segunda-feira, 30 de março de 2009

Calvinismo e Arminianismo- C. H Mackintosh

O erro de uma teologia torcida que mostra um só lado da verdade
C. H. Mackintosh


Extraído do site www.verdadespreciosas.com.ar e Traduzido para o Português pelos irmãos da cidade de Alegrete-RS

Há pouco temos recebido uma longa carta que proporciona uma mui surpreendente prova dos desconcertantes efeitos de uma teologia torcida que mostra um só lado da verdade, e que pretende ser a verdade completa. Nosso correspondente se acha evidentemente sob a influência do que se denomina «a alta escola de doutrina». Em conseqüência, não pode ver o correto de chamar aos incrédulos a que «venham», a que «ouçam», a que «se arrependam» ou a que «creia». Para ele é como dizer a uma árvore silvestre que produza doces maçãs a fim de que se converta em uma macieira.

Pois bem, cremos plenamente que a fé é dom de Deus, e que ela não é conforme a vontade do homem nem por seu poder. Além disso, cremos que nenhuma alma virá jamais a Cristo se não for atraída, forçada, pela graça divina a fazê-lo; portanto, todos os que são salvos tem que dar graças a Deus por sua graça livre e soberana a respeito. Seu cântico é, e sempre será: «Não a nós, oh Senhor, não a nós, senão a teu Nome damos glória, por tua misericórdia, e por amor a tua verdade.»

E nós cremos nisto, não como parte de um determinado sistema de doutrina, senão como a verdade revelada de Deus. Mas, por outro lado, também cremos, e de igual maneira, na solene verdade da responsabilidade moral do homem, posto que a Escritura o ensina claramente, ainda que não o encontremos entre o que se denomina «os cinco pontos da fé dos escolhidos de Deus».

Cremos nestes cinco pontos, até onde estão escritos; mais muitíssimo longe de abranger toda a fé dos escolhidos de Deus. Há extensas áreas da revelação divina que nem remotamente são contempladas, e nem sequer mencionadas, por este sistema teológico defeituoso e mal desenvolvido. Onde achamos o chamamento celestial? Onde está a gloriosa verdade da Igreja como corpo e esposa de Cristo? Onde está a preciosa esperança santificadora da vinda de Cristo para receber aos seus nos ares? Onde vemos que o vasto campo da profecia se abra à visão de nossas almas no que tão pomposamente tem vindo a chamar-se «a fé dos escolhidos de Deus»? Em vão buscaremos a menor aparência dele em todo o sistema com o qual nosso amigo está vinculado.

Pois bem, poderíamos supor por um momento que o bendito apóstolo Paulo aceitaria como «a fé dos escolhidos de Deus» um sistema que exclui o glorioso mistério da Igreja da qual ele foi feito ministro de uma maneira especial? Suponhamos que alguém houvesse mostrado a Paulo «os cinco pontos» do calvinismo como uma declaração da verdade de Deus, o quê haveria dito? O quê?«Toda a verdade de Deus»; «a fé dos escolhidos de Deus»; «todo aquilo que é essencial para a fé»!; mas nem uma sílaba acerca da verdadeira posição da Igreja, de seu chamamento, de sua esperança e de seus privilégios!

Tampouco se faz nenhuma menção do futuro de Israel! Vemos uma completa ignorância ou, no melhor dos casos, um despojamento das promessas feitas a Abraão, Isaque , Jacó e Davi. Os ensinamentos proféticos em seu conjunto são relegadas a um sistema espiritualizante ou alegorizante —falsamente assim chamado— de interpretação, mediante a qual a Israel se priva de sua própria porção, e os cristãos são rebaixados a um nível terreno; e isto nos é apresentado com a elevada pretensão de ser «a fé dos escolhidos de Deus»!

Graças a Deus que ele não é assim! Ele —bendito seja seu Nome— não se tem confinado dentro dos estreitos limites de nenhuma escola teológica, alta, baixa ou moderada. Têm se revelado a si mesmo. Tem declarado os profundos e preciosos segredos de seu coração. Tem feito manifestos seus eternos conselhos com respeito à Igreja, a Israel, aos gentios e a toda a Criação. Os homens se quiserem podem tratar de confinar o vasto oceano dentro de um balde que eles mesmos tem formado, da mesma maneira que pretendem confinar a vasta classe da revelação divina dentro dos débeis cercos dos sistemas de teologia humanos. Não é possível fazer isto, nem se deveria intentar fazê-lo. É muitíssimo melhor deixar de lado os sistemas teológicos e as escolas de teologia, e vir, qual um menino, à eterna fonte da Santa Escritura, para beber dela os vivos ensinamentos do Espírito de Deus.

Nada é mais nocivo para a verdade de Deus, mais dessecante para a alma nem mais subversivo para o crescimento e o progresso espiritual que a mera teologia, já alta ou calvinista, já baixa ou arminiana. É impossível que a alma progrida mais além dos limites do sistema com o qual está relacionada. Caso se me ensinam a considerar «os cinco pontos» como «a fé dos escolhidos de Deus», não me interessará olhar mais além deles; e então um glorioso conjunto de verdades celestiais ficará vedado a minha vista. Ficarei atrofiado e estreito de visão, com uma visão meramente parcial da verdade. Correrei perigo de cair nesse estado de alma fria e endurecida que resulta de estar ocupado com meros pontos de doutrina ao invés de estar com Cristo.

Um discípulo da alta escola de teologia —ou calvinista— não quer ouvir acerca de um Evangelho para o mundo inteiro; do amor de Deus ante o mundo; das boas novas para toda criatura debaixo do céu. Ele só tem conseguido um Evangelho para os escolhidos. Por outro lado, um discípulo da baixa escola —ou arminiana— não quer ouvir acerca da eterna segurança dos que crêem. Sua salvação —alegam— depende em parte de Cristo e em parte deles mesmos. Conforme a este sistema, o cântico dos redimidos deveria sofrer uma modificação: No lugar de cantar simplesmente: «Digno é o Cordeiro», deveríamos adicionar: «E dignos somos também nós.» Podemos ser salvos hoje, e nos perder amanhã. Tudo isto desonra a Deus, e priva ao cristão de toda paz verdadeira.

Ao escrever assim não pretendemos ofender ao leitor. Nada estaria mais distante de nossos pensamentos. Não estamos tratando com as pessoas, senão com escolas de doutrina e sistemas de teologia, procurando com toda veemência que nossos amados leitores consigam abandoná-los de uma vez para sempre. Nenhum sistema teológico compreende toda a verdade de Deus. Todos, é verdade, contém certos elementos de verdade; mas a verdade sempre resulta anulada pelo erro; e mesmo quando achemos algum sistema que, no que vai dele, não contenha mais que a verdade, contudo, se não compreendesse toda a verdade, seu efeito sobre a alma seria pernicioso, porquanto levaria a uma pessoa a se vangloriar de ter toda a verdade de Deus, quando, na realidade, o que tem não é mais que um sistema humano que não considera mais que um só lado da verdade.

Além disso, é raro encontrar um só discípulo de qualquer escola de doutrina que possa enfrentar a Escritura em seu conjunto. Sempre citarão certos textos preferidos que serão reiterados continuamente; mas não se apropriará de uma vasta porção da Escritura. Tome-se, por exemplo, paisagens tais como os seguintes: “Mas Deus... agora manda a todos os homens em todo lugar, que se arrependam” (Atos 17:30). “O qual quer que todos os homens sejam salvos e venham ao conhecimento da verdade” (1.ª Timóteo 2:4). “O Senhor...é paciente para conosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos procedam ao arrependimento” (2.ª Pedro 3:9). E, na última página do inspirado Volume, lemos: “E o que quiser, tome da água da vida gratuitamente” (Apocalipse 21:17).

Temos de tomar estas passagens tal como estão ou temos de introduzir palavras que modifiquem seu sentido de maneira a adaptá-los a nosso particular sistema teológico? O fato é que os tais põem de manifesto a grandeza do coração de Deus, as ações de sua natureza de graça e o vasto aspecto de seu amor. Não é conforme o amante coração de Deus que nenhuma de suas criaturas pereça. Não há tal coisa na Escritura como certos decretos de Deus que relegam a um determinado número de homens à eterna condenação [2] . Alguns podem ser judicialmente entregues à cegueira por seu deliberado recusar da luz (veja-se Romanos 9:17; Hebreus 6:4-6; 10:26-27; 2.ª Tessalonicenses 2:11-12; 1.ª Pedro 2:8). Mas todos os que perecem, só jogarão a culpa em si mesmos; enquanto que os que alcançam o céu, darão graças a Deus.

Se temos de ser ensinados pela Escritura, devemos crer que todo homem é responsável conforme a sua luz. O gentio é responsável de ouvir a voz da Criação. O judeu é responsável sobre a base da lei. A cristandade é responsável sobre a base de uma revelação completa que se acha contida em toda a Palavra de Deus. Se Deus manda a todos os homens em todo lugar, que se arrependam, quer dizer o que afirma, ou simplesmente se refere a todos os escolhidos? Quê direito temos de adicionar, alterar, recortar ou acomodar a Palavra de Deus? Nenhum!

Tomemos a Escritura tal como está, e recusemos tudo o que não possa resistir a prova. Bem podemos por em dúvida a solidez de um sistema que não é capaz de suportar toda a força da Palavra de Deus em seu conjunto. Se as passagens da Escritura parecem contraditórias, só nos parecem por causa de nossa ignorância. Reconheçamos humildemente isto, e esperemos em Deus para uma luz maior. Isto, bem podemos estar seguros disso, é o firme terreno moral que devemos ocupar. Ao invés de tratar de reconciliar aparentes discrepâncias, inclinemo-nos aos pés do Mestre e justifiquemo-nos em todos os seus ditos. Assim colheremos abundantes frutos de bênçãos, e cresceremos no conhecimento de Deus e de sua Palavra em conjunto.

Uns poucos dias atrás, um amigo pôs em nossas mãos um sermão que havia sido pregado recentemente por um eminente clérigo pertencente à alta escola de doutrina. Temos achado neste sermão, igual à carta de nosso correspondente, os efeitos de uma teologia torcida que mostra um só lado da verdade. Por exemplo, ao se referir a essa magnífica declaração de João o Batista, em João 1:29, o pregador a cita da seguinte maneira: «Eis aqui o Cordeiro de Deus, que tira o pecado de todo o mundo do eleito povo de Deus.»

Mas na passagem não diz nenhuma só palavra acerca do «eleito povo de Deus». Refere-se à grande obra propiciatória de Cristo, em virtude da qual toda traça de pecado será apagada de toda a criação de Deus. Nós veremos a plena aplicação desse bendito texto da Escritura somente no novo céus e na nova terra, nos quais mora a justiça. Limitar a passagem ao pecado dos escolhidos de Deus, só pode ser considerado como fruto do prejuízo teológico, que torce a verdade.


NOTAS

[1] N. do T.— Na cristandade há dois sistemas teológicos ,duas escolas de pensamento, antagônicos, cujos nomes devem sua origem àqueles que formularam pela primeira vez suas idéias: Arminianismo (de Armínio, teólogo protestante holandês) e calvinismo (de João Calvino, reformador francês). Cada um cita um grupo de textos bíblicos com o fim de sustentar sua postura. O arminianismo, baseado em um grupo de passagens, afirma que o homem é responsável de crer, mas deduz dessa responsabilidade uma capacidade própria dentro do homem para ir a Cristo, definindo que o homem tem a faculdade de auto determinação (o que na filosofia se denomina «livre arbítrio»). Enquanto que a escola contrária —o calvinismo— se apóia em outra série de textos para fazer basear tudo na soberania de Deus, o qual é certo, mas seu erro consiste na eliminação total da responsabilidade do homem. Estendendo suas deduções lógicas, o calvinismo cria assim uma teoria de «reprovação dos incrédulos pelo decreto eterno de Deus», e não pela própria responsabilidade dos que se perdem. Se pode ler pelo mesmo autor o artigo «La responsabilidad moral del hombre ante Dios y su falta de poder», que é muito útil para esclarecer tão importante e solene assunto da responsabilidade do homem e de sua total incapacidade.

[2] N. do A.— É muito interessante notar a maneira em que a Escritura nos previne contra a repulsiva doutrina da reprovação. Vejamos, por exemplo, Mateus 25:34. Aqui, o Rei, ao se dirigir aos de sua direita, lhes diz: “Vinde, benditos de meu Pai, herdai o reino preparado para vós desde a fundação do mundo.” Em contraste com isto, ao se dirigir aos da esquerda, lhes diz: “Apartai-vos de mim, malditos [notemos que não diz ‘de meu Pai’], ao fogo eterno preparado [não para vós, senão] para o diabo e seus anjos.” O mesmo podemos apreciar no capítulo 9 da epístola aos Romanos. Ao Falar dos “vasos de ira” (v. 22), diz: “preparados para destruição”, não preparados por Deus seguramente, senão por si mesmos. Mas quando menciona os “vasos de misericórdia”, diz: “que ele preparou de antemão para glória” (v. 23). A grande verdade da eleição é plenamente estabelecida; mas o repulsivo erro da reprovação é cuidadosamente evitado.

El Retorno de Israel 1- Gino Iafrancesco

Extraído do Blog http://mensajesgiv.blogspot.com
Pendón, Silbido, Señal y TrompetaMesías, Espíritu, Redención, Evangelio.por: Gino Iafrancesco V.RETORNO DE ISRAELLos misterios de Dios están estrechamente relacionados entre sí, y cada uno de ellos es un capítulo necesario a la totalidad. No debemos olvidar ninguno de ellos, a la vez que no debemos considerar a ninguno de ellos aislado de los demás, ni sobredimensionarlo en detrimento de la armonía del cuadro completo. Claro está que no se puede tratar de todo al mismo tiempo, pero debemos prever que al considerar uno de los capítulos, al mismo tiempo se tengan también en cuenta los demás. La razón de este preámbulo es para que podamos considerar el misterio de Israel dentro del amplio contexto de los misterios de Dios. Éstos comienzan y terminan con Dios mismo: el misterio de Dios a consumarse, el misterio de Dios: Cristo, el misterio de la voluntad divina, el misterio de la economía divina, el misterio de la piedad, el misterio del evangelio, el misterio de la fe, el misterio de Cristo: la Iglesia, el misterio del matrimonio, el misterio de las siete estrellas en la diestra del Hijo del Hombre y de los siete candeleros, el misterio de la sabiduría divina oculta predestinada para la Iglesia, el misterio del reino de Dios, el misterio de Israel, el misterio de las naciones, el misterio de la mujer y de la bestia que la trae, el misterio de Babilonia, el misterio de la iniquidad, el misterio de la final trompeta.En trabajos anteriores hemos dedicado tiempo a todos estos respectos, especialmente en los libros: “La Administración Apostólica de los Misterios de Dios” y “Los Misterios del Reino de los Cielos en las Parábolas del Señor Jesucristo”, además de consideraciones, exhaustivas o no, de varios de los aspectos fundamentales de la economía divina, y del lugar central de Cristo y la Iglesia en ella, que se pueden ver en los escritos exegéticos, teológicos, antropológicos, cristológicos, pneumatológicos, soteriológicos, eclesiológicos, escatológicos, filosóficos y poéticos de este autor. Por eso, al tratar ahora un poco más acerca del necesariamente contemporáneo misterio de Israel, remito a los lectores a la ambientación complementaria de todo lo que ya antes de esto se ha tratado. No consideraremos este misterio in vacuo ni aisladamente, sino como algo que tiene necesariamente un apropiado lugar en la revelación divina y que no debe ser ignorado. El apóstol Pablo, en su sobresaliente epístola a los romanos, después de tratar de asuntos de primera magnitud acerca del evangelio, y un poco antes de considerar aspectos prácticos de la vida del cuerpo de Cristo, se ocupó del misterio de Israel escribiendo: “Porque no quiero, hermanos, que ignoréis este misterio, para que no seáis arrogantes en cuanto a vosotros mismos:…” (Rom.11:25a). Si, pues, alguno piensa y siente que puede seguir ignorando esto, permítame decirle que yo personalmente, en conciencia y comisión , no puedo hacerlo. No quiero dejar de anunciar todo el consejo de Dios que me ha sido encomendado.Así que pasaré inmediatamente, para esta hora coyuntural presente, a considerar el divino tema revelado de la elección de Israel, de su lugar en la estrategia divina, de su endurecimiento parcial en relación a la primera venida del Mesías en aras de la inclusión de los gentiles en el misterio de Cristo, y entonces, principalmente, por causa de la coyuntura presente, pasaremos a considerar de su restauración tras la trasgresión y defección, de su admisión tras la exclusión, y de su reinserción tras el desgajamiento. Ante el contexto complejo y completo del misterio de Israel en todas las Sagradas Escrituras del Antiguo y Nuevo Testamentos, no podemos, basados en una interpretación in vacuo de la parábola mesiánica de los labradores malvados, pretender cerrar definitivamente el caso con una teología del reemplazo absoluto de Israel. Ciertamente el Mesías dijo: “Por tanto os digo, que el reino de Dios será quitado de vosotros, y será dado a gente que produzca los frutos de él” (Mt.21:43); pero, por el contexto íntegro de las Escrituras, y por la sujeción del Mesías a ellas, debemos comprender también el status transitorio de tal declaración, y su objetivo aleccionador para Israel: para despertarlos a celos. Tal despertamiento es el objetivo de la declaración mesiánica, y no su exclusión definitiva de las irrevocables promesas divinas. Tales promesas es necesario considerar atentamente. Todas ellas eran las que el apóstol Pablo tenía presentes al escribir acerca del misterio de Israel a los gentiles en su carta a los romanos. Escribía allí (Rom.11) Pablo: “Digo, pues…”, (ya que en el capítulo 10 había hablado de la contradicción parcial y temporal de Israel frente al evangelio); “¿Ha desechado Dios a Su pueblo? En ninguna manera. Porque también yo soy israelita, de la descendencia de Abraham, de la tribu de Benjamín”. (Es decir, las iglesias de Judea, Samaria y Galilea, y los convertidos cristianos regenerados de entre los judíos por toda la tierra y la historia, demuestran que el endurecimiento de Israel es apenas parcial y temporal). “No ha desechado Dios a Su pueblo, al cual desde antes conoció”. (Y aquí emplea Pablo la misma expresión que usa en relación a la presciencia divina, a Su conocimiento anticipado, para la elección y predestinación de la Iglesia). “¿O no sabéis qué dice de Elías la Escritura, cómo invoca a Dios contra Israel, diciendo: Señor, a tus profetas han dado muerte, y tus altares han derribado; y sólo yo he quedado, y procuran matarme? Pero ¿qué le dice la divina respuesta? Me he reservado 7000 hombres, que no han doblado la rodilla delante de Baal. Así también aun en este tiempo ha quedado un remanente escogido por gracia. Y si por gracia, ya no es por obras; de otra manera la gracia ya no es gracia. Y si por obras, ya no es gracia; de otra manera la obra ya no es obra. ¿Qué pues? Lo que buscaba Israel, no lo ha alcanzado; pero los escogidos sí lo han alcanzado, y los demás fueron endurecidos; como está escrito: Dios les dio espíritu de estupor, ojos con que no vean y oídos con que no oigan, hasta el día de hoy. Y David dice: Sea vuelto su convite en trampa y en red, en tropezadero y en retribución; sean oscurecidos sus ojos para que no vean, y agóbiales la espalda para siempre”. (Tal pasaje proviene de un Salmo mesiánico, donde se profetiza que pondrían hiel por Su comida y que en Su sed le darían a beber vinagre, como aconteció con Jesucristo, Hijo de David. El Salmo 69:23b decía: “Y haz temblar continuamente sus lomos”; lo que Reina y Valera (1960) en Rom.11:10b traducen inconsecuentemente: “…para siempre”; pero debiera ser, como allá, apenas “continuamente”. Aunque claro está que los rechazadores del Mesías, en cuanto personas, perecen para siempre; mas Israel, como nación, tiene por gracia un remanente constante que desembocará, por fin, en la conversión de la nación). Sigue Pablo: “Digo, pues: ¿Han tropezado los de Israel para que cayesen? En ninguna manera; pero por su trasgresión vino la salvación a los gentiles, para provocarles a celos”. (El tropiezo de la nación de Israel no es para caída definitiva de la nación, pues un remanente suyo ha recibido al Mesías; pero la trasgresión de rechazar al Mesías en Su primera venida, dio lugar a que Dios también los provocara a celos, abriendo la puerta de la salvación a los gentiles, tal como lo había prometido por medio del Cántico de Moisés en Deuteronomio 32:21: “Ellos me movieron a celos con lo que no es Dios; me provocaron a ira con sus ídolos; Yo también los moveré a celos con un pueblo que no es pueblo, los provocaré a ira con una nación insensata”; y muchas más cosas dice el Cántico de Moisés al respecto, añadiendo también allí que se retendría de raerlos por completo, para que sus enemigos no se vanagloriaran, y entonces se arrepentiría y haría expiación por ellos y los vengaría de sus enemigos, mandando a las naciones alabar a Israel). Por eso continúa Pablo enseñando que la trasgresión de Israel resultó en la riqueza del mundo, y su defección en la riqueza de las naciones. Y evangelizaba también para provocar a Israel a celos para salvación. Y entonces exclama: “¿Cuánto más su plena restauración?” Si la trasgresión y la defección de Israel resultaron en riqueza para las naciones insensatas en su idolatría, ¡qué mejor será la plena restauración de Israel! Pablo, pues, espera la plena restauración de Israel, conforme al cuadro profético completo. Y añade: “Porque si su exclusión es la reconciliación del mundo, ¿qué será su admisión, sino vida de entre los muertos?” Y asocia Pablo aquí la admisión de vuelta de Israel con el lenguaje profético de Ezequiel cuando Dios proclamó: “Así ha dicho Yahveh Adonai: He aquí Yo abro vuestros sepulcros, pueblo mío, y os haré subir de vuestras sepulturas, y os traeré a la tierra de Israel. Y sabréis que Yo soy Yahveh, cuando abra vuestros sepulcros, y os saque de vuestras sepulturas, pueblo mío. Y pondré mi Espíritu en vosotros, y viviréis, y os haré reposar sobre vuestra tierra; y sabréis que Yo Yahveh hablé, y lo hice, dice Yahveh” (Ezq.37:12-14), en el contexto de la Visión del valle de los huesos secos.Vemos, pues, que Pablo hasta aquí ya ha hablado inspiradamente, y sobre la base de los profetas, de la admisión de Israel y su plena restauración. Por lo tanto, la teoría del reemplazo absoluto de Israel, no es consecuente con el tenor general de las Escrituras inspiradas. Continúa entonces Pablo hablando de la santidad de la masa restante de donde se tomaron las primicias, y de la santidad de las ramas, gracias a la raíz. No todas las ramas fueron desgajadas, pues debemos recordar el remanente constante; por lo tanto, mediante la fe, y por eso hablamos abiertamente delante de Israel, habrá una reinserción nacional, conforme a las promesas y al pacto de Dios para con Israel. El misterio de Israel tiene, pues, en su final, tres partes principales: (1) Por sus pecados, el pueblo escogido, Israel, sería endurecido en parte, y entonces corregido y esparcido; (2) Serían entonces provocados a celos cuando Dios tomase un pueblo para sí de entre los gentiles; (3) Israel sería entonces plenamente restaurado como nación, volviendo de la dispersión, admitido al recibir la vida que viene del Mesías por Su Espíritu, y reinsertado en el reino de Dios. Todo esto debido al llamamiento y don irrevocables de Dios, por causa de la promesa a los patriarcas, y del celo de Dios por Su propio Nombre.En cuanto al actual retorno de Israel, que es la coyuntura presente, y lo que a esto sigue, debemos recordar varias profecías que atañen a la tercera parte del misterio referido. Por Isaías dice Dios claramente: “En aquel tiempo el renuevo de Yahveh será para hermosura y gloria, y el fruto de la tierra para grandeza y honra, a los sobrevivientes de Israel. Y acontecerá que el que quedare en Sion, y el que fuere dejado en Jerusalén, será llamado santo; todos los que en Jerusalén estén registrados entre los vivientes, cuando el Señor lave las inmundicias de las hijas de Sion, y limpie la sangre de Jerusalén en medio de ella, con espíritu de juicio y con espíritu de devastación…/… Acontecerá en aquel tiempo que la Raíz de Isaí, estará puesta por pendón a los pueblos, será buscada por las gentes; y Su habitación será gloriosa. Asimismo acontecerá en aquel tiempo, que Yahveh alzará otra vez Su mano para recobrar el remanente de Su pueblo que aún quede en Asiria, Egipto, Patros, Etiopía, Elam, Sinar y Hamat, y en las costas del mar. Y levantará pendón a las naciones, y juntará los desterrados de Israel, y reunirá los esparcidos de Judá de los cuatro confines de la tierra. Y se disipará la envidia de Efraín, y los enemigos de Judá serán destruidos. Efraín no tendrá envidia de Judá, ni Judá afligirá a Efraín; sino que volarán sobre los hombros de los palestinos al occidente, saquearán también a los de oriente; Edom y Moab le servirán, y los hijos de Amón los obedecerán. Y secará Yahveh la lengua del mar de Egipto; y levantará Su mano con el poder de Su Espíritu sobre el río, y lo herirá en sus 7 brazos, y hará que pasen por él con sandalias. Y habrá camino para el remanente de Su pueblo, el que quedó de Asiria, de la manera que lo hubo para Israel el día que subió de la tierra de Egipto…/… Días vendrán cuando Jacob echará raíces, florecerá y echará renuevos Israel, y la faz del mundo llenará de fruto. ¿Acaso ha sido herido como el que lo hirió, o ha sido muerto como los que lo mataron? Con medida lo castigarás en sus vástagos. Él los remueve con Su recio viento en el día del aire solano. De esta manera, pues, será perdonada la iniquidad de Jacob, y este será todo el fruto, la remoción de su pecado; cuando haga todas las piedras del altar como piedras de cal desmenuzadas, y no se levanten los símbolos de Asera ni las imágenes del sol. Porque la ciudad fortificada será desolada, la ciudad habitada será abandonada y dejada como un desierto; allí pastará el becerro, allí tendrá su majada, y acabará sus ramas. Cuando sus ramas se sequen, serán quebradas; mujeres vendrán a encenderlas; porque aquel no es pueblo de entendimiento; por tanto, su Hacedor no tendrá de él misericordia, ni se compadecerá de él el que lo formó. Acontecerá en aquel día que trillará Yahveh desde el río Eufrates hasta el torrente de Egipto, y vosotros, hijos de Israel, seréis reunidos uno a uno. Acontecerá también en aquel día, que se tocará con gran trompeta, y vendrán los esparcidos en la tierra de Asiria, y los que habían sido desterrados a Egipto, y adorarán a Yahveh en el monte santo, en Jerusalén…/…Y los redimidos de Yahveh volverán, y vendrán a Sion con alegría; y gozo perpetuo será sobre sus cabezas; y tendrán gozo y alegría, y huirán la tristeza y el gemido…/…Del oriente traeré tu generación, y del occidente te recogeré. Diré al norte: Da acá; y al sur: no detengas; trae de lejos mis hijos, y mis hijas de los confines de la tierra, todos los llamados de mi nombre; para gloria mía los he creado, los formé y los hice…/…He aquí éstos vendrán de lejos; y he aquí éstos del norte y del occidente, y éstos de la tierra de Sinim…tus edificadores vendrán aprisa…Alza tus ojos alrededor, y mira: todos éstos se han reunido, han venido a ti. Vivo Yo, dice Yahveh, que de todos, como de vestidura de honra, serás vestida; y de ellos serás ceñida como novia. Porque tu tierra devastada, arruinada y desierta, ahora será estrecha por la multitud de los moradores, y tus destruidores serán apartados lejos. Y dirás en tu corazón: ¿Quién me engendró éstos? Porque yo había sido privada de hijos y estaba sola, peregrina y desterrada; ¿quién, pues, crió éstos? He aquí que yo había sido dejada sola; ¿dónde estaban éstos? Así dijo Yahveh Adonai: He aquí, Yo tenderé mis manos a las naciones, y a los pueblos levantaré mi bandera; y traerán en brazos a tus hijos, y tus hijas serán traídas en hombros. Reyes serán tus ayos, y sus reinas sus nodrizas; con el rostro inclinado a tierra te adorarán, y lamerán el polvo de tus pies; y conocerás que Yo soy Yahveh, que no se avergonzarán los que esperan en Mi…/…Ciertamente volverán los redimidos de Yahveh; volverán a Sion cantando, y gozo perpetuo habrá sobre sus cabezas; tendrán gozo y alegría, y el dolor y el gemido huirán…/…De balde fuisteis vendidos; por tanto, sin dinero seréis rescatados…/…Dice Yahveh Adonai, el que reúne a los dispersos de Israel: Aún juntaré sobre él sus congregados…/…Alza tus ojos alrededor y mira, todos éstos se han juntado, vinieron a ti; tus hijos vendrán de lejos, y tus hijas serán llevadas en brazos…¿Quiénes son éstos que vuelan como nubes, y como palomas a sus ventanas? Ciertamente a Mi esperarán los de la costa, y las naves de Tarsis desde el principio, para traer tus hijos de lejos, su plata y su oro con ellos, al nombre de Yahveh tu Dios, y al Santo de Israel, que te ha glorificado. Y extranjeros edificarán tus muros, y sus reyes te servirán; porque en mi ira te castigué, mas en mi buena voluntad tendré de ti misericordia…/…Reedificarán las ruinas antiguas, y levantarán los asolamientos primeros, y restaurarán las ciudades arruinadas, los escombros de muchas generaciones…/…Sacaré descendencia de Jacob, y de Judá heredero de mis montes; y mis escogidos poseerán por heredad la tierra, y mis siervos habitarán allí…/…¿Concebirá la tierra en un día? ¿Nacerá una nación de una vez? Pues en cuanto Sion estuvo de parto, dio a luz sus hijos. Yo que hago dar a luz, ¿no haré nacer? Dijo Yahveh. Yo que hago engendrar, ¿impediré el nacimiento? Dice tu Dios…Y pondré entre ellos señal, y enviaré a los escapados de ellos a las naciones, a Tarsis, a Fut y Lud que disparan arco, a Tubal y a Javán, a las costas lejanas que no oyeron de Mí, ni vieron mi gloria; y publicarán mi gloria entre las naciones. Y traerán a todos vuestros hermanos de entre todas las naciones, por ofrenda a Yahveh…” (Is.4:2-4; 11:10-16; 27:6-13; 35:10; 43:5b-7; 49:12,17a,18-23; 51:11; 52:3b; 56:8; 60:4,8-10; 61:4; 65:9; 66:8b,9,19-20a). La Raíz de Isaí, Jesucristo, el León de la tribu de Judá, Heredero de todas las cosas, ya ha sido puesta por Dios como pendón a todos los gentiles, y por eso Su Iglesia se encuentra en todas las naciones. Una vez castigado Israel por sus pecados e incredulidad, el Mesías, cual pendón a las naciones, envía apóstoles a Occidente, al Norte de África, al Asia Menor, a Siberia, a Grecia, y a las costas lejanas, a publicar la gloria divina, y a portar la señal divina que indique que es la hora para que se recoja a los dispersos de Israel de nuevo a su tierra. Incluso los gobiernos de las naciones, amigos de Israel, han de colaborar en este asunto, para que los israelitas regresen a Israel desde Irak, Egipto, Eritrea, Etiopía, Asia Central, Kuwait, Siria, Líbano y ultramar, etc.. Los entendidos del plan divino deben cooperar para que las legislaciones contemplen el ayudar y apoyar al retorno de los israelitas a su tierra. Y no solo desde los ámbitos gubernamentales, sino también desde la filantropía civil. Entonces vuelven los dispersos de Israel a su tierra desde el Oriente, el Occidente, el Norte y el Sur, desde Sefarad y los principados de Tarsis, y desde la China y sus países vecinos, desde el Aquilón y desde el Austro. Las ciudades de Israel ya han sido reedificadas, y lo seguirán siendo. Palestina estará bajo la sombra de Israel, Jordania cederá, los gentiles ayudarán. La nación ya ha nacido, y no está más dividida en dos reinos, sino que es una sola, y acoge a sus hijos que vuelven desde todas las procedencias, circunstancias y mezclas. Dios corrige entonces a sus enemigos y opresores. Todo esto lo podemos comprobar de Isaías.Ahora bien, en pleno tiempo de cautiverio y dispersión babilónica, también por Jeremías profetizó Yahveh: "…Yo mismo recogeré el remanente de mis ovejas de todas las tierras adonde las eché, y las haré volver a sus moradas; y crecerán y se multiplicarán. Y pondré sobre ellas pastores que las apacienten; y no temerán más, ni serán menoscabadas, dice Yahveh. He aquí que vienen días, dice Yahveh, en que levantaré a David renuevo justo, y reinará como Rey, el cual será dichoso, y hará juicio y justicia en la tierra. En Sus días será salvo Judá, e Israel habitará confiado; y éste será Su nombre con el cual le llamarán: Yahveh, justicia nuestra. Por tanto, he aquí que vienen días, dice Yahveh, en que no dirán más: Vive Yahveh que hizo subir a los hijos de Israel de la tierra de Egipto, sino: Vive Yahveh que hizo subir y trajo la descendencia de Israel de la tierra del norte, y de todas las tierras adonde Yo los había echado; y habitarán en su tierra…/…Porque he aquí que vienen días, dice Yahveh, en que haré volver a los cautivos de mi pueblo Israel y Judá, ha dicho Yahveh, y los traeré a la tierra que di a sus padres, y la disfrutarán. Estas, pues, son las palabras que habló Yahveh acerca de Israel y de Judá. Porque así ha dicho Yahveh: Hemos oído voz de temblor; de espanto, y no de paz. Inquirid ahora, y mirad si el varón da a luz; porque he visto que todo hombre tenía las manos sobre sus lomos, como mujer que está de parto, y se han vuelto pálidos todos los rostros. ¡Ah, cuán grande es aquel día! Tanto, que no hay otro semejante a él; tiempo de angustia para Jacob; pero de ella será librado. En aquel día, dice Yahveh sabaot, Yo quebraré su yugo de tu cuello, y romperé tus coyundas, y extranjeros no lo volverán más a poner en servidumbre, sino que servirán a Yahveh su Dios y a David su Rey, a quien yo les levantaré. Tú, pues, siervo mío Jacob, no temas, dice Yahveh, ni te atemorices, Israel; porque he aquí Yo soy el que te salvo de lejos a ti y a tu descendencia de la tierra de cautividad; y Jacob volverá, descansará y vivirá tranquilo, y no habrá quien le espante. Porque Yo estoy contigo para salvarte, dice Yahveh, y destruiré a todas las naciones entre las cuales te esparcí; pero a ti no te destruiré, sino que te castigaré con justicia; de ninguna manera te dejaré sin castigo. Porque así ha dicho Yahveh: incurable es tu quebrantamiento, y dolorosa tu llaga. No hay quien juzgue tu causa para sanarte; no hay para ti medicamentos eficaces. Todos tus enamorados te olvidaron; no te buscan; porque como hiere un enemigo te herí, con azote de adversario cruel, a causa de la magnitud de tu maldad y de la multitud de tus pecados. ¿Por qué gritas a causa de tu quebrantamiento? Incurable es tu dolor, porque por la grandeza de tu iniquidad y por tus muchos pecados te he hecho esto. Pero serán confundidos todos los que te consumen; y todos tus adversarios, todos irán en cautiverio; hollados serán los que te hoyaron, y a todos los que hicieron presa de ti daré en presa. Mas Yo haré venir sanidad para ti, y sanaré tus heridas, dice Yahveh; porque desechada te llamaron, diciendo; Esta es Sion, de la que nadie se acuerda. Así ha dicho Yahveh: he aquí Yo hago volver los cautivos de las tiendas de Jacob, y de sus tiendas tendré misericordia, y la ciudad será edificada sobre su colina, y el templo será asentado según su forma. Y saldrá de ellos acción de gracias, y voz de nación que está en regocijo, y los multiplicaré, y no serán disminuidos; los multiplicaré, y no serán menoscabados. Y serán sus hijos como antes, y su congregación delante de Mí será confirmada; y castigaré a todos sus opresores. De allí saldrá su príncipe, y de en medio de ella su señoreador; y le haré llegar delante cerca, y él se acercará a Mi; porque ¿quién es aquel que se atreve a acercarse a Mi? Dice Yahveh. Y me seréis por pueblo, y Yo seré vuestro Dios. He aquí que la tempestad de Yahveh sale con furor; la tempestad que se prepara, sobre la cabeza de los impíos reposará. No se calmará el ardor de la ira de Yahveh, hasta que haya hecho y cumplido los pensamientos de Su corazón; en el fin de los días entenderéis esto. En aquel tiempo, dice Yahveh, Yo seré por Dios a todas las familias de Israel, y ellas me serán a Mí por pueblo. Así ha dicho Yahveh: el pueblo que escapó de la espada halló gracia en el desierto, cuando Israel iba en busca de reposo. Yahveh se manifestó a mi hace ya mucho tiempo, diciendo: Con amor eterno te he amado; por tanto, te prolongué mi misericordia. Aún te edificaré, y serás edificada, oh virgen de Israel; todavía serás adornada con tus panderos, y saldrás en alegres danzas. Aún plantarás viñas en los montes de Samaria; plantarán los que plantan, y disfrutarán de ellas. Porque habrá día en que clamarán los guardas en el Monte de Efraín: Levantaos y subamos a Sion, a Yahveh nuestro Dios. Porque así ha dicho Yahveh: regocijaos en Jacob con alegría, y dad voces de júbilo a la cabeza de naciones; haced oir, alabad, y decid: oh Yahveh, salva a Tu pueblo, el remanente de Israel. He aquí Yo los hago volver de la tierra del norte, y los reuniré de los fines de la tierra, y entre ellos ciegos y cojos, la mujer que está encinta y la que dio a luz juntamente; en gran compañía volverán acá. Irán con lloro, mas con misericordia los haré volver, y los haré andar junto a arroyos de aguas, por camino derecho en el cual no tropezarán; porque soy a Israel por Padre, y Efraín es mi primogénito. Oíd palabra de Yahveh, oh naciones, y hacedlo saber en las costas que están lejos, y decid: El que esparció a Israel lo reunirá y lo guardará, como el pastor a su rebaño. Porque Yahveh redimió a Jacob, lo redimió de mano del más fuerte que él. Y vendrán con gritos de gozo en lo alto de Sion, y correrán al bien de Yahveh, al pan, al vino, al aceite, y al ganado de las ovejas y de las vacas; y su alma será como huerto de riego, y nunca más tendrán dolor. Entonces la virgen se alegrará en la danza, los jóvenes y los viejos juntamente; y cambiaré su lloro en gozo, y los consolaré, y los alegraré de su dolor. Y el alma del sacerdote satisfaré con abundancia, y Mi pueblo será saciado de Mi bien, dice Yahveh. Así ha dicho Yahveh: Voz fue oída en Ramá, llanto y lloro amargo; Raquel que lamenta por sus hijos, y no quiso ser consolada acerca de sus hijos, porque perecieron. Así ha dicho Yahveh: reprime del llanto tu voz, y de las lágrimas tus ojos; porque salario hay para tu trabajo, dice Yahveh, y volverán de la tierra del enemigo. Esperanza hay también para tu porvenir, dice Yahveh, y los hijos volverán a su propia tierra. Escuchando, he oído a Efraín que se lamentaba: - me azotaste, y fui castigado como novillo indómito; conviérteme, y seré convertido, porque Tú eres Yahveh mi Dios. Porque después que me aparté tuve arrepentimiento, y después que reconocí mi falta, herí mi muslo; me avergoncé y me confundí, porque llevé la afrenta de mi juventud.- ¿No es Efraín hijo precioso para Mí? ¿No es niño en quien me deleito? Pues desde que hablé de él, me he acordado de él constantemente. Por eso Mis entrañas se conmovieron por él; ciertamente tendré de él misericordia, dice Yahveh. Establécete señales, ponte majanos altos, nota atentamente la calzada; vuélvete por el camino por donde fuiste, virgen de Israel, vuelve a estas tus ciudades. ¿Hasta cuándo andarás errante, oh hija contumaz? Porque Yahveh creará una cosa nueva sobre la tierra: la mujer rodeará al varón. Así ha dicho Yahveh sabaot, Dios de Israel: Aún dirán esta palabra en tierra de Judá y en sus ciudades, cuando Yo haga volver sus cautivos: Yahveh te bendiga, oh morada de justicia, oh monte santo. Y habitará allí Judá, y también en todas sus ciudades labradores, y los que van con rebaño. Porque satisfaré el alma cansada, y saciaré a toda alma entristecida. En esto me desperté, y vi, y mi sueño me fue agradable. He aquí vienen días, dice Yahveh, en que sembraré la casa de Israel y la casa de Judá de simiente de hombre y de simiente de animal. Y así como tuve cuidado de ellos para arrancar y derribar, y trastornar y perder y afligir, tendré cuidado de ellos para edificar y plantar, dice Yahveh. En aquellos días no dirán más: los padres comieron las uvas agrias y los dientes de los hijos tienen la dentera, sino que cada cual morirá por su propia maldad; los dientes de todo hombre que comiere las uvas agrias, tendrán la dentera. He aquí que viene días, dice Yahveh, en los cuales haré nuevo pacto con la casa de Israel y con la casa de Judá. No como el pacto que hice con sus padres el día que tomé su mano para sacarlos de la tierra de Egipto; porque ellos invalidaron Mi pacto, aunque Yo fui como un marido para ellos, dice Yahveh. Pero éste es el pacto que haré con la casa de Israel después de aquellos días, dice Yahveh: Daré Mi ley en su mente, y la escribiré en su corazón; y Yo seré a ellos por Dios, y ellos Me serán por pueblo. Y no enseñará más ninguno a su prójimo, ni ninguno a su hermano, diciendo: conoce a Yahveh; porque todos Me conocerán, desde el más pequeño de ellos hasta el más grande, dice Yahveh; porque perdonaré la maldad de ellos, y no me acordaré más de su pecado. Así ha dicho Yahveh, que da el sol para luz del día, las leyes de la luna y de las estrellas para luz de la noche, que parte el mar, y braman sus ondas; Yahveh sabaot es Su nombre: Si faltaren estas leyes delante de Mi, dice Yahveh, también la descendencia de Israel faltará para no ser nación delante de Mi eternamente. Así ha dicho Yahveh: Si los cielos arriba se pueden medir, y explorarse abajo los fundamentos de la tierra, también Yo desecharé toda la descendencia de Israel por todo lo que hicieron, dice Yahveh. He aquí que vienen días, dice Yahveh, en que la ciudad será edificada a Yahveh, desde la torre de Hananeel hasta la puerta del Ángulo. Y saldrá más allá el cordel de la medida delante de él sobre el collado de Gareb, y rodeará a Goa. Y todo el valle de los cuerpos muertos y de la ceniza, y todas las llanuras hasta el arroyo de Cedrón, hasta la esquina de la puerta de los caballos al oriente, será santo a Yahveh; no será arrancada ni destruida más para siempre…He aquí que Yo los reuniré de todas las tierras a las cuales los eché con Mi furor, y con Mi enojo e indignación grande; y los haré volver a este lugar, y los haré habitar seguramente; y Me serán por pueblo, y Yo seré a ellos por Dios. Y les daré un corazón, y un camino, para que Me teman perpetuamente, para que tengan bien ellos, y sus hijos después de ellos. Y haré con ellos pacto eterno, que no me volveré atrás de hacerles bien, y pondré mi temor en el corazón de ellos, para que no se aparten de Mí. Y me alegraré con ellos haciéndoles bien, y los plantaré en esta tierra en verdad, de todo Mi corazón y de toda Mi alma. Porque así ha dicho Yahveh: Como traje sobre este pueblo todo este gran mal, así traeré sobre ellos todo el bien que acerca de ellos hablo. Y poseerán heredad en esta tierra de la cual vosotros decís: está desierta, sin hombres y sin animales, es entregada en manos de los caldeos. Heredades comprarán por dinero, y harán escritura y la sellarán y pondrán testigos, en tierra de Benjamín y en los contornos de Jerusalén, y en las ciudades de Judá; y en las ciudades de las montañas, y en las ciudades de la Sefela, y en las ciudades del Neguev; porque Yo haré regresar sus cautivos, dice Yahveh

A Cruz e a Vida da Alma- Watchman Nee

Deus, por meio da Cruz de Cristo, fez plena provisão para a nossa redenção, mas não Se deteve aí. Nessa Cruz, Ele também assegurou, além de toda a possibilidade de fracasso, aquele plano eterno de que Paulo fala como sen­do, desde todos os tempos, "oculto em Deus, que criou todas as coisas". Proclamou esse plano "para que, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne conheci­da agora dos principados e potestades nos lugares celes­tiais, segundo o eterno propósito que estabeleceu em Cristo Jesus nosso Senhor" (Ef 3.9-11).
Já dissemos que a obra da Cruz tem duas conseqüên­cias que dizem respeito diretamente à realização daquele propósito em nós. Por um lado, resultou na Sua vida ser liberada a fim de ser concedida a nós, para que possa ma­nifestar-se e expressar-se em nós por meio do Espírito Santo, que em nós habita. Por outro lado, possibilitou aquilo que chamamos "tomar a Cruz", isto é, a nossa cooperação na operação interior e diária da Sua morte, por meio da qual se cria em nós a possibilidade daquela nova vida se manifestar, fazendo com que o "homem na­tural" volte progressivamente ao seu devido lugar de su­jeição ao Espírito Santo. Evidentemente, estes são os aspectos positivo e negativo da mesma coisa.
De modo igualmente claro, estamos tocando no âma­go do assunto de se progredir na vida vivida para Deus. Nas nossas considerações feitas até aqui, no tocante à vi­da cristã, ressaltamos principalmente a crise de acesso a ela. Agora a nossa atenção se dedica mais definitivamente ao andar do discípulo, tendo especialmente em vista a sua preparação como servo de Deus. Foi a respeito dele que o Senhor Jesus Cristo disse: "Qualquer que não to­mar a sua cruz e vier após mim, não pode ser meu discí­pulo" (Lc 14.27).
Assim, chegamos à altura de considerar o homem na­tural e o significado de "tomar a Cruz". Para compreen­der isto devemos voltar de novo ao Gênesis e considerar o que Deus queria originalmente que o homem tivesse, e como o Seu propósito foi frustrado. Com esta compreen­são, teremos condições de descobrir os princípios que nos levarão de volta à harmonia com este propósito ori­ginal.

A verdadeira natureza da Queda
Por mínima que seja a luz que possuímos sobre a na­tureza do plano de Deus, sempre a palavra "homem" nos virá à mente. Diremos com o salmista: "O que é o ho­mem, para que Te lembres dele? " A Bíblia mostra cla­ramente que o que Deus deseja acima de todas as coisas é um homem — um homem que seja segundo o Seu pró­prio coração.
Assim, Deus criou um homem. Em Gênesis 2.7, lemos que Adão foi criado uma alma vivente, com um espírito interior para comunicar-se com Deus, e com um corpo exterior para ter contato com o mundo material. (Passa­gens do Novo Testamento tais como I Ts 5.23 e Hb. 4.12 confirmam este caráter tríplice do ser humano). Por meio do seu espírito, Adão estava em contato com o mundo espiritual de Deus; por meio do corpo, ele estava em con­tato com o mundo físico das coisas materiais. Reunia em si mesmo estes dois aspectos do ato criador de Deus, tor­nando-se uma personalidade, uma entidade viva no mun­do, movendo-se por si mesmo e tendo poderes de livre escolha. Visto assim, como um todo, achou-se constituído um ser com consciência e expressão próprias, "uma alma vivente".
Já vimos que Adão foi criado perfeito — queremos di­zer com isto que não tinha imperfeições porque foi cria­do por Deus — mas ainda não tinha sido aperfeiçoado. Precisava de um toque final, porque Deus ainda não fizera tudo quanto tencionava fazer em Adão — pretendia fa­zer algo mais, mas agora isto estava em suspenso. Deus estava operando, ao criar o homem, para cumprir um propósito que ia além do próprio homem, porque tinha em vista usufruir de todos os Seus direitos no Universo, pela instrumentalidade do homem. Como, afinal, podia o homem ser instrumento de Deus nesta obra? Somente por meio de uma cooperação que resulta da viva comu­nhão com Deus. Deus queria ter na terra uma raça de homens que não somente participasse de um só sangue, como também da própria vida de Deus, raça essa que não somente derrotaria Satanás como também levaria a efei­to tudo quanto Deus propusera no Seu coração.
Além disso, vemos que Adão foi criado com um espí­rito que lhe permitia ter comunhão com Deus, mas, co­mo homem, ainda não estava, por assim dizer, com sua orientação final; tinha poderes de escolha e, se o desejas­se, podia tomar o caminho oposto. O alvo de Deus para o homem era a "filiação", ou, em outras palavras, a expressão da Sua vida nos seres humanos. A Vida Divina estava representada no jardim pela árvore da vida, que produzia fruto passível de ser recebido e ingerido. Se Adão voluntariamente seguisse aquele caminho, esco­lhendo a dependência em Deus, e comesse da árvore da vida (representando a própria vida de Deus), receberia então aquela vida em união com Deus, que é a referida "filiação". Mas, ao invés disso, Adão se voltasse para a árvore do conhecimento do bem e do mal, ficaria, em resultado disso, "livre" para se desenvolver segundo os seus próprios recursos e desejos, separadamente de Deus. E, porque esta última escolha envolvia cumplicidade com Satanás, Adão perderia desta forma a possibilidade de atingir o alvo que Deus lhe designara.

A questão básica: a alma humana
Ora, sabemos a direção que Adão escolheu. Situado entre as duas árvores, submeteu-se a Satanás e tomou do fruto da árvore do conhecimento. Isto determinou o sentido do seu desenvolvimento. Desde então, podia co­mandar o conhecimento; ele "conhecia". Mas — e é esta a lição da questão — o fruto da árvore do conhecimento tornou o homem super-desenvolvido quanto à sua alma. A emoção foi tocada, porque o fruto era agradável aos olhos, fazendo-o "desejar"; a mente, com o seu poder de raciocinar foi desenvolvida, porque ele foi "feito sábio", e a vontade foi fortalecida, de modo que, no futuro, ele poderia sempre decidir o caminho que quisesse seguir. To­do o fruto serviu à expansão e ao pleno desenvolvimento da alma, de modo que o homem era não somente uma alma vivente, mas também, doravante, o homem viveria pela alma. Não se trata meramente de o homem ter alma, senão que a alma, daquele dia em diante, com os seus poderes independentes de livre escolha, toma o lugar do espírito como o poder animador do homem.
Temos que distinguir entre duas coisas, quanto a isso, porque a diferença é da maior importância. Deus não Se opõe a termos uma alma como a que deu a Adão, pois é esta a Sua intenção; o que Ele Se propôs a fazer foi inver­ter alguma coisa. Há algo errado hoje no homem, que não é o fato de ter uma alma, e, sim, de viver pela alma. Foi esta situação que Satanás criou pela Queda. Ardilo­samente levou o homem a seguir uma direção em que podia desenvolver a Sua alma de modo a derivar dela a sua própria vida.
Devemos, contudo, ser cuidadosos; o remédio não significa eliminar inteiramente a nossa alma. Não pode­mos fazê-lo. Quando a Cruz opera hoje realmente em nós, não nos tornamos inertes, insensatos, sem caráter. Não, ainda possuímos uma alma e, sempre que recebe­mos alguma coisa da parte de Deus, a alma será o instru­mento, a faculdade em verdadeira sujeição a Ele, através do que a recebemos. A questão, porém, é: mantemo-nos dentro dos limites indicados por Deus? — dentro dos li­mites fixados por Ele no princípio, no Jardim — no que diz respeito à alma, ou estamos saindo fora desses limi­tes?
Deus agora está realizando a obra da poda, como Viticultor. Há nas nossas almas um desenvolvimento sem domínio e sem orientação, um crescimento inoportuno, que tem que ser verificado e submetido a tratamento.
Deus tem que cortar isso. De modo que há agora perante nós duas coisas, em relação às quais os nossos olhos de­vem ser abertos. Por um lado, Deus quer nos levar à po­sição de vivermos pela vida do Seu Filho. Por outro lado, Ele opera diretamente nos nossos corações, para desfazer aquela outra fonte de recursos naturais que é o resultado do fruto do conhecimento. Aprendemos cada dia estas duas lições: uma crescente manifestação da vida dEle, e uma verificação e uma entrega à morte daquela outra vi­da, a alma. Estes dois processos sempre estão em anda­mento, porque Deus procura em nós a vida plenamente desenvolvida do Seu Filho, para que Ele seja manifesta­do em nós, e, com este fim em vista, nos faz retroceder, quanto à alma, ao ponto de partida de Adão. Pelo que Paulo diz: "Porque nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal" (2 Co 4.11).
O que significa isto? Significa que não empreenderei nenhuma ação sem depender confiadamente de Deus. Não encontrei suficiência em mim mesmo. Não darei qualquer passo somente porque tenho o poder de fazê-lo. Mesmo que tenha em mim aquele poder herdado, não o usarei; não depositarei confiança em mim mesmo. Ao to­mar o fruto, Adão ficou possuído de um poder inerente de agir, foi, porém, um poder que o colocava ao alcance de Satanás. Perdemos aquele poder de agir quando che­gamos a conhecer o Senhor. O Senhor corta-o, e então percebemos que já não podemos agir segundo a nossa iniciativa própria. Temos que viver pela vida de Outro; temos que derivar tudo dEle.
Penso que todos nos conhecemos a nós mesmos, até certo ponto, mas muitas vezes não trememos verdadeira­mente com receio de nós mesmos. Podemos dizer, co­mo fórmula de cortesia para com Deus: "Se o Senhor não quiser, não posso fazê-lo", mas, na realidade, o nos­so pensamento subconsciente é que, realmente, podemos fazê-lo muito bem por nós mesmos, mesmo se Deus não nos pedir para fazê-lo nem nos der o poder necessário pa­ra realizá-lo. Muitíssimas vezes temos sido levados a agir, a pensar, a decidir, a ter poder, separadamente dEle. Muitos de nós, cristãos, hoje, somos homens de alma superdesenvolvida. Ficamos demasiadamente grandes em nós mesmos. Adquirimos "grandes almas". Quando esta­mos nesta condição, a vida do Filho de Deus em nós fica restrita e quase posta fora de ação.

A energia natural na obra de Deus
A energia da alma está presente em todos nós. Todos os que têm sido ensinados pelo Senhor repudiam aquele princípio como princípio de vida. Recusam viver orienta­dos por ele; não o deixarão reinar nem lhe permitirão tornar-se o poder impulsionador da obra de Deus. Aque­les, porém, que não têm sido ensinados por Deus, depen­dem dele; utilizam-no, consideram isto o poder.
Muitos de nós temos pensado da seguinte maneira: eis um homem dotado de uma natureza verdadeiramente en­cantadora, possuidor de um bom cérebro, esplêndidos poderes orientadores e um julgamento sábio. Dizemos, nos nossos corações: "Se este homem fosse cristão, de que valor seria para a Igreja! Se ele pertencesse ao Se­nhor, quanto representaria para a Sua causa!"
Mas, pensemos por um momento. De onde vem a boa natureza daquele homem? De onde provêm aqueles esplêndidos poderes orientadores e aquele bom juízo? Não vêm de novo nascimento, porque ele ainda não nas­ceu de novo. Sabemos que todos já nascemos na carne, e que necessitamos de um novo nascimento. O Senhor Je­sus disse algo a este respeito em João 3.6: "O que é nas­cido da carne, é carne". Tudo o que não vem do novo nascimento, mas do meu nascimento natural, é carne, e apenas trará glória para o homem e não para Deus. Esta declaração não é muito agradável, mas é a verdade.
Mencionamos o poder da alma, a energia natural. O que é esta energia natural? É simplesmente o que eu posso fazer, o que eu sou em mim mesmo, o que eu te­nho herdado em matéria de dons e recursos naturais. Nenhum de nós está isento do poder da alma e a nossa primeira necessidade é reconhecê-lo por aquilo que é.
Tomemos a mente humana como exemplo. Posso ter, por natureza, uma mente viva. Já a tinha antes do meu novo nascimento, como algo derivado do meu nascimen­to natural. Mas é aqui que reside o problema. Converto-me, nasço de novo, uma obra profunda é realizada no meu espírito, uma união essencial foi operada com o Pai dos espíritos. Daí em diante, há em mim duas coisas: te­nho agora união com Deus, que foi estabelecida no meu espírito, mas, ao mesmo tempo, continuo a levar comigo alguma coisa que derivei do meu nascimento natural. Ora, o que vou fazer a respeito disso?
A tendência natural é esta: inicialmente, eu costuma­va usar a minha mente para esquadrinhar a história, os negócios, a química, as questões do mundo, a literatura, ou a poesia. Usava a minha mente viva para tirar o me­lhor proveito destes estudos. Mas agora, os meus desejos mudaram de maneira que, daqui em diante, emprego a mesma mente nas coisas de Deus. Portanto, mudei o assunto que ocupa o meu interesse, mas não mudei o meu método de agir. Aí está o problema total. Os meus interesses foram mudados de uma forma absoluta (e gra­ças a Deus por isso!) mas agora eu emprego o mesmo poder para estudar Coríntios e Efésios que usava antes para me dedicar à história e à geografia. Mas esse poder não é de Deus, e Deus não permitirá isso. O problema, para muitos de nós, é que mudamos o canal para o qual as nossas energias se dirigem, mas não mudamos a fonte dessas energias.
Verificaremos que há muitas dessas coisas que trans­ferimos para o serviço de Deus. Consideremos a questão da eloqüência. Há alguns homens que nascem oradores; podem apresentar um caso de forma realmente convin­cente. Depois, convertem-se e, sem inquirirmos qual a posição em que de fato se acham em relação às coisas espirituais, colocamo-los no púlpito, constituindo-os pregadores. Encorajamo-los a usar os seus poderes natu­rais na pregação e, de novo, o que se verifica? Urna mu­dança de assunto, o poder, porém, é o mesmo. Esquece­mo-nos de que, na questão dos recursos que possuímos para tratar das coisas de Deus, a questão não é de valor comparativo mas de origem — de onde dimanam os recursos que usamos. O problema não está tanto no que faze­mos, mas nos poderes que empregamos para fazê-lo. Pen­samos muito pouco a respeito da fonte da nossa energia, e pensamos demais no fim para que ela se dirige, esque­cendo-nos de que, com Deus, os fins nunca justificam os meios.
O seguinte caso hipotético nos ajudará a demonstrar a verdade do nosso argumento. O Sr. A é um orador muito bom: pode falar fluentemente e com a maior con­vicção sobre qualquer assunto, mas, em questões práti­cas, é um homem de desempenho fraco. O Sr. B., pelo contrário, é um orador pobre ;não consegue se expressar com clareza; por outro lado, é um esplêndido homem de ação, muito competente em todas as questões de ne­gócios. Ambos estes homens se convertem e ambos se tornam cristãos fervorosos. Suponhamos agora que cha­mo os dois e lhes peço que falem numa convenção, e que ambos aceitam.
O que acontecerá agora? Pedi a mesma coisa a ambos, mas, quem pensa você que vai orar mais intensamente? O Sr. B., certamente. Por quê? Porque ele não é bom orador. No que se refere à eloqüência, ele não tem recur­sos próprios de que dependa. Oraiá: "Senhor, se não me deres poder para fazer isto, não poderei fazê-lo". Eviden­temente, o Sr. A. também orará, mas talvez não o faça da mesma forma que o Sr. B., porque ele tem alguns re­cursos naturais em que pode confiar.
Agora, suponhamos que, em vez de lhes pedir para fa­lar, peço aos dois que tomem conta das questões de ordem prática e material da convenção. O que acontece­rá? A posição será exatamente o reverso. Será agora o Sr. A, que se dedicará mais intensamente à oração, por­que ele sabe perfeitamente bem que não tem capacidade organizadora. O Sr. B., evidentemente, também orará, mas talvez sem a mesma qualidade de urgência porque, embora reconheça a sua necessidade do Senhor, ele não se acha tão consciente da sua necessidade em questões materiais como o Sr. A.
Você percebe a diferença entre os dons naturais e espirituais? Qualquer coisa que possamos fazer sem oração e sem uma dependência extrema de Deus, deverá certamente ser suspeitada como provindo daquela fonte de vida natural. Devemos compreender isto claramente. Evidentemente, isto não quer dizer que somente se deve indicar para um trabalho especial aqueles a quem falta o dom natural para fazê-lo. A questão é que, quer dotados ou não de dons naturais, devem conhecer o toque da Cruz, numa experiência de morte, sobre tudo o que é natural, e devem experimentar completa dependência do Deus da ressurreição. Às vezes estamos prontos a sentir inveja do dom muito notável do nosso próximo, sem re­conhecer que se nós possuíssemos este dom, independen­temente da operação da Cruz já descrita, o próprio dom poderia ser um empecilho àquilo que Deus quer mani­festar em nós.
Pouco depois da minha conversão, saí pregando nas aldeias. Recebera uma boa instrução e estava bem versa­do nas Escrituras, de modo que me considerava absolu­tamente capaz de instruir o povo nas aldeias, entre o qual havia um bom número de mulheres analfabetas. Mas, depois de algumas visitas, descobri que, apesar da sua ignorância, aquelas mulheres tinham um conhecimento íntimo do Senhor. Eu conhecia o Livro que elas liam com muita dificuldade; elas conheciam Aquele de Quem o livro fala. Eu tinha muito da carne; elas tinham muito do Espírito. Há tantos educadores cristãos hoje que ensi­nam outras pessoas como eu então o fazia: dependendo, em grande parte, do poder do seu equipamento carnal.
Não quero dizer que não podemos fazer uma série de coisas, porque na verdade podemos. Podemos fazer reu­niões e construir casas de oração, podemos ir aos confins da Terra e fundar missões, e pode parecer que damos fruto; mas lembremo-nos, a Palavra do Senhor diz: "To­da planta que o meu Pai celestial não plantou, será arran­cada" (Mt 15.13). Deus é o único originador legítimo do Universo (Gn 1.1). Qualquer coisa elaborada por nós tem a sua origem na carne e nunca alcançará a esfera do Espírito, por mais fervorosamente que busquemos a bên­ção de Deus sobre ela. Pode durar anos e então podemos pensar que, fazendo ajustamentos aqui e ali, talvez possamos colocar essa iniciativa num plano melhor, mas não se pode fazer tal coisa.
A origem determina o destino, e o que originalmente foi "da carne", nunca se tornará espiritual, por mais que se procure aperfeiçoá-lo. Aquilo que é nascido da carne, é carne, e nunca será doutra forma. Qualquer coisa que contribui para a nossa "auto-suficiência" é "nada" na estimativa de Deus, e temos que aceitar essa estimativa e registrar que o seu valor é, realmente, nada. "A carne para nada aproveita". É apenas o que vem de cima que permanecerá.
Este não é um assunto que se aprende através da sua simples apresentação: só Deus pode nos fazer entender do que se trata, quando indica algo em nossas vidas, di­zendo: "Isto é meramente natural, e sua origem é a ve­lha criação, e não pode permanecer". Antes de Ele assim fazer, talvez concordemos com tal doutrina, sem, porém, a sentir em nossa vida. Podemos aprovar o ensino, e até mesmo ter prazer nele, sem, porém, chegar a realmente sentir repugnância por aquilo que somos em nós mesmos.
Chegará, porém, o dia em que Deus abrirá os nossos olhos. Encarando determinada circunstância, teremos que dizer, como resultado da revelação: "Isto é impuro, impuro mesmo; Senhor, agora é que percebo isto". A pa­lavra "pureza" é uma palavra abençoada. Associo-a sem­pre com o Espírito. Pureza significa alguma coisa inteira­mente do Espírito. A impureza significa mistura. Quan­do Deus abre os nossos olhos e nos capacita a perceber que a vida natural é algo que Ele nunca pode usar na Sua obra, então verificamos que já não consideramos com prazer esta doutrina. Antes, nos aborrecemos a nós mesmos, pela impureza que há em nós; mas, quando se atinge esta posição, Deus começa o Seu trabalho de liber­tação."

A luz de Deus e o conhecimento
Evidentemente, se alguém não se propõe a servir ao Senhor de todo o coração, não sente necessidade de luz. É só quando alguém foi chamado por Deus e procura avançar com Ele que sente grande necessidade da luz.
Precisamos urgentemente de Luz, a fim de conhecermos a mente do Senhor, para distinguirmos entre as coisas do Espírito e as da alma; para saber o que é divino e o que é meramente do homem; para discernir o que é verdadeira­mente celestial e o que é apenas terreno; para compreen­der a diferença entre o que é espiritual e o que é carnal; para saber se realmente estamos sendo guiados por Deus, ou se andamos pelos nossos próprios sentimentos, senti­dos ou imaginações. Achamos que a luz é a coisa mais necessária na vida cristã, quando atingimos a posição em que desejamos seguir plenamente a Deus.
Nas minhas conversas com jovens irmãos e irmãs, há uma pergunta que surge repetidamente: "Como posso sa­ber que estou andando no Espírito? "Como vou distin­guir quais os impulsos, dentro de mim, que são do Espí­rito Santo e quais os que provêm de mim mesmo? " Pa­rece que todos são unânimes nisso, embora alguns vão mais longe. Procuram olhar para dentro de si, a fim de diferenciar, discriminar, analisar e, ao fazê-lo, colocam-se a si mesmos numa escravidão mais profunda. Ora, esta é uma situação que realmente é perigosa na vida cristã, porque o conhecimento interior nunca se alcança­rá por meio dessa vereda árida do exame próprio.
A Palavra de Deus não nos manda examinar a nossa condição interior; esse caminho conduz apenas à incerte­za, à vacilação e ao desespero. É certo que devemos ter o conhecimento de nós mesmos. Temos que conhecer o que se passa em nosso íntimo. Não queremos ter a ale­gria dos que não sabem a verdadeira situação perigosa, errando sem reconhecer o erro, exercendo a nossa von­tade própria e ainda pensando ser esta a vontade de Deus. Este conhecimento de nós mesmos, no entanto, não resulta de olharmos o nosso próprio íntimo; não vem como resultado da nossa análise dos nossos sentimentos e motivos e de tudo quanto se processa no nosso íntimo; não é assim que se descobre se estamos andando na car­ne ou no Espírito.
Há várias passagens nos Salmos que iluminam este assunto. A primeira é o Salmo 36.9: "Na tua luz, vere­mos a luz". Há duas luzes aqui. Ha a "Tua luz", e, depois, quando entramos nesta luz, "veremos a luz".
Ora, estas duas luzes são diferentes. Podíamos dizer que a primeira é objetiva e a segunda subjetiva. A primei­ra luz é a luz que pertence a Deus, e que Ele derrama so­bre nós; a segunda é o conhecimento comunicado por essa luz. "Na tua luz veremos a luz": conheceremos algu­ma coisa, seremos esclarecidos a respeito de algo, perce­beremos. Nunca chegaremos à posição de vermos clara­mente, por meio do exame auto-introspectivo ; só veremos quando há luz proveniente de Deus.
Penso que isto é muito simples. Se quisermos verificar se o nosso rosto está limpo, o que devemos fazer? Pro­curamos apalpá-lo, cuidadosamente, com as mãos? Evi­dentemente que não. Procuramos um espelho e trazemo-lo para a luz. À luz, tudo se torna claro. Nada vemos por meio das sensações ou da análise. Somente é possível nos ver mediante a manifestação da luz de Deus; uma vez que brilha a luz de Deus, já não é mais necessário perguntar se determinada coisa está certa ou errada, por­que já o sabemos.
Relembremo-nos do que diz o escritor de Salmo 139. 23: "Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração". Cer­tamente não sou eu que me sondo a mim mesmo — Quem me sonda é Deus; é este o meio de iluminação. É Deus que Se manifesta e me sonda; não me cabe a mim sondar-me. Evidentemente, isso nunca significará que vou pros­seguir cega e descuidadamente a respeito da minha verda­deira condição. Não é essa a idéia. A questão é que, por muito que o meu auto-exame possa revelar, a meu respei­to, que eu necessito de correção, ele nunca poderá ir muito além da superfície. O verdadeiro conhecimento de mim mesmo não resulta de um auto-exame, mas do exame que Deus faz de mim.
Perguntar-se-á o que significa, na prática, entrar na luz? Como é que isto opera? Como é que vemos luz na Sua luz? Uma vez mais o salmista vem ajudar-nos; "A revelação das tuas palavras esclarece (dá luz); dá entendi­mento aos simples" (Salmo 119.30). Nas coisas espiri­tuais, todos somos "simples". Dependemos de Deus pa­ra recebermos dEle, de forma muito especial, entendimento a respeito da nossa verdadeira natureza. É neste sentido que opera a Palavra de Deus. No Novo Testamen­to, a passagem que o declara, de forma mais acessível, se encontra na Epístola aos Hebreus: "Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração. E não há cria­tura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrá­rio, todas as cousas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos que prestar contas" (Hb 4. 12,13). Sim, é a Palavra de Deus, a penetrante Escritura da Verdade, que resolve as nossas perguntas. É ela que discerne os nossos motivos e revela se a sua verdadeira origem é alma ou o espírito.
Com isto, podemos partir para o aspecto prático das coisas. Muitos de nós, estou certo, vivemos honesta­mente diante de Deus. Temos feito progresso e não co­nhecemos qualquer coisa, em nós, que possa ser conside­rada muito errada. Então, um dia, à medida que prosse­guimos, deparamos com o cumprimento daquela palavra: "A revelação das tuas palavras esclarece". Deus usou algum dos Seus servos para nos confrontar com a Sua Palavra viva, e essa Palavra entrou em nós. Ou, talvez, nós mesmos temos esperado em Deus e, quer por meio das Escrituras memorizadas, quer pela leitura da Bíblia, a Sua Palavra vem a nós em poder. É então que vemos algo que nunca viramos antes. Ficamos convictos. Sabe­mos onde estamos errados e olhamos para cima e confes­samos: "Senhor, agora entendo. Há impurezas neste assunto. Há uma mistura. Como eu estava cego! E pensar que durante tantos anos estive errado, sem disso ter cons­ciência!" A luz se manifesta, e nós vemos a luz. A luz de Deus nos leva a ver a luz a respeito de nós mesmos e, é princípio permanente que todo o conhecimento de nós mesmos nos sobrevém desta forma.
Talvez nem sempre sejam as Escrituras que operam isto. Alguns de nós temos conhecido santos que conhe­ciam de perto o Senhor por termos orado ou conversado com eles, e, nesta intimidade, no meio da luz de Deus que deles se irradiava, chegamos a perceber algo que nun­ca tínhamos visto antes. Encontrei-me com uma destas pessoas, que agora está com o Senhor, e sempre penso nela como sendo uma cristã fervorosa. Mal entrava no quarto dela, ficava imediatamente cônscio da presença de Deus. Naqueles dias, era eu muito jovem, convertera-me havia dois anos, e tinha uma série de planos, de belos pensamentos, de esquemas, de projetos para o Senhor sancionar, inúmeras coisas que pensava que seria maravi­lhoso se chegassem a frutificar, e dirigi-me a ela para procurar persuadi-la de que deveria fazer isto ou aquilo.
Antes que pudesse abrir a boca, ela dizia apenas algu­mas palavras de modo absolutamente normal. A luz raia­va! Sentia-me simplesmente envergonhado. O meu "fa­zer" era tão natural, tão cheio do homem! Alguma coisa acontecia. Era levado a uma posição em que podia dizer: "Senhor, a minha mente apenas se prende a atividades humanas. Mas eis aqui alguém que não está, de forma alguma, envolvida nelas". Ela apenas tinha um motivo, um desejo, e esse era Deus. Escrita na capa da sua Bíblia estavam estas palavras: "Senhor, não quero nada para mim". Sim, ela vivia apenas para Deus, e onde quer que encontremos um caso semelhante, verificaremos que essa pessoa está banhada em luz, e que essa luz ilumina os outros. Isto, realmente, é testemunhar.
A luz tem uma lei: brilha onde quer que seja admitida. Esta é a única condição. Nós temos a possibilidade de excluí-la de nós mesmos; ela nada mais teme senão a exclusão da nossa parte. Se nos mantivermos abertos pa­ra Deus, Ele nos revelará o nosso íntimo. O problema surge quando mantemos áreas fechadas e lugares cerrados e trancados em nossos corações, quando orgulhosamente pensamos que temos toda a razão. A nossa derrota não consiste em estarmos errados, mas em não sabermos que estamos errados. Estar errado pode ser questão de força natural; a ignorância de que se está errado é questão de luz. Podemos ver a força natural em outras pessoas, mas elas não podem vê-la em si mesmas. Como necessitamos de sermos sinceros e humildes, e de nos abrirmos diante de Deus! Só aqueles que se abrem poderão ver. Deus é luz, e não podemos viver na Sua luz e ainda ficar sem en­tendimento. Digamos, outra vez, com o Salmista: "Envia a tua luz e a tua verdade, para que me guiem" (Salmo 43.3).
Damos graças a Deus porque hoje a atenção dos cren­tes é chamada para a realidade do pecado mais do que antes. Em muitos lugares, os seus olhos tem-se aberto para ver a vitória sobre os pecados, como experiência separada de grande importância na vida cristã, e, em con­seqüência disso, muitos estão andando mais perto do Se­nhor, procurando libertação e vitória sobre os mesmos. Graças a Deus por qualquer movimento para Ele, qual­quer movimento de regresso a uma verdadeira santidade perante Deus! Isto, porém, não é suficiente. Há ainda uma coisa em que se deve tocar: a própria vida do homem, e não meramente os seus pecados. A questão da persona­lidade do homem, do poder da sua alma, é o coração do problema. Considerar que os pecados constituam a tota­lidade do problema, equivale a ficar ainda à superfície. A santidade, se apenas levarmos em conta os pecados, é, ainda, uma experiência exterior e superficial. Nesse caso, ainda não atingimos a raiz do problema.
Adão deixou o pecado entrar no mundo ao escolher o desenvolvimento do seu próprio-eu, da sua alma, sepa­radamente de Deus. Quando, pois, Deus alcançar uma raça de homens que será para a Sua própria glória, e que será Seu instrumento para realizar os Seus propósitos no Universo, será uma raça cuja vida - sim, até a própria respiração — estará na total dependência dEle. Ele será, para esta raça, "a árvore da vida".
A necessidade que sinto sempre mais, em mim mesmo e entre todos os filhos de Deus, é a revelação real de nós mesmos, que devemos pedir da parte de Deus. Já disse que não se trata de sempre esquadrinharmos o nosso próprio íntimo, perguntando se isto ou aquilo vem da alma ou do Espírito. Esta atitude não terá qualquer re­sultado prático, pois é escuridão. Não, a Escritura nos mostra como os santos chegaram ao conhecimento de si mesmos. Foi sempre pela luz de Deus, luz que é o próprio Deus. Isaías, Ezequiel, Daniel, Pedro, Paulo, João: todos chegaram a possuir verdadeiro conhecimen­to de si mesmos porque a luz do Senhor brilhou sobre eles, trazendo-lhes revelação e convicção (Is 6.5; Ez 1. 28; Dn 10.8; Lc 22.61,62; At 9.3-5; Ap 1.17).
Nunca conheceremos a hediondez do pecado e as nos­sa própria hediondez sem que haja uma manifestação da luz de Deus sobre nós. Não falo de uma sensação e, sim, de uma revelação que o Senhor faz ao nosso íntimo, através da Sua Palavra. Isto fará por nós o que a doutri­na, por si só, nunca poderia fazer.
Cristo é a nossa luz, a Palavra viva que nos traz revela­ção enquanto lemos as Escrituras: "A vida era a luz dos homens" (João 1.4). Tal iluminação talvez nos sobrevenha apenas gradualmente, mas será cada vez mais clara e nos sondará mais e mais perfeitamente até que nos veja­mos na luz de Deus que dissipará toda a nossa confiança própria. A luz é a coisa mais pura do mundo. Purifica. Esteriliza. Matará tudo o que não deve estar presente, transformando em realidade a doutrina da "divisão de juntas e medulas". Conheceremos o temor e tremor na medida em que reconhecermos a corrupção da natureza humana, a hediondez da nossa própria personalidade, e a ameaça real que representa para a obra de Deus a energia e vida insubordinada da alma. Como nunca antes, vemos agora quão necessária nos é aquela ação drástica de Deus, se realmente quisermos ser usados, e sabemos que, sem Ele, somos inúteis como servos de Deus.Aqui também, a Cruz, no seu sentido mais amplo, nos auxiliará, e passaremos agora a examinar o aspecto da sua obra que diz respeito ao problema da alma humana. Somente a compreensão completa da Cruz pode nos le­var àquela posição de dependência que o próprio Senhor Jesus voluntariamente assumiu, quando disse: "Eu nada posso fazer por mim mesmo; na forma por que ouço, julgo. O meu juízo é justo porque não procuro a minha própria vontade, e, sim, a daquele que me enviou" (João 5.30).

Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina- C.H. Mackintosh

UMAS PALAVRAS PARA OS QUE TRABALHAN NA OBRA DO SENHOR

Extraído do site www.verdadespreciosas.com.ar e Traduzido pelos irmãos da Cidade de Alegrete-RS

“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes” (1.ª Timóteo 4:16).

As palavras do texto citado são muito solenes e devem ser analisadas por todos aqueles que têm que apresentar às almas a Palavra de Deus e a doutrina. O inspirado apóstolo dirige estas palavras a seu amado filho Timóteo, as quais contêm a mais preciosa instrução para cada um dos que são chamados por Deus para ministrar na assembléia ou para pregar o Evangelho. Com toda segurança, tomar parte em tal ministério é um santo e elevado privilégio; mas, ao mesmo tempo, o que o exerce tem uma enorme responsabilidade.
A passagem citada na epígrafe expõe ante o obreiro do Senhor dois deveres sumamente importantes; deveres absolutamente essenciais aos quais deve se prestar atenção com diligente oração e vigilância, se quer ser um obreiro útil na Igreja de Deus, um “bom ministro de Jesus Cristo” (1.ª Timóteo 4:6). Primeiramente, deve cuidar de si mesmo, e logo cuidar da doutrina ou ensinamento.

1. “Tem cuidado de ti mesmo”

Consideremos em primeiro lugar este solene mandato: “Tem cuidado de ti mesmo.” Seria difícil expressar todo o alcance moral destas palavras. É importante que todo crente as observe, mas principalmente um obreiro do Senhor, pois a este se dirigem em particular. Ele, mais que ninguém, necessita cuidar de si mesmo. Deve cuidar o estado de seu coração, de sua consciência, de todo o seu homem interior. Tem que se conservar “puro” (1.ª Timóteo 5:22). Seus pensamentos, seus afetos, seu espírito, seu caráter, sua linguagem, tudo deve se manter sob o santo controle do Espírito e da Palavra de Deus. É necessário que esteja cingido com a verdade e vestido com a couraça da justiça. Sua condição moral e sua marcha prática devem concordar com a verdade que ministra; do contrário, o inimigo, com segurança, ganhará vantagem sobre ele.
O mestre deveria ser a expressão vivente do que ensina; ao menos, tal deveria ser o objetivo perseguido por ele com sinceridade, com veemência e com perseverança. É de desejar que esta santa medida esteja constantemente ante “os olhos de seu entendimento (lit. coração)” (Efésios 1:18). Desgraçadamente, muitos cometem faltas e permanecem sempre abaixo dessa medida; mas se seu coração é sincero, se sua consciência é delicada, se o temor de Deus e o amor de Cristo ocupam nele seu devido lugar, o obreiro do Senhor não se sentirá satisfeito com nada que esteja abaixo da medida divina, já seja em seu estado interior ou em seu andar exterior. Em todo tempo e em todo lugar, seu ardente desejo será manifestar em sua conduta o efeito prático de seu ensinamento, e ser “exemplo dos crentes na palavra, conduta, amor, espírito, fé e pureza” (1.ª Timóteo 4:12). E enquanto a seu ministério, todo obreiro do Senhor deveria poder dizer: “Não pregamos a nós mesmos, senão a Jesus Cristo como Senhor, e a nós como servos por amor de Jesus” (2.ª Coríntios 4:5).
Entretanto, jamais devemos perder de vista o tão importante fato moral de que o mestre deve viver a verdade que ensina. Moralmente, é muito perigoso que um homem ensine em público o que sua vida privada desmente —perigoso para si mesmo, desonroso para o testemunho e prejudicial para aqueles a quem ensina—. Que deplorável e humilhante é para um homem, quando contradiz com sua conduta pessoal e sua vida doméstica a verdade que apresenta publicamente na assembléia! Isto é algo que há de se temer sobremaneira que terminará indefectivelmente nos mais funestos resultados.
Que o firme propósito e o vigoroso anelo de todos os que ministram a Palavra e apresentam a doutrina seja, pois o de alimentar-se com a preciosa verdade de Deus, o de se apropriar dela, o de viver e se mover em sua atmosfera, de modo que seu homem interior seja fortalecido e formado por ela; que ela habite ricamente neles, e que desse modo possa correr com os demais com seu vivo poder, sabor, unção e plenitude.
É algo muito pobre, e inclusive muito perigoso, se sentar ante a Palavra de Deus como um mero estudante, com o objeto de preparar conferências ou sermões para pregar aos demais. Nada poderia ser mais fatigoso ou dessecante para a alma. O uso meramente intelectual da verdade de Deus, acumular na memória certas doutrinas, pontos de vista e princípios, e logo os expor com alguma facilidade de palavras, é por sua vez desmoralizador e enganoso. Poderíamos estar extraindo água para os demais e ao mesmo tempo sermos, nós mesmos, como encanamentos oxidados. Não há nada mais triste que isto. O Senhor diz: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba”. Não diz extraia. A verdadeira fonte e o poder de todo ministério na Igreja, se achará sempre ao beber nós mesmos da água vivificante e não ao extraí-la para os demais. O Senhor segue dizendo: “O que crê em mim, como diz a Escritura, de seu interior fluirão rios de águas vivas” (João 7:37-38). É necessário que permaneçamos muito próximos da fonte eterna, o coração de Cristo, e beber dela largos goles e continuamente. Desse modo nossas próprias almas se refrescarão e serão enriquecidas; rios de bênçãos correrão delas para refrigério dos demais, e torrentes de louvores subirão ao trono e ao coração de Deus por Jesus Cristo. Este é o ministério cristão; o cristianismo autêntico; e toda outra coisa carece absolutamente de valor.

2. “Tem cuidado da doutrina”

Detenhamo-nos agora um momento no segundo ponto de nosso tema; refiro-me à doutrina ou o ensinamento; esta última palavra expressa o verdadeiro sentido do original. Quantas coisas se encontram encerradas ali! “Tem cuidado da doutrina.” Que solene advertência! Quanto cuidado e que santa vigilância se requerem! Quanto se necessita esperar em Deus com oração e com perseverança, para saber o que há que dizer e a maneira de dizer! Só Deus conhece o estado e a necessidade das almas. Nós não sabemos o que necessitam. Poderíamos oferecer “alimento sólido” aos que só são capazes de “beber leite”, e ocasionar-lhes assim um positivo prejuízo. O apóstolo diz: “Se alguém fala, seja como os oráculos de Deus” (1.ª Pedro 4:11; V.M.). Não diz: «Fale conforme aos oráculos ou às palavras de Deus», (como se lê em algumas versões). Um homem pode se levantar na assembléia e falar durante uma hora, estando cada uma de suas palavras em estrito acordo com a letra das Escrituras, e, entretanto, não haver falado de nenhum modo como oráculo de Deus —como porta voz de Deus—. Pode haver apresentado a verdade, mas não a verdade que se necessitava no momento.
Tudo isto é muito solene e nos faz sentir a seriedade da advertência do apóstolo: e “Tem cuidado da doutrina”! Que urgente necessidade temos de ser despojados de nós mesmos, para depender por completo do poder e a direção do Espírito Santo! Nisto estriba o precioso segredo de todo ministério eficaz, seja oral ou escrito. Alguém poderia falar durante horas e escrever muitos volumes sem dizer ou escrever nada que seja anti escriturário, mas se não o faz no poder do Espírito, suas palavras só serão metal que soa ou o sino que retine, e seus volumes um montão de papel sem utilidade. Necessitamos permanecer mais aos pés do Mestre e bebermos mais de seu Espírito; é necessário estar em comunhão com seu coração cheio desse amor que tem pelos preciosos cordeiros e ovelhas de seu rebanho. Então nossas almas estarão em condições de dar o alimento no tempo conveniente.
Só o Senhor sabe exatamente o que seus amados necessitam a cada instante. Nós quiçá poderíamos nos sentir profundamente interessados em uma ordem especial de verdades e julgar que isso é o que convém à assembléia, mas podemos nos equivocar por completo. Não é a verdade o que nos interessa, senão que o que temos que apresentar é a verdade que responde às necessidades da assembléia, e para fazê-lo é necessário esperar constantemente no Senhor de toda graça. Deveríamos fixar nossos olhos Nele, com atenção e com simplicidade, e dizer-lhe: «Senhor, que queres que eu diga a teus santos amados? Dá-me a mensagem que lhes convém.» Então o Senhor se serviria de nós como canais sujos; a verdade fluiria de seu amante coração aos nossos, e dali se derramaria nos corações dos seus, segundo o poder de seu Espírito.
Oxalá que isto fosse assim para todos os que falam e escrevem para a Igreja de Deus! Que resultados poderíamos esperar! Que poder, crescimento e manifestação ou progresso na vida divina se veria! Os verdadeiros interesses do rebanho de Cristo seriam o objetivo de tudo o que se diz ou se escreve. Não haveria nada equivocado; não se apresentaria nada estranho nem nada que cause sobressalto ou assombro. Dos lábios ou das plumas só brotaria o que é são, sóbrio e oportuno. Só se ouviriam “sãs palavras” (1.ª Timóteo 6:3; 2.ª Timóteo 1:13), que não podem ser condenadas; e se apresentaria unicamente o que é bom para a edificação.
Que em toda a Igreja de Deus cada obreiro se aplique a si mesmo a advertência do apóstolo: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina (ensinamento)... pois fazendo isto, salvarás a ti mesmo e aos que te ouvirem.”
“Recomenda estas coisas. Dá testemunho solene a todos perante Deus, para que evitem contendas de palavras que para nada aproveitam, exceto para a subversão dos ouvintes. Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.” (2.ª Timoteo 2:14-15)

C.H.M.

A Conversão não é o mesmo que o novo Nascimento- Bruce Anstey

Uma pessoa pode nascer de novo uma só vez, porem a Escritura indica que ela pode se converter muitas vezes.
A Escritura usa a palavra “convertido” para descrever um crente que tem se apartado do Senhor em sua alma e tem voltado, assim como a pessoa que pela primeira vez volta a Deus. Por exemplo, o Senhor disse a Pedro, o qual já havia convertido (João 1.40; Lucas 5.8-11; João 6.68), “Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos” (Lucas 22.31; Tiago 5.19,20).


A REGENERAÇÃO NÃO É O MESMO QUE O NOVO NASCIMENTO

A regeneração vai mais além que o nascer de novo. Ela fala da saída da velha ordem de coisas na qual uma vez nós estivemos, para entrar na nova ordem que está sob Cristo (Mateus 19.28). Ela implica uma mudança de posição para um novo estado de coisas na nova criação (Tito 3.5,6).


A VIDA ETERNA É MAIS QUE SER NASCIDO DE NOVO

A vida recebida no novo nascimento e a vida eterna é a mesma vida, porem a vida eterna é a vida em abundância (João 10.10), vida em plena comunhão com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo (I João 1.3).
É possível que uma pessoa nasça de novo, porem não conheça as bênçãos da vida eterna.
A maioria dos cristãos pensa que o novo nascimento e a vida eterna são a mesma coisa; isto, entretanto não é correto. Isto pode trazer confusão porque a idéia de vida eterna na mente da maioria das pessoas é ter não mais que uma vida que dura para sempre.
É absolutamente verdade que quando uma pessoa recebe vida nova, é feita participante da vida do Deus eterno (II Pedro 1.4) e que essa vida, é claro, é eterna em sua duração.
Porem isso não é o que a Escritura define como vida eterna.
Quando a Escritura fala de vida eterna, se refere a muito mais que a perduração da vida. Não é somente imortalidade como alguns se referem a ela como se chamasse vida imortal.
Toda vida humana é eterna em certo sentido, pois o espírito e a alma nunca morrem; muitos existirão eternamente no lago de fogo baixo o juízo de Deus, porem a Escritura não fala deles como tendo vida eterna.
A confusão sobre este ponto se encontra em não entender o que vida eterna significa. Não é uma descrição da duração da vida divina, senão uma descrição do caráter da mesma.
O Senhor disse, “E vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17.3). Isto mostra que vida eterna é algo muito maior que a mera possessão de uma nova vida que não tem fim, maravilhosa como é em si mesma, senão que, também inclui o conhecimento consciente das relações com o Pai e com o Filho.
Ter vida eterna é ter a vida nova no caráter mais elevado; é o mesmo caráter da vida que o Pai e o Filho desfrutaram desde a eternidade. Isto também nos mostra que é algo maior que o ser nascido outra vez.


OS SANTOS DO ANTIGO TESTAMENTO NÃO CONHECERAM VIDA ETERNA

A vida eterna não foi revelada até que Cristo veio ao mundo (João 10.10). Não dizemos que não existia antes, pois desfrutavam dela desde toda a eternidade o Pai e o Filho.
A vida eterna, antes de ter sido manifestada neste mundo pela vinda de Cristo, tinha sua morada com o Pai na eternidade. “Porque a vida foi manifestada e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada” (I João 1.2).
Só tem sido trazida à luz pelo evangelho da graça. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, este o fez conhecer (João 1.18). A revelação do Pai e do Filho é a característica principal da vida eterna (João 17.3). Já que os santos do Antigo Testamento não conheceram a Deus como seu Pai, eles, portanto, não podiam ter conhecido
a vida eterna.
Porem agora que Cristo veio ao mundo e revelou o Pai, nós podemos ter vida em abundância, conhecendo o Pai e o Filho (João 10.10). Esta é a vida eterna.


A VIDA ETERNA NO ANTIGO TESTAMENTO E NOS EVANGELHOS SINÓPTICOS

Há somente duas referencias de vida eterna no Antigo Testamento - Salmos 133:3 e Daniel 12:3.
Em ambos lugares referem-se ao futuro reino milenar. Este é o sentido em que a vida eterna é apresentada também nos evangelhos sinópticos (Mateus, Marcos e Lucas), pois a sustância do ministério terrenal do Senhor era a apresentação do reino a Israel, como havia sido prometido nos profetas do Antigo Testamento.
Porém, isto é algo diferente ao sentido Cristão de vida eterna que temos tratado (como se nos apresenta no evangelho de João e nas Epístolas).
Os santos do Milênio terrenal irão desfrutar de vida, como vida eterna em relação com as bênçãos do reino (Mateus 25:46).

DOIS ASPECTOS DE VIDA ETERNA:
A POSSESSÃO ATUAL E AO FIM DO CAMINHO

Enquanto que João usualmente fala da vida eterna como uma possessão presente no crente (João 3:15, 16, 36; 5:24; 6:47, 54; 10:10, 28; 1 João 5:11-13; etc.) Paulo fala da vida eterna como estando no final do caminho, quando chegarmos ao céu (Romanos 2:7; 5:21; 6:22; 3:7; Gálatas 6:8; I Timóteo 1:16; etc) (João também ocasionalmente fala dela como estando ao final do caminho - João 4:36; 12:24-25).
Um se refere à vida eterna como o princípio de vida pelo qual o crente vive, o outro se refere a uma esfera de vida na qual o crente um dia viverá no estado glorificado.
É verdade que ele pode agora viver no desfrute dessa vida enquanto está, todavia, neste mundo, porém, naquele dia será realizado em plenitude.
Estas duas coisas podem ser vista no exemplo de um mergulhador.
Enquanto ele está trabalhando nas profundezas da água, ele permanece com vida graças a um tubo de ar que lhe traz ar da superfície e faz que ele respire a atmosfera que está acima enquanto ele está em uma esfera contrária a ela.
Assim é ter a vida eterna em nós. É a vida do céu onde Cristo está; porém a temos em nós enquanto caminhamos por este mundo aqui abaixo.
Quando o mergulhador termina seu trabalho, ele sobe e sai da água para a mesma esfera de coisas que é natural a ele. A vida eterna pertence ao céu (João 3:12; I João 1:2).
O crente deve lançar mão da vida eterna agora, por viver no desfrute prático das coisas celestiais (l Timóteo 6:12). Esta expressão se põe em contraste na Escritura, com o fútil intento de lançar mão das coisas temporárias desta vida na terra (l Timóteo 6:7-2).
Quando buscamos as coisas que são de cima, lançamos mão da vida eterna (l Timóteo 6:19).
Ao falar de que temos vida eterna em nós, não devemos pensar que a possuímos em nós mesmos, como se fosse algo independente de Deus.
Apesar de que a vida eterna está em nós, a Escritura sempre a conecta com o Filho de Deus. Deus nos tem dado vida eterna, e esta vida está em Seu Filho (I João 5.11).
Outra ilustração pode ajudar aqui. Uma folha em uma árvore tem nela todos os sinais de vida por sua frescura e verdor. Possui vida, porem não a possui em si mesma, em independência da árvore.
Se fosse assim, poderíamos arrancar a folha da árvore e ela permaneceria fresca e verde como quando estava na árvore. Isto certamente não é assim, porque a folha não tem vida independente.
A árvore, pelo contrário, a tem; e ela nos ilustra como Cristo tem vida em Si mesmo como a Fonte (João 1.4; 5.26).

Bruce Anstey
Ecos de Glória
Adequação: Bill WarrTradução: LDSC

Nosso Gozo está no Céu - J.N Darby

Extraído do site www.verdadesvivas.com.br
“E aconteceu que, quase oito dias depois destas palavras, tomou consigo a Pedro, a João e a Tiago, e subiu ao monte a orar. E, estando Ele orando, transfigurou-se a aparência do Seu rosto, e o Seu vestido ficou branco e mui resplandecente. E eis que estavam falando com Ele dois varões, que eram Moisés e Elias, os quais apareceram com glória e falavam da Sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém. E Pedro e os que estavam com ele estavam carregados de sono; e, quando despertaram, viram a Sua glória e aqueles dois varões que estavam com Ele. E aconteceu que, quando aqueles se apartaram dEle, disse Pedro a Jesus: Mestre, bom é que nós estejamos aqui, e façamos três tendas, uma para Ti, uma para Moisés, e uma para Elias; não sabendo o que dizia. E, dizendo ele isto, veio uma nuvem que os cobriu com a sua sombra; e entrando eles na nuvem, temeram. E saiu da nuvem uma voz que dizia: Este é Meu amado Filho, a Ele ouvi. E, tendo soado aquela voz, Jesus foi achado só, e eles calaram-se, e por aqueles dias não contaram a ninguém nada do que tinham visto.” (Lucas 9:28-36)

Vamos examinar esta passagem das Escrituras, naquilo em que ela mostra de que se consistirá nosso gozo na glória. Temos a garantia de 2 Pedro 1:16 que diz que esta cena representa para nós a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. E é isso o que aguardamos. Nossa alma não estará sã se não estivermos aguardando pelo Filho de Deus vindo do céu. A igreja não estará com suas esperanças guiadas pela Palavra e pelo Espírito de Deus, se não estiver esperando por Ele como o Salvador vindo do céu (Fp 3:20). E a passagem em Lucas 9:28-36 é importante para nós por apresentar de uma maneira especial aquilo que será nossa porção quando Ele vier. Há muitas outras coisas nesta passagem, como o relacionamento mútuo entre o povo terrenal e o celestial no Reino, que podem ser muito instrutivas, mas não é o nosso propósito considerá-las agora. O que queremos agora considerar é a revelação que temos aqui da natureza daquele gozo que iremos herdar na vinda, e pela vinda, do Senhor. Outras passagens, tais como as promessas àqueles que vencerem, em Apocalipse 2 e 3, e a descrição da cidade celestial em Apocalipse 21 e 22, nos dão instruções acerca do mesmo assunto; mas olhemos agora particularmente para a cena no monte santo.
"E aconteceu que, quase oito dias depois destas palavras, tomou consigo a Pedro, a João e a Tiago, e subiu ao monte a orar. E, estando Ele orando, transfigurou-se a aparência do Seu rosto, e o Seu vestido ficou branco e mui resplandecente" (Lc 9:28-29). Foi quando Jesus estava no reconhecimento da dependência, "estando Ele orando", que ocorreu a transformação. É esta, portanto, a primeira coisa que encontramos aqui - uma transformação tal qual a que vai ocorrer nos santos vivos quando Jesus vier.
"E eis que estavam falando com Ele dois varões, que eram Moisés e Elias" (v.30). Eles estavam com Ele. E será este também o nosso gozo; estaremos com Jesus. Em 1 Tessalonicenses 4, após apresentar a ordem em que acontecerá a ressurreição dos que dormem e a transformação dos santos vivos, e que seremos, tanto uns como os outros, arrebatados juntamente para encontrar o Senhor nos ares, tudo o que o apóstolo diz acerca disso é, "e assim estaremos sempre com o Senhor". Porém, nesta passagem não se trata apenas do estar com Cristo, mas há também um relacionamento de familiaridade com Ele. "E eis que estavam falando com ele dois varões" (v.30). Não diz que Ele falava com eles, embora sem dúvida isto também fosse verdadeiro; mas Ele poderia ter feito isso com os dois estando longe de Si. Porém quando lemos que eles falavam com Ele, isto nos dá a idéia de uma liberdade de relacionamento das mais familiares. Pedro e os outros sabiam o que era ter um relacionamento assim com Jesus na Sua humilhação; mas que gozo deve ter sido terem essa prova de que aquele relacionamento com Ele seria também desfrutado na glória! Também é dito que eles "apareceram com glória" (v.31), mas trata-se de algo secundário em relação ao que estamos considerando. Nos é dito que eles estavam com Ele, e também que eles apareceram em glória. Eles compartilhavam daquela mesma glória em que Ele foi manifestado. E assim será conosco. "Quando Cristo que é a nossa vida, Se manifestar, então também vós vos manifestareis com Ele em glória" (Cl 3:4). "E Eu dei-lhes a glória que a Mim Me deste, para que sejam um, como Nós somos um. Eu neles, e Tu em Mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que Tu Me enviaste a Mim, e que os tens amado a eles como Me tens amado a Mim" (Jo 17:22-23).
Mas há ainda uma outra coisa. Não nos é dito apenas que eles estavam com Ele, que eles falaram com Ele e apareceram em glória juntamente com Ele, mas nos é dado o privilégio de conhecer o assunto da conversa. Eles "falavam da Sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém" (v.31). Era a cruz o tema da conversa deles na glória - os sofrimentos de Cristo, que Ele teria que passar em Jerusalém. E certamente será esse o nosso gozo por toda a eternidade, quando em glória com Cristo, ocuparmo-nos com este tema: Sua morte consumada em Jerusalém. Lemos, então, que Pedro e os que estavam com ele se encontravam carregados de sono. Isto nos mostra o que é a carne em presença da glória de Deus. Pedro cometeu também um grande erro; mas passemos adiante.
"E, dizendo Ele isto, veio uma nuvem que os cobriu com a sua sombra; e, entrando eles na nuvem, temeram. E saiu da nuvem uma voz que dizia: Este é o Meu amado Filho; a Ele ouvi." Pedro nos diz que aquela voz veio da magnífica glória. "Porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica glória Lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o Meu Filho amado, em Quem Me tenho comprazido" (2 Pd 1:17). Agora Pedro e os outros entraram na nuvem; e assim vemos esse maravilhoso fato de que na glória, de onde a voz veio, os santos têm o privilégio de permanecer, e ali, naquela glória, compartilhar do prazer do Pai no Seu amado Filho. Não somos apenas chamados para ter a comunhão do Filho de Deus, Jesus Cristo, mas somos também chamados para ter comunhão com o Pai. Somos admitidos por Deus Pai para compartilhar de Sua satisfação no Seu amado Filho.
"E, tendo soado aquela voz, Jesus foi achado só" (v.36). Toda a visão se fora - a nuvem, a voz, a glória, Moisés, Elias - mas Jesus ficou, e eles ficaram para continuar seu caminho com Jesus, conhecendo-O agora à luz daquelas cenas de glória que tinham presenciado. E é para isto que nos servem as vívidas demonstrações de coisas espirituais que podemos às vezes constatar. Não é o caso de podermos estar sempre desfrutando delas e de nada mais. Mas quando elas se vão, após as termos experimentado por alguns momentos como ocorreu com a visão no monte santo, ficamos a sós com Jesus, para prosseguir no caminho de nossa peregrinação com Ele em espírito, por enquanto; com Ele na luz e poder daquela profunda consciência, que recebemos no monte, de estarmos com Ele, e de termos a comunhão do gozo do Pai nEle; e assim aguardarmos pelo momento da Sua volta, quanto tudo isso, e mais do que nossos corações podem imaginar, deverá se cumprir para nós para todo o sempre.

Irmãos em Cristo Jesus.

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Mt 5:14 "Vós sois a luz do mundo"

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