domingo, 3 de fevereiro de 2013


Reimaginando o papel da mulher na igreja
Carta aberta
Frank Viola
Trad. Gabriella Mendes Haber


Este capítulo foi removido do livro Reimaging Church [traduzido pela Editora
Palavra como Reimaginando a igreja] em decorrência de limitações relativas ao
espaço, mas há uma nota no livro indicando este texto. Veja também God’s
View of a Woman.

A subjugação da mulher, de fato, é um sintoma da natureza caída do
homem. Se a obra de Cristo envolve quebrar a herança [consequências
inerentes] da queda, a implicação de sua obra para a libertação de mulheres é
evidente.

Suposições injustificadas por vezes são decorrentes do fato de que os
doze apóstolos originais eram homens. Mas de fato os discípulos do Senhor
desempenharam um triste papel em comparação às discípulas de modo
especial nas suas últimas horas; e foi às mulheres que ele confiou o privilégio
de levar à notícia de sua ressurreição. Ele tratou as mulheres de um modo
completamente natural, como pessoas reais. Ele transmitiu seu ensino para os
ouvidos ansiosos de Maria de Betânia, enquanto à mulher samaritana (dentre
todas as pessoas) ele revelou a natureza da verdadeira adoração. Os
discípulos ficaram surpresos ao encontrá-lo conversando com uma mulher:
para um professor religioso fazer isto era na melhor das hipóteses uma perda
de tempo e, na pior, um perigo espiritual.
F.F. Bruce.

Nos últimos dias, diz Deus, derramarei do meu Espírito sobre todos os povos.
Os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os jovens terão visões, os velhos
terão sonhos. Sobre os meus servos e as minhas servas derramarei do meu
Espírito naqueles dias, e eles profetizarão ( Pedro citando o profeta Joel em
Atos 2:17-18, NVI).



Querida irmã,
Obrigado pela sua carta graciosa. Você fez um excelente
questionamento. Qual é a minha visão a respeito do papel da
mulher na igreja e como eu entendo as “passagens limitadoras” que parecem
restringir o seu ministério?
Para ser sincero, eu estou imensamente desinteressado em acrescentar
mais barulho à malfadada e furiosa guerra dos sexos de alguns círculos
cristãos. É por esta razão que eu tenho relutado para escrever sobre este
assunto. Contudo, eu ainda encontro mulheres que têm sido espiritualmente
colocadas em uma camisa de força pelo que eu considero uma interpretação
rígida de certos textos bíblicos. As histórias delas têm me provocado a andar
neste perigoso campo minado. E por causa delas, bem como por causa de
todas as minhas amadas irmãs em Cristo, eu lamento não ter feito isto antes.
Tendo dito isto, agora estou pronto para ter minhas orelhas
chamuscadas com a inquietação, pronto para o roer de unhas e ranger de
dentes que podem ser gerados pela minha resposta.
Então deixemos que esta carta acalme toda a controvérsia. Aqui,
querida irmã, está a resposta à sua questão. Aqui está a palavra final no
assunto:
Paulo se colocou claramente quando disser que sob nenhuma condição
e circunstância a mulher pode falar em um encontro da igreja. Ela não deve
nunca, jamais, sob nenhuma situação, dizer uma palavra na igreja. Ela deve
sem nenhuma exceção manter absoluto, total e completo silêncio.
A menos que...
Ela tenha a cabeça coberta!
Está claro agora? Eu acho que você está rindo, pois fui faceiro. Ainda
assim, eu estava tentando mostrar uma perspectiva. O fato é que Paulo parece
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se contradizer em relação a este assunto. As chamadas “passagens
limitadoras” são incrivelmente difíceis de interpretar. Considerando a sua
obscuridade, ninguém pode ser dogmático em relação ao que Paulo realmente
quis dizer quando as escreveu. Tendo isto em consideração, cada
interpretação destes textos tem deficiências. E eu irei admitir, sem
constrangimentos, que isto se aplica ao meu entendimento.
Para o bem daqueles que lerem esta carta “por cima do ombro”, as
“passagens limitadoras” são aqueles textos que parecem colocar alguma
restrição ao ministério das mulheres na igreja. Curiosamente, existem apenas
duas passagens desta natureza em todo o Novo Testamento. Aqui estão elas:
“As mulheres estejam caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar; mas
estejam sujeitas, como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa,
interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é indecente que as mulheres
falem na igreja”. (I Coríntios 14:34-35, Almeida Revista e Corrigida*).
“A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. Não permito, porém, que a
mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio.
Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a
mulher, sendo enganada, caiu em transgressão” (I Timóteo 2:11-14, Almeida Revista e
Corrigida).
Antes de discutirmos estas duas passagens, deixe-me explicar como eu
cheguei às minhas conclusões.
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*N.daT. Quando não houver outra indicação, a tradução da Bíblia será a Almeida Revista e
Corrigida. No original, o autor utilizou a NASB – New American Standard Bible, que não tem
versão correspondente em Português.
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A verdade completa da Nova Aliança
Há muito tempo eu aprendi uma lição de grande valor: o Novo
Testamento nunca deve ser manuseado como um conjunto de doutrinas
flutuantes ou ensinos isolados. O Novo Testamento é um todo. É
essencialmente uma história. O que está na carta de Paulo e nas dos outros é
parte desta história.
A história do Novo Testamento contém uma mensagem consistente. É a
mensagem da Nova Aliança. Não inclui um novo conjunto de regras para
substituir as antigas.
A antiga aliança continha um conjunto de regras por meio dos quais
homens e mulheres deveriam pautar as suas vidas. Também delineava
distinções entre as pessoas – garantindo privilégios especiais para alguns.
Alguns eram respeitados como povo de Deus (judeus). Outros não eram povo
de Deus (gentios). Dentre aqueles do povo de Deus, alguns recebiam a honra
de estarem mais próximos a Deus (os sacerdotes). Os demais não recebiam
esta honra (o povo). Alguns recebiam funções ministeriais especiais (os filhos
de Arão). Outros recebiam funções menos importantes (os levitas). Outros
ainda não recebiam qualquer função (a congregação).
Quando Jesus Cristo entrou em cena, tudo isto mudou radicalmente.
Nosso Senhor inaugurou uma Nova Aliança que fez a antiga obsoleta. A Nova
Aliança acabou com as regras. Acabou com as distinções terrenas. E aboliu
classes especiais de pessoas que possuíam privilégios especiais.
Sob a Nova Aliança, a Lei de Deus é escrita no coração humano pelo
Espírito Santo. O Espírito veio habitar todo que clama pelo Salvador – incluindo
homens e mulheres. Incluindo judeus e gentios. Incluindo escravos e não
escravos.
Todas as distinções terrestres foram abolidas pela Nova Aliança. Todas
as classes ministeriais foram eliminadas. Possuir o Espírito significa ter acesso
a Deus – ninguém é excluído.
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Além disto, possuir o Espírito significa ter garantido o privilégio de
ministrar na Casa de Deus. O profeta Joel citado por Pedro fala, “Nos últimos
dias, diz Deus, derramarei do meu Espírito sobre todos os povos. Os seus
filhos e as suas filhas profetizarão, os jovens terão visões, os velhos terão
sonhos. Sobre os meus servos e as minhas servas derramarei do meu Espírito
naqueles dias, e eles profetizarão” (Joel 2:28-29; Atos 2:17-18).
Gálatas 3:28 resume satisfatoriamente a Nova Aliança: “Nisto não há
judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque
todos vós sois um em Cristo Jesus”. Esta passagem sumariza o entendimento
de Paulo a respeito do efeito do evangelho em assuntos culturais como
racismo, escravidão e opressão de gênero. Gálatas 3:28 não se restringe à
“salvação”. Pelo contrário, há implicações sociais para todos.
Resumindo, a Nova Aliança apaga todas as distinções sociais e de
classe. E tem proporcionado a todos que recebem o Espírito que sejam
sacerdotes na casa de Deus. Isto inclui as mulheres.
Tendo dito isto, o que quer que signifiquem as “passagens limitadoras”,
não podem de modo algum derrubar a Nova Aliança. Nem podem contradizer a
verdade completa do Novo Testamento. Consequentemente, a ideia de que as
mulheres devem ser excluídas de falar na casa de Deus é uma brecha
catastrófica na Nova Aliança. Uma aliança que eliminou distinções terrestres e
trata a homens e mulheres como co-sacerdotes no reino de Deus.
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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O SACRIFÍCIO DE ABEL-Willian Kelly


O SACRIFÍCIO DE ABEL

Gêneses 4; Hebreus 11:4


Extraído do site www.verdadespreciosas.com.ar e traduzido para o Português pelos irmãos da cidade de Alegrete-RS


Se tomarmos a história do jardim de Éden em seu conjunto, veremos nela um todo no mais pleno sentido, e um sucinto, mas completo quadro dos caminhos de Deus. O homem posto sob responsabilidade, e inclusive sob a lei, foi pecaminoso, e mostrou ser um verdadeiro pecador; e foi jogado fora do lugar de residência, onde Deus o visitava para ter comunhão com Ele. Mas Deus não o enviou fora para começar um novo mundo longe Dele mesmo sem dar o mais pleno testemunho à soberana graça que fez frente ao mal. A nudez do homem era a expressão da inocência que se perdeu. A vergonha e a culpa, e um temor culpável da presença de Deus, constituíam agora o estado do homem: Deus em sua soberana graça resolveu isto. Vestiu ao Adão com aquilo que proveio da morte, e Seus olhos tinham Sua própria obra ante Ele. Isto não dizia que o homem estivesse nu em si mesmo, mas sim que o próprio Deus, havendo tomando conhecimento disso em graça, havia coberto sua nudez. O presente estado foi perfeita e plenamente provido, e o poder do mal julgado no futuro. daqui em diante o poder da semente da serpente seria destruído.

Mas o homem, jogado fora assim de diante de Deus, com a inocência perdida, começou um novo mundo, e então surgiu necessariamente a pergunta: «Pode ter o homem algo que dizer a Deus?; e como?» Agora bem, é claro que se Deus obrou no homem, Ele não podia nem por um momento ser indiferente ao que tinha acontecido; e mais claro ainda é o fato de que Deus não podia ser indiferente ao estado do mal que tinha levado ao homem onde se encontrava agora, e que foi expresso pelo que ele era em pecado e longe de Deus. Aquilo que era o triste resultado para o homem, Deus o viu como o mal estado nele.

A expulsão do paraíso pôs ao homem em uma via judicial fora daquele lugar, embora não de maneira irrecuperável. Ele estava ali moralmente, e surgiu a pergunta: «Podia aproximar-se de Deus?» Em realidade, agora não podia, enquanto for insensível ao estado no qual tinha entrado; em este permaneceria ainda tão afastado de Deus como sempre, e Deus, em Seu governo e testemunho públicos, não podia dar testemunho de receber ao homem nesse estado. E esta é a nova plataforma sobre a que se acham Caim e Abel: a de uma aproximação a Deus achando-se em um estado que foi o resultado da expulsão de Sua presença. Aproximamo-nos de Deus como se nada tivesse passado, em relação com as circunstâncias e os deveres cotidianos do lugar no qual entramos, ou, em troca, conscientes da pecaminosidade deste estado, conscientes de nossa queda, e elevando nossos olhares a Deus em nossas consciências como aqueles que as adquirimos pelo pecado? Todo cristão sabe. E note-se bem aqui, que não se trata de pecado cometido, mas sim da consciência de nossa verdadeira condição diante de Deus.

Caim vai a Deus com o fruto de seu esforçado trabalho (o homem tinha sido enviado para cultivar a terra). Tal é o verdadeiro estado prático do homem jogado fora. No Abel, em troca, a fé tinha suas percepções. O pecado tinha entrado, e, pelo pecado, a morte; e a fé o reconhecia. “Agora, na consumação dos séculos, apresentou-se uma vez para sempre pelo sacrifício de si mesmo para tirar do meio o pecado” (Hebreus 9:26). Isto não era a purificação dos pecados atuais cometidos pelo indivíduo. Destes se fala imediatamente depois como um tema à parte e distinto, que adiciona o julgamento, mas um julgamento já pronunciado para aqueles que olham a Ele como Aquele que levou nossos pecados, Aquele que veio a ser Ele mesmo o Juiz (Hebreus 9:26-28).

Temos quatro mundos, por assim dizê-lo, neste aspecto:

1. O Jardim de Éden

2. Um mundo já não mais inocente, a não ser um homem afastado de Deus e jogado fora para um lugar onde o pecado e Satanás reinam.

3. Um mundo no qual Cristo reina em justiça, e

4. Os novos céus e a nova terra, onde mora a justiça.

Temos um mundo inocente (que agora já passou) onde o homem foi provado sem o mal nele pela simples obediência. O mundo final, baseado na justiça, que nunca muda em sua natureza, e que não pode muda em sua estabilidade moral

Mas logo que o pecado tinha entrado e caracterizado o mundo e o estado do homem, os termos sobre os quais o homem podia estar com Deus deviam ser mudados, por quanto Deus não podia mudar. O fato de que um Deus santo e uma criação pecaminosa tivessem que estar nos mesmos termos, como se esta fosse inocente, simplesmente não podia ser. A livre e feliz comunhão seria impossível. Podia haver um clamor por graça de parte do homem (uma provocação pelo terreno sobre o qual o homem se achava), mas não uma livre relação. Que Deus seja amor, não altera este fato. Seu amor é um amor santo, pois Ele é luz; mas “os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más” (João 3:19).

Admito e acredito que o livre e soberano amor de Deus originado por si mesmo, constitui a fonte de todo nosso gozo, esperanças e bênçãos, eternas e infinitas como o são. Mas Deus exerce esse amor mediante a introdução de um Mediador na morte: não aqui mediante o derramamento de sangue para pagar a culpa, mas sim na perfeita entrega de Si mesmo a Deus no que era a morte, como tal, e o fruto do pecado. ofereceu-se a gordura (Gênese 4:4) assim como o sangue, mas não oferecida como tal para perdão, mas sim para aceitação em Outro, o qual se deu a si mesmo completamente a Deus na morte, a qual tinha entrado. E advirta-se que as almas podiam aproximar-se de Deus: cada qual vinha com sua oferenda.

Caim veio como se nada tivesse passado, e tanto assim trouxe para Deus como oferenda o que era sinal do estado arruinado no qual tinha entrado, mas que ele não reconhecia como de ruína. Não havia fé nisso. Em Abel sim a havia. Ele ofereceu pela fé ?a qual reconhecia que a morte tinha entrado pelo pecado?, mas que Outro se deu a Si mesmo por ele, uma oferenda feita por fogo de aroma grato. Porque há duas coisas: “Ao que nos amou, e nos lavou de nossos pecados” (Apocalipse 1:5) e “Cristo nos amou, e se entregou a si mesmo por nós, oferenda e sacrifício a Deus em aroma suave” (Efésios 5:2). A primeira tinha que purificar os pecados precedentes; a outra assinalava o valor e a preciosidade daquele em quem somos aceitos, “aceitos no Amado” (Efésios 1:6). Agora bem, tratava-se de uma questão de aceitação ao vir diante de Deus; e Deus não aceitou ao Caim. Ele aceitou ao Abel; mas o testemunho foi dado de seus dons. Abel foi aceito, mas o testemunho de Deus era em relação ao que ele trouxe: a vida de outro em todas suas energias e perfeição entregue a Deus na morte.

Outra coisa devemos observar aqui: não se tratava de Deus que apresentava algo ao pecador. Isso era uma “propiciação (??????????) por meio da fé em seu sangue” (Romanos 3:25). Aqui se trata do Abel que se apresenta a si mesmo a Deus, mas vindo mediante a aceitação e perfeição de Outro que se deu a si mesmo por ele. E isto é propiciação. Agora, dizer que Deus podia receber a um pecador tal como se recebesse a uma pessoa inocente, equivale a dizer que Deus é indiferente ao bem e ao mal. E advirta-se aqui que não se fez uma diferença conforme a uma mudança interior que os olhos de Deus tenham visto (embora sim havia tal mudança, pois a fé estava operando no  coração de Abel), mas sim uma estimativa judicial de parte de Deus, dos dons que Abel trouxe, de Cristo em figura, de Cristo devotado em sacrifício; e para isto temos a expressa autoridade da Epístola aos Hebreus. tratava-se de um sacrifício propiciatório como fundamento da aceitação diante de Deus; do contrário, faltaria toda a base da posição de um mundo caído, toda a base moral da preferência de Abel ao Caim.

admite-se que o amor, o amor que elege, pode ter estado ali; mas o fundamento da aceitação, tal como a Escritura o declara (veja-se Hebreus 11) faltaria se o sacrifício propiciatório não fosse aceito. Para ganhar a justiça segura diante de Deus, e para a aceitação do crente, conforme ao valor que é em Cristo, Ele se ofereceu a si mesmo absolutamente sem mancha para glória de Deus. “Agora é glorificado o Filho do Homem, e Deus é glorificado nele. Se Deus é glorificado nele, Deus também lhe glorificará em si mesmo, e em seguida lhe glorificará” (João 13:31-32). A fé acreditou nisto então, e achou-se fruto. Abel foi aceito, e foi distintivamente sobre a base do que trouxe, de sua oferta. Caim não trouxe nenhuma dessas oferendas; ele tinha que ser aceito em si mesmo somente, e não foi. A fé olhe a este sacrifício, e encontra aceitação e bênção conforme ao valor de Cristo aos olhos de Deus.

Só queria adicionar agora que Deus deu a Cristo para este fim. Ele “enviou a seu Filho em propiciação por nossos pecados” (1.ª João 4:10). Nisso está a obra do amor que se gera a si mesmo, mas a obra efetiva do sofrimento consiste em levar a cabo em justiça esse amor. Deus não permita que debilitemos a confiança no amor do Pai. “que permanece em amor, permanece em Deus, e Deus nele.” “E nós temos conhecido e cremos no amor que Deus tem para conosco” (1.ª João 4:16).

É, pois, certo que Abel ?estando o homem caído? procurou o rosto de Deus e sua aceitação diante Dele mediante um sacrifício, de cujo valor Deus deu testemunho, “pelo qual alcançou testemunho de que era justo” (Hebreus 11:4). Foi um sacrifício que reconheceu que a morte tinha entrado, mas que, como foi apresentado, levava o caráter daquele que se ofereceu a si mesmo para glória de Deus. Não estavam em tela de juízo os pecados atuais, a não ser o estado do homem e sua aceitação diante de Deus sobre a base da morte mediatória, na qual a própria glória de Deus somente foi procurada por parte do homem em obediência, e na qual o dom mais elevado da graça resplandeceu por parte de Deus em amor.

Mas aqui, em direta relação com nosso tema, há outro ponto, menos abstrato, possivelmente mais estreito quanto a seus resultados, mas que trata mais diretamente com a consciência, e daí sua necessidade atual. Se um homem crê de coração (ou seja, convencido de sua culpa) no Senhor Jesus Cristo, não virá a julgamento; sabe que é perdoado e justificado, que tem paz com Deus, e se regozija na esperança de Sua glória, e confia em Deus para todo seu caminho até o fim. “Bem-aventurado o homem a quem Jehová não culpa de iniqüidade” (Salmo 32:2): não que não tenha cometido nenhuma, mas sim que foi levada por Outro. Outro foi substituído em seu lugar por graça, O qual tomou o cargo da culpa sobre si mesmo, “quem levou ele mesmo nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro” (1.ª Pedro 2:24). Não se trata aqui da base sobre a qual se acha o gênero humano diante de Deus, como no caso do Abel, e que, como princípio geral, reconhece toda a verdade; mas sim de pecados atuais cometidos, com os quais tratou e os quais tirou da presença de Deus Aquele que foi “moído por nossos pecados; o castigo de nossa paz foi sobre ele, e por sua chaga fomos nós curados” (Isaías 53:5).

Pois bem, isto, chame-o pela palavra que lhe agrade, era Uma pessoa posta no lugar de outra, e que logo depois dessa maneira toma os pecados e suas conseqüências sobre Si mesmo para que estes não recaiam no mínimo sobre a pessoa, que era ela a culpada, em juízo ou em conseqüências penais. Mas eles sim recaem sobre todos aqueles que não se acham sob este beneficio de substituição, e com os tais Deus entra em juízo a respeito deles. Pois do povo de Deus será dito: “Como agora”, não o que os homens têm feito, mas sim “O que tem feito Deus!” (Números 23:21-23).

A substituição, pois, é uma verdade que a Escritura ensina com máxima certeza; quer dizer, uma pessoa assumindo o lugar de outra, Cristo levando os pecados do indivíduo em Seu próprio corpo sobre o madeiro, sendo moído por eles em lugar do culpado, o qual é curado pelas chagas que Cristo recebeu. Pois “todos nos desencaminhamos como ovelhas, cada qual se apartou por seu caminho; mas Jehová carregou nele o pecado de todos nós” (Isaías 53:6).

William Kelly

Irmãos em Cristo Jesus.

Irmãos em Cristo Jesus.
Mt 5:14 "Vós sois a luz do mundo"