domingo, 10 de maio de 2009

O Rico e o Lázaro- Flavio H. Arrué

Extraído do Site www.verdadespreciosas.com.ar e traduzido para o Português pelos irmãos da cidade de Alegrete-RS
BREVE EXPOSIÇÃO DE UM RELATO REAL

Lucas 16:19-31

OS ENSINAMENTOS DE CRISTO SOBRE A CONDIÇÃO DAS ALMAS DEPOIS DA MORTE

INTRODUÇÃO

“Ora, havia certo homem rico que se vestia de púrpura e de linho finíssimo e que, todos os dias, se regalava esplendidamente. Havia também certo mendigo, chamado Lázaro, coberto de chagas, que jazia à porta daquele; e desejava alimentar-se das migalhas que caíam da mesa do rico; e até os cães vinham lamber-lhe as úlceras.” (v. 19-21).

É chamativo como tantos pretendem falsificar os claríssimos ensinamentos de Cristo acerca da condição dos mortos, alegando que este relato não é real nem verídico, senão que está falando de forma fantasiosa, o que por ser meramente uma «parábola» —alegam— nada tem que ver com a realidade. Os «Testemunhas de Jeová», os «Adventistas do Sétimo Dia», por exemplo, assim como todos os aniquilacionistas[1] (os que crêem que a alma é capaz de ser aniquilada ou extinta, e definem erroneamente o verbo «destruir»[2] desta falsa maneira), agitam esta torcida interpretação da passagem a fim de escapar da realidade dos ensinamentos sobre o estado consciente das almas em sua condição separada do corpo, e assim estas seitas propagam suas falsas doutrinas que afetam os próprios padecimentos de Cristo na cruz (veja no final). Veremos que não é assim, e a Bíblia fala por si mesma com autoridade sobre a consciência de todos, só que basta a absoluta e incondicional adesão a ela, e não aos falsos sistemas dos falsos mestres sectários.

Brevemente para começar observamos que o próprio mestre não diz nem sugere que estivesse contando uma parábola. Em todas as parábolas, o Senhor manifesta claramente que está oferecendo uma parábola. Aqui não o faz. Em nenhuma parábola o Senhor dá nomes. Aqui dá nomes, pelo que se trata de um relato real. É certo que o Senhor, neste relato, utiliza alguns símbolos: isto ninguém nega. Toda a linguagem do Senhor no Novo Testamento está cheio de símbolos, mas eles transmitem realidades concretas, não fantasias, como se pretende. E inclusive ainda que o relato parecesse ter o caráter de parábola, a passagem é tão poderosa que mesmo que seja considerado como uma parábola dá precisamente os mesmos resultados.

A razão é que as parábolas relatam situações da «a vida diária», mas neste caso o ponto mais importante que nos faz ver que não seria uma parábola é a menção de um personagem por seu nome —«Lázaro»— de quem a duras penas o Senhor haveria dado seu nome se realmente não houvesse existido; mas o que não pode ser questionado é a situação das almas neste relato, pois a definição de parábola não o permite.

Sim ao invés de parábola fora uma fábula, esta criaria situações não reais, tal como que as árvores falam e elegem um rei (como no caso do filho de Gideão, Juízes 9); mas estes sucessos são completamente reais. E se não houvesse sucedido com Lázaro —por ser um personagem do relato— se passa com os que morrem.

Como no caso do semeador, todos os elementos da parábola são altamente conhecidos e plenamente reais, para os que a escutaram, pois são quadros tomados da vida cotidiana.

Pois bem, a narração começa falando de um homem rico. É evidente que o Senhor enquadrou seu discurso sobre a condição das almas depois da morte dentro de um transfundo judaico, adaptado a seus ouvintes e na linguagem deles: daí o simbolismo "o seio de Abraão", etc. Conforme a mente judaica, uma boa fortuna, como dizem os homens, constituía a felicidade. Os judeus consideravam tal prosperidade como um sinal do favor de Deus. O rico do relato tinha tudo o que seu coração (ou melhor, a carne na realidade) podia desejar, e assim dava rédeas solta a seus desejos. Mas tudo era um deleite egoísta: para o coração do rico, Deus não contava para nada em tais desejos, nem tampouco havia interesse algum pelo próximo: tudo era o eu. Isto fica demonstrado ao entrar na cena o mendigo Lázaro, que comia das migalhas do rico. O rico não reparava neste pobre, senão só em si mesmo. Os cães eram mais considerados que o mendigo, e rendiam a este maior favor que seu amo: lambiam as chagas do pobre mendigo.

Assim vemos, pois, queridos amigos como é o homem, neste caso o judeu, mas o homem ao fim, na vida presente, conforme seus pensamentos de bem estar terreno.

A CONDIÇÃO DAS ALMAS DEPOIS DA MORTE CORPORAL

Mas tudo muda com a chegada da morte, e aqui o Senhor revela seus ensinamentos em forma inequívoca, às quais devemos aderir sem compromisso, porque é o Senhor quem fala, e não o homem, e ele ensina que o que está detrás da tumba para que nós possamos ter a verdadeira luz sobre estas coisas.

22 Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico e foi sepultado.

Está claro que “o seio de Abraão” é um símbolo, para os ouvintes judeus, de um lugar especialmente bendito no mundo invisível, onde lhe esperam os mais honoráveis servos de Deus. Mas a companhia de Abraão e a bem aventurança de sua condição não eram simbólicas. Vejamos como segue o relato.

23 No inferno ( Hades), estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio.

Esta não é uma figura do estado final de juízo, senão de certa condição depois da morte. (Enquanto que a alma do mendigo passou a um estado de felicidade, quando seu corpo jazia no sepulcro). Do rico se diz que “levantou seus olhos” o qual é linguagem simbólica de novo, mas que descreve o estado consciente de sua alma. O fato é que Lázaro, conforme o ensinamento do Senhor; foi visto no seio de Abraão pelo rico, que estava em tormentos.

Diremos algo sobre símbolos incluídos neste relato: A linguagem simples e gráfica atrai mais a atenção das pessoas sem importar seu nível cultural, que uma descrição do estado consciente da alma depois da morte feita em termos científicos a qual houvesse sido inadequada para os ouvintes do Senhor. O fato é que não existe a mínima dificuldade na narração tomada em seu justo sentido. Em nosso falar diário empregamos continuamente linguagem figurada para que todos nos entendam melhor. 90 % da crítica anti-bíblica é desonesta, e tem a clara intenção de desacreditar a Escritura (O hades e o castigo eterno, A. P.). Claramente o Mestre ensina que tanto o crente como o incrédulo, se encontram em um estado consciente depois da morte, e quem ensina o contrário, ensina contra a doutrina de Cristo

24 Então, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim! E manda a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama.

A prova é certamente claríssima aqui de que inclusive antes do juízo, os ímpios já estão em tormentos.

Ninguém questiona que o Senhor emprega figuras, mas, repetimos, o motivo das mesmas é explicar as coisas invisíveis de maneira mais inteligível possível para nós; pois nós percebemos o mundo exterior através do corpo e os sentidos; e daqui o Senhor toma as figuras a fim de que aqueles a quem ele se dirige e a quem lhes apresenta o mundo invisível conforme a Sua própria sabedoria, as entendam.

O Senhor revela também que ali, no Hades, o rico tem consciência da necessidade de misericórdia. O rico não toma, exteriormente, o lugar de um incrédulo. Nele não há seguramente nenhuma fé, mas ele fala de “Pai Abraão”, e mesmo que ele nunca buscou a Deus por misericórdia, vê ao menos que ali, no seio de Abraão, podia gozar da mais rica misericórdia. Então pede que Lázaro molhe a ponta de seu dedo na água e que refresque sua língua: uma miserável gota de água! Em outro tempo, haveria sido um favor tão insignificante que apenas haveria tido em conta, e menos ainda se Lázaro o houvesse feito. Na terra, o rico haveria detestado uma coisa assim. Mas a verdade aparece quando o homem tem deixado esta vida. Que importante é, pois, ouvir enquanto estamos na terra, o que o Senhor nos diz!

“Estou atormentado nesta chama.” Quem nos diz isto é ninguém menos que Jesus. E nós sabemos que ele é a verdade, e que estes são verdadeiros ditos de Deus.

A resposta de Abraão é digna de notar também:

25 Mas Abraão lhe disse: Filho (pois ele não repudia a relação segundo a carne) lembra-te que recebeste teus bens em tua vida, e Lázaro também males; mas agora este é consolado aqui, e tu atormentado.

O que era de Satanás tinha boas coisas nesta terra; enquanto que quem era nascido de Deus, recebeu males aqui em baixo. A terra como tal não proporciona nenhuma medida para os juízos de Deus: quando Jesus vier, e o Reino for estabelecido, será diferente. Mas tanto o judeu como o homem em geral devem aprender que isto não é assim agora, e que, antes que Ele venha, subsiste a solene verdade de que os homens mostram por seus caminhos aqui na terra quão poucos crêem nas palavras de Deus como estas. Mas quando os homens morrem, seguramente haverão de provar a verdade do que eles recusaram ouvir neste mundo: “Agora este é consolado aqui, e tu atormentado”. Não é o tempo do Reino público do Messias. Lucas nos permite ver o que é mais profundo ainda que esse Reino: a bendita porção invisível do justo, assim como o mal para o injusto.

26 E, além de tudo, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que querem passar daqui para vós outros não podem, nem os de lá passar para nós.

O Senhor ensina aqui que existe uma estabelecida e grande separação entre o bem e o mal no estado intermediário. Não se pode passar de um ao outro. A noção de uma graça possível na condição separada é absolutamente excluída pela Escritura. Os homens naturais sonham com esta possibilidade de uma «segunda oportunidade»; eles desejam aferrarem-se do mal tanto como possam, ou ao menos dos desejos deste mundo, desprezando as advertências de Deus e largando mão ou adquirindo bens deste mundo, no qual põem seu coração, mas descuidando por completo a solene lição que o Senhor nos oferece mediante a narração do rico e Lázaro. “Um grande abismo está posto entre nós e vós”, diz Abraão. Entre os justos que partiram, e aqueles que morreram em seus pecados a separação é completa.

E posto que o rico não visse nenhuma possibilidade de mudança para si, volta então sua atenção para sua família.

“27 Então, replicou: Pai, eu te imploro que o mandes à minha casa paterna,28 porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de não virem também para este lugar de tormento.29 Respondeu Abraão: Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos.30 Mas ele insistiu: Não, pai Abraão; se alguém dentre os mortos for ter com eles, arrepender-se-ão.31 Abraão, porém, lhe respondeu: Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos.” (v. 27-31).


CONCLUSÃO

A resposta de Abraão traz à luz outra grande verdade: a suprema importância da Palavra de Deus.

Temos visto o testemunho do mundo invisível e que o Senhor nos revelou mediante este relato real. Os oponentes da Bíblia querem nos fazer crer que o Senhor estava oferecendo uma novela, que estava contando contos fictícios e imaginários que nada tem que ver com a realidade. Os que crêem que dizendo isto escapam da clara revelação do Mestre, se equivocam para eterna perdição. De fato, também a própria ressurreição de nosso Senhor sela a verdade de suas palavras, pois não há prova mais evidente do fracasso total de qualquer outro meio para ressuscitar ao homem. Ainda que ele ressuscitou dentre os mortos, em meio de um bando de homens armados que guardavam a tumba, isto não logrou persuadir o coração dos homens, e menos ainda dos sacerdotes e anciãos judeus, que só se endureciam mais completamente por ele. Todos manifestaram sua incredulidade.

Para terminar reiteramos que a companhia de Abraão e a bem aventurança de sua condição não eram simbólicas. E assim como as Escrituras claramente nos dizem que o hades é para o crente uma condição de bem aventurança, assim também o Senhor nos diz que o hades é para o incrédulo uma condição de tormento. Podemos crer na primeira declaração e recusar a outra? Seguramente que não! Quão infinitamente benignas —e tão infinitamente solenes, para que seus ouvintes escapassem de tal condenação—, fora as advertências que o Senhor fez quando esteve aqui na terra!

O oponente de Cristo ¾quem ensina uma doutrina contrária à do verdadeiro Cristo a respeito destas coisas¾ pode argüir, e colocar, que se os olhos e a língua são simbólicos, os tormentos e a chama deveriam ser também simbólicos. Mas se os tormentos físicos são simbólicos, perguntamos: de quê são simbólicos? Aqui o simbolismo se acaba, pois não há senão uma única resposta: Os tormentos físicos, se forem simbólicos, devem ser simbólicos dos tormentos espirituais. Os tormentos que afetam o corpo, se são simbólicos, o devem ser dos tormentos que afetam a alma, e isto é justamente o que simbolizam. O fato de que alguns contendam esgrimindo o argumento de que a linguagem é simbólica, não debilita no mínimo nem afeta em menor grau a seriedade da advertência. Porque se a linguagem é simbólica, o simbolismo é utilizado nada menos que pelo próprio Filho de Deus, e sua intenção era dar ele mesmo uma impressão adequada e justa em seus ouvintes.

É terrível o simbolismo? A verdade que se propõe assinalar é o terrível. É terrível o simbolismo? A advertência também é terrível. Mas o racionalismo e o sentimentalismo, que constituem a base das falsas doutrinas aniquilacionistas e universalistas, tem como resultado a privação do sentido sucinto da verdade de Deus sobre estas coisas tão claramente ensinadas.

Infere-se claramente das Escrituras pra onde vai a alma do crente depois da morte, assim como também pra onde vai a do ímpio. E em outro estudo demonstraremos que o hades é a condição das almas depois da morte, ou seja, que é um estado, e não um lugar, que o crente, depois da morte, está com Cristo em felicidade, enquanto que os maus passam imediatamente a um lugar de tormento.

E concluímos dizendo que a verdade da doutrina do Novo Testamento a respeito do inferno ou destino dos maus, é que este se refere a um castigo com duas características fundamentais: é um castigo eterno e consciente, e constitui uma falsa doutrina fundamental o fato de negar uma ou ambas destas duas características perfeitamente ensinadas pelo Senhor e seus apóstolos

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