sexta-feira, 3 de julho de 2009

Indo para a vida no Espírito- Arcadio Sierra Diaz

Traduzido para o Português pelos irmãos da Cidade de Alegrete-RS

Ósculo santo
Hoje, antes de começar a reunião, saudamo-nos com os irmãos que já tinham chegado, e com quase todas as irmãs nos saudamos com ósculo santo, conforme diz a Palavra de Deus em Romanos 16:16; 1 coríntios 16:20; 2 coríntios 13:12, e 1 Tessalonicenses 5:26. É uma sã recomendação do apóstolo Paulo. Claro, entre nós os latino-americanos, entre os homens não acostumamos nos saudar com ósculo, porém é um costume ancestral em muitas culturas atuais, entre elas os russos, os árabes e outras. Na Igreja, desde seus começos era uma amostra de sincera fraternidade. Em nossa saudação o ósculo é santo porque está livre de algo incoerente, de formalidade e hipocrisia; também o ósculo é santo porque vai revestido de sinceridade, sem prejuízos sociais e raciais, e desde começo se acostumava entre pessoas do mesmo sexo. De que era um costume nos tempos do Senhor Jesus, comprovamo-lo nas Escrituras com o caso do Judas Iscariote quando assinalou a identidade do Senhor lhe dando um beijo. Por isso o Senhor lhe disse: "Judas, com um beijo entrega ao Filho do Homem?" (Lc. 22:48). Isso nos mostra que era normal saudar-se de beijo entre os homens em Israel, e mais tarde sobre tudo na Igreja. Por essa razão quando Paulo diz aos romanos, aos coríntios e aos tessalonicenses: "saudai-vos os uns aos outros com ósculo santo", referia-se também à saudação entre os irmãos varões. É bem difícil que entre nós se chegue a dar este costume, por nossa arraigada tradição. O ósculo, em tanto que seja sincero e despojado de outras motivações que não seja o amor fraternal, é santo.

Um acordo do Espírito

Nestes dias o Senhor nos veio inquietando, aos que temos a responsabilidade de ensinar nas reuniões da obra, tanto das sextas-feiras como dos primeiros domingos de mês, a fim de que, sem que nos tivéssemos posto de acordo, mas sim pelo guiar do Espírito Santo, demos seqüência a um tema espiritual que o Senhor está interessado que se ensine aos irmãos. O Senhor quer algo de nós, e para isso nos quer ensinar o pertinente; quer-nos ensinar e revelar tudo o que precisamos saber e viver; mas Ele não quer que esses ensinos fiquem só no terreno da mente; se é que sequer permanecem aí.

O Senhor Jesus, em sua oração sacerdotal contida no capítulo 17 do evangelho do João, diz ao Pai: "3 E esta é a vida eterna: que conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste". O conhecer Deus e a Seu Filho Jesus Cristo transcende o mero conhecimento objetivo, embora o conhecimento objetivo seja extremamente importante; mas ali se refere o Senhor mais que tudo a um conhecimento subjetivo de Deus e de Seu Cristo, o qual necessariamente não se pode obter sem a ajuda da revelação. Uma pessoa pode ter estudo superior de teologia e divindades, e pode ter adquirido muito conhecimento objetivo, e não necessariamente subjetivo. Isso pode ocorrer; como também pode chegar o momento em que tenha ambos os conhecimentos, quanto mais avançamos no conhecimento de Deus subjetivamente, mais desejamos lhe conhecer e caminhar com Ele, e mais nos empenhamos em lhe pedir que nos encha de Seu Espírito; e nosso interesse pelos interesses do Senhor se vai acrescentando. Atreveria-me a conceituar que é como uma progressão geométrica.

Nestes dias o Senhor nos inquietou a ensinar um pouco destes tópicos, da cruz, da negação da vida do eu, da segurança da salvação, da vida de ressurreição, da crucificação do velho homem; e nos guiou à análise de alguns textos da carta de Paulo aos Romanos. Por exemplo, na sexta-feira passada, o irmão Maximino Ramírez expôs seu ensino apoiando-se nos primeiros versículos do capítulo 8 dessa epístola. Hoje abro a Bíblia e não posso apartar minha atenção desse mesmo capítulo. Então olhemos, novamente, o que nos quer seguir ensinando o Senhor nesse texto. Esse texto se converteu como em um manancial inesgotável de sabedoria e de conhecimento de Deus.

Condenação subjetiva

Leiamos, pois, em Romanos 8: "1 Agora, pois, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus". Pois bem, assim como há um conhecimento objetivo e outro subjetivo, assim também ocorre em relação à condenação. Quando aqui diz: "nenhuma condenação", esclarecemos que também há uma condenação objetiva e uma condenação subjetiva. A qual das duas se refere Paulo aqui? Se tu leres com atenção do começo da carta de Paulo aos Romanos, do versículo 1 do capítulo 1 até o versículo 20 do capítulo 3, dar-te-á conta que Paulo ali fala da condenação objetiva. Por exemplo, entre outras coisas, fala contundentemente de que os gentios estão condenados, porque são culpados ante Deus; igualmente os judeus são culpados diante de Deus, e estão condenados. O mundo inteiro é culpado ante Deus; fala de que pelas obras da lei nenhum ser humano será justificado. Diz que a lei te condena, pois você não pode cumprir a lei, de maneira que em toda a humanidade, todos os homens estão destituídos da glória de Deus.

Mas Romanos 8:1 já não se refere a essa condenação objetiva, porque aqui fala depois da regeneração do crente. Quando lemos ao final do capítulo 6 de Romanos, encontramos a seguinte afirmação: "22Mas agora que fostes libertados do pecado (já há a vida de Cristo no crente) e feitos servos de Deus (antes éramos escravos do pecado e agora somos servos do Senhor), tenheis por seu fruto a santificação, e como fim, a vida eterna. 23Porque o pagamento do pecado é a morte (isso é o que engendra o pecado), mas a dádiva (o presente imerecido) de Deus é vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor".

Se nós passássemos por cima o capítulo 7 de Romanos, indo imediatamente ao capítulo 8, depois de ler a anterior declaração, e lemos no 8: "1 Agora, pois, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus", essa condenação seria objetiva. Se não levarmos em conta o capítulo 7, a condenação de que fala o capítulo 8 seria objetiva. Mas esta condenação de que fala aqui não é objetiva, é subjetiva, porque existe o capítulo 7. O capítulo 7 da carta do Paulo aos Romanos não pode deixar de existir, porque nós quando fomos regenerados quando cremos em Cristo, ainda em nós segue existindo uma lei, dentro de nós segue uma força, aí permanece um princípio maligno que se chama pecado, e continua ativo o velho homem, enquanto não for tratado, na multidão de crentes, o qual faz que o crente possa parecer suscetível de condenação, e até possa chegar ao convencimento de que está a bordo de perder sua salvação. Por isso freqüentemente há uma luta interior no cristão, luta que Paulo descreve no capítulo 7.

Não posso fazer o bem que quero

Diz Paulo: Quero fazer o bem; com minha mente eu quero fazer o bom; mas encontro que em meus membros há uma força, uma lei, um poder que me arrasta e me obriga a fazer o que eu não quero. Aqui, neste lugar, o Senhor está falando com alguém. Aqui há alguém que precisa escutar isto. Se você for um crente, já tem uma poderosa salvação, tem um poder em ti mais forte que aquela força que te escravizou até o dia de hoje. E esse novo poder mora em ti, e mora em mim, e está ali, e quer crescer; precisa crescer e desenvolver-se; precisa abrir passo; precisa demolir o que em nós é antigo, o que arrastamos que nossa velha maneira de viver. Eu não posso fazer o bem que quero; e isso também é assim mesmo para “o melhor homem” diria o apóstolo Pedro, e todos seguimos manifestando. Quero fazer o bem e não posso. Há uma lei, uma poderosa força que me impede isso.

Irmãos, assim como há leis naturais e cósmicas, como a lei da gravidade, também há leis espirituais. O diabo mesmo se rege por leis. Como seria tudo se assim não fosse? O diabo não se move nem faz as coisas a seu capricho. Por exemplo, o diabo não podia se meter com a vida de Jó nem com a de Pedro se antes não recebesse a autorização de Deus. O diabo necessita da autorização de Deus ou a tua própria. Quando o diabo começa a te usar, é porque você está lhe abrindo alguma porta de acesso e lhe dá carta branca para que te use. O diabo não tem poder algum sobre nós os ungidos de Deus, mas dentro de nós há um princípio que ele injetou, e estará ali até que este corpo se apodreça. E por isso é que nós não podemos chegar à glória com este corpo, porque esse princípio não sai de nós até que este corpo desça ao sepulcro. Na glória teremos um corpo glorificado. Este corpo será um dia ressuscitado em glória, e no corpo glorificado não aninhará essa lei de maldade.

Então, irmãos, por esse motivo tem que existir o capítulo 7 da epístola aos Romanos; porque nós temos que nos dar conta que nós trazemos ainda em nós intrinsecamente certas forças e princípios que nos fazem mal. Mas graças ao Senhor que um dia conhecemos Cristo, e esse dia nos veio a vida eterna ; veio-nos a vida que não foi criada; chegou-nos a vida divina, que jamais vai sair de nós; e essa vida que traz o Espírito, é a vida de Deus em nós. O capítulo 8 de Romanos fala do Espírito e da vida. O tema central deste capítulo o constitui esses dois aspectos: Espírito e vida.

O Espírito é o que dá vida

Em nosso interior se travam umas lutas tremendas. No capítulo 6 do evangelho de João, o Senhor se mostra como o verdadeiro pão do céu, nosso verdadeiro alimento; e ali diz o Senhor que nós temos que nos alimentar Dele, de Sua carne e de Seu sangue, e o caso é que os mesmos que andavam com Ele se escandalizaram, e interrogaram seriamente o Senhor sobre isso. Diz a Palavra: "60 Ao ouvi-lo, muitos de seus discípulos disseram: Dura é esta palavra; quem a pode ouvir? 61 Sabiendo Jesus em si mesmo que seus discípulos murmuravam disto, disse-lhes: Isto lhes ofende? 62 Pois o que (o Senhor lhes formula uma segunda pergunta), será, pois, se virdes o Filho do Homem subir para o lugar onde primeiro estava?" Nesses momentos Seus discípulos somente viam o Senhor na carne. Ontem, sábado, quando estávamos na classe da escola da obra, o Senhor nos guiava a meditar nesse aspecto, que não devemos nos olhar na carne. Se nós continuamos nos olhando na carne, irmãos, aonde vamos chegar? Se mesmo a Cristo um dia olhamos na carne, hoje não devemos olhar mais assim. Eles, Seus discípulos, nesses momentos o estavam olhando na carne. de repente estavam imaginando uma parte da carne do Senhor, gotejando sangue, e disseram: Quem pode sequer escutar semelhante coisa? Uma coisa é estar na carne, e outra muito diferente é estar no Espírito. Por isso o Senhor lhes diz: "Que será, pois, se virdes o Filho do Homem subir para o lugar onde primeiro estava?" Então o que poderiam argumentar vocês? E Ele os explica em seguida com as seguintes palavras: "63 O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida".
É o Espírito o que dá vida; nós, assim como vamos, até estando já regenerados, não podemos dar vida, a menos que vivamos no Senhor, a menos que a vida Dele se faça realidade na nossa intimidade. O Espírito é o que dá vida; ou seja que a vida está no Espírito.

A Palavra, o Espírito e a vida

"63 O espírito é o que dá vida; a carne para nada aproveita; as palavras que vos tenho dito são espírito e são vida"; mas a vida que está no Espírito não se trata da vida biológica, nem da vida psíquica. Olhem essas três coisas: Palavra, Espírito e vida. A Palavra que vos tenho falado; está a Palavra; aqui está registrada e foi inspirada pelo Senhor. Eu quero saber o que é que o Senhor diz; quero saber o que é que o Senhor nos fala sobre este assunto. A Palavra está aqui, mas terá de se ver seu conteúdo verdadeiro através do Espírito, para que seja vida. O Espírito é o que subministra vida. Nós não podemos tomar textos bíblicos na mera carne e usá-los para ofender e dar “bibliadas”, como dizia em dias passados nosso irmão Edgar Orlando Salamanca; deve-se tomar no Espírito para que dê vida.

Por isso agora nós tomamos este texto de Romanos 8 que diz: "Agora, pois, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus (trata-se já de uma condenação subjetiva), os que não andam conforme à carne, mas conforme o Espírito". Às vezes, irmão, se você não andar no Espírito, o próprio demônio te fala e te acusa, e te faz acreditar em mentiras, e te condena. " Agora, pois, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, os que não andam conforme à carne, mas sim conforme o Espírito". Irmãos amados, olhem, a carne está aí, e estará até o momento em que nós estejamos morrendo. vamos supor que o Senhor alongue a vida de um crente, e lhe permita que viva uns cem ou cento e dez anos nesta terra; aí estará a carne. Caso não somente lhe alargue a vida, mas além disso, esse irmão tenha experimentado um crescimento espiritual extraordinário, e lhe considerem um verdadeiro patriarca em todo o sentido da palavra; aí está a carne, e a carne em qualquer momento quer fazer-se sentir. Ela somente está esperando que você lhe dê a mínima oportunidade. E por isso Paulo, depois de ilustrar o mau da autoindulgência, referindo-se aos israelitas quando vinham pelo deserto, diz: "Assim, quem pensa estar de pé, olhe que não caia" (1 CO. 10:12). por que disse isso? Porque pode cair, pois a carne está aí.

A lei do Espírito

Por isso é que no versículo 2 o apóstolo faz insistência em uma extraordinária revelação, quando diz: 2 Porque a lei do Espírito de vida em Cristo Jesus me livrou da lei do pecado e da morte". São leis que atuam em nós. Quando nós recebemos a Cristo, experimentamos um novo nascimento; isso se chama regeneração. O que é a regeneração? A regeneração consiste em que Deus por Seu Espírito vem morar em nós, e nos traz Sua natureza, a natureza divina; de maneira que desde dia em que nós cremos, temos duas naturezas: a natureza humana, onde vem morando o velho homem, que sempre estará em nós como humanos, e a natureza do novo homem, que é Cristo em nós. Mas há um detalhe. O velho homem sempre esteve em nós muito crescido, mas agora Cristo quer crescer em nós, e ultrapassar a estatura do velho homem.

Temos o caso similar de Maria de Nazaré. É um caso similar, não igual. Maria foi visitada Por Deus mediante o envio do anjo Gabriel. O anjo lhe disse: "31Conceberás em teu ventre e darás a luz um filho, e chamará seu nome Jesus. 34Então Maria disse ao anjo: Como será isto? pois não conheço varão. 35Respondendo o anjo, disse-lhe: O Espírito Santo virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra... 38Então Maria lhe disse: Eis aqui a serva do Senhor; faça-se comigo conforme a sua palavra". Quando ela pronunciou essas palavras, imediatamente autorizou a Deus, e imediatamente se produziu uma concepção sobrenatural e se iniciou a encarnação do Verbo de Deus, e aos nove meses nasceu o Filho de Deus em sua condição humana. O Verbo de Deus saiu de Maria. Mas de nós não vai sair. Maria usou sua vontade, e nós também usamos nossa vontade diante de Deus para sermos salvos. No dia em que cremos, Deus veio morar dentro de nós para jamais sair. Cristo mora em nosso espírito, e Ele quer crescer e crescer em nós, e na medida que cresce é porque em nós há algo que vai morrendo, há algo que Cristo vai deslocando, há algo que se vai demolindo, há algo que vai triturando, há algo que se vai pondo de lado; e enquanto esse velho homem, essa parte de nós não é demolida, e enquanto essa velha natureza não é destruída, não se edifica Cristo em nós, porque Ele não trabalha à força; Ele o faz conjuntamente conosco. Cristo quer que lhe digamos: Senhor, não se faça minha vontade a não ser a tua.

Duas leis que se contrapõem

Então este fato de nossa regeneração foi simultâneo ao fato de que o Espírito Santo veio e nos trouxe vida. Nesse momento nos trouxe uma nova natureza, mas também trouxe consigo uma nova lei; de maneira que agora há duas leis em nós: uma que nos escravizava e nos levava a pecado, e outra que rebate a anterior. E o caso é que a lei do pecado, sem que nos tenha escravizados agora sendo crentes, entretanto os crentes não estão isentos de suas contínuas investidas. Eu não sei como há pessoas que dizem que os crentes já não pecam. São duas leis. Ilustramos com um exemplo: existe o que se chama a lei da gravidade, mas os engenheiros aeronáuticos aperfeiçoaram outros mecanismos de força que estão contemplados na aerodinâmica, e puseram em prática uma força capaz de rebater a força de atração da gravidade, a fim de que os aviões possam levantar vôo. Vemos que a lei da gravidade sempre estará aí atraindo tudo para a terra, mas nos princípios da aerodinâmica têm descoberto força superiores a da gravidade. Quando o avião vai em vôo, não significa que não segue existindo a lei da gravidade. Se falharem os mecanismos que fazem voar o avião, este se precipita à terra.

Assim também há uma lei que escraviza ao homem sem Cristo. Os homens não se saciam com nenhuma quantidade de dinheiro nem de prazeres; os homens sempre estão procurando a felicidade além da que hipoteticamente lhes pode proporcionar os bens que possuem; e para isso não se importam em invadir os direitos de outros. O homem sempre está procurando ser feliz adquirindo mais dinheiro, alcançando mais poder, experimentando prazeres mais fortes. Não se importa mesmo que custe a vida a muita gente. Você morre para que eu viva feliz. É assim também com o que corresponde ao poder político, religioso ou econômico. Nada satisfaz ao coração do homem. O homem é um escravo, embora creia ao contrário. E essa escravidão do homem de onde sai? De sua própria natureza caída. E assim, continuamos sendo nós mesmos depois de sermos regenerados, pois seguimos com essa força maligna em nossos membros; e é por isso que quiséramos dar respostas diferentes aos irmãos, ser pacientes, e todos esses aspectos que se relacionam com o fruto do Espírito, quando a vida de Cristo já se desenvolveu em nós, quando Cristo já demoliu esse eu pretensioso e poderoso, que nos leva sempre a querer mais e mais.

As obras da carne

Quando a vida do Espírito vai se desenvolvendo, então vai se edificando um novo caráter em nós, o caráter de Deus. E por isso é que Gálatas diz, pois se trata de uma poderosa lei de Deus em nós; essa lei vai se fortalecendo em nós. Então Gálatas 5 primeiro diz: "16 Digo, pois: Andai no Espírito, e não satisfaçam os desejos da carne". Esse "andai" significa que nós também devemos operar, e não somente deixar que o faça o Senhor. Ele quer fazer, mas conosco. Às vezes eu tenho uma expressão, que não sei se gostam de muito ou não, e é que o Senhor não trabalha como se fosse um mago, pois os magos sopram e sai um coelho. O Senhor quer fazer uma transformação, uma verdadeira mudança em nós, mas precisa fazer com nossa colaboração, com nossa vontade, com nossa disposição, com nosso desejo, com nossa consagração. O Senhor precisa sentir-se autorizado para trabalhar em nós, pois Ele respeita nossa determinação. Ele quer que estejamos plenamente conscientes e reconheçamos nossa real situação espiritual. E temos a nosso favor que o próprio Espírito nos diz como andamos, a fim de que reconheçamos que andamos mau.

Por isso diz em Gálatas: "Andai no Espírito"; pois isso depende também de minha vontade; que eu queira andar no Espírito. A vida no Espírito não se manifesta nem se desenvolve sem o cumprimento de certos requisitos, e um desses requisitos é andar no Espírito; outros são: negar a nós mesmos e tomar nossa cruz. Também diz: "e não satisfaçam os desejos da carne", porque já temos uma luz em nós que nos esclarece quais são os desejos de nossa carne; e às vezes somos teimosos e obstinados, como Balaão. Se o Senhor está nos dizendo: "Não, não o faça", nós tratamos de insistir com o Senhor, lhe dizendo que tal proceder nosso é bom e desejável, e até conveniente. Mas o Senhor nos segue dizendo: "Não, não o faça". Nós não andamos em trevas. Quando obedecemos ao Senhor, chega o momento em que vemos que o Senhor tinha a razão, pois o Senhor sabe tudo e quer o melhor para nós. Por isso diz a Palavra: "Andai no Espírito, e não satisfaçam os desejos da carne. 17Porque o desejo da carne é contra o Espírito, e o do Espírito é contra a carne; e estes (o Espírito e a carne) porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer".

As obras boas da carne

Eu lhes pergunto, irmãos: A carne faz coisas boas? (A maioria responde que a carne não faz coisas boas) claro que sim; a carne faz coisas boas, e às vezes muito boas. Olhem, irmãos, tenhamos em conta que Adão e Eva comeram de uma árvore cujo fruto introduziu no homem o conhecimento do bem e do mal. Muitas pessoas no mundo querem fazer o bem; e de fato há muitas pessoas no mundo que são "boas", embora saibamos que ninguém é bom a não ser Deus (cfr. Lucas 18:19); mas há pessoas, sobre tudo as pessoas religiosas, que fazem ações boas, que são amáveis, que são relativamente pacientes, que são dadivosas e altruístas, que visitam os detentos e aos doentes, que consolam, que às vezes têm bons conselhos; mas esse tipo de ações boas não " o conformam à imagem de" Deus, porque pra Deus não serve nada que tenha sua origem na carne, nem bom nem mau. Todo o bom ou mau que façamos sem Deus e Seu Cristo, não serve a Deus. A carne não entende a Deus, e por trás de toda obra da carne aninham sentimentos egoístas e mesquinhos, por mais que transpareça aparência de bondade. Há pessoas que são amáveis antes de conhecer o senhor; há outras que são pacientes antes de conhecer senhor, mas essa amabilidade e essa paciência, e inclusive outras virtudes dignas de elogio, não têm origem em Deus, a não ser na árvore do conhecimento do bem e do mal; então são manifestações da carne. Algumas pessoas pensam que Deus às vezes salva porque alguém é bom. Esse é um engano. Deus não salva a ninguém porque seja bom; Deus salva a alguém porque é mau.

Repetimos o citado em Gálatas: "Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer". A carne não pode conhecer a Deus; a carne não pode entender a Deus, a carne não pode escutar a Deus, a carne carece dos princípios, o poder e a suficiente luz para fazê-lo. Por isso é que a lei não nos serve, não pode nos salvar, devido a que a carne é débil, e nenhuma carne pode cumprir a lei. Se nós cumprirmos a lei, irmãos, é porque o Senhor mora em nós, e Ele a cumpre em nós na medida em que se desenvolve subjetivamente a vida de Deus em nós.

O fruto do Espírito

No mesmo capítulo 5 do Gálatas lemos sobre o fruto de quando já andamos no Espírito. Depois que o apóstolo proporciona uma lista das obras da carne, logo diz: "22Mas o fruto do Espírito é amor (que bom que nos saudemos com um beijo saturado com este amor, sincero, grato: quando é fruto do Espírito, esse amor não troca), gozo, paz (como diz o Senhor: Não como a dá o mundo), paciência (no mundo às pessoas lhe esgota a paciência. Me esgotou a paciência contigo. Será essa paciência de Deus? O Senhor diz que devemos perdoar não só três ou quatro vezes, mas sempre. Diz que setenta vezes sete. E às vezes nós, até sendo cristãos, não queremos perdoar nem duas vezes. Irmãos, não atiremos a toalha em relação ao perdão. Sim, há irmãos que são um pouco atravessados, mas estejamos dispostos a ter paciência; há irmãos insofríveis, mas terá que sofrê-los, terá que amá-los e lhes dar também um beijo santo Há uma palavra para traduzir paciência, que é longanimidade, que é a grandeza e perseverança de ânimo nas adversidades; benignidade, clemência, generosidade. Longanimidade em grego é makrothumia, de makros, comprido; thumos, temperamento ; quer dizer, largueza de ânimo), benignidade, bondade, fé, 23mansidão, moderação; contra tais coisas não há lei (quem anda no Espírito já está cumprindo a lei, sem que essa seja sua preocupação). 24Mas os que são de Cristo crucificaram a carne com suas paixões e desejos. 25Se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito. 26Não nos façamos vangloriosos, nos irritando uns aos outros, nos invejando uns dos outros".

Em semelhança de carne de pecado

Voltemos para capítulo 8 da carta do Paulo aos Romanos, onde diz: "2Porque a lei do Espírito (é uma lei; entra a vida de Deus em nós e nos traz essa lei poderosa, de vida. Há uma lei em nós que se chama lei do pecado e da morte, e Deus nos proporciona a lei do Espírito de vida. Uma é de morte, e a de Deus é de vida e é mais poderosa) de vida em Cristo Jesus me livrou da lei do pecado e da morte". Nos manuscritos mais antigos desta carta diz: "livrou-te"; e há outros manuscritos que dizem "livrou-nos", mas a versão Reina-valera 1960 diz: "Me tem livrado da lei do pecado e da morte. 3Porque o que era impossível para a lei, por quanto era fraco pela carne, Deus, enviando a seu Filho em semelhança de carne de pecado" (não em carne de pecado, a não ser em semelhança; Cristo não fez pecado) e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado". Isso em semelhança do que? Como é isso? Como se explica essa semelhança?

Recordemos no capítulo 21 do livro de Números, o caso das serpentes ardentes, quando os filhos de Israel murmuraram contra Deus e contra Moisés, e muitos se desanimaram pelo caminho. Ante aquela falação Deus permitiu que serpentes ardentes mordessem ao povo. Ante aquilo, o povo veio à Moisés, e Moisés orou a Deus a respeito. E o Senhor disse a Moisés que se fizesse uma serpente de bronze e a levantasse em uma haste, para que todo aquele que fora picado por uma serpente venenosa, elevasse sua vista e olhasse a essa serpente de bronze a fim de que se pudessem salvar. Essa serpente não era uma serpente, era de bronze, era uma serpente de julgamento, mas tinha a semelhança das serpentes ardentes do deserto, e carecia do veneno dessas serpentes. Cristo veio em semelhança de carne de pecado, mas não tinha o veneno do pecado; Ele não nasceu com essa lei, com essa força escravizante; então Ele pôde morrer por nós e condenar ao pecado na carne; a essa lei a condenou na cruz; e por isso o Espírito de Cristo rebate essa lei.

Segue dizendo Paulo: 4 Para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos conforme à carne, a não ser conforme ao Espírito". A lei é justa, mas não podia nos ajudar para nada; ao contrário, condenava-nos. Mas agora sim pode ser cumprida por aqueles que não andam conforme à lei, e sim conforme o Espírito. Então, depois do capítulo 7, dá por fato que sim se pode. Se virem a importância do capítulo 7? O capítulo 7 de Romanos é muito importante porque agora a Palavra dá por feito que já não andamos conforme à carne, e sim conforme o Espírito. Isso deve ser o normal em todo crente, que já não ande conforme à carne, mas sim conforme o Espírito. A carne fez, a carne se assenhoreou, a carne nos escravizou. Quantas vezes ofendemos ao Senhor! Mas já é hora, irmãos, em que a carne não se faça sentir. Já é o tempo do espiritual. Já é o tempo da vida no Espírito. Nós temos luz é com o Espírito. Nós só podemos ter revelação com o Espírito. Nós podemos conhecer cristo somente pelo Espírito.

Em Deus não há trevas

Como diz a Palavra de Deus no capítulo 1 da primeira carta de João, quando diz: "5Esta é a mensagem que ouvimos Dele (de Cristo), e lhes anunciamos: Deus é luz, e não há nenhuma trevas nele". Conosco se estiveram congregando algumas pessoas muito preciosas, mas a verdade é, eu não sei o motivo pelo qual, nos abandonaram e hoje estão militando na seita chamada "crescendo em graça". O que lhes aconteceu? Que não viram o corpo de Cristo, e por motivos carnais preferiram cortar com a comunhão com os irmãos, e paulatinamente se foram cobrindo de um véu de trevas que não os deixava ver a verdade de Cristo e de Sua Palavra; e o que é pior, já neste mesmo mês de março (2007), segundo as notícias aparecidas por Televisão, lhes vão impor a marca do 666. E algumas vezes louvaram ao Senhor conosco.

Então, para viver e poder ver as coisas, tem que ter luz. Um cego precisa se guiar com um bastão, ou de um cão guia de cegos, ou de alguém que o ajude em determinado momento. Um cego, por mais experiente e douto que esteja, se for atravessar uma avenida, se for prudente pergunta se já pode passar. Por isso diz: "Deus é luz, e não há nenhuma trevas nele. 6 Se dizemos que temos comunhão com ele, e andamos em trevas, mentimos, e não praticamos a verdade; (mas o mais importante é o que vem agora) 7 mas se andarmos na luz, como ele está na luz...". Deus está na luz e Ele vive em nós com toda Sua luz. O mesmo que nasceu um dia do ventre de Maria, agora vive dentro de nós, quer crescer em nós e nós nele; Ele quer caminhar com nossos pés, e olhar com nossos olhos, e falar com nossa boca, e amar com nosso coração, ouvir com nossos ouvidos; Ele quer fazê-lo, anseia-o; suplica-nos isso, se é que se pode dizer essa palavra. "Rogo-lhes pelas misericórdias de Deus", diz Paulo. "Não vos conformeis a este século"; não nos conformemos, diz o Senhor nesta hora. O primeira coisa que o Senhor trabalha em nós é a mente. A parte que leva a primazia na alma é a mente, e é o primeiro que o Senhor quer e precisa transformar em nós, para que recebamos Sua luz inefável. Ele quer encher de Sua luz a nossa mente transformada. Se não houver luz em nós, somos fáceis presa do engano de outros e até do engano de nós mesmos, de nossos caprichos e as sutilezas de nossas ilusões. Somos tolos; não vemos a luz de Deus. Não queremos vê-la. Quando a vamos ver e nos deixar guiar por Ele? Quando deixaremos de jogar à religião?

Se o Espírito viver em nós, se o Espírito nos iluminar, se o Espírito nos der Sua luz, então ninguém tem que ensinar a mim o que Deus me quer falar, diz aqui nesta carta. Diz João nesta carta que o próprio Espírito, a unção que mora em ti, diz-lhe isso, ensina-lhe isso, você é guiado a fazer as coisas que agradam a Deus, o que te beneficia, o que Deus quer contigo. Por que há necessidade de lhe estarem dizendo todo o tempo por onde têm que caminhar e o que têm que fazer? Quando vão amadurecer e escutar a voz de Deus? O próprio Espírito vai dizendo qual é o caminho mais seguro que Ele quer que nós sigamos, e nos avisa se houver um abismo. É incrível, irmãos, os anos que levamos, e ainda estamos onde estamos, em um estado espiritual que deixa a desejar.

As trevas separam aos crentes

Logo diz João: "7 Mas se andarmos na luz, como ele está na luz, (Ele está na luz e nos trouxe essa luz ) temos comunhão uns com outros, e o sangue de Jesus Cristo seu Filho nos limpa de todo pecado". Olho a isso: se andarmos nessa luz, temos comunhão uns com outros; a escuridão nos separa. Se nós não andarmos na luz de Deus, não podemos ter comunhão entre nós. As trevas espirituais forjam as seitas e as divisões na Igreja de Jesus Cristo. Por que proliferam as denominações religiosas? A luz de Deus nos mostra nossa própria situação espiritual. A luz de Deus me pode mostrar a situação de outra pessoa pelo discernimento, e por alguma razão muito importante e particular, primeiro me mostra minha própria situação frente a Ele. E é pelo que devo me preocupar, por minha própria situação diante Dele. Para que vou me preocupar e trabalhar em excesso pela situação espiritual de outros se descuidar a minha? Que as mostre o Senhor mesmo também a eles. O Senhor está empenhado em que tenhamos um mesmo sentir, uma mesma fé, que vivamos unânimes. Deus quer que tenhamos a mesma moderação e vivamos nós na mesma fé e na mesma bondade., "porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que foi dado" (Ro. 5:5). Ele derramou Seu amor sobre nós e Sua paz por meio de Seu Espírito. Já temos a paz que o Senhor nos deu, não a que o mundo pretende ter às vezes; vivamos com essa paz, vamos dar também essa paz do Senhor ao irmão enquanto lhe damos um ósculo santo e sincero, de amor.

"Mas se andarmos na luz, como ele está na luz, temos comunhão uns com outros, e o sangue do Jesus Cristo seu Filho nos limpa de todo pecado"; porque a luz de Deus me mostra constantemente o que há em mim de sujo; e vou diante de Deus, e lhe digo: Pai, venho diante de ti para te confessar meu pecado, te pedindo que me perdoe e que o sangue de seu Filho me limpe.

Voltamos para capítulo 8 de Romanos. Ali diz: "5 Porque os que são da carne pensam nas coisas da carne; mas os que são do Espírito, nas coisas do Espírito". São duas naturezas, a humana e a divina; são duas leis, a do pecado e dá a morte, e a lei do Espírito de Vida em Cristo; são dois homens, o velho homem, herdado de Adão, e o novo homem, Cristo em nós. Qual é o mais importante? O novo, Cristo em nós, esperança de glória. Cristo derramou Seu sangue por nós, e Seu Espírito nos colocou dentro do novo homem, essa nova criação. "6Porque o ocupar-se da carne é morte, mas o ocupar do Espírito é vida e paz. 7Por quanto os intuitos da carne são inimizade contra Deus; porque não se sujeitam à lei de Deus, nem tampouco podem; 8 e os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus".

Eu acredito que é bom seguir estudando a carta de Paulo aos Romanos, e que continuemos procurando essas profundidades de Deus que tanto necessitamos nestes tempos.

Façamos o Homem... Gino Iafrancesco.

“FAÇAMOS O HOMEM A NOSSA IMAGEM,CONFORME A NOSSA SEMELHANÇA”

Por: Gino Iafrancesco.

Traduzido para o Português pelos irmãos da cidade de Alegrete-RS

Oração
Querido Pai, agradecemos porque nos permitiste chegar até aqui; E como nos ensinaste, Senhor! Tu queres que sigamos tomados por Sua mão, para que possamos caminhar o que resta, em estreita união contigo, em comunhão contigo. Nós, Senhor, entregamos em Suas mãos toda nossa incompetência, e a deixamos aí, confiados a Tua infinita graça. Pedimos-lhe que nos conceda te seguir no espírito; ajudando-nos a todos para que possamos estar atentos a Sua própria pessoa; sim, que possamos estar atentos a Ti, e que Tu nos possa ajudar; Ensina-nos a deixarmos ajudar. Oramos no nome do Senhor Jesus. Amém.


Grão cheio na espiga

Inicialmente estaríamos tomando alguns versos da Palavra, de diferentes lugares, posto que toda a Palavra do Senhor está inter-relacionada. Então começaríamos com uma parábola que aparece exclusivamente no evangelho de Marcos, e que nos ajuda a ter uma visão panorâmica. encontra-se no capitulo quatro do evangelho de Marcos. Só Marcos a menciona; mas logicamente que seu conteúdo espiritual está ao longo de toda a palavra de Deus. Então vamos ler ali do verso 26 do capítulo quatro inicialmente. Marcos; capitulo quatro; vamos lendo do verso 26 até o 29.
"Dizia, além disso…"; tinha que completar o conselho de Deus; por isso Ele diz também: ”além disso,"; sempre precisamos ter em conta os "além disso" do Senhor; são estes "além disso" os que completam o quadro, os que nos dão a plenitude, os que nos dão o equilíbrio.
"Disse ainda: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse a semente à terra;
27 depois, dormisse e se levantasse, de noite e de dia, e a semente germinasse e crescesse, não sabendo ele como.
." Assim é o reino de Deus: como um homem, e esse homem tem uma semente, e essa semente tem a capacidade de brotar durante a noite, não se sabe como; mas brota e cresce sem que ele saiba como. V28."A terra por si mesma frutifica…". A terra está programada para isto, graças a Deus; " primeiro a erva, depois, a espiga, e, por fim, o grão cheio na espiga.
29 E, quando o fruto já está maduro, logo se lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa."
A ceifa chega quando o fruto está amadurecido; esse é o tempo da ceifa. O tempo da ceifa não é um tempo cronológico, mas sim é um tempo “kairòs”. A palavra “cronos” se refere ao tempo externo, refere-se ao tempo dos segundos, dos minutos, das horas, dos dias, das semanas, dos meses, dos anos, dos milênios. Mas “kairòs” se refere ao tempo da maturação. "Maturação" é quando as coisas chegaram a seu ponto; e esse é o tempo que Deus está esperando; esse é o “kairòs” de Deus.
O Senhor comparou o reino dos céus com figuras do mundo vegetal, também com figuras do mundo animal, como os peixes, como as ovelhas, e com figuras do mundo mineral, como as pedras preciosas, como elas se formam. E aqui Ele toma o mundo vegetal; e do mundo vegetal aprendemos uma analogia, uma parábola sobre o reino de Deus espiritual.
Há um “kairòs”; e esse “kairòs” se dará; a semente que foi plantada produzirá o efeito do fruto em seu “kairòs", isso graças a Deus, não faltará; graças a Deus que podemos olhar a aquela palavra que saiu da boca de Deus, a qual tem o poder de realizar, como cantávamos aqui, "o que Ele se propôs quando a enviou". É bom, então, que olhemos um pouco à semente que foi plantada, para ver qual é a colheita que será colhida. Podemos dizer com toda certeza que haverá uma colheita, que Deus recolherá a colheita do que plantou. Essa é uma coisa que Deus disse que faria; é algo que decidiu a Santa Trindade em Seu conselho eterno; e portanto, queira Deus que nós sejamos testemunhas do cumprimento, oxalá muito em breve, disto.
Para ver a semente seria bom, então agora, irmos ao livro da Gênese; vamos entender um pouquinho esta semente; são coisas que os irmãos, eu acredito que a maioria, já entendem; e estamos expondo uma vez mais, na presença do Senhor, a Sua palavra, à luz de Seu espírito, para que Ele mesmo vivifique nosso espírito, nutra-nos e fortaleça-nos, crescendo em nós essa palavra.

Façamos

Em Gêneses, capitulo um, no verso 26, ali está a semente que Deus semeou no princípio e tem que colher no âmbito do reino de Deus; aqui estão ditas as palavras de outra maneira; mas no fundo se trata de algo igual; trata-se da mesma coisa virtualmente. Então, vamos ler aqui: "Então…", já depois de que tinha preparado todo o resto; "Então…"; para esse “então” era que apontava o Senhor; "…disse Deus:", Elohim; diz aqui a palavra "Elohim": Deus, com essa terminação plural hebraica "im" implicando a Trindade; aqui fala Deus em Trindade; e o segue fazendo durante todo o verso: "façamos…"; já temos feito muitas coisas; mas antes de ficar satisfeitos, antes de nos pôr a descansar, façamos algo especial; "façamos…"; o Pai faz Sua parte, o Filho faz Sua parte, o Espírito Santo faz Sua parte; e esse é um propósito de Deus. Deus já sabia que viria a queda; já havia diabo, ou haveria diabo. Claro que aqui, quando disse "façamos", está se referindo a uma decisão eterna. antes de haver diabo, esta decisão já estava no coração de Deus; mas logicamente que Deus começou a fazer ao homem depois de que já havia diabo, depois de que já havia rebelião, depois de que já havia uma tenaz oposição a Deus. E é que a Deus nunca preocupa nenhum tipo de oposição. E disse assim dessa maneira: "façamos…".
De maneira que Deus segue fazendo isto; porque, quando Ele começou, Ele não terminou de fazer tudo o que disse: "façamos…"; quando disse: "façamos…", Ele pensou em um pouco mais completo que o que chegou a começar a acontecer quando Adão e Eva foram criados e colocados no jardim do Éden. Quando Adão e Eva foram colocados no jardim do Éden, Deus começou a fazer, e fez, mas não terminou de fazer, porque antes de que o plano se cumprisse com o homem, com este primeiro casal, e com os filhos deste casal, que encheriam toda a terra, houve uma oposição que Deus já conhecia; mas Deus já havia dito antes: "façamos…"; já o havia dito Deus; portanto, apesar da terrível oposição de Satanás, o Senhor continuou trabalhando. Ele descansou do trabalho da criação; mas como houve uma queda, então houve também um trabalho de redenção; e por isso o Senhor Jesus disse: "meu Pai até agora trabalha e Eu trabalho".
Quanto à criação, já esse trabalho foi terminado, já o Senhor descansou desse primeiro trabalho; descansou no sétimo dia; mas agora, quando apenas estava começando esse sétimo dia, o que o homem tinha chegado a ser, mas sem que o homem ainda alcançasse o que estava em Seu coração, veio esse acidente já previsto Por Deus. E esse acidente não frustrou a Deus; esse acidente era conhecido de antemão Por Deus; Deus o permitiu com um fim, porque Deus, quando toma uma decisão, fá-lo com muita sabedoria, e sempre o faz conforme o Seu caráter, e o faz para um bem. Então, sim, Ele permitiu que se rebelasse Lúcifer; Ele não o fez rebelar-se; Lúcifer se rebelou sozinho; mas Deus já sabia e o permitiu. Deus permitiu a queda da terceira parte dos anjos; permitiu a introdução do mal no céu e na terra; Deus permitiu a queda do homem. Tudo isso o fez Deus com um propósito.
Todo esse acidente, que foi previsto Por Deus, em nada trocaria a decisão de Deus quando disse: "façamos…". Pelo contrário; agora a coisa ficou mais interessante; agora vai se ver quem é Deus. Se não haver oposição, e se essa oposição não é terrível, e se o mal não é tão terrível, então não conheceríamos Deus. Só Deus é capaz de admitir uma oposição tão terrível, e que chegue a haver uma condição tão terrível; porque Ele é Deus. Não há oposição para com Deus. Não existe o dualismo. Nós temos oposição, e o diabo odeia a Deus; mas como não lhe pode fazer nada, propôs-se a danificar a nós. Mas assim como o diabo se proporia nos danificar a nós, o Senhor se propôs antes nos fazer até o final. Ele disse: "façamos…", e começou a fazê-lo, e continuou agora, depois da queda, nos fazendo; e nisto é que Deus nosso Pai, Seu Filho Jesus Cristo e o Espírito Santo estão ocupados; nisto é no que eles estão ocupados; esta é a principal ocupação do universo, a ocupação de Deus; as demais são subsidiárias, mas este é o assunto que está acontecendo: "façamos…".

Far-lhe- ei

antes de terminar de ler aqui no capitulo um, verso 26, em "façamos", vamos ver esse mesmo façamos no capitulo dois. No capitulo dois diz o verso 18:"E disse Yahvé Elohim (Jehová Deus): não é bom que o homem esteja sozinho; far-lhe-ei…"; esta é outra vez em que Deus faz; "…far-lhe-ei auxiliadora idônea"; OH!, quando a gente vê uma pobre costela, a gente diz: mas o que pode sair desse pedaço de osso? isso somos nós, um pedaço de osso desprendido, verdade?; mas Deus disse; "far-lhe-ei…"; com isso, com esse pedaço de osso, "far-lhe-ei auxiliadora idônea"; far-lhe-ei; isto foi o que o Pai disse que faria, e isso é o que o Pai esteve fazendo. Porque, claro, nós sabemos que Adão e Eva, quem foi este homem e esta mulher do capítulo dois, são figura de Cristo e a Igreja, como se diz em Romanos 5, que Adão é figura de que tinha que vir; assim temos que ler estas frases com certo cuidado; não estamos somente lendo uma história do passado, embora seja sim algo histórico; Adão é o primeiro homem histórico; se não tivesse havido um primeiro homem histórico, não haveriam outros; mas se estamos aqui, é porque houve um primeiro que foi ele, e houve uma primeira que foi ela. Mas quando diz a Escritura, pelo conselho íntegro de Deus, pelo Espírito Santo, que foi dando esses presentinhos ao apóstolo Paulo de poder ver ali essa figura de Cristo e a Igreja, e por isso ele sempre que fala de Cristo e a Igreja, fala em relação com o homem e a mulher: diz em Efésios 5: “por isso…”; vem falando de Cristo e a Igreja; "por isso o homem deixará a seu pai e a sua mãe, e se unirá a sua mulher, e serão os dois uma só carne; mas eu digo isto a respeito de Cristo e da Igreja"; ou seja que Paulo estava vendo algo mais que somente um assunto natural; não estava vendo somente ao Adão, mas sim, através de Adão, Deus estava projetando a figura de Cristo; e através de Eva estava projetando a figura da Igreja; portanto, quando Deus disse: "Não é bom que o homem esteja sozinho…", ai!, que ocorrência teve nosso Deus. Nós dizemos, em vista do que nós somos, em que confusão se meteu Deus!, em que confusão se meteu conosco!; especialmente comigo, e com alguns de vocês; mas Ele disse: “façamos…”, e está fazendo; E disse: "far-lhe-ei…", e lhe está fazendo; amém? E o que disse que ia fazer, é uma coisa imensamente gloriosa; "far-lhe-ei auxiliadora idônea". Que ele possa dizer dela: "Esta é como eu"; e isso é o que Ele vai dizer: esta é como eu. Ele vai se apresentar uma Igreja gloriosa, sem mancha e sem ruga, porque Ele disse: “façamos…”, e isso é o que O Pai, o Filho e o Espírito Santo estão fazendo; isso é o que Yahvè Elohim se comprometeu a fazer, e envolveu todo Seu poder, todo Seu carinho, toda Sua valentia, toda Sua qualidade divina em fazer isto; e em fazê-lo com esse pedaço de osso; fazer com o que não é, para desfazer o que é.

Ao homem

Então, voltemos ali de novo ao capítulo um, à segunda expressão; "façamos ao homem…". Aquela semente, daquela parábola, o Senhor Jesus, o Filho do homem, o protótipo do homem, do novo homem, o corpo de Cristo que seria o homem que cumpriria o objetivo de Deus, quando disse: "façamos ao homem". Não disse: "façamos um homem"; não disse: "façamos ao primeiro dos homens; vamos fazer ao marido da Eva". Claro, isso está incluído, e ela nele; mas Ele disse: "façamos AO homem"; ou seja, não está se referindo só ao primeiro; mas sim está se referindo ao gênero humano; está se referindo ao homem corporativo; "façamos ao homem…"; isso é o que Deus quis fazer, e isso é o que Deus está fazendo; e o homem, esse homem corporativo, é a auxiliadora idônea de Seu Filho amado; e Seu Filho amado é o protótipo do homem; e não só o protótipo como algo externo, senão o protótipo como conteúdo do homem, para fazer ao homem à Sua imagem.

A nossa imagem

Então diz aqui, façamos ao homem; outra vez fala no plural; o Pai, o Filho e o Espírito Santo; "…a nossa…". Embora na divindade o Filho somente é a imagem, o Pai e o Espírito Santo com o Filho dizem: "nossa imagem"; porque o Pai, que não é a imagem, mas sim o Filho é a imagem, o Pai se sente representado perfeitamente nessa imagem a qual é Seu Filho; tudo o que o Filho é, o Pai o é; digamos nós, falando logicamente, não ontologicamente, porque na Trindade não há primeiro, pois o Deus trino no sentido cronológico e ontológico é eterno; mas na subsistência do Filho, este aparece como Unigênito do Pai, e o Pai aparece como Pai do Unigênito; mas o Pai se sente representado no Filho; Ele diz: "Filho, se te vêem a ti, vêem a mim; se conhecerem a ti, conhecerão a mim; se receberem a ti, recebem-me ; se honrarem a ti, honram-me ; porque eu quero que toda minha plenitude more em ti; todo o meu é teu, e todo o teu é meu". portanto, o Pai se sente perfeitamente representado no Filho; e isso é o que significa a palavra imagem.

Caráter

No Novo Testamento aparece a palavra “imagem” várias vezes; e entre essas vezes, algumas delas as usa Paulo, se não atribuímos a carta aos Hebreus a Paulo; eu a atribuo a Lucas; mas as outras vezes, em Segunda aos Coríntios 4:4, em Colossenses 1:15, Paulo aparece usando em grego a palavra “imagem”, que logo utiliza também a epístola aos Hebreus, igualmente como imagem. A palavra “imagem”, no idioma grego, é "caráter"; a imagem é o caráter. Assim como às letras de uma máquina de escrever também são chamadas de “caracteres”, que são a exata reprodução ou representação; isso é o que está incluído na palavra “caráter”; está incluído o sentido de representação fiel. Uma representação que possa ser reconhecida pelo Pai. nós sabemos que o Pai reconheceu a representação do que fez Seu Filho; "Este é meu Filho amado, no qual eu tenho contentamento; a ele ouvis"; e Jesus dizia: "as palavras que eu lhes falo, não as falo por minha própria conta, mas o que me enviou me deu mandamento do que tenho que dizer e do que fazer". Ele vivia em estreita comunhão com o Pai, conhecendo-o em Seu íntimo, para poder representá-lo fielmente, sem exagerar, sem desequilíbrio, sem acréscimos, sem carências, sem uma representação infiel. O Filho é a imagem do Deus invisível. quem viu ao Filho, viu ao Pai; o Pai é conhecido no Filho; o Filho representa, canaliza, colabora, faz tudo junto com o Pai, e não só junto, mas sim como Ele disse também, Igual ao Pai. Ou seja, como se diz na Escritura: “o Filho ama ao Pai”; e como o Pai ama ao Filho, então, porque o ama, mostra-lhe as coisas que Ele faz, para que o Filho as faça com Ele igualmente. Deus, porque ama, mostra. Disse também: acaso vou ocultar a Abraão meu amigo o que vou fazer?; se for meu amigo, como vou ficar calado com meu amigo?, acaso não vou conversar com meu amigo das coisas que estou pensando fazer? Deus faz isso; Ele mostra aos que Ele ama. O Pai ama ao Filho, e lhe mostra as coisas que o Pai faz, para que o Filho as faça igualmente. Igualmente quer dizer: em estreita comunhão com Ele, e em representação de; ou seja, o Pai é o que faz com o Filho, no Filho, pelo Filho e para o Filho também todas as coisas. Então; isso o que quer dizer “igualmente”. O Pai envolve ao Filho em todas as coisas que Ele faz.
Em Provérbios 8, aparece o Filho chamado como o arquiteto do Pai, especialmente em algumas traduções; especialmente em português, quando fala a Sabedoria Divina que é o Verbo divino, ali diz: "era eu seu arquiteto diante Dele,… e comigo tinha suas delícias", desde antes da fundação do mundo; e na fundação do mundo o Filho está diante do Pai, e o Pai o está fazendo tudo com o Filho; e o Pai e o Filho o estão fazendo tudo mediante o Espírito do Pai e do Filho. O Espírito contém e é a comunhão do Pai e do Filho; Ele é o agente que nos comunica o que Deus é, e o que aplica o que Deus faz. O Pai faz tudo pelo Filho, e o Pai e o Filho fazem tudo com o Espírito Santo, que é Espírito do Pai e do Filho, e é o Espírito que ontologicamente, metafisicamente, teologicamente provém do Pai e do Filho. O Pai é o Amante, o Filho é o Amado que também ama, e o Pai, por isso, também é amado; e o Espírito é o Amor eterno compartilhado e pleno do Pai e o Filho; o Espírito contém e é o Amor do Pai e o Filho; por isso o Espírito é chamado: o Espírito do Pai; e é chamado também de : o Espírito do Filho. Em Mateus o Senhor Jesus lhe chamou: "o Espírito de seu Pai"; e em Gálatas Paulo disse que "Deus deu em nossos corações o Espírito de Seu Filho"; Espírito do Pai e Espírito de Seu Filho. O Espírito, que provém do Pai e do Filho, é a Subsistência Divina procedente da comunhão íntima e eterna do Pai e o Filho. Por isso é que é por meio do Espírito que nós somos introduzidos no Filho e no Pai e no corpo de Cristo.

Imagem e semelhança

"Façamos ao homem a nossa imagem, conforme a nossa semelhança…"; imagem, tem, pois, que ver com representação; e semelhança tem que ver com companheirismo, tem que ver com afinidade, tem que ver tendo um mesmo sentido, um mesmo propósito, um mesmo espírito, um mesmo caráter; tudo isso está comprometido na semelhança; essas duas coisas têm que estar juntas; para que possa haver representação, tem que haver semelhança; se não haver semelhança, como vai haver representação? Então, por isso é que o Filho conhece o Pai, contém ao Pai, conhece-o intimamente, concorda com Ele, é um com Ele, não somente em essência; porque eles têm e são a mesma essência, porque são um mesmo Deus; mas como pessoas também são um moralmente, também são um em propósito, como dizem as testemunhas de Jeová; eles dizem sozinho a parte de que são um em propósito, mas dizem que não em essência; mas é nas duas coisas, tanto em essência como em propósito.
Há uma relação tão estreita entre o Pai e o Filho e que é o Espírito, a qual é o protótipo do que ocorreu a Deus fazer da Igreja, que é o novo homem, ou o homem que Ele se propôs. Quando Ele disse: "façamos ao homem…", Deus sabia que muitos homens não chegariam a ser homens no sentido próprio e pleno das possibilidades da raça; somente a Igreja chegará a ser o homem que Deus tinha planejado quando disse: "façamos ao homem…". Ele já conhecia de antemão, desde antes da fundação do mundo, que a Igreja é o homem que Ele conhecia e no que Ele pensava quando disse: “façamos ao homem a nossa imagem, conforme a nossa semelhança”.

Em função do Filho

Então, fixem-se em que pelo fato de ser humano, e muito mais, pelo fato de ser a Igreja, nosso ser está totalmente criado em função da relação íntima com o Senhor Jesus. Nós somos criados a Sua imagem, porque quando Ele disse: “façamos ao homem a nossa imagem…”, a imagem de Deus é o Filho de Deus, como ensina Paulo. Paulo diz em Segunda aos Coríntios 4:4: "…Cristo, o qual é a imagem de Deus". Quando Deus pensou no homem, pensou-o em estreita relação com Cristo; ao não estar em estreita relação com Cristo, o homem já não é o homem normal; é um velho homem, é um sub-homem, é uma degeneração, uma degradação; nunca se realizará o homem em si mesmo. O homem só se pode realizar em estreita e íntima relação com Deus o Pai, no Filho de Deus, e pelo Espírito de Deus; por isso o homem sempre estará insatisfeito, sempre terá essa melancolia do sem-sentido, do absurdo corroendo, enquanto não esteja em comunhão, como uma esposa, lhe ajudando idoneamente ao Filho de Deus; o homem não terá sentido, o homem será um absurdo, se não estiver em comunhão com o Senhor, vivendo-o e representando-o idoneamente; sempre haverá uma falta, sempre haverá um esvazio; não terá significado na vida; e isso é o que atestam os próprios ateus; não somos só os crentes os únicos que falam dessas coisas; os ateus são os que falam de seus vazios, de sua melancolia, de seu absurdo, de seu sem sentido; são eles os que falam disso; são eles os que puseram de moda essas palavras, os ateus. Dizia Schopenhauer: "o melhor teria sido nunca ter existido; mas já que existimos, o melhor que pode haver é morrer". por que ele falava assim? porque ele era ateu; ele não se suportava, não suportava a existência, o vazio, o vazio do abismo; porque o homem foi criado para ser sustentado pelo conteúdo do Filho, e sem esse conteúdo, a gente está no abismo, a gente não pode agüentar a si mesmo; é um desespero terrível, é um inferno.

Imagem

Então disse o Senhor: "façamos ao homem a nossa imagem…". Em Colossenses 1:15, também Paulo vem falando que Deus, à Igreja, transladou-nos das potestades das trevas ao reino de Seu amado Filho; do Filho diz: “o qual é a imagem do Deus invisível"; ou seja que o Filho é a imagem do Deus invisível, é a exata representação, a estampagem, o caráter de Deus, o Filho. E em Hebreus, que eu penso que Lucas o escreveu, mas este não é o tema, mas é um tema periférico, diz aí em Hebreus, capitulo 1:1ss: "Deus, havendo falado muitas vezes, e de muitas maneiras, em outro tempo, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho…" Agora Deus fala pelo Filho. Os profetas tinham algo do Filho; era o Espírito de Cristo o que falava neles; tinham uma antecipação, uma tipologia, um protótipo, porque o Senhor Jesus não somente é da linhagem de Davi, mas também a raiz do Davi; mas agora a plenitude do falar de Deus, é o Verbo, que é a palavra com a qual Deus se auto-revela, se expressa e se dá; o Verbo é o Filho. Então diz: "…nestes último tempos nos falou pelo Filho, a quem (o Filho é um quem, é uma pessoa subsistente desde antes da fundação do mundo com o Pai, porque o que não confessa ao Filho é um mentiroso) a quem constituiu herdeiro de tudo, e por quem (Deus, o Pai, por este quem, por esta pessoa do Filho criou tudo; o Filho é antes da criação e o Filho é na criação; o Filho é o Unigênito de Deus) por quem (por este Filho) constituiu o universo; o qual, sendo… (notem-se nesta expressão aqui do autor inspirado; é uma definição inspirada , uma confissão do Espírito que deve glorificar ao Filho; isso é o que faz o Espírito Santo, abre-nos os olhos quanto ao Filho; os olhos do coração); e diz: o qual… (o Filho, o Filho herdeiro e o Filho criador, o Filho arquiteto, o Filho amigo, o Filho da glória, o Filho glorifica), o qual, sendo o resplendor de sua glória, e a própria imagem…" (aqui diz: o caráter, outra vez) de sua substância.. (diz aqui; diz o grego: sua hipostasis, sua subsistência, o caráter; ou seja que a exata reprodução, a representação fiel da pessoa do Pai, é a pessoa do Filho; o Pai é invisível; o Filho é a imagem, a representação ou caráter; o caráter da subsistência do Pai é o Filho, a exata reprodução; como dizia o Concílio da Nicéia : Deus de Deus, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; e isso o diz baseado nos apóstolos; isso o diz João em primeira João 5:20 : "Sabemos que o Filho de Deus veio para nos dar a conhecer que é verdadeiro, e estamos no verdadeiro,( no único Deus verdadeiro), em Seu Filho Jesus Cristo; este é o verdadeiro Deus e a vida eterna". Quando diz: este é verdadeiro Deus, é o Deus revelado, é o Deus dispensado; por isso é que inclui o Filho, e também ao Espírito Santo; "Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna. Filhinhos, guardai-vos dos ídolos." Todo o resto são ídolos. "Este é o verdadeiro Deus", o único Deus verdadeiro; a nosso Pai conhecemos pelo Espírito no Filho. O Filho de Deus é a imagem de Deus; Ele é um protótipo, e esta expressão, que utiliza aqui o autor aos Hebreus pelo Espírito Santo, tem origem no Antigo Testamento.
por que estamos vendo isto? porque nisto era que estava pensando Deus, a respeito de nós, quando disse: “façamos”, quando disse: “far-lhe-ei”; e isto é o que Ele está fazendo; a isto é ao que Ele nos está chamando; e Ele sabe como nos levar, Sabe como nos conduzir.

Visão da semelhança da glória de Yahveh

Então lhes convido a que abramos Ezequiel capitulo 1, para que olhemos ali algumas expressões interessantes ao final do capítulo. Ali a sociedade bíblica pôs um titulo neste capítulo: "A visão da glória divina". OH!, que título. Quando Deus disse: façamos ao homem, Deus estava pensando na Nova Jerusalém. Então vemos que a sociedade bíblica não se equivocou com este título: "A visão da glória divina"; aí faz uma descrição primeiro, digamos, periférica, para chegar dos átrios para o lugar Santíssimo. E depois de descrever aqueles querubins, etc., então chegamos ao final do capítulo e lemos do versículo 26. vamos ler estes três últimos versos do capítulo da visão da glória divina. Versos 26 aos 28: "e sobre a expansão que havia sobre suas cabeças (as daqueles querubins; sobre eles havia uma expansão, e não em, a não ser sobre a expansão; que é como um céu aberto) que havia sobre suas cabeças se via a figura de um trono que parecia de pedra de safira; e sobre a figura do trono havia uma semelhança…" (chamo-lhes a atenção a essa expressão, "semelhança como de homem". O Verbo não se encarnou, mas o Verbo, antes da encarnação, que é a imagem do Deus invisível, que é o resplendor da glória de Deus, já era o protótipo para o homem; já era o protótipo; e o Verbo ainda não havia se feito homem, mas já era o protótipo para quando o homem fora feito. O homem foi feito conforme a este protótipo; e por isso o Espírito Santo utiliza esta expressão e diz: "havia uma semelhança que parecia de homem sentado sobre ele". Claro, Ezequiel está falando conosco para que nós entendamos; mas esta semelhança, que parecia como de homem, já existia antes de existir o homem; foi o homem o que foi feito em relação com esta semelhança, e não esta semelhança em relação com o homem. Esta semelhança como de homem é o protótipo conforme ao qual foi criado o homem.
Então estamos entendendo a suprema chamada da Igreja? Aí vamos entender o que quer dizer "…e senhoreie…( domine)"; foi dado ao homem representar a Deus na medida que seja semelhante a Ele, e em Seu nome reinar, em Seu nome exercer a autoridade delegada Por Deus por meio da semelhança e a representação. Então diz aqui no Ezequiel 1, verso 26: "e sobre a figura do trono havia uma semelhança que parecia de homem sentado sobre ele. E vi aparência como de bronze resplandecente, como aparência de fogo dentro dela em redor…". OH, dentro e em redor; isso é o que quer dizer representação; esse primeiro fogo está dentro, e então depois esta em redor; dentro e em redor; e diz: "do aspecto de seus lombos para acima…"; essa palavra "aspecto", é a mesma que usa João em Apocalipse quando viu o trono de Deus; e o que viu era o aspecto de que estava sentado no trono; fala do aspecto, que é a imagem; "façamos ao homem a nossa imagem, conforme a nossa semelhança"; e aqui estamos lendo a respeito desse protótipo, destinado ao qual foi criado o homem. Então diz: "vi que parecia como fogo, e que tinha resplendor… "; a mesma palavra que utiliza lá o autor aos Hebreus com o do Colossenses: "Ele é a imagem do Deus invisível, o resplendor de sua glória"; da glória divina, da glória de Deus. Então diz aqui:"e vi que parecia como fogo e que tinha, e que tinha resplendor ao redor. Como parece o arco íris…" Assim como o viu também João no capítulo 4, "que está nas nuvens o dia que chove; assim era o parecer do resplendor ao redor. Esta foi a visão da semelhança da glória de Yahvè."
Esta frase é muito importante; isso é o que ele estava tratando de escrever; diz: "Esta foi a visão da semelhança da glória do Yahvè. E quando eu a vi, prostre-me sobre meu rosto, e ouvi a voz de um que falava." E aí foi quando entregam um rolo a Ezequiel, escrito por dentro e por fora; e ele come esse rolo e começa a profetizar; e tudo isso que ele comeu, converteu-se no livro de Ezequiel. O livro de Ezequiel é o que o profetizou, que foi o que ele comeu, que foi o que ele recebeu diante da glória de Deus.
Então, se derem conta, irmãos, das expressões de Gêneses, as expressões de Hebreus, as expressões de Ezequiel, e as do Paulo também em Romanos, quando disse: "…aos que antes conheceu, a estes predestinou para ser feitos (façamos, far-lhe-ei) conforme (conforme a nossa imagem, conforme a nossa semelhança) conforme à imagem do Filho de Deus." Ou seja, essas frases de Paulo têm origem nas frases de Gêneses, e nas demais frases que também têm suas raízes aí.

Conforme

"Façamos ao homem conforme…"; ai!, como dói essa palavra, conforme; significa ser conformados para não distorcer, para não acrescentar, para não tirar, para não trocar, a não ser para representar ao Senhor. Deus quis uma criatura na qual se pudesse sentir representado como se sente representado em Seu Filho. Digamos que o Pai está tão contente com o que dá a Seu Filho, que quer dar a Seu Filho o que Seu Filho dá a Ele. Por isso dá uma Igreja ao Filho, para que tudo o do Pai seja também do Filho. O Pai tem contentamento no Filho, o Pai tem a adoração do Filho, porque o Filho chama a Seu Pai: "meu Deus"; "Vou a meu Deus e a seu Deus, a meu Pai e a seu Pai"; o Filho lhe chama Deus ao Pai, como também o Pai lhe chama Deus ao Filho: "Seu trono, OH Deus, pelo século do século". Então, o Pai está tão satisfeito com o Filho, que disse ao Filho: "Far-te-ei uma auxiliadora idônea"; o que Eu recebo de ti, Filho, quero que Você o receba da Igreja; Você é meu Único, meu Unigênito; mas vou te fazer Primogênito entre muitos irmãos. Por meio de Ti mesmo, Filho, vamos fazer os três, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, isto. E isso é o que Deus ficou a fazer, e isso é o que Deus está fazendo; e no kairòs de Deus, quando o grão estiver amadurecido, quando a vida daquele grão se formou na história da Igreja para reproduzir-se ao final exatamente como era ao princípio, então chega a ceifa. A ceifa não chega com o tempo “cronos”; a ceifa chega com o tempo “kairòs”; a ceifa chega quando a Igreja estiver em sua maturação; quando a noiva se preparar para o casamento.

Casamento e delegação

Pense em um casamento; o casamento é fazê-los dois em um; de maneira que ele se sente representado nela, e tudo o que é dele é dela, e tudo o que é dela é dele. Então nisto é no que está ocupado Deus conosco, tanto no pessoal, como no eclesiástico. Toda a história de nossa vida pessoal, e toda a história da Igreja, tem o objetivo, da parte de Deus, de fazer a esta auxiliadora idônea, este homem coletivo, corporativo, que é a Igreja; fazê-lo conforme, conformá-lo à imagem Dele, para que o possa representar, para que o possa canalizar, para que Deus lhe possa delegar cada vez mais. Na medida em que ela se vai parecendo com Ele, mais vai delegando; porque Deus é um Deus que é Amor; Deus é um Deus que quer é delegar. Assim como Ele delegou ao Filho, agora o Filho delega ao Espírito, e o Pai e o Filho, pelo Espírito, delegam à Igreja. Deus sempre está delegando; Deus delega; Deus é um Deus que delega, Deus é um Deus ao que gosta de fazer as coisas conosco, e nos está ensinando a fazer as coisas juntos, como o marido com a esposa, os pais com os Filhos, os governantes com os súditos, os anciões com os Santos; o princípio de delegação é o princípio de participação. É Deus participando Ele mesmo; porque Ele não tão somente nos quer dar coisas; certamente Ele nos dá todas as coisas; a Bíblia diz de "Aquele que não poupou a Seu próprio Filho, como não nos dará também com Ele todas as coisas”; mas todas as coisas não são a não ser somente a sobremesa; o que Ele nos quer dar a ele Mesmo pelo Filho no Espírito.

Todas as coisas com o Filho

Agora, se nos deu ao Filho, como não vai dar também todas as coisas? Todas as coisas não são nada comparadas com o Filho; se nos deu ao Filho, todas as coisas estão aí além disso; todas as coisas são puro acréscimo; o que na verdade nos quis dar é Ele mesmo no Filho; Ele mesmo pôs ao Filho como protótipo, e a esse protótipo como sustento dinâmico, como vida para meter-se em nós, para nos transformar de dentro para fora, para que nós vamos conhecendo posto que está aqui, cada vez mais intimamente; ouvindo-o, ouvindo Sua voz, compreendendo Seu caráter, como nos ensinava, que o homem não se glorifique em outra coisa a não ser em entendê-lo e conhecê-lo; simpatizar com o Espírito de tal maneira que não queiramos ser algo distinto ao que Ele é, e poder representá-lo; igualmente com Ele fazer o que Ele está fazendo durante toda a história; porque Deus sempre está trabalhando; agora o trabalho de Deus é esse; o da criação já terminou; já descansou da criação; agora tem o trabalho de nos introduzir no descanso Dele; e como não entramos, como parece que muitos não entraram em Seu repouso, então Ele está trabalhando nisso. "Meu Pai até agora trabalha e eu trabalho"; o Pai, o Filho e o Espírito Santo seguem trabalhando nisto; isto é o trabalho que Deus está fazendo. Isso é o que explica todos os passos da história pessoal de cada um, e o que explica todas as vivências da Igreja em sua história. A razão de nossa experiência pessoal, e a razão da experiência da Igreja, é a formação do Filho; é que sejamos feitos à imagem do Filho. Ele disse, façamos isto; nisso é que Deus está. Enquanto não seja o Filho em nós, tudo está mal feito, isso não o fez Deus, isso temos feito nós com o diabo, seguindo acorrentados a ele. Mas o que Deus faz é outra coisa; o que Deus disse: façamos, é o que Ele está fazendo; o resto, como disse o irmão Eliseo Apablaza, é pura palha, pura palha.

Formação do Filho

O que Ele está fazendo é formando ao Filho, que nós recebamos ao Filho, vivamos pelo Filho, nasçamos do Filho, tenhamos comunhão com o Filho, e nessa comunhão simpatizemos com Ele, tendo o mesmo sentir que houve em Cristo Jesus para poder lhe representar. Se o Pai não vê a Seu Filho representado em nós, diz: Ui!, quanto trabalho tenho ainda; parece que há cronos, mas kairòs ainda não! Enquanto Ele não ver isso, Ele não está satisfeito. Mas isto é o que o Pai, o Filho e o Espírito Santo disseram que fariam: façamos isto; far-lhe-ei isto a meu Filho; e isso é o que Ele está empenhado em fazer; Ele está empenhado fazendo isto, e devemos entender a Deus, e tudo o que nos passa, pois tudo é controlado pela mão de Deus para produzir isto. Se amarmos a Deus, colaboraremos com Deus para produzir isto.

Lhe amar

Ah!, Ele tem que nos ensinar a amá-lo, nos amando Ele primeiro. À medida que vamos sendo convencidos disto, então nós amamos a Ele, porque Ele nos amou primeiro; esse é o varão; tem que amar primeiro; e é pelo amor Dele que agora nós lhe amamos; mas vamos aprendendo, e pedimos a Ele que nos ensine a lhe corresponder; não importa que sejamos nada; isso é o que somos; mas Ele, com um nada, com o que não é, com o vil e o menosprezado, com o que não serve para nada, Ele decidiu envergonhar ao diabo.

O adversário

Ai, ai; esse diabo tem umas risadas zombadoras!; aparece nos olhinhos de alguns; às vezes até dos irmãos, nos desafiando, zombando. E diz: - você que vem falar disto!- Esse diabo vai ficar envergonhado. Que o Senhor nos de disposição de Seu Filho, que Ele nos dê o rosto de Seu Filho como quando ia para Jerusalém; para que essa risada zombadora de Satanás se apague de seus lábios. O Senhor envergonhará uma vez mais a Satanás. Ele se propôs desfazer as obras de Satanás, e com o que não é, envergonhar o que é. Satanás agora ri, ri zombando de nós, menospreza-nos; mas isso não será para sempre; Deus disse: "façamos", e isso é o que Ele está fazendo; farei a meu Filho uma auxiliadora idônea. E a vai fazer nas narinas do diabo; inclusive, usando a ele. O diabo só é um adversário para Deus nos ensinar a boxear; o diabo será envergonhado; é o que mais devemos desejar; temos que clamar como aquela viúva: "Senhor, Julga a minha causa contra o meu adversário"; não quero que se burle por mim; como dizia Paulo a Timóteo: "Timóteo, ninguém despreze a tua juventude". Qualquer risada zombadora de Satanás, qualquer olhadinha dessas sátiras, irônicas, vão desaparecer de seu olhar, e qualquer sorrisinho desses vai desaparecer de sua boca, quando o Senhor apresentar a Seu Filho uma esposa auxiliadora idônea.
Isso é o que Deus está fazendo. E para isso é que Ele nos chamou; para isso é tudo o que vivemos; e para isso foi a história da Igreja como foi. Não há outra coisa que Deus tenha estado tirando com proveito, a não ser o aroma e a imagem de Seu Filho Jesus Cristo. Isto é o que Deus está fazendo. vamos dizer a Deus, Senhor, aqui estamos, não vamos pegar o mal exemplo que Pedro ensinou a não fazer: "ah Senhor minha vida porei por ti"; vamos dizer-lhe, Senhor oxalá consigas o que quer conosco, aqui estamos

A União Ecumênica vs " A Unidade do Espírito"- J.N. Darby

Extraído do site verdades vivas e Traduzido para o Português pelos irmãos da cidade de Alegrete-RS

“Solícitos em guardar a unidade do Espírito” (Efésios 4:3)

O falso princípio de uma união sobre a base de concessões mútuas goza de grande reputação e de uma bela aparência; mas é profundamente perverso e presunçoso. Supõe que a verdade está a nossa disposição. Filipenses 3 ensina um princípio totalmente diferente: não existe nenhuma idéia de concessão nem de nenhum arranjo para expressar a verdade para acomodar diferentes pontos de vista. Diz a Palavra: “Assim, todos os que somos perfeitos, isto mesmo sintamos” (V. 15). Não diz: «Façamos descer a verdade até a medida de quem não chegou a sua altura». Tampouco se refere a duas pessoas que ignoram qual das duas tem a verdade, ou que estão satisfeitas de supor a possibilidade de engano quando renunciam mais ou menos ao que sustentam a fim de expressar seu acordo. Tudo isto constitui uma violação contra a autoridade da verdade sobre nós.

Segue dizendo o versículo: “e, se, porventura, pensais doutro modo, também isto Deus vos esclarecerá”. Aqui não se trata de uma questão de concessões, mas sim de caminhar juntos nas coisas que possuímos; e ao as reconhecer como a verdade de Deus, não podemos renunciar a nenhuma delas, mas sim, pelo contrário, todos sujeitamos a elas. Neste caso, não há lugar para nenhuma concessão, nem de um nem de outro lado; pois todos possuem a mesma verdade, havendo-a já alcançado em alguma medida, e todos caminham juntos, pensando a mesma coisa (compare-se 1.ª Coríntios 1:10). O remédio para as diferenças de pensamentos que possam ficar, não é fazer concessões (como se poderia tratar assim com a verdade?), a não ser a revelação de Deus a favor daquele que é ignorante, como todos nós o somos sobre uma grande variedade de pontos.

Mas me objetará: «Sobre essa base, a gente nunca chegará a um acordo.» Mas onde encontramos na Palavra algo assim como «chegar a um acordo»? Chegar a um acordo, não é a unidade da Igreja de Deus. A verdade não pode ser alterada, e não nos chama a impor pela força nossos imperfeitos pontos de vista sobre outros. Eu devo ter fé e, para andar juntos, todos devemos ter a mesma fé; mas nas coisas que recebemos como a verdade de Deus pela fé, não posso fazer concessões. Posso tolerar a ignorância, mas não posso acomodar a verdade para agradar a outros. Me perguntará: «Como podemos andar juntos em tal caso?» Mas por que estabelecer bases de unidade que requeiram ou unidade de opiniões, ou uma coisa tão perversa como a concessão desta ou aquela verdade? Quanto às coisas em que possuímos a verdade, e com respeito às quais temos fé, temos a mesma mente, andamos nelas juntos (Filipenses 3:16). Se chegasse a adquirir um maior conhecimento sobre alguma coisa, terei paciência com a ignorância de meu irmão até que Deus revele o assunto a ele. Nossa unidade jaz no próprio Cristo. Se a unidade depender de concessões, trata-se só de uma seita fundada sobre opiniões humanas, porque o princípio da absoluta autoridade da verdade se perdeu.

Me dirão que os verdadeiros cristãos nunca comprometerão os pontos fundamentais do cristianismo. direi : «entendo»; mas não é assim. Há muitos que estão de acordo apesar dos enganos que afetam os fundamentos. Sei que outros não estariam; mas isto não altera o fato de que o princípio de concessões não está de maneira nenhuma autorizado na Palavra, nega a autoridade da verdade sobre nós, e pretende poder dispor da verdade em honra à paz[1]. A Palavra supõe que suportemos a ignorância, mas nunca admite as concessões, por quanto não supõe que os homens possam elaborar regras diferentes dela mesma para chegar a um acordo.

Eu recebo a um homem “débil na fé” (Romanos 14); mas não lhe concedo nada como se fosse a verdade, nem sequer em um ponto tal como o "dos legumes"; talvez chegasse a negar verdades essenciais fazendo tal coisa. Tal caso pode acontecer, quando o fato de observar dias poderia pôr em dúvida a autenticidade cristã daquele que obra desta maneira (Gálatas 4:9-11). Pode haver outro caso do que só poderia dizer: «A respeito deste ponto, “cada um esteja plenamente convencido em sua própria mente” (Romanos 14:5, 6, etc.)». Às vezes o cristianismo inteiro depende de algo com o qual se pode ter paciência a respeito de outros pontos de vista (Gálatas 2:14).

Reitero, não há traço algum na Palavra de um sistema que suprima uma parte da verdade com o fim de ter uma confissão comum, a não ser justamente ao contrário. Nos tempos dos apóstolos estava a perfeita verdade, e Deus revelou tudo o que faltava, quando as circunstâncias eram contrárias. Todos eles eram de “um mesmo sentir”, de uma mesma mente, e caminhavam juntos, e não havia nenhuma necessidade de concessões. Ninguém pretendeu recorrer a uma coisa como esta. A Bíblia não contempla pretensões deste tipo. Seria mutilar a verdade para adaptá-la às idéias de muitos.

A Palavra, portanto, especialmente em Filipenses 3, condena este acerto de verdades mutiladas, feitas com o propósito de que outros as adotem, pois isso desonra a Deus e a sua verdade. Estes são os meios que se empregam para formar uma seita, a que se compõe daqueles que estão de acordo sobre os pontos que se estabelecem como fundamentos da união. Mas esta não é nunca a unidade da Igreja de Deus. Poderá ser uma seita ortodoxa, e inclusive abranger grande parte de uma nação, porque é um corpo formado sobre a base de um acordo ao qual os homens chegaram sobre certas verdades; mas isso não é a unidade da igreja de Deus. Nas «confissões ou declarações de fé» que se elaboram, não se trata de ter paciência com indivíduos que ignoram certos pontos, nem de reconhecer juntos que a algum falta o conhecimento disso, nem de iluminar a indivíduos que se encontram nesta situação: eles só declaram a verdade que possuem, a fim de que outros ?por um acordo com essa declaração? unam-se a quem a tem adotado como fundamento da união. Para que todos a adotem, a profissão da verdade tem que ser reduzida à medida da ignorância de todos aqueles que ingressam, se forem sinceros nessa profissão; mas isto não é suportar, ter paciência, com outros, mas sim —como o tenho dito— se trata de pessoas que dispõem da verdade de Deus por um compromisso humano. É essa “a unidade do Espírito” (Efésios 4:3)?

De novo, prestem atenção a isto. Se eu conhecer a verdade, e faço uma concessão a fim de me unir a outros em uma confissão comum, minha concessão não é outra coisa que simplesmente conceder a verdade a alguém que não a quer ter. Agora, se junto com outros, faço concessões porque só temos opiniões e ignoramos a verdade, ou não temos certeza quanto a ela, que monstruosa pretensão, nesse estado de ignorância, é estabelecer uma regra para ser imposta a outros como fundamento da unidade da igreja, sob pena de não poder ser membro dela! Me pode dizer: «Mas em lugar disto, você impõe suas próprias opiniões, ao estar seguro da verdade». De maneira nenhuma; porque eu acredito em uma unidade que já existe: a unidade do corpo de Cristo, do qual todo cristão é membro (Efésios 4); enquanto que você estabelece uma união sobre pontos de vista a respeito dos quais se chegou mediante um acordo. você me dirá então que eu sou indiferente quanto à verdade. Não é assim; mas sim você empregou meios inadequados para guardá-la, impondo a outros a profissão de uma parte da verdade como base da unidade.

J. N. Darby


NOTAS

[1] N. do E.— Para expressá-lo de outra maneira, há algo que é mais obrigatório entre nós que a verdade, e é seu valor e o que ela reclama de nós. Estamos mais perto de encontrar os mesmos dogmas nas Escrituras, que de lhes atribuir a mesma autoridade sobre nós; e permita-me afirmar que as questões sobre as quais os cristãos se acham divididos resolveriam rapidamente se tão somente se aproximassem da Bíblia com a intenção de tomar seriamente todas as verdades que ela proclama. Infelizmente, enquanto a lemos, o diabo murmura em nossos ouvidos: «Toda a Escritura não é igualmente imperativa, nem tudo tem o mesmo valor e nem tudo é igualmente obrigatório; nos manda a tolerar aos fracos. Paulo mesmo se fez a todos de tudo (1.ª Coríntios 9:22), até consentindo oferecer sacrifícios e circuncidar a Timóteo; além disso, a edificação vai antes que a doutrina; as doutrinas principais mesmas vão antes em importância que as doutrinas secundárias, etc.» Assim uma pessoa abre seus ouvidos a uma linguagem que parece plausível e prudente, e que parece não atacar uma só verdade, mas que conduz tanto mais a voltar todas as verdades impotentes. De longe, alguém se inclina ante cada verdade; mas se estas nos tocam de perto, se requererem que atuemos, que sacrifiquemos algo, em seguida a verdade presente é classificada entre as verdades que estão fora de maturação.

Cristo como Cabeça e como Senhor- C.H. Mackintosh

Extraído do site Verdades preciosas e traduzido para o Português pelos irmãos da cidade de Alegrete-RS

É extremamente interessante, assim como muito proveitoso, assinalar as diversas linhas da verdade estabelecidas na Palavra de Deus e observar como todas estas linhas se acham inseparavelmente vinculadas com a Pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é o centro divino de toda verdade; e à medida que mantenhamos os olhos da fé fixos nele, cada verdade achará seu lugar correto em nossas almas e exercerá sua devida influência e seu poder formativo em nossa marcha e em nosso caráter. Infelizmente, em todos nós existe uma tendência a tomar uma parte da verdade —um aspecto— como se fora tudo; a tomar uma verdade particular e insistir nela até tal grau que interferimos com a saudável ação de outra verdade, impedindo assim o crescimento de nossas almas. É pela verdade que crescemos, não por uma parte da verdade; pela verdade somos santificados. Mas se só tomamos uma parte da verdade; se nosso caráter é moldado e nosso caminho dirigido por alguma verdade particular, não poderá haver nenhum verdadeiro crescimento, nenhuma autêntica santificação. “Desejem, como meninos recém-nascidos, o leite espiritual não adulterado, para que por ela (pela Palavra) cresçam para salvação” (1.ª Pedro 2:2). “Santifica-os em sua verdade; sua palavra é verdade” (João 17:17). Por toda a verdade de Deus —como consta nas Escrituras— o Espírito Santo forma, modela e guia à Igreja coletivamente e a cada indivíduo crente. Podemos estar seguros de que, quando alguma verdade particular é indevidamente enfatizada, ou alguma outra verdade virtualmente ignorada, o resultado será um caráter defeituoso e um testemunho inadequado.
Tomemos, por exemplo, os dois grandes temas mencionados no título deste artigo: «Cristo como Cabeça e como Senhor». Não é importante dar a cada uma destas suas verdades devido lugar? Não é Cristo tanto Cabeça de seu corpo —a Igreja— como Senhor dos membros individuais? E, se o for, nossa conduta não deveria estar dirigida e nosso caráter formado pela aplicação espiritual de ambas as verdades? Inquestionavelmente. Pois bem; se pensarmos em Cristo como Cabeça, isso conduz a um claro e prático âmbito de verdade. Não porá travas à verdade de seu senhorio, e sim tenderá a manter a alma bem equilibrada, o que é tão necessário em um tempo como o presente. Se pensarmos em Cristo só como Senhor de seus servos, individualmente, perderemos totalmente o sentido de nossas mútuas relações como membros desse único corpo do qual ele é a Cabeça, e assim cairemos na independência, atuando sem ter em conta para nada a nossos companheiros membros. Voltaríamo-nos, tomando uma figura, como fios de uma vassoura, mantendo cada um sua própria individualidade de ação e desconhecendo virtualmente todo elo vital com nossos irmãos.
Mas, por outro lado, quando a verdade de Cristo como Cabeça encontra seu lugar apropriado em nossas almas; quando sabemos e cremos que há “um corpo” (Efésios 4:4), e que somos membros uns dos outros, então, ao reconhecer plenamente que cada um de nós, em nosso caminho individual e no serviço, é responsável ante esse “um Senhor” (Efésios 4:5), resultará, como uma grande conseqüência prática, que nosso andar e nossos caminhos afetam a cada membro do corpo de Cristo sobre a terra. “Se um membro padecer, todos os membros se doem com ele” (1.ª Coríntios 12:26). Já não podemos mais nos considerar como elementos independentes, isolados, já que nos achamos incorporados como membros do “um corpo” por “um Espírito”, e estamos vinculados assim com a «Cabeça única»nos céus.
Esta grande doutrina se desenvolve em forma clara e plena em Romanos 12:3-8 e em 1.ª Coríntios 12, e chamamos a séria atenção do leitor em relação a isso. Não devemos esquecer que esta verdade de Cristo como Cabeça, e de nós como membros do corpo, não é algo que pertence meramente ao passado, mas sim se trata de uma realidade presente, uma grande verdade formativa que tem que ser severamente sustentada e levada a prática dia a dia. Há “um corpo”. Subsiste tão perfeitamente hoje como quando o inspirado apóstolo escreveu a epístola aos Efésios; daí que cada crente individual exerça uma boa ou má influência sobre outros crentes que habitam no extremo oposto da terra.
Isto parece incrível? Só pode sê-lo para o raciocínio da carne e a cega incredulidade. Certamente não podemos confinar à Igreja de Deus —ao corpo de Cristo— a uma questão de posição geográfica. Essa Igreja —esse corpo— está unido. por que coisa? Pela vida? Não. Pela fé? Não. por que, então? Por Deus o Espírito Santo. Os Santos do Antigo Testamento tinham vida e fé; mas o que puderam ter sabido eles de uma Cabeça no céu ou de um corpo na terra? Absolutamente nada. Se alguém tivesse falado a Abraão a respeito de ser membro de um corpo, ele não teria entendido. Como podia entendê-lo? Não havia nada semelhante em existência. Não havia cabeça alguma no céu e, por fim, não podia haver nenhum corpo na terra. Por certo, o Filho eterno estava no céu, como Pessoa divina da eterna Trindade; mas ele não estava ali como Homem glorificado nem como Cabeça de um corpo. É mais, até nos dias de sua carne, ouvimos-lhe dizer: “Se o grão de trigo não cai na terra e morre, fica sozinho” (João 12:24). Não houve nenhuma união, nenhuma cabeça, nenhum membro, nenhuma conexão vital até depois de sua morte na cruz. Só quando a redenção chegou a ser um fato consumado o céu contemplou essa maravilha de maravilhas, ou seja, a humanidade glorificada no trono de Deus; e, como complemento disso, Deus o Espírito Santo habitou nos homens aqui embaixo. Os Santos do Antigo Testamento poderiam ter entendido o senhorio, mas não a cabeça. Esta última não existia ainda, salvo nos eternos propósitos de Deus. De fato, não existiu até que Cristo teve tomado assento nos céus, “tendo obtido eterna redenção”.
Por isso esta verdade de Cristo como Cabeça é muito gloriosa e preciosa. Ela reclama uma diligente atenção de parte do leitor cristão. Insistimos-lhes séria e solenemente a que não tome como mera especulação, como assunto sem importância. Tenha a segurança de que se trata de uma verdade fundamental, a qual tem por fonte a um Cristo ressuscitado em glória; por base uma redenção consumada; cujo atual âmbito de extensão é esta terra; seu poder, o Espírito Santo; e sua autoridade, o Novo Testamento.

C.H.M.

O Sacrifício de Abel- William Kelly

Gêneses 4; Hebreus 11:4
Extraído do site http://www.verdadespreciosas.com.ar/ e traduzido para o Português pelos irmãos da cidade de Alegrete-RS

Se tomarmos a história do jardim de Éden em seu conjunto, veremos nela um todo no mais pleno sentido, e um sucinto mas completo quadro dos caminhos de Deus. O homem posto sob responsabilidade, e inclusive sob a lei, foi pecaminoso, e mostrou ser um verdadeiro pecador; e foi jogado fora do lugar de residência, onde Deus o visitava para ter comunhão com Ele. Mas Deus não o enviou fora para começar um novo mundo longe Dele mesmo sem dar o mais pleno testemunho à soberana graça que fez frente ao mal. A nudez do homem era a expressão da inocência que se perdeu. A vergonha e a culpa, e um temor culpável da presença de Deus, constituíam agora o estado do homem: Deus em sua soberana graça resolveu isto. Vestiu ao Adão com aquilo que proveio da morte, e Seus olhos tinham Sua própria obra ante Ele. Isto não dizia que o homem estivesse nu em si mesmo, mas sim que o próprio Deus, havendo tomando conhecimento disso em graça, havia coberto sua nudez. O presente estado foi perfeita e plenamente provido, e o poder do mal julgado no futuro. daqui em diante o poder da semente da serpente seria destruído.

Mas o homem, jogado fora assim de diante de Deus, com a inocência perdida, começou um novo mundo, e então surgiu necessariamente a pergunta: «Pode ter o homem algo que dizer a Deus?; e como?» Agora bem, é claro que se Deus obrou no homem, Ele não podia nem por um momento ser indiferente ao que tinha acontecido; e mais claro ainda é o fato de que Deus não podia ser indiferente ao estado do mal que tinha levado ao homem onde se encontrava agora, e que foi expresso pelo que ele era em pecado e longe de Deus. Aquilo que era o triste resultado para o homem, Deus o viu como o mal estado nele.

A expulsão do paraíso pôs ao homem em uma via judicial fora daquele lugar, embora não de maneira irrecuperável. Ele estava ali moralmente, e surgiu a pergunta: «Podia aproximar-se de Deus?» Em realidade, agora não podia, enquanto for insensível ao estado no qual tinha entrado; em este permaneceria ainda tão afastado de Deus como sempre, e Deus, em Seu governo e testemunho públicos, não podia dar testemunho de receber ao homem nesse estado. E esta é a nova plataforma sobre a que se acham Caim e Abel: a de uma aproximação a Deus achando-se em um estado que foi o resultado da expulsão de Sua presença. Aproximamo-nos de Deus como se nada tivesse passado, em relação com as circunstâncias e os deveres cotidianos do lugar no qual entramos, ou, em troca, conscientes da pecaminosidade deste estado, conscientes de nossa queda, e elevando nossos olhares a Deus em nossas consciências como aqueles que as adquirimos pelo pecado? Todo cristão sabe. E note-se bem aqui, que não se trata de pecado cometido, mas sim da consciência de nossa verdadeira condição diante de Deus.

Caim vai a Deus com o fruto de seu esforçado trabalho (o homem tinha sido enviado para cultivar a terra). Tal é o verdadeiro estado prático do homem jogado fora. No Abel, em troca, a fé tinha suas percepções. O pecado tinha entrado, e, pelo pecado, a morte; e a fé o reconhecia. “Agora, na consumação dos séculos, apresentou-se uma vez para sempre pelo sacrifício de si mesmo para tirar do meio o pecado” (Hebreus 9:26). Isto não era a purificação dos pecados atuais cometidos pelo indivíduo. Destes se fala imediatamente depois como um tema à parte e distinto, que adiciona o julgamento, mas um julgamento já pronunciado para aqueles que olham a Ele como Aquele que levou nossos pecados, Aquele que veio a ser Ele mesmo o Juiz (Hebreus 9:26-28).

Temos quatro mundos, por assim dizê-lo, neste aspecto:

1. O Jardim de Éden

2. Um mundo já não mais inocente, a não ser um homem afastado de Deus e jogado fora para um lugar onde o pecado e Satanás reinam.

3. Um mundo no qual Cristo reina em justiça, e

4. Os novos céus e a nova terra, onde mora a justiça.

Temos um mundo inocente (que agora já passou) onde o homem foi provado sem o mal nele pela simples obediência. O mundo final, baseado na justiça, que nunca muda em sua natureza, e que não pode muda em sua estabilidade moral

Mas logo que o pecado tinha entrado e caracterizado o mundo e o estado do homem, os termos sobre os quais o homem podia estar com Deus deviam ser mudados, por quanto Deus não podia mudar. O fato de que um Deus santo e uma criação pecaminosa tivessem que estar nos mesmos termos, como se esta fosse inocente, simplesmente não podia ser. A livre e feliz comunhão seria impossível. Podia haver um clamor por graça de parte do homem (uma provocação pelo terreno sobre o qual o homem se achava), mas não uma livre relação. Que Deus seja amor, não altera este fato. Seu amor é um amor santo, pois Ele é luz; mas “os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más” (João 3:19).

Admito e acredito que o livre e soberano amor de Deus originado por si mesmo, constitui a fonte de todo nosso gozo, esperanças e bênçãos, eternas e infinitas como o são. Mas Deus exerce esse amor mediante a introdução de um Mediador na morte: não aqui mediante o derramamento de sangue para pagar a culpa, mas sim na perfeita entrega de Si mesmo a Deus no que era a morte, como tal, e o fruto do pecado. ofereceu-se a gordura (Gênese 4:4) assim como o sangue, mas não oferecida como tal para perdão, mas sim para aceitação em Outro, o qual se deu a si mesmo completamente a Deus na morte, a qual tinha entrado. E advirta-se que as almas podiam aproximar-se de Deus: cada qual vinha com sua oferenda.

Caim veio como se nada tivesse passado, e tanto assim trouxe para Deus como oferenda o que era sinal do estado arruinado no qual tinha entrado, mas que ele não reconhecia como de ruína. Não havia fé nisso. Em Abel sim a havia. Ele ofereceu pela fé ?a qual reconhecia que a morte tinha entrado pelo pecado?, mas que Outro se deu a Si mesmo por ele, uma oferenda feita por fogo de aroma grato. Porque há duas coisas: “Ao que nos amou, e nos lavou de nossos pecados” (Apocalipse 1:5) e “Cristo nos amou, e se entregou a si mesmo por nós, oferenda e sacrifício a Deus em aroma suave” (Efésios 5:2). A primeira tinha que purificar os pecados precedentes; a outra assinalava o valor e a preciosidade daquele em quem somos aceitos, “aceitos no Amado” (Efésios 1:6). Agora bem, tratava-se de uma questão de aceitação ao vir diante de Deus; e Deus não aceitou ao Caim. Ele aceitou ao Abel; mas o testemunho foi dado de seus dons. Abel foi aceito, mas o testemunho de Deus era em relação ao que ele trouxe: a vida de outro em todas suas energias e perfeição entregue a Deus na morte.

Outra coisa devemos observar aqui: não se tratava de Deus que apresentava algo ao pecador. Isso era uma “propiciação (??????????) por meio da fé em seu sangue” (Romanos 3:25). Aqui se trata do Abel que se apresenta a si mesmo a Deus, mas vindo mediante a aceitação e perfeição de Outro que se deu a si mesmo por ele. E isto é propiciação. Agora, dizer que Deus podia receber a um pecador tal como se recebesse a uma pessoa inocente, equivale a dizer que Deus é indiferente ao bem e ao mal. E advirta-se aqui que não se fez uma diferença conforme a uma mudança interior que os olhos de Deus tenham visto (embora sim havia tal mudança, pois a fé estava operando no coração de Abel), mas sim uma estimativa judicial de parte de Deus, dos dons que Abel trouxe, de Cristo em figura, de Cristo devotado em sacrifício; e para isto temos a expressa autoridade da Epístola aos Hebreus. tratava-se de um sacrifício propiciatório como fundamento da aceitação diante de Deus; do contrário, faltaria toda a base da posição de um mundo caído, toda a base moral da preferência de Abel ao Caim.

admite-se que o amor, o amor que elege, pode ter estado ali; mas o fundamento da aceitação, tal como a Escritura o declara (veja-se Hebreus 11) faltaria se o sacrifício propiciatório não fosse aceito. Para ganhar a justiça segura diante de Deus, e para a aceitação do crente, conforme ao valor que é em Cristo, Ele se ofereceu a si mesmo absolutamente sem mancha para glória de Deus. “Agora é glorificado o Filho do Homem, e Deus é glorificado nele. Se Deus é glorificado nele, Deus também lhe glorificará em si mesmo, e em seguida lhe glorificará” (João 13:31-32). A fé acreditou nisto então, e achou-se fruto. Abel foi aceito, e foi distintivamente sobre a base do que trouxe, de sua oferta. Caim não trouxe nenhuma dessas oferendas; ele tinha que ser aceito em si mesmo somente, e não foi. A fé olhe a este sacrifício, e encontra aceitação e bênção conforme ao valor de Cristo aos olhos de Deus.

Só queria adicionar agora que Deus deu a Cristo para este fim. Ele “enviou a seu Filho em propiciação por nossos pecados” (1.ª João 4:10). Nisso está a obra do amor que se gera a si mesmo, mas a obra efetiva do sofrimento consiste em levar a cabo em justiça esse amor. Deus não permita que debilitemos a confiança no amor do Pai. “que permanece em amor, permanece em Deus, e Deus nele.” “E nós temos conhecido e cremos no amor que Deus tem para conosco” (1.ª João 4:16).

É, pois, certo que Abel ?estando o homem caído? procurou o rosto de Deus e sua aceitação diante Dele mediante um sacrifício, de cujo valor Deus deu testemunho, “pelo qual alcançou testemunho de que era justo” (Hebreus 11:4). Foi um sacrifício que reconheceu que a morte tinha entrado, mas que, como foi apresentado, levava o caráter daquele que se ofereceu a si mesmo para glória de Deus. Não estavam em tela de juízo os pecados atuais, a não ser o estado do homem e sua aceitação diante de Deus sobre a base da morte mediatória, na qual a própria glória de Deus somente foi procurada por parte do homem em obediência, e na qual o dom mais elevado da graça resplandeceu por parte de Deus em amor.

Mas aqui, em direta relação com nosso tema, há outro ponto, menos abstrato, possivelmente mais estreito quanto a seus resultados, mas que trata mais diretamente com a consciência, e daí sua necessidade atual. Se um homem crê de coração (ou seja, convencido de sua culpa) no Senhor Jesus Cristo, não virá a julgamento; sabe que é perdoado e justificado, que tem paz com Deus, e se regozija na esperança de Sua glória, e confia em Deus para todo seu caminho até o fim. “Bem-aventurado o homem a quem Jehová não culpa de iniqüidade” (Salmo 32:2): não que não tenha cometido nenhuma, mas sim que foi levada por Outro. Outro foi substituído em seu lugar por graça, O qual tomou o cargo da culpa sobre si mesmo, “quem levou ele mesmo nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro” (1.ª Pedro 2:24). Não se trata aqui da base sobre a qual se acha o gênero humano diante de Deus, como no caso do Abel, e que, como princípio geral, reconhece toda a verdade; mas sim de pecados atuais cometidos, com os quais tratou e os quais tirou da presença de Deus Aquele que foi “moído por nossos pecados; o castigo de nossa paz foi sobre ele, e por sua chaga fomos nós curados” (Isaías 53:5).

Pois bem, isto, chame-o pela palavra que lhe agrade, era Uma pessoa posta no lugar de outra, e que logo depois dessa maneira toma os pecados e suas conseqüências sobre Si mesmo para que estes não recaiam no mínimo sobre a pessoa, que era ela a culpada, em juízo ou em conseqüências penais. Mas eles sim recaem sobre todos aqueles que não se acham sob este beneficio de substituição, e com os tais Deus entra em juízo a respeito deles. Pois do povo de Deus será dito: “Como agora”, não o que os homens têm feito, mas sim “O que tem feito Deus!” (Números 23:21-23).

A substituição, pois, é uma verdade que a Escritura ensina com máxima certeza; quer dizer, uma pessoa assumindo o lugar de outra, Cristo levando os pecados do indivíduo em Seu próprio corpo sobre o madeiro, sendo moído por eles em lugar do culpado, o qual é curado pelas chagas que Cristo recebeu. Pois “todos nos desencaminhamos como ovelhas, cada qual se apartou por seu caminho; mas Jehová carregou nele o pecado de todos nós” (Isaías 53:6).

William Kelly

Irmãos em Cristo Jesus.

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