sábado, 31 de maio de 2008

Um Entendimento Bíblico do Inferno -Matt Perman

Um Entendimento Bíblico do Inferno
Matt Perman

Extraído do Site www.celebrandodeus.com


“Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado...” (João 3:17-18). A Bíblia ensina que toda pessoa é culpada de pecado. Pecado é escolher antes o nosso próprio caminho do que o de Deus; é rebelião contra Deus; e num sentido real é um ataque contra a santidade de Deus. Porque Deus é justo e reto, bem como amoroso, Ele não pode meramente fazer vistas grossas para o nosso pecado. Poderia Deus ser realmente justo se Ele não fizesse nada sobre os ataques contra Sua santidade?A Bíblia ensina que nossos pecados merecem a penalidade de morte. Visto que todos pecaram, isto significa que todos são merecedores do julgamento de Deus no inferno. Por causa do Seu amor, Deus enviou Seu Filho Jesus para nos salvar deste julgamento. Ele morreu na cruz em nosso lugar para pagar a penalidade de nossos pecados. Sendo julgado em nosso lugar, Jesus satisfez a justiça de Deus e fez possível para nós o receber o perdão [NT: isto é, Deus não poderia perdoar sem uma satisfação da Sua justiça]. Deus fez tudo que era necessário para nos resgatar da penalidade de nossos pecados. Nós temos a responsabilidade de responder à livre oferta de perdão de Deus voltando-nos de nossos pecados e confiando em Jesus para nos perdoar e nos dar a vida eterna. A penalidade para os nossos pecados deve ser paga. Aqueles que não aceitam a Jesus e Sua obra sobre a cruz devem pagar, eles mesmos, esta penalidade no inferno por toda eternidade.O assunto do inferno é deveras muito difícil e aterrorizador. Todavia, ele é um claro ensino da Bíblia e necessita ser entendido; não podemos ignorar os fatos sobre algo que Deus revelou simplesmente porque ele é desconfortável. Este artigo foi escrito para encorajar nosso entendimento e para esclarecer muita confusão sobre este importante assunto.

O Inferno é Real

Jesus repetidamente advertiu sobre o inferno. Por exemplo, veja Mateus 5:21-22, 27-30; 23:15,33. Negar a existência do inferno é, portanto, rejeitar a autoridade de Jesus. Seria estranhamente inconsistente aceitar Jesus como Senhor, mas rejeitar um aspecto de Seu ensino. Além do mais, isto seria colocar uma gigantesca falha moral no caráter de Cristo, se Ele ensinasse sobre a realidade do inferno quando na verdade ele não fosse um perigo para ninguém. Deve ser entendido, contudo, que Jesus não quer que as pessoas vão para o inferno – Ele veio para que pudéssemos ser resgatados através da fé nEle. O inferno é a conseqüência necessária de não aceitar o convite de Cristo para salvação – se alguém recusar estar com Ele no céu, a única alternativa restante é estar separado dEle no inferno.

O Inferno é um Lugar

O inferno é sempre referido como sendo um lugar. A palavra grega usada para inferno nos Evangelhos é gehenna, uma transliteração da expressão hebraica, “Vale de Hinon”. Neste vale (que estava localizado fora de Jerusalém), sacrifícios humanos foram oferecidos aos falsos deuses em vários pontos na história de Israel (2 Reis 16:3; 21:6; 2 Crônicas 28:3; Jeremias 32:35). Mais tarde ele se tornou um “depósito de lixo” de Jerusalém, com um fogo que continuamente queimava consumindo seu entulho. Quando Jesus usou gehenna para se referir ao inferno, isto chamou a atenção dos seus ouvintes para este vale, e eles entenderam o terrível sofrimento que os ímpios experimentariam.

O Inferno é um Lugar de Castigo

Na conclusão de uma parábola, Jesus falou do servo fiel como sendo recompensado, mas disse que o infiel como sendo “cortado pelo meio e separado num lugar com os hipócritas, onde haverá choro e ranger de dentes” (Mateus 24:51). Ambos os Testamentos falam de “cortar pelo meio” como um castigo severo (Deuteronômio 32:41; Hebreus 11:37). Jesus provavelmente não quis dizer que os perdidos serão literalmente “cortados pelo meio”, mas estava usando a expressão para dizer que eles seriam castigados. Algumas passagens adicionais sobre o terrível castigo do inferno são Hebreus 10:29; 2 Tessalonicenses 1:8,9; Apocalipse 19:20; 20:10. Neste ponto, deveria também ser observado que as imagens de fogo no inferno não devem ser tomadas com um literalismo grosseiro, mas são descrições de terror e sofrimento do inferno com uma linguagem do presente mundo.Há dois aspectos do castigo no inferno – a dor de perda e a dor de sentir. A dor de perda é a ausência de tudo que é bom; mais significativamente é a separação de Deus. Isto não quer dizer que Deus não está no inferno; significa que aqueles no inferno não terão comunhão com Deus e não experimentarão nada de Seu amor, graça ou benção. Em outras palavras, eles serão isolados de qualquer gozo de Sua glória espetacular. Este é o significado da imagem de trevas usada para descrever o destino dos perdidos. Aqueles no inferno experimentarão a ira e a justiça de Deus. A dor de sentir é o sofrimento do tormento no corpo e na alma – a adição de castigo indesejado. Ambos destes aspectos do inferno são transmitidos por Jesus em Mateus 25:41, quando Ele diz aos perdidos “Apartai-vos de mim [a punição de perda], malditos, para o fogo eterno [a punição de sentir – tormento] preparado para o diabo e seus anjos”. Resumindo, o castigo do perdido é a subtração de benção e a punição de sentir é a adição de tormento físico e espiritual. Nesta seção, investigaremos a punição de sentir. Depois, discutiremos a punição da separação.

Castigo envolve exposição à ira de Deus: Hebreus 10:27,31; Romanos 2:5; João 3:36.

Castigo no inferno será um resultado de exposição à ira de Deus. Embora Deus não esteja no inferno em graça e benção, Ele está lá em santidade de ira. João 3:36 diz “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece”. Apocalipse 14:9-11 diz que “Se alguém adorar a besta, e a sua imagem, e receber o sinal na sua testa, ou na sua mão. Também este beberá do vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice da sua ira; e será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do Cordeiro. E a fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre; e não têm repouso nem de dia nem de noite os que adoram a besta e a sua imagem, e aquele que receber o sinal do seu nome”.A ira de Deus é a justa afirmação de Sua santidade contra tudo que é impuro; ela resulta no castigo retributivo. Beber a “taça da ira de Deus” significa que o perdido sofrerá diretamente esta ira no inferno. Exatamente como a ira de Deus será experimentada, eu não sei (Romanos 1:18-32 e Judas 7 talvez dêem alguma visão parcial disto). O que é visto claramente é que aqueles no inferno serão atormentados por causa da ira de Deus. Uso de João das palavras “ira” e “sem mistura” mostram o terror de se cair nas mãos do Deus vivo. Devemos notar que Deus tolera pecado somente até quando Ele responde em ira.

Castigo envolve terrível dor:

Mateus 13:30, 40-43, 49-50; 18:6-9; 24:51. Em Mateus 13:42 Jesus diz “E lançá-los-ão [os incrédulos] na fornalha de fogo; ali haverá choro e ranger de dentes”. Alguns sustentam que a imagem de fogo significa aniquilação do ímpio. Mas Jesus não associa fogo com aniquilação, mas com dor “ranger de dentes”. Cinco vezes em Mateus Jesus descreve aqueles no inferno como pranteando e rangendo os dentes; as pessoas estão “rangendo os dentes” por causa da terrível dor (veja Mateus 8:12; 13:42,50; 22:13; 24:51). Jesus fala do fogo causando dor, não consumação (veja também Mateus 13:49-50).

Castigo envolve consciente tormento:

Apocalipse 14:10,11; 20:10; Lucas 16:23, 28.Temos visto muitas passagens das Escrituras indicando a terrível dor e tormento do castigo no inferno, que resulta da exposição à ira de Deus. Quase não se precisa dizer que isto tudo será experimentado conscientemente pela pessoa (de outra forma não seria castigo), e isto é confirmado pela famosa parábola de Jesus do homem rico e Lázaro em Lucas 16:19-31. O homem rico, que tinha sido ganancioso e nunca tinha se arrependido de seu pecado, foi para o Hades e experimentou tormento após a morte. Este homem estava ciente e consciente do tormento, a ponto de dizer “Estou atormentado nesta chama”. Craig Blomberg, um especialista no estudo de parábolas, diz que devemos derivar um ponto a partir de cada personagem principal numa parábola. Tomando os princípios de interpretação de Blomberg, podemos traçar muitos ensinos significativos desta parábola. Primeiro, como Lázaro, haverá vida com Deus para o povo de Deus. Segundo, o impenitente experimentará julgamento irreversível como o homem rico. Note que Jesus deixa claro que não há segunda chance após a morte, mas em vez disso, haverá um abismo intransponível entre céu e inferno (16:26). Terceiro, Deus adequadamente Se revela através das Escrituras de forma que ninguém que negligencia esta revelação pode legitimamente protestar contra o seu destino. Robert Stein, outro erudito em parábolas, ensina “a regra da tensão final”. Isto significa que Jesus guarda a idéia principal da parábola para o final, a fim de deixar a parte mais significativa nas mentes de Seus ouvintes. O ponto final nesta parábola é que a palavra de Deus é necessária e suficiente para salvação – negligenciá-la é cometer “suicídio espiritual”. A parábola termina com a declaração, “Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos” (16:31). O interesse principal de Jesus parece ser trazer a atenção à severidade de se ignorar a mensagem da Bíblia.

O Inferno é um Lugar de Separação

Tendo examinado o castigo de sentir no inferno, examinaremos o segundo aspecto do horror do inferno – exclusão de Deus e dos outros.
De Deus: Efésios 2:12; 5:8; Romanos 6:23; Mateus 7:23; 8:12; 2 Tessalonicenses 1:8, 9; Judas 13
Em Mateus 7:23 expressa uma das palavras mais chocantes da Bíblia. Tendo advertido dos falsos profetas que parecem bons exteriormente, mas cujos pecados no final das contas os separará, Jesus se volta para o assunto dos falsos discípulos: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade”. Quão terrível será que estas pessoas esperando ganhar entrada no céu no dia do julgamento, somente descobrirão que elas nunca estiveram realmente em comunhão com Jesus. Isto deveria ser um chamado para seriamente examinarmos a nós mesmos e “ver se estamos na fé” (2 Coríntios 13:5).Mateus 25:30 diz que os perdidos serão “lançados nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes”. Ser lançado nas trevas exteriores simboliza ser excluído da gloriosa luz da presença de Deus, ou seja, é uma ausência de todo bem. O ranger de dentes simboliza o extremo sofrimento e remorso. 2 Tessalonicenses 1:7-9 diz, "Quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder em chama de fogo, e tomar vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus; os quais sofrerão, como castigo, a perdição eterna, banidos da face do senhor e da glória do seu poder”. Aqueles que não conhecem a Deus serão excluídos de Sua presença para sempre quando Cristo voltar. Novamente, é importante notar que quando falamos daqueles no inferno como estando “separados” de Deus, isto não significa que Deus não está no inferno. Significa que os perdidos serão separados da comunhão com Ele – eles não experimentarão Sua gloriosa presença e amor, mas antes a Sua ira e desprazer.De outros: Mateus 8:12; 22:13; 25:30; Judas 13; Apocalipse 22:14 Em Mateus 8:11-12 Jesus novamente declara que os incrédulos “serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes”. Isto está em contraste aos muitos que “virão do oriente e do ocidente, e reclinar-se-ão à mesa de Abraão, Isaque e Jacó, no reino dos céus”. Os perdidos serão lançados nas “trevas exteriores”, indicando isolamento e separação de tudo que é bom. E como mostrado pela exclusão do banquete, os incrédulos serão excluídos dos gozos do céu e da presença de outras pessoas. Mateus 22:13 e versos seguintes listam descrevem ainda mais o inferno como um lugar de trevas e separação.

O Inferno é um Lugar de Profundo Lamento

Sete vezes é dito que “haverá pranto e ranger de dentes” (Mateus 8:12; 13:42, 50; 22:13; 24:51; 25:30; e Lucas 13:28). O pranto significa um grito profundo numa dor terrível, que resulta num profundo lamento.

O Inferno tem Graus de Sofrimento

Todos que estão no inferno não recebem o mesmo castigo. Embora todas pessoas estarão igualmente separadas de Deus (que é o castigo de perda), ninguém experimentará o mesmo castigo de sentir. Os graus de castigo são baseados sobre a quantia de luz recebida e sobre as obras da pessoa.
De acordo com a luz recebida Um conhecimento maior de Deus traz consigo uma maior responsabilidade. Isto significa que quanto maior a quantidade de luz rejeitada, maior o julgamento. Isto é evidente em Mateus 11:21-24: “Ai de ti, Corazin! ai de ti, Betsaida! porque, se em Tiro e em Sidom, se tivessem operado os milagres que em vós se operaram, há muito elas se teriam arrependido em cilício e em cinza. Contudo, eu vos digo que para Tiro e Sidom haverá menos rigor, no dia do juízo, do que para vós. E tu, Cafarnaum, porventura serás elevada até o céu? até o hades descerás; porque, se em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje. Contudo, eu vos digo que no dia do juízo haverá menos rigor para a terra de Sodoma do que para ti”. Aqueles de Cafarnaum teriam um julgamento mais severo porque tiveram mais luz. Este é talvez um conceito preocupante para aqueles de nós nos Estados Unidos, onde há pelo menos três vezes mais Bíblias do que pessoas. Em Lucas 12:42-48 Jesus é também claro que haverá graus de castigo no inferno. No final de Sua parábola, Jesus distingue os castigos de “muitos açoites” e “poucos açoites” baseado sobre a quantia de conhecimento que os servos infiéis (que representam os perdidos) tiveram da vontade de seus senhores. Ele diz “O servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; mas o que não a soube, e fez coisas que mereciam castigo, com poucos açoites será castigado” (Lucas 12:47-48). O princípio básico é que “a quem muito é dado, muito se lhe requererá; e a quem muito é confiado, mais ainda se lhe pedirá” (v. 48).

De acordo com as obrasPaulo diz em Romanos 2:5 que os incrédulos estão “entesourando ira para si mesmos”. A palavra usada para ira nesta passagem é a mesma palavra usada quando Jesus encoraja os crentes para “ajuntar tesouros no céu” (Mateus 6:20). Assim como algumas pessoas têm mais tesouro “ajuntado no céu” por causa de sua obediência à Deus, assim também algumas pessoas têm mais ira “entesourada” para eles mesmos por causa de sua expressa desobediência e rejeição de Deus. Julgamento de acordo com as obras garante que o castigo “conforme o crime” e que o perdido será castigado em proporção com os seus pecados.

Satanás não Governa no Inferno

Um mal-entendido comum é que Satanás governa no inferno. De acordo com a Bíblia, isto não pode ser verdade porque o próprio Satanás será eterna e terrivelmente atormentado no Lago de Fogo. Ele não será capaz de atormentar ninguém mais lá, muito menos governar, por causa do terrível destino que ele estará experimentando.

O Inferno é Eterno

No julgamento, Jesus dirá para os incrédulos: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eteno preparado para o diabo e seus anjos” (Mateus 25:41). Este verso mostra que o inferno não foi originalmente criado para os seres humanos, mas para Satanás e seus demônios. Por causa da rejeição da humanidade de Deus, aqueles que recusam vir a Cristo participarão do destino do diabo. Apocalipse 20:10 elabora ainda mais sobre o destino do diabo: “O Diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde estão a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados pelos séculos dos séculos”. Visto que os incrédulos compartilharão o destino do diabo, e o diabo sofrerá o tormento no inferno para sempre, os incrédulos também sofrerão o tormento eterno. Também observe que Jesus disse que o fogo é eterno, o que não poderia ser dito se o inferno fosse somente temporário.Mateus 25:46 é o mais claro testemunho de que as pessoas que estão no inferno sofrerão eternamente: “E irão eles [os ímpios] para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna”. Jesus está traçando um paralelo entre os destinos dos ímpios e dos justos. Visto que ambos destinos são ditos ser eternos, “segue-se necessariamente que ambos devem ser tomados ou com um lugar de longa duração mais finito, ou ambos como um lugar sem fim e perpétuo. As frases ‘castigo eterno’ e ‘vida eterna’ são paralelas e seria um absurdo usá-las numa e mesma sentença para significar: ‘Vida eterna será infinita, enquanto castigo eterno terá um fim’. Por conseguinte, porque a vida eterna dos santos será sem fim, o castigo eterno também...” Jesus assevera que no inferno “o fogo não se apaga” (Marcos 9:48). Quando o fogo consome seu combustível, ele desaparece. O fogo do inferno nunca desaparecerá porque o seu trabalho nunca é consumado. Portanto, o fogo nunca desaparece porque o ímpio sofre eterno tormento no inferno, não extinção eventual. A declaração do apóstolo João em Apocalipse 14:9-11 que os ímpios serão atormentados “com fogo e enxofre” refuta a reivindicação aniquilacionista de que o propósito do foto no julgamento é de dar fim à existência de alguém (O aniquilacionismo ensina que os perdidos serão um dia aniquilados no inferno e cessarão de existir). João é claro aqui que o propósito do enxofre é atormentar, não aniquilar.Que a “fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre” (Apocalipse 14:11) também significa que os sofrimentos do inferno não terão fim. O aniquilacionismo ensina que João pretendia fazer uma distinção entre o fogo e a fumaça quando ele escreveu isso, e, portanto, ele não está dizendo que o castigo será eterno. É dito que embora a fumaça será para todo o sempre, o fogo não durará para sempre (mas somente até os ímpios serem extinguidos e cessarem de existir). Esta é uma séria distorção do texto. A fumaça não pode subir eternamente se não houve fogo para isso. Além do mais, não há indicação que João pretendesse distinguir entre a fumaça levantando para sempre, mas o fogo não durando para sempre.Apocalipse 20:10 é claro que o Diabo, a Besta e o Falso Profeta perecerão eternamente em tormento: “Eles serão atormentados dia e noite para todo o sempre”. Visto que Jesus ensinou que os incrédulos compartilharão o destino do diabo e de seus anjos (Mateus 25:41), os incrédulos também serão atormentados para sempre. Apocalipse 20:15 também é claro que os incrédulos serão lançados no Lago de Fogo assim como o Diabo será.Judas 7 diz, “Assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se prostituído como aqueles anjos, e ido após outra carne, foram postas como exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno”. Primeiro, note que o fogo é um castigo. Depois, observe que ele é eterno. Visto que o fogo denota castigo, e ele é eterno, então, o castigo deve ser eterno. Para aqueles que sustentam que o fogo indica que o ímpio será destruído, devemos notar que Judas claramente define o fogo como sendo um castigo para o ímpio, não um agente para extinguir a existência deles. Uma pessoa precisa existir para ser castigada.
O historiador eclesiástico inglês Richard J. Bauckham acrescenta sobre o uso de Judas de Sodoma e Gomorra como um exemplo terreno e temporal do destino daqueles no inferno: “A idéia é que o lugar das cidades...um cenário de devastação sulfúrica, provê uma evidência já presente da realidade do divino julgamento...De acordo com Philo [um escritor judeu do primeiro século] até estes dias os sinais visíveis do desastre indescritível são observados Síria – ruínas, cinzas, exofre, fumaça e chamas sombrias que continuam a se levantar do chão como se um fogo ainda queimasse lentamente embaixo’...Judas quis dizer que o lugar ainda em chamas é uma imagem de advertência do fogo eterno do inferno”. [2]Judas 13 diz “Estes [falsos mestres] são ondas furiosas do mar, espumando as suas próprias torpezas, estrelas errantes, para as quais tem sido reservado para sempre o negrume das trevas”. O negrume, denotando completa separação e isolamento, é “reservado para sempre”; assim, ele não terá fim. Esta declaração é muito clara.Jesus expele os iníquos para “o fogo eterno preparado para o diabo e seus anjos” (Mateus 25:41). João diz que isto envolve ser atormentado dia e noite para sempre e sempre (Apocalipse 20:10). A Bíblia é clara – o inferno é eterno.

Os Estados Intermediário e Final

A última coisa que deve ser observada é que a Bíblia distingue entre o estado intermediário e o estado final. O estado intermediário é a separação do corpo e da alma de uma pessoa depois da morte, mas antes da ressurreição do seu corpo (a Bíblia ensina que tanto crentes como incrédulos experimentarão uma ressurreição do corpo). Este “estado intermediário” não é o purgatório, mas é a existência ou no céu com Deus (para os crentes) ou no Inferno excluído de Deus (para os incrédulos). O estado final é a existência dos crentes no novo céu na nova terra após a ressurreição, e para os descrentes a existência no Lago de Fogo (Inferno) depois de sua ressurreição.A principal diferença entre o estado intermediário e o final é que durante o estado intermediário a pessoa não terá ainda o seu corpo ressuscitado, e no estado final todos terão seus corpos ressuscitados. O estado intermediário para os perdidos não é tecnicamente o inferno. O inferno é o Lago de Fogo após o retorno de Cristo e o Último julgamento. Contudo, os aspectos do inferno que previamente discutimos são verdadeiros tanto com relação ao estado intermediário como em relação ao estado final dos perdidos. Sofrimento consciente (para os incrédulos) e benção (para os crentes) no estado intermediário é ensinado na parábola de Jesus do homem rico e Lázaro em Lucas 16:19-31. 2 Pedro 2:9 também ensina a existência consciente após a morte, mas antes do julgamento final e da ressurreição: “O Senhor sabe livrar da tentação os piedosos, e reservar para o dia do juízo os injustos, que já estão sendo castigados”.

Conclusão

Robert Peterson resume o assunto quando ele diz que as imagens do inferno “chocam nossas sensibilidades. Elas apresentam um destino envolvendo absoluta ruína e perda (morte e destruição), eterna ira de Deus (castigo), indizível aflição e dor (pranto e ranger de dentes), terrível sofrimento (fogo), e rejeição por Deus e exclusão de Sua bendita presença (trevas e separação)”. Jesus morreu para nos salvar do inferno e nos trazer para o gozo eterno de Sua glória. Tudo o que precisamos fazer é nos voltar para Ele em arrependimento e fé, e Ele nos dará a vida eterna. Não há questão de maior importância nesta vida do que onde passaremos a eternidade.Notas
NOTAS:
1. Augustine, The City of God, 1001-2 (21.23). Citado em Robert Peterson, Hell on Trial: The Case for Eternal Punishment.
2. Richard J. Bauckham, Jude, 2 Peter, Word Biblical Commentary (Waco, TX: Word, 1983), p. 55. Citado em Peterson.
3. Robert A. Peterson, Hell on Trial: The Case for Eternal Punishment (Philipsburg, New Jersey: PR Press), p. 195. O livro de Peterson foi uma fonte primária para este artigo. É um excelente livro, saturado com as Escrituras, e escrito de uma maneira muito clara.

domingo, 25 de maio de 2008

L A BIBLIA, Su suficiencia y supremacía- C.H Mackintosh



L A BIBLIA
Su suficiencia y supremacía

C. H. Mackintosh



Sabemos de algunas personas que querrían persuadirnos con vehemencia de que las cosas están tan completamente cambiadas desde que la Biblia fue escrita, que sería necesaria para nosotros otra guía distinta de la que nos proporcionan sus preciosas páginas. Esas personas nos dicen que la sociedad no es la misma ahora que la de entonces; que la Humanidad ha realizado progresos; que ha habido tal desarrollo de los poderes de la naturaleza, de los recursos de la ciencia y de las aplicaciones de la filosofía que sostener la suficiencia y supremacía de la Biblia en una época como la actual, sólo puede ser tildado de bagatela, ignorancia o tontería.

Ahora bien, aquellos que nos dicen estas cosas pueden ser personas muy inteligentes e instruidas, pero no tenemos ningún reparo en decirles que, a este respecto, yerran “ignorando las Escrituras y el poder de Dios” (Mateo 22:29). Por cierto que deseamos rendir el debido respeto al saber, al genio y al talento siempre que se encuentren en su justo lugar y en su debida labor; pero, cuando hallamos a tales individuos ensalzando sus arrogantes cabezas por encima de la Palabra de Dios, cuando les hallamos sentados como jueces, mancillando y desprestigiando aquella incomparable revelación, sentimos que no les debemos el menor respeto y les tratamos ciertamente como a tantos agentes del diablo que se esfuerzan por sacudir aquellos eternos pilares sobre los cuales ha descansado siempre la fe del pueblo de Dios. No podemos oír ni por un momento a hombres —por profundos que sean sus discursos y pensamientos— que osan tratar al Libro de Dios como si fuera un libro humano y hablar de esas páginas que fueron compuestas por el Dios todosabio, todopoderoso y eterno, como si fueran producto de un mero mortal, débil y ciego.

Es importante que el lector vea claramente que los hombres o bien deben negar que la Biblia es la Palabra de Dios, o bien deben admitir su suficiencia y supremacía en todas las épocas y en todos los países, en todos los períodos y en todas las condiciones del género humano. Dios ha escrito un libro para la guía del hombre, y nosotros sostenemos que ese libro es ampliamente suficiente para ese fin, sin importar cuándo, dónde o cómo encontremos a su destinatario. “Toda la Escritura es inspirada por Dios... a fin de que el hombre de Dios sea perfecto (griego: a[rtiov")[1], enteramente preparado para toda buena obra” (2.ª Timoteo 3:16-17). Esto seguramente es suficiente. Ser perfecto y estar enteramente preparado debe necesariamente implicar la independencia del hombre de todos los argumentos humanos de la Filosofía y de la pretendida Ciencia.

Sabemos muy bien que al escribir así nos exponemos a la burla del instruido racionalista y del culto e ilustre filósofo. Pero no somos lo suficientemente susceptibles a sus críticas.

Admiramos en gran manera cómo una mujer piadosa —aunque, sin duda, muy ignorante— contestó a un hombre erudito que estaba intentando hacerle ver que el escritor inspirado había cometido un error al afirmar que Jonás estuvo en el vientre de una ballena[2]. Él le aseguraba que tal cosa no podría ser posible, ya que la historia natural de la ballena demuestra que ella no podría tragar algo tan grande. «Bueno —dijo la mujer— yo no conozco demasiado acerca de Historia Natural, pero sé esto: si la Biblia me dijera que Jonás se tragó el gran pez, yo le creería.» Ahora bien, es posible que muchos piensen que esta pobre mujer se hallaba bajo la influencia de la ignorancia y de la ciega credulidad; pero, por nuestra parte, preferiríamos ser la mujer ignorante que confiaba en la Palabra de Dios antes que el instruido racionalista que trataba de menoscabar la autoridad de esta última. No tenemos la menor duda en cuanto a quién se hallaba en la posición correcta.

Pero no vaya a suponerse que preferimos la ignorancia al saber. Ninguno se imagine que menospreciamos los descubrimientos de la Ciencia o que tratamos con desdén los logros de la sana Filosofía. Lejos de ello. Les brindamos el mayor respeto en su propia esfera. No podríamos expresar cuánto apreciamos la labor de aquellos hombres versados que dedicaron sus energías al trabajo de desbrozar el texto sagrado de los diversos errores y alteraciones que, a través de los siglos, se habían deslizado en él, a causa del descuido y la flaqueza de los copistas, de lo cual el astuto y maligno enemigo supo sacar provecho. Todo esfuerzo realizado con miras a preservar, desarrollar, ilustrar y dar vigor a las preciosas verdades de la Escritura lo estimamos en muy alto grado; pero, por otro lado, cuando hallamos a hombres que hacen uso de su sabiduría, de su ciencia y de su filosofía con el objeto de socavar el sagrado edificio de la revelación divina, creemos que es nuestro deber alzar nuestras voces de la manera más fuerte y clara contra ellos y advertir al lector, muy solemnemente, contra la funesta influencia de tales individuos.

Creemos que la Biblia, tal como está escrita en las lenguas originales —hebreo y griego—, es la Palabra misma del sabio y único Dios verdadero, para quien un día es como mil años y mil años como un día, quien vio el fin desde el principio, y no sólo el fin, sino todos los períodos del camino. Sería, pues, una positiva blasfemia afirmar que «hemos llegado a una etapa de nuestra carrera en la cual la Biblia ya no es suficiente», o que «estamos obligados a seguir un rumbo fuera de sus límites para hallar una guía e instrucción amplias para el tiempo actual y para cada momento de nuestro peregrinaje terrenal». La Biblia es un mapa perfecto en el cual cada exigencia del navegante cristiano ha sido prevista. Cada roca, cada banco de arena, cada escollo, cada cabo, cada isla, han sido cuidadosamente asentados. Todas las necesidades de la Iglesia de Dios para todos aquellos que la conforman, han sido plenamente provistas. ¿Cómo podría ser de otro modo si admitimos que la Biblia es la Palabra de Dios? ¿Podría la mente de Dios haber proyectado o su dedo haber trazado un mapa imperfecto? ¡Imposible! O bien debemos negar la divinidad, o bien admitir la suficiencia del «Libro». Nos aferramos tenazmente a la segunda opción. No existe término medio entre estas dos posibilidades. Si el libro es incompleto, no puede ser de Dios; si es de Dios, debe ser perfecto. Pero si nos vemos obligados a recurrir a otras fuentes para guía e instrucción referente a la Iglesia de Dios y a aquellos que la conforman —cualesquiera sean sus lugares— entonces la Biblia es incompleta y, por ende, no puede ser de Dios en modo alguno.


La tradición


Querido lector, ¿qué debemos hacer entonces? ¿Adónde debemos recurrir? Si la Biblia no es el manual divino y, por tanto, no es plenamente suficiente, ¿qué queda? Algunos nos sugerirán que recurramos a la tradición. ¡Ay, qué guía miserable! Tan pronto como nos hayamos internado en el amplio campo de la tradición, nuestros oídos se verán sobresaltados por causa de diez mil extraños y discordantes sonidos. Puede ser que nos encontremos con una tradición que parezca muy auténtica, muy venerable, digna de todo respeto y confianza y nos encomendemos así a su guía; pero, no bien lo hagamos, otra tradición se cruzará por nuestro camino reclamando con fuerza nuestra atención y conduciéndonos en una dirección totalmente opuesta. Así sucede con la tradición. La mente se aturde y uno se acuerda del alboroto en Éfeso, respecto del cual leemos que “unos, pues, gritaban una cosa, y otros otra; porque la concurrencia estaba confusa” (Hechos 19:32). El caso es que necesitamos una norma perfecta, y esto sólo puede hallarse en una revelación divina, la cual, como lo creemos, debe ser hallada en las páginas de nuestra tan preciosa Biblia. ¡Qué tesoro! ¡Cómo debemos bendecir a Dios por este don! ¡Cómo debemos alabar su nombre por su gran misericordia, la que no dejó a su Iglesia pendiente de la voluble tradición humana, sino de la segura luz divina! No necesitamos que la tradición asista la revelación, sino más bien utilizamos esta última para poner a prueba a aquélla. Darle lugar a la tradición humana para que acuda en auxilio de la revelación divina, es lo mismo que si prendiéramos una débil vela con el objeto de ayudar a los potentes rayos solares del mediodía.


La conveniencia

Pero existe aún otro muy engañoso y peligroso recurso presentado por el enemigo de la Biblia y, lamentablemente, aceptado por miles de integrantes del pueblo de Dios. Se trata de la conveniencia o del muy atractivo argumento de hacer todo el bien que podamos, sin prestar la debida atención a la manera en que hacemos tal bien. El árbol de la conveniencia es un árbol muy extendido, el cual produce los más atractivos frutos. Pero, ¡ah, querido lector, recuerde que esos frutos se sentirán amargos como el ajenjo al final! Sin duda, hacer todo el bien que podamos es algo bueno, pero reparemos con cuidado de qué manera lo hacemos. No nos engañemos a nosotros mismos por la vana ilusión de que Dios aceptará alguna vez servicios basados en una positiva desobediencia a su palabra. “Mi ofrenda a Dios”, decían los antiguos, a la vez que pasaban por alto descaradamente el claro mandamiento de Dios, como si Él fuese a sentir agrado en una ofrenda presentada de acuerdo con tal principio. Hay una íntima relación entre el viejo “Corbán” y la moderna «conveniencia», pues “nada hay nuevo debajo del sol” (Eclesiastés 1:9). La solemne responsabilidad de obedecer la Palabra de Dios era evadida mediante el plausible pretexto de “es Corbán”, o “mi ofrenda a Dios” (Marcos 7:7-13).

Así sucedió antiguamente. El “Corbán” de los antiguos justificó —o procuró justificar— un sinnúmero de transgresiones a la ley de Dios; y la «conveniencia» de nuestros tiempos seduce a otros tantos para que traspasen el límite trazado por revelación divina.

Ahora bien, reconocemos totalmente que la conveniencia ofrece los atractivos más codiciables. Parece algo muy placentero hacer mucho bien, lograr los fines de una benevolencia totalmente desinteresada, lograr resultados tangibles. No sería asunto fácil, por cierto, estimar debidamente las atrapantes influencias de tales cosas o la inmensa dificultad de arrojarlas por la borda. ¿Nunca nos hemos visto tentados, mientras nos manteníamos sobre la estrecha senda de la obediencia, a contemplar fuera de ella los brillantes campos de la conveniencia, a uno y otro lado, y exclamar: «¡Ay, estoy sacrificando mi utilidad por una idea!»? Sin duda; pero entonces, ¿qué ocurriría si tuviésemos un fundamento para esa «idea», así como lo tenemos para las doctrinas fundamentales de la salvación? La pregunta es: ¿Cuál es la idea? ¿Está ella basada sobre “así ha dicho el Señor”? (Amós 5:16). Si es así, entonces aferrémonos a ella tenazmente aunque diez mil partidarios de la conveniencia estuvieren profiriendo contra nosotros el penoso cargo de ciego fanatismo. Hay un inmenso poder en la respuesta breve pero tajante dada a Saúl: “¿Se complace Jehová tanto en los holocaustos y víctimas, como en que se obedezca a las palabras de Jehová? Ciertamente el obedecer es mejor que los sacrificios, y el prestar atención que la grosura de los carneros” (1.º Samuel 15:22). La palabra de Saúl fue sacrificios, en cambio la de Samuel fue obediencia. Sin duda el balido de las ovejas y el bramido de los bueyes eran apasionantes y llamativos. Ellos serían considerados como pruebas sustanciales de que algo estaba siendo hecho; mientras que, por otro lado, la senda de la obediencia parecía estrecha, silenciosa, solitaria e infructuosa. Pero, ¡qué penetrantes aquellas palabras de Samuel: “El obedecer es mejor que los sacrificios”! ¡Qué victoriosa respuesta a los más elocuentes defensores de la conveniencia! Palabras concluyentes, de lo más convincentes, las cuales nos enseñan que es mejor mantenerse firme como una estatua de mármol sobre la senda de la obediencia que lograr los fines más deseables mediante la transgresión de un claro precepto de la Palabra de Dios.

Pero nadie vaya a suponer que uno debe ser como una estatua en aquella senda de la obediencia. Lejos de ello. Hay servicios preciosos y extraordinarios para ser realizados por los obedientes, servicios que sólo pueden ser desempeñados por hombres así y que deben toda su preciosidad al hecho de ser fruto de la simple obediencia[3]. Ciertamente, esos servicios bien pueden no hallar lugar en el registro público de la ocupada y agitada actividad del hombre; pero ellos están registrados en lo alto y serán publicados a su debido tiempo. Como nos decía a menudo un querido amigo: «El cielo será el lugar más seguro y feliz para oír acerca de nuestra obra aquí abajo.» No perdamos esto de vista, y prosigamos nuestro camino con toda sencillez, acudiendo a Cristo, el Señor, para toda guía, poder y bendición. Que Su bendita aprobación sea suficiente para nosotros. Que no se nos halle mirando de reojo con la intención de conseguir la aprobación de un pobre mortal, cuyo aliento está en sus narices, ni anhelando hallar nuestros nombres en medio del reluciente registro de los grandes hombres de la época. El siervo de Cristo debe poner su mirada lejos de todas estas cosas. Su gran ocupación es obedecer. Su objetivo no debe ser hacer todo lo posible, sino simplemente hacer lo que se le ordena. Esto hace que todo sea claro y, además, hará de la Biblia algo precioso como la depositaria de la voluntad del Maestro, a la cual él debe acudir continuamente para saber lo que tiene que hacer y cómo lo debe hacer. Ni la tradición, ni la conveniencia, serán de utilidad para el siervo de Cristo. La pregunta vital es: “¿Qué dice la Escritura?” (Romanos 4:3).
Esto lo resuelve todo. No debe haber ninguna apelación respecto de una decisión de la Palabra de Dios. Cuando Dios habla, al hombre le corresponde la sumisión. De ninguna manera es esto una cuestión de obstinada adhesión a las ideas propias del hombre. Es justamente todo lo contrario. Es una adhesión reverente a la Palabra de Dios. Que el lector advierta esto claramente. Con frecuencia sucede que, cuando uno está decidido, a través de la gracia, a obrar de acuerdo con la Escritura, será declarado dogmático, intolerante e impetuoso; y, sin duda, uno tiene que velar por su temperamento, espíritu y estilo, aun cuando procure obrar de conformidad con la Palabra de Dios. Pero téngase muy presente que la obediencia a los mandamientos de Cristo es justo lo contrario de la arrogancia, del dogmatismo y de la intolerancia. No es de extrañar que, cuando un hombre consiente dócilmente en confiar su conciencia al cuidado de sus semejantes y en sujetar su inteligencia a las opiniones de los hombres, se lo considere como persona apacible, modesta y liberal; pero, no bien se someta con reverencia a la autoridad de la Santa Escritura, será tenido como alguien confiado en sí mismo, dogmático y de mentalidad estrecha. Que así sea. Viene rápidamente el tiempo en el cual la obediencia será llamada por su verdadero nombre y halle su reconocimiento y recompensa. El creyente fiel debe sentirse contento de esperar ese momento y, mientras lo aguarda, debe sentirse satisfecho de permitir que los hombres lo llamen como les plazca. “Jehová conoce los pensamientos de los hombres, que son vanidad” (Salmo 94:11).


El racionalismo

Pero debemos finalizar nuestro tema, por lo cual añadiremos solamente, a modo de conclusión, que existe una tercera influencia hostil contra la cual el amante de la Biblia tendrá que estar en guardia. Se trata del racionalismo o la supremacía de la razón humana. El fiel discípulo de la Palabra de Dios deberá resistir a este audaz intruso con la más firme entereza. Éste tiene la presunción de colocarse como juez de la Palabra de Dios y resolver en qué parte es digna de Dios y en qué parte no, prescribiendo límites a la inspiración. En vez de someterse con humildad a la autoridad de la Escritura, la cual se remonta de continuo a una región a la cual la pobre y ciega razón jamás la puede seguir, el racionalismo, con todo orgullo, procura hacer descender a la Escritura por debajo de Su verdadero nivel y acomodarla al de él. Si la Biblia declara algo que no concuerde aun en lo más mínimo con las conclusiones del racionalismo, entonces —se alega— tiene que tener alguna falla. Si Dios dice algo que la pobre, ciega y pervertida razón no puede conciliar con sus propias conclusiones —las cuales, nótese, las más de las veces son los absurdos más groseros— Él es excluido de su propio libro.

Y esto no lo es todo. El racionalismo nos priva de la única norma perfecta de verdad y nos conduce hacia una región en la cual prevalece la más tenebrosa incertidumbre. Procura socavar la autoridad de un libro del cual podemos creer todo y conducirnos hacia un campo de especulación en el cual no podemos estar seguros de nada. Bajo el dominio del racionalismo, el alma es como una embarcación desprendida de sus amarras de seguridad en el puerto de la revelación divina y que se verá bamboleada como un corcho sobre la turbulenta y devastadora corriente del escepticismo universal.

Ahora bien, no esperamos convencer a un consumado racionalista, aun cuando el mismo condescendiera a examinar nuestras modestas páginas, lo cual es algo muy improbable. Ni podríamos esperar ganar para nuestro modo de pensar al decidido defensor de la conveniencia, o al ardiente admirador de la tradición. Ni tenemos la competencia, ni el tiempo libre, ni el espacio para entrar en tal línea de argumento como sería necesario si fuésemos a procurar tales fines. Pero estamos deseosos de que el lector cristiano perciba, a partir de la lectura cuidadosa de este artículo, de un modo más profundo la preciosidad de su Biblia. Deseamos fervientemente que las palabras LA BIBLIA: Su suficiencia y supremacía, se graben, en amplios y profundos caracteres, en la tabla del corazón del lector (véase Proverbios 7:3).

Sentimos que tenemos un solemne deber que cumplir, en un tiempo como el presente, en el cual la superstición, la conveniencia y el racionalismo están todos en plena actividad, como tantos otros agentes del diablo, en sus esfuerzos por socavar los fundamentos de nuestra santísima fe. Ésta la debemos a aquel bendito volumen inspirado del cual hemos bebido corrientes de vida y paz para dar nuestro débil testimonio a la divinidad de cada una de sus páginas, para dar expresión, de esta forma permanente, a nuestra profunda reverencia a su autoridad y a nuestra convicción por su suficiencia divina para todas las necesidades, ya sea del creyente individualmente o de la Iglesia colectivamente.

Instamos seriamente a nuestros lectores a valorar las Santas Escrituras más que nunca, y también, en los más acuciantes términos, a que se guarden de toda influencia —sea de la tradición, de la conveniencia o del racionalismo— que tienda a debilitar su confianza en aquellos oráculos celestiales. El espíritu y los principios que hoy prevalecen hacen que sea imperioso asirnos tenazmente a la Escritura, atesorarla en nuestros corazones y sujetarnos a su santa autoridad.

¡Quiera Dios Espíritu, el autor de la Biblia, producir en el escritor y en el lector de estas líneas un amor más ardiente por esa Biblia! Quiera Él acrecentar nuestro conocimiento práctico con su contenido y conducirnos a una sumisión más completa a sus enseñanzas en todas las cosas, para que Dios sea glorificado aún más en nosotros a través de Jesucristo nuestro Señor.

Autor: C. H. Mackintosh

Traducción del inglés: Flavio H. Arrué




NOTAS


[1] N. del A.— El lector debe saber que la palabra vertida «perfecto» aparece únicamente aquí en todo el Nuevo Testamento. Esta palabra (griego: a[rtio") significa «dispuesto», «completo», «bien ajustado», como un instrumento con todas sus cuerdas; una máquina con todas sus partes; un cuerpo con todos sus miembros, coyunturas, músculos y nervios. El término corriente para «perfecto» es, en griego, tevlio", el cual significa «el alcance del fin moral», en cualquier cosa particular. (C. H. M., The man of God — El hombre de Dios, pág. 2).

[2] N. del T.— Nótese que la Biblia no habla de una ballena —como alegaba este hombre— sino de “un gran pez”.

[3] N. del A.— ¡Qué modelo tenemos de esto en nuestro bendito Señor! Durante treinta años él vivió aquí abajo veladamente, siendo conocido por los hombres sólo como “el carpintero” (Marcos 6:3), pero conocido por el Padre —y ello para Su complacencia— como el Unigénito de Dios, la ofrenda de Levítico 6:19-33 enteramente quemada sobre el altar.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Da Desolação à Restauração -Christian Chen

Da Desolação à Restauração
Christian Chen


“Manifestou os seus caminhos a Moisés e os seus feitos aos filhos de Israel” (Sl 103:7). Na história do povo de Deus encontramos duas classes de pessoas: aquelas que somente conhecem Seus feitos e aquelas que, além disso, conhecem Seus caminhos.Seus feitos revelam Seu poder, mas Seus caminhos revelam Sua intimidade. Os feitos de Deus têm como objetivo nos levar a conhecer Seu poder e soberania, mas Seus caminhos são os meios que Ele utiliza para revelar Seus segredos e conduzir-nos ao Seu propósito mais elevado. Conhecer apenas Seus feitos, Suas obras, significa ficar na periferia do Seu chamamento, sem conhecer o propósito para o qual fomos chamados. O grande perigo jaz em querermos egoisticamente desfrutar de Seu poder, de Suas bênçãos, não buscando conhecer Seus caminhos e cooperar com Seu propósito. Palavra aos Leitores.
O DUPLO CHAMAMENTO
A indignação de Deus derramou-se sobre aqueles que “...sempre erram no coração... e não conheceram os Seus caminhos” (Hb 3.10). No deserto caíram milhares daqueles que insistiram em andar em seus próprios caminhos, em vez de se submeterem à direção de Deus rumo à edificação do Seu testemunho; e tudo isso serviu de exemplo para nós, que já temos chegado ao fim dos tempos (1 Co 10).No entanto, Seus caminhos estão claramente definidos em Sua Palavra e Seu propósito será cabalmente cumprido. O Senhor ainda chora por Sua Jerusalém celestial e nos chama de volta para Ele, de volta para Seus caminhos.
DA DESOLAÇÃO À RESTAURAÇÃO
Atrás de todo o chamamento de Deus registrado na Bíblia há sempre uma vontade de Deus específica. A fim de realizar essa vontade, Deus chamou alguns ou um grupo de pessoas para participar de Sua obra. Toda e qualquer vontade de Deus específica é apenas uma fase do plano eterno de Deus para uma pessoa específica num tempo e espaço específicos. A fim de obtermos uma visão panorâmica do conselho eterno de Deus, é necessário correlacionar todos os dados mencionados na Bíblia a respeito do chamamento de Deus, mas descobriremos que esta é uma tarefa impossível. Contudo, entre os numerosos chamamentos de Deus, há somente oito chamamentos duplos mencionados na Bíblia. Nessas passagens, Deus chama o nome de uma pessoa duas vezes, como, por exemplo, “Abraão! Abraão! ou “Saulo! Saulo!”. Esta impressionante revelação definitivamente chama nossa atenção e nos convida a estudar este assunto mais cuidadosamente. O esforço empregado nessa tarefa mostrou-se recompensador.Por meio das revelações desses duplos chamamentos de Deus nós temos o privilégio de compartilhar com nossos leitores uma ilustração do que é a “esperança do Seu chamamento” e o maravilhoso propósito de Deus para todos os santos, tanto individual como corporativamente. Nossa oração é para que os leitores da língua portuguesa respondam ao duplo chamamento de Deus e nele caminhem à medida que Deus os capacita e, com isso, tragam um avivamento espiritual em suas localidades.
Nós agora apresentamos este livro como cinco pães e dois peixes Àquele que colocou em nossas mãos estas mensagens e o colocamos novamente naquelas mãos que por amor de nós foram feridas. Se assim for Sua vontade, que Ele mesmo abençoe esta mensagem e permita que ela alcance um público mais amplo e chegue àqueles que têm fome espiritual. Amém.
“Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis Eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes! Eis que a vossa casa vos ficará deserta. Declaro-vos, pois, que, desde agora, já não Me vereis, até que venhais a dizer: Bendito o que vem em nome do Senhor!” (Mateus 23.37-39) “Quando ia chegando, vendo a cidade, chorou e dizia: Ah! Se conheceras por ti mesma, ainda hoje, o que é devido à paz! Mas isto está agora oculto aos teus olhos. Pois sobre ti virão dias em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras e, por todos os lados, te apertarão o cerco; e te arrasarão e aos teus filhos dentro de ti; não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não reconheceste a oportunidade da tua visitação.” (Lucas 19.41)
PEREGRINAÇÃO E AS FESTAS
Buscando na presença do Senhor o que Ele desejava que eu ministrasse nessa ocasião, tive um encargo muito forte pelo sentimento expresso nos versículos citados acima. Ambos trechos têm um impressionante pano de fundo. Nosso Senhor, na metade de Seu último meio ano na terra, andou do monte Hermom até o Gólgota; em Sua jornada, Ele disse aos discípulos ser-Lhe necessário subir para Jerusalém. Esse caminho que Ele fez para Jerusalém era quase exatamente o mesmo caminho que os filhos de Israel faziam a fim de subir para as três festas anuais: a Páscoa, o Pentecoste e a Festa dos Tabernáculos. Essa trajetória era bem complexa. Por exemplo: os israelitas que moravam na Galiléia, que fica no norte de Israel, tinham de cruzar para o lado leste do rio Jordão a fim de ir para Jerusalém. O Jordão, que liga duas massas de água: o mar da Galiléia, ao norte, e o mar Morto, ao sul, é a fronteira leste de Israel. Assim, se os galileus quisessem andar menos, iam para o sul a fim de cruzar o rio. Desse modo, porém, eles teriam de passar por Samaria. Então, por eles não se relacionarem com os samaritanos, antes de chegar a Samaria eles se desviavam, cruzando para o lado leste do rio Jordão e, então, desciam para o sul. Quase chegando à cidade de Jericó – o lugar mais baixo do mundo, que se situa a aproximadamente 430 metros abaixo do nível do mar – é que os israelitas cruzavam o Jordão. Jericó é próxima de Jerusalém e é o local mais baixo daquela região – o mais elevado é Jerusalém. Portanto, eles caminhavam do lugar mais baixo para o mais elevado. Imagine uma caminhada de uma região a 430 metros abaixo do nível do mar até a região mais elevada! Esse era, sem dúvida, um caminho ascendente, no qual facilmente os peregrinos se cansavam. Por essa razão, eles cantavam salmos enquanto andavam. Há, no Livro de Salmos, um grupo de quinze deles que são chamados de “salmos dos degraus” ou “cânticos de romagem”, que são exatamente os cânticos que usavam para se encorajar mutuamente em sua jornada para Jerusalém. Esses quinze salmos os levavam à presença de Deus e os reunia em Sua presença. Todos os anos, os israelitas se reuniam para comemorar as festas e para estar, juntos, diante da face de Deus. Eles caminhavam por muitos dias e durante sua peregrinação havia muitos sofrimentos, muitos perigos. A esse caminho a Bíblia chama de “caminho de Sião”: é o caminho que leva o homem à presença de Deus. Mas a Bíblia diz também que esse caminho passa por um vale, o Vale de Baca, que significa “vale das lágrimas”. Portanto, ir para Jerusalém a fim de buscar a Deus implica pagar um alto preço. Os israelitas passavam por muitas tribulações, dificuldades e perigos e, quando viam seus pés dentro das portas de Jerusalém, quando finalmente chegavam à presença de Deus, naquele momento podiam cantar juntos o salmo 133: “Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!” Por que todos haviam se disposto a buscar a presença de Deus, eles descobriam, não somente a presença de Deus, mas também a presença dos irmãos, em um único caminho. Por isso, cantavam: “Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!” Este é o auge do cântico dos degraus. O salmo seguinte era o que eles cantavam ao se despedir. Assim, podemos dizer que o objetivo da ida a Jerusalém era aquele momento em que eles podiam cantar quão bom e agradável era estarem unidos. Os peregrinos não podiam conter a alegria quando, ainda ao longe, avistavam os muros de Jerusalém. Ao ver Jerusalém, eles se esqueciam das dificuldades e dos sofrimentos do caminho; ao ver Jerusalém, podiam esquecer-se das lágrimas do vale; por isso, dos que chegavam a Jerusalém, não havia um sequer que não se rejubilasse e desejasse celebrar a festa. Assim, o preço que eles pagaram durante os dias de jornada, todas as dificuldades do caminho foram válidas, pois, por fim, chegavam à presença de Deus.
O TESTEMUNHO DE DEUS
Que há de melhor do que a presença de Deus? O que há de melhor do que ver os irmãos? Primeiramente, vemos a Deus e, então, os irmãos; nosso relacionamento espiritual deve ser primeiramente com Deus, o sentido vertical, e depois com os irmãos, sentido horizontal. Não somos um agrupamento, ou um clube ou um partido que se reúne apenas por termos crenças iguais. Somos irmãos. E encontramos nossos irmãos no caminho de Sião. Eu quero andar no caminho de Sião e outro irmão também quer – é um caminho difícil, pelo qual temos de pagar um preço, pois ele passa pelo vale das lágrimas; mas, quando estamos juntos, vemos Jerusalém edificada sobre o monte, na região mais elevada, e ficamos cheios de alegria e satisfação juntamente com os irmãos que subiram conosco. Jerusalém edificada alegra a nós e a Deus, pois, na Bíblia, ela representa eternamente o testemunho de Deus.Por que ela era o testemunho de Deus? Porque lá estava Seu templo, o qual representa a presença de Deus. Portanto, quando os filhos de Israel estavam reunidos, o conteúdo de seu ajuntamento era a presença de Deus. Com a presença Dele, tudo lhes era um paraíso! Bastava-lhes chegar à presença de Deus para perceber que todo esforço e todas as lágrimas valeram a pena. Portanto, todos os que percorreram o caminho de Sião, chegando à presença de Deus, descobriram Deus e também descobriram os irmãos.Por isso, irmãos e irmãs, temos sempre de lembrar que a presença de Deus se manifesta, de maneira espontânea, numa expressão concreta, que era representada, no Antigo Testamento, pela cidade de Jerusalém. Portanto, Jerusalém representa o testemunho de Deus, e o testemunho de Deus é baseado em Sua presença. Por isso, pode-se abrir uma fábrica ou uma escola, mas nunca poderemos abrir, produzir ou fundar o testemunho de Deus. Basta-nos ter interiormente a presença de Deus para, de forma espontânea, termos exteriormente Seu testemunho glorioso.
A PRESENÇA DE DEUS E O TEMPLO – O CONTEÚDO E A CASCA
Ao ler o Antigo Testamento, devemos sempre ter em mente que, quando Jerusalém é mencionada, temos uma referência ao testemunho de Deus, pois a cidade de Deus e Seu templo são inseparáveis. O templo é a realidade interior e a cidade é o testemunho exterior – por haver a presença de Deus, o resultado gerado exteriormente é o testemunho de Deus.Portanto, quando a presença de Deus é verdadeira, Ele permite que exteriormente se veja um testemunho concreto. No entanto, quando a realidade interior é perdida, o testemunho exterior é perdido. Não podemos nos enganar: quando a vida divina se esvai, quando não temos a presença de Deus, o que vemos é meramente uma organização humana, o resultado do agir das mãos do homem. Quando a realidade interior já não existe, Deus não deseja que criemos uma falsificação de Seu testemunho. Havendo Sua presença, temos o paraíso; por isso, não precisaremos fazer propaganda do testemunho de Deus, dizendo: “Nós somos a igreja e ninguém mais é” – todos os que falam assim provam que não são a igreja. Aquele que realmente tem a presença de Deus pode falar qualquer coisa, menos essas palavras. Não há meio termo: ter a presença de Deus é ter a presença de Deus; quando a vida vazou ela vazou; se a água da vida entre nós secou, não temos água da vida. Não nos enganemos.Precisamos ter clareza de que Deus destrói o que é visível externamente quando não há mais realidade interiormente – Ele permite que não permaneça pedra sobre pedra. Quando os israelitas se rebelaram contra Deus, quando adoravam ídolos em oculto, quando não procediam mais como na época de Davi – exteriormente tudo ainda estava igual, pois o templo estava lá e o serviço a Deus ainda era realizado, aparentemente nada havia mudado, mas só Deus sabia que a realidade interior já não existia. Por isso, o livro de Ezequiel diz que a glória de Deus se retirou de Seu templo para o oeste do monte das Oliveiras e dali ascendeu aos céus. Por essa razão, no registro do Antigo Testamento, a partir desse evento, Deus passou a ser chamado apenas de Deus dos céus, em lugar de Senhor dos céus e da terra. Em Jerusalém, antes do cativeiro babilônico, havia o nome de Deus, mas, porque Sua presença fora perdida, Sua glória se retirou para o céu; por isso, a Jerusalém da terra, o templo da terra, se tornou apenas uma casca: bela por fora, mas sem vida por dentro. Por isso, Deus permitiu que o exército babilônico invadisse a Cidade Santa e a incendiasse. E, enquanto Jerusalém queimava, o profeta Jeremias estava, provavelmente, escondido numa caverna do monte Gólgota. Ele via a cidade sendo incendiada; o fogo estava queimando fora de Jeremias, mas a Bíblia nos indica que, na realidade, o fogo ardia dentro dos ossos de Jeremias, queimando até esgotarem suas lágrimas. Por isso, ele é conhecido como o profeta que chora (cf. Lm 3.49).
O CHORO DE JEREMIAS
Enquanto Jeremias via Jerusalém, a Cidade Amada, o testemunho de Deus, ardendo em chamas, o fogo do céu queimava dentro dele e ele chorava pela cidade. Nessa situação, ele escreveu o livro de Lamentações de Jeremias. Esse livro registra o choro de Jeremias por Jerusalém, pois ela deveria ser o testemunho de Deus, mas agora foi destruída, agora não há pedra sobre pedra. Ela não era a cidade do grande Rei? Ela não fora edificada pelo próprio Deus? O próprio Deus havia dito que a escolhera e que nela habitaria; Ele disse que escolheu Sião. Ele desejava morar naquela cidade, queria ter nela Seu lugar de descanso. Mas, por causa da idolatria dos israelitas, Deus permitiu que Nabucodonosor invadisse Jerusalém e a incendiasse. E Jeremias chorou ao ver isso. Quão diferente isso era de quando os israelitas se reuniam em Jerusalém nas festas! Ali não havia ninguém de mãos vazias, pois cada um deles levava o produto da terra de Canaã, a terra que manava leite e mel. Aqueles milhares de israelitas, como um só homem, davam um único testemunho de Deus na terra, cantando: “Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!”. Quando havia a realidade interior, Deus permitia sua manifestação exterior.Jerusalém estava sempre no coração dos filhos de Israel, mesmo quando estavam no cativeiro babilônico. Toda vez que se lembravam de Sião, eles choravam. A única coisa que podiam fazer era pendurar as harpas nos salgueiros junto aos rios de Babilônia, pois não lhes era possível entoar as belas canções de sua terra (Sl 137.1-4). Onde quer que eles estivessem, jamais se esqueceriam de Jerusalém, pois ela representava o testemunho de Deus. Por essa razão, não havia israelita que não rejubilasse ao chegar em Jerusalém, que não derramasse lágrimas de alegria, pois todas as dores e dificuldades já haviam passado. Aqueles que realmente conheciam o testemunho de Deus, ao ver Jerusalém, eram tomados de incontida e espontânea alegria. Mas, ao lermos a Bíblia, vemos que Alguém teve uma reação diferente ao ver Jerusalém.
O caminho que o Senhor percorreu com os discípulos no último meio ano de Seu ministério era quase o mesmo que os israelitas andavam para ir a Jerusalém, o caminho de Sião. Nessa etapa final de Seu ministério, Ele seguia resolutamente para a Cidade Santa e disse algumas vezes aos discípulos: “Eis que subimos para Jerusalém” (Mt 16.21; 20.18; Mc 10.32, 33; Lc 9.51, 53; 13.22; 17.11; 18.31; 19.28). Jerusalém era Seu alvo. Em Mateus 16, lemos que Jesus perguntou aos Seus discípulos quem o povo dizia ser Ele. Alguns personagens foram mencionados, e havia também quem dissesse ser Ele Jeremias. Isso não é coincidência, mas é a soberania de Deus! Por que Jesus se parecia com Jeremias? Porque, em toda a Bíblia, só houve duas pessoas que choraram por Jerusalém: Jeremias e o Senhor Jesus.
O CHORO DE JESUS
Quando Ele e os discípulos finalmente chegaram a Jerusalém – ao contrário dos outros israelitas que choravam no caminho por causa das dificuldades, mas alegravam- se ao ver a Cidade de Deus –, nosso Senhor chorou por ela! Assim como no Antigo Testamento houve uma pessoa que chorava por Jerusalém, assim também há Alguém no Novo Testamento. No Antigo Testamento, temos o livro das Lamentações de Jeremias, um longo poema que expressa todo o sentimento profundo do profeta. E, lendo atentamente as palavras do Senhor Jesus, vemos que elas também são um poema. Há vários poemas ditos pelo Senhor e registrados nos Evangelhos, não temos tempo de vê-los um a um agora, mas há um que é especial: este que se identifica com as lamentações de Jeremias. A constituição deste poema é lamentação, a constituição deste poema é dor. Há poemas que, por meio de suas rimas e estrutura, nos dão um sentimento de alegria, mas tanto Lamentações quanto esta declaração de Jesus são cheias de lamento e dor. O poema está registrado em Mateus 23.37: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis Eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes! Eis que a vossa casa vos ficará deserta. Declaro-vos, pois, que, desde agora, já não me vereis, até que venhais a dizer: Bendito o que vem em nome do Senhor!” Os especialistas em poesia hebraica dizem que esse trecho da palavra do Senhor Jesus tem uma estrutura de poema igual à de Lamentações de Jeremias.Quando o Senhor chora por Jerusalém, Ele concentra Seu sentimento nestas palavras: “Jerusalém, Jerusalém (...) Quantas vezes quis Eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas”.Jerusalém é uma cidade, é a capital de Israel. É uma cidade que pode ser achada no mapa, que foi edificada sobre um monte. A história não registra nenhuma cidade do mundo que tenha passado tantos sofrimentos como esta. Segundo alguns autores, desde o início dos registros históricos, Jerusalém já foi destruída e reconstruída por pelo menos vinte vezes.Mas quando o Senhor Jesus chorava por Jerusalém, Ele não estava chorando por uma cidade material, um amontoado de edifícios e ruas. A cidade pela qual Ele chorou é uma cidade que pode escolher, pode decidir, pode optar por ser reunida pelo Senhor sob Suas asas. O Senhor Jesus queria reunir os filhos de Jerusalém como a galinha ajunta os pintinhos debaixo das asas, mas os israelitas responderam dizendo: “Crucifica-O! Crucifica-O!” Para os israelitas, Jerusalém sempre foi uma cidade santa; por isso, todos os que não eram santos não podiam morrer dentro da cidade. Sem dúvida, o Senhor Jesus é o Santo – Ele é a encarnação da santidade de Deus –, mas os israelitas consideraram a cidade muito mais santa que o próprio Senhor. Os judeus jogavam todo o lixo fora da cidade: eles crucificaram o Senhor fora da cidade e preferiram um salteador. Eles clamaram:“Crucifica-O! Crucifica-O!”. Veja, amado irmão e irmã: o Senhor Jesus a queria, mas Jerusalém não queria a Ele. Se Jerusalém fosse, de fato, em sua realidade interior, uma cidade santa, como poderia não receber o Santo Senhor Jesus? Portanto, o Senhor Jesus não chorou apenas pela Jerusalém do mapa, a Jerusalém da história. Aos olhos do Senhor Jesus, Jerusalém era algo muito mais elevado do que simplesmente uma cidade: ela representava o testemunho de Deus e, por isso, está relacionada ao eterno propósito de Deus. Ao chorar por Jerusalém, Jesus disse: “Jerusalém, Jerusalém (...) Quantas vezes quis Eu reunir os teus filhos (...) e vós não o quisestes!” E, pouco depois, acrescentou: “Eis que a vossa casa vos ficará deserta.” Quando era apenas um menino, Jesus disse: “Não sabíeis que me cumpria estar na casa de meu Pai?” (Lc 4.29). O templo de Jerusalém era, no sentimento do Senhor, a casa do Pai. Mas ao chorar por Jerusalém, Ele disse: “Eis que a vossa casa vos ficará deserta.” O templo de Deus deveria ser o lugar de descanso de Deus; se fosse, o Senhor teria dito: “Esta é a casa de Meu Pai”. Mas, a partir do momento em que a realidade interior da presença de Deus não existe mais, por estar o templo de Deus em desolação, o Senhor refere-se a ele como “a vossa casa”. Os israelitas, no Antigo Testamento, já manifestavam essa indisposição de se arrependerem de seus pecados e se consolavam dizendo que Jerusalém não seria destruída, pois o templo de Deus estava ali: “Templo do SENHOR, templo do SENHOR, templo do SENHOR é este” (Jr 7.4), eles repetiram para se entorpecer. Na verdade, a glória de Deus já se havia retirado dali, mas eles ainda falavam: “Este é o templo de Deus, a cidade de Jerusalém não será destruída, pois uma vez que haja o templo de Deus, ele será eternamente o templo de Deus!” É como os que dizem hoje: “Uma vez que somos a igreja de Deus, seremos eternamente a igreja de Deus.” A Igreja de Deus não é a casa do Pai? Sim, no princípio, de fato, era assim. Lembrem-se que o Senhor Jesus disse:“Não sabíeis que Me cumpria estar na casa de Meu Pai?” Mas ao chorar por Jerusalém, Ele disse: “Eis que a vossa casa vos ficará deserta.” Em Lucas 19.41, Ele acrescentou: “Não deixarão em ti pedra sobre pedra”. E a história comprova que essa palavra foi cabalmente cumprida.
A DESTRUIÇÃO DA CASCA VAZIA
Em Mateus 24.1, 2, o Senhor disse algo com respeito à situação futura do templo de Deus. Isso foi profetizado quando Ele andava com os discípulos no templo e estes se maravilharam das pedras com que havia sido edificado. O templo foi construído com pedras muito grandes colocadas umas sobre as outras, pedras extremamente pesadas, entre as quais não foi usado nenhum tipo de cimento – elas ficavam ligadas umas às outras apenas por seu próprio peso. A maneira como o templo foi edificado indica a maneira como a Igreja deve ser edificada. Edificação da Igreja não é criar maneiras de fazer com que os irmãos fiquem juntos, ensinando computação ou cuidando da saúde dos idosos, por exemplo. Se fizermos isso, é como ter de usar cimento para juntar as pedras. Mas, de acordo com a tipologia da construção do templo, a edificação da Igreja acontece como decorrência espontânea do peso espiritual diante do Senhor que cada pedra viva adquire por meio de muitas lições espirituais preciosas aprendidas em oculto. Assim, quando nos reunirmos com outros irmãos, teremos o peso espiritual que adquirimos na presença do Senhor. Somos edificados juntos, pois você tem peso e eu também tenho peso; nós, por nós mesmos, não temos peso espiritual algum, pois só Cristo é nosso peso. Quanto mais você experimenta Cristo, mais peso você tem. Irmãos e irmãs, a Igreja é edificada exclusivamente dessa maneira.Por causa dessa característica do templo, os discípulos se admiraram: “Mestre! Que pedras, que construções!” Mas Jesus lhes disse: “Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra que não seja derribada”. Irmãos e irmãs, essa profecia se cumpriu completamente. No ano 70 d.C., o comandante romano Tito liderou seu exército e invadiu Jerusalém. Os soldados cortaram todas as oliveiras do Monte das Oliveiras e usaram a madeira para preparar a invasão. E eles iam atacar Jerusalém exatamente na época da celebração da páscoa, quando os israelitas, de todos os lugares, vinham a Jerusalém para comemorar a festa. Era uma cena muito curiosa! A cidade estava cercada por cavalos e exércitos e, por isso, era tempo de todos se afastarem da zona de guerra – mas os israelitas vinham em grande número para Jerusalém. Por que eram tão corajosos? A razão é que eles achavam que Jerusalém nunca seria destruída. Eles entendiam que, uma vez que Jerusalém era a cidade de Deus, edificada por Deus, ela jamais seria destruída. Eles supunham serem especialmente protegidos por Deus por serem judeus, enquanto seus inimigos eram gentios, povo desprezado por eles e por Deus. Eles diziam que aquela era a cidade eterna e, por isso, os romanos não a conquistariam. Isso os tornou obcecados, a ponto de entrar na cidade, em meio ao cerco, para comemorar a festa. Os soldados romanos não podiam acreditar no que viam! “Eles deveriam correr da cidade; por que todos vão para ela?” Mas era exatamente esta a situação: os israelitas obcecados de todas as partes do país seguiam para lá. Então, Tito deu ordem para que se abrissem todas as portas da muralha, a fim de quem quisesse entrar entrasse. E, exatamente nesse momento, muitos discípulos, por lembrar da profecia de Jesus de que haveria uma grande tribulação que não deixaria ficar pedra sobre pedra, por crer que aquela palavra do Senhor não falharia, aproveitaram a ocasião em que os judeus entravam na cidade para dela fugir. Entre esses discípulos estavam João e a mãe de Jesus. Finalmente, as portas da cidade foram fechadas – e aquela foi a última Páscoa do povo de Israel –, e eles morreram todos. Os romanos incendiaram a cidade e o templo. Quando metade do templo estava queimando, eles se lembraram de que lá havia muito ouro e prata que, agora, derretidos, estavam escorrendo para as fendas das pedras. Então, foi dada uma ordem para que todo o exército tirasse o ouro e a prata do meio das pedras. E, por isso, não ficou pedra sobre pedra, sendo, desse modo, cumprida integralmente a profecia do Senhor Jesus. Daquele dia em diante, a nação de Israel desapareceu totalmente da terra, até ser restabelecida em 14 de maio de 1948. Isso foi o cumprimento da palavra do Senhor: “Eis que a vossa casa vos ficará deserta. Declaro-vos, pois, que, desde agora, já não Me vereis, até que venhais a dizer: Bendito o que vem em nome do Senhor!” No futuro, eles reconhecerão que Jesus é o Messias e dirão: “Bendito o que vem em nome do Senhor!” Mas, naquela época, o que eles disseram? “Crucifica- O! Crucifica-O! Elimina-O! Preferimos o salteador, nós não O queremos.” Quando Pilatos perguntou: “Hei de crucificar o vosso rei?”, que responderam os judeus? “Não temos rei, senão César!” Os judeus sempre deveriam dizer que além de Deus não tinham rei. Por isso, os judeus e os romanos não se misturavam; mas, para eliminar o Senhor Jesus, disseram algo que era totalmente contra sua consciência e sua lei. JUNTOS!Depois de termos sido salvos, percebemos que não somos os únicos: há muitos outros cristãos que, como nós, têm a vida de Cristo. Vemos, então, que estamos na Casa de Deus. Fomos chamados do mundo por Deus para que estejamos juntos; portanto, ninguém pode ser um cristão isolado ou solitário. Sem Deus não podemos viver, mas sem os irmãos e as irmãs também não podemos viver nem amadurecer. Por definição, a Igreja é, primeiramente, a reunião dos chamados. Todos nós, cristãos, fomos chamados por Deus para sair do mundo e reunir-nos. E essa reunião dos chamados é a Igreja, é a Casa de Deus, é o templo de Deus. Assim, o templo do Antigo Testamento é apenas uma prefiguração da Igreja. Temos de lembrar sempre que a Igreja não testemunha de si mesma, mas testifica de nosso Senhor. Quando desfrutamos a presença do Senhor, naturalmente nós O exaltamos e Dele testemunhamos; desse modo, Sua glória e beleza são espontaneamente manifestadas por meio de nós. Ninguém consegue expressar sozinho todas as características de Cristo; mas em um irmão vemos a mansidão de Cristo, em outro vemos Sua longanimidade, em outro, Sua humildade. E, quando nos reunimos, vemos uma única personalidade, que é a de Cristo. A personalidade de Cristo é Sua imagem, à qual estamos sendo conformados a fim de que as pessoas possam ver Sua glória e beleza. Recentemente, houve um terremoto muito forte em Taiwan, e muitos irmãos foram ajudar aqueles desabrigados das áreas atingidas. Ali, naquela situação, foi possível perceber que alguns conhecem de fato a Igreja, mas muitos, não. O testemunho da Igreja exalta a Cristo. Se vestimos a roupa do evangelho e o capacete do evangelho, o que mostramos às pessoas é Cristo, nós mesmos não ficamos visíveis. Você sabe por que nosso corpo necessita ser coberto? Você sabe por que expor o corpo é vergonha? Cobrir o corpo tem por objetivo fazer com que o mundo inteiro veja apenas nossa cabeça. Do mesmo modo, o testemunho da Igreja nunca deve exaltar a ela mesma, mas unicamente a Cristo. É suficiente levarmos as pessoas a crer em Jesus, não precisamos que as pessoas nos conheçam nem valorizem o que fizemos. Quando ocorreu o terremoto em Taiwan, muitas áreas foram severamente atingidas. No entanto, por haver naquelas áreas de calamidade muitos repórteres e câmeras de televisão de todo o mundo, os cristãos que ajudavam as pessoas desabrigadas levantavam grandes bandeiras, nas quais estava escrito que eles eram de tal “igreja” e de tal denominação. Amados irmãos e irmãs, o que foi mostrado ao mundo todo pela televisão? Esse o testemunho que o Corpo de Cristo deve dar? O Corpo dá testemunho da Cabeça, não de si mesmo. Mas o problema está em que, naquela situação, alguns queriam que o mundo inteiro soubesse que eles estavam socorrendo os afligidos pelo terremoto – estavam chamando atenção sobre si mesmos. A Bíblia registra que a Igreja primitiva socorria os pobres segundo o preceito do Senhor, de que a mão esquerda não deveria saber o que a mão direita fazia (Mt 6.3), nunca com o objetivo de exaltar o homem. Quão diferente, porém, daquilo que vimos em meio à destruição em Taiwan! Mas, além da exaltação do homem, ali vimos a manifestação das divisões entre os filhos de Deus – grupos separados sob bandeiras distintas, anunciando sua própria obra. O testemunho de Deus, representado por Jerusalém, não é algo abstrato. Após termos sido salvos, tornamo-nos membros da Igreja, que é o lugar de desfrute da presença de Deus. Por isso, quando nos reunimos com outros irmãos, testemunhamos da unidade. Por conhecermos, de fato, o Senhor e Sua Igreja, não aceitamos que haja qualquer divisão entre Seu povo. Desse modo, graças ao amor de Cristo em nós, sabemos amar aqueles que não são amáveis, aqueles que são diferentes de nós, mesmo aqueles que não viram a luz de Deus sobre a Igreja. O amor nos faz humildes, o amor nunca nos faz sentir especiais. Esse é o testemunho da Igreja: um testemunho de unidade e de amor.
O MAIS IMPORTANTE É O MAIS BAIXO
Lembro-me da primeira vez que fui a Jerusalém. Eu fiquei muito entusiasmado, pois havia subido a Sião, ao monte do Senhor. Mas eu estava um pouco preocupado: eu não tinha certeza se aquele era o verdadeiro monte Sião! Em Jerusalém – este é um fato curioso –, você vai encontrar dois pináculos, dois lugares da última ceia, dois Gólgotas, e muitas outras coisas duplas. Então, por causa de minha dúvida, perguntei a um monge do mosteiro que ficava naquele lugar: “Este é realmente o monte Sião? ”Ele me respondeu: “Este não é o monte Sião.” Então, perguntei-lhe onde ficava o monte. Ele respondeu: “Como em redor de Jerusalém estão os montes, assim o SENHOR, em derredor do Seu povo” (Sl 125.2). O menor desses montes que você vir, este é Sião.” Então, eu olhei para o leste e também para o oeste, perguntando-me onde estava o monte de Deus. O monge, que estava me observando, me disse: “Você está procurando de maneira errada. Não olhe para cima nem para os lados; você tem de olhar para baixo, você tem de olhar para o vale. Ali há um pequeno monte: aquele é realmente o monte Sião do tempo de Davi. O monte Sião em que você está agora é o monte assim designado de acordo com a tradição católica, não é Sião do tempo de Davi, não é o monte Sião da Bíblia.” A Bíblia diz que os povos dos montes afluirão para Sião (Is 2.2). A palavra “afluirão” no original tem a idéia de fluir como água. Obviamente, a água nunca corre para cima, mas sempre para baixo; portanto, se todos os montes fluem para este monte, o monte Sião não apenas é o menor, mas também o mais humilde. No entanto, o mesmo versículo diz que o monte da Casa do SENHOR será estabelecido sobre os mais altos montes. Como poderão as águas fluir em direção ao cume? Isso é um paradoxo! Sim, e ele encerra um princípio espiritual fundamental: se somos realmente espirituais, se, de fato, andamos com o Senhor, se somos úteis a Ele e a Sua Casa, devemos ser os mais baixos, os mais humildes, os que mais servem. Somente a vida de Cristo em nós e o operar profundo de Sua cruz podem gerar esse caráter em nós.Irmãos e irmãs, isto é o monte Sião, e assim deve ser o testemunho da Igreja. Se realmente vemos o que é a Igreja, se realmente vemos o que é o testemunho de Deus, jamais diremos que somente nós somos a igreja e ninguém mais é. No momento em que falamos assim, já não somos o mais baixo, mas nos elevamos a nós mesmos e ninguém consegue nos acompanhar. Isso não é testemunho da Igreja. Por isso, quando nos reunimos, temos de lavar os pés uns dos outros. O que significa lavar os pés? Humilhar-nos para servir aos irmãos. Quando nos reunimos, não estamos somente diante dos pés do Senhor, mas estamos também diante dos pés dos irmãos. Essa é uma vida humilde. Assim, todo o testemunho da Igreja deveria ser a representação do monte Sião. Então, ao unirmos o monte Sião ao monte Moriá temos Jerusalém. Isso prefigura nosso testemunho. Para os judeus, há uma cidade: Jerusalém; nela há um templo, o templo de Deus. A cidade é material e o templo é material, mas Deus, por meio dos filhos de Israel, nos dá uma ilustração muito importante, pois, na verdade, Jerusalém representa algo espiritual: o eterno propósito de Deus. Isso é trabalho de Deus, não trabalho nosso. Mas se você ama a Deus, naturalmente tem parte na Sua obra. Portanto, repito: hoje nós estamos reunidos, fomos chamados para andar juntos, fomos chamados do mundo para exaltar a Cristo, glorificar a Cristo, dar testemunho por nosso Senhor. Agora por meio de nós há um testemunho visível: as pessoas não devem nos ver, mas ver apenas a Cristo.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

O CAMINHO DE CAIM- David W Dyer

O CAMINHO DE CAIM
Enviado pelo irmão Samuel Espindola

Há muito tempo atrás, no Jardim do Éden, o primeiro homem, Adão e a sua esposa, Eva, caíram. E les haviam pecado contra o Altíssimo, fazendo a única coisa que Ele havia ordenado que não fizessem. Agindo assim, estas duas primeiras pessoas, deterioraram seu relacionamento com Deus e tiveram ciência de sua própria nudez. Embora tivessem tentado se cobrir juntando folhas de figueira, quando ouviram a voz do Senhor que passeava pelo jardim na virada do dia, eles se esconderam e estavam assustados. O homem, que havia sido criado por Deus e gozado de doce comunhão com Ele, agora estava se escondendo de Deus, nu e envergonhado. Conforme nós sabemos agora, isto não foi uma surpresa para o Senhor. Ele sabia de antemão que o homem que criara iria desobedecer a seu mandamento e cair em pecado. Já que Deus não é limitado pelo tempo e compreende simultaneamente tanto o princípio como o final de todas as coisas, Ele já havia preparado o caminho da salvação. Neste exemplo, por causa deste primeiro homem, Deus deve ter matado algum tipo de animal, porque somos ensinados que Ele fez roupas de pele para o casal. Foi tirando a vida de uma outra criatura que Deus providenciou uma cobertura que Adão e Eva tão desesperadamente necessitavam. Eu agora sugiro a vocês que o animal morto por Deus era um cordeiro. Embora isto não possa ser provado, sinto que existe uma grande possibilidade. Harmoniza lindamente com o resto da Escritura e com o supremo plano de redenção de Deus. Esta atitude, sem dúvida, estava apontando para o tempo em que Ele permitiria que Seu Único Filho, o Cordeiro de Deus, fosse morto como cobertura para os nossos pecados – escondendo nossa nudez e rebelião contra Deus. Também mais adiante, no livro de Gênesis, temos uma insinuação de que talvez fosse mesmo um cordeiro que foi morto por causa de Adão e Eva. Quando examinamos rigorosamente as Escrituras, surge um quadro. Aprendemos que Abel era um pastor, enquanto Caim era um lavrador do chão, um agricultor. Já que Deus não havia permitido ao homem que comesse carne antes do dilúvio e, de fato, os próprios animais não se comiam uns aos outros, mas eram herbívoros (Veja Gen 1:29,30 e 9:2,3), podemos indagar porque Abel estava zelando por um cordeiro. Porque ele gastou seu tempo cuidando de animais que não tinham valor algum para ele? A resposta é, muito provavelmente, encontrada na idéia de que estes animais eram usados para fornecer vestimentas. Estas ovelhas devem ter sido criadas por causa de sua lã ou por causa de sua pele, que eram usadas como cobertura, assim dando suporte à idéia que fora Deus quem havia dado o exemplo a eles. Tanto Caim quanto Abel, provavelmente, tinham conhecimento do que havia ocorrido com seus pais no Jardim do Éden. Estou certo que, como pais fiéis, os dois compartilharam com seus filhos tudo o que ocorrera e tentaram instruí-los na maneira correta de caminhar com Deus. Quando eu lia no livro de Gênesis que Deus rejeitou a oferta de Caim, eu me preocupava porque esta rejeição parecia arbitrária. Eu não conseguia compreender como Ele podia julgar entre esses dois homens se ambos estavam agindo puramente por instinto. Entretanto, agora eu sinto que Caim sabia tanto quanto Abel o tipo de sacrifício que Deus requeria. Ele sabia, pelo testemunho de seus pais, que eles haviam sido cobertos pela morte de um cordeiro e que Deus exigira o derramar do sangue para a expiação do pecado. Todavia, Caim escolheu seguir seu próprio caminho, embora sabendo da justa exigência de Deus. Ele deliberadamente o desobedeceu, ignorando o que havia sido evidentemente providenciado. Em vez disso, ofereceu algo de sua própria invenção, algo de sua própria imaginação, algo que ele mesmo podia produzir. Ele pode ter pensado: “Porque eu devo oferecer um cordeiro? Os vegetais que eu plantei são ótimos, não há nada de errado com eles. De fato, eles são os melhores vegetais das redondezas. Por que não posso oferecer a Deus o que tenho de melhor? Não é bom o bastante? Não há dúvida que ele vai reconhecer isto e recebê-lo.” Mas, como lemos em Gen cap 4 vers 5, Deus rejeitou a oferta de Caim. Não importa quão boa ela era, não importa o quão maravilhosa parecia ser, ainda que Caim houvesse trazido o seu melhor, Deus não estava satisfeito. Ele já havia ordenado qual era o sacrifício necessário . Ele já havia estipulado o formato para que os verdadeiros adoradores o seguissem e era apenas através da obediência que o Seu prazer e favor poderiam ser ganhos. UMA MENSAGEM PARA HOJE O que esta história tão antiga nos fala hoje? Como é que nós, crentes, podemos aprender da experiência destes primeiros homens e evitar o caminho de Caim? No Novo Testamento, assim como no Velho, Deus determinou a todos os crentes o modo adequado de adoração. Vemos no livro de João cap 4 vers 23 e 24 a seguinte declaração: “Jesus diz – é chegada a hora e a hora vem, quando os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito e importa que seus adoradores DEVEM adorá-lo em espírito e em verdade.” Por favor, notem aqui a tradução da palavra “DEVEM”. As Escrituras não dizem que “PODEM” ou mesmo “TALVEZ DEVESSEM”, mas afirma especificamente que aqueles que adoram a Deus “DEVEM” fazê-lo no espírito. Tal adoração não é opcional. Qualquer coisa menos que isto não atinge o objetivo do claro mandamento de Deus. Você vê, tanto no Novo como no Velho Testamento, um cordeiro foi morto para a cobertura de pecados. Deus tinha providenciado um cordeiro! E este cordeiro deve ser a nossa oferta. Nada mais é adequado. Não importa quão bom possa parecer, não importa quão correto segundo as Escrituras possa aparentar, não importa quão reverente, adornado, musicalmente excelente possa ser, nenhuma outra coisa será satisfatória. Somente o Cordeiro irá fazê-lo. Este fato tem uma importante aplicação para nós, como cristãos. Quando nos reunimos para adorar o Pai, precisamos adorá-lo em espírito. Quando estamos juntos, é essencial que entremos no espírito de Jesus Cristo para que nossa adoração e nosso louvor e, na verdade tudo o que fazemos, se origine Nele. Ele é quem deve estar dirigindo nossas reuniões na Igreja. Além disso, é este Cordeiro que deve ser a essência deles. Mas, o que significa “estar no espírito” ? Significa que estamos em um certo estado de ânimo? Será que ele indica que entramos na emoção de uma determinada situação? Não. Significa que nós realmente entramos na presença de Deus através do Santo Espírito. Significa que estamos “ plenos” do Espírito de Jesus Cristo e sendo dirigidos por Ele. Vemos nos Evangelhos que, “quando dois ou mais se reunirem em Seu nome, Ele ali estará no meio deles.” Jesus não vem às nossas reuniões como um espectador. Ele não vem para nos ouvir em nossas cerimônias ou “serviços”. Cristo tem aparecido como nosso Sumo Sacerdote, para nos dirigir em louvor e adoração ao nosso Deus. Quando Jesus vem para o nosso meio, vem como Aquele que vai dar origem a todas as coisas. É Ele quem deve estar escolhendo as músicas e é Ele mesmo quem deve se derramar em nossas orações e através delas. É o Espírito de Jesus quem deve emanar da ministração da Palavra. Deus se satisfaz apenas com a oferta de Seu Filho e é somente quando nos reunimos e oferecemos a Ele tudo o que flui de Jesus Cristo, que o Pai se agrada. Qualquer coisa menos que isto é apenas “vegetal”. Talvez alguns acreditem que o objetivo em nossos encontros deve ser que os mesmos sejam de acordo com a Bíblia. Imaginam que, se simplesmente imitarmos aquilo que achamos que os crentes do Novo Testamento faziam, Deus se sentirá satisfeito. Isto leva tantos encontros cristãos a “fazer adoração” ou a “ter ministério” almejando, de qualquer forma, encontrar as bênçãos de Deus. Isto é um verdadeiro golpe ou um erro de alvo. Quando as coisas não correm muito bem, é comum os líderes culparem os que se assentam nos bancos pela falta de entusiasmo ou consagração. Mas o problema com este alvo é o seguinte: Quais das milhares de coisas das Escrituras Jesus deseja que façamos hoje? A Igreja primitiva fazia muitas coisas. A Bíblia está repleta de coisas que Deus deseja que digamos ou façamos em uma determinada situação. Mas, como Ele está nos liderando agora? Para saber isto, precisamos estar no Espírito. Precisamos ter um relacionamento real e íntimo com Ele. Deste modo, podemos sentir Sua liderança, segui-lo naquilo que Ele está fazendo e, assim, alcançar a satisfação da verdadeira adoração espiritual. Quão freqüentemente nós, povo de Deus, temos ido pelo caminho de Caim! (Judas 11) Quantas vezes nos reunimos e oferecemos a Deus o que se origina exclusivamente em nossos próprios corações! Nossas próprias idéias, invenções dos homens – coisas que têm uma mera qualidade da alma – têm sido colocadas no lugar de Cristo, como substitutas. Temos erradamente suposto que, se o que fazemos é bom, se é suficientemente bíblico, se é o bastante elaborado, se é suficientemente melodioso, Deus estará satisfeito. Não há dúvida que nós, como seres humanos, oferecemos a Deus o que temos de melhor. Tudo o que faze-mos tem as melhores intenções, humanamente falando. Entretanto, mesmo com todas estas coisas, Deus não se satisfaz. Ele não pode se satisfazer. Ele mesmo nos ensinou o Caminho e nós temos que andar nele. MUITAS OBRAS MARAVILHOSAS Oh, as catedrais que têm sido construídas, as liturgias que têm sido formuladas, os arranjos musicais que têm sido criados, as mensagens que têm sido pregadas, tudo em nome da adoração! Entretanto, Deus não deseja nenhuma destas coisas. Elas e muitos outros itens desta natureza, são realizações tremendamente humanas. Não estou tentando diminuir a excelência de nenhuma delas. Ainda assim, o seu valor é nulo se comparado com a beleza e a glória do que Deus providenciou. Muitas destas coisas são apenas as obras humanas, as melhores que podemos fazer, ainda assim elas não podem atingir o alvo, a exigência de Deus. Os homens apreciam tais coisas com sua alma, seus sentidos e freqüentemente confundem esta apreciação com alguma bênção espiritual. Entretanto, Lucas 16:15 afirma que “aquilo que é tido em alta estima pelos homens, é abominação aos olhos de Deus” . Coisas meramente externas não têm absolutamente valor espiritual. Elas nada fazem para intensificar nossa adoração ou para atrair a presença de Deus. A razão pela qual Deus rejeita tais coisas é que elas são uma substituição humana para a verdadeira oferta que Ele providenciou. Conseqüentemente, o espírito do homem é deixado sem ministração quando estas coisas predominam em nossas reuniões cristãs. Quantas vezes você saiu de um culto insatisfeito? Quantas vezes você ouve muitas mensagens em muitos encontros, conseguindo apenas umas migalhas da mesa do Senhor? Quantas vezes nossa adoração a Deus é formal, afetada e espiritualmente morta? Tudo isto somente serve para provar que temos seguido o caminho de Caim. Nenhuma de nossas idéias ou invenções, não importa quão boas ou “corretas” elas possam ser, poderá satisfazer a Deus e quando Deus não está satisfeito, nós também não poderemos estar espiritualmente satisfeitos. Oh, mas que diferença há no Filho! Quando o povo de Deus se reúne e se abre para Ele, permitindo que o Seu Espírito se mova em Seu meio, permitindo que o Sumo Sacerdote de nossa confissão dirija a adoração, o louvor e o ministério, quão satisfatórios estes encontros podem se tornar! Como serão cheios do Espírito e de Verdade! Como estes encontros serão ungidos e agradáveis! O homem se satisfaz porque Deus está satisfeito, tendo visto e aceito a oferta de Seu Filho. FOGO ESTRANHO No Velho Testamento temos um outro exemplo da vã religião humana. Nadabe e Abiu eram filhos do Sumo Sacerdote. Eram os filhos mais velhos de Arão e foram consagrados a Deus juntamente com ele para o sacerdócio junto ao Senhor. Os dois tinham bastante experiência em adorar ao Senhor e até chegaram a ver fogo cair do céu sobre os sacrifícios que ofereciam (Lv 9:24). Então começaram a achar que tinham um bom domínio no negócio da religião. Pensavam que já eram capazes de inventar algo para adorar a Deus. Tiveram a idéia de colocar um pouco de incenso em seus incensórios e foram para o santo Templo. O resultado foi desastroso. Veio fogo do céu e os consumiu. Esta foi a reação de Deus às suas inovações (Lv 10:1,3). Talvez estas coisas signifiquem algo para nós hoje. Como homens, temos uma profusão de idéias para contribuir com as reuniões das Igrejas – apresentações dramáticas, danças, adoração planejada anteriormente, performances musicais, práticas tradicionais, muitos dos adereços e formatos que achamos tão normais hoje na religião cristã – todas estas coisas podem ser apenas fogo estranho oferecido ao Senhor. Nós, povo de Deus, deveríamos chegar diante Dele com temor reverente. Deveríamos tomar cuidado para não seguirmos o caminho de Caim! É essencial que nossa adoração seja algo verdadeiramente espiritual, que venha do próprio Deus jorrando dentro de nós e derra-mando através de nós! Não é suficiente que, quando estamos juntos, sejamos simplesmente informados, emocionalmente estimulados ou entretidos. Ele, tão somente Ele, é a fonte de genuína oferta espiritual. Deus pode tolerar nossos exercícios religiosos hoje em dia. Hoje Ele não manda fogo do céu para destruir estas coisas que muitos de nós estão fazendo. Entretanto, somos ensinados que um dia nossas obras passarão pelo teste do fogo e, se estivemos construindo com madeira, feno e palha, em vez de ouro, prata e pedras preciosas, nossa obra será consumida. Lemos que o Senhor virá repentinamente ao Seu Templo e irá purificar os filhos de Levi de modo que sua oferta seja feita em justiça (Ml 3:1-3). Por favor, não me entendam mal. Não há dúvida que Deus pode nos conduzir em nossa adoração enquanto cantamos, dançamos ou fazemos muitas outras coisas. O Rei Davi dançou diante do Senhor com toda a sua força (2a Sm 6:14). Débora, Moisés e muitos outros, compuseram canções de louvor. Entretanto, fizeram estas coisas porque estavam transbordando de unção do Espírito Santo. Não fizeram isto por achar “apropriado”, “sagrado” ou “inspirado”. Aquilo que se origina em Deus e as invenções dos homens podem parecer iguais. Podem até mesmo ter a mesma forma aparente. Entretanto, há um universo de diferença! A questão não é realmente sobre a forma, mas sobre a fonte destas coisas. Se a fonte não é Deus, não importa o quão maravilhoso possa parecer, não importa que a doutrina possa estar correta, não importa que seja bom de se ver, isto é rejeitado por Ele. Por outro lado, tudo o que é inspirado pelo Espírito Santo, é importante e deveria ser incluído em nossa adoração. Como nós, os filhos de Deus, precisamos aprender a discernir entre o sagrado e o profano, entre o limpo e o sujo (Ez 22:26)! É triste, mas é verdade que muitos cristãos não aprenderam a discernir entre a alma e o espírito (Hb 4:12). Muitos passaram tão pouco tempo na presença de Deus meditando sobre Sua Palavra que nunca experimentaram a Sua espada do Espírito separando o que é natural e humano daquilo que é espiritual. Freqüentemente não temos crescido em nosso discernimento para sabermos o que Deus está pedindo. E, agindo assim, temos falhado em atingir Seus objetivos – adoração em espírito e em verdade. Há uma tendência entre alguns homens, de apreciar coisas com as quais estão habituados ou que existem há muito tempo. Outros gostam de inovações em sua adoração. Entretanto, tudo deve ser levado ao controle do Espírito Santo e somente Ele deve ser soberano sobre tudo o que fazemos. Além disso, já que Jesus é uma pessoa viva, podemos presumir que a Sua liderança irá mudar continuamente. Assim como o nosso relacionamento com outras pessoas está em constante transformação, assim também Deus se renova a cada manhã (Lm 3:22,23). Portanto, devemos estar em constante comunhão com Ele de maneira que possamos sentir e seguir o que Ele está fazendo hoje. É possível que muitas pessoas não compreendam o que estou dizendo e se sintam ofendidas por minhas palavras. Se este é o seu caso, eu lhe peço que não protele, mas que se coloque diante de Deus e lhe peça que o encha com Seu Espírito. Leia a passagem em Lucas que declara o quanto o Pai do Céu deseja derramar de Seu Espírito sobre aquele que lhe pedir (Lc 11:11-13). Ele anseia que saibamos a diferença entre o que é espiritual e o que é natural, para que possamos ofertar coisas que são aceitáveis e agradáveis a Ele! Deus nos ama muito. Ele derramou sobre nós o Seu Espírito. Ele nos ofereceu o Seu único Filho. Deus não escondeu de nós nada que fosse necessário para uma verdadeira adoração e um puro relacionamento com Ele. Como nós, como homens, precisamos aproveitar tudo o que Deus nos tem dado! Oh, que tenhamos o discernimento para saber o que se origina na alma e o que vem do Espírito. É em nosso espírito que nos ligamos a Deus (1a Co 6:17). E é somente através do Espírito Santo que podemos oferecer um sacrifício que seja aceitável. Para conseguir encontros genuinamente espirituais nós, assim como nosso devoto predecessor Abel, precisamos estar trabalhando uma semana naquilo que Deus providenciou. Se chegamos de mãos vazias aos nossos encontros na Igreja, se não estivemos antesna presença do Senhor nos alimentando em Sua Palavra e não sentimos o Seu Espírito se movendo dentro de nós, não teremos nada para oferecer. Se não pudemos exaltar o Cordeiro durante a semana, como podemos trazê-lo como uma oferta? Nesta situação, muitos cristãos são tentados a oferecer vegetais. Talvez pela falta de experiências espirituais, talvez pela falta de um relacionamento íntimo com o próprio Deus, eles são deixados sem cordeiro e podem oferecer aquilo que cresce do solo – algo terreno, algo natural. Estas coisas são espiritualmente insatisfatórias. O fato que o Pai procura homens e mulheres que o adorem em Espírito deveria realmente nos impressionar. Agora mesmo Ele está procurando por adoradores! Seu coração hoje está ansiando por verdadeiros adoradores que ofereçam sacrifícios de louvor, o fruto de seus lábios, aqueles que irão revelar a Ele o que Deus forjou neles através de Jesus Cristo. Oh, como precisamos orar, como necessitamos procurar a Sua face para que possamos experimentar este tipo de adoração! Não pode ser difícil. Na verdade, não deveria ser , porque Cristo morreu para que fosse assim. Nada tem sido negado a nós. O sacrifício do próprio Deus está completamente à nossa disposição. Portanto, vamos chegar até Ele e nos encher com o Cordeiro de Deus de maneira que, quando estivermos reunidos e Ele estiver no meio de nós, possamos oferecer um doce aroma, santo e agradável a Deus. Que possamos ser, como Paulo diz, aqueles “da circuncisão, que adoram a Deus em espírito” (Fp 3:3). Irmãos e irmãs, eu oro sinceramente para que estas coisas se tornem a sua realidade.

David W. Dyer 25/04/2004
Tradução – Maria Regina Vidal Eliasquevici

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Servindo sem Suor- Rubén Chacón

"Eles entrarão no meu santuário, e se chegarão à minha mesa, para me servirem, e cumprirão as minhas prescrições. E será que, quando entrarem pelas portas do átrio interior, usarão vestes de linho; não se porá lã sobre eles, quando servirem nas portas do átrio interior, dentro do templo. Tiaras de linho lhes estarão sobre a cabeça, e calções de linho sobre as coxas; não se cingirão a ponto de lhes vir suor" (Ezequiel 44:16-18).

Este é uma ordenança para os sacerdotes do Senhor. No Novo Pacto, todos somos sacerdotes, todos podem entrar no santuário e ministrar a Deus. E esta ordenança do Senhor diz que os sacerdotes devem entrar vestidos de vestimentas de linho; não porão sobre eles coisas de lã. E a razão do porque não devem vestir-se de roupa de lã, segundo o versículo 18, é para que a roupa não os faça suar.
"Não se cingirão de coisa que os faça suar". Isto quer dizer que Deus não quer suor em sua casa. O que significa o suor? O suor é produzido quando fazemos um grande esforço. Portanto, o suor representa o esforço humano. Se Deus não quer suor em sua casa, quer dizer que Deus não quer esforço humano em sua casa. Interessante, não?
Vamos ler agora em Levítico 19:19. "Guardarás os meus estatutos; não permitirás que os teus animais se ajuntem com os de espécie diversa; no teu campo, não semearás semente de duas espécies; nem usarás roupa de dois fios misturados".
"O seu campo não semeará com mescla de sementes". Sublinhemos a palavra 'mescla'. "...e não porás vestidos com mescla de fios". Outra vez, sublinhemos a palavra 'mescla'. Deus não quer linho e lã misturados. Deus não quer uma mescla do divino com o humano. O esforço humano em sua casa atrapalha a obra de Deus.
Deus não quer que façamos 50 por cento e ele faça os outros 50 por cento, ou que nós façamos 10 por cento e ele faça 90 por cento. Ele quer fazer cem por cento. Custa-nos muito entender que o crescimento no Senhor é que nós diminuamos para que o Senhor cresça. O Senhor quer encontrar espaço em nós, para ele fazer cem por cento.
Vocês têm lido a carta aos Gálatas. Os Gálatas estavam caindo neste engano. Eles tinham sido justificados pela fé, tinham sido salvos pela fé; mas agora criam que a santificação era pelas obras. E vem Paulo para dizer-lhes: 'Não, a santificação também é pela fé'. Tudo é pela fé, tudo é obra de Deus.
A obra de Deus é cem por cento dele. Ele não necessita da nossa ajuda, não necessita da nossa intromissão. Necessitamos simplesmente nos dispor, nos abrir, permitir que o Senhor faça a sua obra completa. A obra de Deus é perfeita, a obra de Deus é absoluta; é uma obra terminada, é uma obra eterna. Louvado seja o Senhor! Que o Pai possa abrir os nossos olhos para ver que contemplamos uma obra que já está acabada.

O propósito de Deus

Por que Deus não quer o nosso esforço? Para conhecer a resposta, precisamos compreender como fomos criados e para que fomos criados. Em outras palavras, precisamos conhecer o propósito de Deus. E quando entramos no propósito de Deus, encontramos que você e eu fomos criados para conter a Cristo e para expressar a Cristo, para que a vida de Cristo fosse manifestada através de nós.
Portanto, desde o começo, Deus nunca planejou que nós tivéssemos que ajudar a Deus. Desde o começo, ele nos criou e nos planejou como um vaso para conter a vida de Cristo, e para que essa vida se manifestasse através de nós.
Porque caímos em pecado é que nós não podemos oferecer nada aceitável a Deus. Não é só o pecado - que manchou todas as nossas ações - que faz que todas as nossas ações sejam híbridas ou misturadas, mas sim há uma razão ainda mais profunda: Nunca fomos criados para ajudar a Deus, mas sim para deixar que ele se manifeste através de nós.
O plano de Deus era o seguinte: O homem foi criado tripartido, espírito, alma e corpo. Adão foi criado com vida humana. Como diz a Escritura, foi feito alma vivente. Não obstante, foi criado para a árvore da vida. Foi criado com um tipo de vida -a vida humana- mas foi criado para outro tipo de vida - a vida que estava na árvore da vida.
Por isso, quando criou Adão, pôs ele no jardim, e no meio do jardim, Deus plantou a árvore da vida e a árvore da ciência do bem e do mal. Adão saiu da mão criadora de Deus com vida humana, mas foi criado para tomar a vida que estava na árvore da vida.
Que vida era que estava na árvore da vida para Adão, se ele já tinha sido criado com vida humana? A vida da árvore da vida é a vida de Cristo. E o propósito de Deus é que Adão, criado com vontade, com intelecto e com emoções, tivesse voluntariamente comido da árvore da vida. Quando Adão fosse para o centro do jardim, embora ali estivesse a árvore da ciência do bem e do mal - do qual Adão não devia comer -, não obstante, estava também a árvore da vida.
Quando Adão fosse ao centro do jardim, deveria comer dessa árvore. Se Adão o tivesse feito, a vida de Deus, que é a vida de Cristo, teria entrado em seu espírito, e em seu espírito teria a vida de Cristo. Então, Adão poderia, a partir desse momento, expressar a vida do Senhor. A vida de Cristo poderia começar a manifestar-se através dele; a sua alma estaria em harmonia com o seu espírito, e a alma, qual uma esposa, seria a ajuda idônea do espírito. O espírito seria como o marido, e a alma como a esposa. E a alma, que não tinha pecado, seguiria ao espírito sem resistência e sem oposição. O homem seria então uma expressão de Cristo. O homem não se expressaria a si mesmo, mas a vida de Cristo nele.
Agora, todos nós sabemos que isto não ocorreu. Infelizmente, Adão desobedeceu. Quando foi ao centro do jardim, ele comeu da árvore da ciência do bem e do mal. E Deus disse: 'Que não estenda agora a sua mão e coma também da árvore da vida'. O seu espírito não recebeu a vida de Deus, e o drama foi o seguinte: a alma, então, prevaleceu sobre o espírito. Em lugar de ser serva, a alma se tornou rainha; em lugar de ser esposa, fez-se marido, e começou a viver por si mesma. Tornou-se auto-suficiente, autônoma, rebelde, super ativa. Fortaleceu as suas capacidades. A vontade se tornou uma vontade ferrenha. Uma mente que tudo intelectualiza. Os seus sentimentos se tornaram desequilibrados, que nos arrastam para um lado e para outro. A alma se desencaminhou, saiu do seu lugar, ficou em uma posição para a qual nunca foi criada.
Por isso, Deus não quer o nosso esforço em sua casa. Deus queria o plano original. O espírito do homem vivificado com a vida divina e expressando-se através de uma alma dócil, uma alma que é serva do espírito, uma alma que não resiste a Deus, que pode seguir na forma sensível o que a vida de Cristo quer expressar.
Mas desde o dia em que Adão caiu, o homem só expressa a si mesmo. O que sai de nós não é a expressão de Cristo; é a expressão de nós mesmos. O do homem é introduzido em Sua casa, e na casa de Deus tem mistura. Por um lado, está o de Cristo, que às vezes flui, que às vezes se manifesta; mas ainda há muito de nós na casa de Deus.

O ativismo da alma

Mas não temos apenas uma alma fora do lugar, em uma posição para a qual nunca foi criada, mas também esta super atividade que tem a alma, esta autonomia que exerce, esta força com que quer realizar, finalmente produz cansaço, produz suor, produz que tenhamos uma alma desgastada, que quando sua por agradar a Deus, por servir a Deus, não há alegria, não há repouso. Pelo contrário, o esforço humano traz consigo queixa, desânimo, frustração, depressão, insatisfação.
Quantos de nós que estamos aqui estamos cansados, quantos de nós que estamos aqui estamos esgotados, frustrados, desanimados! Deus não quer suor em sua casa. Deus quer que o seu serviço, o serviço para ele, seja feito com gozo, seja feito com paz, seja feito com repouso e com alegria. Necessitamos o descanso do Senhor, precisamos aquietar a nossa alma, e deixar que o Senhor opere através de nós.
Vamos ler em Isaías 57:10. "Na multidão dos teus caminhos te cansaste, mas não disseste: Não há remédio; achaste novo vigor em tua mão, portanto, não te desanimaste". Esta é a situação da nossa alma. Em muitos caminhos, procurando participar, procurando realizar-se, procurando colaborar, procurando ajudar a Deus.
Ou seja, os nossos caminhos nos cansam, mas não até o ponto de dizer: 'Já não há mais esperança'. A nossa alma volta a tomar vigor, volta a encher-se de esperança, e não desanima, e continua. E tornamos a nos cansar, e tornamos a nos frustrar, mas não até o ponto de dizer: 'Não há remédio', mas tomamos novamente energia, e deixamos de nos desanimar. Isso não é o que quer o Senhor. O Senhor quer que cheguemos ao ponto da rendição total.
Versículo 20: "Mas os ímpios são como o mar em tempestade, que não pode estar quieto". Assim é a alma do homem, como o mar em tempestade, que não pode aquietar-se. E o versículo 21 diz: "Não há paz, diz o meu Deus, para os ímpios".

Descanso para a alma

Jeremias 6:16. "Assim diz o Senhor: Parai-vos nos caminhos, e olhem, e perguntai pelas veredas antigas, qual seja o bom caminho, e andai por ele, e achareis descanso para a vossa alma". "Parai-vos nos caminhos...". A palavra caminhos está no plural. Isaías havia dito: "Na multidão dos teus caminhos te cansaste". Esse é o problema da alma: transita por uma multidão de caminhos. E o profeta Jeremias diz: "Parai-vos nos caminhos, e olhem, e perguntai pelas veredas antigas, qual seja o bom caminho...". No singular, o caminho é um só.
Não há muitos caminhos, só há um caminho, o bom caminho. E o profeta diz que quando o encontrarem ande por ele, "...e acharão descanso para a vossa alma". Quando olhamos no Novo Testamento o cumprimento disto, em Mateus 11:28-30, lemos: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve".
Há alguém aqui que está trabalhado e que está oprimido? "Vinde a mim", diz Cristo, "os que estão cansados e sobrecarregados, e eu vos farei descansar". Como o Senhor nos faz descansar? "Tomai sobre vós o meu jugo...". Quer dizer, que a nossa alma volte para a posição original, deixe de ser auto-suficiente, deixe de ser autônoma. A nossa alma volte a sujeitar-se ao espírito. O jugo de Cristo sobre nós é o seu espírito.
E diz o Senhor: "...e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas". Ele tomou o texto de Jeremias capítulo 6. Portanto, segundo o próprio Senhor, quem é o bom caminho? Ele mesmo era o bom caminho. Cristo é o bom caminho. E levando o seu jugo, achamos descanso para a nossa alma, porque o jugo de Cristo é suave, e a sua carga leve.
Achamos descanso e repouso, recuperamos o gozo e a alegria, desaparece o suor, quando tomamos o jugo com Cristo, quando aprendemos a caminhar com ele, quando deixamos que ele vá adiante de nós, quando permitimos que ele faça cem por cento, quando nós diminuímos para que ele possa crescer, para que ele possa encher tudo em sua casa, para que nós voltemos a ser seus servos, voltemos a ser dóceis ao seu Espírito.
E por último, 2ª Timóteo 2:1. "Tu, pois, meu filho, esforça-te na graça que está em Cristo Jesus". Aqui parece que há uma contradição. Paulo diz a Timóteo: "Esforça-te". Em que ficamos? Tem que esforçar-se ou não tem que esforçar-se? Se olharmos bem, Paulo diz a Timóteo: "Esforça-te na graça". E isto é uma paradoxo, porque a graça é o oposto das obras. Então, o verbo 'esforçar-se', parecesse que não tem relação com a graça. E Paulo diz a Timóteo: "Esforça-te...", mas "...na graça que está em Cristo Jesus".
Parafraseando este texto, seria mais ou menos assim: esforça-te em não fazer nada; esforça-te em que tudo seja feito por Deus". E, por que não fazer nada requer esforço? Porque a nossa alma sempre está disposta a fazer algo, a nossa alma sempre está disposta a tomar a iniciativa; a nossa alma não pode ficar quieta.
Qual é o nosso maior problema no momento de orar? Que temos uma alma que não pode estar quieta nem em silêncio. É assim. Quando queremos estar na presença de Deus, sentimos e experimentamos que a nossa alma está ativa, cheia de idéias, cheia de boas intenções. E quando queremos estar quietos, descobrimos que não podemos. Necessitamos um esforço para não fazer nada, porque a nossa tendência natural é sempre fazer algo.
Assim que este texto não contradiz o que temos dito, mas é um paradoxo. Esforça-te em não fazer nada; esforça-te para que Deus faça tudo. Deus é poderoso para fazer cem por cento, e quer fazê-lo através de ti, sem suor, sem cansaço, sem queixas, sem frustrações, sem desânimo, mas com gozo, com alegria, e no repouso do Senhor. Amém.

Síntese de uma mensagem ministrada em São Bento do Sul, Brasil

Irmãos em Cristo Jesus.

Irmãos em Cristo Jesus.
Mt 5:14 "Vós sois a luz do mundo"