sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

O Primeiro Mártir do Coliseu

O Primeiro Mártir do Coliseu



As ruínas da cidade incendiada ainda fumegavam nos montes Palatino e Esquilino, quando Nero concebeu a idéia de satisfazer a raiva do povo com o sangue dos cristãos. Esse monstro, cujo nome é associado a tudo o que é cruel e impiedoso, foi o primeiro imperador romano a decretar a perseguição aos inofensivos servos de Deus. O édito foi emitido; o clamor, em toda parte, era o extermínio do cristianismo. Todo o mundo pagão armou-se contra ele. Mal fora promulgado o terrível decreto, e as pessoas, como que possuídas por demônios, lançaram-se em fúria desu­mana contra os inocentes e indefesos seguidores do Crucificado. A frené­tica resolução de desarraigar o cristianismo começou em Roma e difun­diu-se através de cada província e cidade do Império. Membros da mes­ma comunidade, e até da mesma família, converterem-se em delatores e executores uns dos outros. Nestas páginas acham-se registradas duas ou três ocasiões em que pais tentaram em vão, com todo tipo de tortura e castigo, abalar a lealdade de seus tenros e inocentes filhos. Em cada cidade e aldeia, foi concedida licença irrestrita aos magistrados para pilhar, aprisionar, torturar e destruir os cristãos; e esses oficiais subordi­nados, por sua vez, delegavam poder aos lacaios mais cruéis a seu serviço. O mesmo aconteceu, em época recente, na China e no Japão.
"Foi proclamado, além disso", afirma um mártir citado por Eusébio, "que ninguém deve experimentar qualquer cuidado ou pena por nós, mas que todos devem pensar e comportar-se em relação a nós como se não mais fôssemos gente".
Esses horrores não cessaram com os tiranos que lhes deram início. Por trezentos anos, os poderes do Inferno continuaram a sua guerra contra a Igreja, com maior ou menor fúria levantando e caindo, como as ondas do oceano; num momento, desabando com o estrondo e a espuma dos vagalhões na tempestade, e no outro, calmo e tranqüilo como um lago.
Os escritos de Basílio sobre a perseguição de Deoclécio dão uma idéia geral do que foram as crueldades e os horrores daqueles dias.
"As casas dos cristãos eram deixadas em ruínas; seus bens, pilhados. Seus corpos caiam nas mãos dos ferozes lictores, que os dilaceravam como bestas selvagens, e arrastavam as matronas pelos cabelos através das ruas, insensíveis às súplicas por clemência, viessem elas dos idosos ou daqueles em tenra idade. Os inocentes eram submetidos a tormentos reserva­dos apenas aos mais vis criminosos; os calabouços eram lotados com os habitantes dos lares cristãos, que agora jaziam desolados; os desertos sem caminhos e as cavernas das florestas enchiam-se de fugitivos, cujo único crime fora a adoração a Jesus Cristo. Nesses dias trevosos, filhos traíam os pais, e pais acusavam a própria prole; os servos obtinham a propriedade de seus senhores por denunciá-los, e um irmão buscava o sangue do outro. Nenhuma reivindica­ção ou vínculo de humanidade parecia ser reconhecido, tão completa era a cegueira que a todos acometera, como se fora uma possessão demoníaca. Além disso, as casas de oração eram profanadas por mãos ímpias; os altares mais sagrados, derrubados. Nenhuma oblação a Deus era feita; nenhum lugar foi deixado para os mistérios divinos; era só tribulação, uma escuridão lutuosa calava todo consolo; o colégio sacerdotal foi disperso; nenhum sínodo ou concilio pôde reunir-se, por medo da matança que assolava em toda parte; mas os demônios celebravam suas orgias e poluíam tudo com a fumaça e o sangue de suas vítimas".
As catacumbas são o último memorial dessa época terrível; aquelas cavernas lúgubres e as escuras passagens nas entranhas da terra são o mais precioso registro da Igreja; suas lajes toscas, com a palma e a coroa, falam de aproximadamente um milhão de mártires.
O Coliseu é outro testemunho dos triunfes do passado. Ele surgiu em meio aos horrores da perseguição, e tornou-se o campo de batalha onde a inocência e a fragilidade lutavam com a tirania e a criminalidade. O sangue, os milagres, e as vitórias da Igreja Primitiva lançaram uma reminiscência sagrada à volta dessas veneráveis ruínas, que nos faz aproximar com uma espécie de temor religioso. Supõe-se que milhares de mártires verteram seu sangue em suas arenas, embora os registros exatos não tenham chegado até nós. Dentre esses mártires, havia pessoas de ambos os sexos, e de diversas posições sociais: eram príncipes de sangue real, bispos, matronas de idade avançada, donzelas no rubor da juventude e da inocência, e crianças de tenra idade. A sua coragem e brandura, o seu triunfo sobre a dor e a morte, foram eloqüência que plantou aquela cruz, que agora projeta a sua sombra na desolada arena. Os atos dos heróis do Coliseu preenchem as páginas mais interessantes e maravilhosas da história da Igreja Primitiva. São belos, eloqüentes, tocantes, e estabelecem um notável contraste entre a força, a sublimidade e a magnificência do cristianismo, e a fraqueza, a vileza e a estupidez da infidelidade; são evidências incontestáveis da natureza divina da Igreja de Deus.
Mas quem foi o primeiro mártir do Coliseu? A resposta a esta indagação envolve a resposta de outra igualmente importante. Quem projetou e construiu essa estupenda obra-prima da arquitetura? Que grande mente concebeu esta estrutura gigantesca, dispôs as suas proporções tão primorosa ordem e simetria, edificou arco sobre arco e bancada sobre bancada, cortou lavrou uma montanha de calcário, na mais sublime obra da arte antiga? O que é dito do esplêndido anfiteatro não redunda em louvor de algum grande homem, cujo talento e habilidade superiores deram nascimento à construção? Quem é ele, para que lhe levantemos a efígie no altar dos gênios, e lhe ofereçamos o incenso da adulação e do elogio?
O arquiteto do Coliseu não carece do ouropel do louvor humano; contudo, deixe os amantes da arte sussurrar-lhe o nome com reverência, porque ele foi um cristão e um mártir. É um fato estranho que, por aproximadamente dezessete séculos, o arquiteto do Coliseu permanecesse desconhecido. Certamente uma construção de tamanha magnitude, contendo tantos detalhes e medidas, deve ter sido obra de uma mente superior. Todo edifício de renome reflete honras ao seu arquiteto; a fama dos grandes construtores do passado ainda brilha nas páginas da história, embora as estupendas obras de sua genialidade já hajam desaparecido.
Marangoni, um erudito historiador do século passado, escrevendo na Cidade Eterna, e à sombra do próprio Coliseu, fez esta bela observação: "É algo digno de reflexão que, não obstante a magnificência desta obra, tão excelente em sua arquitetura, tão admirável em sua construção, a até mesmo considerada por Marcial a mais maravilhosa de todas as maravilhas do mundo, nem ele, nem qualquer outro escritor das eras seguintes, tenham mencionado o seu grande arquiteto".
Marcial, como todos o sabem, foi um poeta romano que se distinguiu nos reinados de Vespasiano, Tito, e Domiciano. Ele exalta com pomposos elogios a memória de Rabírio, por sua habilidade em construir uni grande anexo ao palácio dos césares, durante o reinado de domiciano. Afirma em seus escritos que este arquiteto ergueu um palácio que alcançava o firmamento e refletia a glória das estrelas; que o seu gênio penetrara os céus distantes, e copiara das fortificações celestes a magnificência e a majestade de seu projeto. "Com muito mais razão", prossegue Marangoni, "não deveria ele imortalizar o nome e a memória do grande arquiteto do Coliseu - uma construção muito superior ao palácio da Palestina, e edificado por um homem tão celebrado quanto conhecido do próprio Marcial?"
Marcial não fez simplesmente uma alusão casual e passageira ao Coliseu; ele constituiu-se o seu panegirista. Os seus melhores poemas foram escritos sobre os horrores do anfiteatro; contudo, enquanto exalta com bombásticos louvores os méritos de um arquiteto inferior, por haver acrescentado uma nova ala à casa áurea, deixa passar em silêncio o nome que deveria ser escrito em letras de ouro em sua estrofe sobre o Coliseu. O silêncio de Marcial e dos escritores comtemporâneos não é um enigma da história?
Dezessete séculos se passaram sobre os muros imperecíveis deste estupendo monumento da antiguidade; turistas e estrangeiros afluíram de todos os pontos da bússola para fitar com admiração as ruínas, que imortalizaram em seus escombros um arquiteto desconhecido. Em vão, os amantes da grandeza passada leram histórias e registros antigos, à procura do nome deste homem. Debruçaram-se atentamente sobre as inscrições apagadas e as lajes de mármore rachadas, que ainda se agarram às velhas paredes, esperando achar ao menos um efêmero elogio ao construtor. Porém o esquecimento eterno ter-lhe-ia amortalhado o nome, não fosj uma descoberta acidental trazê-lo à luz.
Durante escavações feitas na catacumba de São Agnes, na estrada de Nomentan, uma rude tumba foi descoberta. Estava fechada por uma lápide de mármore ostentando a figura da palma e da coroa, e junto a ela, um frasco de sangue, o inconfundível testemunho do martírio. A tosca inscrição declarava: GAUDÊNCIO, o arquiteto do Coliseu.
Eis aqui a explicação para o estranho silêncio de Marcial e dos historiadores pagãos contemporâneos seus. Gaudêncio era um cristão e um mártir; pertencia a seita odiada e perseguida por todo o poder do Império. Provavelmente, foi uma das primeiras vítimas a ter o sangue derramado na areia do anfiteatro.
O imperador romano pensava não apenas aniquilar o cristianismo, mas obliterá-lo da memória humana. Nenhum ato público era permitido em favor dos cristãos; abrigá-los, elogiá-los, ou imaginar que fossem capazes de qualquer coisa grande e nobre, era traição. 0 poeta bajulador, que buscava somente os sorrisos de César, conhecia o tema que o agradaria; não arriscaria a vida expressando simpatia pelos perseguidos seguidores da cruz. Assim, Gaudêncio partiu sem um monumento. Os tímidos amigos deitaram os seus restos na tumba de um mártir, nas escuras criptas das catacumbas, e na débil esperança de que um dia a posteridade reconhecesse-lhe o gênio e o talento, rabiscaram rudemente, sobre a laje de mármore que o cobria, que ele fora o arquiteto do Coliseu.
Não surpreende que os restos mortais de Gaudêncio, bem como o de centenas de outros nobres mártires, fossem depositados silenciosamente, e aparentemente sem honras, nas me­lancólicas galerias das catacumbas. Numa época em que tudo era horror e confusão, quando os trêmulos sobreviventes mal podiam, em segredo e na escuridão da noite, reunir os restos de seus amigos martirizados, não havia oportunidade para registrar-lhes os triunfes e homena­gens em epitáfios estudados, ou monumentos imperecíveis.
Há milhares de santos brilhando no resplandecente grupo vestido de branco, e que "seguem o Cordeiro por onde quer que vá", desconhecidos da Igreja militante, a não ser pelo nome. Contudo, encontramos nos registros das catacumbas alguns versos curtos, porem tocantes, homenageando alguns mártires em particular; talvez a rude composição de algum amigo sobrevivente, lavrada na pedra dura por uma mão delicada, à baça luz de uma lâmpada a óleo. Tais eram os versos na tumba de Gaudêncio:

Sic premia servas Vespasiane Dire
Premiatvs es morte gaudenti letare
Civitas vbi glorie tve avtori

Promisit iste dat kristvs imnia tibi
Qui alivm paravit theatrv in celo

Eis aqui um panegírico em poucas palavras, porém simples e sublime. Ele declara que nossoherói foi vítima de grosseira ingratidão, e embora o seu gênio tenha contribuído para a glória da cidade, a sua recompensa foi a morte cruel. O cristão que entalhou este epitáfio parecia consolar-se com a glória e apreciação dada ao amigo no outro mundo. "César prometeu três grandes recompensas", parece dizer ele, "Mas o pagão foi falso e ingrato. Aquele, que é o grande Arquiteto do céu, e cujas promessas não falham, preparou para ti, em recompensa à tua virtude, um lugar no teatro eterno da cidade celestial".
À primeira vista, estes versos não parecem possuir toda a importância que lhes atribuí­mos mas um momento de reflexão provará que são um dos mais cândidos registros do passado. Não havia outro teatro construído no tempo de Vespasiano, a não ser o Coliseu; ele era a glória da cidade, e ainda o é em suas ruínas. Vespasiano não perseguiu os cristãos, mas houve mártires em seu reinado. As leis de Nero não tinham sido revogadas, e ainda eram executadas, com maior ou menor violência, em diferentes partes do Império. Lemos a respeito de Apolinário, bispo de Ravena, no martirológio romano de 23 de julho: "quisub Vespasiano Caesaregloriosum martyrium consummavif. Eusébio, em sua Histó­ria da Igreja (livro III, cap. 15), assim como Barônio (ano 74), asseveram que Vespasiano levantou uma terrível perseguição contra os judeus; mandou matar todos os que se diziam descendentes de Davi. Para os gentios daquele tempo, cristãos e judeus eram a mesma coisa. Dion Cássio afirma que Domiciano mandou matar aqueles "qui in mores Judeorum transierant" (livro -T). isto e, aqueles que se tornaram cristãos. Líderes superficiais são inclinados a duvidar da inferência deste epitáfio. Mil questões podem ser feitas, e muitas objeções levantadas, mas sem entrar num tedioso, e talvez desinteressante exame da questão, será suficiente declarar que é a opinião aceita de todos os antiquários modernos, que este epitafio só pode se referir ao arquiteto do Coliseu. Dentre os autores que defendem esta opinião, sem duvidar, estão Arringhi, Nibe, Rossi, Marangoni e Gerbet.
A laje que contém esta inscrição pode ser vista atualmente na igreja subterrânea de Santa Martina, no Fórum. Martina foi uma das virgens expostas às bestas selvagens do Coliseu. A capela subterrânea é uma jóia da arquitetura, e o último monumento da genialidade e da munifícência de Pietro da Cortona, que a projetou e construiu. É ricamente ornamentada, e possui muitas peças de belo e excelente mármore. Entre os ornamentos que lhe adornam as paredes não há um tão interessante quanto a rude lápide de Gaudêncio.
Nada se sabe de sua vida ou do modo como morreu; a sua história, o seu martírio, e o seu panegírico acham-se contidos neste breve e obscuro epitafio. A Igreja blasonou em seus registros, com letras brilhantes, os nomes desses heróis cujos talentos ou triunfos foram a glória daqueles tempos primitivos; dentre eles, pode-se reconhecer o arquiteto da maior obra da antiguidade, o cristão e mártir Gaudêncio.

O vencedor não sofrerá dano da segunda morte- Arcadio Sierra Díaz

O vencedor não sofrerá dano da segunda morte

"Ao que vencer, não sofrerá o dano da segunda morte" (Ap. 2:11).O Senhor aqui fala a todos os crentes, e particularmente aos de Esmirna. De que têm de ser vencedores neste caso? Satanás, o máximo que nos pode causar, se o Senhor permitir, é fazer uso da morte contra nós, e ele pode usar os poderes do Estado e das instituições religiosas de toda índole, mesmo as eclesiásticas de tipo cristão. Vemos em toda a história que há muitas instituições e organizações que pretendem ter o hereditário direito de ser a legítima Igreja ou povo do Senhor, e delas os vencedores recebem perseguição e tribulação, ou pelo menos o menosprezo, difamação mediante libelos, programas de rádios e outros meios. Isso é a realidade da história da Igreja em todos os tempos, mas o Senhor já o havia advertido. A vitória aqui se trata da fidelidade ao Senhor até a morte. Satanás sabe que está derrotado, e a vitória a conquistou Jesus Cristo, o Filho de Deus, mediante o derramamento de seu precioso sangue na cruz, vertido até a morte, mas com o resultado de uma poderosa ressurreição e gloriosa ascensão ao Pai nos céus, enviando logo Seu Santo Espírito e dando vida à Igreja, que é Seu Corpo, a qual faz efetiva a sentença contra Satanás agora, e em especial aos vencedores. irmão, se és infiel terminas em derrota. Se foges do sofrimento, foges de todo compromisso que inclusive te pode levar até o martírio, estás em derrota. Se amas mais tua própria vida e não estás disposto a oferecê-la pelo Senhor, sofrerás o dano da segunda morte. Mas Façamos uma curta analise destes conceitos. Para entender isto é fundamental que saibamos que há duas categorias de crentes, os vencedores e os derrotados. Quando a Escritura fala de vencedores, é porque há cristãos derrotados. Os vencedores são os cristãos que, no marco da Palavra de Deus, são crentes espirituais normais, e os derrotados são os crentes carnais. Um cristão carnal é um crente anormal. Os crentes de ambas categorias são salvos pela eternidade, alguns serão salvos assim como pelo fogo, é como dizer , sendo castigados. Assim como não é o mesmo a vida eterna que a coroa da vida, tampouco se deve confundir a morte eterna ou segunda morte com o dano da segunda morte. Sofrer dano da segunda morte se relaciona com o castigo temporal no reino milenar. Lemos em 1 Corintios 3:15:" se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo.".Quando a Palavra de Deus diz que os vencedores não sofrerão dano da segunda morte, significa que os derrotados sim a sofrerão. Sofrer um castigo temporal na Geena, ou algum lugar parecido, é sofrer dano da segunda morte. Não sofrerão a segunda morte, mas se lhes causará dano, dor. Que não sofrerá a segunda morte nos diz João 10:27-28, assim:"27 As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem.28 Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão.". "39 E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia." (João. 6:39). "Dos que me deste não perdi nenhum" (João. 18:9b).Note que diz que não perecerão jamais; não diz que o que se extraviar pelo pecado, se perde eternamente. O crente que peca, será julgado por seu pecado e castigado, mas não perde sua salvação. A salvação eterna não guarda nenhuma relação com nossas obras ou comportamento (Efésios 2:8-9).Ressurreição significa passar da morte para a vida. Como o veremos no capítulo sete, o crente deve passar por um processo de ressurreição. O normal é que todo crente experimente três ressurreições. Toda pessoa humana nasce morta em pecado; quando crê, é regenerado, experimenta o novo nascimento. Isto é a primeira ressurreição pessoal de que já falamos. O espírito passa da morte à vida quando cremos; mas vem logo uma segunda ressurreição: a alma vai experimentando sua ressurreição na medida em que nos ocupemos menos da carne e mais do espírito. Na prática esta é uma ressurreição progressiva na vida do crente, na medida que caminha com Cristo. A terceira é a ressurreição gloriosa, à última trombeta, quando vier o Senhor, que é a primeira das duas grandes ressurreições coletivas. É quando será ressuscitado o corpo. Também em Apocalipse 20:6 diz:"Bem aventurado e santo o que tem parte na primeira ressurreição; a segunda morte não tem autoridade sobre eles, senão que serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele os mil anos".A diferença baseia-se em que a segunda morte é condenação eterna, e sofrer dano da segunda morte, é só uma disciplina temporal, durante a idade do milênio.Se alguém não é purificado em sua alma nesse tempo, o será na era vindoura, durante o tempo do reino milenar, para que na eternidade possamos estar com o Senhor, e sermos santos como Ele é Santo. Há coisas no crente carnal que estão de baixo da maldição em Adão, que devem ser quitadas, agora ou quando o Senhor venha e julgue à Igreja. Note que Paulo havia sido salvo eternamente quando ainda era um perseguidor da Igreja, após a visão que teve de Jesus cristo; e ele sabia isso. Mas foi chamado a um trabalho, não para ser salvo, senão para fazer a obra de Deus e poder entrar no reino. Ao analisar o capítulo 9 de 1 Coríntios, vemos que Paulo se refere a seu trabalho em relação com o reino, e no versículo 17 fala de que terá recompensa; no 18 fala de galardão; no 24 fala de prêmio; no 25 fala de receber uma coroa incorruptível. A manifestação do reino dos céus, será para os cristãos a manifestação de uma recompensa. Não obstante, nos versículos 26 e 27 diz:" 26 Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar.27 Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado. ".Isto de ser eliminado ou reprovado, tem a conotação de ser desqualificado, recusado ante o tribunal de Cristo, não digno de receber o prêmio, ainda que houvesse sido salvo eternamente por graça mediante a fé em Cristo.Já temos dito que uma coisa é a vida eterna e outra é a coroa da vida. A vida eterna se recebe como um presente de Deus e a coroa da vida depende de nossas obras. A coroa da vida somente a recebe quem for fiel até a morte, o vencedor. Assim também encontramos o oposto à vida eterna, ou seja, A morte eterna, a segunda morte, o que a sua vez é diferente ao dano da segunda morte. Então, quando, em que tempo, se recebe a coroa da vida? Quando o Senhor vier, quando nos reuniremos com Ele nas nuvens e começar Seu tribunal para julgar à Igreja e se dê início à idade do reino dos céus, o milênio, e isso se traduz em que o vencedor há de reinar com Cristo no reino de Deus. Simultaneamente, o derrotado, o crente que não é fiel até a morte, ainda que não perde sua salvação, entretanto, não recebe a coroa da vida, senão que durante o milênio tem perdida e é submetido a sofrer o dano da segunda morte, que pode ser uma espécie de "corretivo" nas trevas exteriores." 25 Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á. " (Mt. 16:25).O homem natural, morto espiritualmente, pela graça de Deus, e mediante a fé no Senhor Jesus, recebe a vida eterna. Posteriormente, quando voltar o Senhor, recebe a coroa da vida, sempre e quando for vitorioso, fiel até o ponto de estar disposto a dar sua vida pelo Senhor.

* Extraído do Livro El Vencedores y el Reino Milenario de Arcádio Sierra Dias

História da doutrina da Tri-unidade- Gino Iafrancesco

História da doutrina da Tri-unidade


O MONARQUIANISMO

A ORIGEM DO MONARQUIANISMO

Certamente que o gnosticismo foi a grande heresia do século II, a heresia mais importante do século terceiro foi o monarquianismo. A doutrina do Verbo dos apologistas, os chamados pais anti-gnosticos e dos pais alexandrinos (entende-se por pai, os irmãos que ocuparam posição na igreja do período apostólico) não produziu uma satisfação geral. Ao que parece, uma grande parte das pessoas comuns via esta doutrina com certa duvida, já que parecia que afetava seus interesses teológicos ou cristológicos, onde o interesse teológico era mais forte, a doutrina do Verbo como Pessoa divina separada, parecia por em perigo a unidade de Deus ou do monoteísmo; e onde o interesse cristológico estava em primeiro plano, a idéia que o Verbo estava subordinado ao Pai parecia comprometer a deidade de Cristo.

TRINDADE OU TRI-UNIDADE?

O termo “trindade” vem sendo usado faz aproximadamente mil e seiscentos anos, para tentar explicar a natureza de Deus. Quando os cristãos usam a palavra trindade (três), inconscientemente comunicam aos ouvintes um conceito politeísta. A palavra “trindade” foi cunhada a fim de referir-se à pluralidade que há em Deus, ao mesmo tempo em que manteria o pensamento da unidade divina. Foi uma escolha bem intencionada, mais infeliz.

Os termos “tri-unidade” ou “triuno” transmitem a idéia de que Deus é um só, ao mesmo tempo em que consiste em três pessoas.

A HISTÓRIA DA TRI-UNIDADE

Houve três correntes de estudiosos da bíblia que defenderam e tentaram implantar a teologia bíblica. Vejamos.

1. OS APOLOGISTAS: a pressão externa e interna exigia a defesa e exposição clara da verdade, dando assim origem à teologia. Por esta razão, aos primeiros pais (termo usado para os primeiros líderes que tiveram contato com os apóstolos do Senhor Jesus) que assumiram a defesa da verdade foram chamados de “apologistas”. Eles dirigiram suas apologias em parta aos governantes e em parte ao público que discutia as coisas. Seus objetivos imediatos eram o de apaziguar o temperamento das autoridades e das pessoas em geral que se diziam cristãs, e intentaram faze-lo estabelecendo seu verdadeiro caráter, e refutando as acusações proferidas contra o cristianismo; os apologistas estavam particularmente preocupados por fazê-lo aceitáveis às classes instruídas. Com este propósito, representaram o cristianismo com a mais elevada e mais segura filosofia, e puseram especial ênfase nas grandes verdades da religião natural: Deus, virtude e imortalidade, e falaram deles como o cumprimento de toda a verdade que se falava no judaísmo e fora dele. O trabalho dos apologistas foi feito em três áreas; a) Defensivo; b) Ofensivo e c) Construtivo. Defenderam o cristianismo mostrando que a vida e caráter dos que professam a fé cristã está marcada pela pureza moral. Acusaram aos judeus de um legalismo que perdia de vista o caráter tipológico; os acusaram de uma cegueira que os impedia de ver que Jesus era o Messias prometido pelos profetas. Atacaram ao paganismo denunciando o caráter indigno, absurdo e imoral da religião pagã; e particularmente a doutrina de seus deuses, em comparação com a unidade de Deus. Finalmente, sentiam que estavam incumbidos de estabelecer o caráter do cristianismo como a revelação positiva de Deus.

2. OS ANTI-GNOSTICOS: eles consideravam que o erro fundamental dos gnosticos estava em separar o Deus verdadeiro do Criador, o que qualificavam como uma concepção blasfema instigada pelo diabo. Pelo que enfatizaram o fato de que há sim um só Deus, que é também o Criador e Redentor, que deu a Lei e que também revelou o Evangelho. Este Deus é um e trino, uma só essência que subsiste em três pessoas.

3. OS ALEXANDRINOS: assim como em um século anterior, a sabedoria religiosa judaica se combinou com a filosofia helênica para produzir o tipo de pensamento representado por Filon, da mesma maneira nos séculos segundo e terceiro a sabedoria helênica e as verdades do Evangelho se combinaram, de uma maneira realmente surpreendente, para dar origem à teologia do tipo alexandrino. O intento empreendido por proeminentes teólogos foi utilizar as mais profundas especulações dos gnosticos na construção da fé da igreja. Para eles, ressurreição à interpretação alegórica da bíblia. As verdades da religião cristã foram convertidas em ciência.

O MONARQUIANISMO

Certamente que o gnosticismo foi a grande heresia do século II, a heresia mais importante do século terceiro foi o monarquianismo. A doutrina dos apologistas, dos anti-gnósticos e dos também chamados de pais alexandrinos não produziu uma satisfação geral. Parece que uma grande parte do povo comum via com duvidas esta doutrina, já que parecia que afetava seus interesses teológicos ou cristológicos. Onde o interesse teológico era mais alto, a doutrina do Verbo como Pessoa divina separada, parecia por em perigo a unidade de Deus, o monoteísmo; e onde o interesse cristológico estava em primeiro plano, a idéia que o Verbo estava subordinado ao Pai parecia comprometer a deidade de Cristo.

No decorrer do tempo os eruditos tomaram nota das duvidas do povo, e se propuseram a salvaguardar a unidade de Deus e a deidade de Cristo. Este deu lugar a duas formas de pensamento, às quais se denominou de Monarquianismo (nome que, pela primeira vez, foi dada a Tertuliano), ainda que estritamente falando, seria justo o aplicar somente a aquele tipo em que o interesse teológico é mais importante. Apesar de ser inapropriado, este termo segue em uso até o presente, para designar ambos tipos de monarquianismo.

· MONARQUIANISMO DINAMICO: Estava principalmente interessado em preservar a unidade de Deus, e estava completamente alinhado com a heresia Ebionita da igreja do primeiro século como também com o unitarianismo de hoje (seita criada no I século, por cristãos judeus, se caracterizava por ser composta principalmente por opositores ao apostolo Paulo, e era do tipo farisaico. Suas opiniões de Cristo eram que, Jesus era um homem normal, e que só se diferenciava dos demais homens, por que tinha maior sabedoria e retidão. Por esta razão Deus O escolheu para libertar o mundo do pecado; sendo que, o Cristo desceu sobre Jesus no batismo, como pomba, e o abandonou lá na cruz). As opiniões deles eram baseadas nas Escrituras e nas tradições. Vejamos alguns pontos que eles criam:

- O Verbo de Deus foi realmente consubstancia com o Pai, porém não era uma pessoa distinta na deidade. O Verbo podia ser identificado com Deus porque existia em Deus, assim com a razão humana existe no homem. O Verbo era meramente um poder impessoal presente em todos os homens, mas particularmente ativo no homem Jesus. Este poder divino, havendo penetrado progressivamente na humanidade de Jesus, de um modo que não o fez em nenhum outro homem, o deificou gradualmente, posto que o Jesus homem foi deificado, é digno da honrar divina, ainda que quando não se possa ser considerado como Deus no sentido estrito da palavra. Com esta formulação da doutrina do Verbo, era então sustentado que a unidade de Deus implicava, tanto unidade de pessoa como unidade de natureza.
- Diziam que o Verbo e o Espírito Santo eram meramente atributos impessoais da deidade.
- Defendiam o unitarianismo, ou seja, só um Deus e uma só pessoa.
- Defendiam principalmente, a humanidade de Jesus.

· MONARQUIANISMO MODALISTA, TAMBÉM CONHECIDA DE SABELIANISMO: foi denominado de modalista, porque concebia as três Pessoas da Deidade como diferentes modos em que Deus se manifesta. A grande diferença do M. Modalista com o M. Dinâmico está em que o M. dinâmico sustentava a verdadeira deidade de Cristo. O Monarquianismo Modalista foi muito mais influente. Interessava também em manter a unidade de Deus. Porém seu interesse primordial parecer ter sido cristológico, a saber, preservar a completa divindade de Cristo. Vejamos alguns pontos que eles criam:

- Criam nas três pessoas da deidade como diferentes modos em que Deus se manifesta na criação, na encarnação e na regeneração.
- Seu interesse principal parece haver sido cristológico, a saber, preservar a completa divindade de Cristo. No vaguear dessa seita, alguns chegaram a dizer que “o Pai chegou a nascer, sofrer e morrer;” outros disseram que “o Pai, mediante a mudança em seu modo de existir, literalmente chegou a ser filho de si mesmo”. Dizia que “quando o Pai ainda não havia nascido, Ele foi corretamente chamado, O Pai; porém quando submeteu ao nascimento, chegou a ser o Filho de si mesmo”.

A DOUTRINA DA TRI-UNIDADE

PONTOS DA CONTROVERSIA TRINITÁRIANA:

- O monarquianismo (Deus se manifestando de forma diferente em diferentes épocas, a cristologia, a unicidade de Deus, descrença do nascimento virginal),
- A teoria de que, o Pai e o Filho são substâncias pessoais;
- A doutrina da eterna geração, que implicava em subordinação do Verbo a Deus;
- A doutrina de que o Espírito Santo está subordinado ao Verbo e que foi também criado por Ele;
- A doutrina de que as três pessoas da tri-unidade eram de essência semelhante, porém não iguais;
- A doutrina da criação do Verbo;

Todos estes pontos são refutados. Os textos bíblicos são bem claros a este respeito; temos que cuidar bastante com as palavras no texto original, pois elas vão nos mostrar o verdadeiro sentido da palavra.

ECHAD OU YACHIYD

ECHAD

É uma palavra hebraica que fala de um, mas de um “um coletivo”; é um substantivo coletivo, é um substantivo que demonstra unidade; fala de uma unidade que contém varias unidades. É esta palavra que é usada para exprimir a unidade composta de DEUS. Existe uma pluralidade dentro da unidade de Deus; veja os exemplos:

- Deuteronômio 06: 04 e 05 - Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR.
- Gênesis 01:05 - Chamou Deus à luz Dia e às trevas , Noite. Houve tarde e manhã, o primeiro dia. (está relacionado a dia e noite)
- Gênesis 02:24 - Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne. (está relacionado a os dois)
- Números 13:23 - Depois, vieram até ao vale de Escol e dali cortaram um ramo de vide com um cacho de uvas... (está relacionado as uvas no cacho).
- Esdras 02:64 - Toda esta congregação junta foi de quarenta e dois mil trezentos e sessenta".
- Jeremias 32:38 e 39: - Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. Dar-lhes-ei um só coração e um só caminho...

YACHIYD

É uma outra palavra hebraica que fala de um, só que agora fala de um “um absoluto”. Veja os exemplos:

- Gênesis 22:2 - Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em...
- Salmo 22:20 - Livra a minha alma da espada, e das presas do cão a minha vida. (única vida)
- Juízes 11:34 - Vindo, pois, Jefté a Mispa, a sua casa, saiu-lhe a filha ao seu encontro, ..., e era ela filha única;
- Amós 8:10 - ...Farei que isso seja como luto por filho único.
- Zacarias 12:10 - ... Olharão para mim, a quem traspassaram; pranteá-lo-ão como quem pranteia por um unigênito.

PLURALIDADE NO NOME DE DEUS

As palavras EL e ELOHIM, foram traduzidas do hebraico para o português com D maiúsculo “Deus”. No hebraico, essas palavras significam ambas “Todo-poderoso”. El é a forma singular enquanto que Elohim é a forma plural da palavra Deus. Em Êxodo 20:2 e 3 diz: “Eu sou o Senhor teu Deus... Não terás outros deuses diante de mim”. A palavra traduzida para Deus e deuses é a mesma, portanto é como se o versículo ficasse assim: “Eu sou o Senhor Teus Deuses, não terás outros deuses diante de mim”. No hebraico isso é possível, porém, não no português.

Vejamos alguns exemplos em Gênesis:

- 1:26 e 27 - Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem conforme a nossa semelhança... Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, á imagem de Deus o criou: homem e mulher os criou.
- 3:22 e 23 - ...Eis que o homem se tornou como um de nós... O Senhor Deus, por isso, o lançou fora do jardim do Éden.
- 11:7 e 8 - Vinde, desçamos, e confundamos ali a sua linguagem...

TRI-UNIDADE OU POLITEÍSMO

Temos que tomar bastante cuidado para não confundirmos a tri-unidade com politeísmo. O que faz um Deus ser Deus é o fato Dele não ter começo e nem fim e ter um só propósito. Nos deuses da mitologia grega, vemos muitos deuses criados e não gerados e com propósitos os mais diversos. Na tri-unidade divina, vemos os aspectos de um só propósito nas três pessoas e também vemos o fato de ser gerado; nascido, porém não criado. Se prestarmos bastante atenção nas palavras, veremos isto mui claramente.

JESUS É DEUS:

- Salmo 45:6 e 7: O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; cetro de eqüidade é o cetro do teu reino. Amas a justiça e odeias a iniqüidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria, como a nenhum dos teus companheiros.
- Salmo 110:1 - disse o Senhor ao meu Senhor: assenta-te a minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.
- Gênesis 19:24 - Então fez o Senhor chover enxofre e fogo, da parte do Senhor, sobre Sodoma e Gomorra.
- Isaías 9:6 e 7 - Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz, para que se aumente o seu governo, e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do SENHOR dos Exércitos fará isto.
- João 10:30 - Eu e o Pai somos um.
- Mateus 3:16 - Logo que foi batizado, Jesus saiu da água. O céu se abriu, e Jesus viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e pousar sobre Ele. E do céu veio uma voz, que disse: -Este é o meu Filho querido, que me dá muita alegria!

O ESPÍRITO SANTO PROCEDE DE DEUS O PAI:

- Gênesis 1:2 A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas.
- Êxodo 35:31 e o Espírito de Deus o encheu de habilidade, inteligência e conhecimento em todo artifício,

O ESPÍRITO SANTO PROCEDE DE DEUS O FILHO:

- Atos 16:7 defrontando Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu.
- Filipenses 1:19 Porque estou certo de que isto mesmo, pela vossa súplica e pela provisão do Espírito de Jesus Cristo, me redundará em libertação,
- João 14:26 mas o Consolador o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito
- João 16:7 - Mas eu vos digo a verdade convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei.

QUEM VEREMOS NO CÉU?

Temos que tomar cuidado com afirmações precipitadas. Temos que nos lembrar que hoje somos pessoas limitadas dentro do tempo e espaço. Quando deixarmos este corpo ou quando ele for transformado não estaremos sujeitos às limitações da carne. Temos também que considerar que o Filho sempre foi aqui na terra a manifestação de Deus. Sempre que Deus se manifestou, isso foi feito na pessoa do Filho. Deixaremos apenas alguns versos aqui.

- Apocalipse 5:13 - Então ouvi todas as criaturas que há no céu, na terra, debaixo da terra e no mar, isto é, todas as criaturas do Universo, que cantavam: "Ao que está sentado no trono e ao Cordeiro sejam dados o louvor, a honra, a glória e o poder para todo o sempre!"
- Apocalipse 4:5 - Do trono saíam relâmpagos, estrondos e trovões. Diante dele havia sete tochas acesas, que são os sete espíritos de Deus.
- Hebreus 1:3 - O Filho brilha com o brilho da glória de Deus e é a perfeita semelhança do próprio Deus. Ele sustenta o Universo com a sua palavra poderosa. E, depois de ter purificado os seres humanos dos seus pecados, sentou-se no céu, do lado direito de Deus, o Todo-Poderoso.

O RESULTADO FINAL: A trindade de pessoas. Cada uma das três pessoas possui a essência inteira e é, por tanto, idêntica com a essência e com cada uma das outras pessoas. O Pai se caracteriza por ser “não gerado”, o Filho por ser “gerado” e o Espírito Santo por “proceder”. A relação entra as três pessoas se descreve como uma relação de “mútua interpenetração ou de existência recíproca sem, no entanto, se misturarem”.

Autor: Gino Iafrancesco

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

PARTE 1- Romanos- George Howes


PARTE 1
— ROMANOS 1:1 – 17 —

Paulo, na sua condição de servo de Jesus Cristo, separado para pregar o
evangelho de Deus, saúda os irmãos, os amados de Deus, em Roma. Depois, em
poucas palavras, assegura quanto se interessava por tudo que lhes dizia respeito,
manifestando ao mesmo tempo o forte desejo que tinha de os visitar, para lhes
comunicar algum dom espiritual e para anunciar o evangelho àqueles que viviam
na cidade, que, naquele tempo, era a grande capital do mundo.
Os versículos 3 e 4 mostram que o evangelho de Deus não diz respeito a
nós, mas sim ao Filho de Deus, Jesus Cristo, nosso Senhor. Com respeito a Sua
humanidade, Ele era da linhagem do Rei Davi, Filho de Davi, conforme as
profecias antigas; com respeito a Sua divindade, foi, pela ressurreição dos mortos,
demonstrado que Ele é o Filho de Deus.
Paulo recebeu a sua comissão para pregar o evangelho diretamente de
Jesus na glória, e o propósito do Senhor nisto era obter obediência à fé entre
todas as nações.
No final desse trecho que estamos considerando e que constitui um
prefácio a toda a epístola, o apóstolo volta a falar no evangelho, expondo a razão,
por que não se envergonhava de anunciá-lo aos poderosos romanos: A final, o
evangelho é o poder de Deus para a salvação do pecador que crê nele, porque
nessa salvação está manifesta a justiça de Deus, que se alcança pela fé: justiça
de Deus para os homens — não justiça exigida deles, mas sim concedida a eles
por Deus. Assim, logo no princípio desta importantíssima epístola, vemos aparecer
com deslumbrante brilho a primorosa verdade de que “Deus é por nós”.

PARTE 2-Romanos- George Howes


PARTE 2
— ROMANOS 1:18 – 3:20 —

Desde o capítulo 1, versículo 18 até capítulo 3, versículo 20, o apóstolo
ocupa-se em mostrar o triste estado pessoal em que se encontra o homem — um
estado pecaminoso, que deu ocasião, ou antes diremos, que tornou necessária a
manifestação da ira de Deus contra toda a impiedade e injustiça dos seres
humanos. E esta manifestação, por sua vez, fez necessária para a nossa salvação
a manifestação da justiça de Deus, i.e., justiça que vem de Deus para o bem do
ser humano.
Romanos 1:18
Nesse versículo vemos que a atitude de Deus para com o pecado está
plenamente declarada. A ira de Deus é manifestada contra tudo o que se opõe a
Deus, e duas coisas são mencionadas de maneira especial, — primeiro, a
impiedade; segundo, a injustiça praticada por alguns, embora professem
aparentemente a verdade. Deus não pode tolerar o pecado.
Romanos 1:19 – 32
Nesses versículos podemos ver a culpa dos gentios, dos ímpios, e como se
manifesta a sua impiedade.
Três pontos principais nos mostram a completa ruína moral dos seres
humanos:
1 — Deus tem dado aos homens, na obra da criação dos céus e da terra,
um testemunho perpétuo de Si, manifestando-lhes assim o Seu eterno poder e a
Sua divindade. Alguns, porém, não quiseram reconhecê-Lo, e outros, tendo
conhecido a Deus, não O glorificaram como Deus, nem deram graças, mas
substituíram a glória do Deus incorruptível pela imagem do homem corruptível etc.,
pelo que Deus os entregou às concupiscências dos seus corações, à imundícia,
para desonrarem o seu corpo entre si.
2 — Mudaram a verdade de Deus em mentira e honraram e serviram mais
a criatura — i.e. a si próprios — do que o Criador. O resultado de assim darem à
criatura a honra e o serviço que se devia prestar somente a Deus foi a ruína das
suas afeições.
3 — Como não lhes pareceu bem guardarem em si o conhecimento de
Deus, por isso Deus os abandonou a um sentimento perverso e depravado, e
deste modo vemos arruinado pelo pecado o entendimento do homem.
Reunindo esses pontos, temos o ser humano arruinado no que diz respeito
… ao seu corpo (v. 24),
… às suas afeições (v.26) e
… ao seu entendimento (v. 28).
Assim nos últimos versículos desse primeiro capítulo, achamos o ser
humano sem o conhecimento de Deus, capaz de praticar qualquer mal, e
7
completamente subjugado pelo pecado, até ao ponto de não só o praticar como
também de se regozijar com o dos outros.
Tendo abandonado a Deus, o homem ficou dominado pelo pecado, porém o
nosso Deus manifestou o Seu desejo de nos salvar e de Se tornar conhecido por
nós, em toda a Sua justiça e amor, e assim atrair para Si os nossos corações:
benditas novas estas, bendito evangelho!
Romanos 2:1 – 16
Aqui o apóstolo trata dos que se imaginam capazes de julgar os atos dos
outros, esquecendo-se eles de que é Deus que há de julgar os segredos de todos.
Deus, todavia, não Se apraz em julgar os seres humanos, mas antes procura pela
Sua bondade levá-los ao arrependimento. Vemos que tanto estes homens, como
também aqueles mencionados no capítulo 1, são, na verdade, indesculpáveis,
porquanto tendo luz, pelo menos a luz da sua própria consciência, ocupam-se em
julgar os seus semelhantes, recusando tomar o lugar que lhes compete, isto é, o
lugar dos condenados, e dos arrependidos perante Deus.
Deus, porém, não isenta nenhuma pessoa de Seu juízo e o Seu julgamento
é segundo a verdade. Vemos aqui os justos princípios do juízo de Deus. Notemos
porém, que o apóstolo não está aqui propondo os termos pelos quais se pode
ganhar a vida eterna, mas está mostrando os justos princípios conforme os quais
Deus há de julgar o mundo.
Romanos 2:17 – 3:8
Temos agora perante nós o caso do judeu, o homem mais privilegiado de
todos, porque aos judeus foram confiados os oráculos de Deus. Mas então será
ele melhor do que os outros? De modo algum, porque, sabendo a vontade de
Deus, gloriando-se nos seus privilégios, e tendo a tarefa de instruidor dos outros,
ele mesmo desonrou a Deus pela transgressão da Sua Lei, e até por causa dele o
nome de Deus foi blasfemado entre os gentios. O judeu teve até grandes
vantagens, havendo na aparência muita diferença entre ele e o gentio, porém na
questão de justificação perante Deus, não é o que se vê aparentemente, mas sim
o que existe no coração que faz a diferença. Neste caso o judeu foi tão culpado
como os outros, sendo condenado pela mesma Lei de que se gloriou.
Romanos 3:9 – 20
Chegamos agora à conclusão de todo este testemunho, e lemos que “todos
estão debaixo do pecado”.
Esta conclusão, diz o apóstolo, é confirmada pelas Escrituras Sagradas do
Antigo Testamento, porquanto nelas está escrito: “Não há um justo, nem um
sequer”.
Os versículos 10 a 18 apresentam-nos o homem, de uma maneira triste,
mas verdadeira, debaixo do poder do pecado e longe de Deus, afastado dEle,
tanto no seu entendimento como nas suas afeições e na sua vontade; não existe o
temor de Deus no seu coração. Sim, a solene conclusão é que toda boca fica
fechada e todo o mundo fica condenável e sujeito ao julgamento de Deus.
8
Sendo assim, é evidente que nenhum homem será justificado perante
Deus, pelas suas próprias obras — pelas obras da Lei — porquanto a Lei só serve
para mostrar a sua culpabilidade, e condená-lo.

PARTE 3- Romanos- George Howes


PARTE 3
— ROMANOS 3:21 – 5:11 —


Romanos 3:21 – 26
No capítulo 1, versículos 15 e 16, afirma-se que o evangelho é o poder de
Deus para salvação de todo aquele que crê, porque nele se manifesta a justiça de
Deus. Em seguida, o apóstolo demonstra a necessidade que havia para a
manifestação dessa justiça da parte de Deus, a nosso favor, e agora no trecho que
estamos considerando volta a falar dela.
Em tempos passados, Deus pela Lei exigia a justiça da parte do ser
humano, porém, agora ela está no evangelho. Deus nos fornece o que Ele nunca
poderia achar em nós. Manifestou-se a justiça, provida por Deus e oferecida a
todos, porém somente alcançada por aqueles que nEle crêem.
Mas será que esta justiça é oferecida a todos com a única e simples
condição de terem fé em Jesus Cristo? Sim, é oferecida a todos sob esta única e
simples condição, porque enquanto ao fato de sermos culpados, não há diferença
(Rm 3:22); a culpa de todos está provada, todos pecaram e destituídos estão da
glória de Deus, e portanto Deus justifica, ou tem por justos, todos os que crêem.
Sim, sem merecimento algum da nossa parte, Deus justifica gratuitamente
todo o crente “pela redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3:24).
É importante notarmos que Deus nunca Se podia negar a Si próprio nem
sequer em um único dos Seus atributos. Portanto, se Deus nos justifica,
perdoando-nos os pecados, cabe-nos perguntar qual é a base de um tal ato. Como
é que a própria justiça de Deus fica de pé, ao mesmo tempo que Ele justifica o
ímpio?
A resposta às nossas perguntas encontra-se na morte de nosso Senhor
Jesus Cristo, ao Qual Deus propôs para propiciatório, ou lugar de encontro, onde
Ele, o justo Deus, pode vir ao encontro de nós, pecadores, sem nos julgar. É ali
onde nós nos podemos aproximar dEle pela fé no sangue de Seu Filho.
Na morte de Jesus Cristo, da qual o Seu sangue derramado foi testemunha,
recebeu Deus plena satisfação com respeito à questão do pecado, e de tal
maneira foi Ele glorificado por aquela morte, que agora, neste terreno, nos convida
a ir ter com Ele, a fim de experimentarmos a Sua soberana graça em nos justificar.
Ao mesmo tempo, fica patenteado que Ele é justo em assim agir, visto que tudo
está baseado na redenção que há em Cristo Jesus.
Que grande revelação esta que se nos apresenta! Deus revelado como o
Deus da Salvação! O Deus justo ocupa-Se, não em julgar, mas sim em justificar
os condenados que têm fé em Jesus! Que descanso é para nós o apreciarmos a
presente atitude de Deus para com os homens, isto é, a atitude de um Justificador,
de um Salvador, de um Doador.
10
Romanos 3:27
Visto que tudo recebemos somente pela graça de Deus, sem merecimento
algum da nossa parte, onde está o motivo de nos gloriarmos? Sem dúvida, tal
motivo não existe, visto que não alcançamos a bênção mediante as nossas obras
ou merecimento — o que teria sido conforme à lei das obras —, mas alcançamo-la
pela fé, isto é, segundo a lei ou princípio ou fundamento da fé, e portanto por essa
mesma lei está excluído qualquer motivo para nos vangloriarmos.
Romanos 3:28
Neste versículo 28 temos a conclusão do apóstolo a respeito da questão da
justificação do homem perante Deus, isto é, “que o homem é justificado pela fé,
sem as obras da lei”. Que gloriosa conclusão esta! A linguagem da Lei é “faze tu”,
porém a linguagem da fé é “está feito”. Deus apresenta-nos Jesus como objeto de
fé, e o Seu sangue derramado, a Sua morte consumada, como a base de toda a
nossa bênção.
Romanos 3:29 e 30
A Lei foi dada por Deus exclusivamente aos judeus, e por isso, se a
justificação fosse alcançada pela Lei, seria esta bênção também limitada a eles.
Mas Deus não é exclusivamente Deus dos judeus, e por conseqüência não
se pode limitar a eles a bênção que provém dEle por fé em Jesus — ela é
oferecida a todos.
Romanos 3:31
O apóstolo, em vista da conclusão de que somos justificados diante de
Deus pela fé (Rm 3:28), pergunta se assim anulamos a Lei pela fé? A resposta é
clara: “De maneira nenhuma! Antes, estabelecemos a lei”.
Se porventura um réu fosse justificado na conformidade da lei, seria isso
anular a lei? De certo que não; antes seria respeitar a lei. Se porém o réu, tendo
sofrido a pena de morte, ressuscitasse, a lei já nada teria com ele, porque a sua
sentença já tinha sido cumprida, e ele estaria fora de seu alcance.
Pois, bem, Cristo, tendo-Se identificado sobre a cruz com o pecado,
morreu, satisfazendo as exigências da Lei, até ao último ponto. Em seguida Ele
ressuscitou de entre os mortos e assim ficou fora do alcance da Lei. A maldição da
Lei, que foi suportada por Cristo no Calvário por amor de nós, não pode mais cair
sobre Ele, pois agora está na esfera da ressurreição, fora do seu alcance. O
crente, porém, pode dizer: Sou eu um dos pecadores por quem Cristo morreu, por
quem Ele suportou a maldição, e por isso nada pode a maldição ou a Lei contra
mim; em Cristo estou ressuscitado e Deus já recebeu toda a satisfação que podia
exigir a meu respeito. Assim, ao mesmo tempo que o homem é justificado pela fé,
fica a Lei estabelecida e respeitada.
Romanos 4:1 – 8
11
Como vemos no fim do capítulo 3, está já consumada a obra sobre a qual
se baseia a justificação do crente, e fica preparado o terreno onde o nosso Deus
nos pode encontrar para nos justificar e abençoar. Mas muitos há que não têm
ocupado este lugar pela fé nem têm até hoje achado a bênção, sendo todo o seu
desejo saber como podem encontrar esta bênção e como podem possuí-la. É a
tais desejos que o capítulo 4 responde.
Nos versículos 1 a 8 o apóstolo chama a nossa atenção para dois homens,
dos mais salientes no Antigo Testamento, para exemplificar por meio deles o
assunto da nossa justificação diante de Deus — são esses Abraão e Davi. Abraão
viveu antes de Deus ter dado a Sua Lei a Moisés. Davi, por sua vez, nasceu
depois disso. Todavia, Deus a ambos justificou.
Pensemos um pouco no caso de Abraão, que foi um homem tão notável
pela sua obediência e piedade e que evidentemente achou e possuiu a bênção.
Perguntamos: Foi Abraão justificado pelas suas obras? Tem ele de que se
gloriar?
O que respondem as Escrituras? Quanto à primeira pergunta lemos no
versículo 3: “Creu Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça”. Quanto
a segunda pergunta temos uma resposta clara no versículo 2: “não diante de
Deus”.
Nem poderia ser de outra maneira, porque se a justificação fosse resultado
das suas obras, então ela seria um galardão recebido como prêmio merecido e
não “gratuitamente pela graça de Deus”, conforme está escrito (compare Rm 3:24).
Louvado seja Deus, Ele está manifestado no caráter dAquele que justifica o ímpio,
e confiando nEle como tal, Ele, por causa disso, nos considera justos. Assim Davi
exclamou: “Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, e cujos
pecados são cobertos. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o
pecado”.
Continuemos a indagar como se consegue este bem.
Romanos 4:9 – 16
Sabemos pelas Escrituras do Antigo Testamento como Deus escolheu um
povo especial, santificando-o, isto é, separando-o para Si, dando-lhe certos
privilégios e sinais exteriores que mostraram essa separação das outras nações:
Porventura alcançou Abraão a bênção por pertencer a esses, ou ainda por ter
recebido no seu corpo o sinal da circuncisão?
De certo que não! Muito pelo contrário as Escrituras dizem que ele creu na
palavra de Deus, e a sua fé foi-lhe imputada como justiça, e depois é que recebeu
o sinal da circuncisão — sendo esse um rito que Deus ordenou aos judeus —
como selo da justiça da fé. Deve-se notar que o selo segue e não precede a
recepção da justiça. Se seguirmos o caminho da fé de Abraão, não podemos
deixar de alcançar a mesma bênção que ele alcançou.
Vejamos agora 3 pontos de muito interesse mencionados neste trecho de
que estamos tratando:
1 — a justiça da fé.
2 — o selo — circuncisão — sinal da separação para Deus.
3 — a herança.
Nós crentes também podemos apreciar esses prontos, porque:
12
1 — somos justificados pela fé.
2 — somos selados com o Espírito Santo, o poder da verdadeira separação para
Deus
3 — temos uma herança (veja também Cl 1:12).
Mas haverá quem diga: “Eu ainda não vejo como posso dizer que tenho estas
bênçãos; porventura não haverá assim alguma coisa no caso de Abraão que me possa ajudar
nesse ponto?
Sim, de certo há o que, como a bênção de Deus, nos pode conduzir à perfeita luz.
Romanos 4:17 – 25
Examinemos um pouco o versículo 17. O que devemos especialmente notar
aqui é o caráter em que Deus se manifesta. Lemos: “Deus, o qual vivifica os
mortos e chama as coisas que não são como se já fossem”.
Abraão não creu somente em Deus como Criador, mas também nEle
revelado no caráter do Deus da ressurreição.
Abraão bem podia apreciar quanta, e quão grande, era a fraqueza do ser
humano, e como pelo pecado entraram neste mundo a fraqueza, a tristeza e a
morte, demonstrando esta última, mais do que qualquer outra coisa, essa fraqueza
absoluta do ser humano.
Mas Abraão percebeu que nem mesmo a morte podia impedir os propósitos
de Deus; que Ele podia entrar no lugar da maior fraqueza do ser humano, e
demonstrar o Seu poder vivificando os mortos.
E assim, apreciando a grandeza e glória do Deus da ressurreição, ele bem
sabia que nada havia que pudesse impedir a realização e o triunfo dos propósitos
de Deus. Abraão, pondo-se, por assim dizer, ao lado de Deus, podia contar com as
coisas que não são como se já fossem. Está escrito que, crendo na palavra de
Deus, essa crença lhe foi imputada como justiça. E não só para ele isso foi escrito,
mas também para nós a quem será imputada a justiça se crermos “naquele que
dos mortos ressuscitou a Jesus, nosso Senhor” (Rm 4:24).
Sim, também para nós — para nós que cremos. E o Deus em Quem
cremos, é o Deus que ressuscitou a Jesus, Aquele que Se manifestou em amor e
em poder como um Deus Salvador.
Jesus foi crucificado pelos nossos pecados, pelas nossas ofensas; tinha,
como Redentor, entrado no lugar do julgamento e da morte, e toda a força da ira
de Deus contra o pecado caiu sobre Ele; suportou de um modo glorioso e perfeito
todas as exigências da justiça e da santidade divina, liquidando de uma vez para
sempre a questão do pecado, perante Deus; e tendo consumado tudo, e estando
já morto — como testificou o Seu sangue derramado — foi sepultado.
Porém Deus O ressuscitou! Gloriosa prova esta, da Sua absoluta satisfação
na obra consumada, e também do Seu perfeito agrado na Pessoa que a fez.
Assim pelo Seu grande poder Deus ressuscitou a Jesus, e O ressuscitou
para a nossa justificação.
Benditas novas! Poderá o leitor ainda ter algumas dúvidas?
Nesse caso procuremos aprender mais um pouco pelo procedimento de
Abraão.
13
Romanos 4:18 – 20
Como vimos no capítulo 1, e muitas vezes o vemos na prática, o homem
pretende ocupar o lugar que pertence única e verdadeiramente a Deus. Essa
disposição é tão forte em nossos corações, que muitas vezes nos custa desviar os
olhos de nós mesmos para os fitarmos no nosso Deus e Salvador.
O pecado, a ruína, a fraqueza e a morte, acompanham o ser humano,
enquanto que a justiça,a perfeição, o poder e a vida derivam de Deus.
Convém, então, que sigamos os passos de Abraão a esse respeito. Ele não
atentou para si, e não duvidou de Deus.
Portanto, querido leitor, deixemos de nos ocupar de nós mesmos, a não ser
para confessarmos os nossos pecados e a nossa ruína, e voltemos os olhos para
Deus e para Aquele que por Ele foi elevado para a Sua glória, e está assentado
nela. E, então, enquanto a luz da glória do Cristo brilha em nossas almas,
entraremos naquele descanso divino que nunca terá fim, sabendo que somos
justificados não somente perante Deus, mas também por Deus.
Romanos 5:1
“Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor
Jesus Cristo.” Sim, temos a paz; uma paz plena, perfeita e divina. Os nossos
corações que outrora tremiam com medo “da ira de Deus”, estão agora tranqüilos,
vendo Jesus, que para nos remir passou debaixo das águas do temporal da ira e
da morte, atualmente colocado por Deus acima de tudo na Sua glória e no Seu
favor, e sabendo que aos Seus olhos, nós, os que em Jesus cremos, estamos tão
livres de todo o julgamento, como o nosso Substituto é glorioso.
O perfeito caráter da nossa justificação está patente na pessoa de Jesus
ressuscitado e glorificado.
Romanos 5:2
Agora, visto que, na pessoa de Jesus, os nossos pecados têm sido
julgados, e que a paz reina em ossos corações, podemos livremente e com gozo
contemplar e experimentar a graça ilimitada do nosso Deus e Salvador. Na
verdade é belo e enorme o quinhão que desfrutamos por meio de Jesus Cristo.
Não somente estamos libertos de culpa, mas também temos aceitação
positiva da parte de Deus. Ele nos coloca perante Si na Sua graça ou favor, no
qual estamos firmes. Sim estamos firmes neste favor; está é a nossa posição
perante Deus, que nada e ninguém pode alterar, porque é ela a posição que a
Deus aprouve conceder-nos.
O favor de que Jesus goza é o mesmo que nós temos também o privilégio
de gozar, e é por Ele que temos entrada neste favor.
Deus permita que não somente saibamos que esta é a nossa posição e
privilégio, mas que também pela fé vamos entrando no gozo desse favor,
aprendendo cada vez mais a respeito do lugar que o Salvador ressuscitado ocupa
atualmente, porque é pela apreciação da Sua posição que nós crentes
aprendemos os pensamentos de Deus a nosso respeito.
Se experimentarmos já tanto gozo, quando estamos apenas principiando a
desfrutar a graça divina, o que será quando todos os propósitos do amor de Deus
a nosso respeito se acharem realizados?
14
Se lançarmos um olhar para trás, nada há que nos perturba, e exclamamos:
“Paz!” O momento atual é caracterizado pelo gozo do “favor divino”, e o futuro para
nós não tem senão “glória”.
Paz! Favor! A glória de Deus! Que quinhão para o presente — que
perspectiva para o futuro!
Mas naquele gloriosos futuro, qual será a fonte principal da nossa alegria?
Não será o conhecimento e gozo perfeito do amor de Deus? Sim, sem dúvida
assim será, porém, esta não é uma fonte cujas delícias estão reservadas para os
tempos futuros, mas assim uma da qual podemos beber desde já.
Se tivermos apreciado as verdades já expostas com referência à morte a à
ressurreição de Jesus como base justa para o cumprimento e edificação dos
propósitos de Deus, e se tivermos visto, em Jesus ressuscitado e assentado como
Homem na glória e favor de Deus, a realização destes propósitos, os nossos
corações ficarão sem dúvida muito impressionados com a justiça e o amor de
Deus, e assim será sólida a nossa paz e grande a satisfação dos nossos corações,
porque o próprio Espírito de Deus derrama neles o amor divino.
Romanos 5:3 – 5
Uma vez que a questão do pecado já está resolvida conforme as exigências
da justiça divina, o santo amor de Deus está livre para se manifestar na bênção
dos Seus escolhidos. E assim acontece, que, tendo conhecido a Deus como o
Deus de todo poder, e estando agora certos também do Seu amor, caminhamos
no mundo como conhecidos e amados de Deus.
O gozo do Seu amor transforma para nós o caráter de tudo, de maneira
que, se Ele nos deixar passar por tribulações, não havemos de desesperar,
porque, ainda que a Sua mão nos pareça pesada, conhecemos o amor que faz
mover a mão, e assim confiados neste amor gloriamos-nos nas tribulações, e por
meio delas possuímos a paciência.
No exercício da paciência achamo-nos conduzidos pelo caminho da
experiência — experiência dAquele, Cujo amor conhecemos, experiência de Deus.
Por sua vez esta experiência produz a esperança — esperança em Deus —
, que não pode acabar em confusão, porque em tudo nos firmamos no amor de
Deus.
Que descanso para o coração! Perfeito poder e perfeito amor! Quantas
vezes se vê entre os homens o desejo de fazer um favor a outro, mas faltar o
poder, ou vice-versa: haver o poder, mas faltar o desejo. Em Deus, porém, existem
ambas as coisas.
Romanos 5:5 – 9
Nestes versículos vemos claramente que nada de bom havia em nós para
que Deus nos amasse. Porém, Deus é amor, e na Sua infinita sabedoria, por meio
da morte nos recomendou o Seu amor, sendo nós ainda “fracos” e “ímpios” (veja
Rm 5:6), “pecadores” (Rm 5:8) e “inimigos” (Rm 5:10).
Na morte de Cristo vemos satisfeitas inteiramente as exigências do trono
de Deus e ao mesmo tempo manifestada toda a grandeza do amor do coração
de Deus.
15
Romanos 5:10 e 11
Bem podemos dar graças a Deus pela morte do Seu Filho, porque é pelo
amor nela manifestado que Ele desfez de uma vez para sempre a nossa inimizade,
e nos introduziu no lugar de favor que pela fé ocupamos. Porém, se pela Sua
morte temos alcançado tanta bênção, qual não será a bênção que nos fará
experimentar a Sua vida atual?
Agora nós que somos amados por Deus, e que O amamos a Ele, temos um
Salvador vivo, Jesus Cristo, o Filho de Deus, para nos conduzir e guiar até ao
momento de entrarmos naquela glória que com tanto gozo esperamos. E não
somente isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus
Cristo.
Feliz o coração que se gloria em Deus, gloriando-se, não nas bênçãos, por
mais ricas que sejam, mas sim gloriando-se no Abençoador, gloriando-se em
Deus manifestado em Cristo, manifestado em sabedoria, justiça, poder e amor.
A alma do crente espera tudo de Deus, e tudo acha em Deus: Deus é tudo
para ela. E ainda mais, estamos aptos para nos gloriarmos nEle, sabendo que
estamos perante Ele segundo o Seu agrado, aceitos em Seu Filho, por Quem
temos alcançado a reconciliação. Lemos a esse respeito: “…agora, contudo, vos
reconciliou no corpo da sua carne, pela morte, para, perante ele, vos apresentar
santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis” (Cl 1:21-22). Já se vê, seria impossível
gloriarmo-nos em Deus sem apreciarmos, até certo ponto, o que é termos
alcançado a reconciliação por nosso Senhor Jesus Cristo, ou por outra, sem
apreciarmos que por Cristo, e em Cristo, estamos perante Deus conforme o Seu
agrado.
Deus terá, por fim, o Seu povo perante Si em conformidade com tudo o que
Ele é, para o Seu prazer e agrado; já vemos um exemplo disso em Cristo
glorificado como Homem na Sua presença.
Que nós, no gozo desta reconciliação em Cristo, nos gloriemos em Deus
por Jesus Cristo, nosso Senhor!

PARTE 4- Romanos- George Howes


PARTE 4
— ROMANOS 5:12 – 8:39 —

Romanos 5:12 – 21
O apóstolo aqui começa a falar da bênção cristã sob um outro ponto de
vista. Até aqui tem tratado da questão dos pecados cometidos pelos homens e tem
mostrado como aquele que crê em Cristo é justificado deles e colocado no favor
divino com a certeza de ter parte na glória futura.
Agora, todavia, começa a falar sobre a natureza pecaminosa que nós
temos como descendentes de Adão, e desenvolve um pouco a verdade da
reconciliação mencionada no versículo 11.
Um ponto de grande importância neste trecho é que nele os nossos olhos
são dirigidos para Cristo — não só para aquilo que Ele tem feito a nosso favor,
mas também para a Sua pessoa. Assim os nossos corações são atraídos mais
para Ele, e, à medida que O vamos apreciando, o nosso amor por Ele aumenta.
Romanos 5:12, 18 e 19
Nesses versículos o apóstolo apresenta-nos três contrastes:
1 — Duas pessoas: Adão e Cristo.
2 — Dois atos: o de Adão, um ato do pecado; o de Cristo: um ato de justiça.
3 — Dois resultados desses respectivos atos: a morte e a vida.
Vemos que o resultado do ato de Adão alcançou em todo o tempo os que
estão identificados com ele, e da mesma maneira o resultado do ato de Cristo
alcança todos os que com Ele estão identificados.
Adão como cabeça da raça humana caiu pelo pecado, e na sua queda
levou-a toda consigo.
Foi pela desobediência de um homem que todos os outros foram feitos
pecadores, e não pelos seus próprios pecados. Todos têm pecado, cada um tem
os seus próprios pecados, mas aqui não se trata desse fato, mas antes do estado
de pecados de que todos participam igualmente, como disse Davi: “em pecado me
concebeu minha mãe” (Sl 51:5).
Assim fica confirmado o estado verdadeiro do ser humano como parece aos
olhos de Deus. Em conseqüência do pecado de Adão, a sua vida e a vida de todos
que estão identificados com ele, tornou-se uma vida condenada — a morte passou
por todos. Essa vida não pode consistir diante de Deus.
Agora, porém, se manifestou a grandeza da misericórdia e do amor de
Deus. O Filho de Deus, tornando-Se homem, carregou o peso da condenação do
primeiro homem, e pela Sua morte — aquele ato supremo de amor e da justiça —
estabeleceu a justiça divina e abriu o caminho pelo qual Deus, tendo ressuscitado
Jesus, pode nEle, e por meio dEle, abençoar a todos os que nEle crêem,
dando-lhes vida nEle.
Assim, Cristo em ressurreição tornou-Se em fonte de nova vida, e o crente
que a possui fica inteiramente justificado de toda a questão ou imputação do
pecado. Em Cristo alcançamos a justificação de vida.
17
Todos que estão relacionados com Adão são constituídos ou feitos
pecadores; todos os que estão identificados com Cristo são constituídos justos.
Romanos 5:13 – 17
Esses versículos formam um parêntesis em que o apóstolo desenvolve o
assunto. Principia por demonstrar que a morte não é somente o resultado da
desobediência do homem a um mandamento explícito, a uma lei, mas que é
resultado necessário da presença do pecado, ainda que não houvesse a
transgressão de uma lei. Isto é provas do pelo fato da morte ter reinado desde
Adão a Moisés, durante o período em que Deus não deu aos seres humanos lei
alguma (veja Gn 2 a Êx 20).
Concluímos então que todos que pertencem à raça de Adão estão, por
natureza, debaixo da condenação e do poder da morte, independentemente da
questão dos atos praticados por cada indivíduo.
Podemos referir-nos aqui ao caso de Enoque (veja Gn 5:24); ele não
morreu, foi uma exceção à regra; porém, lemos em Hebreus 11:5 que foi pela fé
que Enoque foi arrebatado, e isto confirma o argumento do apóstolo, quer dizer,
que é só pela fé que se pode alcançar a libertação.
No versículo 14 lemos que Adão é “figura daquele que havia de vir” e
assim, graças a Deus, podemos virar-nos de Adão para contemplarmos a Cristo
como a nossa Cabeça. Voltamo-nos do primeiro Adão descobrindo que temos
parte nAquele que é chamado “o último Adão”; voltamo-nos do primeiro homem
em toda a sua ruína para contemplarmos o Segundo Homem, Jesus Cristo, em
toda a Sua perfeição. Tudo ficou perdido em Adão, e agora para os crentes tudo é
assegurado em cristo. Com alegres corações podemos, portanto, contemplar
Aquele que é agora a nossa Cabeça — não Adão, mas Cristo.
Que grande graça é a graça divina que assim nos identifica com Cristo, e
nEle nos dá vida, uma vida nova, à qual o pecado não se pode ligar!
Romanos 5:20 e 21
Vemos aqui a razão por que Deus deu aos homens a Sua Lei. Ninguém
podia se justificar por ela diante de Deus, mas foi dada afim de manifestar o
terrível caráter do pecado. A Lei não foi a causa do pecado abundar, disto já havia
muito, mas por meio dela o pecado tornou-se em transgressão, e a sua força ficou
aprovada. Graças a Deus, porém, que onde o pecado abundou, superabundou a
graça.
Do nosso lado, só pecado; do lado de Deus, só graça divina — sim, graça
superabundante!
A morte é, em nós, o resultado de sermos filhos de Adão, nascidos em
pecado; a vida eterna é o resultado da livre operação da graça divina que nos
alcançou, de uma maneira absolutamente justa, por Jesus Cristo, nosso Senhor,
porque agora a graça reina pela justiça, por meio dEle.
Se no atual estado das coisas fosse a justiça que reinasse, seria para
condenação de todos; mas agora a graça reina pela justiça, por Jesus Cristo, e o
resultado para aquele que crê, é a vida.
Bem podemos levantar os nossos corações em adoração a Deus ao
contemplarmos Cristo em toda a Sua glória, posto por Deus para Cabeça de todos.
18
Oh!, que alegria apreciarmos que, diante de Deus, estamos identificados
com Cristo; assim exclamamos: Não Adão, mas Cristo!
Mais um passo e exclamamos: Não eu, mas Cristo!
A alma aprende a apreciar Cristo mais do que tudo e mais do que a si
mesma.
Romanos 6:1 – 5
O apóstolo agora contradiz a idéia de que o conhecimento e gozo da
soberana graça de Deus possam ser acompanhados pelo desejo de ser
permanecer na prática do pecado. Muitas vezes, ouvindo a bendita verdade
contida nas palavras “pela graça sois salvos, por meio da fé” (Ef 2:8), diz-se que
um tal ensino levará quem o receber a ser pouco cuidadoso na sua vida cristã e
que produzirá maus resultados. Quão diferente, porém, é o pensamento de Deus
manifestado nestes versículos.
Se, tendo crido em Cristo, estamos hoje identificados com Ele, em vida
nova, é um resultado de termos sido identificados com Ele na Sua morte.
Aos olhos de Deus foi posto termo, pela morte de Cristo, a tudo quanto
éramos como filhos de Adão, isto é, à nossa antiga condição como pertencendo à
raça condenada de Adão; e é sobre este terreno que entramos no gozo da nossa
vida em Cristo.
Claro é então, que, se reconhecermos que por meio da morte de Cristo
estamos mortos quanto ao pecado, não podemos pensar em viver mais nele; tal
proceder seria o mesmo que negar o que professamos.
O apóstolo em seguida confirma este pensamento, chamando a nossa
atenção para o significado do nosso batismo. Se temos sido batizados no nome do
Senhor Jesus, temos sido por esse meio identificados, quanto à nossa posição
neste mundo, com a morte de Cristo — batizados na Sua morte.
“Não sabeis isso?” pergunta o apóstolo. Convém perguntarmos a nós
próprios se temos apreciado esta verdade, e correspondido a ela na nossa vida
prática.
É por meio da morte, a morte de Cristo e a nossa morte nEle, que
alcançamos a vida, e não podemos continuar a viver naquela vida que foi
condenada na cruz de Cristo; a fé reconhece que aquela vida antiga acabou
judicialmente na morte de Cristo.
Agora, identificados com o Cristo ressurreto, devemos andar em novidade
de vida.
Romanos 6:6 – 8
Este versículo 6 começa com as palavras “sabendo isto” etc. Porventura,
temos nós apreciado o que se segue a essas palavras? Podemos nós dizer que
sabemos? E qual é a verdade indicada? Leiamos: “o nosso velho homem foi com
ele crucificado”.
A expressão “o nosso velho homem” descreve a nossa condição como
identificados com o primeiro Adão, tendo uma vida condenada por motivo do
pecado. Isto, graças a Deus, foi aos Seus olhos condenado e finado na morte de
Jesus, a fim de que o pecado não mais tivesse domínio sobre os nossos corpos e
que não o servíssemos mais.
19
Se temos apreciado o verdadeiro caráter do “nosso homem velho” como
sendo em tudo o contraste daquilo que Deus é, e por isso odioso a Deus, será com
grande alívio que veremos a maneira como Ele o julgou na morte de Cristo.
O que vemos nestes versículos não é que o “nosso homem velho” fica
remendado ou melhorado, mas, sim, que para Deus ele acabou na cruz, para dar
lugar àquilo que é novo em Cristo.
A nota tônica, por assim dizer, desse capítulo é a revelação do privilégio
que pertence ao crente de se identificar na sua fé e nos seus pensamentos com
Cristo. Se temos apreciado a verdade da nossa identificação com Cristo na Sua
morte, podemos regozijar-nos pela nossa identificação atual com Ele — vivemos
nEle diante de Deus, e podemos andar na certeza de que estaremos, mais tarde,
identificados com Ele na glória da ressurreição.
Romanos 6:9 – 13
Diremos aqui que não podemos aprender as verdades que estamos
considerando, sem que cheguemos a apreciar Cristo na Sua atual condição e
posição, porque como lemos “a verdade está em Jesus” (Ef 4:21); nEle vemos a
verdade exemplificada. O que Deus no Seu amor propõe para nós, vê-se já
realizado em Cristo na sua condição de Homem na glória celeste.
O versículo 9, assim como o versículo 6, começa com a palavra “sabendo”.
É claro que as verdades de que o apóstolo aqui fala devem ser conhecidas por
todos nós, os verdadeiros salvos. Prestemos-lhes, portanto, toda a atenção.
De que falam então esses versículos? Do triunfo de Cristo! A morte não
mais tem domínio sobre Ele! Mas leiamos para diante: “Pois, quanto a ter morrido,
de uma vez morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus”.
O nosso bendito Senhor Jesus foi feito pecado por nós sobre a cruz do
Calvário (veja 2 Co 5:21), e ali morreu e saiu da condição e da posição em que,
por amor de nós, Se achou identificado com o pecado — de uma vez morreu para
o pecado, para nunca mais tornar a tocar nele. E agora? Agora Ele vive como
homem glorioso no céu, e vive para Deus. Deus acha nEle ali o Seu perfeito
agrado. Vemos, assim, manifestado nEle o propósito de Deus a nosso respeito.
Como os nossos corações se comovem de amor, e de santo e ardente
desejo ao meditarem nestas palavras — “mortos para o pecado” — “vivos para
Deus”.
Conhecendo o amor de Deus, anelamos por corresponder à Sua vontade a
nosso respeito; queremos que Ele ache agrado na nossa vida aqui: desejamos
dar-Lhe aquilo que Lhe apraz. Constrangidos por tais desejos, reconhecendo
quantas vezes falhamos nisto, é um verdadeiro gozo para nós vermos que há ao
menos Um, Jesus Cristo, que vivendo na glória celeste corresponde em tudo à
divina vontade.
Como isto atrai o coração do crente ainda mais para Cristo, e nos ensina a
achar deleite nAquele em Quem Deus Se deleita, fazendo crescer em nós o desejo
de correspondermos aqui àquilo que Ele é ali!
Mas isto será possível?
Leiamos o versículo seguinte, e leiamo-lo com atenção: “Assim também vós
considerai-vos como mortos para o pecado; mas, vivos para Deus, em Cristo
Jesus, nosso Senhor”. Temos o privilégio não só de contemplarmos Cristo na
glória celeste, mas também do saber que estamos identificados com Ele.
Morreu Ele para o pecado?! Sim, e assim temos o privilégio de nos
considerarmos como tendo sido mortos com Ele. Vive Ele para Deus?!
20
Certamente, e por isso somos vivos para Deus, nEle. Quanto ao pecado —
mortos; quanto a Deus — vivos em Cristo.
Não é que o pecado esteja morto, mas nós temos de considerar que pela
morte de Jesus morremos quanto ao pecado. Por isso recusemos continuar a ser
dominados por ele. Se nos tenta, e se, por assim dizer, quer andar na nossa
companhia, viremos-lhe as costas, considerando-nos mortos para ele.
Por outro lado, reconhecemos que doravante estamos no mundo para
fazermos a vontade de Deus, e, enquanto esperamos o dia em que havemos de
ter corpos gloriosos, reconhecemos que os nossos corpos atuais devem ser
apresentados a Deus a fim de que neles se realize a Sua vontade aqui no mundo.
Lemos: “Apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos
membros a Deus, como instrumentos de justiça”. Bendito privilégio este! Porém, é
só como libertados da condenação e domínio do pecado, como vivos em Cristo,
vivos dentre os mortos, que podemos apresentar-nos a Deus.
Vendo assim o privilégio que nos pertence, não deixemos de o
experimentar para o nosso gozo e para a glória de Deus.
Romanos 6:14 – 23
O privilégio de não sermos mais dominados pelo pecado nos é assegurado
pela graça divina; não é a Lei, mas sim o conhecimento da graça de Deus, que nos
liberta e nos mantém na liberdade. Já não estamos debaixo da Lei, porque a graça
de Deus nos tem feito ocupar um novo lugar, como identificados com Cristo em
ressurreição, onde a Lei não domina.
“O pecado não terá mais domínio sobre vós”. Bendita nova! Essa liberdade,
contudo, não dá ocasião a andarmos no pecado, porque, é claro, estando
libertados do domínio do pecado não havemos de continuar a servi-lo. Já somos
servos da justiça; temos, por assim dizer, mudado de senhores.
A liberdade cristã não nos permite andar no pecado, não nos dá licença
para pecar, mas, pelo contrário, é uma liberdade para servirmos a Deus.
O antigo serviço debaixo do domínio do pecado não deu resultado algum
proveitoso, e no fim havia a morte; agora libertados do pecado, o nosso gozo é
servirmos a justiça, e isto resulta em santificação no presente, e no fim haverá a
vida eterna — vida eterna gozada não como resultado das nossas obras, mas
como resultado da operação da graça divina — como dom gratuito de Deus.
Romanos 7:1 – 6
Tendo o apóstolo já considerado e demonstrado a maneira pela qual
estamos justificados diante de Deus, de como temos vida em Cristo ressuscitado e
estamos libertos do domínio do pecado na nossa vida prática, trata agora nestes
versículos de nos mostrar o efeito de tudo isto em relação à questão da autoridade
e domínio da Lei.
Numa palavra, podemos dizer que, por meio da morte de Cristo e da nossa
associação com Ele ressuscitado, estamos fora do alcance do domínio da Lei.
Para tornar a questão mais simples o apóstolo faz uma comparação fácil de
compreendermos. Cita o caso da mulher com o marido. Enquanto o marido viver, a
mulher está ligada e ele pela lei, porém, é claro que morrendo o marido, fica ela
livre da lei do marido. Outrossim reconhecemos que dois não podem ter domínio
sobre ela ao mesmo tempo; mas se o marido morrer está livre para ser de outro.
21
A lição que tiramos desta comparação é que a Lei tem domínio sobre uma
pessoa enquanto viver, mas, sobrevindo a morte, essa pessoa fica fora do seu
alcance. E de mais, uma pessoa não pode, ao mesmo tempo, estar debaixo do
domínio da Lei e também de Cristo: tem de ser de um ou de outro; dos dois não
pode ser.
Qual é pois a nossa posição atual como cristãos? Estávamos outrora “na
carne”, isto é quanto à vida em que, como responsáveis vivíamos diante de Deus,
estávamos identificados com o pecado e a ruína de Adão; e é sobre pessoas neste
estado ou condição que a lei tem domínio. Sobreveio, porém, a morte — a morte
de Cristo — e por esta morte, com que somos identificados, acabou, aos olhos de
Deus, a nossa condição como identificados com Adão e saímos dela para sermos
identificados em vida com Cristo.
Servindo-nos da comparação acima citada podemos dizer que a nossa
conexão com o primeiro marido — a Lei — acabou. Não que ela morresse, a Lei
fica sempre de pé, mas somos nós, os que temos parte na morte de Cristo, que
temos saído fora daquele estado em que a Lei podia ter domínio sobre nós. Não
estamos mais “na carne”; assim lemos: “Meus irmãos, também vós estais mortos
para a Lei pelo corpo de Cristo”.
Mas se não estamos mais sob o domínio da Lei, estamos sob o domínio
de Cristo. O primeiro marido disse-nos aquilo que devíamos fazer sem contudo
nos habilitar ou dar forças para isso; não produzíamos nesse tempo senão pecado
— “fruto para morte” (Rm 7:5). Mas agora, na nova posição em que estamos
colocados, e no novo parentesco que temos como identificados com um Cristo
ressurreto, e debaixo do Seu domínio, podemos produzir fruto para Deus.
Qual é, pois, o pensamento de Deus a nosso respeito em tudo isso? É que,
gozando nós agora a liberdade em Cristo e estando identificados com Ele e
debaixo do Seu domínio, O serviremos “em novidade de espírito, e não na velhice
da letra” (Rm 7:6); isto é, o nosso serviço prestado a Deus não deve continuar a
ser o resultado de estarmos constrangidos pelas ameaças da Lei, mas, sim, o de
estarmos associados, em santa e alegre liberdade, com Cristo agora ressuscitado.
Romanos 7:7 – 15
Tendo exposto claramente a doutrina a respeito da posição cristã com
respeito ao domínio da Lei, o apóstolo considera agora algumas dificuldades que
se podem formar na mente de qualquer pessoa.
Por exemplo, se o crente é pela morte de Cristo libertado do domínio do
pecado, como já sabemos, quer isto porventura dizer que a Lei é pecado, que é
uma coisa má?
De maneira alguma. Foi na verdade, por meio da Lei que cheguei a
perceber o caráter pecaminoso da minha natureza; mostrou-me ela que não
somente os meus atos, mas também os meus desejos eram pecado.
Quando eu não sentia a força da Lei, a existência do pecado na minha
natureza passou desapercebida para mim — “sem a lei, estava morto o pecado”
(Rm 7:8); porém desde que vi como a Lei condena e proíbe até o desejo de
praticar o pecado, descobri que tenho uma natureza que ama o pecado. Foi
mesmo a proibição do desejo que manifestou a existência dessa natureza.
O pecado — que é considerado aqui como um inimigo que ataca o crente
— servindo-se da proibição da Lei, despertou a vontade própria da minha natureza
pecaminosa, que está sempre pronta a resistir a esta e assim me colocou na
minha consciência, debaixo da condenação da Lei, debaixo da morte.
22
“E eu, em algum tempo, vivia sem lei” (Rm 7:9); isto é, com respeito a
minha consciência, vivia — imaginava que tinha direito à vida, não sentindo que
tinha uma natureza pecaminosa que estava debaixo da condenação da morte.
Porém, “vindo o mandamento, reviveu o pecado, e eu morri”.; isto é, o
conhecimento da Lei me fez sentir a força e a existência do pecado em mim, e
fiquei assim condenado na minha consciência, estremeci debaixo da condenação
da Lei, vi que tinha sobre mim a sentença da morte.
Desta maneira, como lemos no versículo 10, a Lei, que em si é boa e justa
e que era para a vida, tornou-se para mim — devido à presença do pecado em
mim — em Lei para morte.
A Lei disse: “O homem que fizer estas coisas viverá por elas” (Rm 10:5).
Ela foi dada para a vida, porém logo percebi que não podia satisfazer as suas
exigências. Cumpri-la, para assim alcançar a vida, me era impossível: tinha
descoberto a presença do pecado em mim, e assim, a Lei apenas me condenava;
no meu caso vi que “era para a morte”.
Claramente a Lei então é santa, justa e boa, visto que condena
absolutamente o pecado, quer no desejo, quer no ato de o praticar. Porém, tendo a
vontade própria da minha natureza sido despertada em oposição ao mandamento,
senti-me colocado debaixo da sua justa condenação; quanto à apreciação da
minha consciência, posso dizer: “o pecado, tomando ocasião pelo mandamento,
me enganou e, por ele, me matou” (Rm 7:11).
Ora, tudo isso levanta outra dificuldade. Porventura será esta Lei tão boa e
santa, a causadora da minha morte? Não, de modo algum. O causador disso não é
a Lei, mas antes o pecado.
Tal é o caráter pecaminoso da minha natureza, que a vinda da Lei, perfeita
como é em si, não podia senão condenar-me. Assim, sei que a Lei é espiritual,
mas, em mim — ah!, em mim — está o mal; “sou carnal, vendido sob o pecado”
(Rm 7:14). Pela Lei tenho descoberto em mim uma natureza que se revolta contra
ela, e que ama o pecado. E o que é ainda pior, quando desejo fazer o bem não o
posso fazer, e aquilo que faço não o aprovo.
Romanos 7:16 – 26
“E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa” (Rm 7:16). Isto
é um ponto importante, porque na minha mente ponho-me do lado da Lei,
condenando as minhas ações, mas não só isso: pois até reconheço que praticando
tais atos condenáveis, estes procedem não de mim próprio, mas do pecado que
habita em mim (veja Rm 7:17).
Que idéia tudo isto me dá da “carne”, daquilo que sou por natureza! Uma
coisa é reconhecer que tenho feito mal, e outra, que não posso fazer o bem —,
chegar a saber que “em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum” (Rm
7:18).
É custoso reconhecer esse triste fato, contudo é assim que sou levado a
distinguir entre aquilo que eu próprio sou, como sendo nascido de Deus, e o
pecado que habita em mim. Não posso em tais circunstâncias deixar de dizer que
“eu faço o que não quero”, porém, analisando tudo isso, vejo, com efeito, que “já o
não faço eu, mas o pecado que habita em mim”.
Reconheço que há em mim alguma coisa que é de Deus, que ama e aprova
a Sua Lei, e agora identifico-me com isso, com o homem interior”; contudo
acho-me sem o poder de pôr em prática o bem que desejo, e ainda mais, percebo
presente em mim o pecado que me estorva sempre.
23
O meu grande desejo é viver para Deus — ser alguma coisa para Deus.
Porém, vejo que de um lado estou absolutamente sem poder, e do outro, pela
operação do pecado mim, que estou sob a sentença de morte.
O novo “eu” anela por estar livre para servir a Deus, mas não me posso
livrar do velho “eu”, que está ligado ao pecado e, portanto, debaixo da sentença de
morte. “Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?”
(Rm 7:24).
Absolutamente incapaz de me libertar a mim mesmo, olho ao meu redor e
clamo: “Quem, quem me livrará?”
E quem pode fazê-lo senão Deus?! Sim, agora vejo que Deus já efetuou a
minha salvação, e aprecio, por fim, a verdade a respeito da morte e ressurreição
de Cristo, e da minha identificação com Ele. “Dou graças a Deus por Jesus Cristo,
nosso Senhor” (Rm 7:25).
Notemos que a experiência descrita no fim desse capítulo 7 não é
propriamente “experiência cristã”, apesar de ser a experiência de muitos cristãos.
É a experiência de quem está nascido de novo, e que por isso tem novos desejos
e sentimentos, mas que não tem pleno conhecimento da verdade do evangelho
nem do dom do Espírito Santo. Enfim, trata-se de uma pessoa que, quanto à sua
consciência, tem ainda diante de Deus a responsabilidade de um homem na carne
e por isso se acha debaixo do domínio da Lei.
De modo algum Paulo está aqui descrevendo a sua experiência como
cristão, isto é, a sua experiência na ocasião de escrever essa epístola; mas como
quem tivesse saído do lodo e estivesse em terra firme, descreve a agonia espiritual
de quem ainda lá se encontrasse.
“Para o mim o viver é Cristo!” É essa a linguagem da verdadeira experiência
cristã (veja Fp 1:21).; assim como também as palavras: “Posso todas as coisas
naquele que me fortalece” (Fp 4:13).
Romanos 8:1 – 4
Este capítulo abre com uma nota verdadeiramente triunfante: “Portanto,
agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”1. E quem
haverá que, ao ler esses versículos, possa deixar de ficar deveras impressionado
com a diferença entre as palavras do capítulo 7, versículo 24 (“Miserável homem
que eu sou! Quem me livrará?”) e as do versículo 2 deste capítulo: “A Lei do
Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou”.
Louvado seja Deus! Achamo-nos aqui na presença de um triunfo maior do
que qualquer que se possa ler na história humana — o triunfo de Deus; de Deus
que coloca os Seus remidos diante de Si livres de toda a condenação, e livres
também do domínio do pecado e da morte.
Aqui podemos citar algumas palavras da epístola aos Efésios: “Mas vós não
aprendestes assim a Cristo, se é que o tendes ouvido e nele fostes ensinados,
como está a verdade em Jesus” (Ef 4:20-21). Notemos bem as últimas palavras
acima citadas, que são — “a verdade está em Jesus”.
Estas palavras encerram um princípio de grande importância para nós na
compreensão do pensamento de Deus a nosso respeito. Toda a verdade a
respeito do propósito de Deus para com os crentes de hoje se manifesta na
pessoa de Jesus — na Sua morte, ressurreição e glória. Portanto, quanto melhor
1 As palavras “que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito” em alguns manuscritos não constam.
Teologicamente não cabem aqui, como se existisse alguma condição à salvação, porém, sim, no versículo 4,
onde as lemos de igual modo. — N. do T.
24
compreendermos a posição dEle, tanto mais capazes seremos de apreciar a nossa
posição nEle.
Com que alívio descansa agora em Cristo aquele que tiver passado pela
triste experiência contada no capítulo 7, versículos 7 – 24. Naqueles versículos as
palavras que se salientam mais, pelas muitas vezes que se repetem, são os
pronomes “eu”, “me” e “mim”, que indicam que a pessoa que fala se ocupa consigo
própria. Agora, no capítulo 8, já tudo aquilo tem passado, e tanto a inteligência
como o coração dessa pessoa se ocupam com Cristo.
Leiamos então de novo as palavras: “Portanto, agora, nenhuma
condenação há para os que estão em Cristo Jesus”. Talvez alguém pense que isto
parece dizer demais. Lembremo-nos, porém, que é Deus que assim nos fala, e
bem podemos confiar naquilo que Ele diz.
Consideremos por um momento as palavras “em Cristo”. Todo crente há
de confessar que nEle tudo é perfeito, e que Ele nada tem de condenação;
sabemos que Deus acha nEle toda a Sua complacência.
Ora bem, nós crentes podemos dizer pausadamente e, pondo nas palavras
todo o seu sentido, que estamos nEle, que temos vida em Cristo.
A vida que temos de Deus em Cristo é inteiramente diferente da que temos
em Adão. Quanto a essa última, já foi condenada na morte de Jesus, ao passo que
a vida que temos em Cristo, nada tem, nem pode ter, de condenação.
Assim iniciamos por apreciar Cristo e a Sua perfeição, e em seguida,
sabendo que estamos também atualmente libertados do domínio do pecado em
nós, pela introdução deste novo princípio de vida em Cristo; e o poder desta vida
em nós é o Espírito Santo.
Vemos, pela fé, com corações agradecidos, a maneira como na pessoa e
morte de Seu Filho, feito pecado por nós sobre a cruz, Deus de uma vez para
sempre condenou o pecado na carne: a Sua plena sentença contra o pecado foi ali
executada, e podemos afirmar que Deus não tem mais que dizer a esse respeito.
Visto isso, também nós, aceitando o que Deus fez, não devemos ocupar-nos mais
com a carne: mas, recusando satisfazer os seus desejos, considerar que já não
estamos mais identificados com ela. Dominados então, não mais pelo pecado ou
pela carne, mas sim pelo poder da nova vida que temos em Cristo, andemos, não
segundo a carne, mas segundo o Espírito, achando o nosso gozo e prazer em
fazer a vontade de Deus.
Repetimos, que na morte de Cristo, a plena e justa exigência da Lei, a
nosso respeito, ficou satisfeita — foi executada a última pena. Agora libertados no
poder de uma nova vida em Cristo, o nosso privilégio é andarmos segundo o
Espírito e pelo Seu poder, de maneira que a vida de Jesus se manifeste em nós.
Romanos 8:5 – 9
O apóstolo nestes versículos torna a falar do contraste que há entre o que é
da carne e o que é do Espírito. Vem a propósito aludir aqui as palavras do Senhor
Jesus “O que é nascido da carne é carne, o que é nascido do Espírito é espírito”
(Jo 3:6).
Neste trecho o apóstolo está tratando das duas classes em que se pode
dividir o gênero humano, isto é, os que ainda têm necessidade de se converter,
que são segundo a carne, e os convertidos, que são, nessa sua condição,
segundo o Espírito. Cada qual tem os seus gostos e inclinações, mas como é
solene a posição daquele que ainda precisa se converter, visto que as suas
25
inclinações o conduzem à morte. Atualmente sofre morte espiritual, mais tarde
sofrerá a física, e finalmente o que se chama a “segunda morte”, o castigo eterno.
Muito diferente é o caso do crente, pois lhe pertencem a vida e a paz. O
apóstolo não está aqui descrevendo exatamente a nossa experiência, mas
manifestando as respectivas posições ou caracteres de quem está identificado
com a carne, e de quem está no Espírito.
O caráter da carne é o de inimizade contra Deus e tanto assim é, que lemos
que a carne “não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser” (Rm 8:7).
É, como já temos visto, irremediavelmente má. No versículo 8 lemos: “Portanto, os
que estão na carne não podem agradar a Deus”, isto é, enquanto estivermos
identificados, aos olhos de Deus, com o pecado na carne que caiu debaixo da Sua
condenação na cruz, não podemos agradar-Lhe.
Qual é então a posição do cristão? A resposta a esta pergunta encontra-se
no versículo 9: “Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito”. Assim é que
Deus nos considera; somos salvos, e como tais não estamos na carne.
Porém, é preciso reparar bem a quem se referem estas palavras.
Referem-se só às pessoas convertidas e salvas e não a qualquer pessoa que
apenas se diz cristã. “Não estais na carne, mas sim no Espírito, se é que o Espírito
de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não
é dele”. Bem-aventurada é a sorte daquele que sabe que o Espírito de Cristo
habita nele. Como é aqui excluído todo o engano e toda a hipocrisia! Cada um tem
de se haver individualmente com Deus; a bênção vem só dEle; e é preciso que
tenhamos o selo divino.
Será bom aqui perguntarmos a nós próprios se porventura podemos
levantar os nossos corações a Deus em grata adoração, sabendo que em verdade
estamos em Cristo diante dEle e não mais em Adão; que Ele nos vê como estando
no Espírito e não na carne? Não é isto uma questão de considerarmos os nossos
sentimentos, nem de pensarmos na nossa experiência, mas sim de aceitarmos o
testemunho de Deus, e de confiarmos nEle.
O importante não é o que nós pensamos, mas aquilo que Ele diz; não o que
nós vemos, mas o que Ele vê.
Romanos 8:10 – 17
Temos visto que Deus nos considera identificados com Cristo, vivos no
poder do Espírito Santo. Porém, então, se Cristo está em nós, não podemos deixar
de reconhecer que o nosso corpo deve cessar de ser o instrumento do pecado;
mas a vida antiga não pode produzir senão pecado. Se porém Cristo estiver em
nós como a fonte e o poder de uma nova vida, o corpo, enquanto a vontade da
carne está, por assim dizer, morto; mas, debaixo do domínio do Espírito Santo, e
por meio dEle, torna-se o instrumento para a manifestação da justiça.
O Espírito Santo que é o novo poder da vida no crente, é a única fonte do
bem em nós e o único poder para a sua manifestação.
Além disto temos, pela presença do Espírito Santo em nós, a prova de que
até os nossos corpos mortais também hão de desfrutar mais tarde os gloriosos
resultados da ressurreição de Cristo, sendo conformados à semelhança do corpo
glorioso do Senhor. Assim todo o nosso ser — espírito, alma e corpo — gozará os
efeitos da plena redenção.
Tendo sido desta maneira libertados por Deus, não somos devedores à
carne para vivermos segundo as suas inclinações, mas antes pelo contrário, por
meio do Espírito Santo mortificamos as obras do corpo.
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Deus não fala em mortificarmos os nossos corpos, mas as obras do corpo,
e isto só pode ter lugar por meio da nova vida em Cristo. Procedendo assim,
viveremos e desfrutaremos os gozos da vida nova.
Agora, no versículo 14, lemos a maravilhosa verdade de que aqueles que
assim são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.
O crente descansa, assim, no gozo do pleno amor de Deus, tendo recebido
o Espírito de adoção, pelo qual clama: “Pai!”.
E notemos que o sermos “filhos de Deus” é uma conseqüência da
redenção, de sermos identificados com Cristo na Sua vida atual e de termos
recebido o Seu Espírito. Somente dos verdadeiros crentes se pode dizer que são
“filhos de Deus”; todos os homens são criaturas de Deus, Ele é o Criador de todos,
mas Deus não é Pai de todos nos sentido das palavras que estamos
considerando. Ele é o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, e todos que em Cristo
crêem podem dizer: “Ele é o nosso Deus e o nosso Pai também”.
Esta sublime bênção é o resultado da nossa associação no poder da vida
eterna com Cristo, e o Espírito que em nós habita testifica com o nosso espírito
que assim é.
Sendo, pois, filhos, somos também herdeiros de Deus, e co-herdeiros de
Cristo. Cristo, porém, sofreu aqui, como não podia deixar de sofrer, visto que
andava no meio do pecado e da tristeza do mundo, e a nós nos é concedido o
privilégio de termos comunhão com Ele no sofrimento aqui no lugar da Sua
rejeição; mas isto terá como conseqüência, mais tarde, a nossa comunhão com
Ele no lugar da Sua glória.
Romanos 8:18 – 27
Andamos, então, aqui como filhos de Deus, aguardando o dia da
manifestação da glória e, nesse espírito, Paulo disse: “para mim tenho por certo
que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em
nós há de ser revelada” (Rm 8:18).
E ainda mais quando chegar o dia em que o povo de Deus, agora
desprezado no mundo, se há de manifestar em glória, então a inteira criação que
tem estado sujeita à corrupção pelo pecado de Adão, experimentará a liberdade da
glória dos filhos de Deus. Oh! Que dia glorioso há de ser aquele em que nós
havemos de estar manifestados em glória com Cristo!
Lemos que a criação inteira geme e sofre, e não só ela, mas também nós
gememos em nós mesmos, esperando pelo dia em que Cristo há de manifestar o
Seu poder para a redenção dos nossos corpos.
Nós já gozamos as primícias do Espírito e desfrutamos a liberdade dos
filhos de Deus, porém desejamos muito deixar completamente o que é da velha
criação, e por isso gememos, anelando pelo momento em que isso se há de
realizar. Não desfrutamos ainda o pleno resultado da salvação — tendo recebido o
perdão dos nossos pecados, sendo justificados, tendo recebido o Espírito Santo, e
estando assim livres em nossos espíritos, esperamos pelos corpos gloriosos que
havemos de receber. Assim esperamos com paciência por esse bem que ainda
não vemos.
Nesse meio tempo a oração é necessária, não é? E, bendito seja Deus,
lemos que, não sabendo nós o que havemos de pedir como convém, o Espírito ora
por nós. Ele mesmo, segundo a vontade de Deus, intercede por nós.
27
Romanos 8:28 – 30
Chegamos agora a uma revelação verdadeiramente maravilhosa. O
apóstolo diz: “Sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem
daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto” (Rm
8:28).
Consideremos um pouco essas palavras, começando pelas últimas:
“chamados segundo o Seu decreto”.
Essas palavras nos falam do decreto ou propósito de Deus e, para aquele
que conhece a Deus, o quanto é agradável pensar que Ele tem um propósito firme
a respeito dos Seus, com respeito à glória de Cristo e à satisfação do Seu próprio
amor, propósito cuja realização nada há que a possa impedir.
Que momento alegre é para qualquer pessoa, quando pela primeira vez
aprecia o que é deixar o terreno da sua própria responsabilidade, para se achar
identificada com o propósito de Deus; sendo esse o terreno em que tudo depende
da graça, amor e poder de Deus.
Notemos agora que está escrito que todas as coisas contribuem para o bem
daqueles que amam a Deus e que são por Ele chamados.
É possível que alguém pergunte: Poderá este ou aquele fato contribuir para
o meu bem? A isso responderemos com outra pergunta. Não será porventura o
dito fato incluído nas palavras “todas as coisas”? Com toda certeza que sim.
Aceitemos então sem reserva aquilo que Deus nos diz.
Porém, talvez alguém sinta que isso não acontece consigo; pelo menos
vemos na vida prática que muitos crentes se queixam daquilo que lhes acontece,
fazem murmurações e mostram-se perturbados. Como se explica isso? Sem
dúvida pela falta de fé e de confiança no amor de Deus.
Qual será, pois, ao segredo que nos leva a dizer triunfantemente: “Sabemos
que todas as coisas contribuem para o nosso bem?” O segredo de tal certeza
encontra-se no conhecimento do amor de Deus.
Quais são aqueles que amam a Deus? Seguramente são os que
descansam no gozo do Seu amor por eles. É claro, portanto, que se somos
mantidos diariamente no gozo do amor divino, e se apreciamos o fato de sermos
chamados por Ele e identificados com o Seu propósito eterno, não podemos deixar
de reconhecer que todas as coisas têm por força de contribuir para o nosso bem,
visto que nEle o amor é ligado ao poder onipotente. Assim aconteça o que
acontecer, confiados no amor de Deus diremos: “Sabemos que tudo há de
contribuir de qualquer maneira para o nosso bem”; e assim poderemos dar graças
a Deus por todas as coisas, como é a vontade do Senhor.
O versículo 29 explica-nos qual é o propósito de Deus a nosso respeito.
Somos chamados para sermos conformes à imagem de Seu Filho, para que seja o
Primogênito entre muitos irmãos. Bendita esperança! Seremos conformes a Ele e
estaremos com Ele. Ele em tudo terá a preeminência, mas nós estaremos com
Ele. E tão certo é este propósito de Deus, que o apóstolo fala como se tudo já se
tivesse realizado, dizendo: “Aos que justificou, a esses também glorificou” (Rm
8:30).
Sim, bendito seja Deus, a obra iniciada aqui por divina graça, será levada
ao cabo ali em divina glória.
28
Romanos 8:31 – 39
Tendo agora chegado ao fim desta maravilhosa manifestação do
Evangelho, e tendo visto o que é o propósito de Deus a nosso respeito, que podem
os nossos corações responder a tudo isso? Exclamaremos exultantes: “Deus é
por nós!”.
E será porventura possível que Aquele que não deixou de entregar por nós
o Seu próprio Filho, nos não daria seja o que for, desde que contribua para o
nosso bem? Não, isso não; Deus há de dar-nos com Cristo todas as coisas.
Notemos bem as palavras “com Ele”. Não nos dará nada que nos possa afastar
dEle, mas com Ele nos dará todas as coisas.
Outra vez repetimos: “Deus é por nós”. Se for questão de dar — Ele nos
dará com Cristo todas as coisas (veja Rm 8:32). Se for questão de alguém intentar
acusação contra o Seu povo — Ele o justificará (veja Rm 8:33). Se for questão das
dificuldades e perigos que nos cercam — seremos mais do que vencedores por
Aquele que nos amou (veja Rm 8:30). Diremos mais, que o sermos “vencedores”
seria já uma grande coisa, mas Deus nos faz mais do que vencedores.
Podem haver dificuldades, perseguições ou perigos, mas Cristo que
morreu, e está ressuscitado e no lugar de poder à direita de Deus, interessa-Se
por nós constantemente, e intercede por nós. Portanto, forçosamente havemos de
vencer; mas ainda mais, das mesmas dificuldades e perigos havemos de tirar
muito proveito, chegando, assim, a ser mais do que vencedores, porque como
temos já visto, todas as coisas hão de positivamente contribuir para o nosso bem e
apenas nos fornecem ocasiões para experimentarmos mais o amor pessoal de
Cristo.
O apóstolo conclui este capítulo dizendo que está certo de que nada há,
nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem coisas
presentes, nem futuras, que nos possa separar do amor de Deus.
O amor divino é mais forte do que tudo, e é nos manifestado e assegurado
em Cristo Jesus, nosso Senhor, nAquele que venceu todo o poder do mal e da
morte e está atualmente sobre o trono de Deus.
O amor divino fica sendo eternamente o mesmo, e bem-aventurado é quem
pode dizer: “Estou certo de que nada me poderá separar do amor de Deus que
está em Cristo Jesus”.
A pessoa que assim conhece a Deus, sabe verdadeiramente gloriar-se
nEle.
Bem podemos dizer aqui: “Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor” (1 Co
1:31).

Irmãos em Cristo Jesus.

Irmãos em Cristo Jesus.
Mt 5:14 "Vós sois a luz do mundo"

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