrou de nossos pecados com seu sangue e nos fez reino (diz o original) e sacerdotes para o Deus seu Pai”; então fixem-se nessas poucas palavras; assim como antes tinha sintetizado a pessoa excelsa do Senhor, agora sintetiza a obra do Senhor desde o começo até o fim; porque olhem o que diz: “amou-nos”; ou seja, da eternidade, “com amor eterno te amei”, aí esta a eternidade, “amou-nos”.

Por amor foi que se despojou, encarnou, viveu, foi provado, morreu, ressuscitou, ascendeu, intercede, reina, envia ao Espírito, controla tudo; amém? Tudo isso é por amor; e diz: “e nos livrou de nossos pecados com seu sangue”. A palavra “livrou”, que é uma palavra mais ajustada ao original grego, a diferença está só em uma ou menos; pronunciam-se igual, mas não se escreve igual  ou; então soa “livrou”; esta palavra é mais profunda que a outra, porque lavar é perdoar, mas não livrar; uma pessoa pode ser uma vez perdoada e outra vez perdoada, e outra vez perdoada, mas seguir fazendo o mesmo, porque não foi livrada, só perdoada ou lavada; mas ser livrado é mais profundo que ser lavado, porque ser livrado implica ter sido lavado, perdoado, mas ter sido ajudado para que já não seja mais o pecador que era; ou seja, ser tirado dos pecados é mais profundo que ser lavado. Ser lavado sim é ser limpo do pecado, da mancha do pecado, mas ser livrado é mais profundo.

Por exemplo, na epístola aos Romanos, nota-se muito essa diferença. Em Romanos, capítulo 4 por exemplo, vocês vêem que Paulo já vai um pouco mais profundo. Em 4:7, ele diz: “7Bem-aventurados aqueles cujas iniqüidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos. 8 Bem-aventurado o varão a quem o Senhor não culpa de pecado”. Isto aqui está se referindo ao perdão dos pecados ou ao lavar; mas logo você pode ver um pouquinho mais adiante, já não no capítulo 4, a não ser no capítulo 6, verso 17: “17 Mas graças a Deus, que embora fosseis escravos do pecado, obedecestes de coração àquela forma de doutrina a qual foram entregues; 18 e libertados do pecado, viestes a ser servos da justiça”. Aqui não usa a palavra “perdoado”, a não ser “libertados do pecado, viestes a ser servos da justiça”; agora as pessoas praticam a justiça e não praticam mais o pecado; pelo menos, praticam-no menos que quando tinham sido perdoados e libertados.

Então, irmãos, o Senhor Jesus é o que constitui sacerdotes a Seu povo como vai dizer aqui a seguir: “por meio de Sua obra na cruz”. João está sintetizando aqui o que com muitas palavras no Antigo Testamento estava tipificado.  Vocês vêem que aqui em Apocalipse 1:5 diz: “amou-nos”, então a conseqüência, lavou-nos, mas o original mais exato é “livrou de nossos pecados com seu sangue, e nos fez...” aqui diz a palavra “reis”, mas o original grego diz “reino”; “e nos fez reino e sacerdotes para Deus, seu Pai”; então como nos amou da eternidade, fez o que fez e logo o fez em nós, “livrou-nos”; e o que mais fez quando nos livrou? “fez-nos reino”; por isso aqui está mostrando tudo desde o começo, na eternidade passada até a eternidade futura.  João, aqui estão todo os terminais da Bíblia; estas expressões que aparecem aqui em João, são as que Deus introduziu.


UM REINO DE SACERDOTES

Vamos a Êxodo 19, quando pela primeira vez, de maneira explícita, porque já se via o sacerdócio tipologicamente na criação do homem, mas em forma tipológica, mas de maneira explícita aparece em Êxodo 19.  Vejam como Apocalipse, ali onde lemos, é como um terminal conectado com esta passagem para cá. Êxodo 19 diz o seguinte; vamos ler do versículo 4: “Vós”, está falando Deus a todo o povo de Israel; ouçam, nesta passagem, notem bem, não fala só com os levita, nem só aos sacerdotes de Arão; fala com o povo inteiro Dele: “4 Vós outros viram o que fiz aos egípcios, e como tomei sobre asas de águias, e vos trouxe para mim.” Notem, é quase o mesmo: que nos amou, Ele foi o Cordeiro da páscoa, livrou-nos de nossos pecados, traz-nos para Ele, para ser o que? “Trouxe-lhes para mim. 5 Agora, pois, se deres ouvido à minha voz, e guardarem meu pacto, vós sereis meu especial tesouro sobre todos os povos; porque minha é toda a terra. 6 E vós me sereis um reino de sacerdotes, e povo Santo”. Por isso era que o apóstolo Pedro dizia também: “Vós sois linhagem escolhida, real sacerdócio, nação Santa, povo adquirido Por Deus, para que anuncieis as virtudes daquele que lhes chamou das trevas a sua luz admirável” (1 Pedro 2:9); ou seja, que desde o começo, o objetivo da redenção é um reino de sacerdotes; não é somente ser perdoados, não é somente não ir ao inferno.  O Senhor nos perdoa, livra-nos e nos constitui sacerdotes, e esses sacerdotes juntos formamos um reino.

Um reino é toda uma economia divina administrada por Deus, por Cristo o ungido e seus Co-reis, co-herdeiros com Ele, que reinarão junto com Ele, se junto com Ele padecerem; porque este assunto do reino está relacionado com o sofrimento, com Cristo. Aqui João está sintetizando de eternidade a eternidade; amou-nos, livrou-nos de nossos pecados com Seu sangue, e nos fez um reino. A palavra mais exata é um reino; na vez passada mencionamos rapidamente esse detalhe. Ser reis é ainda muito individual; é que a palavra reino e reis é muito parecida, só se diferenciam em umas letras finais no grego, e por isso alguns dos manuscritos posteriores se equivocaram nesses detalhezinhos; mas os mais antigos mantêm essa palavra, “reino”, e que concorda com o que diz aqui em Êxodo 19, com o que diz Pedro; o conceito de um reino, é um reino, não é reis cada um com seu reino.... João é inspirado; mas nem todos os tradutores são inspirados; graças damos a Deus pelos tradutores, mas nos importa comparar traduções. Espero que isso não escandalize aos irmãos, porque não estamos querendo ser infiéis à Palavra, e sim ser fiéis, porque a Palavra é a que escreveu João e o mais próximo são os manuscritos antigos.

ORDENAÇÃO DOS SACERDOTES

Irmãos, voltemos ali para Apocalipse1:6: “Fez-nos reino e sacerdotes”. Agora fixem-se nisto: “fez-nos primeiro reino diz: “amou-nos, e nos livrou de nossos pecados com seu sangue, e nos fez reino e sacerdotes”. Vamos de novo a Êxodo, mas desta vez ao capítulo 29, onde vocês vão encontrar a consagração dos sacerdotes; ou seja, como era; porque o Antigo Testamento é uma tipologia; como era que se faziam sacerdotes, e aí com este capítulo 29 como transfundo daquela frase de João: “ao que nos amou e nos livrou de nossos pecados com seu sangue, e nos fez reino e sacerdotes”, essa frase: que nos amou e com seu sangue nos livrou e nos fez, este capítulo 29 é a tipologia; ou seja, o que está em João é um resumo de tudo o que aqui nesta tipologia está ricamente expresso. vamos fazer uma leitura um pouco rápida, para que nos demos conta de como todos estes detalhes refletem distintos aspectos da obra de Cristo. Êxodo 29 do 1: “1 Isto é o que fará para consagrá-los, para que sejam meus sacerdotes”.  Aqui nos está dizendo a tipologia como é que se fazem os sacerdotes, porque diz que Ele nos fez sacerdotes. Agora, como nós, irmãos, já não teoricamente, como nós chegamos a ser de fato sacerdotes e praticamos o sacerdócio? Porque a gente pode dizer: sou sacerdote, mas não experimentar e nem exercer o sacerdócio; mas Ele nos amou, livrou-nos de nossos pecados com Seu sangue e nos fez reino e sacerdotes. Aqui esta nos dizendo a tipologia como é que se fazem os sacerdotes; como você, uma pessoa que vivia no mundo, que não vivia na comunhão de Deus, como de repente é livrado do mundo, é tirado das trevas, introduzido em sua luz admirável para lhe conhecer e para lhe anunciar; ou seja, para sair representando ao Senhor; esse é um sacerdote na prática, uma pessoa que sai da escuridão, entra no Lugar Santíssimo por Seu sangue e logo sai em Seu nome e lhe representa fielmente. Como pode ser feito isso? Porque a frase assim tão rápida, lida às pressas, “fez-nos sacerdotes...”, mas você o que sente? Você sente que te aconteceu algo? Ou não entra na presença? Ou entra e não só entra, mas também vive e sai, não da presença, senão no nome da Presença?  é uma frase profunda: “fez-nos”; e aqui em Êxodo 29 diz:: “Isto é o que fará para consagrá-los”; ou seja, o que lá está no terminal resumido, aqui está o conteúdo que está escondido naquela frase que diz:

“para que sejam meus sacerdotes:  toma um novilho, e dois carneiros sem defeito,
2  e pães asmos, e bolos asmos, amassados com azeite, e obréias asmas untadas com azeite; de flor de farinha de trigo os farás, 3  e os porás num cesto, e no cesto os trarás; trarás também o novilho e os dois carneiros.4  Então, farás que Arão e seus filhos se cheguem à porta da tenda da congregação e os lavarás com água; 5  depois, tomarás as vestes, e vestirás Arão da túnica, da sobrepeliz, da estola sacerdotal e do peitoral, e o cingirás com o cinto de obra esmerada da estola sacerdotal;6  pôr-lhe-ás a mitra na cabeça e sobre a mitra, a coroa sagrada. 7  Então, tomarás o óleo da unção e lho derramarás sobre a cabeça; assim o ungirás. 8  Farás, depois, que se cheguem os filhos de Arão, e os vestirás de túnicas, 9  e os cingirás com o cinto, Arão e seus filhos, e lhes atarás as tiaras, para que tenham o sacerdócio por estatuto perpétuo, e consagrarás Arão e seus filhos.”.

Tudo isto que está aqui é a tipologia da realidade espiritual; aqui se apresenta a Cristo; sim, que nos amou e nos livrou de nossos pecados com seu sangue, e nos fez reino e sacerdotes; aí vais entender por que não dizia somente nos lavou, a não ser nos livrou; quer dizer que a obra de Cristo para nos fazer sacerdotes é muito profunda; não é somente o perdão o que nos faz sacerdotes.

A LIMPEZA E A LIBERAÇÃO

Muitos são perdoados de seus pecados e voltam a andar no mesmo. Notem que quando foi simbolizada a feitura dos sacerdotes, a consagração dos sacerdotes, Cristo é tipificado de uma maneira múltipla; uma coisa: o bezerro; mas por que não disse só o bezerro? porque o bezerro representa uma coisa que está mais adiante; mas diz: “e dois carneiros sem defeito”. Ah! os dois carneiros também representam a Cristo, mas outro aspecto da obra de Cristo. O bezerro é para nos limpar, mas os carneiros são para nos livrar, e os pães sem levedura são para nos constituir; diferentes aspectos da obra de Cristo: Ser limpos é uma coisa, ser livrados é outra mais profunda, e ser constituídos é outra mais profunda; e por isso é que tudo isto tinha que ser posto em um cesto, e esse cesto estava nas mãos dos sacerdotes; esse cesto somos nós; esse bezerro, esses carneiros, essas ervas, esses bolos têm que ser postas no cesto; quer dizer, em nós; isso é o que nos dá para nos apresentar como sacerdotes.

 Se não temos o que fez o cordeiro que é o perdão, o que fizeram os carneiros que é a liberação, o que fazem os pães sem levedura e os bolos que é a constituição, não podemos nos apresentar ao Senhor, mas estamos com as mãos vazias.  Mas Ele nos amou, ele nos livrou e ele nos fez ou nos constituiu; tudo isso está representado nestas coisas.

Os irmãos que quiserem se aprofundar mais nisto, porque não temos o tempo de fazê-lo com detalhe, porque isso já se fez em outra ocasião com a igreja em Usaquén, podem ler: O Sacerdócio Neotestámentario, que já está publicado, e ouvir as gravações da continuação que são “a consagração sacerdotal”, que são várias fitas cassetes que estão gravadas, onde isto se estuda em detalhe; aqui logo que estamos fazendo uma recontagem e não podemos tomar todo esse tempo porque isso já está tratado, e os irmãos podem ir a esse material para se aprofundarem. De todas maneiras vemos que tudo isto representa aspectos de Cristo: o bezerro, os carneiros, os pães sem levedura, os bolos sem levedura amassados com azeite e folhados sem levedura untadas com azeite; a farás de flor de farinha de trigo. 

Note, tudo isso é o que Cristo é. Cristo é aquele grão de trigo que foi moído por nossos pecados para que nós também, unidos com Ele, sejamos feitos também um pão; esse pão sem levedura, os doze bolos que representavam ao povo de Israel, no Novo Testamento representam a igreja, pois, se nós sendo muitos, somos um só pão, aí é quando Cristo nos faz reino; a farinha, os grãos individuais, nosso egoísmo, nosso individualismo é quebrado, é moído, é amassado, é misturado com azeite, é passado pelo forno; então aí sim resulta o pão, a Igreja: o corpo de Cristo; o que Cristo nos fez é um reino que é o corpo de Cristo, sacerdotes constituídos por Sua própria vida, alimentados por Ele; tudo isto que aqui se diz em forma simbólica é rico e é profundo.

A OFERTA PELO PECADO

Agora vamos ver o que representam os bezerros e essas coisas, e se dão conta de que há palavras chaves da obra de Cristo associados com cada um destes bichinhos. Vamos lendo, porque tudo isto é o que está escondido detrás daquela frase de Apocalipse. Êxodo 29:10:

“Farás chegar o novilho diante da tenda da congregação, e Arão e seus filhos porão as mãos sobre a cabeça dele. (isso é como os pecados deles ao ser postos sobre aquele bezerro que representa a Cristo).  11 Imolarás o novilho perante o SENHOR, à porta da tenda da congregação. (por isso Cristo foi sacrificado ao lado de Jerusalém, fora do acampamento, no Gólgota).  12 Depois, tomarás do sangue do novilho e o porás com o teu dedo sobre os chifres do altar; o restante do sangue derramá-lo-ás à base do altar. 
13 Também tomarás toda a gordura que cobre as entranhas, o redenho do fígado, os dois rins e a gordura que está neles e queimá-los-ás sobre o altar;
14  mas a carne do novilho, a pele e os excrementos, queimá-los-ás fora do arraial; é sacrifício pelo pecado.”.

Todo este aspecto de Cristo representado neste bezerro para consagrar ao sacerdote, representa a oferenda pelo pecado; mas agora vamos ver o que representam aqueles carneiros.

A OFERTA QUEIMADA

Verso 15:  “15 Depois, tomarás um carneiro,”.  Fixem-se em que agora são dois, porque com Cristo há coisas que Ele fez por nós, é um sozinho; mas há coisas que Ele fez por nós e nos faz com Ele; então são dois. Por exemplo, Cristo morreu por nós, esse é um; logo nós morremos também, esse é o outro; então diz assim:

“15 Depois, tomarás um carneiro, e Arão e seus filhos porão as mãos sobre a cabeça dele. 16  Imolarás o carneiro, e tomarás o seu sangue, e o jogarás sobre o altar ao redor; 

17 partirás o carneiro em seus pedaços e, lavadas as entranhas e as pernas, pô-las-ás sobre os pedaços e sobre a cabeça.18  Assim, queimarás todo o carneiro sobre o altar; é holocausto para o SENHOR, de aroma agradável, oferta queimada ao SENHOR.”.

dão-se conta que é outro aspecto? Um aspecto era oferta pelo pecado; este outro aspecto é holocausto. O que quer dizer holocausto? Holocausto é algo que se queimava totalmente para Deus; ou seja, terá que livrar-nos do pecado, sim, mas terá que honrar e vindicar a justiça de Deus. Do holocausto não comia o sacerdote, do holocausto não comiam os filhos dos sacerdotes, do holocausto não comia o povo, o holocausto se queimava totalmente para Deus; ou seja que como a santidade de Deus foi ofendida, Sua justiça foi ofendida, Sua glória foi ofendida, deve ser vindicada. A morte de Cristo não foi somente para nós, a não ser para vindicar a santidade de Seu Pai, vindicar a justiça de Seu Pai e vindicar a glória de Seu Pai que tinham sido ofendidas; era algo totalmente para Deus; nós não comemos desse carneiro, por que? porque era algo do qual só Deus tinha que receber. Claro que a morte de Cristo satisfaz a Deus, mas também nos salva , por isso são distintos aspectos da obra de Cristo. Se você for em Levítico poderá encontrar. Algum dia Deus nos conceda fazer uma série minuciosa disto, que está em meu coração faz tempo também e senti também de Deus um impulso, oxalá possamos ver cada aspecto. 

Cada sacrifício do Antigo Testamento representa um aspecto da obra única de Cristo feita uma vez para sempre; mas nós às vezes só vemos o perdão dos pecados, porém mais coisas foram feitas na cruz.

O SACRIFÍCIO NA ORDENAÇÃO

Seguimos lendo o capítulo 29: “19 Tomarás logo o outro carneiro, e Aarão e seus filhos porão suas mãos sobre a cabeça do carneiro. 20 E matará o carneiro, e tirará de seu sangue e a porá sobre o lóbulo da orelha direita de Aarão”. Agora sim vem a aplicação; um aspecto era totalmente para Deus, totalmente queimado, holocausto, oferta a Jeová; essa é a parte que é para Deus; por isso é que tinham que ser dois; um para representar o que é para Deus. E o outro o que nos faz ? Agora sim o outro aspecto da obra de Cristo é para nossa orelha, porque é que às vezes ouvimos outras vozes e não só a do Senhor, e assim ninguém pode ser sacerdote; que não ouça a não ser a voz do Senhor Jesus, mas o que ouvir outras vozes não pode ser sacerdote.  Por isso é que o sangue tem que ser posto em nossa orelha, porque ouvimos muitas vozes; mas Deus disse: “Este é meu Filho amado, em quem tenho complacência; a ele ouçam” (Mateus 17:5).  Sabem quando Ele disse? Quando Pedro, que foi depois chamado Papa, estava vendo a Moisés e a Elias que foram servos de Deus. Moisés e Elias, os maiores dos profetas. Senhor, que bom que estejamos aqui; vamos fazer três tendas; e os pôs no mesmo nível como se fossem:  Pai,  Filho e Espírito Santo. Moisés, Jesus e Elias; não, como que Moisés, Jesus e Elias, não, não, não três tendas. Quando estava falando Pedro, Deus não o deixou terminar de falar, mas sim enquanto falava Pedro o Senhor corrigiu-lhe; falou dizendo: Este, não estes; este, Jesus, este é meu Filho amado, no qual tenho contentamento, a Ele ouvis.  Então, irmãos, primeiro a justiça, a santidade e a glória de Deus deviam ser vindicadas pelo Cordeiro; ou se não, quem podia entrar na presença de Deus? quem podia ser sacerdote se a santidade de Deus está ofendida, se a glória de Deus está ofendida, se a justiça de Deus está ofendida?  Ninguém pode ser sacerdote, ninguém pode entrar com Ele no Lugar Santíssimo sem que primeiro Ele nos tenha feito desta maneira com Sua morte, sacerdotes, e com Sua vida, nos alimentando Dele e nos fazendo um corpo e muitas igrejas locais.


Seguimos lendo em Êxodo 29: “20 Imolarás o carneiro, e tomarás do seu sangue, e o porás sobre a ponta da orelha direita de Arão e sobre a ponta da orelha direita de seus filhos (isso se refere para ouvir; não terá que ouvir a não ser uma voz; quando ouvimos outras vozes temos outro governo, não somos reino dele, nem sacerdotes para Ele; somos daqueles a quem ouvimos; quando ouvimos qualquer outra voz antes que a do Senhor não podemos estar atuando como sacerdotes.  Para ser feitos sacerdotes o Senhor tinha que nos limpar de todas as outras vozes que ouvimos), como também sobre o polegar da sua mão direita (significa o trabalho, a ação, a obra, porque têm que ser desencardidas com o sangue do Senhor, as mãos, a mão direita, porque também não só ouvimos outras vozes, mas também fazemos outras coisas que não são para Ele; as mãos são para trabalhar; mas nem sempre trabalhos para Ele; nem sempre nosso trabalho é para Deus; mas Ele nos fez reino para Deus o Pai, sacerdotes para Deus o Pai; portanto, tudo o que não fazemos para Ele é perdido, deve ser desencardido; por isso o dedo de nossa mão direita, o dedo com o qual se cobrem todos outros dedos para poder fazer algo. Recordam esse rei que tinha uns quantos reis lá em baixo? Sabem que para lhes impedir de se defenderem cortou o dedo polegar, porque sem o dedo polegar você não pode agarrar bem as coisas só com quatro; o polegar é o que complementa; por isso é que ali ficava também o sangue), e sobre o polegar do seu pé direito (significa nosso andar), e o restante do sangue jogarás sobre o altar ao redor.”.  Então esse sangue estava sobre a orelha, a que ouvimos; a mão, o que fazemos, e o pé, por onde andamos, e no altar, ou seja, consagração. nos consagrar para ouvir só a Ele, a trabalhar só para Ele e a andar só nele; assim nos faz sacerdotes. Quando com Seu sangue nos livrou, livra-nos de outras vozes, de outras obras, obras mortas, obras das trevas e nos livra de outros andares.

Agora diz assim: “21 Tomarás, então, do sangue sobre o altar e do óleo da unção e os aspergirás sobre Arão e suas vestes e sobre seus filhos e as vestes de seus filhos com ele; para que ele seja santificado, e as suas vestes, e também seus filhos e as vestes de seus filhos com ele.”.  Significa que as vestimentas do sacerdócio representam o novo homem em Cristo. O velho homem é as velhas vestimentas, o novo homem é as novas vestimentas; quando somos purificados do resto, agora nossas vestimentas são o novo homem; se não, estamos no velho homem, na carne.

ASPECTOS DA OBRA DE CRISTO

Logo diz: “22 Depois, tomarás do carneiro a gordura, a cauda gorda, a gordura que cobre as entranhas, o redenho do fígado, os dois rins, a gordura que está neles e a coxa direita, porque é carneiro da consagração”.  O outro carneiro era de holocausto e este é de consagração; a palavra chave aqui é consagração.  Fixem-se, num aspecto da obra de Cristo: oferenda pelo pecado; outro aspecto: holocausto para Jeová; outro aspecto: consagração, a nós. Livrou-nos de nossos pecados com Seu sangue e nos fez reino e sacerdotes: consagração.  Ele morreu, e se um morreu por todos, logo todos morreram; Ele morreu para o Pai por nós: bezerro e um carneiro; e nós morremos com Ele, por virtude Dele, Ele nos fez, o outro carneiro; este se chama de consagração; essas são as palavras chaves: oferta de pecado, holocausto oferta a Jeová e consagração.  Notem: acaba de falar dessa consagração.  é a consagração para cada um dos sacerdotes. Para onde nos leva o Senhor?  À vida corporativa; não só à consagração individual; e agora adiciona:

“23 e também um pão, um bolo de pão azeitado e uma obreia do cesto dos pães asmos que estão diante do SENHOR. 24  Todas estas coisas porás nas mãos de Arão e nas de seus filhos e, movendo-as de um lado para outro, as oferecerás como ofertas movidas perante o SENHOR.”.

Esta é outra classe de oferta: oferta movida. Primeiro era oferta Dele por nossos pecados, holocausto para Deus; agora nos consagra; mas agora que estamos consagrados temos que apresentar oferta movida.  Mas qual é a oferta movida que temos que apresentar?  Um pão grande que representa o corpo de Cristo no sentido universal e outro pão pequeno de azeite que é a igreja em sua localidade, e a vida do serviço da igreja que são as obréias no cesto, que é nossa vida, servindo ao Senhor como sacerdotes. No folheto do sacerdócio do Novo Testamento, vocês vêem ali as funções do sacerdócio, os diferentes sacrifícios espirituais do sacerdócio; isso está representado aqui nestes pães, nestas obréias, nesse cesto, porque esses pães eram dos mesmos pães da proposição, com muitos grãos que somos nós, moíam-se, nosso ego se destrói, amassa-se com azeite que é o Espírito Santo, nos faz uma só massa, Igreja; não é consagração individual, e sim aqui estamos como um pão; o pão somos nós e se mete no forno que é a prova e logo agora sim se pode apresentar ao Senhor como oferta a Jeová; é oferta movida, são distintos aspectos do que Ele nos faz; faz-nos reino e sacerdotes.  Quando a igreja está unida, esse é o pão e esse é o reino, no universal, o pão grande; e no local, o outro pequenino; e as obréias o serviço da igreja; e depois, como nos fez reino e sacerdotes:

“25 Depois, as tomarás das suas mãos e as queimarás sobre o altar; é holocausto para o SENHOR (agora sim; antes Cristo era o único que se oferecia; agora diz: não, sobre o holocausto vais pôr toda essa oferta da igreja; vais pôr sobre o holocausto; isso é o que Ele conseguiu; Ele o fez para o Pai, mas Ele nos conduziu a que nós também agrademos ao Pai como Ele o agradou), de agradável aroma, oferta queimada ao SENHOR.”. Outra classe de oferta; a oferta queimada é o serviço que fica sobre o holocausto.  O holocausto é o que só o Senhor fez para satisfazer ao Pai, mas agora como Ele satisfez ao Pai, Ele quer que nós também, mas só podemos fazer sobre o holocausto, ou seja, em Cristo.

“26 Tomarás o peito do carneiro da consagração (porque um era o do holocausto e o outro era de consagração), movendo-o de um lado para outro, o oferecerás como oferta movida perante o SENHOR; e isto será a tua porção”. Isso  é para nós, a outra era para Deus; por isso era totalmente queimado, mas este é para que coma o sacerdote, ou seja para que nos alimentemos de Cristo; não só o Pai, mas também nós e diz:  “27 Consagrarás o peito da oferta movida e a coxa da porção que foi movida, a qual se tirou do carneiro da consagração, que é de Arão e de seus filhos. 28  Isto será a obrigação perpétua dos filhos de Israel, devida a Arão e seus filhos, por ser a porção do sacerdote, oferecida, da parte dos filhos de Israel, dos sacrifícios pacíficos; é a sua oferta ao SENHOR.  (O peito e a coxa, que maravilha, é nossa parte.)  29 As vestes santas de Arão passarão a seus filhos depois dele, para serem ungidos nelas e consagrados nelas”.  O azeite não unge o velho homem a não ser o novo; terá que estar nas vestimentas novas para ser ungidos nelas.

“30 Sete dias as vestirá o filho que for sacerdote em seu lugar, quando entrar na tenda da congregação para ministrar no santuário.”.

Sete é o número de completação, de plenitude. O Senhor Jesus intercedendo como sacerdote durante as sete eras da igreja e a igreja servindo durante esses sete períodos ao Senhor, em Cristo. 

“31 Tomarás o carneiro da consagração e cozerás a sua carne no lugar santo”. Isso é para comer.  “32 e Arão e seus filhos comerão a carne deste carneiro e o pão que está no cesto à porta da tenda da congregação”.  É a igreja. Por isso nos reunimos aqui, a comer do Senhor e a mover diante dele.

“33 e comerão das coisas com que for feita a expiação, para consagrá-los e para santificá-los; (dão-se conta? Ao que nos amou, livrou-nos de nossos pecados e nos fez reino, com a expiação encherá nossas mãos para nos consagrar) o estranho (que não vinha em Cristo) não comerá delas, porque são santas. 34  Se sobrar alguma coisa da carne das consagrações ou do pão, até pela manhã, queimarás o que restar; não se comerá, porque é santo.”. Isso nos diz que temos que comer de Cristo todos os dias; o de ontem era para ontem, e o de hoje tem que ser para hoje.

“35 Assim, pois, farás a Arão e a seus filhos, conforme tudo o que te hei ordenado; por sete dias (as sete eras da igreja) os consagrarás.  36 Também cada dia prepararás um novilho como oferta pelo pecado para as expiações; e purificarás o altar, fazendo expiação por ele mediante oferta pelo pecado; e o ungirás para consagrá-lo.37  Sete dias farás expiação pelo altar e o consagrarás; e o altar será santíssimo; tudo o que o tocar será santo.”.

Isso é quando realmente vem em união com Cristo e consagra a Ele, aí é santificado.  Irmãos, agora voltemos ali para Apocalipse 1:5:  “5 Ao que nos amou, (da eternidade) e nos livrou (ou seja, não só nos perdoou mas também nos consagrou) de nossos pecados com seu sangue, 6 e nos fez reino (aí está o pão grande, o pequeno, as obréias, todos em um cesto) e sacerdotes (consagrou-nos) para Deus, seu Pai; (então) a ele seja glória e império pelos séculos dos séculos.

 Amém.” ?

Irmãos em Cristo Jesus.

Irmãos em Cristo Jesus.
Mt 5:14 "Vós sois a luz do mundo"