quinta-feira, 24 de julho de 2008

“O PROPÓSITO DAS AFLIÇÕES DOS FILHOS DE DEUS”- Levi Cândido

“O PROPÓSITO DAS AFLIÇÕES DOS FILHOS DE DEUS”
Artigo enviado pelo irmão Levi Cândido, de Osasco-SP


“Sabemos que todas as cousas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”.(Rm 8:28)

Queridos irmãos em Cristo, dirijo-me a vocês que são participantes conosco das aflições de Cristo. Se um homem avalia e julga as suas aflições do ponto de vista do próprio homem, certamente não encontrará resposta satisfatória a muitas coisas que acontecem. Surgirão então, muitas perguntas e tentações insinuando: “Porque estes sofrimentos?”, “Porque estas tribulações que nos sobrevêm?”, “Porque estas tragédias?”, “Porque isto?”, “Porque aquilo?”. Estas perguntas sendo avaliadas segundo o ponto de vista humano, ficarão sem respostas satisfatórias, por ignorância aos propósitos de Deus. E quando estas questões são alimentadas na mente sem uma atitude de sujeição à vontade de Deus revelada, surge então as tentações, que tem por finalidade, nos afastar da graça de Deus e levar-nos à desconfiança do seu amor para conosco. Muitos vivem derrotados pelas circunstâncias quando se colocam como vítimas possuindo um sentimento de autopiedade. Porém, quando tudo isto é considerado à luz da Palavra de Deus, de acordo com a sua soberania, então aqueles que crêem no Senhor Jesus Cristo, submetendo-se ao seu senhorio, descansarão sob a sombra do Altíssimo, serão fortalecidos pelo Senhor e cavalgarão sobre as suas aflições. “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide;o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco e nos currais não haja gado, todavia eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação. O SENHOR Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e me faz andar altaneiramente .”( Hc 3:17-19). Thomas Watson já disse: “Confiamos em Deus quando a providência parece correr frontalmente contra as promessas”. No verso que estamos considerando, (Rm 8:28), tudo, absolutamente tudo, cooperam para o bem daqueles que amam a Deus e foram chamados segundo o seu propósito. Mesmo os sofrimentos, as necessidades, as adversidades da vida, contribuem juntamente para o bem do povo de Deus. Alguém já disse: “Feliz é o homem que vê Deus envolvido em tudo de bom e de mau que acontece na vida”. Porém, como já nos disse George Muller: “De mil coisas que acontecem na vida dos filhos de Deus, não são quinhentas que contribuem para o bem deles; mas sim 999 + 1: as mil”. Muitos têm seus olhos voltados para as aflições; outros porém, aguardam os benefícios oriundos das aflições. Há uma reflexão que sustenta que “não há nada que esteja além do olho de Deus. Qualquer pessoa pode contar as sementes de uma maçã, mas só Deus pode contar todas as maçãs que brotarão de uma semente”. Neste caso de Romanos 8:28, é preciso observar: “O bem” a que o texto refere-se, não se trata do “bem-estar” do homem, como se ele pudesse sempre gozar de tranqüilidade, conforto, boa saúde, etc., mas o que está vem vista aqui, é o propósito final de Deus para o homem. “Sabemos que todas as cousas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.”( Rm 8:28-29). Deus usa as circunstâncias para tratar com cada um particularmente. Agostinho admite que coisas ruins acontecem igualmente a pessoas boas e más, mas diz que é a atitude piedosa diante do infortúnio que faz a diferença. Certamente, após o cumprimento dos propósitos de Deus para os cristãos, estes desfrutarão de uma bem-aventurança eterna, sem variações, isento de aflições, sofrimentos, pecados, etc., Mas, enquanto eles estiverem neste mundo, estão destinados às aflições e às adversidades, porém, estas exercem o seu papel de contribuir para o cumprimento do propósito de Deus para os seus filhos. Irmãos, “Deus teve apenas um filho sem pecado, mas nenhum sem provações”. E Ele nos envia muitas bênçãos disfarçadas em tribulações. Conta-se que há muito tempo um homem ganhou um cavalo. Na época, isto era um símbolo de riqueza. Seus vizinhos disseram: - mas que homem de sorte... E ele imperturbável, respondeu: - Talvez, depende... Um dia o cavalo fugiu... Os vizinhos disseram: - Mas que homem de azar, teve a alegria para depois perdê-la. E o homem, mas uma vez respondeu: -Talvez, depende... Algum tempo se passou e um dia o cavalo retornou, agora acompanhado de vinte e cinco outros cavalos selvagens... Os vizinhos, todos admirados, então disseram: - Mas não é que o homem é mesmo um homem de sorte... O homem, sempre tranqüilo e imparcial respondeu: - Talvez, depende... Certa manhã, seu filho foi domar um dos cavalos selvagens e este o derrubou, quebrando-lhe a perna... Então os vizinhos responderam num só coro: - Mas que homem de azar... E como sempre o homem respondeu: - Talvez, depende... Aconteceu que algumas semanas depois estourou a guerra e todos os jovens foram convocados, morrendo todos. Seu filho, no entanto, estava de perna enfaixada e não precisou ir... Todos os vizinhos, mais uma vez disseram: - Que homem de sorte... Qual o significado que nós atribuímos aos acontecimentos que nos sobrevêm? Será que julgamos tudo pela perda que sofremos, pelas dores que passamos, ou sujeitemo-nos “Aquele que é sábio demais para errar e demais amoroso para ser cruel”!?. Ah! Meus queridos irmãos! O Senhor não é indiferente para o que acontece conosco. Ele que foi experimentado em tudo; sofrimento, angústia, dores, perda, escárnios, açoites, fome, etc., Ele sabe o que é padecer! “Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado e dele não fizemos caso”(Is 53:3). Temos um sumo sacerdote que se compadece de nós. “Nossos grandes problemas são pequenos demais para o infinito poder de Deus, mas nossos pequenos problemas são grandes demais para o seu eterno amor”. A despeito de tudo o que acontece conosco, está registrado nas Escrituras: “Estas cousas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo passais por aflições; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”. (Jo 16:33). Sendo assim, “Não julgues o Senhor por sua razão fraca, mas sim, confia nele por sua graça. Por trás de uma providência indiferente, ele esconde um rosto sorridente”. Nosso Deus é Deus de propósitos, e o seu propósito ao enviarmos provações não visa o nosso prejuízo, e sim a nossa edificação. “Pois tu, ó Deus, nos provaste; acrisolaste-nos como se acrisola a prata. Tu nos deixaste cair na armadilha; oprimiste as nossas costas; fizeste que os homens cavalgassem sobre as nossas cabeças; passamos pelo fogo e pela água: porém, afinal, nos trouxeste para um lugar espaçoso”.( Sl 66:10-12). Há um comentário referente a este Salmo que diz: “O Deus que se revelou a Israel é o único Deus, e deve ser adorado por todos os homens em todos os lugares. É Ele quem disciplina e liberta; é ele quem prova seu povo para o purificar; é ele quem aflige com o fim de aperfeiçoar”. Um cristão anônimo já nos deixou escrito o seguinte: “Muitas pessoas vivem se queixando de que as rosas têm espinhos; eu prefiro ser grato pelos espinhos terem as rosas”. Deus nos disciplina tento em vista os seus propósitos. Certo cristão disse: “Deixa que Deus ordene os teus caminhos e espera Nele, o que quer que aconteça; nEle terás nos duros e maus dias tua suficiente Força e direção. Quem no perene amor de Deus confia sobre a Rocha Inabalável edifica”. As tribulações servem-se a um papel necessariamente significante para o projeto de Deus relacionado a nós. Em At 14:22 observem: “através de muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus”. As aflições são oportunidades para conhecermos os decretos divinos. Lemos em Salmo 119:71 a este respeito. “Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesses os teus decretos.” Também, o Senhor nos corrige em nossos caminhos para andar-nos corretamente pela verdade quando nos envia aflições. “Antes de ser afligido andava errado, mas agora guardo a tua palavra” (Sl 119:67). Através das aflições o Senhor nos leva a compartilharmos pela fé, da vitória que Cristo conquistou sobre o poder e castigo do pecado. “Ora, tendo Cristo sofrido na carne, armai-vos também vós do mesmo pensamento; pois aquele que sofreu na carne deixou o pecado, para que, no tempo que vos resta na carne já não vivais de acordo com as paixões dos homens, mas segundo a vontade de Deus.”1ª Pe 4:1-2. O Senhor deseja que dependemos dele em todas as circunstâncias, e por estarmos tão focalizados em nós mesmos, se faz necessário Ele derrubar-nos de costas para baixo, para olharmos para cima. Tudo o que nos sobrevêm, são enviados das mãos que foram traspassadas; por seu decreto ou por sua permissão. “Nada acontece a não ser pela vontade do Onipotente, ou ele permite que aconteça, ou Ele mesmo o faz acontecer” dizia santo Agostinho. Necessitamos conhecer o caminho da dependência do Senhor, irmãos. Nosso amado irmão Glênio, disse algo muito relevante: “A fraqueza de um ser finito pode apoiar-se na onipotência de um Deus Absoluto”. “Bem-aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração se encontram os caminhos aplanados, o qual, passando pelo vale árido, faz dele um manancial; de bênçãos o cobre a primeira chuva. Vão indo de força em força; cada um deles aparece diante de Deus em Sião”. (Sl 84:5-7). Irmãos há um grande perigo em buscarmos a fuga quando estamos passando por momentos de aflições. Muitas vezes o Senhor não quer livrar-nos “da” fornalha, mas quer livrar-nos “na” fornalha. Nós não somos vítimas das circunstâncias, como se não houvesse um Deus que tem controle sobre elas; mas estamos sob o tratamento gracioso de Aba. Ele não quer que busquemos a fuga, mas que reconhecemos a Ele em todas as circunstâncias. “Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas”.(Pv 3:5-6). O irmão Edward Donnelly em seu livro “Depois da morte o quê ? Céu ou Inferno?”, faz um comentário muito apropriado com este assunto. Diz ele : “Uma das melhores curas da auto piedade é observar alguém que está em situação muito pior que a nossa”. Ele conta-nos uma de suas experiências: “Durante um período de doença não grave, há algum tempo, quando eu tive a tendência de me lamentar, casualmente olhei do púlpito num domingo de manhã, para uma ouvinte. Era uma cristã que recendia graça divina e que estava confinada numa cadeira de rodas devido a uma enfermidade que a aleijara. Seu semblante era sereno, firme no sofrimento, e a minha autopiedade derreteu-se no calor da sua coragem”. Continua o autor dizendo: “Mas todos nós estamos nessa situação, porque estamos rodeados de multidões que estão infinita e eternamente piores do que nós, milhões que estão a caminho do inferno. Pela graça de Cristo, nós não estamos destinados à condenação, e, todavia, ousamos queixar-nos! Quando depois disso você pensar que a vida o está tratando duramente e que Deus poderia dispor as suas circunstâncias mais amorosamente, dê uma olhada no abismo do inferno e lembre-se: “Eu estava indo para lá, porém agora não estou. Em vez disso, estou a caminho do céu, porque Deus me salvou. Que importam todas as decepções, dores e tristezas desta vida? Não são nada, em comparação com o que eu mereço, não são nada, comparadas com o que vou herdar”. Foi o que o Salmista fez: “Dar-te-ei graças,Senhor, Deus meu, de todo o coração, e glorificarei para sempre o teu nome. Pois grande é a tua misericórdia para comigo; e me livraste a alma do mais profundo poder da morte”. (Sl 86:12-13). Irmãos, o Senhor tem como propósito formar o caráter de Seu Filho em nós, e para tanto, ele precisa remover as escórias e poluições do pecado de nossas vidas, por isso nos corrige e disciplina-nos enviando-nos aflições, e isto necessariamente demonstrando o Seu amor e o Seu cuidado para conosco. “Filho meu, não rejeites a disciplina do Senhor, nem te enfades da sua repreensão. Porque o SENHOR repreende a quem ama, assim como o pai ao filho a quem quer bem.”(Pv 3:11-12). Há muito que poderíamos dizer sobre o cuidado paternal de Deus para com os Seus, mas detemo-nos apenas com mais uma consideração. Embora, no momento, as disciplinas de Deus não parecem ser motivos de alegria senão de tristeza, depois entretanto, produz fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela. E nesta rica providência de graça a que somos alvos da parte de Deus, podemos descansar no fato de que Ele nunca nos abandonará. Aquele que nunca nos deixou quando passamos por momentos alegres e felizes, também não nos deixará quando passarmos por momentos de aflições e necessidades. “Quando passares pelas águas eu serei contigo; quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti”.(Is 43:2). Em 1989, o terremoto que estremeceu a Armênia durou apenas 4 minutos, tempo suficiente para arrasar a nação, matando 30 mil pessoas. Logo que cessou o tremor de terra, um pai correu para a escola primária, a fim de resgatar o seu filho. Para sua surpresa, o prédio desabara, nivelando-se ao solo. Observando aquele monte de tijolos, pedras e ferros retorcidos, lembrou-se da promessa que fizera ao filho: “Aconteça o que acontecer, estarei sempre perto de você”. Impulsionado pelo que dissera, localizou a área onde ficava a sala de aula e começou a remover os escombros. Vários pais chegaram, chorando pelos seus filhos. “Tarde demais”, diziam: “Eles estão mortos, nada mais pode ser feito”.Até mesmo a polícia o desencorajou a prosseguir. Mas o pai prosseguiu na busca. Escavou oito, dezesseis, trinta e duas, trinta e seis horas. As mãos sangraram, ficou exausto, mas não desistiu. Finalmente, depois de trinta e oito horas exaustivas de trabalho, ele afastou uma grande viga de concreto e começou a chamar por seu filho. –Arman! Arman! Do meio dos escombros seu filho respondeu: -Papai, estou aqui! O menino acrescentou uma frase que soou aos ouvidos do pai como a mais preciosa de todas. – Eu falei aos outros meninos que não se preocupassem. Falei-lhes que se você estivesse vivo, você viria me salvar e que depois que eu fosse encontrado, eles também seriam salvos. Você havia prometido para mim: “Aconteça o que acontecer estarei sempre perto de você”. “E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século”.(Mt 28:20). “Senhor, não me tires as aflições; mas leva-me a depender de Ti nas minhas aflições, porque Tu estás comigo, a tua vara e o teu cajado me consolam”. Amém!

O Cristão Carnal- Jessie Penn-Lewis

O Cristão Carnal- Jessie Penn-Lewis


“E eu, irmãos não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a criancinhas em Cristo”. (I Co 3:1). A “alma” é o lugar da consciência de s i mesmo ( a personalidade, a vontade, o intelecto), e está situada entre o espírito; o lugar da consciência de Deus; e o corpo; o lugar da percepção, ou da consciência do mundo. Gall diz que a “alma” recebe sua vida, ou poder animador, do espírito (a parte mais elevada), ou da vida animal (a parte mais baixa). Em Latim a palavra “alma” é “anima” o princípio animador do corpo. Na pessoa convertida aqueles que tiveram seus espíritos regenerados ou vivificados pelo Espírito de Deus a alma é dominada por baixo, pela vida animal ou por cima, pela vida do espírito. Pode se dizer, portanto, que há três classes de cristãos (há somente duas classes de pessoas, salvos e perdidos, regenerados e não regenerados; mas diferentes classes de crentes, definidos de acordo com o crescimento e conhecimento da vida de Deus) e estas três classes de crentes são claramente apresentadas nas Escrituras como: 1. A pessoa “espiritual” dominada pelo Espírito de Deus que habita e fortifica seu espírito humano regenerado. 2. A pessoa “almática” dominada pela alma, pelo intelecto ou emoções. 3. A pessoa “ carnal ” dominada pela carne, pelos desejos ou hábitos carnais. A palavra usada em I Coríntios 3:1 não é “psique”, alma; mas “sarkikos”, carnal, o adjetivo da palavra em Romanos 8:7, onde está escrito que “a inclinação da carne (carne sarx) é inimizade contra Deus”. Não é dito que a “psique”, ou a vida almática, é inimizade contra Deus, mas a inclinação carnal. É verdade que o natural, ou a pessoa “almática”, não pode receber ou entender as coisas do Espírito (I Co 2,14), mas não é dito que são inimigos de Deus simplesmente porque são almáticos! “E eu, irmãos não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a criancinhas em Cristo”, escreveu Paulo aos Coríntios, apesar de verdadeiramente regenerados e “em Cristo” eles ainda eram tão dominados pela “carne” que ele somente poderia descrevê-los como sendo ainda “carnais” ou mundanos. Isto foi comprovado pela manifestação das obras da carne em ciúme e contenda, pois ele escreve aos Gálatas, “as obras da carne são manifestas, as quais são: imoralidade,..., feitiçaria,..., ciúme,..., ambição,..., inveja,..., e coisas desse tipo”. (Gl 5:19-21). Qualquer uma destas manifestações vista em um crente indica obras, em algum grau, da “sarkikos”, ou vida carnal, passeando pelas avenidas da alma ou personalidade em ciúme, contenda, etc. Tal pessoa certamente não é “almática” meramente “natural” mas alguém que anda “após a carne”, ainda que seu espírito possa estar renovado e vivificado; aqueles que estão assim, andando “na carne”, não podem agradar a Deus. Paulo descreve estes crentes de Corinto como sendo “carnais” ou mundanos, e ainda “criancinhas em Cristo”, mostra claramente que as “criancinhas em Cristo” estão geralmente debaixo do domínio da carne ou “na carne” no estágio inicial da vida espiritual. Na sua regeneração eles verdadeiramente estão “em Cristo”, vitalmente vivificados com Sua vida e firmados Nele pelo Seu Espírito, como está escrito em João 3:16, “aquele que nEle crer tem a vida eterna”; mas estas “crianças em Cristo”, vitalmente nEle através de uma fé viva, ainda não compreenderam tudo o que a Cruz tira deles pelo fato de serem batizados em Sua morte na Cruz e vivificados pela Sua vida. Parece, pela linguagem de Paulo, que ele culpa estes Coríntios por serem ainda “criancinhas”, pois o estágio de criança não deve ser de muita duração (ver Hb 5:11-14). A regeneração do espírito, que vem através do sopro do Espírito de Vida de Deus, na simples fé da pessoa no sacrifício expiatório do Filho de Deus sobre a Cruz a seu favor, deve ser prontamente seguida pela compreensão da morte do pecador com o Salvador (Rm 6:1-13), a qual traz libertação da vida da “carne”, que os Cristãos de Corinto ainda não tinham manifestadamente conhecido. Paulo esboça muito claramente as marcas do Cristão carnal “criancinhas em Cristo” e por estas marcas todos os crentes do tempo presente podem julgar por eles mesmos se também são “ainda carnais”. Isto nos leva a considerar a libertação da Cruz. “E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências” (Gl 5:24). Estas são as palavras com as quais Paulo termina sua descrição das “obras da carne” em sua carta aos Gálatas, enquanto realça o “fruto do Espírito” que a pessoa “espiritual” aquela em quem o espírito, habitado pelo Espírito Santo, a guia deveria produzir em seu viver. As “criancinhas em Cristo” que são “ainda carnais” precisam da mais plena compreensão do significado da Cruz; pois no propósito de Deus a morte de Cristo significou que a “velha natureza” foi crucificada com Ele, de maneira que “os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne” com todas as suas afeições e desejos. A mesma Cruz que foi revelada para a pessoa não regenerada como o lugar onde o pecado foi expiado e a carga do pecado removida pelo sangue do Cordeiro é o lugar onde o Cristão “carnal”, que pode ser uma “criancinha em Cristo”, embora regenerado por muitos anos, deve obter libertação do domínio da carne, de maneira que possa andar pelo espírito e não “pela carne”, e assim na devida estação tornar-se uma pessoa espiritual e plenamente crescida em Cristo. Romanos 6 é a Carta Magna da liberdade através da Cruz de Cristo que a “criancinha em Cristo” precisa conhecer, pois ela claramente estabelece a base da libertação, da qual somente uma breve referência é feita em Gálatas 5:24 e em outras passagens. Somente por uma apropriação da morte com Cristo, com a mortificação das “obras” do corpo (Rm 8:13 e Cl 3:5), o crente pode viver, andar e agir no e pelo Espírito, e assim se tornar uma pessoa espiritual. “Quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, suscitadas pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte”, escreveu Paulo aos Romanos, “mas agora fomos libertos da lei” (Rm 7:5-6). “Em semelhança de carne do pecado” (Rm 8;3), o puro e santo Filho de Deus pendurado sobre o madeiro, uma “oferta pelo pecado”, e porque Ele morreu pelo pecado e para o pecado no lugar do pecador, Deus assim condenou para sempre uma vida de “pecado na carne” em todos os que estão verdadeiramente unidos ao Seu Filho. Os crentes vivem “na carne” (II Co 10:3), isto é verdade, no tocante ao fato de que ainda estão em seus corpos físicos, mas uma vez que vêem o próprio Filho de Deus em “semelhança de carne do pecado” pendurado sobre o madeiro, e sabem que nEle morreram para o pecado, daquela hora em diante vivem “na carne” (Gl 2:20) tanto quanto o corpo físico é solicitado, mas eles não 'andam' mais “segundo a carne” ou seja, de acordo com as demandas e desejos de seus corpos mas “segundo o espírito” ou seja, de acordo com seus espíritos renovados e habitados pelo Espírito de Deus (Rm 8:5-6). Baseados na obra do Filho de Deus na Cruz do Calvário, na qual os pecadores por quem Ele morreu foram identificados com o Substituto que morreu por eles, os crentes redimidos e regenerados são chamados para “considerarem”, ou se reconhecerem como “mortos para o pecado”, porque “nosso homem velho foi com Ele crucificado”. O Espírito Santo de Deus habitando em seus espíritos, pode então conduzir o propósito divino ao seu resultado final de que o “corpo do pecado” o detentor total do pecado na totalidade da humanidade caída possa ser “destruído” ou abolido, a medida que o povo de sua parte firme, e fielmente recuse deixar que “reine o pecado” (Rm 6:6,11,13). É quando a “criancinha em Cristo” sabe disto que a “carne” cessa de dominar e ter controle, e se levanta em espírito em união real com o Senhor ascendido vivo para Deus em Cristo Jesus. A “criancinha em Cristo”, que compreende isto, agora sabe o completo significado de ser “vivo para Deus”; e anda segundo o espírito e pelo Espírito, cessa de realizar os desejos da carne, e de aqui em diante, entrega ao seu espírito, habitado pelo Espírito de Deus, o domínio de todo o seu ser. Isto não significa que não pode de novo errar em “andar segundo a carne”, mas já que entregou sua mente para as “coisas do Espírito” e se considerou continuamente “morto para o pecado”, então, “pelo Espírito” firmemente “mortifica as obras do corpo” (Rm 8,13) e anda em novidade de vida.

Do livro: “Soul and Spirit” (Alma e Espírito).

Irmãos em Cristo Jesus.

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Mt 5:14 "Vós sois a luz do mundo"