sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Quem Participará da Primeira Ressurreição?- G.H Lang

As Escrituras que convocam o crente para a Coroa de modo tão insistente como convoca o não crente para a cruz, apresenta novamente uma dupla verdade com clareza cristalina. Paulo abre uma pequena obra prima da revelação em Filipenses 3.3-15, demonstrando uma extrema desesperança. Qual é ela? O homem que chegou mais próximo no contato com Deus através da sua própria bondade, comprovou ser o principal dos pecadores. Pondere nas qualidades incomparáveis de Paulo: alma alguma antes ou depois jamais elevou à face de Deus u´a mão cheia com pérolas tão excelentes! Vejamos: Circuncidado - marcado como pertencendo a Deus desde a infância; Da linhagem de Israel - com direito de sangue à salvação; Da tribo de Benjamim - uma tribo que nunca se separou; Hebreu de Hebreus - judeu de sangue puro, remontando às gerações mais antigas; Fariseu - intensamente ortodoxo; Perseguidor da igreja - incendiado pelo zelo a Deus; Quanto à Lei irrrepreensível - obediente até ao iota ou til. Homem algum chegou tão próximo de alcançar a vida por meio daquilo que era e fez. "Se algum homem" - de qualquer era, raça ou religião - "julga poder confiar na carne, ainda mais eu" - Paulo se coloca acima de todos os legalistas para sempre. Mas uma descoberta repentina e terrível arrasou com suas esperanças. "E outrora eu vivia (aos meus próprios olhos) sem a lei; mas quando o mandamento (não cobiçarás) veio (à minha consciência), reviveu o pecado (voltou a viver) e eu morri (me vi como um homem morto). E o mandamento que era para vida (no propósito de Deus), esse achei que me era para morte (em realidade) - (Rm.7.9,10). "Se algum homem julga poder confiar na carne, ainda mais eu"; mas o que sua visão interior revelou? Um cadáver diante de Deus. Com a falha de Paulo o mundo inteiro se desfaz em irremediável desespero.Em seguida surge uma justiça superior.Qual? Não a de Paulo, pois ele havia descoberto, com Isaías, que "todos nós somos como o imundoe todas as nossas justiças como trapos de imundícia" (Is.64.6). Agora ele descobre que aquilo que ele não pôde fazer, Cristo fez; que aquilo que ele não pode ser, Cristo foi; e que Cristo o fez e tem feito a fim de tomar o seu lugar (2co.5.21). Instantaneamenteele larga sua própria justiça e agarra a de Cristo; ele troca as suas próprias pérolas por uma que não tem preço, uma gema perfeita. "E as considero como refugo, para que possa ganhar a Cristo e seja achado nEle, não tendo a minha justiça...mas a que é pela fé em Cristo". Paulo depois disso nunca duvida da sua salvação (Rm.8.39), pois Cristo guardou a Lei não com a cabeça, mãos e pés apenas, mas com o coração também (Sl.40.8), e esta justiça é de Paulo agora (Rm.5.19). A extrema desesperança é substituída por uma suprema salvação.Ainda restauma extrema incerteza. Aqui estão palavras supreendentes: "Irmãos, quanto a mim,não julgo que o haja alcançado ... mas vou prosseguindo" (Fl.3.13). Não alcançou o que? "Para ver se de algum modo posso alcançar a ressurreição dentre os mortos" (3.11)." Está claro que Paulo tinha alguma ressurreição especial em vista, a saber, a primeira; e para participar dela ele estava esforçando cada nervo" (J. MacNeill). Prosseguindo para o que? "Para o alvo, para o prêmio da soberana vocação" - "se" : condicional - "de algum modo" : é arriscado - "posso alcançar" : incerto - "a ressurreição para fora": seletiva (conforme o original grego-tradutor) - "que é dentre os mortos" : exclusiva. Seria dificil abarrotar um texto com mais incerteza do que Paulo faz aqui. Assim se expressou o Bispo Ellicott: "Como o contexto sugere, a primeira ressurreição. Qualquer referência aqui a uma simples ressurreição ética está totalmente fora de questão". O versículo que conclui este capítulo deixa claro que Paulo está falando de ressurreição física: "Aguardamos o Salvador que transformará o corpo da nossa humilhação, para ser conforme o Seu corpo de glória". Todas as passagens que se referem à ressurreição "de entre os mortos" (Mc.10.10; Lc.20.35; Rm.1.4; Apoc.20.4) indicam ressurreição física. Da ressurreição final quando todos sem exceção serão ressuscitados, Paulo não poderia ter dúvida. Que sentido então pode ter esta passagem, se ela o apresenta se esforçando e sofrendo simplesmente para alcançar uma ressurreição e sustentando isso para exame como sendo inatingível, a menos que alcançasse um elevado nível de perfeição cristã? Imaginemos por outro lado, uma primeira ressurreição a ser designada como recompensa especial de altos méritos na virtude cristã e tudo parece ser simples e fácil. Com respeito à Primeira Ressurreição, disse Dean Alford: "Aqueles que viveram próximos dos Apóstolos e a igreja toda durante os três primeiros séculos aceitavam a primeira ressurreição no evidente sentido literal. É uma visão estranha ver nestes dias expositores que estão entre os primeiros em respeito ao que é antigo, pondo de lado complacentemente o exemplo mais convincente que a antiguidade primitiva apresenta". De tais casos como o de Lázaro que morreu novamente, é certo que o ato da ressurreição é distinto do seu estado; por isso nosso Senhor associa a Primeira Ressurreição com a Era Vindoura: "Os que são julgados dignos de alcançar a Era Vindoura e a ressurreição dentre os mortos" (Lc.20.35). O ato da ressurreição para se comparecer diante do Tribunal de Cristo é desse modo distinto da participação da Primeira Ressurreição, ou, Era Milenar. Foi visando uma ressurreição não temporária, um estado, não um ato, que os antigos mártires recusaram a vida: "As mulheres receberam pela ressurreição seus mortos; uns foram torturados, não aceitando o seu livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição" (Hb.11.35; Mt.10.30.9). Não se trata de Paulo assumir sua própria morte, pois não foi até poucas horas antes da sua partida que Deus lhe revelou seu martírio (2Tm.4.6). Mas é a sua aspiração, seja vivou ou morto, alcançar o estado dos ressuscitados naquele Reino no qual só se entra pela incorrupção (1Co.15.50). Por isso, o batismo ordenado para o Reino (Jo.3.5) ilustra o canteiro do qual as plantas-companheiras de Cristo brotarão (Rm.6.5) em Sua ressurreição, a Primeira: ninguém não batizado em Moisés (1Co.10.1) jamais entrou em Canaã, embora a maior parte dos assim batizados falhou depois do batismo. Tertuliano testifica que em seus dias, a era que veio logo após à dos apóstolos, era costume dos cristãos orar para que pudessem ter parte na Primeira Ressurreição (Dr. Seiss - The Last Times, pg.242). "Paulo não pode estar falando de uma ressurreição no sentido figurado, isto é, da regeneração, porque ele já a havia alcançado no caminho para Damasco" (Moses Stuart). A salvação nunca pode ser insegura; o prêmio nunca pode ser garantido até que seja recebido. Por que? (1) Porque é um prêmio. Se o prêmio for dado à fé sem obras, então não é mais um prêmio. "Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade correm, mas um só é que recebe o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis" (1Co.9.24). (2) A glória dos serviços prestados no passado não pode garantir imunidade à apostasia. Ninguém renunciou, sofreu ou serviu tanto quanto Paulo e ainda assim ele não admitiu ter recebido nenhum prêmio. (3) Doutrinas falsas despojam a Deus da Sua glória e a nós da nossa: "Portanto, ninguém roube o vosso prêmio" (Col.2.18, versão inglesa). (4) Os pecados carnais também desqualificaml, por isso: "Antes subjugo o meu corpo e o reduzo à submissão, para que, depois de pregar aos outros, eu mesmo não venha a ser desqualificado" (para a coroa - 1Co.9.24-27). A insegurança do principal dos apóstolos vincula à igreja a insegurança da recompensa para sempre. "Não que já tenha alcançado ou que seja perfeito; mas prossigo para ver se poderei alcançar", isto é, o alcançar está indissoluvelmente ligado à perfeição. Obediência constante e um andar íntimo com Deus, podem produzir "certeza da esperança" como Paulo em suas últimas horas soube por revelação que ele havia ganho o prêmio (2Tm.4.8). "Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no Santíssimo Lugar, pelo sangue de Jesus ... cheguemo-nos em plena certeza de fé" (Hb.10.19,22). Nossa vida eterna, fundamentada na cobertura plena do sangue da expiação, é tão segura quanto Deus. Mas uma visão bem ampla se descortina além: "Cada um de vós mostre o mesmo zelo até o fim, para plena certeza da esperança; para que não vos torneis indolentes, mas sejais imitadores dos que pela fé e paciência herdam as promessas" (Hb.6.11,12). Não devo ter esperança de que sou salvo; devo crer que sou salvo. Por outro lado, não devo crer que ganhei o prêmio, mas esperar que o ganharei. Só o "fim" pode revelar como corri. Mas, quanto mais batalhas ganharmos e mais quilometragem cobrirmos, mais poderemos amadurecer para a plena certeza da esperança. "Bem poderemos vencer" (Nm.13.30).Portanto, tudo culmina num esforço supremo: "Uma coisa eu faço (grego: única coisa)". Isto é somente para Paulo? "Portanto, todos", porque ele é o nosso exemplo inspirador, "quantos somos perfeitos, tenhamos esta mente". "Buscai primeiro o reino de Deus" (Mt.6.33), é a palavra do Senhor aos discípulos já no reino em mistério. Como? (1) "Esquecendo-me das coisas que atras ficam - o valor inestimavel do prêmio pode ser calculado pelos imensos sacrifícios necessários para conquista-lo. "O reino dos céus não tem matrícula, mas sua assinatura é: tudo o que o homem tem. Seu preço é: um mundo crucificado. Bem aventurado é o homem para o qual o mundo, com todos os seus trapos de honra, está crucificado, e que considera o seu valor idêntico ao de um ladrão na forca. Nada torna o mundo mais real ou mais abençoado do que a renúncia dele. (2) "Avançando para as coisas que estão adiante" - é um corredor, como diz o Professor Eadie, em sua agonia de esforço e esperança: cada músculo é esticado, cada veia aquecida; o peito arfa e enormes gotas surgem na testa; o corpo se dobra para a frente, como se o corredor quase tocasse o alvo". "Portanto, esforcemo-nos para entrar naquele descanso, para que ninguém (nenhum discípulo) caia no mesmo exemplo de desobediência" (Hb.4.11). (3) "Esta (única) coisa eu faço". Todo o seu ardor missionário, sua sede pelas almas, seu trabalho pelas igrejas, se curvam diante dessa paixão que dominava sua alma; por causa da pista de corrida para o prêmio Deus colocou estes canais de santo serviço ao longo dela, e o trabalho penoso de hoje é a medida da glória de amanhã. "A Primeira Ressurreição é uma recompensa pela obediência e concedida depois que se aceita a salvação, e Paulo conhecia o padrão que Deus havia fixado em Seu próprio propósito" (G. H. Pember). "O Reino dos Céus sofre violência e homens violentos o tomam pela força" (Mt.11.12). (4) É uma chamada "para cima", portanto, é Deus que está chamando. "Que andeis de um modo digno de Deus, o qual vos chama ao Seu reino e glória" (1Tess.2.12). Paulo faz distinção entre o Testamento e o Codicilo, isto é, 'a alteração de um testamento por disposições adicionais a ele', e isso confirma seu contraste entre dádiva e prêmio. "Verdadeiramente herdeiros de Deus (mén,grego), sem qualquer condição, a não ser a regeneração; "mas, (dé,grego) co-herdeiros com Cristo, se for o caso de sofrermos - "caso soframos como Ele sofreu" (Olshausen); "contanto que soframos (Alford) com Ele, para que sejamos também com Ele glorificados" (Rm.8.17). As duas heranças envolvem vida eterna, mas o Codicil que lega a co-herança com o Messias em Seu reino milenar e a lega na mesma condição que nosso Senhor a recebe (Fl.2.3; Hb.1.9; Is.53.12), antecipa o Testamento em mil anos. Ela é a "recompensa da herança" (Col.3.24), uma herança que outorga uma "entrada abundante" no Reino Eterno (2Pd.1.11). As duas heranças estão no Testamento e são oferecidas a todos; tanto o Testamento quanto o Codicil dependem da morte do Testador para sua validade, mas sem o cumprimento da sua condição o Codicil é ineficaz. "O sofrer com Ele deve envolver a dor devido a nossa união com Ele" (Moule): "Se sofrermos, com Ele também reinaremos" (2Tm.2.12). O Testamento é a herança incondicional da livre graça; o Codicil é a glória condicionada à identidade da experiência com Cristo. Deus está nos chamando das nossas glórias terrenas para o Seu Trono: "Para que sejais havidos por dignos do reino de Deus, pelo qual também padeceis" (2Tess.1.5). A Cruz é nossa para sempre; quando tivermos sido aprovados, receberemos a Coroa (Tg.1.12). Honramos a Deus na proporção em que almejamos Suas imensuráveis recompensas. O apóstolo não apenas renuncia: ele esquece; ele não apenas prossegue: ele avança com força; ele não apenas contempla: ele se estica; ele não apenas faz isso: ele faz só isso. "Pelo que todos quantos somos perfeitos tenhamos esta mentalidade" (Fl.3.15). "Oh! Que o pensamento, a esperança da bem-aventurança do Milênio possa me ativar a aperfeiçoar a santidade no temor de Deus, para que eu possa ser considerado digno de escapar dos terriveis julgamentos que abrirão caminho para aquele feliz estado de coisas e que possa ter parte na Primeira Ressurreição!" (Fletcher of Madeley). Porque "bem aventurado e santo é aquele que tem parte na Primeira Ressurreição ... e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos" (Apoc.20.6, 4).

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