quinta-feira, 24 de julho de 2008

Uma breve dissertação sobre os termos: filhos de Deus e adoção de filhos- Bernd Bremicker

Uma breve dissertação sobre os termos:
“filhos de Deus” e “adoção de filhos”
Bernd Bremicker


Para essa dissertação nós nos baseamos em principalmente duas passagens como exemplos do uso dos dois termos em questão. O termo “filhos de Deus” encontramos, por exemplo, em 1 João 3:1, a expressão “adoção de filhos” (versão Revista e Corrigida Fiel da SBTB) em Efésios 1:5. Essa última expressão encontramos traduzidos por “filhos de adoção” na edição Revista e Corrigida bem como na edição Revista e Atalizada da SBB e também na edição Alfalit. A NVI traduz: “para sermos adotados como filhos”. De uma ou outra forma, todas as traduções brasileiras e portuguesas usam uma variação do termo “adoção”. Igualmente, todas as traduções concordam sobre o termo “filhos de Deus”.

O problema criado por alguns é o seguinte: Diz-se que, como pessoas renascidas
(termo igualmente questionável; melhor seria “nascido de novo”) que somos por meio da fé no Senhor Jesus, fomos colocados na posição dEle mesmo e somos assim “filhos legítimos”, i.e. “de nascença” e não fomos adotados como uma pessoa na vida natural adota uma criança e assim ela se torna “filho”, porém nunca pelo sangue. Diz-se que isso é diferente com uma pessoa verdaddeiramente crente. Esse ensino é apenas a metade da verdade que a Palavra de Deus nos apresenta. Se perguntarmos como as pessoas chegam a essa conclusão apresentada, veremos o seguinte. Observa-se apenas o primeiro sentido comumente usado hoje em dia da palavra “adoção”. Conforme o mais conceituado dicionário da língua portuguesa, o Aurélio Século XXI, “adoção” quer dizer: “[origem: do lat. adoptione.] substantivo feminino. 1.Ação ou efeito de adotar. 2.Aceitação voluntária e legal de uma criança como filho; perfilhação, perfilhamento.” Se vermos apenas o primeiro significado, a conclusão seria correta. Porém temos que levar em conta toda a gama de significados inerta a essa palavra. Então somos conforntados com o termo “perfilhar / perfilhação”.

O que quer dizer isso? Novamente o Aurélio: “Verbo transitivo direto. 1. Receber
legalmente como filho; filiar, filhar 2. Jur. Reconhecer voluntariamente (filho ilegítimo), no próprio termo do nascimento, mediante escritura pública, ou por testamento. 3.Adotar, defender, abraçar, filhar (uma teoria, um princípio).” O que interessa a nós é significado listado sob o ítem 2 — o uso jurídico do termo. Considerando isso, já vemos que o termo “adoção” não fala apenas de receber alguém como filho, mas que também quer dizer um reconhecimento em todos os sentidos, até mesmo no termo de nascimento. Esse significado é inclusive, também conforme o Aurélio, o primeiro significado da palavra “filiação”, ao menos em português (“[Do lat. tard. filiatione.] Substantivo feminino. 1. Ato de perfilhar. 2. Designação dos pais de alguém. 3.Ato ou efeito de filiar-se. 4. Conexão; dependência; encadeamento. 5. Antrop. Relação social de parentesco entre genitor, ou genitora, e progenitura, e que é, ao menos em parte, a base
da identidade dos novos membros da sociedade e de sua incorporação aos diversos grupos sociais. [F. paral., p. us.: filhação.]”). Somente o quinto (!) significado faz alusão direta à progenitura de alguém.

Em alemão, esse termo foi traduzido na edição de Elberfeld por “Sohnschaft” (que
não quer dizer “filiação” no sentido 5 do Aurélio, mas sim “condição legal como filho com todos os direitos e obrigações”. A palavra adquire esse significado por meio do sufixo “-schaft”. Martinho Lutero já traduziu esse termo por “Kindschaft” na sua primeira edição da tradução dele procedente do ano 1534 (o autor essa edição para consulta sua em seu poder em uma impressão fac-símile). O irmão John Nelson Darby traduziu na edição inglesa de sua tradução por “adoption” e na edição francesa por “pour nous adopter”. Menciono todos esses exemplos apenas para mostrar que existe um consenso comum entre as traduções diferenciando o termo em questão claramente do termo “filhos de Deus” (“Kinder Gottes” em alemão, “children of God” em inglês e “enfants de Dieu” em francês), usado por exemplo em 1 João 3:1.

Vamos agora considerar os termos gregos aplicados. Primeiro: “filhos de Deus”
(tekna qeou). Esse termo grego (“teknon”) dá ênfase no fato do nascimento, na
progenitura de uma pessoa por meio do sangue. Se refere nesse sentido a filhos de ambos os sexos indiferentemente (e assim é aplicado também nas Sagradas Escrituras em várias passagens, por exemplo: Mt 2:18; Mt 7:11; Mt 21:28; Rm 9:8; Fp 2:22; 1Tm 3:4 e 12 e Ap 12:5 etc.). Esse termo no uso comum do grego da época do Novo Testamento se aplicava até mesmo a uma criança ainda não nascida, sublinhando assim a ênfase dada a filiação sangüínea da pessoa até mesmo ainda não nascida. Um segundo significado desse termo faz alusão à relação espiritual entre duas pessoas e designa um descendente num sentido mais amplo (por exemplo: Mt 3:9 – os judeus se nomeiam “filhos de Abraão”; Mt 9:2; Gl 4:25 e 31;Ef 2:3; 1Pe 1:14; 1Pe 3:6; 2Pe 2:14 etc.). Esse termo “filhos de Deus” quer dizer, portanto, exatamente aquilo que as pessoas mencionadas acima ensinam com ênfase: filho legítimo por meio do sangue.

Porém, e agora temos uma certa dificuldade, a Palavra de Deus conhece outros
termos para designar “filhos”. Um deles é a palavra “huios” (“uioj”). Essa expressão faz parte do termo traduzido por “filhos de adoção” que, no grego, é uma palavra única, porém composta — facilidade essa que o português não possui, mas sim, por exemplo, o alemão. Essa palavra grega dá mais ênfase na relação de um filho para com o seu pai. Embora possa se referir à descendência natural e legítima, a nuance no significado não está nisso, mas na dignidade da relação filho – pai. Ela expressa, além disso, uma semelhança no caráter do filho com o do pai ou dos pais. Esse termo também é usado para contrastar à filiação ilegítima de uma pessoa. Interessantemente é esse o termo que sempre encontramos quando o Senhor Jesus é designado como “Filho de Deus”. Ele
nunca é entitulado como “teknon qeou”, mas sempre como “uioj qeou”. Temos
enfatizado, portanto, a dignidade e o caráter da relação filho – pai. Ao contrário de um “teknon” (aplicado no termo “filhos de Deus”), o “uioj” tem a capacidade de adentrar nos pensamentos do pai. Ele sabe estimar a dignidade da sua relação com o pai e sabe corresponder a mesma.
A segunda parte da palavra traduzida “adoção de filhos” é derivado do verbo tithemi (“tiqemi”) que tem o simples significado de “colocar / pôr”. “Adoção de filhos”, portanto, literalmente quer dizer “colocar ou pôr alguém na posição de um ‘uioj’ (filho)”. Além disso, esse termo composto, no grego, era também um termo jurídico usado para “adoção” no seu mais amplo sentido. Assim esse termo quer dizer: “aceitar voluntariamente uma pessoa por meio do novo nascimento e por fé na posição de um filho com todos os direitos e obrigações inertos a essa posição elevada na condição de pessoas inteligentes para corresponderem à dignidade dessa relação”. Não possuímos de nenhuma palavra portuguesa (e nem alemã ou inglesa ou francesa etc.) que expresse com exatidão toda essa gama de sentidos compreendidos por essa expressão grega. Assim sendo, o termo “filhos de adoção” ou “adoção de filhos” ou até mesmo “filiação” (em seu primeiro sentido que vem a ser “adoção”) é correto na tradução de todas as nossas versões bíblicas disponíveis em português e outros idiomas que apresentam esse mesmo problema. Dessa forma, também não existe aquela suposta problemática doutrinária alegada por certas pessoas. O Espírito Santo, e isso temos que admitir, queria expressar duas coisas diferentes usando esses dois termos, simplesmente para nos mostrar mais belezas e mais preciosidades de nossa relação como pessoas salvas do que seria possível expressar pelo simples termo “filhos de Deus”.
O segundo termo não nega a verdade do primeiro, mas sim a complementa de uma forma maravilhosa. Como a palavra “uioj”, até mesmo no grego, é um termo oposto a de um filho ilegítimo e o título exclusivo do Senhor Jesus, nós apreendemos que fomos colocados na mesma posição que Ele próprio possui diante de Deus. Isso não seria possível expressar por meio do termo “filhos de Deus”. Já seria algo grande e excelente possuir esse direito de sermos filhos legítimos de Deus, porém Deus queria mais. Ele queria nos colocar numa posição mui sublime e elevada. Ele nos compartilhou de Seu próprio caráter. Ele nos deu uma herança com todos os direitos que essa traz consigo. Ele nos concedeu a capacidade de correspondermos à essa possição elevada. Por outro lado, Ele nos deu também uma posição sublime no que diz respeito a nossas obrigações para com Ele. Se considerarmos a Palavra de Deus dessa forma e sob essa ótica, teremos mais proveito do que apenas contemplando unilateralmente esse assunto, insistindo na filiação legítima sangüinea nos opondo a outra verdade contido no termo “adoção de filhos”. Essa oposição procede de tradição doutrinária, de má compreensão do próprio português e, por conseguinte, má interpretação desses termos bíblicos por causa de uma opinião pré-formada a respeito. Repito mais uma vez: Podemos usar o termo “filiação”, porém não no sentido número 5 dado no Aurélio (que parece ser na cabeça das pessoas o sentido número 1). Sendo assim, o termo “adoção” parece ser o mais adequado,
também pelo simples fato de ser (e isso também no grego) um termo jurídico.
Meditemos mais sobre esses termos procurando as suas ocorrências na Palavra de Deus e teremos grande lucro espiritual. Uma alegria solene e sublime será a nossa observando o conteúdo desses termos. Infelizmente são poucos dos nossos irmãos que têm acesso integral a essas informações, mas Deus nos deu alguns, entre eles irmãos como John Nelson Darby, que souberam nos explicar a Palavra.
É certo que também sejam apenas seres humanos sujeitos a erros — e erraram, mas antes de nos posicionar contra alguma coisa que nos deixaram como herança espiritual, um estudo aprofundado dos assuntos em questão é necessário com todos os meios que tivermos à disposição para tal pesquisa. Não tenho problema nenhum com o termo “adoção de filhos” examinado as suas significações no grego e vendo que irmãos como o mencionado irmão Darby também usaram exatamente esse termo para render o termo grego em questão. Consultando “The Bible Treasury”, vol. 4, pg. 213, observei que também o irmão William Kelly concorda com os tradutores nessa passagem de Efésio (ele traduz: “…unto the adoption of children”).

Ocupemo-nos mais com essa verdade sublime, solene, mui preciosa! O Senhor nos dará uma bênção incaculável!

“O PROPÓSITO DAS AFLIÇÕES DOS FILHOS DE DEUS”- Levi Cândido

“O PROPÓSITO DAS AFLIÇÕES DOS FILHOS DE DEUS”
Artigo enviado pelo irmão Levi Cândido, de Osasco-SP


“Sabemos que todas as cousas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”.(Rm 8:28)

Queridos irmãos em Cristo, dirijo-me a vocês que são participantes conosco das aflições de Cristo. Se um homem avalia e julga as suas aflições do ponto de vista do próprio homem, certamente não encontrará resposta satisfatória a muitas coisas que acontecem. Surgirão então, muitas perguntas e tentações insinuando: “Porque estes sofrimentos?”, “Porque estas tribulações que nos sobrevêm?”, “Porque estas tragédias?”, “Porque isto?”, “Porque aquilo?”. Estas perguntas sendo avaliadas segundo o ponto de vista humano, ficarão sem respostas satisfatórias, por ignorância aos propósitos de Deus. E quando estas questões são alimentadas na mente sem uma atitude de sujeição à vontade de Deus revelada, surge então as tentações, que tem por finalidade, nos afastar da graça de Deus e levar-nos à desconfiança do seu amor para conosco. Muitos vivem derrotados pelas circunstâncias quando se colocam como vítimas possuindo um sentimento de autopiedade. Porém, quando tudo isto é considerado à luz da Palavra de Deus, de acordo com a sua soberania, então aqueles que crêem no Senhor Jesus Cristo, submetendo-se ao seu senhorio, descansarão sob a sombra do Altíssimo, serão fortalecidos pelo Senhor e cavalgarão sobre as suas aflições. “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide;o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco e nos currais não haja gado, todavia eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação. O SENHOR Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e me faz andar altaneiramente .”( Hc 3:17-19). Thomas Watson já disse: “Confiamos em Deus quando a providência parece correr frontalmente contra as promessas”. No verso que estamos considerando, (Rm 8:28), tudo, absolutamente tudo, cooperam para o bem daqueles que amam a Deus e foram chamados segundo o seu propósito. Mesmo os sofrimentos, as necessidades, as adversidades da vida, contribuem juntamente para o bem do povo de Deus. Alguém já disse: “Feliz é o homem que vê Deus envolvido em tudo de bom e de mau que acontece na vida”. Porém, como já nos disse George Muller: “De mil coisas que acontecem na vida dos filhos de Deus, não são quinhentas que contribuem para o bem deles; mas sim 999 + 1: as mil”. Muitos têm seus olhos voltados para as aflições; outros porém, aguardam os benefícios oriundos das aflições. Há uma reflexão que sustenta que “não há nada que esteja além do olho de Deus. Qualquer pessoa pode contar as sementes de uma maçã, mas só Deus pode contar todas as maçãs que brotarão de uma semente”. Neste caso de Romanos 8:28, é preciso observar: “O bem” a que o texto refere-se, não se trata do “bem-estar” do homem, como se ele pudesse sempre gozar de tranqüilidade, conforto, boa saúde, etc., mas o que está vem vista aqui, é o propósito final de Deus para o homem. “Sabemos que todas as cousas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.”( Rm 8:28-29). Deus usa as circunstâncias para tratar com cada um particularmente. Agostinho admite que coisas ruins acontecem igualmente a pessoas boas e más, mas diz que é a atitude piedosa diante do infortúnio que faz a diferença. Certamente, após o cumprimento dos propósitos de Deus para os cristãos, estes desfrutarão de uma bem-aventurança eterna, sem variações, isento de aflições, sofrimentos, pecados, etc., Mas, enquanto eles estiverem neste mundo, estão destinados às aflições e às adversidades, porém, estas exercem o seu papel de contribuir para o cumprimento do propósito de Deus para os seus filhos. Irmãos, “Deus teve apenas um filho sem pecado, mas nenhum sem provações”. E Ele nos envia muitas bênçãos disfarçadas em tribulações. Conta-se que há muito tempo um homem ganhou um cavalo. Na época, isto era um símbolo de riqueza. Seus vizinhos disseram: - mas que homem de sorte... E ele imperturbável, respondeu: - Talvez, depende... Um dia o cavalo fugiu... Os vizinhos disseram: - Mas que homem de azar, teve a alegria para depois perdê-la. E o homem, mas uma vez respondeu: -Talvez, depende... Algum tempo se passou e um dia o cavalo retornou, agora acompanhado de vinte e cinco outros cavalos selvagens... Os vizinhos, todos admirados, então disseram: - Mas não é que o homem é mesmo um homem de sorte... O homem, sempre tranqüilo e imparcial respondeu: - Talvez, depende... Certa manhã, seu filho foi domar um dos cavalos selvagens e este o derrubou, quebrando-lhe a perna... Então os vizinhos responderam num só coro: - Mas que homem de azar... E como sempre o homem respondeu: - Talvez, depende... Aconteceu que algumas semanas depois estourou a guerra e todos os jovens foram convocados, morrendo todos. Seu filho, no entanto, estava de perna enfaixada e não precisou ir... Todos os vizinhos, mais uma vez disseram: - Que homem de sorte... Qual o significado que nós atribuímos aos acontecimentos que nos sobrevêm? Será que julgamos tudo pela perda que sofremos, pelas dores que passamos, ou sujeitemo-nos “Aquele que é sábio demais para errar e demais amoroso para ser cruel”!?. Ah! Meus queridos irmãos! O Senhor não é indiferente para o que acontece conosco. Ele que foi experimentado em tudo; sofrimento, angústia, dores, perda, escárnios, açoites, fome, etc., Ele sabe o que é padecer! “Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado e dele não fizemos caso”(Is 53:3). Temos um sumo sacerdote que se compadece de nós. “Nossos grandes problemas são pequenos demais para o infinito poder de Deus, mas nossos pequenos problemas são grandes demais para o seu eterno amor”. A despeito de tudo o que acontece conosco, está registrado nas Escrituras: “Estas cousas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo passais por aflições; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”. (Jo 16:33). Sendo assim, “Não julgues o Senhor por sua razão fraca, mas sim, confia nele por sua graça. Por trás de uma providência indiferente, ele esconde um rosto sorridente”. Nosso Deus é Deus de propósitos, e o seu propósito ao enviarmos provações não visa o nosso prejuízo, e sim a nossa edificação. “Pois tu, ó Deus, nos provaste; acrisolaste-nos como se acrisola a prata. Tu nos deixaste cair na armadilha; oprimiste as nossas costas; fizeste que os homens cavalgassem sobre as nossas cabeças; passamos pelo fogo e pela água: porém, afinal, nos trouxeste para um lugar espaçoso”.( Sl 66:10-12). Há um comentário referente a este Salmo que diz: “O Deus que se revelou a Israel é o único Deus, e deve ser adorado por todos os homens em todos os lugares. É Ele quem disciplina e liberta; é ele quem prova seu povo para o purificar; é ele quem aflige com o fim de aperfeiçoar”. Um cristão anônimo já nos deixou escrito o seguinte: “Muitas pessoas vivem se queixando de que as rosas têm espinhos; eu prefiro ser grato pelos espinhos terem as rosas”. Deus nos disciplina tento em vista os seus propósitos. Certo cristão disse: “Deixa que Deus ordene os teus caminhos e espera Nele, o que quer que aconteça; nEle terás nos duros e maus dias tua suficiente Força e direção. Quem no perene amor de Deus confia sobre a Rocha Inabalável edifica”. As tribulações servem-se a um papel necessariamente significante para o projeto de Deus relacionado a nós. Em At 14:22 observem: “através de muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus”. As aflições são oportunidades para conhecermos os decretos divinos. Lemos em Salmo 119:71 a este respeito. “Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesses os teus decretos.” Também, o Senhor nos corrige em nossos caminhos para andar-nos corretamente pela verdade quando nos envia aflições. “Antes de ser afligido andava errado, mas agora guardo a tua palavra” (Sl 119:67). Através das aflições o Senhor nos leva a compartilharmos pela fé, da vitória que Cristo conquistou sobre o poder e castigo do pecado. “Ora, tendo Cristo sofrido na carne, armai-vos também vós do mesmo pensamento; pois aquele que sofreu na carne deixou o pecado, para que, no tempo que vos resta na carne já não vivais de acordo com as paixões dos homens, mas segundo a vontade de Deus.”1ª Pe 4:1-2. O Senhor deseja que dependemos dele em todas as circunstâncias, e por estarmos tão focalizados em nós mesmos, se faz necessário Ele derrubar-nos de costas para baixo, para olharmos para cima. Tudo o que nos sobrevêm, são enviados das mãos que foram traspassadas; por seu decreto ou por sua permissão. “Nada acontece a não ser pela vontade do Onipotente, ou ele permite que aconteça, ou Ele mesmo o faz acontecer” dizia santo Agostinho. Necessitamos conhecer o caminho da dependência do Senhor, irmãos. Nosso amado irmão Glênio, disse algo muito relevante: “A fraqueza de um ser finito pode apoiar-se na onipotência de um Deus Absoluto”. “Bem-aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração se encontram os caminhos aplanados, o qual, passando pelo vale árido, faz dele um manancial; de bênçãos o cobre a primeira chuva. Vão indo de força em força; cada um deles aparece diante de Deus em Sião”. (Sl 84:5-7). Irmãos há um grande perigo em buscarmos a fuga quando estamos passando por momentos de aflições. Muitas vezes o Senhor não quer livrar-nos “da” fornalha, mas quer livrar-nos “na” fornalha. Nós não somos vítimas das circunstâncias, como se não houvesse um Deus que tem controle sobre elas; mas estamos sob o tratamento gracioso de Aba. Ele não quer que busquemos a fuga, mas que reconhecemos a Ele em todas as circunstâncias. “Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas”.(Pv 3:5-6). O irmão Edward Donnelly em seu livro “Depois da morte o quê ? Céu ou Inferno?”, faz um comentário muito apropriado com este assunto. Diz ele : “Uma das melhores curas da auto piedade é observar alguém que está em situação muito pior que a nossa”. Ele conta-nos uma de suas experiências: “Durante um período de doença não grave, há algum tempo, quando eu tive a tendência de me lamentar, casualmente olhei do púlpito num domingo de manhã, para uma ouvinte. Era uma cristã que recendia graça divina e que estava confinada numa cadeira de rodas devido a uma enfermidade que a aleijara. Seu semblante era sereno, firme no sofrimento, e a minha autopiedade derreteu-se no calor da sua coragem”. Continua o autor dizendo: “Mas todos nós estamos nessa situação, porque estamos rodeados de multidões que estão infinita e eternamente piores do que nós, milhões que estão a caminho do inferno. Pela graça de Cristo, nós não estamos destinados à condenação, e, todavia, ousamos queixar-nos! Quando depois disso você pensar que a vida o está tratando duramente e que Deus poderia dispor as suas circunstâncias mais amorosamente, dê uma olhada no abismo do inferno e lembre-se: “Eu estava indo para lá, porém agora não estou. Em vez disso, estou a caminho do céu, porque Deus me salvou. Que importam todas as decepções, dores e tristezas desta vida? Não são nada, em comparação com o que eu mereço, não são nada, comparadas com o que vou herdar”. Foi o que o Salmista fez: “Dar-te-ei graças,Senhor, Deus meu, de todo o coração, e glorificarei para sempre o teu nome. Pois grande é a tua misericórdia para comigo; e me livraste a alma do mais profundo poder da morte”. (Sl 86:12-13). Irmãos, o Senhor tem como propósito formar o caráter de Seu Filho em nós, e para tanto, ele precisa remover as escórias e poluições do pecado de nossas vidas, por isso nos corrige e disciplina-nos enviando-nos aflições, e isto necessariamente demonstrando o Seu amor e o Seu cuidado para conosco. “Filho meu, não rejeites a disciplina do Senhor, nem te enfades da sua repreensão. Porque o SENHOR repreende a quem ama, assim como o pai ao filho a quem quer bem.”(Pv 3:11-12). Há muito que poderíamos dizer sobre o cuidado paternal de Deus para com os Seus, mas detemo-nos apenas com mais uma consideração. Embora, no momento, as disciplinas de Deus não parecem ser motivos de alegria senão de tristeza, depois entretanto, produz fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela. E nesta rica providência de graça a que somos alvos da parte de Deus, podemos descansar no fato de que Ele nunca nos abandonará. Aquele que nunca nos deixou quando passamos por momentos alegres e felizes, também não nos deixará quando passarmos por momentos de aflições e necessidades. “Quando passares pelas águas eu serei contigo; quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti”.(Is 43:2). Em 1989, o terremoto que estremeceu a Armênia durou apenas 4 minutos, tempo suficiente para arrasar a nação, matando 30 mil pessoas. Logo que cessou o tremor de terra, um pai correu para a escola primária, a fim de resgatar o seu filho. Para sua surpresa, o prédio desabara, nivelando-se ao solo. Observando aquele monte de tijolos, pedras e ferros retorcidos, lembrou-se da promessa que fizera ao filho: “Aconteça o que acontecer, estarei sempre perto de você”. Impulsionado pelo que dissera, localizou a área onde ficava a sala de aula e começou a remover os escombros. Vários pais chegaram, chorando pelos seus filhos. “Tarde demais”, diziam: “Eles estão mortos, nada mais pode ser feito”.Até mesmo a polícia o desencorajou a prosseguir. Mas o pai prosseguiu na busca. Escavou oito, dezesseis, trinta e duas, trinta e seis horas. As mãos sangraram, ficou exausto, mas não desistiu. Finalmente, depois de trinta e oito horas exaustivas de trabalho, ele afastou uma grande viga de concreto e começou a chamar por seu filho. –Arman! Arman! Do meio dos escombros seu filho respondeu: -Papai, estou aqui! O menino acrescentou uma frase que soou aos ouvidos do pai como a mais preciosa de todas. – Eu falei aos outros meninos que não se preocupassem. Falei-lhes que se você estivesse vivo, você viria me salvar e que depois que eu fosse encontrado, eles também seriam salvos. Você havia prometido para mim: “Aconteça o que acontecer estarei sempre perto de você”. “E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século”.(Mt 28:20). “Senhor, não me tires as aflições; mas leva-me a depender de Ti nas minhas aflições, porque Tu estás comigo, a tua vara e o teu cajado me consolam”. Amém!

O Cristão Carnal- Jessie Penn-Lewis

O Cristão Carnal- Jessie Penn-Lewis


“E eu, irmãos não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a criancinhas em Cristo”. (I Co 3:1). A “alma” é o lugar da consciência de s i mesmo ( a personalidade, a vontade, o intelecto), e está situada entre o espírito; o lugar da consciência de Deus; e o corpo; o lugar da percepção, ou da consciência do mundo. Gall diz que a “alma” recebe sua vida, ou poder animador, do espírito (a parte mais elevada), ou da vida animal (a parte mais baixa). Em Latim a palavra “alma” é “anima” o princípio animador do corpo. Na pessoa convertida aqueles que tiveram seus espíritos regenerados ou vivificados pelo Espírito de Deus a alma é dominada por baixo, pela vida animal ou por cima, pela vida do espírito. Pode se dizer, portanto, que há três classes de cristãos (há somente duas classes de pessoas, salvos e perdidos, regenerados e não regenerados; mas diferentes classes de crentes, definidos de acordo com o crescimento e conhecimento da vida de Deus) e estas três classes de crentes são claramente apresentadas nas Escrituras como: 1. A pessoa “espiritual” dominada pelo Espírito de Deus que habita e fortifica seu espírito humano regenerado. 2. A pessoa “almática” dominada pela alma, pelo intelecto ou emoções. 3. A pessoa “ carnal ” dominada pela carne, pelos desejos ou hábitos carnais. A palavra usada em I Coríntios 3:1 não é “psique”, alma; mas “sarkikos”, carnal, o adjetivo da palavra em Romanos 8:7, onde está escrito que “a inclinação da carne (carne sarx) é inimizade contra Deus”. Não é dito que a “psique”, ou a vida almática, é inimizade contra Deus, mas a inclinação carnal. É verdade que o natural, ou a pessoa “almática”, não pode receber ou entender as coisas do Espírito (I Co 2,14), mas não é dito que são inimigos de Deus simplesmente porque são almáticos! “E eu, irmãos não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a criancinhas em Cristo”, escreveu Paulo aos Coríntios, apesar de verdadeiramente regenerados e “em Cristo” eles ainda eram tão dominados pela “carne” que ele somente poderia descrevê-los como sendo ainda “carnais” ou mundanos. Isto foi comprovado pela manifestação das obras da carne em ciúme e contenda, pois ele escreve aos Gálatas, “as obras da carne são manifestas, as quais são: imoralidade,..., feitiçaria,..., ciúme,..., ambição,..., inveja,..., e coisas desse tipo”. (Gl 5:19-21). Qualquer uma destas manifestações vista em um crente indica obras, em algum grau, da “sarkikos”, ou vida carnal, passeando pelas avenidas da alma ou personalidade em ciúme, contenda, etc. Tal pessoa certamente não é “almática” meramente “natural” mas alguém que anda “após a carne”, ainda que seu espírito possa estar renovado e vivificado; aqueles que estão assim, andando “na carne”, não podem agradar a Deus. Paulo descreve estes crentes de Corinto como sendo “carnais” ou mundanos, e ainda “criancinhas em Cristo”, mostra claramente que as “criancinhas em Cristo” estão geralmente debaixo do domínio da carne ou “na carne” no estágio inicial da vida espiritual. Na sua regeneração eles verdadeiramente estão “em Cristo”, vitalmente vivificados com Sua vida e firmados Nele pelo Seu Espírito, como está escrito em João 3:16, “aquele que nEle crer tem a vida eterna”; mas estas “crianças em Cristo”, vitalmente nEle através de uma fé viva, ainda não compreenderam tudo o que a Cruz tira deles pelo fato de serem batizados em Sua morte na Cruz e vivificados pela Sua vida. Parece, pela linguagem de Paulo, que ele culpa estes Coríntios por serem ainda “criancinhas”, pois o estágio de criança não deve ser de muita duração (ver Hb 5:11-14). A regeneração do espírito, que vem através do sopro do Espírito de Vida de Deus, na simples fé da pessoa no sacrifício expiatório do Filho de Deus sobre a Cruz a seu favor, deve ser prontamente seguida pela compreensão da morte do pecador com o Salvador (Rm 6:1-13), a qual traz libertação da vida da “carne”, que os Cristãos de Corinto ainda não tinham manifestadamente conhecido. Paulo esboça muito claramente as marcas do Cristão carnal “criancinhas em Cristo” e por estas marcas todos os crentes do tempo presente podem julgar por eles mesmos se também são “ainda carnais”. Isto nos leva a considerar a libertação da Cruz. “E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências” (Gl 5:24). Estas são as palavras com as quais Paulo termina sua descrição das “obras da carne” em sua carta aos Gálatas, enquanto realça o “fruto do Espírito” que a pessoa “espiritual” aquela em quem o espírito, habitado pelo Espírito Santo, a guia deveria produzir em seu viver. As “criancinhas em Cristo” que são “ainda carnais” precisam da mais plena compreensão do significado da Cruz; pois no propósito de Deus a morte de Cristo significou que a “velha natureza” foi crucificada com Ele, de maneira que “os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne” com todas as suas afeições e desejos. A mesma Cruz que foi revelada para a pessoa não regenerada como o lugar onde o pecado foi expiado e a carga do pecado removida pelo sangue do Cordeiro é o lugar onde o Cristão “carnal”, que pode ser uma “criancinha em Cristo”, embora regenerado por muitos anos, deve obter libertação do domínio da carne, de maneira que possa andar pelo espírito e não “pela carne”, e assim na devida estação tornar-se uma pessoa espiritual e plenamente crescida em Cristo. Romanos 6 é a Carta Magna da liberdade através da Cruz de Cristo que a “criancinha em Cristo” precisa conhecer, pois ela claramente estabelece a base da libertação, da qual somente uma breve referência é feita em Gálatas 5:24 e em outras passagens. Somente por uma apropriação da morte com Cristo, com a mortificação das “obras” do corpo (Rm 8:13 e Cl 3:5), o crente pode viver, andar e agir no e pelo Espírito, e assim se tornar uma pessoa espiritual. “Quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, suscitadas pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte”, escreveu Paulo aos Romanos, “mas agora fomos libertos da lei” (Rm 7:5-6). “Em semelhança de carne do pecado” (Rm 8;3), o puro e santo Filho de Deus pendurado sobre o madeiro, uma “oferta pelo pecado”, e porque Ele morreu pelo pecado e para o pecado no lugar do pecador, Deus assim condenou para sempre uma vida de “pecado na carne” em todos os que estão verdadeiramente unidos ao Seu Filho. Os crentes vivem “na carne” (II Co 10:3), isto é verdade, no tocante ao fato de que ainda estão em seus corpos físicos, mas uma vez que vêem o próprio Filho de Deus em “semelhança de carne do pecado” pendurado sobre o madeiro, e sabem que nEle morreram para o pecado, daquela hora em diante vivem “na carne” (Gl 2:20) tanto quanto o corpo físico é solicitado, mas eles não 'andam' mais “segundo a carne” ou seja, de acordo com as demandas e desejos de seus corpos mas “segundo o espírito” ou seja, de acordo com seus espíritos renovados e habitados pelo Espírito de Deus (Rm 8:5-6). Baseados na obra do Filho de Deus na Cruz do Calvário, na qual os pecadores por quem Ele morreu foram identificados com o Substituto que morreu por eles, os crentes redimidos e regenerados são chamados para “considerarem”, ou se reconhecerem como “mortos para o pecado”, porque “nosso homem velho foi com Ele crucificado”. O Espírito Santo de Deus habitando em seus espíritos, pode então conduzir o propósito divino ao seu resultado final de que o “corpo do pecado” o detentor total do pecado na totalidade da humanidade caída possa ser “destruído” ou abolido, a medida que o povo de sua parte firme, e fielmente recuse deixar que “reine o pecado” (Rm 6:6,11,13). É quando a “criancinha em Cristo” sabe disto que a “carne” cessa de dominar e ter controle, e se levanta em espírito em união real com o Senhor ascendido vivo para Deus em Cristo Jesus. A “criancinha em Cristo”, que compreende isto, agora sabe o completo significado de ser “vivo para Deus”; e anda segundo o espírito e pelo Espírito, cessa de realizar os desejos da carne, e de aqui em diante, entrega ao seu espírito, habitado pelo Espírito de Deus, o domínio de todo o seu ser. Isto não significa que não pode de novo errar em “andar segundo a carne”, mas já que entregou sua mente para as “coisas do Espírito” e se considerou continuamente “morto para o pecado”, então, “pelo Espírito” firmemente “mortifica as obras do corpo” (Rm 8,13) e anda em novidade de vida.

Do livro: “Soul and Spirit” (Alma e Espírito).

Reuniões no Caráter de Igreja- John van Dijk


Reuniões no Caráter de Igreja
John van Dijk

“Porque, antes de tudo, estou informado haver divisões entre vós quando reunis
na igreja; e eu, em parte, o creio” — 1 Coríntios 11:18

“Contudo, prefiro falar na igreja cinco palavras com o meu entendimento, para
instruir outros, a falar dez mil palavras em outra língua” — 1 Coríntios 14:19

“Se, pois, toda a igreja se reunir no mesmo lugar, e todos se puseram a falar em
outras línguas, no caso de entrarem indoutos ou incrédulos, não dirão, porventura, que
estais loucos?” — 1 Coríntios 14:23

“Mas, não havendo intérprete, fique calado na igreja, falando consigo mesmo e
com Deus.” — 1 Coríntios 14:28


“Se, porém, querem aprender alguma cousa, interroguem, em casa, a seu próprio
marido; porque para a mulher é vergonhoso falar na igreja.” — 1 Coríntios 14:35

Nestes versículos, o apóstolo se dirige aos Coríntios considerando o seu comportamento quando
estavam reunidos na Igreja. Não se trata aqui de uma instrução para o seu comportamento em qualquer situação. Se fosse assim, ele teria deixado fora as palavras “na igreja”. Não, ele os instruiu aqui acerca doseu comportamento durante os períodos quando estavam juntos, precisamente porque eram a igreja em
Corinto. Em outras palavras, ele os instruiu para as suas “reuniões como Igreja”.

O Senhor Jesus prometeu de estar no meio onde dois ou três estiverem reunidos em Seu nome
(Mateus 18:20). Freqüentemente, os cristãos fazem uso deste versículo para afirmar que o Senhor estásempre no meio quando cristãos estão juntos. Embora, se isto fosse o significado, o Senhor teria prometido de estar no meio dos dois ou três reunidos, sem as palavras restritivas: “em meu nome”. Esta distinção é importante. Nós notamos também que o Senhor diz: “foram reunidos”1, indicando assim que tem alguém que os reúne, o Espírito Santo.

Em todas aquelas passagens acima notamos, que implicam, que há tempos de estar reunidos não
no caráter de Igreja, isto é, não como aqueles reunidos ao nome do Senhor pelo Espírito. Nestas últimas ocasiões, de príncipio toda a igreja está reunida. Digo “de príncipio”, porque pode ter doentes, outros talvez estão trabalhando ou existem casos semelhantes, mas todos aqueles que pertencem ao Senhor têm o privilégio de se reunir e se espera deles que venham nestas ocasiões. Quem queria ficar a parte quando o Senhor reúne os Seus?

1 Coríntios 14:26-35 fornece instruções detalhadas como o comportamento de todos deveria ser
durante tais reuniões. No fundo, é o Espírito Santo, não tanto o homem, que opera e dirige as ações, portanto, tudo segue a ordem de Deus, o que permite aos profetas receberem instrução diretamente vindo do Senhor acerca da mensagem a ser traga naquela ocasião. Em Atos 2:42 nós temos as finalidades para as quais podiam estar juntos desta maneira: a doutrina (ou: para ensinar), o partir do pão e orações —todas as quais são oportunidades para ter comunhão.

Como já indicado, existem ocasiões, nas quais muitos — e talvez até todos — dos santos da
localidade estão reunidos para uma certa finalidade diferente das mencionadas acima. Pode acontecer que, por exemplo, um evangelista sugeriu uma reunião de evangelho. Talvez um mestre (ou: ensinador)

1 Uma tradução mais exata de Mateus 18:20 seria esta: “Porque, onde foram dois ou três reunidos para o meu nome, ali estou no meio deles”.Assim fica claro, que não são as pessoas que se reúnem, mas, sim, que existe alguém que os reuniu. — anotação do tradutor.


pediu que houvesse oportunidade para expor uma certa porção da Palavra de Deus. Ou acontece que foi combinada uma reunião para instruir as crianças ou aqueles que mostraram um certo interesse. Talvez as irmãs gostariam de contemplar um trecho da Palavra de Deus, enquanto estão preparando ajuda para os necessitados.

Qualquer uma destas reuniões não é uma reunião “sob a direção do Espírito Santo”. Isto não quer dizer de maneira nenhuma que o Espírito não seja aquele que manda o que deve ser feito ou que não seja Ele quem fala. Também significa que o Senhor não está no meio, mas, sim, presente como Ele sempre está, seja onde nós nos encontramos, mas não é Ele que é o Centro numa tal ocasião. Se assim fosse, seria Ele que teria a liderança e não seriam planos humanos que determinariam o decorrer da reunião.

No outro lado, não significa que não existiriam regras na Escritura para este tipo de reuniões
instruindo sobre o comportamento dos santos. Paulo nos diz na 1 Epístola a Timóteo que as irmãs nunca devem ensinar quando em companhia mista. Porém, podem ensinar crianças ou em reuniões de irmãs. Elas podem fazer um serviço considerável até tal forma que Febe foi especialmente recomendada por causa do serviço dela que fez na igreja de Cencréia. Dorcas, do mesmo modo, era uma irmã notável, ocupada para a bênção dos santos. E, mesmo que teve aparentemente uma certa contenda entre elas, Evódia e Síntique foram de grande ajuda para Paulo na divulgação do evangelho. Não nos é dito o que certinho fizeram; de outras passagens fica claro que elas mesmas não falaram publicamente. Talvez traziam outros para as reuniões, nas quais Paulo pregava as boas novas da salvação.

Concluindo, existem reuniões quando a Igreja como tal é reunida pelo Senhor por causa das suas
funções “familiares” que estão em relação com o corpo de Cristo. Fora disso, a Escritura deixa lugar para reuniões que ou têm um caráter de proclamação2 ou de comunhão. Estas últimas estão sob a direção individual de cristãos agindo na sua responsabilidade pessoal diante do Senhor. A reunião mais conhecida dentre destas é, talvez, a de estudo bíblico, na qual muitos dos irmãos participam e perguntas podem ser feitas, certos assuntos podem ser estudados e pensamentos comparados.
2 Quer dizer: pregar o evangelho, ensinar a Palavra etc. — anotação do tradutor.

Jesús Desamparado de Dios y sus consecuencias- W Kelly

JESÚS
DESAMPARADO DE DIOS

Y sus consecuencias

Salmo 22


Este salmo es, por excelencia, el salmo de Aquel que fue desamparado de Dios. En esto es único. Ello no significa que otros salmos no hagan referencia a la hora solemne de la cruz, o a la bendita Persona que se dirige aquí a Dios, sino que este salmo nos habla más que todos los demás de ello.

Aquí no encontramos solamente al Señor tomando lugar entre los hombres, como Aquel que confiaba en Dios, tal como lo describe el salmo 16, en su inquebrantable confianza, mirando a la resurrección a través de la muerte, a la gloria a la diestra de Dios, sino que hallamos también un contraste. Es desamparado de Dios, pero se aferra tenazmente a Él y lo reivindica plenamente. No son sus enemigos los que afirman ahora que sea desamparado de Dios, aunque lo hayan dicho también, sino que es el Señor mismo, y lo dice a Dios. Jamás un creyente fue desamparado así, ni podría serlo. “En ti esperaron nuestros padres; esperaron, y tú los libraste. Clamaron a ti, y no fueron librados; confiaron en ti, y no fueron avergonzados. Mas yo soy gusano, y no hombre; oprobio de los hombres, y despreciado del pueblo. Todos los que me ven me escarnecen; estiran la boca, menean la cabeza, diciendo: se encomendó a Jehová; líbrele él; sálvele, puesto que en él se complacía” (v. 4-8).

Jamás hubo semejante hora para Jesús, ni podrá haber nunca otra igual. El bien y el mal, en esa hora, fueron puestos en presencia uno del otro en la única persona que podía resolver el enigma. Ambos se encontraron en Aquel que era perfectamente bueno, y que, no obstante, cargaba el mal de parte de Dios. Era la expiación. Este pensamiento no es el único que encontramos en este salmo, sino que Jesús hecho pecado es el primer y más profundo pensamiento. No hubo dolor que no conociera, ni vergüenza de la que haya sido librado. Los toros de Basán estaban allí, así como el león rapaz y rugiente; los perros lo rodearon (v. 12-13, 16). Estas cosas no son naturalmente sino figuras, y el hombre fue el más cruel de todos, el más vil e implacable, él solo por cierto fue el verdadero culpable, conducido por un enemigo más poderoso y sutil. Pero, cosa maravillosa, Dios estaba allí primero que todos; no podía no estar, ya que era el juez del pecado, el que hizo que su Hijo, quien no conoció pecado, fuese hecho pecado por nosotros.

En primer lugar, pues, repito, está ese juicio misterioso del mal ejecutado sobre la persona del Santo, de Cristo. Y no por ser simplemente lo primero en una serie de eventos, sino porque permanece inconmovible por sí solo como lo único y más solemne de todo para Dios y para el hombre, tanto en el tiempo presente como en la eternidad, en la tierra, en el cielo o en el infierno. El salmo, pues, empieza convenientemente con este gran hecho, porque ¿con qué otra cosa podría compararse en el pasado, el presente o el futuro? El Señor Jesús había encontrado a Satanás al principio en el desierto, y al final en Getsemaní. Destruyó el poder que tenía tanto sobre la tierra como sobre el hombre, al “saquear los bienes del hombre fuerte” (véase Mateo 12:29). Pero en este salmo se trata de algo infinitamente más profundo. Era el pecado ante Dios. Ya no era un simple combate, ni nada para destruir o ganar por el poder de la obediencia. Durante su vida él fue la bondad misma, y tuvo el sello de Dios sobre ella. Jesús glorificó al Padre durante toda su vida, pero entonces se trataba de glorificar a Dios en su muerte, porque Dios es el juez del pecado. La cuestión no era con el Padre como tal, sino con Dios, con Dios en relación con el pecado. Aquel que había glorificado al Padre en una vida de obediencia, glorificó a Dios en la muerte, en la cual precisamente esta obediencia fue consumada; y no sólo esto, sino que el mal fue puesto sobre Él en quien todo era bien. El mal y el bien se encontraron. ¡Qué encuentro!

Dios estaba allí, no sólo como Aquel que aprobaba lo que era bueno, sino como Juez de todo el mal que fue puesto sobre la bendita cabeza del Señor en la cruz. Era Dios desamparando al Siervo fiel y obediente; sin embargo, era su Dios: esto no debía ni podía jamás olvidarse; al contrario, aun allí lo proclama diciendo: “Dios mío, Dios mío”. Pero debe agregar entonces: “¿Por qué me has desamparado?” Era el Hijo del Padre que, como Hijo del hombre, clamó: “Dios mío, Dios mío, ¿por qué me has desamparado?” Entonces, y sólo entonces, Dios desamparó a su Siervo fiel, al hombre Cristo Jesús. Nos inclinamos ante este misterio de los misterios en su Persona: Dios manifestado en carne.


Si no hubiese sido hombre ¿en qué nos habría servido? Si no hubiese sido Dios, nada habría podido dar a sus sufrimientos por el pecado su valor infinito. Tal es la expiación. Y la expiación tiene dos aspectos en su carácter y en su alcance. Es la expiación ante Dios, y es también la sustitución por nuestros pecados (Levítico 16:7-10, “una suerte por Jehová, y otra suerte por Azazel”: el pueblo), aunque este último aspecto no sea el tema más desarrollado por el salmista, y no nos detendremos en él en esta ocasión. Aunque todo es de infinita importancia, el lado más importante de la expiación, el fundamento, es la “suerte por Jehová”.

Aquí vemos a Dios en su majestad y en su justo juicio del mal, a Dios desplegando su ser moral para tratar con el pecado, allí donde solamente podía tener que ver con él a fin de hacer salir bendición y gloria, en la persona de su propio Hijo; Aquel que, cuando Dios lo desamparó, hecho pecado por nosotros en la cruz, alcanzó el punto más bajo de la humillación, pero moralmente el más elevado en el cual Dios pudo ser glorificado. La perfección misma de la manera en que llevó el pecado hizo que no fuese oído. Allí, en el grado más elevado, el dolor, la angustia y la amargura del rechazo tuvieron lugar; ¿acaso no lo sentía? La gloria de su persona ¿acaso lo volvía incapaz de sufrir? Esta idea negaría su humanidad. Y podemos agregar que su divinidad le hizo soportar y sentir como ningún otro hubiese podido hacerlo. “He sido derramado como aguas, y todos mis huesos se descoyuntaron; mi corazón fue como cera, derritiéndose en medio de mis entrañas. Como un tiesto se secó mi vigor, y mi lengua se pegó a mi paladar, y me has puesto en el polvo de la muerte. Porque perros me han rodeado; me ha cercado cuadrilla de malignos; horadaron mis manos y mis pies. Contar puedo todos mis huesos; entre tanto, ellos me miran y me observan. Repartieron entre sí mis vestidos, y sobre mi ropa echaron suertes. Mas tú, Jehová, no te alejes; fortaleza mía, apresúrate a socorrerme. Libra de la espada mi alma, del poder del perro mi vida. Sálvame de la boca del león, y líbrame de los cuernos de los búfalos” (v. 14-21).

No obstante, el Señor Jesucristo reivindica perfectamente a Dios quien lo desamparó. Otros habían clamado antes y todos habían sido librados. Pero no debía ser así para él, porque el sufrimiento debía ir hasta lo sumo, el pecado debía ser expiado justamente, y no por el poder sino por medio del sufrimiento.

Pero, ¿qué es lo que resuena en nuestros oídos cuando la última gota de la copa se ha vaciado?: “Líbrame de los cuernos de los búfalos. Anunciaré tu nombre a mis hermanos; en medio de la congregación te alabaré” (v.21- 22). Ahora que ha resucitado de entre los muertos, dice: “Anunciaré tu nombre a mis hermanos”. Ya lo había anunciado: tal fue su ministerio aquí abajo, pero ahora era sobre un fundamento completamente nuevo. La muerte, y solamente la muerte, podía solucionar la cuestión del pecado; la muerte, pero sólo Su muerte, podía hacerlo, a fin de que el pecador pudiese descansar en la justicia de Dios referente a esto, y ser introducido sin pecado en la presencia de Dios. Esto lo declara Dios mismo.

Notemos aquí cuál es la consecuencia de esto: “Anunciaré tu nombre a mis hermanos”. En los evangelios, el Señor Jesús nos muestra la maravillosa adaptación de la verdad del Antiguo Testamento. “Tu nombre”. ¿Qué nombre? Cuando lleva el pecado en la cruz, Él habla de Dios. El israelita piadoso, cuando mira a la liberación, o cuando goza de su relación con Dios, habla de Jehová. Pero en el Nuevo Testamento, en el cual Dios subsiste como Dios y siempre debe ser el juez del pecado, “Padre” es el término que caracteriza la relación conocida por el Hijo de Dios desde la eternidad, relación que conocía también como hombre, pero en la plenitud de verdad que le pertenecía sólo a él. Esta relación, en toda su realidad e intimidad, fue la que el Señor tuvo a bien dar a sus discípulos, en redención, y muchos de los lectores ya la conocen con gozo. Pero lo repito para aquellos que no conocen el verdadero significado de ese bendito y tan dulce nombre para sus almas. Jesús puede enseñárselos ahora.

“Anunciaré tu nombre a mis hermanos”; y por eso dice: “Subo a mi Padre y a vuestro Padre, a mi Dios y a vuestro Dios” (Juan 20:17). Nunca había hablado así antes. Notemos bien que ya había pronunciado la palabra «Padre» antes, pero nunca lo había presentado de esta manera.; y llamo particularmente la atención sobre este hecho. Este término supone el amor, pero sobre el fundamento de la justicia. Sin duda la gracia es la que dio a Jesús, y por él obró a favor del hombre pecador. Pero aquí Él nos enseña que, cuando el pecado fue juzgado y quitado de en medio, su Dios es el nuestro, y cuando la vida llevó mucho fruto en resurrección, su Padre es nuestro Padre.

La gloria del Padre y la naturaleza misma de Dios nos traen ahora la bendición con él, mientras que tan sólo un instante antes, por decirlo así, la santa venganza de Dios se ejecutó contra el pecado. Era la gloria en los lugares altísimos, la gracia aquí abajo, pero todo estaba fundado sobre la justicia, sin la cual el alma no haría más que enorgullecerse, quedando expuesta a ser arrastrada hacia las peores profundidades. Esta base de la justicia de Dios es necesaria para el pecador, y aquel que en sí mismo no era sino un pecador perdido, ahora tiene el derecho de conocer a Dios no sólo como Dios, sino además como Padre. “Anunciaré tu nombre a mis hermanos”. Ahora hay perdón y paz; y no solamente eso, sino también asociación con Cristo mismo.

Veamos ahora cómo es introducida la declaración de Su nombre. “Dios mío, Dios mío”, dice Jesús en el momento en que es desamparado sobre la cruz, cuando es hecho pecado, y cuando llevó nuestros pecados en su cuerpo sobre el madero. Ésta es la verdadera respuesta, simple y rotunda, a aquellos que erróneamente sostienen que él llevó nuestros pecados durante toda su vida aquí abajo. Si hubiese sido así, Jesús habría tenido que ser desamparado por Dios durante todo ese tiempo, a menos que se suponga que Dios habría podido complacerse entretanto juzgaba el pecado. Esto sería negar el hecho de que Jesús gozaba perfectamente del amor y de la comunión de su Padre durante su vida. El Hijo de Dios aquí abajo, anduvo siempre en el conocimiento íntimo y perfecto de la presencia de su Padre y de su relación con él, y, por consecuencia, sintió aún más el hecho de ser desamparado.

Pero ahora, el pecado que había sido puesto sobre él, fue quitado por su muerte; y, como testimonio de que todo ha sido quitado, él resucitó de entre los muertos, y entonces declara ese nombre, sin decir primero vuestro Padre o nuestro Padre (esto no hubiese estado a la altura de su gloria, al margen de cuál haya podido ser su amor), sino “a mi Padre y a vuestro Padre, a mi Dios y a vuestro Dios”. Así, lo que Dios es como Padre para él, descansa ahora sobre aquellos por los cuales murió, sobre aquellos cuyos pecados fueron borrados por la sangre de la cruz.

Pero esto no es todo. La aceptación perfecta y manifiesta del Hombre que Dios hizo pecado, ahora les pertenece por completo; no sólo el amor del Padre, sino la gloria y la luz de Dios. Es, pues, el amor, no solamente en cuanto a la relación, sino en su misma naturaleza; sí, y más aún: todo lo que Dios siente como Dios, todo lo relativo a él que fue reivindicado para siempre, no sólo pertenece a Cristo, sino que, como consecuencia de su obra, pertenece también a aquellos que descansan en esta persona y en esta obra. Tal es la fuerza y el resultado de la expiación. Y no sólo es para el cielo, porque él mismo lo dijo cuando estaba en la tierra. Iba al cielo; pero por sabias y serias razones, esto expresamente estaba revelado aquí a las personas que más lo necesitaban: a los pobres en espíritu, a los mansos, a sus discípulos a los cuales se dio a sí mismo como ejemplo de dependencia y de obediencia, de gracia y de justicia, de comunión feliz y apacible con su Padre. Pero si no los hubiese librado por gracia, todo esto sólo habría agravado la condición de ellos, que era tan inferior a la Suya.

¡Con qué fuerza, pues, la bendita verdad irrumpe en sus corazones! Dios mismo, el Padre del Señor Jesús, era el Padre de ellos, así como su Dios; todo lo que es en Dios como tal, estaba, por la obra de la cruz, tan completamente a favor de ellos, como todo lo que es en él como Padre. Y notemos que no es solamente “como el Padre que se compadece de los hijos”, sino que ahora se trata de algo incomparablemente superior a esto. Es el Padre tal como Cristo lo conoció. “Anunciaré tu nombre a mis hermanos”, hermanos traídos —y traídos con justicia— a la misma relación, de manera que toda la satisfacción y el gozo de Dios mismo en Cristo (no sólo del Padre, relación que nos concedió gozar, sino de Dios), son compartidos con nosotros, porque somos aceptos en Cristo nuestro Señor.

Sin embargo, todavía tenemos más que escuchar. “En medio de la congregación te alabaré”. No es simplemente: “te alabaré”, ni “en la congregación”, sino “en medio de la congregación”. El apóstol Pablo cita este pasaje en la epístola a los Hebreos (2:12), y encontramos su cumplimiento en la pequeña compañía reunida ese día (Juan 20:19). El Señor se encuentra en medio de ellos. No les reprocha la cobardía que acababan de demostrar, la incredulidad ni la infidelidad, sin mencionar la falta de amor por Su persona y del padecimiento por Su nombre. No digo que él no tuviera Sus caminos para con uno o para con otro; pero él los lleva inmediatamente a la relación más elevada y a las bendiciones más excelentes por Su sacrificio. Sabemos que se ocupó de varios de entre ellos, pero Sus caminos para con cada uno no impidieron ni pospusieron en absoluto la obra de su gracia.

“En medio de la congregación te alabaré”. Pensemos un instante en lo que fue la alabanza de Cristo en tal momento, en lo que debieron de ser sus sentimientos, ¡cuando salía de las tinieblas, del polvo de la muerte, del desamparo de Dios! Él solamente podía estimar en su justo valor la inmensidad de estas cosas, quien, habiendo sufrido una vez por los pecados, ahora descansa en una victoria ganada a tan alto precio. Llevó nuestros pecados; aquel que no conoció pecado, fue hecho pecado. Una vez que resucitó de entre los muertos, no lleva más los pecados; ahora alaba, y no lo hace solo, sino “en medio de la congregación”.

Y agrego algo más todavía. Viene el día en el cual esta tierra no estará más llena de gemidos, sino de aleluyas, día en el cual toda criatura tendrá parte en el coro de bendiciones, en el cual el cielo y la tierra estarán llenos de gozo y de gloria. Pero jamás vendrá un día en el cual irrumpa una alabanza como la que Él comenzó aquel día. No es posible que aquellos que alaban con Cristo, habiendo sido llevados a tal asociación de bendición, puedan perderla —jamás la perderán—; pero si la alabanza comenzó con él, entonces ella será la de ellos para siempre, pero solamente será suya con Él en medio de ellos; y este salmo lo prueba de una manera tanto más llamativa por cuanto fue escrito especialmente en vista del pueblo terrenal. La alabanza del día de la resurrección es particular, porque es la de Cristo en medio de la congregación, es decir, en medio de sus hermanos.

¿Quién podría anunciarlo como Él? ¿Cuándo habría podido anunciarlo, sino cuando resucitó de entre los muertos por la gloria del Padre, y después de haber estado en el polvo de la muerte por el pecado? Nadie más que él podía sentir hasta lo más profundo lo que fue ser desamparado por Dios y no ser oído cuando clamaba a él. Pero ahora, habiendo sido oído “desde los cuernos de los búfalos”, entra como el hombre resucitado en la luz y la gloria de Dios, brillando para siempre en virtud de su propio sacrificio aceptado por Dios, y anuncia a sus hermanos el nombre (y nosotros mismos podemos decirlo ahora) de su Padre y el de ellos, de su Dios y el de ellos. Así, en medio de la Iglesia librada para siempre por él y en él, canta la alabanza. ¡Oh, qué alabanzas las de Cristo, ahora librado de tan grande muerte! ¿Pero acaso no son también las nuestras? ¿Y no las canta acaso “en medio de” nosotros? ¡Qué carácter le imprime esta comunión a la adoración de la Iglesia! Ahora que el pecado fue juzgado como no podrá serlo nunca más, que Aquel que fue crucificado en debilidad, vive por el poder de Dios, la alabanza de Cristo solamente da una justa y completa idea de lo que conviene a la Iglesia de Dios.

Queridos lectores, ¿están sus pensamientos a tono con esto? ¿Es ésta la medida con la cual prueban sus corazones y sus labios cuando presentan sus sacrificios espirituales a su Dios y Padre? Estemos seguros de que él no estima ninguno de los sacrificios más que aquellos del Cristo resucitado, de Aquel que se digna a ser el conductor de los que se unen a él en este tiempo en que aún es rechazado, aunque esté, como lo sabemos, glorificado en lo alto.

Lo que Cristo canta es ciertamente, en el sentido más elevado, un cántico nuevo. Él solo sufrió así; pero en la alabanza no está solo; está en medio del coro de los redimidos. ¡Qué cosa maravillosa que aquí no sólo cante la alabanza “en” la congregación, sino “en medio de” ella! En el día de su poder, no será así para “la gran congregación” (v. 25). No significa que su alabanza haya de faltar en aquel día, ni que los grandes y pequeños no lo vayan a alabar en la tierra cuando todas las obras de Dios lo alaben y todos sus redimidos lo bendigan. Sin embargo, no es menos cierto que entre Él y aquellos que, desde su resurrección, son llamados y reunidos, hay una asociación revelada por él, que sobrepasa en intimidad el gozo de aquellos que participarán en ese hermoso día. Él no anuncia a la gran congregación el nombre de Su Dios y Padre. Es cierto que alabará a Dios en ella, pero no en medio de ella como en el día de la resurrección.

Pues lo que se dice de ese jubileo para Israel y para la tierra sería todavía cierto si él alabara solo por su lado, y ellos lo hicieran por el suyo. Tampoco los llama sus hermanos como ahora, aunque pague sus votos (otra señal distintiva en sí misma) delante de aquellos que temen a Dios (v. 25), cuando toda rodilla se doble y “toda lengua confiese que Jesucristo es el Señor, para gloria de Dios Padre” (Filipenses 2:10-11), hasta los confines de la tierra, y entre todas las familias de las naciones.

Todo esto, ¿no es acaso la gracia para con nosotros, quienes nada merecíamos, “la verdadera gracia de Dios, en la cual estamos”? ¡Que podamos apreciar los consejos y los caminos del “Dios de toda gracia, que nos llamó a su gloria eterna en Jesucristo! ¡A él sea la gloria y el imperio por los siglos de los siglos!” (1 Pedro 5:10-12). ¡Que nuestras alabanzas abunden! ¡Pero que sean las alabanzas de Cristo en medio de nosotros, de Aquel que se digna a estar allí en medio de dos o tres congregados en su nombre! (Mateo 18:20). Él está con nosotros cuando somos llevados por alguna circunstancia a defender la verdad o la santidad de Dios: ¿Podría estar ausente acaso cuando nos reunimos para adorar a su Dios y a nuestro Dios, a su Padre y a nuestro Padre? “Así que, ofrezcamos siempre a Dios, por medio de él, sacrificio de alabanza, es decir, fruto de labios que confiesan su nombre” (Hebreos 13:15).

Los versículos siguientes del salmo 22 contienen un llamamiento fundado en la resurrección del Mesías sufriente: “Los que teméis a Jehová, alabadle; glorificadle, descendencia toda de Jacob, y temedle vosotros, descendencia toda de Israel. Porque no menospreció ni abominó la aflicción del afligido, ni de él escondió su rostro; sino que cuando clamó a él, le oyó” (v. 23-24). Podemos notar, de paso, que el Señor anticipó estas palabras cuando pronunció al morir: “Padre, en tus manos encomiendo mi espíritu” (Lucas 23:46). Cuando Dios lo resucitó de entre los muertos hallamos la respuesta pública a su clamor.

Así, encontramos al Mesías, ya no sufriendo, sino siendo librado (“oído”), anunciado el nombre de su Dios y Padre a sus hermanos, y alabando él mismo en medio de la congregación. Y luego hay un llamamiento dirigido a todos aquellos que temen a Dios, para que lo alaben sobre la base de la expiación. Porque por la cruz de Cristo, toda la cuestión del pecado y de los pecados, delante de Dios y para el creyente, está resuelta para siempre.

Esto nos lleva a una nueva escena, en los versículos siguientes, que nos ayudará a comprender mejor lo que ya he tratado de explicar. El Mesías dice aquí: “De ti será mi alabanza en la gran congregación” (v. 25). Así pues, la “gran congregación” se distingue de “la congregación” del versículo 22 en la cual vemos claramente que es la Iglesia la que lo rodea a Él, cuando ha resucitado de entre los muertos; mientras que en el versículo 25 leemos: “De ti será mi alabanza en la gran congregación”. Nótese que aquí no es “en medio de ellos”; no se habla aquí de ninguna asociación con Cristo.

En el capítulo 20 del Evangelio de Juan 20 encontramos también lo que corresponde a la gran congregación. Este capítulo ya nos dio la ilustración y también el cumplimiento del anuncio de su nombre a sus hermanos, y de la congregación en medio de la cual Él alaba. En efecto, Tomás vino ocho días después y, cuando su incredulidad fue puesta de manifiesto, exclamó: “Señor mío, y Dios mío”. No se insinúa ni una palabra acerca de “mi Padre y vuestro Padre, mi Dios y vuestro Dios”. Ya no se describe más aquí la asociación de Cristo con sus discípulos, sino otra confesión que la gracia sacará de la “gran congregación”, como lo hizo de Tomás, cuando el remanente del pueblo de Israel se arrepienta y confiese a su Mesías despreciado y rechazado durante tan largo tiempo. Este remanente también dirá entonces: “¡Señor mío, y Dios mío!”. Es una sorprendente imagen de lo que Israel conocerá y confesará en aquel día (compárese con Zacarías 12:10-14).

¡Qué grande será la alabanza! Pero, lo repito, en el versículo 25 del salmo 22 no se trata de la asociación con Cristo, pues no lo vemos alabando en medio de la congregación. No hay allí esa bendita comunión con él. De Cristo en aquel día se dice: “Mis votos pagaré delante de los que le temen”. ¿Qué otra cosa podría mostrar más claramente que esto se halla sobre un terreno judío? Y más adelante, no es tanto lo que se dice de ellos lo que los distingue de aquellos de los cuales se habla en el versículo 22, sino lo que no se dice. Aquí no se trata de anunciar el nombre de su Dios y Padre, tampoco son llamados sus hermanos. Habrá un pueblo bendecido, pero como pueblo, alrededor de Aquel que es al mismo tiempo el Mesías que reina y Jehová su Dios. En aquel día, Él también alaba y paga sus votos.

Vimos la alabanza de Cristo en medio de la congregación de sus hermanos, Jefe de ellos, cuando resucitó de entre los muertos; luego, el testimonio de Dios para los que le temen (compárese Hechos 10:35), así como a toda la simiente de Jacob o de Israel. El día cuando la gracia reúne a los hijos de Dios es también un día de Buenas Nuevas para toda criatura, judío o gentil, para que crean. Pero ahora hay más que un testimonio. Las alabanzas del Mesías vienen de Jehová en la gran congregación; el Mesías paga sus votos delante de aquellos que le temen. Éste es el cumplimiento cierto y público de todas las promesas. Toda la profecía concerniente a la gloria venidera para la tierra y las naciones se cumple. Así “comerán los humildes, y serán saciados; alabarán a Jehová los que le buscan; vivirá vuestro corazón para siempre. Se acordarán, y se volverán a Jehová todos los confines de la tierra, y todas las familias de las naciones adorarán delante de ti. Porque de Jehová es el reino, y él regirá las naciones” (v. 26-28).

Ni una palabra de todo esto se encuentra en el pasaje precedente. No solamente invita a todos los confines de la tierra a acordarse, sino que realmente “se acordarán”. No será el Evangelio de la gracia, como hoy, ni la Iglesia, sino el despliegue del reino en todo su poder. Todos se volverán hacia Jehová, como aquí se nos asegura: “Y todas las familias de las naciones adorarán delante de ti”. Ya no se trata más del lugar del cristiano (éste nos fue presentado ya en el v. 22); en el versículo 23 está el testimonio; el fundamento de la fe está puesto en el versículo 24. Luego, los versículos 25-31 exponen lo que caracterizan los días del milenio. Cuando Cristo pide y obtiene la tierra (Salmo 2) se encuentra en la “gran congregación”.

Hoy día, por el contrario, la suya es tan sólo una “manada pequeña”, y todo lo que es grande entre los hombres es contrario a Dios. No será así en el futuro. Cristo tendrá la “gran congregación”, y él mismo dominará sobre todas las naciones. Entonces “comerán y adorarán todos los poderosos de la tierra; se postrarán delante de él todos los que descienden al polvo”. Será un día en el cual confesarán su dependencia, a pesar de la más rica bendición, porque nadie podrá “conservar la vida a su propia alma”. Él es la vida y la fuerza de todos, por cuanto es exaltado entre todos. “La posteridad le servirá; esto será contado de Jehová hasta la postrera generación”. La antigua generación que rechazó a Cristo pasó, pero el remanente vuelto, después de haber pasado por el juicio, será una simiente santa y una vid nueva. “Vendrán, y anunciarán su justicia” (despojados ahora de toda presunción) “a pueblo no nacido aún, anunciarán que él hizo esto” (v. 29-31). No se trata del cielo ni de la eternidad, como tampoco del presente siglo malo, sino del santo y magnífico siglo venidero, cuando el Señor Jehová haya de ser bendecido y bendecirá: el Dios de Israel que sólo obra maravillas; y en aquel día su nombre glorioso será bendito para siempre, y toda la tierra será llena de su gloria. Amén.

Como é Possível Compreendermos Hoje o que é “Igreja”?


Como é Possível Compreendermos Hoje o que é “Igreja”?

A verdade sobre a Assembléia ou Igreja de Deus é muito simples, como também toda a
Palavra, a não ser que queremos pô-la em acordo com os nossos pensamentos.
O apóstolo Paulo foi chamado pelo Senhor, para instruir os crentes (os verdadeiros salvos)
sobre tudo o que diz respeito à Igreja. A verdade da união dos crentes com Cristo no céu já é
contida na resposta do Senhor a Saulo, quando estava no caminho para Damasco: “Eu sou
Jesus, a quem tu persegues” (At 9:5). Saulo aprendeu disso, que, perseguindo os cristãos, estava
perseguindo o próprio Senhor Jesus.
A partir de então, o Senhor revelou a Paulo toda a verdade referente à Igreja, seu caráter, a
reunião de todos os filhos de Deus, tanto de entre os judeus como também de entre as nações,
em um corpo, do qual Cristo é o Cabeça glorificado no céu. Também lhe revelou a Sua vontade
sobre a ordem e administração da Igreja (veja Atos 26:16-18; também as epístolas aos Efésios,
Colossenses e Coríntios, a Timóteo e Tito).
Em todos os lugares onde Paulo anunciava o evangelho, os recém-convertidos se reuniram
como membros do Corpo de Cristo e formaram na sua localidade a Igreja ou Assembléia. A sua
epístola aos Coríntios ele dirigiu à “igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em
Cristo Jesus, chamados santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso
Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso” (1 Co 1:1-2). Isto pode se dizer ainda hoje dos
crentes que se encontram num certo lugar. A verdade não mudou! Mas como a compreendemos?
Em todos os lugares, os cristãos estavam reunidos em nome do Senhor ou ao Seu nome (veja
Mt 18:20), segundo as instruções do apóstolo, tais como as possuímos nas epístolas dele. No
primeiro dia da semana, durante o culto, tomaram a Ceia da maneira como o Senhor a havia
instituído na noite, na qual foi traído. Ele mesmo recordou Paulo disso (1 Co 11:23-25).
Celebrando a Ceia em recordação da morte do Senhor, então compreenderam ao mesmo tempo a
comunhão, não apenas entre si, mas também com todos os crentes no mundo inteiro.
A mesa é, na Palavra de Deus, o lugar onde se exerce a comunhão (2 Sm 9:13; Mt 22:1-11;
Ap 3:20 etc.). Paulo diz em 1 Co 10:15-16: “Falo como a entendidos; julgai vós mesmos o que
digo. Porventura, o cálice de bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo?
O pão que partimos não é, porventura, a comunhão do corpo de Cristo?” Nesta passagem
igualmente se trata de comunhão, e não apenas de recordação. Ter comunhão significa
participar de uma mesma coisa. Esta comunhão não existe apenas visando o sangue e o corpo
do Senhor, mas ela se manifesta também entre todos os membros do Corpo de Cristo, segundo
versículo 17 deste mesmo capítulo: “Porque nós, sendo muitos, somos um só pão e um só
corpo; porque todos participamos do mesmo pão.” Desta forma, essa passagem introduz uma
outra verdade importante: O pão partido na Mesa do Senhor é a expressão de todo o Seu corpo
espiritual formado de todos os crentes. Toda congregação reunida em volta da Mesa do Senhor,
portanto, na sua localidade é a expressão de toda a Igreja. Parte-se o pão naquele lugar na
condição de membro do Corpo de Cristo, e não como membro de uma igreja particular ou de
uma comunidade cristã. Para compreender esta unidade, um filho de Deus admitido à Mesa numa igreja, também é considerado em comunhão em todas as igrejas baseado em carta de
recomendação. Isto porque este membro do Corpo de Cristo foi admitido em comunhão numa
igreja, que representa toda a Igreja — seja que ela consiste em duas ou três ou em trezentas
pessoas. As igrejas, pois, não são independentes umas das outras. É por essa razão que um
membro que havia de ser excluído de uma igreja, também é excluído de todas as outras igrejas
locais.
Estas verdades tão simples foram retidas pelas igrejas nos tempos dos apóstolos. Logo, porém,
pela mão do homem, tudo foi destruído como acontece com tudo que é confiado à sua
responsabilidade. O que é de Deus, porém, permanece: A Sua Igreja, tal como Ele a vê segundo
os Seus propósitos, sendo o resultado da obra do Seu Filho, edificado por Ele. Nem tampouco a
verdade no seu íntegro mudou. Ela continua a Igreja de Deus; e a Sua Palavra ainda tem a
mesma autoridade para ela como a tinha nos dias mais belos da Igreja. Se desejamos
sujeitarmos à Palavra, então temos à disposição as fontes imutáveis de ajuda, para praticar,
mesmo em meio de uma cristandade confessa, aquilo que é Igreja em acordo com os
pensamentos de Deus. Podemos, tal como os discípulos no início, permanecer na doutrina e na
comunhão dos apóstolos, no partir do pão, e nas orações.
Hoje, frente ao fato que os filhos de Deus estão dispersos e separadas em diversas igrejas e
comunidades retendo princípios mais ou menos errôneos, o fato de sermos filhos de Deus na
mesma localidade não é mais base suficiente para nos podermos reunir juntos. O que mais
precisa-se, então, além daquilo que era necessário no início para se reunir segundo a Palavra em
nossos dias? A própria Palavra nos ensina sobre isso.
O Senhor permitiu, que, já nos tempos do apóstolo Paulo, entraram doutrinas maus em certas
igrejas, para que pudesse nos dar instrução por escrito – instrução tal qual precisamos hoje em
dia, sendo que se espalham doutrinas falsas, para ainda pudéssemos realizar , como no início, o
que é Igreja em correspondência à verdade de Deus; verdade essa que permanece imutável da
mesma forma como Ele mesmo o é.
As instruções a respeito que nós precisamos ainda não eram necessários quando Paulo reunia
os recém convertidos, aqueles que haviam recebido o evangelho. As instruções necessárias para
nós, encontramos na segunda epístola ao Timóteo. Já naquele tempo havia cristãos espalhando
erros; eles se haviam desviado da verdade e perverteram a fé de alguns, dizendo, que a
ressurreição era já feita (veja 2 Tm 2:18). “Todavia” diz o apóstolo, “o fundamento de Deus fica
firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de
Cristo aparte-se da iniqüidade” (versículo 19). Em meio da cristandade, na qual o mundo
penetrou e onde não é possível conhecer todos os verdadeiros crentes, temos a promessa
preciosa que o Senhor os conhece. Aqui, o apóstolo, porém, também dirige um apelo sério à
responsabilidade de cada um que profere o nome do Senhor: Retire-te da iniqüidade e não
associe este nome à iniqüidade! “Iniqüidade” não só determina pecados grosseiros, mas tudo
aquilo que está contradizendo os pensamentos de Deus tanto no andar como na doutrina, como
também no que diz respeito a introdução de instituições humanas pela vontade própria na Igreja
ou Assembléia de Deus. Era justo dizer, que a ressurreição já aconteceu? Era esta a afirmação
que perverteu a fé de alguns. Imoralidade e maldade são pecados pesados que provocam
desprezo geral; mas pôr de lado os pensamentos de Deus tão claramente expressas na Palavra
de Deus, e fazer a própria vontade, é sério igual, embora ofenda menos as pessoas.
Portanto, não podemos continuar em comunhão com doutrinas más, que se encontram de
múltiplas formas na cristandade. Como o dono de casa não pode fazer uso dos “vasos para
honra” quando misturados com os “vasos para desonra”, assim também aqueles que invocam o
nome do Senhor não podem ser-Lhe úteis quando associados ao erro. E é possível purificar-se
deste erro apenas por se separar daqueles que o aceitam e também daqueles que continuam em
comunhão com tais pessoas, embora eles próprios não retenham o erro (versículos 20-21).
Precisa-se, pois, purificar destes (e não só destas coisas, como a tradução sugere) e fugir o mal
de qualquer forma. Mas, em vez de ficar só — porque é necessário se retirar do mal
pessoalmente — deve-se seguir a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, com coração puro,
invocam o Senhor. Quem age deste forma, será um vaso para honra, santificado, útil ao dono
de casa e preparado para toda boa obra.
Os cristãos encontram na Palavra todas as instruções necessárias com respeito ao andamento
da Igreja no tempo atual, depois de se terem purificado do mal. Estas instruções permaneceram
intactos mesmo em meio da ruína.
A separação do mal é um requisito absoluto para tomar a Ceia na Mesa do Senhor. O mal não
pode estar em comunhão com esta Mesa. Mesmo quando cristãos, que pessoalmente não têm
doutrinas falsas, participam de uma mesa, na qual se tolera tais doutrinas, então eles se fazem
um com aquela mesa. E, se voltarem à uma mesa purificada do mal, então põem esta mesa em
comunhão com o mal. Essa verdade nos é ensinada em 1 Coríntios 10:19-22, onde vemos, que
os coríntios, por meio da sua participação simultânea na mesa dos demônios e na Mesa do
Senhor, associaram a Mesa do Senhor com a mesa dos demônios – havia então comunhão entre
as duas. Hoje não temos mais tanto de lidar com culto aos ídolos, mas o princípio continua o
mesmo. Se admitimos crentes à Mesa do Senhor que retêm erros, então associamos esta Mesa
com o erro, e juntamente também todas as igrejas que se encontram na base da verdade. É isto
que muitos queridos filhos de Deus não podem ou não querem entender. Uns dizem, que o que
diz respeito à uma igreja não teria nada a ver com as outras — isto é independência. Outros
dizem: Tomo a Ceia pessoalmente em recordação do meu Senhor; não preciso ocupar-me com
os outros — isto é abnegação da comunhão. E atentemos bem que a Ceia não é a Ceia do
Salvador, mas sim do Senhor, Cuja autoridade havemos de reconhecer e a Quem devemos
obediência no ato, porque fomos comprados por um preço e por isso somos propriedade Sua.
Num lugar onde há muitos cristãos pertencentes a uma das diversas denominações, ali aqueles
que se separam do mal para serem fiéis ao Senhor são por acaso a Igreja de Deus desta
localidade? De maneira alguma! A igreja local abrange todos os filhos de Deus nesta localidade,
os conhecidos e os desconhecidos; aqueles, porém, que se reúnem segundo a Palavra,
representam a igreja local como também a Igreja em geral. Ao invés de afirmar que eles só
fossem a Igreja de Deus na localidade, a cada vez quando reunidos em volta da Mesa do Senhor
contemplam a igreja local e a Igreja em geral expressa naquele único pão em acordo com
1 Coríntios 10:17. Nos seus pensamentos e corações, se lembram de todos os ausentes,
entristecidos sobre o fato que não podem ter comunhão com todos eles.
É apenas desta maneira que pode-se realizar a verdade preciosa do único Corpo de Cristo em
meio da decadência atual das igrejas responsáveis em contraste com as igrejas e grupos que,
independentemente uns dos outros não se sujeitam às instruções da Palavra.
O desejo de permanecer fiel ao Senhor deveria ser mais precioso ao coração do redimido do
que a alegria de ter comunhão prática com todos os filhos de Deus. Este desejo não impede que
amemos a todos. Estar separado, certamente, traz consigo sofrimento; mas se isso acontecer por
causa de obediência ao Senhor, então a consciência da Sua aprovação e da Sua presença nos
concede grande encorajamento. Se pronunciarmos o nome do Senhor, e com isso
reconhecermos a Sua autoridade, o Seu senhorio, então havemos de guardar igualmente a Sua
Palavra e não devemos negar o nome do Santo e Verdadeiro (Ap 3:7). Tem que levar-se em
consideração que não é entendido pelos próprios irmãos; mas quem foi entendido menos do
que o Senhor? É uma privilégio sabermos que Ele nos entende.
Primeiro obedecer, e depois usufruir — é esta que devia ser a regra do cristão; não deveria
buscar gozo a custo da verdade.
O apóstolo João diz: “Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus: quando amamos a
Deus e guardamos os seus mandamentos” (1 Jo 5:2). Muitos, porém, dizem: “Nisto conhecemos
que amamos os filhos de Deus: quando andamos no mesmo caminho com eles, seja qual for a
maneira da exegese da Palavra; porque todos nós somos irmãos e estaremos juntos no céu.”
Nunca se pode separar o amor da obediência à Palavra de Deus, obediência aos Seus
mandamentos. É esta obediência a expressão de verdadeiro amor para com Deus e os Seus filho
(veja Jo 14:21-23).
Temos que amar todos os irmãos; mas traz sofrimento consigo se não podemos mostrá-lo por
andarmos junto com eles.
Temos que nos humilhar sobre a situação atual da separação e da desobediência.
Confessamos que temos grande parte na decadência da Igreja e na divisão de tantos filhos de
Deus, que todos pertencem ao Corpo de Cristo, a essa única Igreja, que, visando a sua posição
perante Deus, está indivisível.
Que o Senhor conceda a todos nós que andemos na verdade durante este tempo tão curto que
possivelmente ainda nos separa do momento da Sua vinda!

Extraído de: “Halte Fest”, ano 1963, pg. 372-379, Beröa-Verlag, Zurique — Suiça.

O Corpo de Cristo


O CORPO DE CRISTO
1 Coríntios 12

Nesse capítulo, por assim dizer, temos um “curso de fisiologia espiritual”, porque temos
uma demonstração do organismo em funcionamento, ou seja do corpo humano
representando o corpo de Cristo. Nisso o Espírito Santo nos mostra, com muita clareza, o
funcionamento do corpo, desde que esse esteja dependente da cabeça, ou seja de Cristo. A
mesma relação tem também em nosso corpo humano, usado aqui como exemplo daquilo
que é espiritual.
Veremos no capitulo 14 a continuação desse assunto. Pensemos como é maravilhoso o
espetáculo do funcionamento do corpo humano, e então transferimos isso para o corpo
espiritual, ou seja o Corpo de Cristo, a Igreja.
Mas não sejamos meninos: Para tudo funcionar bem, tudo deve estar interligado. Cada
membro do corpo natural tem o seu lugar e as suas função e responsabilidade. E acima de
tudo, todos dependem das ordens da cabeça e recebem dela a autoridade para agir segundo
o que ela lhes diz.
Não pensemos que em relação ao Corpo de Cristo seja diferente, pois se agirmos
conforme o exemplo dado no corpo natural dentro da Igreja de Deus, então não haveria
desavenças no corpo (v. 25). Assim como os coríntios, todos nós temos de aprender de uma
esses ensinos de uma maneira particular.
Vejamos primeiramente de que forma esse capítulo nos apresenta o corpo. Não é como
vemos na epístola aos Efésios, onde temos o corpo em sua união com a Cabeça glorificada
no céu. Aqui o que está em questão é o lugar que o corpo ocupa aqui embaixo aos olhos
dAquele que é seu Cabeça. No versículo 12, vemos este corpo identificado como “o
Cristo”, ou seja: Cristo o identifica consigo mesmo. Foi essa a primeira verdade que Paulo
aprendeu no caminho de Damasco quando ouviu o Senhor dizer: “Saulo, Saulo, por que me
persegues?”(At 9:4). Notemos que o Senhor considera a perseguição da Igreja como feita a
Si mesmo. O conjunto desses membros da Igreja aqui na terra ligado à Cabeça no céu é o
Cristo. Assim vemos membros variados, mas indissolúveis, inseparáveis e todos ligados à
Cabeça que é Cristo.
Todo esse conjunto é identificado como o Corpo de Cristo: “Vós sois corpo de Cristo, e
seus membros em particular” (v. 27). Notemos algo importante: a Igreja local de Corinto é
aqui chamada de “Corpo de Cristo”. Não é apenas a manifestação de todos os crentes em
todo lugar que porta o título de “o Corpo de Cristo”, pois aqui vemos uma localidade sendo
identificada como “Corpo de Cristo”. Infelizmente sabemos que essa situação de todos os
verdadeiros salvos estarem reunidos como Igreja local juntos em comunhão prática uns
com os outros em uma cidade já não existe mais. Porém, é exatamente isso que o Senhor
havia instituído, ou seja um único Corpo e uma representação única do mesmo em cada
lugar, seja em Corinto ou em Piracicaba ou Curitiba ou em qualquer outro lugar do Brasil
ou do mundo. Apesar de o homem ter arruinado esse estado de coisas, é assim que o Senhor
ainda vê a Igreja até hoje.
Talvez chegamos a pensar, que não temos mais recursos, arruinados do jeito que
estamos em geral, mas não é assim. Vclaramente em Mateus 18:20 que essa representação e
manifestação real do Corpo de Cristo pode ser demonstrada pelos dois ou três reunidos ao
Seu Nome, sobre o princípio da unidade do Corpo de Cristo — unidade esta, que não pode
ser destruída por ninguém.

Princípios para Formação da Família- John Walker


Princípios para Formação da Família- John Walker

A própria Palavra de Deus é positiva e negativa. Primeiro temos a lei (negativa) no Velho Testamento e depois a graça (positiva) no Novo Testamento. Sem entender a lei não vamos experimentar a graça, porque sem lei nem sentimos necessidade dela. Nossa cultura é contra a lei Nossa cultura é dominada pelo príncipe deste mundo e ele tem um plano de subverter o reino de Deus que exige autoridade. A estratégia de Satanás é tirar a autoridade de Deus, colocar anarquia (falta de governo ou chefe) para no fim implantar seu próprio sistema. Esta guerra contra autoridade começou desde o início no Éden. Deus falou: "Não comerás deste fruto" e Satanás disse: "Será que Deus quis dizer isto mesmo? Pode comer, vai ser bom para você" . A psicologia moderna, por exemplo, afirma que não existe pecado e que o homem é inerentemente bom. Só precisa de um ambiente certo onde possa fazer sua vontade, sem restrições, com amor e liberalidade. Mas isto não está funcionando porque as escolas estão produzindo alunos cada vez piores. Li num artigo na revista "Time" que nos Estados Unidos as pessoas estão saindo do segundo grau sem saber ler corretamente. Isto porque a educação moderna não enfatiza disciplina mental nem moral. Permite ao aluno fazer a sua própria vontade. Nós como cristãos precisamos estar alerta, pois esta filosofia contra autoridade e disciplina tem invadido todos os meios de comunicação e educação - rádio, televisão, escolas e igrejas. Nossos filhos, por exemplo, vão para escola e aprendem diariamente princípios contra a Palavra de Deus. Recentemente uma pesquisa nas escolas primárias dos Estados Unidos constatou que está sendo suprimido dos livros de estudos sociais toda referência sobre Deus e religião na história da formação da nação. Isto mostra como é firme e sutil a estratégia de Satanás, pois religião foi fundamental na formação da nação americana. Precisamos ir contra esta corrente que ensina que amor, tolerância e permissividade são as coisas certas. Precisamos aprender o significado da palavra "não" e usá-la com autoridade na criação de nossos filhos. O Princípio da Cruz - Quebrantamento da Vontade Este princípio é fundamental para a formação do caráter de nossos filhos. Temos de entender que o homem caiu, e mesmo sendo nenê sua natureza não presta. É egocêntrico e vai ficar cada vez pior se não experimentar o "não" da lei. Se Deus, que é o modelo de toda paternidade, enviou Seu Filho para morrer na cruz, negando Sua vontade, nós também temos de criar nosso filhos quebrando-os para a salvação em Cristo que exige a morte de nossa vontade para a aceitação da vontade de Deus. A criança não tem força sozinha para negar sua vontade. Precisa de nossa ajuda e autoridade assim como nós precisamos de Cristo para nos salvar de nossas carnalidades e egoísmos. Se pensamos que estamos fazendo um bem deixando-a fazer o que quiser, estamos enganados. A pessoa mais miserável que existe é a que faz sua própria vontade, pois a vontade do homem caído leva para a perdição. Você já reparou que uma criança que faz o que quer não é feliz? Está sempre chorando, fazendo birra, insatisfeita e inquieta. Ao passo que uma criança que conhece autoridade é mais calma e está sempre querendo fazer algo construtivo. O Amor vem da Autoridade A base do verdadeiro amor é a autoridade que vem da lei. Sem lei não há autoridade, sem autoridade não há segurança, e sem segurança não há amor. O fator negativo é necessário para produzir o positivo. O amor que deixa a criança fazer o que quer não é amor. Ela tem necessidade de conhecer seus limites e saber o que é certo e o que é errado. A criança que faz o que quer não sente segurança. No fundo sua consciência a acusa de que está errada, mas sem a autoridade dos pais não consegue parar de fazer aquilo. Os pais não se sentem bem com ela e nem ela os respeita, e ambos acabam ficando frustrados. E num ambiente assim o verdadeiro amor não pode fluir, mas se tem autoridade no lar todos sentem paz porque a coisa certa está acontecendo, e assim o amor pode fluir. Gálatas 3:23 e 24. Vemos aqui que antes de mostrar sua graça e misericórdia Deus deu a lei. "Mas, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei... De maneira que a lei nos serviu de aio (preceptor de crianças ilustres ou ricas) para nos conduzir a Cristo." Sem a lei não podemos entender e aceitar a graça. Sem a lei somos "bonzinhos" e bonzinhos não precisam da graça de Deus. A lei é necessária para mostrar nossa situação e necessidade da graça. No contexto da formação da família poderíamos interpretar o versículo 23 assim: "Antes que venha a graça no lar, devemos disciplinar nossos filhos na lei, para que mais tarde possam entender e aceitar a graça de Jesus Cristo" . Este é um princípio muito firme que precisa operar nos lares cristãos. Não podemos pensar que nossos filhos entendem a graça. Nem nós ainda entendemos bem, quanto menos eles. Os pais são representantes da autoridade de Deus para os filhos. Têm a função de aio até o tempo da graça lhes ser revelada. Sempre falei com minha família: "Se a graça não funciona, a lei vai funcionar. Se você não quer fazer isto pela graça, vai fazer pela lei". E isto funciona porque acaba com a indefinição. Não pense que estou desprezando a graça de Deus. Eu creio nela e à medida que usei a lei com meus filhos ensinava-os sobre a graça e o amor de Deus e a possibilidade disto acontecer. Porém, não creio em anarquia que dá lugar a Satanás para se aproveitar do amor de Deus e deixar as pessoas fazerem o que quiserem. Enquanto não entende a graça, a criança precisa de definição, de autoridade. E através da autoridade dos pais ela vai entender como Deus é e estará sendo preparada para conhecer a Cristo e o Seu amor. O amor e alegria verdadeiros fluem de um ambiente com ordem e princípios, e não com anarquia. É claro que só o lado negativo não vai resolver tudo; no final o positivo e o negativo precisam ser equilibrados. Mas em nossa época o positivo tem sido tão enfatizado que torna-se necessário entender bem o negativo para aproveitar o positivo.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Nós Nos Tornamos Naquilo Que Amamos- A. W. Tozer

Nós Nos Tornamos Naquilo Que Amamos
A. W. Tozer

Estamos todos num processo de transformação. Já saímos daquilo que éramos e chegamos a esta posição onde estamos; agora estamos caminhando para aquilo que seremos.
Saber que nosso caráter não é sólido e imutável e, sim, flexível e maleável não é, em si, uma idéia que incomoda. De fato, a pessoa que conhece a si mesma pode receber grande consolo ao compreender que não está petrificada no seu estado atual; que é possível deixar de ser aquilo que se envergonha de ter sido até então; e que pode caminhar em direção à transformação que seu coração tanto almeja.
O que perturba não é o fato de estarmos em transformação, e sim no quê estamos nos tornando; não é problema o estarmos em movimento, precisamos saber para onde estamos nos movendo. Pois não está na natureza humana mover-se num plano horizontal; ou estamos subindo ou descendo, alçando vôo ou afundando. Quando um ser moral (com o poder de escolha) se desloca de uma posição a outra, necessariamente é para o melhor ou para o pior.
Isto é confirmado por uma lei espiritual revelada no Apocalipse: "Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se" (Ap 22.11).
Não só estamos todos num processo de transformação, mas estamos nos tornando naquilo que amamos. Em grande medida, somos a somatória de tudo que amamos e, por necessidade moral, cresceremos na imagem daquilo que mais amamos; pois o amor, entre outras coisas, é uma afinidade criativa; muda, molda, modela e transforma. É sem dúvida o mais poderoso agente que afeta a natureza humana depois da ação direta do Espírito Santo dentro da alma.
O objeto do nosso amor, então, não é um assunto insignificante a ser desprezado. Pelo contrário, é de importância atual, crítica e permanente. É profético do nosso futuro. Mostra-nos o que seremos e, desta forma, prediz com precisão nosso destino eterno.
Amar objetos errados é fatal para o crescimento espiritual; torce e deforma a vida e torna impossível a imagem de Cristo se formar na alma humana. É somente quando amamos as coisas certas que nós mesmos podemos estar certos; e é somente enquanto continuamos amando-as que podemos nos deslocar lenta, mas firmemente, em direção aos objetos da nossa afeição purificada.
Isto nos dá em parte (e somente em parte) uma explicação racional para o primeiro e grande mandamento: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento" (Mt 22.37).
Tornar-se semelhante a Deus é, e precisa ser, o supremo objetivo de toda criatura moral. Esta é a razão da sua criação, a finalidade sem a qual não existiria nenhuma desculpa para sua existência. Deixando de fora, no momento, aqueles estranhos e belos seres celestiais a respeito dos quais conhecemos tão pouco (os anjos), concentraremos nossa atenção na raça caída da humanidade. Criados originalmente na imagem de Deus, não permanecemos no nosso estado original, deixamos nossa habitação apropriada, ouvimos os conselhos de Satanás e andamos de acordo com o curso deste mundo e com o espírito que agora opera nos filhos da desobediência.
Mas Deus, que é rico em misericórdia, com seu grande amor com que nos amou, mesmo quando estávamos mortos em nossos pecados, proveu-nos expiação. A suprema obra de Cristo na redenção não foi salvar-nos do inferno, mas restaurar-nos à semelhança de Deus, ao propósito declarado em Romanos 8: "Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho" (Rm 8.29).
Embora a perfeita restauração à imagem divina aguarda o dia do aparecimento de Cristo, a obra da restauração está em andamento agora. Há uma lenta, porém firme, transmutação do vil e impuro metal da natureza humana para o ouro da semelhança divina, que ocorre quando a alma contempla com fé a glória de Deus na face de Jesus Cristo ( 2 Co 3.18).
Supremo Amor a Deus
Neste ponto, seria proveitoso antecipar uma dificuldade e tentar esclarecê-la. É a questão que surge de um conceito errado sobre o amor. Este conceito errado pode ser definido mais ou menos assim: O amor é volúvel, imprevisível e quase totalmente fora do nosso controle. Surge espontaneamente e tanto pode perdurar como apagar-se sozinho. Como, então, podemos controlar nosso amor? Como podemos direcioná-lo para objetos mais ou menos dignos? E, especialmente, como podemos obrigá-lo a focalizar-se em Deus como o objeto apropriado e permanente da sua devoção?
Se o amor fosse, de fato, imprevisível e além do nosso controle, estas perguntas não teriam respostas satisfatórias e nossa perspectiva seria desoladora. A simples verdade, entretanto, é que o amor espiritual não é esta emoção caprichosa e irresponsável que as pessoas pensam erroneamente que é. O amor é servo da nossa vontade e sempre terá de ir para onde for enviado e fazer o que lhe foi ordenado.
A expressão romântica "apaixonar-se" nos deu a noção que somos obrigatoriamente vítimas das flechas do Cupido e que não podemos ter controle algum sobre nossos sentimentos. Os jovens hoje esperam se apaixonar e ser arrebatados por uma tempestade de emoções deliciosas. Inconscientemente, estendemos este conceito de amor à nossa relação com o Criador e nos perguntamos: Como podemos nos obrigar a amar a Deus acima de todas as coisas?
A resposta a esta pergunta, e a todas as outras relacionadas a ela, é que o amor que temos por Deus não é o amor do sentir, mas o amor do querer. O amor está dentro do nosso poder de escolha, de outra forma não teríamos na Bíblia a ordem de amar a Deus, nem teríamos de prestar contas por não amá-lo.
A mistura do ideal de amor romântico com o conceito de como nos relacionar com Deus foi extremamente prejudicial às nossas vidas cristãs. A idéia de que é necessário "apaixonar-se" por Deus, como algo passivo da nossa parte, fora do nosso controle, é uma atitude ignóbil, antibíblica, indigna da nossa parte e que certamente não traz honra alguma ao Deus Altíssimo. Não chegamos ao amor por Deus através de uma repentina visitação emotiva. O amor por Deus vem do arrependimento, de um desejo de mudar o rumo da vida e de uma determinação resoluta de amá-lo. À medida que Deus entra de maneira mais completa no foco do nosso coração, nosso amor por ele pode, de fato, expandir-se e crescer dentro de nós até varrer, qual enchente, tudo que estiver à sua frente.
Mas não devemos esperar por esta intensidade de sentimento. Não somos responsáveis por sentir, somos responsáveis por amar, e o verdadeiro amor espiritual começa com o querer. Devemos fixar nosso coração para amar a Deus acima de todas as coisas, por mais frio ou duro que este possa estar, e depois confirmar nosso amor através de cuidadosa e alegre obediência à sua Palavra. Emoções prazerosas certamente seguirão. Cânticos de passarinhos e flores não produzem a primavera, mas quando a primavera chega todos estes sinais a acompanharão.
Agora, apresso-me em negar qualquer identificação com a idéia popular de salvação por esforço humano ou força de vontade. Estou radicalmente oposto a toda forma de doutrina, com "capa" cristã, que ensina a depender da "força latente dentro de nós", ou a confiar em "pensamento criativo" no lugar do poder de Deus. Todas estas filosofias infundadas falham exatamente no mesmo ponto – por presumirem erroneamente que a correnteza da natureza humana possa ser levada a voltar e subir as cataratas no sentido contrário. Isto é impossível. "A salvação vem do Senhor."
Para ser salvo, o homem perdido precisa ser alcançado pelo poder de Deus e elevado a um nível superior. Precisa haver uma transmissão de vida divina no mistério do novo nascimento, antes de poder aplicar à sua vida as palavras do apóstolo: "E todos nós, que com a face descoberta contemplamos a glória do Senhor, segundo a sua imagem estamos sendo transformados com glória cada vez maior, a qual vem do Senhor, que é o Espírito" (2 Co 3.18, NVI).
Ficou estabelecido aqui, espero, que a natureza humana está num processo de formação e que vai progressivamente se transformando na imagem daquilo que ama. Homens e mulheres são amoldados por suas afeições e poderosamente afetados pelo desenho artístico daquilo que amam. Neste mundo adâmico e caído, isto produz diariamente tragédias de proporções cósmicas. Pense no poder que transformou um garotinho inocente, de bochechas rosadas, num Nero ou num Hitler. E Jezabel, será que sempre foi a mulher maldita cuja cabeça nem os cachorros quiseram comer? Não! No princípio, ela também sonhou com a pureza de uma garotinha e se enrubescia ao pensar no amor sentimental; mas logo ficou atraída por coisas perversas, admirava-as e finalmente passou a amá-las. Aí a lei da afinidade moral tomou conta e Jezabel, como argila na mão do oleiro, se tornou aquele ser deformado e odioso que os eunucos jogaram pela janela (2 Rs 9.30-37).
Objetos Morais Dignos do Nosso Amor
Nosso Pai celestial proveu para seus filhos objetos morais e dignos de serem admirados e amados. São para Deus como as cores no arco-íris em volta do trono. Não são Deus, porém estão mais próximos a Deus; não podemos amá-lo sem amar estas coisas e à medida que as amarmos, seremos capacitados a amá-lo ainda mais. Quais são elas?
A primeira é justiça. Nosso Senhor Jesus amava justiça e odiava iniqüidade (Hb 1.9). Por esta razão, Deus o ungiu com o óleo da alegria acima de todos seus companheiros. Aqui temos um padrão definido. Amar implica também em odiar. O coração atraído à justiça será repelido pela iniqüidade no mesmo grau de intensidade; esta repulsão moral é ódio. A pessoa mais santa é aquela que mais ama a justiça e que odeia o mal com o ódio mais perfeito.
Depois vem a sabedoria. Temos a palavra "filosofia", que vem dos gregos e significa o amor à sabedoria; porém os profetas hebreus vieram antes dos filósofos gregos e seu conceito de sabedoria era muito mais elevado e espiritual do que qualquer coisa que se conhecesse na Grécia. A literatura da sabedoria no Velho Testamento – Provérbios, Eclesiastes e alguns dos Salmos – pulsa com um amor à sabedoria desconhecido até por Platão.
Os escritores do Velho Testamento colocam a sabedoria num plano tão elevado que às vezes mal conseguimos distinguir a sabedoria que vem de Deus da sabedoria que é Deus. Os hebreus anteciparam por alguns séculos o conceito grego de Deus como a essência da sabedoria, embora seu conceito da sabedoria fosse mais moral do que intelectual. Para os hebreus, o homem sábio era o homem bom e piedoso, e sabedoria na sua maior nobreza era amar a Deus e guardar seus mandamentos. O pensador hebreu não conseguia separar sabedoria de justiça.
Um outro objeto para o amor cristão é a verdade. Aqui também teremos dificuldade em separar a verdade de Deus da sua pessoa. Cristo disse: "Eu sou a verdade", e ao dizer isso, uniu verdade com a divindade de forma indissolúvel. Amar a Deus é amar a verdade, e amar a verdade com ardor constante é crescer em direção à imagem da verdade e afastar-se da mentira e do erro.
Não é necessário tentar relacionar todas as outras coisas boas e santas que Deus aprovou como nossos modelos. A Bíblia as coloca diante de nós: misericórdia, bondade, pureza, humildade, compaixão e muitas outras, e aqueles que forem ensinados pelo Espírito saberão o que fazer a respeito delas.
Em síntese, devemos amar e cultivar interesse em tudo que é moralmente belo. Foi por isto que Paulo escreveu aos filipenses: "Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas" (Fp 4.8).

Irmãos em Cristo Jesus.

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Mt 5:14 "Vós sois a luz do mundo"

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