O pecado e os pecados
Para ter clareza sobre o real significado do que poderíamos chamar “nossa justiça própria frente à verdadeira justiça de Deus”, é supremamente necessário poder distinguir entre o que é o pecado e os pecados. O pecado é uma lei ou poder ou principio que está dentro de nós, em nossa carne, que controla nossos membros e que nos impulsiona a cometer toda sorte de atos pecaminosos (cfr. Romanos 7:23), ou seja, os pecados. O pecado se relaciona com nossa vida natural herdada de Adão (cfr. Ro 5:19), tanto que os pecados estão relacionados com nossa conduta, nossas obras, nossos atos. Os pecados são uma conseqüência do pecado que mora em nós. O pecado gera os pecados. É verdade que a lei do Espírito de vida em Cristo nos livra da escravidão dessa lei do pecado; não obstante, um crente pode seguir servindo a Deus em sua mente, em seu desejo, mas com a carne seguir servindo à lei do pecado (cfr. Ro 7:25); de maneira que um crente pode continuar com a tendência de continuar pecando, e de fato todo crente peca.
O que acontece com esses pecados dos crentes depois de serem salvos? Se o crente os confessa e se aparta, lhe são perdoados por Deus pela justiça do Senhor Jesus (1 Jo 1:9); do contrário, esses pecados serão tratados por Deus nesta era da Igreja ou durante o reino milenar, como estamos expondo no presente trabalho. Há de se ter presente que ainda que sejamos santos em Cristo, e temos recebido uma salvação completa pela graça mediante a fé no Senhor Jesus, entretanto, seguimos sendo pecadores. Deus é justo. Uma vez somos salvos pela graça, entramos a ser Seus filhos e colaboradores, e todo o resultado de nosso trabalho será recompensado, mas assim mesmo disciplinados se o resultado é negativo.
Não só basta tratar com os pecados em si, como a lascívia, auto-estima, desafeto, infidelidade e muitos outros, tem que se tratar com o pecado maior, o verdadeiro produtor de pecados; de faltas em nossa conduta diária, e que seu tratamento só pode levar a cabo com a cruz e uma íntima comunhão com o Senhor Jesus, e relação de inteira confiança, até que sejamos liberados do pecado, esse principio natural herdado que nos faze pecar.
Entre os aspectos do perdão, o primeiro é o perdão para salvação. Ao salvar-nos, Deus nos perdoa eternamente; mas já como filhos de Deus, voltamos a pecar, e isso não significa que perdemos nossa salvação, mas se perdemos nossa comunhão com Deus, de maneira que necessitamos um novo perdão para restaurar a comunhão com Deus. Nossos pecados passados já têm sido perdoados; nossos pecados presentes também podem ser perdoados se os confessarmos, se nos arrependermos, apartando-nos da situação que nos tem envolvido no pecado, fazemos a devida restauração, reparando o dano causado, em fim, arrumando devidamente nossos assuntos, e assim restauramos nossa comunhão com Deus; mas tenhamos em conta que somos filhos de Deus e que, como tais, temos nossas responsabilidades. De maneira que há perdão para salvação e perdão para restaurar a comunhão.
Quando os hebreus foram liberados da escravidão do Egito pelo sangue do cordeiro pascal, essa liberação foi irreversível, jamais voltaram à escravidão egípcia, mas depois, já como povo de Deus, deviam estar oferecendo sacrifícios expiatórios por seus pecados. Não somos responsáveis pela salvação que já temos recebido por graça, porque é um presente de Deus; nem tampouco Deus nos pede que preservemos agora essa nossa salvação eterna com base em nossos próprios méritos e nossas boas obras. A salvação é um presente, não um crédito que tenha que pagá-lo depois; a salvação não é como um eletrodoméstico comprado a crédito, que se não pagas às parcelas, eles podem tirá-la de ti. Tudo é gratuito. Em Apocalipse 22:17b, diz: " Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida". Nossas responsabilidades agora não se referem a nossa salvação eterna, senão à salvação de nossa alma com relação ao reino milenar, às coroas, aos prêmios e recompensas, ou a... A disciplina dispensacional.
A justiça de Deus
Levamos em conta que Deus não nos salva sem tratar com os pecados conforme a lei, já que está por meio da Sua justiça; ou seja, Deus nos salva legalmente. Na cruz recaiu em Cristo todo o peso da lei de Deus, e o Senhor Jesus veio ser nossa justiça. Se Deus passasse por alto a obra de Cristo na cruz para salvar-nos, violaria sua Justiça. Deus quer que nossa salvação seja totalmente ajustada à lei. Qualquer que creia em Seu Filho é justificado por Deus; uma salvação sem sombra de dúvida, legal, aprovada, vicária. Muitos se esforçam por buscar uma salvação errada, fraudulenta, comprada com dinheiro ou com obras de justiça própria. O faz assim Deus? Não. Deus nos salvou "não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo " (Tt. 3:5). Deus nos salva legalmente, mas nos salva também aparte da lei. A lei de Deus nos condena, mas Deus nos salva por Sua graça em Sua Justiça. Desde antes da fundação do mundo, Deus se comprometeu a nos salvar por meio de Seu próprio Filho. Diz Watchman Nee:
"O que é a justiça de Deus? A justiça de Deus é a maneira em que Ele faze as coisas. O amor é a natureza de Deus, a santidade é a disposição de Deus e a glória é Deus mesmo. Entretanto, a justiça é o procedimento de Deus, Sua maneira e Seu método. Posto que Deus é justo, Ele não pode amar ao homem só com seu amor. Ele não pode conceder graça ao homem só porque quer. Ele não pode salvar ao homem por que Seu coração lhe disse. É verdade que Deus salva ao homem porque o ama. Mas Ele deve fazê-lo conforme a Sua justiça, Seu procedimento, Seu nível moral, Sua maneira, Seu método, Sua dignidade e Sua majestade". (Watchman Nee. O Evangelho de Deus. Tomo I. LSM. 1994. pág.90).
Vemos, pois, que Deus, para nos salvar, pelo fato de que nos ama, não toma uma atitude tolerante frente ao pecado. Para salvar-nos, o amor de Deus não trabalha sem justiça. Os pecados dos homens devem ser julgados. Enviando a Seu Filho, ao Senhor Jesus, a que encarnasse e morresse por nós na cruz e carregasse os nossos pecados, Deus satisfaz Seu amor e Sua justiça. Para nos salvar, deve haver um equilíbrio entre o amor e a justiça de Deus. De maneira que enquanto a nossa posição de salvos e filhos de Deus, já nós fomos julgados na cruz com Cristo. Nós recebemos a salvação como um presente, mas Deus pagou um altíssimo preço por esse presente.
No Antigo Testamento, o sumo sacerdote entrava uma vez ao ano no Lugar Santíssimo do tabernáculo; ali estava a arca do pacto, em cuja coberta, o propiciatório, vertia o sangue dos animais sacrificados, para achar graça de Deus por seus próprios pecados e os do povo. Agora Jesus se tem convertido em propiciatório e Sumo Sacerdote à vez, oferecendo Seu próprio sangue para que nós venhamos pela fé a Deus. Isto o fez Deus à parte da lei; porque se Deus manifesta Sua justiça com base na lei, todos teriam que pagar com a morte eterna. Quão desgraçados seríamos! Não agradamos a Deus mediante nossa própria justiça. O legalismo e o judaísmo levam às pessoas a estabelecerem sua própria justiça, mas a Palavra de Deus não aprova este procedimento. Por exemplo, lemos em Romanos 10:3-4: "3 Porquanto, desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus.4 Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê". Há pessoas que se esforçam por praticar o bem a fim de apresentarem-se justos diante de Deus; mas Deus tem estabelecido Sua própria justiça na obra que Deus cumpriu em Seu próprio Filho, o Senhor Jesus, e a essa justiça devemos nos sujeitar a fim de sermos salvos.
Nossa própria justiça não é suficiente; pelo contrário, nossa própria justiça nega a eficácia da obra do Senhor na cruz. Com base na obra de Cristo na cruz, Deus nos dá total confiança e segurança de que somos salvos eternamente. Na obra de Cristo na cruz se manifesta a justiça de Deus a favor de nós. Ele tem se comprometido nele firmemente por meio de um pacto eterno. Deus jamais invalida Seus pactos.
Nossa justiça objetiva
Nossa justiça objetiva é Cristo, e por Ele somos justificados diante de Deus quando cremos. Ele morreu na cruz para que todo o que creia Nele seja salvo, e todas as transgressões cometidas no passado são perdoadas, e renascemos em nosso espírito, recebendo a vida de Deus em nós. Lemos em 1 Coríntios 1:30: " Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção". Também em Romanos 3:26 diz a Escritura:
" tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus". No Calvário o Senhor nos justificou; agora vivendo em nós, Ele nos faz justos. Cristo é nossa justiça diante de Deus por meio da fé. Lemos em Romanos 3:20-26: " 20 visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado.21 Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas;22 justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os que crêem; porque não há distinção,23 pois todos pecaram e carecem da glória de Deus,24 sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus,25 a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos;26 tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus".
Alguns buscam ser justificados diante de Deus observando a lei e cumprindo mandamentos, mas vemos no verso 20 que isto é impossível. Então, como nos justificamos diante de Deus? Por meio da fé em Jesus Cristo, e o objetivo da fé é o próprio Cristo. A fé é como uma semente semeada no homem, que o Espírito Santo faz desenvolver para que o homem creia no Senhor Jesus, e seja justificado pela obra de Cristo na cruz. Cristo é a justiça de Deus. Não há outra. Não crer em Cristo nos separa de Deus eternamente. A justificação que temos em Cristo se baseia na graça de Deus, e não tem nada que ver com nossas próprias obras. O sangue de Jesus Cristo nos tem justificado. Nunca temos tido nada a oferecer a Deus que saia de nós, porque nada bom tem havido em nós diante de Deus; de maneira que a Deus só podemos oferecer o sangue de Seu próprio Filho, a qual é o único que nos pode justificar quando somos salvos. A base para lutar e ser vencedor, é o sangue do Senhor Jesus, em seu justo valor, não nossa própria justiça nem méritos, nem progressos espirituais. A justiça objetiva se relaciona com a salvação do crente, em tanto que a justiça subjetiva se relaciona com a vida vitoriosa do crente. A primeira tem a ver com a obra de Cristo na cruz, e a segunda com a vida de Cristo em nós. A primeira precede e determina a segunda.
Nossa justiça subjetiva
Somos chamados a ser a imagem de Cristo. Como se consegue isso? Deus tem um nível de vida que quer que nós vivamos, mas acontece que nós não podemos viver. Não temos essa capacidade; não podemos viver o nível de vida exigido por Deus. Só Cristo pode viver. Cristo vive esse nível de santidade, de obediência, de fidelidade, de sofrimento. Cristo é tido às vezes como um modelo para nós, mas nós não temos capacidade para imitá-lo; ninguém pode imitar a Cristo. Cristo é o nível de vida para o cristão normal, o vencedor. Então, quem pode satisfazer esse nível de vida de Deus? O único que pode satisfazer essa demanda de Deus é Cristo; de maneira que se não é Cristo vivendo Sua própria vida em ti, tu nunca o lograrás. Diz Paulo em Gálatas 2:20: " logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim ".
Isso de que há crentes que não pecam, não tem respaldo bíblico nem se cumpre na vida real. Todos somos pecadores, de modo que por nós mesmos não podemos satisfazer a expectativa de Deus. O que fazer? Nosso eu deve morrer; é necessário que seja Cristo vivendo em nós. Não se trata que eu viva como Cristo, que o imite, e sim que Cristo esteja vivendo Sua vida em mim. "Porquanto, para mim, o viver é Cristo" (Fp.1:21), dizia Paulo; não minha própria vontade, nem a lei, nem os ritos, nem as obrigações religiosas, nem meu mérito depende de que seja membro de determinada religião; meu viver é Cristo, porque Ele e eu somos uma só pessoa; "não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé" (Fp 3:9); ou seja, se meu viver é Cristo, não agrado a Deus por guardar alguma lei, nem por meus esforços pessoais, senão por uma união orgânica com Cristo por meio de nossa fé Nele.
Em Apocalipse 19:8 fala dos atos de justiça dos santos. Ali diz: "pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos ". Estes atos de justiça dos santos vencedores são subjetivos; isto só se logra pela vida de Cristo no crente. Diz em Mateus 6:33: "buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas". A vida eterna se recebe pela fé, pela graça de Deus em Cristo, mas o reino se obtém cumprindo uns requisitos exigidos pela justiça do Pai. O reino de Deus tem seus próprios princípios, muito mais estritos que os da antiga lei mosaica, a praticada pelos escribas e fariseus. Diz em Mateus 5:20: "Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus". Esta é nossa justiça subjetiva, relacionada com nossa íntima comunhão com Cristo em nós. Quem quer participar no reino dos céus, isso depende de sua própria vontade, que esteja disposto a permitir ao Espírito Santo que trabalhe para que, uma vez perdida a nossa alma aqui, possamos começar a viver a realidade do reino desde agora. Para participar no reino futuro, é necessário estar participando desde agora em obedecer seus princípios.
A vida religiosa dos fariseus aparece nas Escrituras revestida de aparência de piedade. Trata-se de meras vestiduras religiosas. A hipocrisia se costuma revestir de aparência de piedade. A Escritura fala da manifestação nos últimos tempos de homens amadores de si mesmos; e por certo serão religiosos, porque 2 Timoteo 3:5 diz que "tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes.". O que acontecerá com os crentes com aparência de piedade? Isso o contesta Mateus 7:21-23: "21 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.22 Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres?23 Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade".
Note que para entrar no reino dos céus temos que fazer a vontade do Pai celestial; não uma mera aparência. Se não obedecemos, ou simplesmente nos deleitamos em fazer nossa própria vontade, não seremos aprovados no dia do Senhor. Há um afã desmedido por crescer em muitas coisas, mas o verdadeiro crescimento espiritual experimentamos na medida em que minguamos.
Por que Deus nos tem escolhido? Diz a Escritura: "Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade" (2 Ts. 2:13).
"4 assim como nos escolheu nele (Cristo) antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor5 nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade " (Ef 1:4-5). Deus Elege as pessoas porque encontra nelas algo especial? Não; em nossa eleição o que entra em jogo é a vontade e a graça soberanas de Deus. Deus é amor, e esse amor se põe em ação por sua misericórdia, vendo o homem perdido, e manifesta sua graça em Cristo produzindo nossa salvação. Deus tem misericórdia de quem quer ter misericórdia; Ele é soberano. Primeiro elege a Isaque ao invés de Ismael; logo a Jacó ao invés de Esaú; e o Senhor escolhe a Jacó com conhecimento de que ia ser uma pessoa supremamente egoísta; entretanto, lhe dá as promessas, o aperfeiçoa (Fp 1:6) e faz dele um instrumento espiritual (Jo 6:39).
A nós nos conheceu em forma especial desde o princípio, e nos predestinou; chegado o momento nos chamou, nos justificou por Seu Filho e por último nos glorificou. Agora vive em nós e quer engrandecer-se em cada um de nós. Quando Cristo se engrandece em ti, é porque tua vida é iluminada por Deus, e começas a ver as coisas como Deus as vê.
A quinta promessa
"O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos" (Ap. 3:5). O versículo anterior faz parte da carta à igreja local de Sardes. Como profecia que é; Sardes representa o protestantismo, ou seja, um cristianismo de sistemas mortos (Apocalipse 3:1b), onde tem que vencer uma morte que não conclui, onde abunda a vida artificial, e isso é devido a que no protestantismo os membros do Corpo de Cristo têm suas funções anuladas porque não há vida. Os membros que são olhos, não vêem; os que são pés, não caminham, estão atrofiados. Tu podes observar uma congregação denominacional, e por grande e numerosa que seja a membresia, a grande massa se contenta com assistir à reunião dominical, como quem assiste a missa; só são ativos o pastor e uns poucos achegados. Ao haver se oficializado o nicolaísmo em Tiatira, posteriormente Sardes herdou que só o pastor e seus convidados especiais podem falar nas reuniões; os demais estão restringidos porque são laicos; e todo membro do corpo que não se usa, se vai atrofiando e suas funções vão se aniquilando, e se experimenta uma morte que jamais termina. É necessário vencer a morte espiritual.
Dentro dos sistemas religiosos do protestantismo prevalece um estado latente de morte organizacional. As organizações são sectárias, pois rompem a expressão da unidade do Corpo de Cristo, então, de fato nascem mortas, sem a vida de Deus, mas individualmente os cristãos que agora fazem parte das mesmas, podem vencer essa situação e andar de acordo com a vontade de Deus. Ao ser vencedor, ao ter a disposição permanente de obedecer e ser fiel ao Senhor, o crente será objeto de um prêmio no reino vindouro. De acordo com o andar nesta era da graça, com a obediência ao Pai, com o sofrimento por causa de Cristo, com o renunciar o mundo e seus deleites, com a fidelidade ao nome do Senhor Jesus Cristo e não a outro nome, assim será a retribuição na era do reino. Aqui aparecem três recompensas para os vencedores de Sardes, os do período que representa o sistema denominacional: (1) Vestiduras brancas, (2) não serão apagados seus nomes do livro da vida e (3) serão confessados seus nomes diante do Pai celestial e Seus anjos.
Vestiduras brancas
Algumas pessoas em Sardes não têm contaminado suas vestiduras; isso significa que seu andar e seu viver o têm feito na apropriada aprovação do Senhor; não há contaminação de morte em suas vestiduras. Se tu vives agora na vida de Cristo, e não contaminado com a morte das organizações protestantes, tens parte com Ele em Seu reino. Pode que neste momento faças parte de una organização religiosa com nome, mas teu espírito esta em uma disposição de comunhão do Corpo de Cristo, em vigilância, de fidelidade e obediência em teu andar com o Senhor. As do cristão são duas vestiduras diferentes. A vestidura do verso 4, representa ao Cristo que nos salvou, Cristo como nossa justiça, que nos reveste de Sua justiça, que recebemos e que vem a nós dando-nos a vida de Deus, sendo feito para nós justificação, redenção e salvação em forma objetiva; de maneira que é uma vestidura objetiva " Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção" (1 Co. 1:30). Ao sermos justificados recebemos uma vestidura de justiça objetiva: "O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés" (Lucas 15:22), a qual é diferente de nossas ações justas determinadas pela vida de Cristo em nós.
A vestidura de Apocalipse 3:5 representa o Cristo que mora em nós, que vivemos em nosso andar, nossa justiça subjetiva, pela qual possamos dizer como Paulo: "21 Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro. e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé" (Fp. 1:21; 3:9). Levemos em conta que em nós não há justiça própria, pois fora de Cristo, nenhuma pessoa humana é justa por si mesma. Cristo "não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo" (Ti. 3:5). As vestiduras de linho fino de Apocalipse 19:8, são as atos de justiça dos santos, subjetivos, o que reflete a vida de Cristo em nós; mas isso não se deve confundir com a justiça que recebemos quando fomos salvos, que é Cristo (1 Co. 1:30), e que é uma justiça objetiva.
Diz Mateus 22:11-14: " 11 Entrando, porém, o rei para ver os que estavam à mesa, notou ali um homem que não trazia veste nupcial12 e perguntou-lhe: Amigo, como entraste aqui sem veste nupcial? E ele emudeceu.13 Então, ordenou o rei aos serventes: Amarrai-o de pés e mãos e lançai-o para fora, nas trevas; ali haverá choro e ranger de dentes.14 Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos". Na parábola das bodas encontramos a alguém que assistiu às bodas, em sua qualidade de salvo que era, mas não estava vestido com o vestido de linho fino, bordado, limpo e resplandecente próprio dos vencedores; de maneira que foi atado e lançado temporariamente às trevas exteriores. Como salvo que era, já tinha o vestido da justiça objetiva de Cristo; tanto é assim que logrou entrar às bodas, mas não permaneceu nela gozando e desfrutando do reino dos céus, porque não estava vestido com sua vestidura de justiça subjetiva, o bordado mencionado no Salmo 45:14, o de seu andar em vida com Cristo. Lemos em Romanos 8:30 que aos que Deus predestinou para ser salvos, a estes chamou, ou seja que todo salvo é chamado; mas não todos os chamados são escolhidos para receber a recompensa no reino.
Não serão apagados os nomes dos vencedores
Muitos mestres da Bíblia ensinam que ser apagado o nome de alguém do livro da vida significa que essa pessoa era salva e perde a salvação. Já temos lido nas Escrituras que o que crer no Senhor Jesus Cristo tem vida eterna, sem que tenha que fazer nada para ganhá-la ou perdê-la, pois é um presente (Jo 3:16; Ro 6:23; Ef 2:8,9), e seu nome foi incluído no registro divino de todos os predestinados para serem salvos desde antes da fundação do mundo (Ef 1:3,4). O nome do vencedor não será apagado do livro da vida. E o dos demais salvos? Para entender isto é necessário saber que existe um livro nos céus onde tem sido escritos os nomes de todos os santos escolhidos por Deus e predestinados para participar das bênçãos que Deus tem preparado para eles; as quais são dadas na era da Igreja, logo durante o milênio depois que o Senhor regressar, e por último na eternidade, no novo céu e a nova terra. Então, o que acontecerá?
Seus nomes serão confessados diante do Pai celestial e diante de Seus anjos. No protestantismo há diversidade de nomes de organizações, missões, ministérios e doutrinas; e muitos têm preferido rotular seu cristianismo com tais nomes, ainda por cima do nome do Senhor. Muitos preferem chamar-se católicos, anglicanos, adventistas, batistas, presbiterianos, metodistas, wesleyanos, pentecostais, carismáticos, quadrangulares. A esse respeito disse Watchman Nee:
" No começo do reino, frente ao tribunal, os anjos de Deus levarão os cristãos diante de Deus. O livro da vida estará ali. No livro da vida estão escritos todos os nomes dos cristãos. Haverá muitos anjos e muitos cristãos. O Senhor Jesus também estará ali. Um ou mais anjos lerão os nomes do livro da vida, e o Senhor Jesus confessará alguns dos nomes. Aqueles nomes que Ele confessar, entrará no reino. Quando os nomes de outros forem lidos, o Senhor não dirá nada; em outras palavras, Ele não confessará seus nomes. Então os anjos marcarão estes nomes; portanto, os nomes dos vencedores estarão limpos no livro da vida. Um grupo não tem seus nomes inscritos no livro; outro grupo tem seus nomes escritos, mas seus nomes estão marcados; e o terceiro grupo, na era do reino, tem seus nomes preservados na mesma forma em que foram escritos a primeira vez". (Watchman Ne. O Evangelho de Deus. LSM. 1994, pág. 476).
"alegrai-vos, não porque os espíritos se vos submetem, e sim porque o vosso nome está arrolado nos céus" (Lc. 10:20b). Não é necessário que nossos nomes estejam registrados nos livros das organizações eclesiásticas. Devemos estar seguros de nossa salvação em Cristo Jesus. Estás tu seguro de tua salvação? No caso de que não estejas seguro de tua salvação, a que se deve isso? O Senhor nos dá a segurança de nossa salvação. " 27 As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem.28 Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão " (Jo. 10:27,28). Se teu nome está escrito no livro da vida, agora és objeto de muitas benção, tais como a redenção, o perdão dos pecados, a vida eterna, a regeneração, a natureza de Deus, a santificação, a renovação, a justificação e outras. Se durante o tempo da graça, enquanto vives nesta terra, tu cresces em tua vida espiritual, amadureces, cada dia é fortalecido teu homem interior, e o Espírito te dá testemunho de que és um vencedor, se teu andar é com Cristo e teu eu experimenta cada dia a ação da cruz, e vai minguando, então o Senhor não apagará teu nome durante o juízo da Igreja, senão que como prêmio o Senhor te permitirá participar com Ele no reino milenar, incluindo as bênçãos de Seu gozo e repouso, e serás vestido de vestiduras brancas de acordo a como houveres andado nesta era. "Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor " (Mt. 25:21).
O Senhor tem vindo a viver dentro de nós, em nosso espírito, para Ele poder viver Sua vida e realizar Sua obra. Nós somos seus colaboradores; mas nesta era da Igreja, em meio deste chamativo mundo, alguém, como humano, necessita de certos incentivos para poder cooperar com a graça de Deus e fazer a correta e verdadeira obra do Senhor na construção da Igreja; e o único que nos pode incentivar é o Senhor. Por isso é necessário ver isto com toda a seriedade.
Diz a Escritura: "desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor;
13 porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade" (Fp 2:12b-13). Se refere à salvação diária, não à eterna; é Cristo vivendo em nós, operando em nós por Seu Espírito, e isto inclui obediência; porque o Senhor põe dentro de ti o querer, e fora de ti o fazer; é algo de dentro para fora; de teu espírito para a tua alma, onde está tua mente, tua vontade, tuas emoções, e logo de tua alma a teu corpo, para que todo teu ser entre em ação; mas se tu não avanças com Ele, se te contentas de pronto com ser um crente a mais na multidão, um menino na vida espiritual; se não te interessa vencer sobre o que ocorre em teu entorno religioso, se negas o nome do Senhor por exaltar o nome de alguma organização religiosa ou de algum proeminente líder religioso, ou a ênfase de uma doutrina em especial tem te deixado sectário, então teu nome é apagado do livro da vida durante a dispensação do reino e não terás participação com o Senhor nele mesmo, nem receberás as bênçãos para esse tempo. Significa isso que perdem a salvação? De maneira nenhuma; senão que durante esse tempo, os que não houverem vencido, serão disciplinados como o servo mal que foi lançado às trevas exteriores, e desse castigo não sairá até que tenha alcançado a maturidade necessária para participar das bênção que Deus tem prometido para a eternidade na Nova Jerusalém, quando seus nomes serão escritos novamente no livro da vida. Quais são essas bênçãos eternas? O reinado eterno com Deus na Nova Jerusalém, o sacerdócio eterno, a árvore da vida, a água da vida.
" 3 Nunca mais haverá qualquer maldição. Nela, estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os seus servos o servirão,4 contemplarão a sua face, e na sua fronte está o nome dele.5 Então, já não haverá noite, nem precisam eles de luz de candeia, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles, e reinarão pelos séculos dos séculos. 14 Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas. 17 O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida" (Ap. 22:3-5,14,17).
Nem todos serão vencedores. Parece ser que os vencedores são uma minoria. Há pessoas que dizem que andam na luz, mas a realidade demonstra que andam em trevas (1 Jo 2:8,9). Surpresas se darão! Os nomes dos vencedores também serão confessados pelo Senhor diante do Pai e de Seus anjos na era do reino milenar na terra. A experiência nos diz que é agradável para muitas pessoas que seus nomes sejam confessados diante de altas personalidades e figuras de certo prestígio. Isso tem algo a ver com o estado em que se encontra a cristandade? Desde suas raízes a história do protestantismo se tem visto relacionada com a vinculação de altos personagens, imperadores, reis, príncipes, eleitores, prelados, dignitários políticos e religiosos, que vão abrindo passo e escalando certas posições as vezes por meios não bíblicos, como o da política e as contendas belicosas. Mas a casa construída pelos homens, e usando métodos humanos, será deixada deserta (cfr. Mateus 23:38). A chave é Deus em nós em Cristo e por Seu Espírito. Um crente não tem nenhum motivo para gloriar-se; não importa que seja muito sábio ou muito ignorante; não importa a posição que ocupe no mundo religioso; se tudo tem feito o Senhor, se em algo devemos gloriar-nos é no Senhor.
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