domingo, 10 de maio de 2009

Três Aspectos do Perdão- Levi Cândido

Artigo enviado pelos irmãos de Barueri-SP
“Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.” (Ef 4:32)
Podemos contemplar nas Escrituras Sagradas três aspectos do perdão. O primeiro é aquele que pode ser entendido pelo contexto da nova aliança, a saber; o perdão que Deus declara àqueles que crêem no SENHOR Jesus Cristo como o único e suficiente Salvador. A base para a efetividade deste perdão encontra-se na pessoa de Cristo Jesus e em sua consumada obra redentora. “Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus.” (Rm 3:24-26) Muitos são aqueles que presumem-se que a simples confissão de pecados podem lhes assegurar a possibilidade de perdão. Esta maioria baseia-se no que o apóstolo João escreveu em sua 1ª epístola, capítulo 1 versículo 9 que diz: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.” Porém, neste verso, o apóstolo não expôs o assunto concernente ao perdão de modo generalizado, aplicando a santos e ímpios igualmente. Entendemos pelo seu contexto que o perdão ali referido relaciona-se aos legítimos filhos de Deus; aqueles que nasceram de novo, portanto são filhos espirituais. “Filhinhos meus, estas cousas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo;” (IJo 2:1) Esta observação no entanto, sabemos estar sujeita à seguinte objeção: Então porque o apóstolo João apresentou no verso seguinte como se aplicando generalizadamente? “e ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro.” ? (v.2 ) Embora neste verso aparece a expressão “mas ainda pelos do mundo inteiro”, não se deve aplicar-se de modo generalizado, ou seja; à toda a humanidade, mas aos cristãos autênticos do mundo inteiro. De outro modo isto implicaria numa suposta contradição bíblica. Mas a palavra de Deus em sua essência é inerrante. Atribuirei todas as aparentes incoerências da Bíblia à minha própria ignorância.(1) “Toda Escritura é inspirada por Deus...” (IITm 3:16ª) O sangue de Cristo tem valor suficiente para remir o mundo inteiro, mas seu poder é aplicado apenas aos que crêem.(2) Não podemos tomar o que pertence aos filhos e lançá-los aos cães. As pessoas que não tem Cristo como Rei para reinar sobre elas jamais terão Seu sangue para salvá-las.(2) A Bíblia não fala de mero perdão. Não pode existir perdão senão com base na satisfação da justiça.(3) O Pr. Glênio Fonsêca Paranaguá, (Londrina-Paraná), expôs este ponto do seguinte modo: A lei exige o cumprimento da penalidade e o réu não pode ser justificado sem a execução do castigo. Jesus não podia apenas nos substituir na cruz, pois a justiça decreta a morte do culpado. “A alma que pecar, essa morrerá” (Ez 18:20) É um completo absurdo dizer que Deus nos perdoa porque Ele é amor. A única base pela qual Deus nos pode perdoar é a cruz.(4) Neste aspecto podemos contemplar o imensurável amor de Deus demonstrado a nós indignos pecadores. Para que fôssemos justificados e recebêssemos o perdão divino, Cristo Jesus assumiu a nossa deplorável condição na cruz, a fim de que a sua morte se tornasse a nossa morte para que sua justiça fosse a nossa justiça. Tomando o lugar do pecador na cruz, Jesus tornou-se tão inteiramente responsável pelo pecado como se fosse totalmente culpado.(5) Pelo evangelho, o salário do pecado foi pago e a justiça divina plenamente satisfeita. “Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram. Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus. Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.” (II Co 5:14,21 ; Rm 6:23) Aleluia! A cruz de Cristo é o preço do meu perdão.(5) O sangue da nova aliança vertido na cruz do Calvário é a preciosidade que consolida a nossa confiança, de que fomos perdoados completamente em Cristo Jesus, no qual temos acesso ao Pai. Suportando vergonha e rude zombaria, Em meu lugar Ele foi condenado; Selou meu perdão com seu sangue derramado Aleluia! que Salvador amado!(6) O sacrifício de Cristo foi único, perfeito e eficaz. O Cordeiro de Deus que veio para tirar o pecado do mundo levou sobre Si mesmo, em seu corpo sobre o madeiro, os nossos pecados, outorgando-nos completa vitória sobre os mesmos. Porém lembre-se: O amor de Deus não é uma bondade natural permissiva como muitos imaginam e por isso o arrastam na lama; é rigidamente justiça e por esse motivo Cristo morreu.(7) “Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados. Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado. Porque aquele que está morto está justificado do pecado. Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor.” (I Pe 2:24 ; Rm 6:6,7,11) Libertação! Assinada em lágrimas, selada com sangue, escrita em pergaminho celestial, registrada nos arquivos eternos. A tinta negra da acusação foi totalmente coberta pela tinta vermelha da cruz: “O sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo pecado”.(5) O Pr. Humberto Xavier Rodrigues, comentando sobre este assunto disse: Devemos saber, com base na autoridade da palavra de Deus, que todos os nossos pecados foram lançados sobre nosso Senhor Jesus e tirados da vista de Deus para todo o sempre. O nosso Deus se desfez deles de um modo cabal e veio satisfazer todas as exigências do Seu trono e de todos os atributos da Sua natureza santa. Em colossenses 2:13-15 podemos certificar-nos: “E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos; tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu- o inteiramente, encravando-o na cruz; e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz.”
A convicção da exposição acima implica em nossa segunda consideração: Aquele que foi perdoado por Deus em Cristo Jesus, também deve exercer a prática do perdão das ofensas de seus semelhantes. Ora, sendo perdoados, necessariamente deve haver em nós santa disposição em perdoar. A recusa de perdão e reconciliação é atitude orgulhosa. A pessoa que sabe que é susceptível à queda estará mais pronta a perdoar as ofensas de seus semelhantes.(8) Precisamos considerar: O perdão não é uma opção aos filhos de Deus, mas um imperativo categórico. “Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós;” (Cl 3:13) Um cristão anônimo fez a seguinte observação: Parecemos animais quando matamos. Parecemos homens quando julgamos. Parecemos Deus quando perdoamos. Irmãos e irmãs ponderem nas seguintes reflexões: “Deus é amor!” (I Jo 4:8) Como andarão os Seus filhos? R.: “e andai em amor,...” (Ef 5:2ª ) “Deus é o Deus da paz” (Rm 16:20) Como devem comportar-se os Seus filhos? R.: “Segui a paz com todos...” (Hb 12:14) “Deus é santo!” (I Pe1:16) Como devem ser os Seus filhos? R.: “porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.” (I Pe 1:16) “Deus é Luz!” (I Jo 1:5) Como devem andar os Seus filhos? R.: “Pois, outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz” (Ef 5:8) “Deus é Espírito!” (Jo 4:24) Como andam os Seus filhos? R.: “Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne.” (Gl 5:16) “Deus é misericordioso!” (Lc 6:36) Como devem proceder os Seus filhos? R.: “Sede misericordiosos, como também é misericordioso vosso Pai.” (Lc 6:36) Enfim, “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós; acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição.” (Cl 3:12-14) Deus é tudo aquilo que a sua palavra declara com respeito a Si mesmo. Logo, “aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou.” (I Jo 2:6) Se realmente conhecemos a Cristo como nosso Salvador, os nossos corações são quebrantados, não podem ser duros, e não podemos negar o perdão, disse Martyn Lloyd-Jones. Assim declara Tiago 1:23 “Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência.” Nada neste mundo vil e em ruínas ostenta a suave marca do Filho de Deus tanto quanto o perdão.(9) O Senhor Jesus enfatizou a necessidade de reconciliação, acima mesmo de qualquer sacrifício espiritual que alguém possa realizar. Ele disse em Mateus 5:23 o seguinte: “Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta.” Observem irmãos; para Deus é mais importante estarmos reconciliados com os irmãos e vivermos em paz com todos do que oferecer sacrifícios espirituais estando em falta com alguém. O altar referido no verso acima não deve ser entendido como se aludido a um templo feito por mãos humanas, ou alguma coisa ou repartição dentro do mesmo, mas trata-se da esfera espiritual, onde aproximamo-nos de Deus para prestarmos culto a Ele e adorá-Lo com salmos, hinos, cânticos espirituais e com ações de graças. Também é o lugar onde trazemos nossas “ofertas” de confissão de pecados e recebemos graciosamente a paz; fruto da justificação em Cristo. Porém, como podemos aproximar-nos de Deus, confessarmos a Ele os nossos pecados, quando nós mesmos temos algo contra alguém, recusamos o perdão e reconciliação com os nossos ofensores ou àqueles a quem ofendemos? Uma certa mulher supostamente cristã, tinha algo contra o seu marido e, decididamente, assumira a postura de não perdoá-lo. Ela chegou-se a dizer a seu pastor: “Eu vou morrer, mas não perdôo o meu marido; vou levar isto comigo no meu caixão para o túmulo”. Se alguém assume tal atitude como esta, é de se duvidar se alguma vez ela leu ou entendeu o que está escrito em Mateus 6:14-15. “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens {as suas ofensas}, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas.”
Aquele que não perdoa destrói a ponte pela qual ele mesmo deveria passar.(5) Como Lewis Smedes destaca: "A primeira e geralmente única pessoa a ser curada pelo perdão é a pessoa que perdoa... Quando genuinamente perdoamos, libertamos um prisioneiro e então descobrimos que o prisioneiro que libertamos éramos nós". Ora, se recebemos a Cristo como Senhor, somos seus servos. Se somos seus servos não podemos desonrá-Lo em negligência aos seus mandamentos. “O filho honra o pai, e o servo, ao seu senhor. Se eu sou pai, onde está a minha honra? E, se eu sou senhor, onde está o respeito para comigo? diz o SENHOR dos Exércitos... Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?” (Ml 1:6 ; Lc 6:46) Errar é a tendência inevitável decorrente da falibilidade da natureza humana. Perdoar é a característica essencial inerente à natureza divina em nós implantada através do novo nascimento. Aquele que nasceu de Deus tem como característica fundamental o amor perdoador em seu coração.

O terceiro aspecto do perdão relaciona-se conosco mesmos. Há muita gente vivendo subjugada pelos sentimentos depressivos que atormentam suas pobres almas. São sentimentos de ódio, de vingança, de amargura, de fracasso, de perda, etc., que se interpõe como obstáculos deixando suas vítimas escravizadas e impotentes para o avanço de seus objetivos. Essas pessoas normalmente trazem as marcas impressas do passado, por isso vivem sufocadas pela cobrança interior imposta pelo pecado. Normalmente, esses vivem como a mulher de Ló; olhando para trás; o que fizeram, o que deixaram de fazer, o que foram, etc., por isso, não podem desfrutar de um gozo legítimo e contínuo; não podem desfrutar do perdão autêntico. Não são poucos os que vivem atrofiados no caminho da existência pela falta de perdão; cegados do objetivo supremo. Entretanto, como o apóstolo Paulo, somos convocados à determinação consistente imposta pelo Senhor em Sua palavra. “Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” (Fp 3:13-14) O olhar de Paulo estava no prêmio a ser alcançado: Ser conformado à imagem de Cristo. Conseqüentemente, suas forças eram renovadas, sua esperança indestrutível e a certeza de sua fé garantida por Deus; ele desfrutava do perdão real patrocinado pela soberana graça de Deus em Cristo Jesus. Igualmente, os olhos do cristão devem estar fixados firmemente neste supremo propósito. Em Cristo, o cristão encontra o perdão de todas as suas ofensas cometidas contra Deus, a capacidade para perdoar aos outros e a libertação de si mesmo conforme a autoridade transmitida pela palavra de Deus. “Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga ao seu santo nome. Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e não te esqueças de nem um só de seus benefícios. Ele é quem perdoa todas as tuas iniqüidades; quem sara todas as tuas enfermidades;” (Sl 103:1-3) Com o argumento acima, a nossa intenção é mostrar aos nossos irmãos e irmãs que não devemos jamais submeter-nos ao pesado tributo imposto pelo pecado, uma vez que encontramos na expiação de Cristo completa vitória sobre o mesmo. Isto implica num descanso interior; quando cremos e descansamos no fato de que já fomos completamente perdoados por Deus em Cristo Jesus, e assim celebrarmos continuamente ao Senhor pela vitória conquistada, vivendo em plena liberdade para a Sua glória. “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão.” (Gl 5:1) Em conclusão a este tópico, ponderemos no seguinte mandamento: “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos.” (Fp 4:4) O mandamento não diz: “Entristecei-vos sempre ..”; à despeito de suas derrotas, de seus fracassos, de suas misérias do passado, etc., mas; “Alegrai-vos sempre no Senhor...”. Se você não tem alegria na vida cristã, existe vazamento em algum lugar de seu cristianismo. (10). “Disse-lhes mais: ide, comei carnes gordas, tomai bebidas doces e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque este dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do SENHOR é a vossa força.” (Ne 8:10) Nestes dias complexos de culpa, talvez a mais gloriosa palavra de nossa língua seja “perdão”.(11)
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(1) John Newton ; (2) Thomas Watson ; (3) Geoffrey Wilson ; (4) Oswald Chambers ; (5) Alguém ; (6) Phillipp Paul Bliss
(7) Donald Grey Barnhouse ; (8) Alexander Auld ; (9) Alice Clay ; (10) Billy Sunday ; (11) Billy Graham ;


Levi Cândido

Barueri, 05 de Abril de 2009

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Irmãos em Cristo Jesus.

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Mt 5:14 "Vós sois a luz do mundo"

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