segunda-feira, 30 de março de 2009

Cristo é a nossa Suficiência - Levi Cândido

“Mas vós sois dele (de Deus), em Cristo Jesus, o qual (Cristo Jesus) se nos tornou da parte de Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (I Co 1:30)

Cristo é a suficiência de Deus para a nossa completa deficiência. Stanley Jones já disse que “Cristianismo é Cristo, e Cristo é a revelação final e absoluta de Deus”. Podemos contemplar em nosso texto meditativo quatro bênçãos específicas que Cristo é para o Seu povo.
1º SABEDORIA. Existem, biblicamente, dois tipos de sabedoria: a humana (animal e diabólica) e a celestial (a sabedoria do alto). Concernente à sabedoria humana em contraste com a divina, podemos ler em Tiago 3:13-18 o seguinte: “Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria. Mas, se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica. Porque onde há inveja e espírito faccioso aí há perturbação e toda a obra perversa. Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia. Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz.”
A sabedoria mundana está divorciada da vontade divina. O veredicto de Deus para tal sabedoria está expressamente registrado nas Sagradas Escrituras. “Ninguém se engane a si mesmo: se alguém dentre vós se tem por sábio neste século, faça-se estulto para se tornar sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia. E outra vez: O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são vãos.” (I Co 3:18-20) Alguém já disse que “você pode pegar um tolo e educá-lo, mas tudo o que consegue obter com seus esforços é um tolo educado! Adolf Hitler vivia cercado de homens bem instruídos — vários deles tinham diplomas em cursos avançados — mas a história provou que todos eles juntos não possuíam senso comum suficiente para se igualar a um idiota mediano! Grande conhecimento sem a necessária sabedoria para usá-lo apropriadamente é uma maldição, não uma vantagem. A sabedoria humana deriva conclusões sem levar Deus em conta e, portanto, está condenada à eventual exposição como uma total inutilidade na melhor das hipóteses, e destrutiva, na pior.” Não é o que o homem julga sobre a sabedoria humana que a valida; é o que Deus atribui a ela. O pregador do Reino Unido Dr. Martyn Lloyd-Jones (20/12/1899 – 01/03/1981) disse com muita propriedade: “Certamente a essência da sabedoria está em, antes de começarmos a agir ou de tentar agradar a Deus, descobrir o que Deus tem a dizer sobre o assunto.” “Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, E aniquilarei a inteligência dos inteligentes. Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.” (I Co 1:19-21) Somos admoestados repetidas vezes pelo SENHOR a buscar a verdadeira sabedoria. Vejamos o que diz o Pregador: “E apliquei o meu coração a esquadrinhar, e a informar-me com sabedoria de tudo quanto sucede debaixo do céu; esta enfadonha ocupação deu Deus aos filhos dos homens, para nela os exercitar. Atentei para todas as obras que se fazem debaixo do sol, e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito. Aquilo que é torto não se pode endireitar; aquilo que falta não se pode calcular. Falei eu com o meu coração, dizendo: Eis que eu me engrandeci, e sobrepujei em sabedoria a todos os que houve antes de mim em Jerusalém; e o meu coração contemplou abundantemente a sabedoria e o conhecimento. E apliquei o meu coração a conhecer a sabedoria e a conhecer os desvarios e as loucuras, e vim a saber que também isto era aflição de espírito.” (Ec 1:13-17) Após a consideração de Salomão sobre cada aspecto da vida; os prazeres, aquilo que se produz, ele chegou-se à conclusão: tudo é vaidade. “Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade.” (Ec 1:2) “Salomão, de todo o coração, procurou perscrutar com sabedoria as coisas terrenas, mas, como logo confessa, debalde, pois só o Espírito de Deus penetra todas as coisas”. A conclusão de todo o seu discurso pode-se ver claramente em Eclesiastes 12:13; “De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem.” Alguém ponderou: “sabedoria, como a encontramos expressa na Bíblia, é "ver as coisas do modo como Deus as vê".
No que se refere à sabedoria divina aprecio o que William S. Plumer disse: “A maior sabedoria desta terra é a santidade”. “Por Deus no trono da vida é a essência da sabedoria”. De fato, compreender o caminho de Deus, reconhecer o nosso dever diante dEle; submetermo-nos a Ele para sermos moldados segundo a Sua palavra e propósitos, indica-nos ser o princípio da sabedoria. “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria e o conhecimento do Santo é prudência” (Pv 9:10). J. I. Packer endossa o assunto com muita propriedade: “Só depois que nos tornamos humildes e ensináveis, boquiabertos com a santidade e a soberania de Deus... reconhecendo nossa própria pequenez, desconfiando de nossos pensamentos e dispondo-nos a permitir que nossa mente seja completamente transformada, é que a sabedoria divina se torna nossa”. Na epístola de Paulo aos Corintios podemos aprender algo da sabedoria divina. “Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus.” (I Co 1:22-24) Aqui podemos ter o discernimento da essência da verdadeira sabedoria: Cristo. Irmãos e irmãs, um homem ou mulher pode ser dotado de faculdades científicas, medicinais, biológicas, tecnológicas, teológicas, etc..; porém, se não for regenerado por Deus em Cristo, se não tiver a vida de Cristo em seu interior pela fé, nada disto poderá ajudá-lo no dia do juízo; daí a urgente necessidade de Cristo como sua sabedoria para a salvação. O pastor Tom Ascol expôs o ponto da seguinte maneira: “Qual é a sabedoria divina? O que é a sabedoria divina? É um compreender correto das verdadeiras questões importantes da vida. É a compreensão de que há um Deus no céu, que Ele requer retidão dos homens. É a compreensão que de fato existe um céu, que sem sombra de dúvida há um inferno, que pecado é uma coisa séria diante de Deus. Que há um dia de julgamento que está por vir. Que se nós estivermos retos diante de Deus, se quisermos viver assim, precisamos alcançar o seu perdão. A sabedoria que vem do alto é aquela que é dada aos homens através da fé em Cristo Jesus. Os homens nunca serão sábios neste caminho até que Deus pessoalmente revele a estas pessoas Cristo Jesus. Paulo nos diz que Deus tornou Cristo para nós sabedoria de Deus para nos mostrar a nossa necessidade, e para vir de encontro às nossas necessidades. É a primeira benção quando Deus nos traz um relacionamento adequado com o Seu Filho Jesus. Ele se tornou da parte de Deus; sabedoria.” É necessário Cristo como sabedoria para a compreensão das realidades espirituais, porque sem Ele é impossível a revelação das coisas divinas. “Cristo é a chave que abre o entendimento de toda a Escritura”, disse o irmão Romeu Borneli. “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente...Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.” (I Co 2:14 ; Mt 11:27) Aleluia! Cristo é a nossa sabedoria.

2º JUSTIÇA. A segunda benção que Cristo é para o seu povo é justiça. Este tema é inerente ao evangelho. Como já foi dito, “é o coração do evangelho”. Ninguém poderá entender o cristianismo se antes não entender a realidade espiritual da justificação. “Onde esta verdade bíblica é ignorada ou não compreendida, necessariamente haverá um conceito errôneo quanto à aceitação diante de Deus. Perde-se o verdadeiro conhecimento da salvação quando a verdade a respeito da justificação é perdida” (H.J.Appleby). Em primeira instância devemos verificar que a justificação independe de nossos atos meritórios ou de justiça própria. Por melhor que possa parecer, todas as nossas justiças, as melhores obras que possamos fazer concernentes à nossa aceitabilidade diante de Deus são totalmente insuficientes e consideradas imundas perante o SENHOR. Foi assim que o profeta expressou-se; “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades como um vento nos arrebatam... Quem do imundo tirará o puro? Ninguém.” (Is 64:6 ; Jó 14:4) Observem irmãos, o profeta não diz que nossos pecados ou iniqüidades são como trapo da imundícia; mas nossas justiças. Aqui, parece-nos estarmos diante de um dilema. Vejam; para sermos aceitos por Deus há necessidade de uma justiça perfeita, imaculada, pois o SENHOR isto requer. O Seu padrão é absoluto. De modo algum Ele poderá aceitar alguém maculado diante de Sua presença; isto seria minimizar a Sua santidade. O SENHOR é três vezes Santo. “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal...Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, e que é, e que há de vir.” (Hc 1:13ª ; Ap 4:8) Porém, como vimos, não podemos ser justos por nós mesmos diante de Deus. A própria Escritura declara-nos: “Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer.” (Rm 3:10) Nem mesmo se pudéssemos guardar “todos” os preceitos da Lei, isto não poderia assegurar nossa aceitação diante de Deus. Está escrito: “Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.” (Gl 2:16, ver Rm 8:3) Além disso, o registro de nossa história levanta-se condenavelmente contra nós por todos os nossos atos perversos praticados. Como então poderemos ser aceitos diante de Deus? O pastor Charles Haddon Spurgeon, deixou-nos algo muito importante sobre este aspecto. Disse ele: “Aprendei, amigos meus, a considerar a Deus tão severo em Sua justiça como se nEle não houvesse amor, e tão amoroso como se nEle não houvesse severidade. Seu amor não diminui Sua justiça, nem Sua justiça, no mínimo grau, faz guerra ao Seu amor. As duas coisas estão docemente unidas na expiação de Cristo. Porém, notai que nunca poderemos compreender a plenitude da expiação, até que tenhamos primeiro captado a verdade escriturística da imensa justiça de Deus. Nunca houve uma má palavra dita, nem um mau pensamento concebido ou uma má ação cometida que Deus não tenha punido um ou outro. Ele quer uma satisfação de vocês, ou senão de Cristo. Se não tens expiação por meio de Cristo, você deverá pagar para sempre a dívida que não pode pagar nunca, na miséria eterna; porque tão certo como Deus é Deus, Ele perderá antes a Sua Deidade do que deixar um só pecado sem castigo, ou uma partícula de rebelião sem vingança. Podeis dizer que este caráter de Deus é frio, austero e severo. Não posso impedir que faleis assim; não obstante, o que disse é verdade. Tal é o Deus da Bíblia; e embora repitamos como certo que Ele é amor, não é menos verdade que, além de amor, Ele é repleto de justiça, porque todo o bem se encontra em Deus, e estes elevados à perfeição, de forma que o amor alcança a sua consumada amabilidade e a justiça se torna severamente inflexível nEle. Não há aberração nem distorção em Seu caráter; nenhum de Seus atributos predomina demais a ponto de lançar uma sombra sobre o outro. O amor tem seu pleno domínio, e a justiça não está mais limitada do que Seu amor... Amados irmãos, a gloriosa declaração do evangelho é que em Cristo há uma plena justiça que é imputada a todo o que nele crê, e esta é absolutamente gratuita. “Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas; Isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que crêem; porque não há diferença. Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus.” (Rm 3:21-26) Nestes versos podemos contemplar dois sentidos do termo “justiça de Deus”. 1) É a justiça que Deus tem e manifesta, sendo perfeitamente consistente com tudo o que Ele mesmo é (3:5), 2) Noutros casos, é um dom que Ele dá (1:17). Nos versos 21,22, significa a justiça que Ele nos dá, enquanto que o primeiro sentido se encontra no v.25. Ambas as idéias estão unidas no v.26.* Tudo o que Cristo é e tudo o que Ele realizou em nosso benefício, compreende-se a essência da justiça divina. “O meio necessário para a justificação é a fé pessoal em Jesus Cristo como Salvador crucificado e como Senhor ressurreto (Rm 4.23-25; 10.8-13). A fé é necessária porque o fundamento meritório de nossa justificação está totalmente em Cristo. Ao nos entregarmos a Jesus, em fé, ele nos concede seu dom da justiça, de modo que no próprio ato de “fechar com Cristo” como os mais antigos mestres Reformados diziam -, recebemos o perdão e a aceitação divinos, que não podemos encontrar em nenhum outro lugar (Gl 2.15-16; 3.24)².” Irmãos, todavia precisamos atentar ao fato de que não é a fé que nos justifica; mas sim, a justiça de Cristo, sendo a fé necessária para a sua obtenção. James Buchanan nos ajuda neste raciocínio. Disse ele: “Fé é o instrumento pelo qual a justiça é adquirida. O comer é necessário para a nutrição de nossos corpos, porém o que nutre é o alimento que comemos. E de modo semelhante, a fé é necessária para receber a justiça, todavia, é a justiça de Cristo que efetivamente nos justifica”. Muitos se gloriam na fé para a salvação; porém os salvos gloriam-se no Senhor através do qual receberam a fé para a salvação, porquanto Jesus é o autor e consumador da fé (Hb 12:2). O homem sem justificação é um morto espiritualmente, logo está destituído da verdadeira fé que justifica, pois, “a fé que salva não é oferecida por Deus ao homem; é lhe conferida”. Há uma seguinte observação: “A fé salvadora, da mesma forma que o arrependimento, é o fruto da regeneração; não é um presente do homem a Deus, mas, em essência, um presente de Deus ao homem.” Podemos colocar ainda da seguinte forma: Deus opera mediante a Sua palavra a fé e o arrependimento. Atentemo-nos aos seguintes textos: “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação... de sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus... Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus... E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna... Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade...Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas. ” Irmãos, ponto pacífico, a nossa glória está no Senhor. “Porque dele e por meio dele e para ele são todas as cousas. A ele pois, a glória eternamente. Amém.” (Rm 11: 36) Graças a Deus irmãos, pois tudo na vida cristã é pela graça, do começo ao fim. “Merecíamos a condenação, mas Ele nos justificou, merecíamos o inferno, mas Ele nos livrou. Graça, absolutamente graça!” (Tomaz Germanovix) “TENDO sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5:1) “A justiça de Cristo declarada na alta corte de justiça, é nossa absolvição completa e final”. Em II Corintios 5:21 lemos: “Aquele (Cristo) que não conheceu pecado, ele (Deus) o fez pecado por nós; para que nele (em Cristo) fôssemos feitos justiça de Deus.” Irmãos e irmãs, aqui jaz a esperança do evangelho: Cristo é a nossa retidão, Ele é a nossa justiça. Aleluia! Cristo viveu a vida que Deus requer e que nenhum de nós havíamos vivido. Ele observou todos os preceitos da Lei de Deus, magnificando-a e tornando-a honrosa. Não obstante, Ele também padeceu o castigo que a Lei de Deus exigia por causa do pecado. Ele tornou-se tão completamente responsável pelo pecado como se fosse totalmente culpado por ele. Nosso amado irmão Gino Iafrancesco disse com muita propriedade: “Deus não vai cobrar de você o que aceitou cobrar do Cordeiro”. Jesus morreu como se tivesse pecado, não obstante ser reto e justo. “O qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano.” (I Pe 2:22) “O juízo justificador de Deus parece estranho, pois declarar justificados os pecadores parece ser exatamente o tipo de ação injusta praticada por um juiz, que a própria lei de Deus o proíbe (Dt 25.1; Pv 17.15). Contudo, é um julgamento justo, porque sua base é a justiça de Jesus Cristo. Como o último Adão “(1Co 15.45), agindo em nosso favor, como nosso Cabeça representativo, Cristo cumpriu a lei que nos prendia e suportou o castigo que merecíamos pela desobediência à lei e, assim, mereceu” a nossa justificação. Por isso, nossa justificação tem base justa (Rm 3.25-26; 1Jo 1.9), com a justiça de Cristo creditada em nosso favor (Rm 5.18-19).”² Assim, a justiça imputada significa o “cumprimento das exigências de um relacionamento correto com ele, apagando a culpa deles (dos que crêem) e lhes creditando justiça (Rm 3.21,22), ajudando-os assim a dedicar-se em prol daquilo que ele declara justo (Rm 6.11-13).” ³
Vejamos uma declaração final de Spurgeon sobre este ponto. Ele disse: “Oh! então, amados, pensai, pois, quão grande deve ter sido a substituição de Cristo, quando satisfez a Deus por todos os pecados de Seu povo. Porque o pecado do homem exige de Deus castigo eterno, e Deus preparou um Inferno para lançar nele todos os que morram impenitentes. Oh! meus irmãos, podeis pensar sobre qual deve ter sido a grandeza da expiação que foi feita em lugar de todos os eleitos, contemplando esta eterna aflição que Deus deveria lançar sobre nós, se Ele não a tivesse derramado sobre Cristo. Olhai! Olhai! Olhai com solene olhar através das trevas que nos separam do mundo dos espíritos, e vede aquela casa da miséria que os homens chamam Inferno! Não podeis suportar o espetáculo. Lembre-se que naquele lugar há espíritos pagando para sempre a dívida à justiça divina; mas embora alguns deles tenham estado durante os últimos quatro mil anos abrasando-se nas chamas, eles não estão mais pertos da libertação do que quando começaram; e quando dez mil vezes dez mil anos tiverem passado, continuarão sem ter feito satisfação a Deus por sua culpa, como não a tem feito até agora. E agora, podeis captar o pensamento da grandeza da mediação de vosso Salvador quando Ele pagou a vossa dívida, e a pagou de uma vez por todas; de forma que agora não há um só centavo de dívida do povo de Cristo ao seu Deus, exceto a dívida de amor. Para a justiça, o crente não deve nada; embora ele devesse originalmente tanto que nem toda a eternidade seria suficiente para o pagamento de sua dívida, todavia, num momento Cristo a pagou toda, de forma que aquele que crê está inteiramente justificado de toda culpa, e livre de todo castigo, através do que Jesus fez. Considerai, pois, quão grande foi a Sua expiação por tudo quanto Ele fez.”¹
“Sendo justificados (sendo considerados, declarados, pronunciados justos) gratuitamente pela sua graça, pela redenção (resgate) que há em Cristo Jesus. Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue..” (Rm 3:34-25ª ) Graças a Deus, Cristo se nos tornou da parte de Deus “justiça”.

3º SANTIFICAÇÃO. Irmãos e irmãs, partimos agora para a terceira benção que Cristo é para o seu povo: santificação. Tendo considerado a importância do assunto anterior, sem a qual não poderíamos ser aceitos diante de Deus, dirigimos-nos agora àquilo que é a conseqüência inevitável decorrente da justificação; a santificação. Assim como é verdade inquestionável que sem justificação não há absolutamente salvação, é igualmente verdade que sem santificação ninguém poderá ver o Senhor. “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.” (Hb 12:14) O Senhor Jesus não apenas perdoa os nossos pecados, como também nos purifica dos mesmos, pois, o pecado não é apenas uma ofensa que necessita de perdão; é uma poluição que necessita de purificação. “A justificação nos torna seguros, enquanto a santificação nos faz sãos”. Observem irmãos; não podemos fazer separação entre justificação e santificação; elas são diferenciáveis, porém, não separáveis. Lemos em Romanos 5:18 o seguinte: “Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida.” Esta expressão “que dá vida”, entendemos que é a conseqüência inevitável da justificação. O Senhor não apenas faz Sua obra “por nós”(justificação), como também faz Sua obra “em nós”(santificação). “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra (passado) a aperfeiçoará (presente contínuo) até ao dia de Jesus Cristo” (Fp 1:6) “A santificação é gradual; se ela não aumentar, é porque não está viva”, dizia Thomas Watson. O mínimo irredutível que se pode atribuir a um cristão é que ele é santo. A igreja portanto, é um agrupamento de santos. Disse o Dr. William Temple: “Ninguém é crente, se não é santo, e ninguém é santo, se não é crente”. Isto não quer dizer impecabilidade, inerrância ou perfeccionismo. Em seu sentido neotestamentário, “santo” significa “pessoa separada”, “posto à parte”, em suma, quer dizer; “povo separado por Deus para o Seu propósito”. Podemos ver esta declaração lendo a epístola de I Pedro 2:9 que diz: “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” Oswald Chambers foi muito feliz em sua colocação dizendo: “O fim destinado ao homem não é felicidade nem saúde, mas, sim, santidade. O único objetivo de Deus é a produção de santos”. “Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor” (Ef 1:4) Notem irmãos, “o apóstolo tem o cuidado de dizer-nos que é “em Cristo” que fomos escolhidos; não fomos apenas escolhidos, mas fomos escolhidos em Cristo”, disse M.Loyd-Jones. Enquanto “santidade” é o estado de ser santo, “santificação” é o processo de se tornar santo; é um processo de crescimento. Podemos ver estes dois exemplos nos seguintes textos: “Para confirmar os vossos corações, para que sejais irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso SENHOR Jesus Cristo com todos os seus santos... Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação; que vos abstenhais da prostituição” (I Ts 3:13 ; 4:3) Conforme o dicionário bíblico Ebenezer, santificação é “ato divino mediante o qual os crentes cada vez mais se amoldam à imagem de Cristo”. Um cristão anônimo refletiu com muita precisão : “Cristo vem com uma bênção em cada mão - perdão em uma e santidade na outra; ele nunca dá nenhuma delas a quem não aceitar as duas”. E John Flavel, expressou-se nos seguintes termos: “O que a saúde é para o coração, a santidade é para a alma”. Irmãos e irmãs, a verdade acerca de nossa regeneração anuncia-nos que fomos unidos em Cristo na sua morte e ressurreição. Logo, a vida que hoje temos, vivemos pela fé do Filho de Deus. Ora, “não mais eu, mas Cristo” (Gl 2:20), constitui-se a essência da vida cristã. Disto depreendemos que a santificação é mais de Cristo em nós, dia a dia, e menos de nós pelos efeitos operantes da cruz. “É necessário que ele cresça e que eu diminua. Trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também nos nossos corpos; E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na nossa carne mortal.” (Jo 3:30 ; II Co 4:10-11). “Precisamos ter como objetivo um cristianismo que, à semelhança da seiva de uma árvore, percorra todos os ramos e folhas do nosso caráter, a tudo santificando”, dizia J.C.Ryle. Penso que não há nenhuma discrepância em considerarmos o crescimento da vida cristã a partir deste ângulo, isto é, sob o patrocínio da graça de Deus, pois, se faz necessário repetirmos; tudo na vida cristã é pela graça, do princípio ao fim. Desse modo, assim como recebemos a Cristo, devemos prosseguir nele, em tudo dependentes dEle, pois sem Ele nada podemos fazer. Cristo enviou-nos o Seu Espírito para guiar-nos à toda verdade, através do qual somos santificados e transformados de glória em glória, na Sua própria imagem. “Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade. Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.” (Jo17:17 ; II Co 3:18) “A justificação é aquilo que Deus faz por nós através da pessoa de Jesus Cristo, enquanto a santificação é quase exclusivamente aquilo que Deus faz em nós, por meio do Espírito Santo...O Pai planejou, o Filho a pôs em operação e o Espírito Santo a aplica”. Graças a Deus Pai, pois Ele escolheu um povo em Cristo Jesus, a fim de serem conformados à imagem Dele pelo Espírito Santo. “Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade, para o que também vos chamou mediante o nosso evangelho, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo”(2 Ts 2:13-14). Aleluia! Cristo é a nossa santificação.

4º REDENÇÃO. Entramos agora ao último ponto de nossa reflexão: Cristo é a Redenção de Deus para o Seu povo. Esta palavra sugere-nos completa libertação. De certa forma compreende toda a obra da salvação, do princípio ao fim. Nosso irmão Romeu Borneli expressou-se assim: “A salvação abrange a regeneração do espírito, a santificação da alma e a redenção do corpo”. A redenção é uma realidade espiritual que compreende a nossa libertação por Cristo de um outro reino em que éramos cativos. Não poderíamos conhecer nenhuma graça à parte da redenção. Podemos reunir tudo o que foi exposto até aqui com este selo de autenticação da verdade: redenção. W. Stanford Reid, nos ajuda a expressar este enfoque dizendo: “Justificação e santificação são dois aspectos ou dois lados da mesma moeda da redenção divina”. Nesta expressão, “redenção”, compreendemos que se trata de nossa “libertação pelo pagamento de um resgate”. Há uma história que ilustra bem esta benção. Refere-se a uma escrava africana que seria leiloada. “Dois homens disputavam os lances para ver quem a compraria, e ambos eram homens perversos. A escrava sabia que sua vida seria miserável se ela caísse nas mãos de qualquer um deles, de forma que chorava muito. Foi quando um terceiro homem entrou na disputa. Os lances foram aumentando, até que os dois primeiros homens já não podiam mais comprá-la. Assim, ela foi comprada pelo terceiro homem. Ele imediatamente chamou um ferreiro para quebrar as correntes que a prendiam e anunciou a sua liberdade, dizendo: “não comprei você para ser uma escrava, mas para lhe dar a liberdade”. Dizendo isto, ele se foi. A moça ficou perplexa por uns dois minutos. Quando ela “voltou a si”, correu atrás do homem, declarando que dali em diante ela seria sua escrava até o dia da sua morte.” Amados, primeiramente vejam a quem pertencíamos, depois considerem o preço que fomos avaliados, considerando atentamente quem foi o nosso Resgatador e a quem pertencemos agora por direito de redenção. “O qual nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor; Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados;... E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda a tribo, e língua, e povo, e nação” (Cl 1:13-14 ; Ap 5:9) “Divino amor, tão admirável ! Requer minha alma, minha vida, meu tudo”. Em virtude do pecado, éramos escravos do império das trevas, mas Cristo veio para nos comprar, e pagou um alto preço: o seu precioso sangue. Concernente a isto, também expressou o apóstolo Pedro em sua primeira epístola: “Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, O qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós,” (I Pe 1:18-20) Agora somos escravos do Senhor Jesus Cristo. Éramos escravos de Satanás, mas Cristo nos comprou “no mercado”. Somos sua propriedade, pertencemos a Ele. Não fomos nós mesmos que nos redimimos – porque nenhum escravo pode por si mesmo se libertar (ver Jo 8:34 -36) - ; Cristo é a nossa redenção. “O qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo” (I Tm 2:6) Nosso irmão Martin Lloyd -Jones considerou: “O Senhor não veio para dizer-nos o que temos de fazer para salvar-nos; Ele veio para salvar-nos. Ser salvo é estar em Cristo; não simplesmente crer no Seu ensino, mas estar nEle, e ser participante da Sua vida, da Sua morte, do Seu sepultamento, da Sua ressurreição, da Sua ascensão”. P. T. Forsyth também foi oportuno em seu raciocínio: “Como raça, não somos nem ovelhas desviadas nem meramente pródigos errantes: somos rebeldes com armas nas mãos. Portanto, nossa suprema necessidade da parte de Deus não é a educação de nossa consciência... é a nossa redenção.” Amados irmãos, igualmente, esta redenção também tem implicância na nossa salvação futura, pois o mesmo Senhor que pagou o preço pelo Seu povo, também assegura esta salvação com eficácia até o dia de Sua volta onde a salvação estará completada. Nosso Senhor Jesus Cristo é tudo: é tanto a propiciação, como o propiciatório, também a oferta como o Sumo Sacerdote de nossa confissão, “Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.” (Hb 7:25)
“Assim, a justificação dá ao crente a garantia da sua santificação, para esperar com toda a alegria a glorificação final, onde a salvação estará realizada”. Irmãos e irmãs, resumindo tudo o que até aqui temos compartilhado, podemos afirmar indubitavelmente, que a menos que alguém receba o Filho de Deus como sua suficiência, nenhuma destas bênçãos acima poderá ser-lhe apropriada. Nas palavras de Martin Lloyd-Jones “qualquer coisa que se apresente como cristianismo, mas que não insista na absoluta e essencial necessidade de Cristo, não é cristianismo. Se Ele não for o coração, a alma e o centro, o princípio e o fim do que é oferecido como salvação, não é a salvação cristã, seja lá o que for.” Para compreendermos o propósito da salvação, precisamos de Cristo como nossa sabedoria; para sermos libertos da condenação do pecado, precisamos de Cristo como nossa justiça; para sermos santificados – pois sem santificação ninguém verá o Senhor-, precisamos de Cristo como nossa santificação; e para sermos libertos de nossa condição corporal e implicações do pecado, precisamos de Cristo como nossa redenção. “...o próprio Cristo se revela a nós como resposta a todas as exigências de Deus...Quando Cristo lhe pertence, tudo quanto se acha nEle também é seu”. Cristo é a tua suficiência?

¹ (Trecho do livro “Redenção Particular” C.H.Spurgeon, editora PES )
² (Bíblia de estudo de Genebra)
³ (Conforme dicionário bíblico Ebenezer)
* (Comentário Bíblia Vida Nova)

Levi Cândido
Barueri, 01 fevereiro de 2009

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Irmãos em Cristo Jesus.

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