Eu me desviei e temo ter cometido o pecado imperdoável.
Qual é o pecado imperdoável? O próprio Senhor respondeu claramente a essa pergunta em Marcos 3.29,30: “Qualquer, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão, mas será réu do eterno juízo. Porque diziam: Tem espírito imundo”.
Em Mateus 12.28, o Senhor diz: “Mas eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus”. E eles disseram, “Este não expulsa os demônios senão por Belzebú, príncipe dos demônios” (v.24). Eles estavam então na verdade chamando o Espírito de Deus de príncipe dos demônios! Era esta a blasfêmia para a qual não havia perdão! Atribuir os milagres de Jesus a uma obra do demônio.
Fica assim evidente que se alguém continuar desejando Cristo como seu Salvador, quaisquer que tenham sido os seus desvios, ele não cometeu este pecado. Como poderia desejar ter como Salvador alguém que julga ser capacitado pelo poder do próprio Satanás? Se conhecesse uma tal pessoa não confiaria a guarda de seus cães a ela nem por um dia, quanto mais a salvação de sua alma por toda a eternidade!
Todavia, um indivíduo perturbado pode dizer, pequei muito e me desviei completamente. Respondemos, sua atitude é lamentável. Nada pode ser mais humilhante e triste do que uma retribuição dessas para o amor mostrado por Ele. Mas, mesmo isto não mudou o coração do Senhor. “Como havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13.1) .
“É isto que me humilha e envergonha,
Descobrir que Tu não mudaste”.
Nós perguntamos naturalmente, depois de fazer ou dizer alguma coisa desagradável a um amigo querido: “O que ele vai pensar de mim?”.
Isso acontece geralmente com o que se desvia. “O que o Senhor vai pensar de mim agora?” diz ele, “Quando eu mesmo condeno e odeio a minha atitude, meu comportamento que desonrou a Deus?”
Na verdade, Ele continua pensando de você o que sempre pensou. “Porque eu bem sei os pensamentos que penso de vós, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais”(Jr 29.11). Ele sabia desde o início quão mau seria o seu comportamento, mas deu mesmo assim o seu precioso sangue de vida para remi-lo.
Foi em vista de tudo o que eu era, e tudo o que viria a ser, que Ele “me amou e deu-se a Si mesmo por mim”.
O que dizer dos meus pecados depois de minha conversão?
Lembre-se, caro leitor, que além do juízo eterno dos perdidos, Deus só tem um meio de tratar com o pecado segundo a Sua justiça: pelo sacrifício e morte de Jesus. Considere um santo pecador como Davi, no Velho Testamento, e um como você na presente dispensação. A cruz de Cristo satisfez cada pecado de ambos, caso contrário a condenação eterna será o seu destino. Mas existe uma grande diferença entre os dois casos. Ela pode ser explicada mais ou menos assim: Quando Cristo foi colocado na cruz como portador de pecados, Ele não levou sobre si nenhum dos pecados de Davi, exceto os cometidos no passado; enquanto não carregou nenhum dos seus, exceto os futuros. O significado é este: quando Jesus estava “levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro” (1Pe 2.24), os pecados de Davi estavam todos no passado e os seus todos no futuro. Como diz o pequeno hino:
“Deus, que os conhecia, colocou-os sobre Ele,
E crendo, você está livre”.
Ou, melhor ainda, segundo expresso na Escritura (veja Isaías 53.6): “Todos nós andámos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos”. Os pecados de Davi, os seus e os meus; a saber, os pecados de cada alma salva na história do mundo - todos eles se reuniram ali. Que grande atração essa cruz vai ser na eternidade para cada remido, qualquer que seja a dispensação em que tenha vivido! Foi o amor insondável que O levou até ela; e até que o juízo completo pelo pecado tivesse sido suportado e esgotado, até que a maior de todas as transações tivesse sido completada, e ganha a maior das vitórias, foi o amor inextinguível que O manteve nela. Abençoado Salvador!
O que torna tão iníqüos os nossos pecados depois da conversão, é a desonra que causamos ao seu Nome, a tristeza provocada num coração como o dEle.
Mas Aquele que pensou em nós e morreu por nós em nossa condição de pecadores perdidos, não se esqueceu de prover também livramento para nós como santos ingratos. Ele tomou nosso lugar na cruz e morreu por nós, passando depois a defender a nossa causa no trono e vivendo para nós. “Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida” (Rm 5.10).
Obtemos a garantia divina nas palavras “Muito mais”, de que seremos preservados para sempre. “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis“ (1 Jo 2.1). Temos, entretanto, a graciosa provisão, não obstante essas palavras, pois o mesmo versículo diz, “e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo”. A Escritura não diz, “Se alguém arrepender-se de seu pecado, temos um Advogado”. Não; o arrependimento e a auto-análise que levam à confissão são os resultados do serviço do Advogado para nós. Ele não defende a nossa causa porque nos entristecemos; mas nos entristecemos porque Ele nos defende. “Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça” (Lc 22.32), foi a sua bondosa declaração a Pedro. Ele sabia que o comportamento dele iria falhar, mas não esperou até que Pedro “chorasse amargamente” para orar a seu favor. “Roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça”.
Jesus provou novamente a Pedro ainda autoconfiante, naquela ocasião, que tinha tanta capacidade para sustentar um discípulo que começava a afogar-se como para atrair aquele que começava a andar; que se Pedro desviasse os olhos do Senhor, este não desviaria os seus dele; e que mesmo se deixasse de andar pela fé, essa seria justamente a ocasião de manifestar as novas atividades do amor do Mestre - sua mão estendida estaria agora ao serviço de seu servo infiel. “Do justo não tira os seus olhos” (Jó 36.7). Assim sendo, mediante a sua intercessão predominante junto ao Pai no céu, é que eu, pelo Espírito de Deus, sou levado a confessar com o coração compungido. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo, para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”(1 Jo 1.9).
Você pode, portanto, aproximar-se do Pai com toda confiança e abrir todo o seu coração diante dEle. Se fizer isso, esteja certo de que, em toda fidelidade e justiça Àquele que levou sobre Si os nossos pecados e que “vive para sempre a fim de interceder por nós”, Ele irá perdoá-lo livremente. E quando faz isso, uma tão grande graça irá sem dúvida tornar você cada vez mais zeloso, cuidando para que outro passo em falso não ofenda e entristeça um amor assim tão fiel e imutável.
Extraído do livro “Luz Para as Almas Ansiosas” - G.Cutting
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