domingo, 10 de maio de 2009

Edificação e Guerra- Gino Iafrancesco

Capítulo 1
Consciência Conceitual
Introdução
Vamos começar com uma leitura que nos ajudará, pouco a pouco, a introduzirmos na carga do Espírito. Gostaria de ir a Lucas 14, dos versículos 25 a 33 inicialmente. Não é meu propósito fazer um exame aguçado, exato desta passagem, e sim tomar da passagem a carga do Espírito. Lucas 14: 25-33. Amém. Então vamos seguir a leitura e atendendo ao Senhor no nosso espírito. Irmãos, não pretendo dar a última palavra enquanto compartilho o que o Senhor me tem dado; os irmãos também têm a liberdade de completá-lo com o que o Senhor les dê. Toda a igreja tem ao Senhor.
Leiamos:
Grandes multidões o acompanhavam, e ele, voltando-se, lhes disse: Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo. Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para concluí-la? Para não suceder que, tendo lançado os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem zombem dele, dizendo: Este homem começou a construir e não pôde acabar. Ou qual é o rei que, indo para combater outro rei, não se assenta primeiro para calcular se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil? Caso contrário, estando o outro ainda longe, envia-lhe uma embaixada, pedindo condições de paz. Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo. Lc 14:25 a 33
Neste mesmo contexto, porque não foi Lucas que colocou este subtítulo que foi inserido pela Sociedade Bíblica, segue dizendo o mesmo Senhor:
O sal é certamente bom; caso, porém, se torne insípido, como restaurar-lhe o sabor? Nem presta para a terra, nem mesmo para o monturo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. Lc 14:34 e 35
Irmãos, neste contexto do seguir a Cristo, do discipulado do Senhor, Ele toma duas figuras para representar o seguir a Ele, o qual é o discipulado; e estas duas figuras são: a figura da edificação e a figura da guerra. Edificação e guerra são duas figuras chaves que o Senhor utiliza para representar o seu discipulado. É como se o Senhor dissesse: Vocês me seguem em uma edificação que eu estou edificando, e me acompanham em uma guerra que eu estou guerreando. São dois assuntos essenciais que vão juntos, um com o outro.O seguir ao Senhor, o discipulado do Senhor, é como uma edificação. É uma edificação do Senhor, e uma edificação com o Senhor; para poder realizá-la, há que renunciar tudo pelo Senhor. Não podemos cooperar com a edificação do Senhor sem renunciar a tudo; até mesmo as nossas vidas, as nossas próprias famílias, os nossos próprios bens. Penso que, de tudo isso, o mais difícil de renunciar, porém o mais necessário e que deve vir primeiro é renunciar a nós mesmos, a nossa própria vida, quer dizer, a vida da nossa própria alma; Porque aqui quando diz:
“o que não leva sua cruz e vem após mim não pode ser meu discípulo”. E diz também: “... e ainda também a sua própria vida”.
Renunciar a própria vida, aqui a palavra vida, no grego, é a palavra psique; ou seja, a vida da alma, a vida do eu, a vida de nossa personalidade natural. Ainda isso é necessário colocar nas mãos do Senhor. Tomar a cruz para não deixar a edificação apenas iniciada ou para não perder a guerra. E também, para saber contra quem será a guerra, da parte de quem estaremos e contra quem.É no contexto deste seguir que Ele nos fala da cruz, nos fala da renúncia, nos fala de perder a vida de nossa alma toda, de renunciar a tudo; inclusive aos afetos naturais familiares, a vida do eu, as ataduras com as posses. Podemos ter posses, mas não podemos estar atados às posses, porque as ataduras às posses, as ataduras afetivas, as ataduras do amor próprio, a nosso próprio ego, a nossa própria alma, não nos deixarão terminar com Cristo a edificação, e seremos como um homem que começou a edificar, mas não pode terminar; ou seremos como um homem que enfrentou uma guerra, e não tinha as armas suficientes para vencer nesta guerra.Então, por isso disse aqui no verso 28, no contexto do seguir, no contexto do discipulado, no contexto da aplicação da cruz ao ego e inclusive aos seus afetos que parecem mais legítimos e naturais, como são os afetos familiares, ou os afetos às posses; é nesse contexto no qual Ele nos disse: “porque quem de vós, querendo edificar uma torre...”, e utiliza o exemplo da edificação, e disse:
“... não se senta primeiro e calcula os gastos...”; ou seja, que os gastos para edificar com Cristo são nossa própria alma, são nossa própria personalidade natural, são nossos afetos naturais, são nossos próprios apegos às coisas materiais, e apegos a nosso próprio eu, ou a nosso amor próprio; estes são os gastos em que devemos incorrer para poder terminar com Cristo a edificação. Não podemos cooperar na edificação sem primeiro calcular e fazer, depois de calculados, estes gastos. O Senhor não nos engana acerca dos gastos necessários para a edificação, e acerca dos gastos necessários para a guerra; sem pagar estes custos não podemos terminar a edificação e nem vencer a guerra.Ele usa também o exemplo da guerra. “Ou que rei, ao marchar à guerra contra outro rei, não se senta primeiro e considera se pode fazer frente com 10 mil ao que vem contra ele com vinte mil?”. Isso quer dizer, há que fazer os cálculos para a guerra. Assim como a edificação tem custos, a guerra também tem custos. E aqui nesta guerra, quem vai pelejar tem que saber de que parte está. Irmãos, porque de todas as maneiras está se pelejando uma guerra. Não podemos ser neutros nesta guerra. O Senhor Jesus nos disse: “o que não está comigo é contra mim”. Ninguém pode ser neutro. O que pretende ser neutro é porque não quer estar com Cristo, ou seja, o Senhor considera ao que pretende ser neutro como estando contra Cristo.Ele disse: “o que comigo não ajunta espalha”. Ou seja, que a guerra de todas as maneiras existe, e há que pelejá-la, e temos que definir a respeito de que lado estamos. Se vamos fazer a paz com o Rei, ou com outro rei contrário. Com que rei estamos? Com o Senhor Jesus ou com o príncipe deste mundo? Há custos nesta guerra. É necessário definir com quem estamos e estar dispostos a pagar os custos para que não percamos a guerra. Há uns custos para a guerra e uns custos para a edificação.Irmãos, necessitamos compreender com a ajuda do Senhor em que consiste esta edificação e em que consiste esta guerra. São duas coisas que acontecem no seguir ao Senhor. Se seguirmos ao Senhor, seguimos em uma edificação e o seguimos em uma guerra. Estas duas coisas: edificação e guerra ocorrem ao mesmo tempo.
Batalhas
Eu gostaria de usar outra passagem que lêssemos para ver como essas duas coisas: edificação e guerra estão juntas no serviço ao Senhor, no discipulado do Senhor, no seguir ao Senhor. Se puderem acompanhar no livro de Neemias vamos ver ali, no cap. 4, alguns versos tipológicos, onde podemos ver claramente que estas duas coisas, edificação e guerra, estão juntas. O livro de Neemias está depois de Esdras e antes de Ester. Gostaria que antes que lêssemos os versos do capítulo 4, façamos uma leitura panorâmica do livro, através dos subtítulos que a Sociedade Bíblica colocou nas distintas passagens. Estes subtítulos não fazem parte do texto sagrado, mas nos resumem o que tratam estes capítulos, portanto têm utilidade.

Assim que antes de ler o capítulo 4, eu gostaria que víssemos um pouco do que trata estes primeiros capítulos do livro de Neemias. Vejam o primeiro subtítulo que puseram, o qual nos diz o que trata o capítulo 1: Oração de Neemias sobre Jerusalém. Jerusalém nos fala da cidade de Deus, da edificação de Deus e do reino de Deus. E se fala do reino de Deus, fala também da guerra de Deus.

Lembrem-se de que no Antigo Testamento aparece um motivo que é o das Batalhas de Yahveh. Havia um livro, no qual se registrou a épica israelita desde a antiguidade, que é citado em Números 21:14, onde se fala do Livro das Batalhas de Yahveh. Yahveh, Ele sozinho, por si só, não necessitaria batalhar com ninguém. Mas como há uma oposição a Ele de suas criaturas, e há uma causa entre suas criaturas, a qual se está jogando, então enquanto suas criaturas e a participação de suas criaturas com Ele, se pode falar claramente das Batalhas de Yahveh. Esse Livro das Batalhas de Yahveh continha as batalhas de seu povo. As batalhas de seu povo são as batalhas de Yahveh.

Quando lemos também na história de Davi e posteriormente acerca das batalhas de Davi e dos israelitas, vemos que Davi pelejava as batalhas de Yahveh (1S 18:17; 25:28), e que a guerra era de Deus (1Cr 5:22; 2 Cr. 20:15). Do Senhor se diz que pelejava por seu povo (Ex 14:14,25; Dt 1:30; 3:22; 20:4; Jos. 10:14,42; 23:3). Diz, pois, que Davi pelejava as Batalhas de Yahveh. Quando Davi estava pelejando com os Filisteus, os Sírios, os Amonitas, os Madianitas etc., e estabelecia guarnições, tomava o território para o reino de Yahveh, não para seu próprio reino, e sim para o reino de Yahveh.Muitas vontades se faziam na terra, de muitos reis enganados por satanás, que é o enganador das nações. Mas um povo, Israel, conhecia a vontade de Yahveh; e com esse povo Deus queria estabelecer Seu reino, donde a vontade do Pai seja feita na terra. Deus começou a revelar esta vontade a seu povo Israel, e Davi pelejava com os inimigos de seu povo, não para estabelecer um governo próprio, mas sim para estabelecer um governo de onde se faria a vontade de Yahveh. Por isso se fala aqui não guerras de David ou das batalhas de Davi, mas sim que Davi pelejava as batalhas de Yahveh, e que a guerra era de Yahveh. Assim, se fala no livro de Crônicas, assim se conta nos livros dos Reis, acerca das batalhas que pelejava Davi e os israelitas; eram as batalhas de Yahveh. Não pelejava somente para si, mas pelejava para que Deus reinasse, para que a vontade de Deus, e não a sua própria, se fizesse.Deus rejeitou a Saul, porque Saul deveria representar a vontade de Deus, mas ele no caminho começou a representar sua própria vontade e deixou de representar o reino de Yahveh e o trono de Deus, para representar seu próprio reino particular, por isso foi rejeitado, porque não fez a vontade de Deus, e Deus o substituiu por Davi, um homem segundo Seu coração, que pelejaria as batalhas para Yahveh.As batalhas de Israel com os egípcios no mar vermelho, durante as jornadas no deserto, com Ogue o rei de Basã, com Siom rei de Hesbom e as demais batalhas posteriores constituem a épica antiga de Israel que continha no Livro das Batalhas de Yahveh, citado em Números. Esta épica de Israel eram as batalhas de Yahveh, a guerra de Yahveh para o Seu reino. Assim também eram as batalhas de Davi e Josafá, etc. Assim, também foi a batalha do Senhor Jesus e assim são as batalhas, a guerra da Igreja.Então, se trata de uma guerra e também de uma edificação: as duas coisas ao mesmo tempo. A edificação é para um reino, é para a casa de Deus; mas também esse reino tem inimigos; e então há uma guerra, uma inimizade entre duas sementes (Gn 3:15).Então irmãos, devemos ser conscientes de que existe sobre a terra uma edificação de Deus e uma guerra de Deus, e nós ou cooperamos ou estamos contra. Não podemos ser neutros. O Senhor considera aos que se consideram-se neutros como inimigos. O que não está comigo está contra mim, disse Ele. O que não edifica com Cristo a casa do Pai está do lado contrário. Do Filho está escrito: que edificaria casa para Deus, e que Deus lhe seria Pai, e que lhe daria o trono eterno (1Cr 17:13 e 14 ). O trono de Davi era o trono de Yahveh. Assim se refere a ele em Crônicas (1 Cr. 29:23). O trono de Davi, o trono de Salomão não é somente o trono deles, senão como se disse é o trono de Yahveh.
Custos
Jesus edifica casa para o Pai, como filho de Davi, e também pelejou a guerra por seu Pai e por nós. Amém. E agora nós somos convocados a segui-Lo no discipulado do Senhor Jesus, em Sua edificação e em Sua guerra. O que não ajunta com o Senhor, espalha; o que com o Senhor não edifica o que Ele edifica e o que com o Senhor não peleja contra quem Ele peleja, está no lado inimigo. Temos que entender claramente estas coisas: Quem não conhece o que edifica e contra que peleja, é porque está do lado do inimigo. Pode estar neste partido sem saber, porque o inimigo tem muitos escravos cegos que não sabem que estão sendo usados para edificar outra coisa, pode ser Babilônia, e para pelejar outra guerra a favor do diabo. Claro que perdida, mas estão enganados.Irmãos, estamos aqui com a ajuda do Senhor, para tomar consciência de que se estamos seguindo ao Senhor, O seguimos numa edificação específica e combatemos juntamente com Ele em uma guerra específica. E para poder terminar esta edificação e para poder ganhar essa guerra com o Senhor, temos que pagar os custos que devem ser pagos. Este custo é o da vida da nossa própria alma, nossos próprios afetos naturais, nossa própria personalidade natural, nossos laços sentimentais, nossas ataduras materiais; isto e outras coisas são o custo para poder terminar esta edificação sem que sejamos escarnecidos pelo inimigo.
Interesses
Então irmãos fixem-se agora no que diz o Livro de Neemias: oração. Aqui está a intercessão, o compromisso espiritual de Neemias. Oração sobre Jerusalém, a cidade do grande Rei, Yahveh Sabaot, Yahveh dos Exércitos.O título seguinte colocado pelas Sociedades bíblicas acerca do tema deste livro é: Artaxerxes envia Neemias a Jerusalém. Ou seja, que uma vez que houve a intercessão pela causa de Deus, pela cidade de Deus, pela edificação de Deus, pelo reino de Deus, pela guerra de Deus, uma vez que houve esta intercessão, então houve a providência, o movimento providencial de Deus. Se você quer seguir ao Senhor, e ora ao Senhor para cooperar com Ele, a providência de Deus vai te acompanhar, e vai dar em tuas mãos tudo o que necessite para esta edificação e para esta guerra. Artaxerxes era um rei do império persa, que era como uma das cabeças da besta, mas sobre ele reina outro maior: Deus, quem inclusive utiliza seus próprios inimigos para cooperar, a seu prejuízo com a causa de Deus. Artaxerxes envia Neemias a Jerusalém.Logo, disse a Sociedade Bíblica: Neemias anima o povo a reedificar os muros. Aqui vai o conceito da edificação: reedificar os muros da cidade, os muros de separação, para fazer clara diferença entre o que é santo e o que é profano, entre o que é precioso e o que é vil, entre o que é do céu e o que é da terra, entre o que é do Espírito e o que é da alma ou o que é do eu ou o que é da carne. Onde se separa o que é do reino de Deus e o que é da potestade das trevas. Uma edificação tem muros e pertence a um reino; e esse reino e esses muros defendem do ataque; porque existe uma guerra.Então dizia: Neemias anima o povo a reedificar os muros. Capítulo 3, título: Divisão do trabalho de reedificação. Aí temos a edificação. Capítulo 4, título: precauções contra os inimigos. Aí temos a guerra. Quando há edificação há oposição, então temos guerra. Edificação e guerra. Quem que vai edificar uma torre, não se senta primeiro e calcula os gastos, para ver se tem como terminar a torre? Não seja que depois de haver posto o alicerce fiquemos nos meros fundamentos; e depois de tanto tempo, devendo já ser mestres, não avançamos até a perfeição (Hb. 5:12 a 6:1), e ficamos dando voltas no deserto (I Co. 10:1-5). Sabem por que ficamos dando voltas e ficamos como crianças imaturas? Porque não pagamos o custo da edificação e da guerra. Quando não pagamos o custo, ficamos dando voltas no deserto.Há, pois uma edificação, e como há também muita oposição a esta edificação, há então uma guerra. Já nos disse o titulo: Precauções contra os inimigos. Há guerra, há inimigos de fora e inimigos que se infiltram para dentro. Veja agora o titulo do capitulo 5: Abolição da usura. A usura foi a inconsciência, a inconsistência do mesmo povo de Deus, que não entendeu a Deus nem a edificação nem a guerra; e enquanto havia edificação e guerra, alguns inconscientes estavam querendo tirar proveito próprio, estabeleceram interesses sobre o povo de Deus. Como se tornou feudal a cristandade! Irmãos quantas vezes as coisas não são feitas para Deus como deveria ser, porque alguns que deveriam estar colaborando, tem seguido seus próprios interesses. Quando mesclamos nossos próprios interesses dentro da comunhão entre o mesmo povo de Deus, em vez de colocá-lo todo para edificação de Deus, em vez de colocá-lo para a guerra de Deus, enquanto o povo está na edificação e na guerra, nós estamos aproveitando a conjuntura para nossos interesses vis. Essa foi a razão da usura. Por isso Neemias teve que abolir-la. Que significa pois, abolir a usura? Significa que na edificação de Deus e na guerra de Deus não há lugar pra os interesses próprios. Não há lugar para os interesses próprios na edificação de Deus e na guerra de Deus!
Infiltração:
Logo diz o titulo do capitulo 6: Conspiração dos adversários. Aí continua a guerra. Capitulo 7: Neemias designa dirigentes: Para que? Para a edificação e para guerra. Os que voltaram com Zorobabel, para que voltaram? Para a edificação e para a guerra. Então, neste contexto, vamos ler do capitulo 4 não todos os versos, e sim desde o verso 15, para que nos sirva de ilustração; porque as coisas que foram escritas antes, para nossa edificação e ensinamento foram escritas (Rm. 15:4).Então nos diz Neemias 4, mostrando-nos juntos estes conceitos de edificação e guerra o seguinte, desde o verso 15 até o verso 23 inicialmente: “E quando ouviram nossos inimigos que já o sabíamos...” Porque no princípio os inimigos não se declararam inimigos, se disfarçaram de amigos: Edificaremos convosco, disseram (Es. 4:2, Ne. 4:11); mas eles o que querem é infiltrar-se para destruir a edificação. Assim é satanás. Satanás quer infiltrar os seus para destruir a edificação; mas se o entendemos, então agora sim deve declarar-se inimigo abertamente. Enquanto satanás se apresente como amigo, mas sua intenção é destruir, sua intenção é paralisar, sua intenção é opor-se, mas se infiltra como amigo; mas quando o entendemos e satanás se dá conta, “... quando ouviram nossos inimigos que já o sabíamos e que Deus tinha frustrado o conselho deles, nos voltamos todos ao muro”.

Muro:
Irmãos, o muro representa a síntese da edificação e da guerra. O muro é para edificar e o muro é para guerrear. O muro é para deter o inimigo e para proteger o povo. É edificação e guerra. “Voltamo-nos todos ao muro”, todo o povo ao muro. É mister edificar o muro de separação; se trata de separação do contrário a Deus. O muro é para edificação e o muro é para a guerra. O muro é como uma espada de dois gumes que separa o que é de Deus do que não é de Deus; o que é santo do profano, o que é do céu do que é da terra, o que é do Espírito do que é da carne. Esse muro de santidade e louvor é a espada que separa a alma do espírito. Amém.Então diz aqui: “... voltamo-nos todos ao muro cada um à sua tarefa”. Cada um do povo de Deus tem uma tarefa no muro; nem um filho de Deus está isento nem da edificação, nem da guerra. Cada um tem um lugar no muro, ou seja, um lugar na edificação e um lugar na guerra. Irmão, recorde: está em uma edificação e em uma guerra; não perca a consciência de estar em guerra; tem que saber que está em guerra e contra quem guerreia, e da parte de quem. Tem que saber que está numa edificação, e tem que saber o que está edificando. Não podemos ser ambíguos; temos que ter claro contra quem guerreamos e o que edificamos. Amém.E agora diz aqui, “... cada um à sua tarefa”. Cada filho de Deus tem uma tarefa no muro, cada filho de Deus tem uma tarefa na edificação, cada filho de Deus tem uma tarefa na guerra. Ninguém esta isento, nem da guerra, nem da edificação, nem da separação devida, nem da devoção devida. Armas e ferramentas de nossa milícia“Desde aquele dia...”, ou seja, desde que o entendemos, desde que entendemos qual era o assunto de que se tratava, e que era o que em realidade estava sucedendo, qual era o drama, desde esse dia, “a metade dos meus servos trabalhava na obra e a outra metade tinha lanças, escudos, arcos e couraças”. As lanças são ofensivas e os escudos são defensivos. Os arcos são ofensivos e as couraças são defensivas; ou seja, que na guerra há uma parte ofensiva e uma parte defensiva.A parte ofensiva é a Palavra de Deus, a proclamação do evangelho, o ensinamento da Palavra de Deus; a parte defensiva é a luta espiritual, a apologética, a defesa; distintos aspectos da guerra; o aspecto ofensivo e o aspecto defensivo. Para o aspecto ofensivo há armas, a lança e o arco, a espada também; e para o aspecto defensivo, a couraça para proteger o coração, porque satanás procura fazer dano ao coração, corroer o coração, encher o coração de amargura, do desânimo, de ódio, de critica: é necessário colocar uma couraça no coração, e é necessário pagar o preço de morrer para nós mesmos. Se não morremos para nós mesmos, nosso coração é contaminado; temos que ter uma couraça que proteja o coração, e também um capacete que proteja nossos pensamentos; porque satanás nos ataca nos pensamentos e nos sentimentos; e se não pagamos os custos incubamos maus pensamentos e maus sentimentos. Temos que pagar os custos renunciando a todo mau pensamento e a todo mau sentimento. O que não renuncia a si mesmo, a seus maus pensamentos e a seus maus sentimentos, não paga o custo e não pode terminar a edificação e não vencerá na guerra.É necessário pagar o custo para proteger o coração e proteger a mente do ataque; satanás lança ataques constantes a nossos pensamentos e a nossos sentimentos. Para isso são a couraça e o capacete, para proteção de nossos pensamentos e de nosso coração. Escondidos com Cristo em Deus, sentados com Cristo em lugares celestiais, essa é nossa posição, nosso muro, nossas armas ofensivas e defensivas. O que Cristo conquistou para nos já é nosso, e a guerra é para mantermo-nos dentro da cidade de Deus, como um só corpo em Cristo, escondidos em Deus e representando Sua natureza e vontade, com o exemplo e o testemunho. Agora diz mais: “os que edificavam no muro...” 4:17 de Neemias: Os que edificavam o muro, os que traziam as cargas e os que carregavam, cada um com uma das mãos fazia a obra e na outra tinha as armas.”. Aí esta: edificação e guerra. Com uma mão edificavam e com outra mão tinham a espada; já não é a foice e o martelo, senão a pá e a espada. Um é para edificar e outro para guerrear.
Comunhão e coordenação
Logo segue dizendo assim: “Porque os que edificavam, cada um trazia a sua espada cingida aos lombos, e assim edificava; e o que tocava a trombeta estava junto comigo. E disse eu aos nobres, aos magistrados e ao restante do povo: Grande e extensa é a obra, e nós estamos apartados no muro, longe uns dos outros. (Ne 4:18 e 19). Ah! Que importante é considerar isto. Por isso havia uma trombeta. A trombeta era para convocar o povo. Essa era uma classe de toque e para convocar à guerra era outra classe de toque. A trombeta é para convocar e para guerrear, e tem distintos toques: um toque é o de retirada, outro toque é de avançar, outro toque é o de convocação para uma e outra coisa. Com um toque se reunia os anciãos, com outro se reuniam as tribos; com um toque avançavam, com outro toque paravam. Amém. Para isso a trombeta estava sempre ali e havia que dar um toque claro de trombeta, quer dizer que se possa discernir quando parar, quando avançar, quando vão os anciãos, quando vai o povo, quando há parada de um ou de outros, quando uns ou outros devem avançar, quando há retirada de uns ou de outros – para isso é a trombeta.E disse: “E estamos apartados no muro, longe uns dos outros...”, ou seja, que nesta guerra e nesta edificação não podemos estar longe uns dos outros. Para poder pelejar esta batalha e fazer esta edificação, temos que estar juntos e unânimes e coordenados uns com os outros. Não podemos pelejar esta batalha e nem podemos fazer com Cristo esta edificação, se não estivermos juntos. Porém, nos disse que estamos apartados uns dos outros; uns edificam uma parte do muro, outros edificam outra parte, mas como é o mesmo muro, é o mesmo reino, a mesma Jerusalém, a mesma cidade, então, deve haver coordenação; e para a coordenação estão as trombetas. As trombetas são para a coordenação na guerra e na edificação. Então disse: “No lugar onde ouvires o som da trombeta...”, Ou seja, que esteja um edificando uma parte por ali à direita, outro ao sul, outro ao norte, outro em qualquer extremo, não importa que estejamos apartados, um fazendo uma coisa ou outra, quando há convocação santa por meio da trombeta para edificação e para a guerra, devemos atender a voz da trombeta. Ai! Quantas vezes soa a trombeta, mas como o diabo nos faz soar outra trombetinha, as dos nossos negócios ou de nossos assuntos, não ouvimos a trombeta da guerra de Deus, nem ouvimos a trombeta da edificação de Deus, senão que com uma cornetinha o diabo nos distrai na guerra; e sabe por que nos distrai? Por que não nos quer juntos? Para devorar-nos. Ele nos quer longe uns dos outros, ele nos quer atrasados e apartados para devorar-nos. Os amalequitas atacaram por detrás aos que ficaram atrás, os que não seguiram juntos, os que ficaram soltos. Essas são as ovelhinhas que os lobos comem; os lobos não podem comer um grosso rebanho, mas uma ovelhinha que se dispersa e fica sozinha, a essa ele come.Por isso irmãos, para que haja verdadeira edificação e guerra, deve haver a coordenação por meio das trombetas. Por isso está escrito: neste lugar de onde ouvirei o som das trombetas, reuni-vos ali conosco. Devemos permanecer juntos e unânimes para esta guerra e para esta edificação.“Reuni-vos ali conosco: Nosso Deus pelejará por nós”. Quando pelejará nosso Deus por nós? Quando estamos juntos e unânimes, convocados por suas trombetas para a guerra e para a edificação; Ali Deus pelejará por nós. Que formosa é esta frase: “... nosso Deus pelejará por nós. Nós, pois, trabalhávamos na obra; e a metade deles tinha lanças desde a subida da alva até que saiam as estrelas. Quer dizer, todo dia estavam armados, tinham lanças, tinham arcos e também espadas. Amém. Vigilantes, quer dizer, não se pode fazer a obra de Deus esquecendo-nos que estamos em guerra.Precisamente os irmãos adoecem no momento em que há convocação; esse é o momento quando chegou uma enfermidade, quando veio a gripe, quando veio isto ou aquilo, quando estragou o eletrodoméstico, quando enguiçou o carro, quando chegou uma conta a pagar, e não nos damos conta de que é uma guerra de satanás contra nós para impedir a coesão do povo e para nos manter isolados, alheios da causa de Deus, sem entender onde estamos, e para nos manter enredados na armadilha de satanás; e aí então nos devorar. Temos que ser sábios.“Também disse então ao povo: cada um com seu criado permaneça dentro de Jerusalém, (atenção: dentro de Jerusalém) e de noite sirvam de sentinela”. (isto é alternando-se com seu próprio criado e de dia na obra. Quando está escuro ou perigoso, temos que ser sentinelas; e quando está tudo claro e tranqüilo, também; E há que edificar “E nem eu nem meus irmãos, nem meus jovens, nem a gente da guarda que me seguia, tiramos nossos vestidos; Cada um se desnudava somente para banhar-se”. Só para nos banhar nos desnudamos; o resto sempre vestidos, sempre armados na edificação e na guerra.Irmãos, por meio Deus, mais adiante eu desejaria entrar em mais detalhas disto; mas não quero continuar adiante nesta parte sem abrir para a participação e enriquecimento dos irmãos. Então, vamos nos deter por hora aqui.

Três Aspectos do Perdão- Levi Cândido

Artigo enviado pelos irmãos de Barueri-SP
“Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.” (Ef 4:32)
Podemos contemplar nas Escrituras Sagradas três aspectos do perdão. O primeiro é aquele que pode ser entendido pelo contexto da nova aliança, a saber; o perdão que Deus declara àqueles que crêem no SENHOR Jesus Cristo como o único e suficiente Salvador. A base para a efetividade deste perdão encontra-se na pessoa de Cristo Jesus e em sua consumada obra redentora. “Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus.” (Rm 3:24-26) Muitos são aqueles que presumem-se que a simples confissão de pecados podem lhes assegurar a possibilidade de perdão. Esta maioria baseia-se no que o apóstolo João escreveu em sua 1ª epístola, capítulo 1 versículo 9 que diz: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.” Porém, neste verso, o apóstolo não expôs o assunto concernente ao perdão de modo generalizado, aplicando a santos e ímpios igualmente. Entendemos pelo seu contexto que o perdão ali referido relaciona-se aos legítimos filhos de Deus; aqueles que nasceram de novo, portanto são filhos espirituais. “Filhinhos meus, estas cousas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo;” (IJo 2:1) Esta observação no entanto, sabemos estar sujeita à seguinte objeção: Então porque o apóstolo João apresentou no verso seguinte como se aplicando generalizadamente? “e ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro.” ? (v.2 ) Embora neste verso aparece a expressão “mas ainda pelos do mundo inteiro”, não se deve aplicar-se de modo generalizado, ou seja; à toda a humanidade, mas aos cristãos autênticos do mundo inteiro. De outro modo isto implicaria numa suposta contradição bíblica. Mas a palavra de Deus em sua essência é inerrante. Atribuirei todas as aparentes incoerências da Bíblia à minha própria ignorância.(1) “Toda Escritura é inspirada por Deus...” (IITm 3:16ª) O sangue de Cristo tem valor suficiente para remir o mundo inteiro, mas seu poder é aplicado apenas aos que crêem.(2) Não podemos tomar o que pertence aos filhos e lançá-los aos cães. As pessoas que não tem Cristo como Rei para reinar sobre elas jamais terão Seu sangue para salvá-las.(2) A Bíblia não fala de mero perdão. Não pode existir perdão senão com base na satisfação da justiça.(3) O Pr. Glênio Fonsêca Paranaguá, (Londrina-Paraná), expôs este ponto do seguinte modo: A lei exige o cumprimento da penalidade e o réu não pode ser justificado sem a execução do castigo. Jesus não podia apenas nos substituir na cruz, pois a justiça decreta a morte do culpado. “A alma que pecar, essa morrerá” (Ez 18:20) É um completo absurdo dizer que Deus nos perdoa porque Ele é amor. A única base pela qual Deus nos pode perdoar é a cruz.(4) Neste aspecto podemos contemplar o imensurável amor de Deus demonstrado a nós indignos pecadores. Para que fôssemos justificados e recebêssemos o perdão divino, Cristo Jesus assumiu a nossa deplorável condição na cruz, a fim de que a sua morte se tornasse a nossa morte para que sua justiça fosse a nossa justiça. Tomando o lugar do pecador na cruz, Jesus tornou-se tão inteiramente responsável pelo pecado como se fosse totalmente culpado.(5) Pelo evangelho, o salário do pecado foi pago e a justiça divina plenamente satisfeita. “Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram. Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus. Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.” (II Co 5:14,21 ; Rm 6:23) Aleluia! A cruz de Cristo é o preço do meu perdão.(5) O sangue da nova aliança vertido na cruz do Calvário é a preciosidade que consolida a nossa confiança, de que fomos perdoados completamente em Cristo Jesus, no qual temos acesso ao Pai. Suportando vergonha e rude zombaria, Em meu lugar Ele foi condenado; Selou meu perdão com seu sangue derramado Aleluia! que Salvador amado!(6) O sacrifício de Cristo foi único, perfeito e eficaz. O Cordeiro de Deus que veio para tirar o pecado do mundo levou sobre Si mesmo, em seu corpo sobre o madeiro, os nossos pecados, outorgando-nos completa vitória sobre os mesmos. Porém lembre-se: O amor de Deus não é uma bondade natural permissiva como muitos imaginam e por isso o arrastam na lama; é rigidamente justiça e por esse motivo Cristo morreu.(7) “Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados. Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado. Porque aquele que está morto está justificado do pecado. Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor.” (I Pe 2:24 ; Rm 6:6,7,11) Libertação! Assinada em lágrimas, selada com sangue, escrita em pergaminho celestial, registrada nos arquivos eternos. A tinta negra da acusação foi totalmente coberta pela tinta vermelha da cruz: “O sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo pecado”.(5) O Pr. Humberto Xavier Rodrigues, comentando sobre este assunto disse: Devemos saber, com base na autoridade da palavra de Deus, que todos os nossos pecados foram lançados sobre nosso Senhor Jesus e tirados da vista de Deus para todo o sempre. O nosso Deus se desfez deles de um modo cabal e veio satisfazer todas as exigências do Seu trono e de todos os atributos da Sua natureza santa. Em colossenses 2:13-15 podemos certificar-nos: “E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos; tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu- o inteiramente, encravando-o na cruz; e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz.”
A convicção da exposição acima implica em nossa segunda consideração: Aquele que foi perdoado por Deus em Cristo Jesus, também deve exercer a prática do perdão das ofensas de seus semelhantes. Ora, sendo perdoados, necessariamente deve haver em nós santa disposição em perdoar. A recusa de perdão e reconciliação é atitude orgulhosa. A pessoa que sabe que é susceptível à queda estará mais pronta a perdoar as ofensas de seus semelhantes.(8) Precisamos considerar: O perdão não é uma opção aos filhos de Deus, mas um imperativo categórico. “Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós;” (Cl 3:13) Um cristão anônimo fez a seguinte observação: Parecemos animais quando matamos. Parecemos homens quando julgamos. Parecemos Deus quando perdoamos. Irmãos e irmãs ponderem nas seguintes reflexões: “Deus é amor!” (I Jo 4:8) Como andarão os Seus filhos? R.: “e andai em amor,...” (Ef 5:2ª ) “Deus é o Deus da paz” (Rm 16:20) Como devem comportar-se os Seus filhos? R.: “Segui a paz com todos...” (Hb 12:14) “Deus é santo!” (I Pe1:16) Como devem ser os Seus filhos? R.: “porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.” (I Pe 1:16) “Deus é Luz!” (I Jo 1:5) Como devem andar os Seus filhos? R.: “Pois, outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz” (Ef 5:8) “Deus é Espírito!” (Jo 4:24) Como andam os Seus filhos? R.: “Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne.” (Gl 5:16) “Deus é misericordioso!” (Lc 6:36) Como devem proceder os Seus filhos? R.: “Sede misericordiosos, como também é misericordioso vosso Pai.” (Lc 6:36) Enfim, “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós; acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição.” (Cl 3:12-14) Deus é tudo aquilo que a sua palavra declara com respeito a Si mesmo. Logo, “aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou.” (I Jo 2:6) Se realmente conhecemos a Cristo como nosso Salvador, os nossos corações são quebrantados, não podem ser duros, e não podemos negar o perdão, disse Martyn Lloyd-Jones. Assim declara Tiago 1:23 “Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência.” Nada neste mundo vil e em ruínas ostenta a suave marca do Filho de Deus tanto quanto o perdão.(9) O Senhor Jesus enfatizou a necessidade de reconciliação, acima mesmo de qualquer sacrifício espiritual que alguém possa realizar. Ele disse em Mateus 5:23 o seguinte: “Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta.” Observem irmãos; para Deus é mais importante estarmos reconciliados com os irmãos e vivermos em paz com todos do que oferecer sacrifícios espirituais estando em falta com alguém. O altar referido no verso acima não deve ser entendido como se aludido a um templo feito por mãos humanas, ou alguma coisa ou repartição dentro do mesmo, mas trata-se da esfera espiritual, onde aproximamo-nos de Deus para prestarmos culto a Ele e adorá-Lo com salmos, hinos, cânticos espirituais e com ações de graças. Também é o lugar onde trazemos nossas “ofertas” de confissão de pecados e recebemos graciosamente a paz; fruto da justificação em Cristo. Porém, como podemos aproximar-nos de Deus, confessarmos a Ele os nossos pecados, quando nós mesmos temos algo contra alguém, recusamos o perdão e reconciliação com os nossos ofensores ou àqueles a quem ofendemos? Uma certa mulher supostamente cristã, tinha algo contra o seu marido e, decididamente, assumira a postura de não perdoá-lo. Ela chegou-se a dizer a seu pastor: “Eu vou morrer, mas não perdôo o meu marido; vou levar isto comigo no meu caixão para o túmulo”. Se alguém assume tal atitude como esta, é de se duvidar se alguma vez ela leu ou entendeu o que está escrito em Mateus 6:14-15. “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens {as suas ofensas}, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas.”
Aquele que não perdoa destrói a ponte pela qual ele mesmo deveria passar.(5) Como Lewis Smedes destaca: "A primeira e geralmente única pessoa a ser curada pelo perdão é a pessoa que perdoa... Quando genuinamente perdoamos, libertamos um prisioneiro e então descobrimos que o prisioneiro que libertamos éramos nós". Ora, se recebemos a Cristo como Senhor, somos seus servos. Se somos seus servos não podemos desonrá-Lo em negligência aos seus mandamentos. “O filho honra o pai, e o servo, ao seu senhor. Se eu sou pai, onde está a minha honra? E, se eu sou senhor, onde está o respeito para comigo? diz o SENHOR dos Exércitos... Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?” (Ml 1:6 ; Lc 6:46) Errar é a tendência inevitável decorrente da falibilidade da natureza humana. Perdoar é a característica essencial inerente à natureza divina em nós implantada através do novo nascimento. Aquele que nasceu de Deus tem como característica fundamental o amor perdoador em seu coração.

O terceiro aspecto do perdão relaciona-se conosco mesmos. Há muita gente vivendo subjugada pelos sentimentos depressivos que atormentam suas pobres almas. São sentimentos de ódio, de vingança, de amargura, de fracasso, de perda, etc., que se interpõe como obstáculos deixando suas vítimas escravizadas e impotentes para o avanço de seus objetivos. Essas pessoas normalmente trazem as marcas impressas do passado, por isso vivem sufocadas pela cobrança interior imposta pelo pecado. Normalmente, esses vivem como a mulher de Ló; olhando para trás; o que fizeram, o que deixaram de fazer, o que foram, etc., por isso, não podem desfrutar de um gozo legítimo e contínuo; não podem desfrutar do perdão autêntico. Não são poucos os que vivem atrofiados no caminho da existência pela falta de perdão; cegados do objetivo supremo. Entretanto, como o apóstolo Paulo, somos convocados à determinação consistente imposta pelo Senhor em Sua palavra. “Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” (Fp 3:13-14) O olhar de Paulo estava no prêmio a ser alcançado: Ser conformado à imagem de Cristo. Conseqüentemente, suas forças eram renovadas, sua esperança indestrutível e a certeza de sua fé garantida por Deus; ele desfrutava do perdão real patrocinado pela soberana graça de Deus em Cristo Jesus. Igualmente, os olhos do cristão devem estar fixados firmemente neste supremo propósito. Em Cristo, o cristão encontra o perdão de todas as suas ofensas cometidas contra Deus, a capacidade para perdoar aos outros e a libertação de si mesmo conforme a autoridade transmitida pela palavra de Deus. “Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga ao seu santo nome. Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e não te esqueças de nem um só de seus benefícios. Ele é quem perdoa todas as tuas iniqüidades; quem sara todas as tuas enfermidades;” (Sl 103:1-3) Com o argumento acima, a nossa intenção é mostrar aos nossos irmãos e irmãs que não devemos jamais submeter-nos ao pesado tributo imposto pelo pecado, uma vez que encontramos na expiação de Cristo completa vitória sobre o mesmo. Isto implica num descanso interior; quando cremos e descansamos no fato de que já fomos completamente perdoados por Deus em Cristo Jesus, e assim celebrarmos continuamente ao Senhor pela vitória conquistada, vivendo em plena liberdade para a Sua glória. “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão.” (Gl 5:1) Em conclusão a este tópico, ponderemos no seguinte mandamento: “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos.” (Fp 4:4) O mandamento não diz: “Entristecei-vos sempre ..”; à despeito de suas derrotas, de seus fracassos, de suas misérias do passado, etc., mas; “Alegrai-vos sempre no Senhor...”. Se você não tem alegria na vida cristã, existe vazamento em algum lugar de seu cristianismo. (10). “Disse-lhes mais: ide, comei carnes gordas, tomai bebidas doces e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque este dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do SENHOR é a vossa força.” (Ne 8:10) Nestes dias complexos de culpa, talvez a mais gloriosa palavra de nossa língua seja “perdão”.(11)
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(1) John Newton ; (2) Thomas Watson ; (3) Geoffrey Wilson ; (4) Oswald Chambers ; (5) Alguém ; (6) Phillipp Paul Bliss
(7) Donald Grey Barnhouse ; (8) Alexander Auld ; (9) Alice Clay ; (10) Billy Sunday ; (11) Billy Graham ;


Levi Cândido

Barueri, 05 de Abril de 2009

Irmãos em Cristo Jesus.

Irmãos em Cristo Jesus.
Mt 5:14 "Vós sois a luz do mundo"