sexta-feira, 12 de junho de 2009

As Quatro Leis de Romanos 7 e 8- Gino Iafrancesco

que é uma lei?
No capítulo anterior falamos a respeito da salvação tripartida e como nosso espírito, nossa alma e nosso corpo querem ser plenamente salvos pelo Senhor, e a maneira como Ele fez uma obra para com nosso espírito, uma obra para a nossa alma e uma obra para o nosso corpo. Víamos que quando recebemos o Senhor e fomos regenerados, fomos plenamente salvos em nosso espírito, no qual recebemos o Espírito do Senhor com todas as provisões necessárias para ir aplicando à situação degradada da nossa alma corrupta e pervertida, e para ir renovando-a e convertendo-a para o Senhor. Eventualmente também a vida do Senhor passará para o nosso corpo e seremos transformados, glorificados, ou o que diz a Bíblia, adotados em nossos corpos para o Senhor.Por que a salvação teve que ser tripartida? Esta pergunta vamos respondê-la analisando a passagem bíblica de Romanos 7:14-8:4, a fim de identificar as quatro leis que existem, assim como também as três classes de vidas, embora a do diabo não seria vida, mas mais morte do que vida. Antes de identificar as quatro leis, perguntamos: o que é uma lei? Uma lei, às vezes, é um mandato exterior; mas essa lei muitas vezes está dentro da natureza, e é um mandato intrínseco da natureza. No caso da lei de Deus, é um testemunho do ser de Deus; por isso o Senhor chamou as tábuas da lei "As Tábuas do Testemunho", porque Deus é de igual maneira, de igual natureza. A natureza divina tem certas condutas inerentes a Sua própria natureza, e Deus dá testemunho de Si mesmo, e o que Ele é se converte para nós em uma lei que nos obriga; somente por causa da queda e graças à redenção, estão em operação, poderíamos dizer quatro leis diferentes, das quais nos fala a passagem de Romanos que citamos acima.

Primeira: A lei de Deus
A lei de Deus surge da natureza divina, dando testemunho de si mesmo; essa lei nos diz que a natureza divina é o que Deus é.
Por exemplo, Deus é honesto, honrado e puro; por isso o que Ele é se converte em lei para nós. Quando Ele diz: Não matarás, é porque Ele não é homicida. Quando Ele diz: Não mintas, é porque Ele não é mentiroso. Quando Ele diz: Não forniques, é porque Ele é puro; o que Ele é se converte em modelo, em testemunho de Si mesmo; modelo que nos obriga a ser como Ele. Essa é uma lei que deveria estar dentro de nós, e que agora sim está nos redimidos, graças ao Espírito de Cristo, está; mas antes que viesse Cristo, a lei de Deus estava nos mandamentos de Deus e estava fora de nós, embora escrita rudimentarmente em nossa consciências.
Para compreender melhor o que é a lei de Deus, leiamos em Romanos 7:14-16:

"Porque sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido ao pecado. Porque o que faço, não o entendo; pois não faço o que quero, mas sim o que aborreço, isso faço. E se o que não quero, isto faço, aprovo que a lei é boa".
Como Deus é espiritual, então se conduz espiritualmente, e Ele quer que nos conduzamos espiritualmente; se eu fosse espiritual, em mim operaria uma natureza diferente, está dizendo aqui Paulo; claro que ele se tornou espiritual graças a Cristo, mas ele está enfrentando a condição caída da natureza humana, frente às exigências espirituais de Deus.Vemos assim que Deus tem razão ao dizer o que manda em Sua lei, mas a natureza herdada de Adão não tem com o que satisfazer a Deus em Suas demandas. Então vamos entender o que Deus teve que fazer e como nós somos e como funcionamos. Esta lei que o apóstolo Paulo aprova que é boa, é a mesma lei exterior de Deus que nos deu antes da regeneração; é uma lei que exigia do povo de Israel para agradá-lo, mas o povo de Israel, por não ter nascido de novo no Messias, podia apenas conhecer a lei, mas não obedecer-lhe, agradar-lhe. Essa é a lei que aqui diz: "aprovo que a lei é boa". Por que diz: "E se o que não quero, isto faço, aprovo que a lei é boa"? Isso significa que embora eu peque, o fato de que eu não queira pecar mostra que embora peque, há em minha natureza algo do que Deus tinha feito no homem antes da queda, e há uma consciência onde estão escritos os rudimentos da lei, como diz o mesmo Paulo em Romanos 2:14-15:
"Porque quando os gentios que não têm lei, fazem por natureza o que é da lei, estes, embora não tenham lei, são lei para si mesmos, mostrando a obra da lei escrita em seus corações (na natureza humana), dando testemunho a sua consciência, e acusando-lhes ou defendendo-lhes em seus raciocínios"
.A lei foi escrita na consciência, quer dizer, na natureza humana, embora tenha sido vendida ao poder do pecado e da morte em seus membros; no entanto, ainda restou algo do que tinha antes da queda. É como se você tivesse feito um suco de laranja, mas depois vem alguém e joga sal, e como resultado estraga o suco de laranja; quando vai tomar, fica sabendo que ficou todo salgado; no entanto fica um longínquo sabor de laranja, e você sabe que o suco é de laranja. Deste modo a natureza humana tinha sido desenhada e disposta para Deus como se fosse um suco de laranja comum, normal; mas logo veio o diabo e introduziu o pecado no homem, e se tornou um pouco parecido como quando se joga sal no suco de laranja; ainda fica o sabor do antigo, mas já não se pode tomar.

Segunda: A lei do pecado e da morte
Sim, fica um lembrança. Assim os gentios que não têm lei, são lei para si mesmos, mostrando a obra da lei escrita em seus corações.Isso significa que a lei de Deus está nesse reduto da lembrança do que era o homem antes da queda; mas o homem ficou um pouco complicado, e por causa da queda começaram a operar no homem outras leis contrárias à lei de Deus; mas quando o homem se rebelou, o poder do pecado pôs em funcionamento no homem uma outra lei. Sigamos lendo em Romanos 7:17-20:
"De maneira que já não sou eu quem faz aquilo, mas o pecado que mora em mim. E eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não mora o bem; porque o querer o bem está em mim, mas não o efetuá-lo.Porque não faço o bem que quero, mas sim o mal que não quero, isso faço. E se faço o que não quero, já não o faço eu, mas sim o pecado que mora em mim"
.Notemos que já não trata do pecado como um ato cometido, mas sim como uma decomposição radical da natureza humana a partir da queda. Quando a queda ocorreu, a natureza humana se depravou; a partir daí começou a operar em um estado que não era o original, mas sim em um novo, mas que realmente fez velho ao homem. Quando uma pessoa por suas próprias forças trata de fazer o bem, começa a descobrir que o seu ser, e especialmente a sua carne, está vendida a um poder; como havia dito: eu sou carne, vendido ao pecado; quer dizer, que o pecado tem poder sobre a natureza humana; e um poder é algo que ameaça, que obriga constantemente a fazer as coisas conforme vai dirigindo esse poder.O pecado tem também uma lei que se impõe ao homem; porque não é que hoje eu quero fazer o bem e nada se rebela em meu ser, mas sim sempre que eu quero fazer o bem, descubro que há algo em meu ser que se rebela contra esse bem que quero e que me impede de fazer o que quero e me obriga a fazer o que não quero; quer dizer, que já não estou livre como Deus me tinha feito no Éden. Antes, se eu quisesse fazer o bem, fazia e nada me impedia; se não queria fazer algo, não o fazia e ninguém me podia obrigar; mas agora depois da queda, eu, o homem, não faço o que quero, mas sim há coisas que não posso fazer, embora o deseje; descubro que há um poder que me impede de fazer o que quero com apenas as minhas forças; e de uma vez, quando há coisas que não quero fazer, descubro que há um poder que me faz fazer o que não quero. Paulo, sendo cristão descobriu essa lei na carne do homem, a qual já não é a lei de Deus. Continuamos a leitura em Romanos 7:21:
"Assim, querendo eu fazer o bem, acho esta lei: que o mal está em mim".
Notemos que Paulo já a chama de lei; a lei tem que se repetir sempre. Todas as vezes que eu quero fazer o bem com as minhas próprias forças, descubro que além de mim, existe outro poder que não procede de mim, mas sim que foi introduzido em mim depois da queda. Porque "o pecado entrou no mundo por um homem e pela desobediência de um homem muitos foram constituídos pecadores", como Ele diz em Romanos 5:12,19.Então agora na carne do homem opera outra lei diferente da lei de Deus, pois é uma natureza distinta; o poder de Deus é um, o poder do pecado é outro, e o poder do homem é outro. Uma é a vida de Deus, que tem o Seu próprio poder e a Sua própria lei intrínseca; outra é a vida humana, que tem também o seu próprio poder e as suas próprias leis intrínsecas, e outra é a vida do diabo, ou melhor, o poder do diabo e do pecado, que tem outro poder e outras leis intrínsecas; e o resultado é que o nosso ser é tão complicado que nos regenerados operam estes três poderes: o poder de Deus, o poder humano e o poder do pecado, que é do maligno.

Terceira: A lei da minha mente
O poder humano não é suficiente para vencer o poder do maligno, ou do mal, ou do pecado; mas o poder de Deus sim é suficiente. Agora, tenhamos em conta que se o poder de Deus estiver só em Deus, não irá me ajudar, pois o poder de Deus tem que passar de Deus para mim, e permanecer em mim, porque o meu poder humano não é suficiente contra o poder do pecado. Eu quero fazer o bem, mas não faço o que quero, mas sim o que não quero. Esse que quer fazer o bem é o poder humano, esse sou eu, mas o poder humano não é suficiente para vencer o poder do diabo, do pecado na carne; é necessário outro poder, o de Deus, mas nãosomente que esteja em Deus, mas sim graças à encarnação do Verbo de Deus, as Suas provações e vitórias, a sua morte e ressurreição, e ao ter enviado o Espírito com tudo o que Ele é e obteve, agora o Espírito tem outra lei distinta à minha própria, e a do pecado; e a que estava em Deus do lado de fora de nós, agora está dentro de nós; é uma terceira lei.Recapitulando vemos que há três vidas ou poderes: A vida de Deus, a vida humana, e a do diabo; também uma lei de Deus, não fora de nós; uma lei do pecado em minha carne, uma lei em minha mente, em minha própria alma, em meu próprio ser, e uma lei do pecado e da morte em meu corpo. São quatro leis e três vidas. Dessas quatro leis, a lei do Espírito de vida e a lei de Deus é uma só, mas somente quando se fala da lei escrita nas tábuas de pedra, ou "Os Dez Mandamentos", está fora de nós. Sim, Deus é assim, mas ainda nós não; até que Deus põe o seu Espírito e permite que andemos em Sua lei, graças ao Seu Espírito; então podemos reduzir essas quatro leis em três, mas precisamos diferenciar quando está em Deus e quando pelo Espírito está em nós; por isso aparecem quatro. Seguimos lendo os versos 22-23:"Porque segundo o homem interior, deleito-me na lei de Deus; mas vejo outra lei em meus membros, que se rebela contra a lei da minha mente, e que me leva cativo à lei do pecado que está em meus membros".Qual é a lei do verso 21 que, diz Paulo, achar que o mal está em mim? É uma lei, e uma lei é algo que vai se repetir sempre; que sempre que eu atue vou descobrir que o mal não está somente no diabo e no mundo, mas sim está em mim mesmo, e está em mim como uma lei, como um poder que sempre me obriga a seguir a mesma rota: Pecar e morrer. Essa lei se chama nesta passagem a lei do pecado e da morte. O mal está em mim, já não é a lei de Deus. Segundo o meu homem interior, ou seja, o meu espírito, minha consciência, deleito-me na lei de Deus, como o tínhamos lido no verso 16; quer dizer, aprovo que a lei é boa; minha natureza, esse resto, essa memória do que era o homem antes da queda, está de acordo com a lei de Deus, e me deleito nela, e estou de acordo com a lei de Deus no sentido exterior; quer dizer, o testemunho que Deus dá de Si mesmo, que se converte em mandamentos para nós das tábuas e dos rolos; mas ainda está fora de mim; necessito algo mais que a lei de Deus fora de mim.Necessito algo mais que ideais; necessito algo mais que mandamentos; necessito algo mais que educação, algo mais que instruções, algo mais que refrões; necessito do próprio Espírito operando com outra lei distinta. Não é suficiente a educação; tem que estar operando outra lei de outra fonte para poder superar a lei do pecado, porque a lei da minha própria mente e do meu próprio homem interior, está de acordo com a de Deus, no entanto, como lei humana que é, não tem o poder suficiente para vencer o maligno. Necessitamos, portanto, daquele que já o venceu, para que opere em nós uma lei distinta.É importante saber que a minha mente funciona segundo uma lei, porque a minha mente tem a lembrança da natureza humana antes da queda; o ser humano foi desenhado para Deus; Deus escreveu os rudimentos da lei em nossa consciência e por isso, segundo o homem interior, deleito-me na lei de Deus; minha mente é razoável ao que Deus diz: que amemos a ele e que nos amemos entre todos, e que não matemos, e que não roubemos, e que não forniquemos, e que não cobicemos, e que façamos bem todas as coisas e vivamos em paz.Tudo isso queremos; nossa mente está de acordo, mas o problema é que quando vamos fazer, existe outra lei em nossa carne.Nós pensamos e queremos conforme a nossa alma. Em nossa alma opera o que se chama a lei da mente; não é a lei de Deus, embora esteja de acordo com a lei de Deus, e a lei da mente não é a lei da carne, a lei do pecado e da morte. A lei de Deus está em Deus e em Seus mandamentos; a lei do pecado e da morte está em minha carne, em meus membros; e está a lei da minha mente.Isso significa que a natureza humana da minha alma, quer fazer o bem, em minha alma estou de acordo, aprovo que a lei é boa e quero fazer o bem e decido fazê-lo, mas não posso. Existe a lei intrínseca do homem, aquela lembrança do que Deus queria e o homem podia mas agora já não pode, porque embora queira e até tente, há um poder superior no próprio homem; por isso o maior esforço do homem não é suficiente; embora o homem seja responsável por fazer o melhor que pode, não é capaz de fazê-lo. Uma coisa é a responsabilidade e outra distinta é a capacidade. Quando o homem perdeu a capacidade de cumprir a sua responsabilidade? Quando vendeu a sua natureza para o pecado e o poder do pecado entrou no homem e na carne do homem começou a operar uma lei que o leva cativo à lei do pecado, e que me obriga a fazer o que não quero e me impede de fazer o que quero. O versículo 23 nos diz claramente: "...mas vejo outra lei em meus membros, que se rebela contra a lei da minha mente, e que me leva cativo à lei do pecado que está em meus membros". Aqui torna a mencionar a lei do pecado. E continua o verso 24:"Miserável de mim! quem me livrará deste corpo de morte?"Miserável de mim!, como quem diz, por melhor que seja a minha intenção e por mais esforço que faça, há um poder superior que me vence. Antes quando eu não tinha descoberto quão forte era o poder do pecado, eu pensava que era suficiente somente usar o meu poder humano, mas quando comecei a fazer força e fazer força, foi quando descobri que o pecado está em mim e que o poder do pecado é uma lei que me obriga sempre a cometer o pecado e não me deixa fazer o bem que quero, e sim me obriga a fazer o mal que não quero; então, já não posso confiar em mim. Quando tentava, querendo fazer o bem, achei esta lei; quando eu queria fazer o bem era porque ainda confiava em mim mesmo, confiava na suficiência do esforço humano, da natureza humana; mas quando descobri a lei do pecado e da morte, então já não pude confiar em mim mesmo, e me dei conta que já não posso socorrer a mim mesmo; agora sim tenho que confessar como confessou o grande apóstolo Paulo: Miserável de mim! Quem me livrará deste corpo de morte?; Porque ele antes havia dito: Bem, vou me livrar, vou fazer o bem, vou me esforçar, vou ser fariseu de fariseus, hebreu de hebreus; quanto à lei fariseu, a seita mais rigorosa. Paulo procurava fazer o melhor que podia, e procurou muito tempo, mas descobriu que sempre lhe faltava algo; por isso clamou: Miserável de mim! Já não sou eu quem pode me salvar. Quem me livrará? Antes ele dizia: Como me livrarei?Antes ele dizia: Como me livrarei? Mas notemos que agora Paulo não diz, como me livrarei. Como Senhor, como me livrarei. Quem sabe, jejuando uma semana a mais, orando, me levantando de madrugada, lendo a Bíblia, como me livrarei, Senhor? Dá-me alguns mandamentos, algumas coisinhas, algumas táticas para que eu possa fazer que funcione bem o meu casamento, o trabalho, a minha relação com tudo; me dê algumas táticas de auto-ajuda, pensamentos, visualizações e esforços, e madrugadas e outras coisas, mas sempre termina em fracassado; então chega o momento em que alguém clama por outro pessoa distinta de si mesma. Quem me livrará? Já não é como me livrarei? Só não posso; necessito que seja outro pessoa distinta de mim. Por isso é que o cristianismo não é confucionismo, não é socratismo, não é nem sequer joãobatistismo, não é judaísmo, nem estoicismo, é cristianismo. Quem me livrará deste corpo de morte? Aleluia! Sim há uma resposta para esta pergunta.

Quarta: A lei do Espírito de vida em Cristo
A resposta poderosa a angustiosa pergunta anterior a encontramos a partir do versículo 25 do capítulo 7 da epístola do apóstolo Paulo aos Romanos, assim:"Graças a Deus, por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim, eu mesmo com a mente sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado".Como homem, como pessoa humana, com minha mente sirvo à lei de Deus, porque a lei da minha mente concorda com a lei de Deus, ainda que tenha a imagem, os traços de ter sido criado por Deus, apesar de ter sido arruinado; no entanto, fica o sabor do suco de laranja, mas com sal, claro. Quanto a mim, humanamente, sirvo à lei de Deus, mas com a carne sirvo à lei do pecado. Isso significa que a lei do pecado também operava na carne de Paulo. Então, qual foi a solução de Deus? A solução para os pecados é o perdão, mas não é suficiente o perdão dos pecados para vencer a lei do pecado e da morte, porque o perdão é para que o Senhor se esqueça do que eu fiz, mas se seguir sujeito à lei do pecado, vai ter que me seguir perdoando sempre, e eu sigo sem mudar em nada somente com o perdão. Além do perdão, necessito o Espírito que opera com uma lei distinta e mais poderosa, o qual nos confirma a Palavra em Romanos 8:1-2:"Agora, pois, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, (e vários manuscritos acrescentam) os que não andam conforme à carne, mas sim conforme o Espírito. Porque a lei do Espírito de vida em Cristo Jesus me livrou da lei do pecado e da morte".Damos graças ao Senhor por este “agora”, que começou quando Cristo veio e derramou o Espírito Santo, e o recebemos. Aqui encontramos a quarta lei, que é igual a primeira, a de Deus, mas aplicada agora; antes era espiritual, mas agora não só em Deus nos mandando de fora, mas sim em nós, operando de dentro, porque o Antigo Pacto não serve, porque Deus nos deu a Sua lei mas em tábuas de pedra, nos umbrais, nos vestidos, nas paredes, nos versículos, mas nós seguíamos iguais. Os desejos de Deus eram muito bons e Deus sabia que não podíamos alcançar isso só nos mandando de fora; por essa razão Ele disse: Eu vou fazer um novo pacto, porque vocês quebraram o outro e Eu me desentendi; quer dizer, que Eu dessa maneira não posso fazer nada com vocês; mas vou fazer um novo pacto. Minhas leis, as que estavam em tábuas, vou escrevê-las em seus corações, em suas mentes, e vou pôr o Meu Espírito, pois Eu sim posso fazer o que vós não pedis. Se estivesse fora de vocês, estariam perdidos, mas se encarnar, submeto às suas provações, venho e destruo tudo o que é negativo na cruz, e ressuscito e envio o Meu Espírito para que lhes dê tudo o que Eu sou e o que tenho feito. Porei o Meu Espírito dentro de vós e farei; já não serão mais sozinhos, porque vocês querem mas não podem, mas farei que vocês andem em minhas leis e nos meus estatutos. Eu, Eu mesmo, não somente com os Meus mandamentos, mas também com a Minha própria Pessoa, Minha própria vitória, o Espírito dentro de vós. Tenho outra lei; em Mim não opera a lei do pecado; no Espírito opera a lei de vida em Cristo.
Em Romanos 8:2 encontramos a lei que nos liberta da lei do pecado. Já não é a lei de Deus somente em mandamentos, tampouco a lei do pecado e da morte em minha carne; tampouco é a lei da minha mente, que quer mas não pode por si só; agora é outra lei, uma quarta que é igual a primeira, mas operando dentro de nós pelo Espírito, a lei do Espírito de vida em Cristo Jesus.Agora Paulo já experimentou algo. Primeiro, quando ele queria não podia; então ele disse: Quem? O que invoca o Senhor, que vem a Mim, do seu interior correrá rios de água viva, e isto disse do Espírito; não o que anda por si mesmo, não; o que vem para Mim, assim sem poder, assim frágil, assim derrotado, se vier assim para Mim, do seu interior correrão rios de água viva, ou seja, o Espírito; e o Espírito vem com outra lei. A carne é fraca, mas o Senhor é forte. Eu não posso mais, mas o Senhor sim dá mais. Então eu, tal como sou, tenho que vir: Senhor Jesus, Senhor Jesus, Senhor Jesus; porque diz que "quem crê em mim..., do seu interior correrão rios de água viva. Isto disse do Espírito que haviam de receber os que nele cressem", sabendo o que são, sabendo da inutilidade, vêm a Cristo. Se você souber que não pode carregar trinta toneladas, por que tenta? Melhor, pega uma máquina que pode fazê-lo. Para que perder tempo com uma tática equivocada? O que devemos fazer é ser tal como somos, com toda a crueldade de nossa miséria, com toda a nossa impotência, e ir ao Senhor e dizer-lhe: Senhor Jesus, aí está o mal, mas Você já venceu; Senhor Jesus, só conto contigo, não com o que eu posso, mas sim com o que Você pode; sim Você o pôde, Você já o fizeste; venceu o diabo, venceu à morte e à carne.Quando na Palavra diz que "a lei do Espírito de vida em Cristo Jesus me livrou da lei do pecado e da morte", esse livre não significa que a lei é tirada, mas sim é superada com outra de superior poder. Vou dar um exemplo: Existe a lei da gravidade, que é um poder que sempre tira as coisas pequenas e as atrai para as grandes, como a maçã de Newton que caiu para a terra de Deus; é a lei da gravidade. Agora, há momentos em que a lei da gravidade deixa de funcionar? Por acaso Deus desligou a lei da gravidade quando os foguetes saíram para a lua? De maneira nenhuma, a lei da gravidade segue operando, mas nesse momento nos foguetes opera uma lei mais poderosa que a lei da gravidade, e a contrasta, e se levantam em uma luta tremenda; parece que não saem tão disparados. Por que não saem tão rápido? Dá a impressão que os foguetes vão cair; quando você os vê parece que saem devagar, que não saem disparados, e é porque a lei da gravidade os quer deter; está operando, mas há outra interior mais forte que a da gravidade, que é a lei aeronáutica, e essa libera o foguete da lei da gravidade, o qual sai por fim disparado.No começo parece devagar, mas vai se desprendendo, e quanto mais sobe, acelera mais até que a vence e sai tranqüilo e até pode ir-se da terra, a qual já não pode fazer nada. Isso é o que é a lei do Espírito de vida em Cristo Jesus; é um enxerto de Deus, de Sua própria natureza, com as Suas leis intrínsecas, com a Sua conduta intrínseca no espírito, que estando em nós é mais forte que a lei do pecado e da morte. Se eu conto somente com lei da minha natureza, quero fazer o bem mas acho esta lei, que o mal está em mim, que não faço o bem que quero, mas sim o mal que não quero, isso faço.Mas se conto não apenas comigo, mas também pela fé sem as obras da lei, pelo ouvir com fé, por crer em Deus que me ministra o Espírito, a lei do Espírito de vida em Cristo Jesus me livra da lei do pecado e da morte. Isto não significa que no cristão a carne deixa de cometer pecado, que não opera a lei do pecado e da morte em sua carne. Sim, amados. O irmão por mais santo dos santos que seja, tão logo ande na carne, aí estará a lei do pecado, mas se andar no Espírito, no Espírito há uma lei mais poderosa que pode vencer a outra, e por isso há um combate constante; mas sempre é mais poderoso o Espírito. Por isso devemos andar no Espírito, e no Espírito não se anda a não ser por fé, só por crer nele, só por vir a Ele.Vinde a Mim, creia em Mim, bebe de Mim e do seu interior correrão; então do nosso interior correrá, começará a fluir. É por isso que quando lemos os Salmos de repente a metade parece muito triste e a outra metade parece muito alegre; à vista disso dizemos: O que acontece, que neste salmo estava chorando, queixando e de repente louvando? É porque começou a operar a graça de Deus pelo Espírito; e deste modo acontece conosco.Estamos como se sentiram os astronautas quando estavam iniciando a subida, eles contam que sentem um peso tremendo, e não é um peso porque puseram algo em cima deles; é a força da gravidade que eles sentem quando estão nesse foguete que vai subindo até que se vai elevando. Assim estamos nós como se estivéssemos sendo esmagados por um mal e como submetidos ao esmagamento, mas o Senhor Jesus, aleluia, rompe no espírito. O Espírito do Senhor tem um poder diferente. O que é? A lei do Espírito de vida em Cristo, que me livrou da lei do pecado e da morte.

Epílogo
"Porque o que era impossível à lei, porquanto era fraca pela carne, Deus, enviando a seu Filho em semelhança da carne de pecado e por causa do pecado, condenou o pecado na carne; para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos conforme à carne, mas conforme o Espírito".

(Romanos 8:3-4)Quando diz que o que era impossível para a lei, refere-se aos mandamentos somente, e com o poder natural somente. O Senhor foi o primeiro a vencer o pecado na carne. Adão foi feito na carne, mas Adão submeteu a carne ao poder do pecado. O Senhor também veio em carne, mas diferentemente de Adão, Ele não permitiu que o poder do pecado entrasse em Sua carne. Veio na semelhança da carne do pecado, mas sem pecado; venceu o poder do pecado e por causa do pecado condenou o pecado na carne. Para quê? Para que a justiça da lei, quer dizer, o que Deus mandava antes de fora, agora sim se cumprisse em nós que não andamos conforme a carne, quer dizer, nos guiando pelas diretrizes da lei do pecado e da morte, mas conforme o Espírito, seguindo essa direção, esse fluir, esse sopro de Deus, esse rio de Deus; é a lei do Espírito de vida que me livrou, diz Paulo, o mesmo que disse: em mim mora a lei do pecado; no entanto, ele experimentou não só o mal nele, mas também a vitória do Senhor que ressuscitou para ele. Na própria face da sua miséria, o Senhor apareceu, limpou-o, sustentou-o, deu-lhe a vitória e o levou de triunfo em triunfo e de glória em glória.

domingo, 10 de maio de 2009

O Rico e o Lázaro- Flavio H. Arrué

Extraído do Site www.verdadespreciosas.com.ar e traduzido para o Português pelos irmãos da cidade de Alegrete-RS
BREVE EXPOSIÇÃO DE UM RELATO REAL

Lucas 16:19-31

OS ENSINAMENTOS DE CRISTO SOBRE A CONDIÇÃO DAS ALMAS DEPOIS DA MORTE

INTRODUÇÃO

“Ora, havia certo homem rico que se vestia de púrpura e de linho finíssimo e que, todos os dias, se regalava esplendidamente. Havia também certo mendigo, chamado Lázaro, coberto de chagas, que jazia à porta daquele; e desejava alimentar-se das migalhas que caíam da mesa do rico; e até os cães vinham lamber-lhe as úlceras.” (v. 19-21).

É chamativo como tantos pretendem falsificar os claríssimos ensinamentos de Cristo acerca da condição dos mortos, alegando que este relato não é real nem verídico, senão que está falando de forma fantasiosa, o que por ser meramente uma «parábola» —alegam— nada tem que ver com a realidade. Os «Testemunhas de Jeová», os «Adventistas do Sétimo Dia», por exemplo, assim como todos os aniquilacionistas[1] (os que crêem que a alma é capaz de ser aniquilada ou extinta, e definem erroneamente o verbo «destruir»[2] desta falsa maneira), agitam esta torcida interpretação da passagem a fim de escapar da realidade dos ensinamentos sobre o estado consciente das almas em sua condição separada do corpo, e assim estas seitas propagam suas falsas doutrinas que afetam os próprios padecimentos de Cristo na cruz (veja no final). Veremos que não é assim, e a Bíblia fala por si mesma com autoridade sobre a consciência de todos, só que basta a absoluta e incondicional adesão a ela, e não aos falsos sistemas dos falsos mestres sectários.

Brevemente para começar observamos que o próprio mestre não diz nem sugere que estivesse contando uma parábola. Em todas as parábolas, o Senhor manifesta claramente que está oferecendo uma parábola. Aqui não o faz. Em nenhuma parábola o Senhor dá nomes. Aqui dá nomes, pelo que se trata de um relato real. É certo que o Senhor, neste relato, utiliza alguns símbolos: isto ninguém nega. Toda a linguagem do Senhor no Novo Testamento está cheio de símbolos, mas eles transmitem realidades concretas, não fantasias, como se pretende. E inclusive ainda que o relato parecesse ter o caráter de parábola, a passagem é tão poderosa que mesmo que seja considerado como uma parábola dá precisamente os mesmos resultados.

A razão é que as parábolas relatam situações da «a vida diária», mas neste caso o ponto mais importante que nos faz ver que não seria uma parábola é a menção de um personagem por seu nome —«Lázaro»— de quem a duras penas o Senhor haveria dado seu nome se realmente não houvesse existido; mas o que não pode ser questionado é a situação das almas neste relato, pois a definição de parábola não o permite.

Sim ao invés de parábola fora uma fábula, esta criaria situações não reais, tal como que as árvores falam e elegem um rei (como no caso do filho de Gideão, Juízes 9); mas estes sucessos são completamente reais. E se não houvesse sucedido com Lázaro —por ser um personagem do relato— se passa com os que morrem.

Como no caso do semeador, todos os elementos da parábola são altamente conhecidos e plenamente reais, para os que a escutaram, pois são quadros tomados da vida cotidiana.

Pois bem, a narração começa falando de um homem rico. É evidente que o Senhor enquadrou seu discurso sobre a condição das almas depois da morte dentro de um transfundo judaico, adaptado a seus ouvintes e na linguagem deles: daí o simbolismo "o seio de Abraão", etc. Conforme a mente judaica, uma boa fortuna, como dizem os homens, constituía a felicidade. Os judeus consideravam tal prosperidade como um sinal do favor de Deus. O rico do relato tinha tudo o que seu coração (ou melhor, a carne na realidade) podia desejar, e assim dava rédeas solta a seus desejos. Mas tudo era um deleite egoísta: para o coração do rico, Deus não contava para nada em tais desejos, nem tampouco havia interesse algum pelo próximo: tudo era o eu. Isto fica demonstrado ao entrar na cena o mendigo Lázaro, que comia das migalhas do rico. O rico não reparava neste pobre, senão só em si mesmo. Os cães eram mais considerados que o mendigo, e rendiam a este maior favor que seu amo: lambiam as chagas do pobre mendigo.

Assim vemos, pois, queridos amigos como é o homem, neste caso o judeu, mas o homem ao fim, na vida presente, conforme seus pensamentos de bem estar terreno.

A CONDIÇÃO DAS ALMAS DEPOIS DA MORTE CORPORAL

Mas tudo muda com a chegada da morte, e aqui o Senhor revela seus ensinamentos em forma inequívoca, às quais devemos aderir sem compromisso, porque é o Senhor quem fala, e não o homem, e ele ensina que o que está detrás da tumba para que nós possamos ter a verdadeira luz sobre estas coisas.

22 Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico e foi sepultado.

Está claro que “o seio de Abraão” é um símbolo, para os ouvintes judeus, de um lugar especialmente bendito no mundo invisível, onde lhe esperam os mais honoráveis servos de Deus. Mas a companhia de Abraão e a bem aventurança de sua condição não eram simbólicas. Vejamos como segue o relato.

23 No inferno ( Hades), estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio.

Esta não é uma figura do estado final de juízo, senão de certa condição depois da morte. (Enquanto que a alma do mendigo passou a um estado de felicidade, quando seu corpo jazia no sepulcro). Do rico se diz que “levantou seus olhos” o qual é linguagem simbólica de novo, mas que descreve o estado consciente de sua alma. O fato é que Lázaro, conforme o ensinamento do Senhor; foi visto no seio de Abraão pelo rico, que estava em tormentos.

Diremos algo sobre símbolos incluídos neste relato: A linguagem simples e gráfica atrai mais a atenção das pessoas sem importar seu nível cultural, que uma descrição do estado consciente da alma depois da morte feita em termos científicos a qual houvesse sido inadequada para os ouvintes do Senhor. O fato é que não existe a mínima dificuldade na narração tomada em seu justo sentido. Em nosso falar diário empregamos continuamente linguagem figurada para que todos nos entendam melhor. 90 % da crítica anti-bíblica é desonesta, e tem a clara intenção de desacreditar a Escritura (O hades e o castigo eterno, A. P.). Claramente o Mestre ensina que tanto o crente como o incrédulo, se encontram em um estado consciente depois da morte, e quem ensina o contrário, ensina contra a doutrina de Cristo

24 Então, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim! E manda a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama.

A prova é certamente claríssima aqui de que inclusive antes do juízo, os ímpios já estão em tormentos.

Ninguém questiona que o Senhor emprega figuras, mas, repetimos, o motivo das mesmas é explicar as coisas invisíveis de maneira mais inteligível possível para nós; pois nós percebemos o mundo exterior através do corpo e os sentidos; e daqui o Senhor toma as figuras a fim de que aqueles a quem ele se dirige e a quem lhes apresenta o mundo invisível conforme a Sua própria sabedoria, as entendam.

O Senhor revela também que ali, no Hades, o rico tem consciência da necessidade de misericórdia. O rico não toma, exteriormente, o lugar de um incrédulo. Nele não há seguramente nenhuma fé, mas ele fala de “Pai Abraão”, e mesmo que ele nunca buscou a Deus por misericórdia, vê ao menos que ali, no seio de Abraão, podia gozar da mais rica misericórdia. Então pede que Lázaro molhe a ponta de seu dedo na água e que refresque sua língua: uma miserável gota de água! Em outro tempo, haveria sido um favor tão insignificante que apenas haveria tido em conta, e menos ainda se Lázaro o houvesse feito. Na terra, o rico haveria detestado uma coisa assim. Mas a verdade aparece quando o homem tem deixado esta vida. Que importante é, pois, ouvir enquanto estamos na terra, o que o Senhor nos diz!

“Estou atormentado nesta chama.” Quem nos diz isto é ninguém menos que Jesus. E nós sabemos que ele é a verdade, e que estes são verdadeiros ditos de Deus.

A resposta de Abraão é digna de notar também:

25 Mas Abraão lhe disse: Filho (pois ele não repudia a relação segundo a carne) lembra-te que recebeste teus bens em tua vida, e Lázaro também males; mas agora este é consolado aqui, e tu atormentado.

O que era de Satanás tinha boas coisas nesta terra; enquanto que quem era nascido de Deus, recebeu males aqui em baixo. A terra como tal não proporciona nenhuma medida para os juízos de Deus: quando Jesus vier, e o Reino for estabelecido, será diferente. Mas tanto o judeu como o homem em geral devem aprender que isto não é assim agora, e que, antes que Ele venha, subsiste a solene verdade de que os homens mostram por seus caminhos aqui na terra quão poucos crêem nas palavras de Deus como estas. Mas quando os homens morrem, seguramente haverão de provar a verdade do que eles recusaram ouvir neste mundo: “Agora este é consolado aqui, e tu atormentado”. Não é o tempo do Reino público do Messias. Lucas nos permite ver o que é mais profundo ainda que esse Reino: a bendita porção invisível do justo, assim como o mal para o injusto.

26 E, além de tudo, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que querem passar daqui para vós outros não podem, nem os de lá passar para nós.

O Senhor ensina aqui que existe uma estabelecida e grande separação entre o bem e o mal no estado intermediário. Não se pode passar de um ao outro. A noção de uma graça possível na condição separada é absolutamente excluída pela Escritura. Os homens naturais sonham com esta possibilidade de uma «segunda oportunidade»; eles desejam aferrarem-se do mal tanto como possam, ou ao menos dos desejos deste mundo, desprezando as advertências de Deus e largando mão ou adquirindo bens deste mundo, no qual põem seu coração, mas descuidando por completo a solene lição que o Senhor nos oferece mediante a narração do rico e Lázaro. “Um grande abismo está posto entre nós e vós”, diz Abraão. Entre os justos que partiram, e aqueles que morreram em seus pecados a separação é completa.

E posto que o rico não visse nenhuma possibilidade de mudança para si, volta então sua atenção para sua família.

“27 Então, replicou: Pai, eu te imploro que o mandes à minha casa paterna,28 porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de não virem também para este lugar de tormento.29 Respondeu Abraão: Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos.30 Mas ele insistiu: Não, pai Abraão; se alguém dentre os mortos for ter com eles, arrepender-se-ão.31 Abraão, porém, lhe respondeu: Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos.” (v. 27-31).


CONCLUSÃO

A resposta de Abraão traz à luz outra grande verdade: a suprema importância da Palavra de Deus.

Temos visto o testemunho do mundo invisível e que o Senhor nos revelou mediante este relato real. Os oponentes da Bíblia querem nos fazer crer que o Senhor estava oferecendo uma novela, que estava contando contos fictícios e imaginários que nada tem que ver com a realidade. Os que crêem que dizendo isto escapam da clara revelação do Mestre, se equivocam para eterna perdição. De fato, também a própria ressurreição de nosso Senhor sela a verdade de suas palavras, pois não há prova mais evidente do fracasso total de qualquer outro meio para ressuscitar ao homem. Ainda que ele ressuscitou dentre os mortos, em meio de um bando de homens armados que guardavam a tumba, isto não logrou persuadir o coração dos homens, e menos ainda dos sacerdotes e anciãos judeus, que só se endureciam mais completamente por ele. Todos manifestaram sua incredulidade.

Para terminar reiteramos que a companhia de Abraão e a bem aventurança de sua condição não eram simbólicas. E assim como as Escrituras claramente nos dizem que o hades é para o crente uma condição de bem aventurança, assim também o Senhor nos diz que o hades é para o incrédulo uma condição de tormento. Podemos crer na primeira declaração e recusar a outra? Seguramente que não! Quão infinitamente benignas —e tão infinitamente solenes, para que seus ouvintes escapassem de tal condenação—, fora as advertências que o Senhor fez quando esteve aqui na terra!

O oponente de Cristo ¾quem ensina uma doutrina contrária à do verdadeiro Cristo a respeito destas coisas¾ pode argüir, e colocar, que se os olhos e a língua são simbólicos, os tormentos e a chama deveriam ser também simbólicos. Mas se os tormentos físicos são simbólicos, perguntamos: de quê são simbólicos? Aqui o simbolismo se acaba, pois não há senão uma única resposta: Os tormentos físicos, se forem simbólicos, devem ser simbólicos dos tormentos espirituais. Os tormentos que afetam o corpo, se são simbólicos, o devem ser dos tormentos que afetam a alma, e isto é justamente o que simbolizam. O fato de que alguns contendam esgrimindo o argumento de que a linguagem é simbólica, não debilita no mínimo nem afeta em menor grau a seriedade da advertência. Porque se a linguagem é simbólica, o simbolismo é utilizado nada menos que pelo próprio Filho de Deus, e sua intenção era dar ele mesmo uma impressão adequada e justa em seus ouvintes.

É terrível o simbolismo? A verdade que se propõe assinalar é o terrível. É terrível o simbolismo? A advertência também é terrível. Mas o racionalismo e o sentimentalismo, que constituem a base das falsas doutrinas aniquilacionistas e universalistas, tem como resultado a privação do sentido sucinto da verdade de Deus sobre estas coisas tão claramente ensinadas.

Infere-se claramente das Escrituras pra onde vai a alma do crente depois da morte, assim como também pra onde vai a do ímpio. E em outro estudo demonstraremos que o hades é a condição das almas depois da morte, ou seja, que é um estado, e não um lugar, que o crente, depois da morte, está com Cristo em felicidade, enquanto que os maus passam imediatamente a um lugar de tormento.

E concluímos dizendo que a verdade da doutrina do Novo Testamento a respeito do inferno ou destino dos maus, é que este se refere a um castigo com duas características fundamentais: é um castigo eterno e consciente, e constitui uma falsa doutrina fundamental o fato de negar uma ou ambas destas duas características perfeitamente ensinadas pelo Senhor e seus apóstolos

Irmãos em Cristo Jesus.

Irmãos em Cristo Jesus.
Mt 5:14 "Vós sois a luz do mundo"