quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

PARTE 7-Romanos- George howes


PARTE 7
— ROMANOS 15:8 – 16:27 —

Romanos 15:8 – 12
O apóstolo apresenta agora alguns pontos relativos a Cristo que confirmam
o ensino já exposto.
A vontade de Deus só se podia efetuar pela confirmação das promessas
feitas aos pais. Por exemplo, uma promessa como a que foi feita a Abraão
conforme lemos em Gênesis 22:18 — “E em tua semente serão benditas todas as
nações da terra” — só se podia realizar na pessoa de Cristo. Assim Cristo veio
como ministro da circuncisão, por causa da verdade de Deus.
Também os gentios a quem nenhuma promessa tinha sido feita, recebendo
a bênção divina por meio dEle, haviam de glorificar a Deus pela Sua misericórdia.
O apóstolo depois cita diversos trechos das Escrituras que mostram que ao
mesmo tempo que as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência,
também Deus sempre tencionava mostrar a Sua misericórdia aos gentios. Vemos
nisto a soberania divina, de que temos um exemplo no caso da mulher cananéia
em Mateus 15. O Senhor disse: “Não é bom pegar o pão dos filhos e deitá-lo aos
cachorrinhos”, e ela respondeu: “Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos
comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores”. Então, o Senhor
Jesus respondeu: “Ó mulher, grande é a tua fé. Seja isso feito para contigo, como
tu desejas.” (Mt 15:26-28). Ela experimentou a misericórdia do Senhor.
As promessas são confirmadas e realizadas em Cristo ressuscitado, e nEle
é que nós gentios somos abençoados, e por Ele glorificamos a Deus.
Logo que Cristo seja apreciado como sendo Aquele em Quem e por meio
de Quem toda a vontade de Deus se efetua, fere-se uma nota de alegria e louvor
exultante. Lemos: “Alegrai-vos, gentios” (Rm 15:10); “Louvai ao Senhor, todos os
gentios,e celebrai-o todos os povos” (Rm 15:11).
Como isto engrandece o Senhor aos nossos olhos e faz com que Lhe
votemos o lugar supremo nas nossas afeições! Que triunfo da graça divina se vê
neste coro de unido louvor que sobe a Deus!
Romanos 15:14 – 33
Paulo agora fala do ministério que Deus lhe tinha entregue a ele. Assim,
apesar de apenas conhecer pessoalmente poucos dos irmãos em Roma,
escrevia-lhes com maior ousadia visto que tinha sido chamado por Deus para ser o
ministro de Jesus Cristo aos gentios.
Paulo aqui tem em vista o seu próprio trabalho, a sua obra apostólica, e o
resultado final dela.
Tinha sido chamado, na qualidade de apóstolo, para ministrar Jesus Cristo
aos gentios, e o resultado do seu trabalho seria, por fim, um povo tirado de entre
os gentios, santificado pelo Espírito Santo e apresentado a Deus — uma oferta
agradável a Deus.
Que contraste existe entre esta companhia “agradável a Deus” e a condição
dos gentios como é descrita no primeiro capítulo desta epístola.
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Provas de que tinha recebido esta missão especial de Deus, havia muitas;
porém fala de si moderada e sobriamente, conforme a medida de fé que tinha
recebido de Deus.
Da sua pregação resultou muita bênção; muitos milhares o acompanharam;
grande energia caracterizou os seus atos; tinha percorrido muitas terras nas suas
viagens apostólicas — parcialmente, ele anunciara em lugares onde Cristo não
tinha sido nomeado aquele bendito nome. Porém, agora o seu trabalho naquelas
regiões estava concluído, não tinha ali mais o que fazer. O cristianismo estava já
fundado naquelas terras e a obra do apóstolo estava ali completa.
Mesmo hoje pode acontecer que o trabalho para o qual Deus tenha
chamado, em qualquer lugar, um servo Seu, esteja concluído. Então, se assim for,
e o Senhor estiver chamando o Seu servo para outra parte, é preciso este
reconhecer isso e obedecer às indicações do Senhor neste ponto.
O apóstolo tinha um grande desejo de visitar os irmãos em Roma, mas na
ocasião em que escrevia esta epístola estava de viagem a Jerusalém, a fim de
levar aos irmãos pobres ali o dinheiro que se tinha ajuntado entre os irmãos da
Macedônia e Acaba (Rm 15:25-26).
Aqui devemos notar um princípio importante. Os gentios tinham recebido
muita bênção espiritual, participando assim da bênção dos judeus e, sendo assim,
disse o apóstolo, deviam da sua parte ministrar-lhes as coisas temporais. Os
gentios não podiam ministrar aos judeus as coisas espirituais, portanto deviam
contribuir com coisas materiais.
Em Atos 11 temos um belo exemplo desse princípio. Os irmãos em
Jerusalém ouviram falar da conversão dos gentios em Antioquia, e lhes enviaram
Barnabé. Este, tendo visto a obra de Deus ali, partiu para Tarso a buscar Paulo.
Tendo-o encontrado, levou-o a Antioquia onde passaram ambos um ano inteiro
ensinando e instruindo muita gente. Neste tempo chegou a profecia de uma
grande fome que havia de vir, e logo os gentios convertidos resolveram enviar
socorro aos seus irmãos que habitavam na Judéia. Falando desse ato de amor na
sua segunda epístola aos Coríntios (capítulo 9), Paulo disse que não só supriu as
necessidades dos irmãos, mas também abundou em muitas ações de graças a
Deus.
Lemos que “lhes pareceu bem” proceder assim. E foi bem na verdade,
porque eram “devedores” (Rm 15:27). Lembremo-nos sempre do princípio aqui
exposto, porque é nosso dever e nosso privilégio segui-lo.
Nos versículos que se seguem, o apóstolo, tornando a falar na suja
projetada viagem à Espanha e do seu ardente desejo de ver os irmãos em Roma,
quando passasse de caminho, pede as suas orações a favor de si próprio, para
que a oferta que levava aos irmãos na Judéia fosse aceite e para que ele não
caísse nas mãos dos inimigos ali, a fim de que chegasse aos irmãos em Roma
com alegria, para aí se recrear com eles. Lembremo-nos sempre de orar pelos
servos do Senhor.
É muito interessante ver como Deus neste capítulo se identifica com certos
princípios ou qualidades, como por exemplo, chama-Se:
— o Deus de paciência e consolação (Rm 15:5),
— o Deus de esperança (Rm 15:13) e
— o Deus de paz (Rm 15:33).
Necessitamos paciência, esperança e paz, e Deus tem ligado o Seu nome a
essas coisas.
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Romanos 16:1 – 24
Chegamos agora à conclusão dessa epístola aos Romanos, e é belo ver
como o grande apóstolo saúda com tanta afeição os irmãos que ele conhecia em
Roma. Parece lembrar-se de todos, falando de serviços prestados por uns e a
graça divina manifestada em outros. Amava-os ardentemente e assim temos aqui
a saudação do verdadeiro amor cristão.
É belo ver como Paulo soube apreciar tudo que era de Cristo em cada um
dos Seus. Ele era o grande apóstolo que em trabalhos excedia a todos, porém a
graça divina tinha operado em outros, e esses também trabalhavam cada um
conforme podia. Isso Paulo notou com alegria e assim o seu coração procurava
ligar todos nos laços de amor divino.
Notemos algumas das coisas de que ele se lembrou: “…serve na igreja …
tem hospedado muitos … pela minha vida expuseram a sua cabeça … trabalhou
muito por nós … meus companheiros na prisão … muito trabalhou no Senhor” (Rm
16:1, 2, 4, 6, 7 e 12).
Que zelo santo e fervoroso estas palavras revelam — que trabalhos de
amor!
Reparemos também em outras palavras que o apóstolo escreve a respeito
de alguns: “…me amado, que as primícias da Ásia em Cristo … meu amado no
Senhor … aprovado em Cristo … que estão no Senhor … eleito no Senhor …
todos os santos que com eles estão” (Rm 16:5, 8, 10, 11, 13 e 15).
Com que clareza indicam estas palavras o círculo de amor divino em que
está introduzido aquele que crê no Senhor Jesus Cristo e que está possuído do
valor da verdade revelada no evangelho. É desnecessário dizer que os santos que
Paulo saúda não são nenhuns mortos, mas sim os seus irmãos em Cristo que
viviam naquela cidade naqueles dias.
O apóstolo não só saúda os irmãos, mas recomenda-lhes que se saúdam
uns aos outros com uma saudação santa (Rm 16:16).
Com o coração cheio desses sentimentos de amor, o apóstolo, antes de
concluir a sua epístola, ainda expressa algumas palavras de aviso com respeito
àqueles “que promovem dissensões e escândalos” (Rm 16:17). “Desviai-vos
deles!” — diz ele. Eis como temos que proceder para com tais pessoas; não
devemos andar na sua companhia, nem escutar os seus ensinos. “Não servem a
nosso Senhor Jesus Cristo” — afirma o apóstolo. Portanto, devemo-nos desviar
deles, para que não sejamos enganados por eles, e assim desviados da
simplicidade que há em Cristo.
“Dissensões e escândalos” são contrários ao espírito de Cristo e ao amor.
Não é assim que se presta serviço ao Senhor. Pelo contrário tais coisas resultam
em estarmos ocupados conosco próprios e darmos lugar à atividade da carne em
nós, que sempre procura manifestar-se e engrandecer-se.
Se Cristo ocupa o Seu lugar em nossos corações, o amor há de ali dominar,
e aprenderemos dEle como convém proceder em todas as ocasiões. Andaremos
em obediência a Ele e em amor aos Seus.
“Sejais sábios no bem, mas símplices no mal” (Rm 16:19). O caminho de
Cristo é o caminho do bem e da sabedoria divina. Necessitamos aprender dEle,
conhecer o Seu caminho, e assim estaremos seguros, sem que seja preciso
indagarmos aquilo que é do mal. O coração se sustém com aquilo que é bom.
“Pela palavra dos teus lábios me guardei das veredas do destruidor” (Salmo 17:4).
Andemos, pois, irmãos, no caminho do Senhor, alimentando-nos com o bem,
regozijando-nos no Senhor e servindo-O, e em breve se há de manifestar o
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completo triunfo do bem sobre o mal, de Deus sobre Satanás. Graças a Deus,
conhecendo Jesus triunfante na glória, vemos já pela fé este triunfo, esta vitória.
Temos agora (Rm 16:21-23) as saudações dos companheiros do apóstolo.
Vemos como a comunhão em amor caracteriza o espírito do evangelho.
Podemos também notar a maneira como Paulo escreveu em geral as suas
epístolas. Ele ditou as palavras e outro irmão as escreveu, sendo esse, nessa
epístola, o irmão Tércio. No fim, Paulo com a sua própria mão escreveu a
saudação final, sendo este o sinal que provava a veracidade não só desta como de
todas as suas epístolas (2 Ts 3:17).
Convém aqui lembrarmos o que Paulo nos diz em 1 Coríntios 2:13, que as
coisas dadas por Deus ele falava-as “não com palavras de sabedoria humana,
mas com as que o Espírito Santo ensina”. Recebamos, então, esses ensinos não
como sendo simplesmente os ensinos de Paulo, mas, como na verdade são, a
Palavra do Senhor.
Romanos 16:25 – 27
O apóstolo, pegando na pena para acrescentar as últimas palavras à
epístola, louva a Deus infinito em sabedoria, Aquele que era poderoso para
confirmar, segundo o evangelho que tinha anunciado, todo aquele que crê. Ao
mesmo tempo, o apóstolo faz lembrar o verdadeiro caráter do testemunho contido
no evangelho; é conforme a revelação do mistério que desde tempos eternos
esteve oculto, mas que se manifestou agora…” (Rm 16:25).
A verdade do mistério de Cristo, isto é, do fato de ser Cristo posto agora por
Cabeça de todas as coisas, e dEle ter unido em um povo judeus e gentios, sendo
estes co-herdeiros e de um mesmo corpo e participantes da promessa de Deus
pelo evangelho, tudo isso não está desenvolvido na epístola aos Romanos. Porém,
tudo que lemos nesta epístola está em conformidade com a plena revelação do
mistério e nos prepara para o apreciarmos, como nos é revelado na epístola aos
Efésios (veja Ef 3).
Esta verdade do mistério tinha estado encoberta desde tempos eternos,
apesar de estar já determinada pelo propósito divino. Contudo, logo que pela
morte de Cristo se tinha preparado a base ou fundamento eterno sobre o qual esse
propósito de Deus podia ser realizado, foi este revelado plenamente.
É preciso chamar aqui a atenção para as palavras “escrituras dos profetas”
(Rm 16:26). O sentido do original seria mais evidente se em português lêssemos
“escrituras proféticas”. É claro que não se referem às escrituras do Velho
Testamento, mas às escrituras do Novo Testamento — como esta epístola aos
Romanos, as epístolas aos Efésios e aos Colossenses — enfim, como todas as
epístolas apostólicas e inspiradas (veja Ef 3:5).
Assim Deus confirma os Seus conforme ao Seu eterno propósito em Cristo;
quer que saibamos e apreciemos o nosso lugar em Cristo, e a bênção que é nossa
nEle. Em Cristo aprendemos o amor, a sabedoria e o poder de Deus.
“Mas o que nos confirma convosco em Cristo … é Deus” (2 Co 1:21).
Quando chegarmos ao fim desta epístola, nos vem de novo à lembrança
que o propósito eterno de Deus em relação a Cristo não se limita à bênção dos
judeus, ou de qualquer outro povo exclusivamente, mas que o evangelho e o
mistério de Cristo agora manifestado pelos escritos proféticos do Novo
Testamento, são enviados, “segundo o mandamento do Deus eterno, a todas as
nações para obediência da fé” (Rm 16:26).
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Agora, concluindo esses estudos, que diremos? Temos considerado esta
maravilhosa revelação da justiça, da graça e do amor de Deus. Temo-Lo visto
como sendo justo e o Justificador daquele que crê em Jesus; temos visto de
alguma maneira qual é o nosso lugar de bênção e de privilégio em Cristo. Temos
apreciado o propósito final de Deus a nosso respeito, isto é, o sermos
conformados à imagem do Seu Filho. Pelo Espírito recebido, o amor de Deus é
derramado nos nossos corações, e temos liberdade diante dEle. Ainda mais,
gloriamo-nos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo por Quem agora temos
recebido a reconciliação. Também estamos libertados do domínio do pecado, e é
nosso privilégio de servir a Deus em novidade de vida, pelo poder do Espírito
Santo.
Muito mais podíamos acrescentar, porém desistimos, limitando-nos a
recordar que em breve tudo será subjugado a Cristo, o Senhor, e toda a vontade
de Deus se realizará, quer no céu quer na terra.
“Porque todas quantas promessas há de Deus são nele (o Filho de Deus,
Jesus Cristo) sim; e por ele o Amém, para glória de Deus, por nós” (2 Co 1:20).
Com corações adoradores exclamemos então:
“Ao único Deus, sábio, seja dada glória por Jesus Cristo para todo o
sempre. Amém!”

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