sexta-feira, 12 de junho de 2009

Cristo x A Religião dos Homens- Silvio Maria

Extraído do Blog Alimento Sólido; dos Irmãos de Rio Grande-RS .
Espero que o que vai ser compartilhado com os amados irmãos possa, mediante a graça do Senhor, ajudar a modificar a situação das Igrejas do nosso País.
Este blog tem a certeza que está ministrando a homens conscientes da necessidade de uma restauração das igreja fazendo-as retornar a pura palavra de Deus, a fim de que através da palavra de Deus encontre os princípios que regem a Igreja do Senhor Jesus nesta terra.
Não vou me deter em detalhes doutrinários ou responder as mais diversas bases teológicas, mas simplesmente dar o alerta, tocar a trombeta para aquele que tiver ouvidos que ouça o que o Espírito diz as igrejas.
Me dirijo especialmente a todos que sentem a sua responsabilidade na causa do Senhor a todos que tem algum tipo de encargo ou responsabilidade pelo rebanho do Senhor.
Tenho falado muito sobre crescimento espiritual e de como obter a maturidade espiritual e creio que este momento é o momento oportuno para compartilhar sobre a situação das Igrejas no Brasil e no mundo. Mesmo sabendo que irei ser mal interpretados mesmo assim desejo ser fiél ao nosso Deus, não querendo agradar a homens mas agradar ao nosso Deus.
E antes que você se levante para se opor ao que vai ser dito, faça o favor, leve humildemente diante do Senhor tudo o que vai ser compartilhado. Amém.
Ao iniciar este importante assunto para a vida das Igrejas do Brasil e no mundo, quero dizer que a história ao lado da palavra de Deus é a grande mestra sobre os assuntos da igreja de hoje, da igreja dos nossos dias.
O nosso Deus tem permitido que o acervo da história registre as lutas, os gemidos e as agonias que homens e mulheres de Deus travaram e experimentaram no firme desejo de servir ao Senhor.
O nosso Deus também permitiu que a pena dos historiadores fosse realmente implacável ao descrever as divisões doutrinárias, o orgulho, o autoritarismo e as divisões que marcaram profundamente a igreja dos séculos passados bem como do presente.
A verdade é que muitos fiéis homens de Deus do passado pagaram o preço para que hoje tenhamos a palavra, a fé e os ensinamentos preservados até nossos dias pelo poder do Espírito Santo do nosso Deus, capacitando homens que realmente viveram exclusivamente para o nosso Deus.
Foram homens guardadores da fé ,aguardando todas as coisas. Em At 3:21 nos diz: “Ao qual é necessário que o céu contenha Cristo até os tempos da restauração de todas as coisas de que Deus falou por boca dos seus profetas desde a antigüidade.”Portanto amados irmãos não podemos desprezar que homens do passado estiveram em alerta, tapando a brecha, pagando o preço, alguns até mesmo ignorados no processo histórico, prepararam o caminho para a restauração da igreja que hoje todos nós também anelamos, quer consciente ou inconscientemente, você sabe que algo necessita ser restaurado.
Estamos bastante cientes de que o Senhor não tem prazer em que rememoremos os fracassos de seu povo ou que fiquemos a lamentar sobre os fracassos do passado.
Mas procurando me esquivar de detalhes, quero mostrar alguns pontos importantes aos nossos amados irmãos, sobre a história passada da igreja e também que sirva de advertência para os nossos dias.
Ø Em primeiro lugar no período que foi do ano 30 a 100 d.C a igreja é um instrumento poderoso que minou o império romano trazendo Jesus como Kyrios ou seja o Senhor para o mundo. Entretanto logo após a morte do apóstolo João tudo indica que o poder começou a cair na igreja, inclusive Nero e suas perseguições foram neste período muito grandes e implacáveis.
- Por volta de 130 d.C desaparece o ministério profético e a falta da imposição de mãos. Por volta de 150 d.C começa desaparecer muitas evidências do estar cheio do Espírito Santo e dos dons espirituais e o povo já não tinha um encontro vivo com o Espirito.
- Por volta de 160 d.C desaparece a pluralidade de presbíteros e começa então os bispos monárquicos.
- Por volta de 180 d.C as igrejas perdem autonomia como igrejas locais.
- Por volta de 200 d.C as igrejas já não dão muito valor ao batismo nas águas e pouco antes por volta de 185d.C há o primeiro registro de batismo de crianças.
- Por volta de 210 d.C começa uma grande distinção entre o clero e os leigos, o clero passa a ser os sacerdotes.
- Por volta de 225 d.C foram criados os credos de fé para se receber novos membros nas igrejas.
- Por volta de 240 d.C o mundanismo entrou na igreja, a vida de santidade tornou-se irreal para muitos.
- Por volta de 313 d.C Constantino tornou-se o governador do grande império romano e escolheu o cristianismo como a melhor das religiões. O estado e a igreja se tornaram um.
- Por volta de 350 d.C o cristianismo se transforma na religião oficial do império e todos que não pertencem a igreja foram perseguidos. Neste ponto perdeu-se a ênfase de ser aceito pela igreja pela salvação ou justificação pela fé.
- Por volta de 380 d.C Teodósio fez de Roma a capital do império religioso e autoridade final sobre o assunto religioso.
- No ano de 392 d.C Teodósio declara que toda forma de adoração fora da igreja deveria ser punido com a morte.
- De 400 a 484 o rito do batismo perdeu o seu valor e o clero estava isento de impostos.
Acredito que até aqui já temos dados suficientes para vermos como o declínio da igreja foi terrível. Por isso amados irmãos teremos que pular quase 800 anos da história para começarmos a ver os ventos de restauração da igreja do Senhor, aleluia Ele é que restaura o seu povo.
Vamos mencionar alguns dos principais acontecimentos que contribuíram para a renovação da igreja do Senhor e que tem alcançado até os nosso dias.
- De 1182 a 1223d.C surge o período de Francisco de Assis. Francisco procura voltar aos princípios de Mateus 5,6,7. Começa uma vida piedosa, abandona as riquezas e passa a pregar aos pobres e desamparados e a viver uma vida simples. É o primeiro alvorecer da reforma. Junto com Francisco de Assis surgiu Pedro Valdo que deu origem aos Valdenses excomungados da igreja católica romana, organizaram-se traduzindo a bíblia na linguagem do povo e distribuíram porções bíblicas ao povo.
- Por volta de 1375d.C João Wyeliff em meio a problemas políticos religiosos entre Inglaterra e Roma prega que não deve haver distinção entre o clero e o povo e combate a transubstanciação. Havia um vento de reforma na Europa, havia um desejo por uma volta a Deus e a sua palavra. É neste momento que surgem os anabatistas e os menonitas, separando-se da igreja católica.
- Por volta de 1492 a 1559 d.C Meno Simons, e Martinho Lutero, trazem a justificação pela fé.
- Por volta de 1731 d.C o conde Zinzendorf na Saxônia amparou os irmãos da bondade obra de Jonh Hus da Tchecoslováquia. Irmãos esses perseguidos da moravia por causa da sua fé.
- De 1731 a 1791 d.C João Wesley é levado a conhecer o Senhor pelos moravianos e daí surge a herança pentecostal.
- De 1828 a 1829 Jonh Nelson Darby na Inglaterra, conhecido como movimento dos irmãos. Esse movimento produziu grandes homens como Willian Kelly, Mckintosh e Darby.
- Por volta de 1865 surge na América um homem que após uma profunda experiência de cura divina começa a pregar e a evangelizar. Simpson organiza a aliança cristã e missionária, aqui inicia-se mais diretamente a pregar-se o enchimento com Espírito Santo e a cura divina para os enfermos.
- No início do séculoXX o movimento pentecostal era puro, era sádio sem razão denominacional, realmente uma verdadeira igreja. Aquilo que hoje se conhece esta distante dos relatos da história.
Queridos e amados irmãos, hoje temos de cuidar, temos de vigiar para não cairmos nos mesmos erros dos homens do passado.
O que deixaremos para a geração que nos sucederá, a fim de que não errem como no passado? O que devemos fazer para não perdermos de vista a visão da igreja sem sermos um grupo fechado, sectário, orgulhoso, mundano e sem o Espírito.
Nossos pais erraram por que lhes faltou visão mais clara uma revelação mais clara sobre o que realmente é a igreja ; que a igreja é um ato soberano do nosso Deus para cumprir a sua economia para cumprir o seu plano e seu supremo propósito.
Infelizmente ainda hoje no século XXI a quase 2000 anos de história da igreja a quase 2000 anos da morte e ressurreição do Senhor Jesus, no qual pagou alto preço pela sua igreja, apesar de todo este tempo muitos de nós crentes muitos de nós cristãos muitos de nós filhos de Deus ainda estamos confusos acerca da igreja.A pergunta que mais se houve por ai é: qual é a igreja certa? Qual e a igreja certa? Qual é a igreja certa? Existem dezenas de denominações nas cidades, e centenas de denominações no estado e existem milhares de denominações no mundo e o pior que todas presumem ser a igreja verdadeira.
Esta palavra este compartilhar é um alerta , é um apelo aos que desejam ser verdadeiros cooperadores de Deus.
Será que o Senhor Jesus queria deixar seus discípulos em uma tal confusão? Amados irmãos quando estivermos no céu, serão toleradas as seitas, será que serão toleradas as divisões?
É claro, certamente que não é a resposta que se houve. Mas por ventura agora neste momento já não estamos ressuscitados e assentados com ele nos céus.
Conf. Ef 2:6: “E juntamente com Ele Cristo Jesus nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais com Cristo Jesus.”
Portanto o corpo ressurreto de Cristo Jesus é um só corpo, composto de todos crentes de cada nação. E estamos assentados nos céus.
Em Jo 17:24 nos diz que todos os que crêem são um com Cristo nos lugares celestiais.
Que Deus o nosso Deus condena a divisão, nenhum dos que se submetem a autoridade da palavra de Deus irá negar.
O apóstolo Paulo diante do primeiro sinal ou embrião das divisões, disse em ICo 1:10-13: “Rogo, porém irmãos pelo nome do nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós divisões... cada um de vós diz: eu sou de Paulo, e eu de Apólo e eu de Cefas, e eu de Cristo, esta porém Cristo dividido?"Tenho absoluta certeza quanto a vontade do Senhor nestes dias, quando cada um diz: eu sou de ROMA, eu sou LUTERANA, eu sou ASSEMBLEIANA, eu sou METODISTA. eu sou EXÉRCITO DA SALVAÇÃO, eu sou LUZ PARA OS POVOS, eu sou ADVENTISTA, eu sou QUADRANGULAR, eu sou da GRAÇA, eu sou da CHAMADA MISSIONÁRIA, eu sou sou BATISTA, eu sou UNIVERSAL.
Amados irmãos Deus roga a todos os crentes, pela glória e preeminência do nome do Senhor Jesus que não haja divisões.
Deus não tolera nenhum nome ou divisão.
Permitir qualquer outro nome que não seja o nome de Cristo Jesus é rebaixar seu bendito nome. Se a vontade de Deus é que não haja divisões, como podemos pertencer a qualquer delas, ou como poderemos apoiar qualquer divisão, sem estar desobedecendo a vontade de Deus, tendo diante de você a santa palavra do nosso Deus.
E ainda para que não haja engano o Espírito de Deus fala de novo sobre o tema dizendo: “porque ainda sois carnais, pois havendo entre vós inveja contenda, divisões não sois porventura carnais.”
Se você querido irmão faz parte de um cisma., se você querido irmão faz parte de uma divisão no corpo de Cristo, lamento te dizer você ainda é carnal você não é espiritual.
Efésios 4:1-4 nos diz que há um só Corpo um só Espírito.
Todos os crentes são um nO Cristo ressuscitado, e a vontade de Cristo Jesus é que essa unidade seja manifestada ao mundo inteiro. Em Jo 17:21-23 diz que: “Para que todos sejam um, como tu ó pai o és em mim e eu em ti que também eles sejam um em nós para que o mundo creia.”
E outra vez diz: “Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tem amado a eles como me tens amado a mim.”
Amados irmãos em lugar de divisões terrenas e discórdias, o bendito Senhor deseja que nós manifestemos ao mundo nossa unidade com Ele. Apesar do fracasso dos nosso dias, não estamos dispensados da fidelidade a Cristo Jesus, não podemos pertencer ou nos identificar com qualquer coisa que desonre a ele ou seja contrário a sua vontade.Até agora amados irmãos tenho demonstrado não só pela história da igreja mas também pela palavra que as divisões são inteiramente contrárias a vontade do Senhor. Portanto todo crente que deseja andar em conformidade com a palavra de Deus deverá separar-se de todas as divisões do corpo de Cristo.
O que estou apresentando aqui é um caminho que já tem sido percorrido por muitos servos de Deus, é um caminho difícil, porém quando é que foi fácil a senda da fé?
Esse foi o caminho dos profetas de Deus para edificação do seu tabernáculo, da sua casa espiritual que somos nós.
Estamos em tempos perigosos. Aquilo que é mau se chama bom.; ao que é bom se chama mau. Podemos perceber que muito do que é chamado cristandade hoje é apenas a religiosidade do homem. O que o homem precisa não é de religião, mas da pessoa viva do Filho de Deus.
Encerrando quero dizer que é um grande erro supor que por nos separarmos de toda divisão denominacional somos melhores do que outros queridos irmãos filhos de Deus que estão nas divisões. Não! Longe de nós pensar isso!!!
É simplesmente porque o filho de Deus Cristo Jesus é digno. Sim ele é digno do sacrifício (que, na verdade é uma alegria) de se deixar todo nome ou divisão e se reunir ao seu nome eternamente bendito.
Nos dias dos apóstolos Jesus era o nome exaltado sobre qualquer outro nome. Exaltar outro nome ainda que fosse Paulo ou Pedro era denunciado pelo Espírito de Deus como carnalidade e divisão no corpo de Cristo. Em Mt 6:10 nos diz: “Seja feita a tua vontade na terra assim como no céu.”
Será que podemos orar assim?
Seria mais honesto admitir: “Pai tenho estado numa divisão por tanto tempo, mas fui iluminado nesta dia e quero fazer a tua vontade sobre a terra como esta no céu.”
Querido irmão, você deseja fazer a vontade de Deus, então seu caminho é bem claro: deixe todo nome e divisão e receba a todos aqueles que ele recebeu para a glória do nome de Jesus. Amém.Contato; ccc.riogrande@gmail.com
Rio Grande - RS

O Racionalismo - William Kelly

Extraído do site www.verdadespreciosas.com.ar , e Traduzido para o Português pelos irmãos da cidade de Alegrete-RS
Download do livreto completo disponível no Filho Varão

1 Coríntios 2:6-16

1. Uso e abuso da razão com respeito às Escrituras

Meu objetivo, ao escrever estas linhas, não é rebaixar o lugar da razão, pois é dada por Deus ao homem. A razão é um admirável e belo instrumento que Deus pôs nas mãos do homem, mas cuja ação não deve sair de sua própria esfera. O racionalismo é o abuso da razão, mas de nenhuma maneira seu resultado necessário. O racionalismo é a razão que se introduz na esfera de Deus e de Sua revelação para negar tanto a um como ao outro, de fato, se bem não abertamente. E isto é precisamente o que me proponho combater, não expondo, como seria fácil fazê-lo, a necedade das pretensões deste sistema e o perigo de suas conclusões, senão, na medida do possível, mediante a apresentação da verdade. O racionalismo não aspira à verdade; ao contrário, seu objetivo constante é fazer incerta a aquisição da verdade. Tende, pois, a voltar a submergir ao homem nessas mesmas trevas de onde a revelação de Deus o tira com absoluta certeza.

O apóstolo, na passagem que acabamos de ler (1 Coríntios 2:6-16), ataca a raiz desta armadilha para o espírito do homem, e o mesmo princípio, não faz falta dizê-lo, se encontra quase por todas as partes nas Escrituras. O próprio fato da existência de uma Bíblia testifica contra as próprias asserções da sabedoria humana, posto que, de um extremo ao outro, a Bíblia afirma que ela é a Palavra de Deus, e não somente que há em suas páginas um elemento divino que a razão deve descobrir e separar dos elementos humanos que o envolvem. Em nenhuma parte de sua Palavra, Deus ensina, nem da a entender, nem admite semelhante asserção.

2. Problemas a nível da autoridade da Escritura

Cristo cita a Escritura como autoridade suprema

Felizmente também, vivemos em uma época da revelação divina na qual podemos introduzir o que todos, exceto incrédulos declarados, devem reconhecer como uma autoridade decisiva. Não faço alusão às hipóteses dos homens, quem quer que sejam. Falo do mais santo e humilde dentre os nascidos de mulher, Daquele que, verdadeiramente homem, não considerou como um objeto de usurpação o ser igual a Deus. Pois bem, a autoridade do Senhor Jesus Cristo deve ser certamente definitiva. Sempre que o Senhor Jesus Cristo cita a Escritura, é como uma norma suprema contra a qual não se pode apelar. Mantém tão plenamente sua autoridade, de maneira que exclui toda idéia de que pudesse se encontrar na Palavra de Deus alguma coisa que possa por de manifesto a debilidade dos instrumentos de barro que a graça de Deus empregou.

Ainda que dada por meio do homem, jamais ela se chama a «palavra do homem», senão a palavra de Deus. Mas mesmo que Deus empregou instrumentos humanos para escrevê-la, estes foram inspirados por Deus de tal modo que, à vez que conservaram seu caráter individual, apresentaram de uma maneira perfeita a verdade de Deus e só isso. Assim se manifesta em parte a sabedoria de Deus na inspiração. Não deixa ao homem de lado, senão que introduz a Deus com uma perfeição invariável, já que se o introduzisse de maneira parcial haveria deixado subsistir o velho elemento das dificuldades e a incerteza [1].

Ninguém dos que recebem as palavras do Senhor Jesus tal como foram dadas por seus discípulos pode negar este fato. Em efeito, é evidente que ele mesmo fala sempre como alguém que nos dá as palavras de Deus, e que ele prometeu a seus discípulos o poder do Espírito Santo, para que possam também comunicar a palavra de Deus. Um de seus principais discípulos foi o grande apóstolo Paulo, quem sem dúvida não conheceu a Jesus nos dias de Sua carne, mas que afirma que ele não é em nada inferior aos mais excelentes em palavras e obras. (João 3:34; 7:16; 14:26; 1 Coríntios 2:13; 2 Timóteo 3; 2 Pedro 3:15-16).

O racionalismo rebaixa a Cristo

Consideremos por um momento a importância deste fato. Não posso admitir que depois de haver reconhecido a bondade, a humildade, a perfeição de Jesus, se discutam suas palavras. É o que faz o racionalismo, o qual põe assim ao desnudo toda sua insensatez. Nada pode ser mais injurioso que falar do Senhor Jesus de uma maneira patrocinadora —por dizer assim—, reconhecer a irrepreensível integridade do Salvador e, ao mesmo tempo, negar a tirar a inevitável conclusão que se deriva de suas palavras e de seus atos. Sei que alguns ousam insinuar que o Senhor Jesus não estava por cima dos prejuízos de seu tempo, e que compartilhava as idéias dos judeus. Pode alguém falar assim e admitir que Jesus é Deus? Acaso tem Deus prejuízos? Acaso Ele não se move por cima das variáveis noções do homem na terra? Pois bem, o Senhor Jesus, durante todo o curso de seu ministério, se ocupou reiteradamente em por em evidência da maneira mais simples e clara, um tema que não cede a nenhum outro em importância vital, que concerne a você, a todo filho do homem, não somente ao crente, senão também ao incrédulo; tema pelo qual toda alma deverá dar conta a Deus. É, pois, impossível achar outra coisa que nos afete de maneira mais prática, mais imediata, mais solene.

Por todas as partes, vemos o Senhor Jesus, primeiro de uma maneira geral e logo também nos menores detalhes, no gozo e na dor, no que concerne aos demais e no que concerne a si mesmo, em sua vida e até em sua morte, em todo momento e em qualquer circunstâncias, lhe vemos por todas as partes mostrando a estima que tem —a estima que Deus tem— da Escritura, da Palavra escrita de Deus. E isto ressalta de uma maneira notável em uma época na que inclusive aqueles que manipulam livremente a Escritura com um espírito que não é o conveniente, devem entretanto aceitá-la como uma autoridade decisiva. Digo isto para os que queriam insinuar que nosso Senhor Jesus, “nos dias de sua carne”, podia haver estado sob a possibilidade de se ver afetado pelas passageiras opiniões de seu século.

Mas, supondo que assim fosse, diriam o mesmo de Jesus ressuscitado? Pretender-se-á que a ressurreição não libere nem sequer a Jesus do que pertence a um mundo no qual os sentidos, a imaginação e as tradições exercem sem dúvida suas diversas influências na mente e a linguagem do homem? Pois bem, o Senhor ressuscitado aparece àqueles que o amavam e que, não havendo compreendido as Escrituras, eram provados profundamente por sua morte. Em uma das conversações mais doces e interessantes, Jesus parte do ponto onde estavam. E de que arma faz uso para convencê-los? Certamente haveria podido extrair Suas palavras das profundidades insondáveis de Sua mente; poderia abrir essas ricas e poderosas fontes de verdade divina que, saindo de Seu coração, haveriam arrancado todas as dificuldades da alma daqueles que se aferravam a ele e que estavam abatidos pelo pensamento da cruz (essa mesma cruz onde Ele realizava sua redenção). Mas não, nosso Senhor toma as Escrituras, a simples palavra escrita de Deus.

Jesus apela a Moisés, os Salmos e os Profetas

Começa por Moisés, cita os Salmos, e os remete aos profetas, recordando assim esta divisão tão conhecida do Antigo Testamento em três partes. Indico este fato porque prova da maneira mais decisiva que as dificuldades de especulação, sobre as quais um número tão grande de indivíduos tem feito naufrágio, não são na realidade mais que seus prejuízos, as nuvens passageiras da opinião do dia e não a verdade de Deus. É falso, é blasfemo pensar que o Senhor, o Criador eterno, cedera aos prejuízos de Seu tempo; o que é certo, é que os homens que fazem estas objeções são arrastados pelos pensamentos profanos de sua época. O Senhor marcou com o selo de sua divina autoridade a Bíblia, toda a Bíblia e nada mais que a Bíblia. Nos a dá precisamente tal como os judeus a possuíam então.

O povo de Israel havia passado por grandes revoluções e por profundas provas. Nesse tempo, as Escrituras do Antigo Testamento teriam que haver sofrido algum erro de transmissão. Era impossível que, sem os mais imediatos cuidados de Deus, as Escrituras transcritas em hebreus somente, houveram escapado a toda alteração durante estas terríveis crises. Até o tempo do Senhor, como se recordará, só se as havia traduzido a uma língua e daí que não se tivera este controle que proporcionam as distintas versões; porque, ainda que as traduções em diferentes línguas possam, além de difundir a palavra de Deus, por em evidência mais ou menos a debilidade humana, entretanto, a comparação destas diferentes versões feitas em diferentes línguas testifica justamente o contrário. O resultado é que, quando estas diversas versões feitas em diferentes tempos e por pessoas tão distintas concordam entre si, ele apresenta, em favor do texto, um tão unido testemunho, que seria necessária uma mente singularmente constituída para escapar de seu poder. Agora bem, em um tempo como este precisamente, quando não existia nem podia existir este tão vasto e unido testemunho que temos hoje, resultado da difusão das Escrituras em todo o mundo e existente em tão grande número de línguas, nosso Senhor apela a Moisés, aos Salmos e aos profetas como testemunhas.

Jesus respondeu a Satanás só com as Escrituras, e este último nunca ousou esgrimir o pretexto que os homens de hoje sugerem
Este tema não deve ser considerado simplesmente desde um ponto de vista geral, senão também em suas aplicações práticas. Sigamos, por exemplo, a nosso Senhor em todas as circunstâncias de sua vida, tanto nas mais ordinárias como nas mais notáveis; ele usa sempre a mesma arma. No deserto, quando é atacado por Satanás, a palavra de Deus é o único meio que Jesus usa para repelir seu ataque; e o próprio Satanás, nesse momento, não se aventura a usar o artifício do que alguns se servem hoje em dia: não insinua que a divina autoridade das Escrituras está comprometida por erros de copista, pela dificuldade de conservar a integridade do texto, etc. O resultado da luta entre o Salvador e o inimigo foi evidente; mas tudo dependia da obediência, de uma fé constante na palavra de Deus. Mais tarde, no curso de seu ministério, em sua marcha de cada dia, o Senhor faz constante referencia às Escrituras, como o árbitro que deve esclarecer toda duvida e por fim a toda controvérsia, como à verdadeira, divina e única solução de todo enigma neste mundo de obscuridade. ( para ler todo o Livreto faça o Download clicando aqui )

A Importância de Fortalecer o Homem Interior- Gino Iafrancesco

A escala ascendente
"Por esta causa dobro os meus joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, de quem toma o nome toda a família nos céus e na terra, para que lhes dê, conforme às riquezas da sua glória, o ser fortalecidos com poder no homem interior por seu Espírito; para que Cristo habite pela fé em vossos corações, a fim de que, arraigados e fundados em amor, sejais plenamente capazes de compreender com todos os santos qual seja a largura, o comprimento, a profundidade e a altura, e de conhecer o amor de Cristo, que excede a todo conhecimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus. E Aquele que é poderoso para fazer todas as coisas muito mais abundantemente do que pedimos ou entendemos, segundo o poder que opera em nós, a ele seja a glória na igreja em Cristo Jesus por todas as gerações, pelos séculos dos séculos. Amém" (Efésios 3:14-23).No texto acima vemos uma progressão, uma grande escada onde o degrau posterior descansa no anterior e este por sua vez em seu anterior. A edificação da casa de Deus, com todos os santos, para a plenitude de Cristo, que é o último degrau, tem etapas ou degraus anteriores que são necessários para que se possa alcançar aquele último. A Palavra de Deus nos diz (Gênesis 28) que Jacó em Betel viu uma escada; aqui veremos alguns degraus dessa escada.Paulo começa dizendo: "Por esta causa". Paulo viu primeiro um pouco de Deus, e a causa de Deus, porque o que nos dizem os capítulos 1 ao 3 de Efésios é o propósito eterno de Deus, a identidade da Igreja e o lugar da Igreja nesse santo propósito. Essa é a causa pela qual a intercessão de Paulo se empenhou. Primeiro viu o propósito de Deus; viu o significado da Igreja para Deus e o lugar da Igreja no propósito de Deus. Mas nós podemos cair na tentação de ficar somente com a conversação a respeito de uma visão mística da Igreja. O Senhor não quer que nós somente conversemos a respeito dessa formosa e mística visão do que para Ele é a Igreja na Palavra de Deus, mas sim Deus realmente quer ter à Igreja como esposa para si, como Corpo para o Seu Filho, como veículo para o Seu Espírito, como morada para a Sua plenitude.

Primeiro degrau: Vida em Cristo

Isso requer um trabalho muito íntimo de Deus, primeiro com cada um de nós pessoalmente; quer dizer, para que Deus tenha a Igreja que Ele quer realmente, Ele tem que trabalhar a sério, sem toscanejar; verdadeiramente tomar em Suas mãos e fazer uma obra verdadeira. Quando a obra do Senhor é verdadeira, sentimos; às vezes doe; nem sempre há dor, mas é uma douradura verdadeira, porque Deus realmente está dourando, realmente está transformando, e isso significa que Deus se mete conosco inequivocamente, com todas as nossas coisas; em qualquer área da nossa vida, aquela que menos imaginamos, chega o momento em que Deus põe o dedo ali e diz: Isto eu vou tratar agora usando este método que só eu sei que é apropriado. Até aqui tratei outras coisas, mas chegou o tempo para esta parte.Vemos que essa edificação que Deus realiza de sua morada para a sua plenitude, se faz de uma maneira muito prática com um tratamento muito verdadeiro em cada um de nós, primeiro como indivíduo, mas o tratamento de Deus em cada indivíduo, passa depois a ser um tratamento sobre nós como Igreja.

Segundo degrau:

ser fortalecidos no homem interiorDeus trabalha com cada indivíduo, com os redimidos, tratando a cada um como um caso especial. Em seguida o Senhor trata com as inter-relações dos indivíduos, como Igreja. Ele faz um trabalho com cada um pessoalmente para poder fazer um trabalho com a Igreja coletivamente. Acontece que às vezes não deixemos Deus trabalhar em nossas vidas no individual, e isso impede que avance o trabalho coletivo do Senhor com a Igreja. Isso nos ensina que o trabalho essencial do Senhor é em nossas vidas, para em seguida trabalhar verdadeiramente com a Igreja. O verso 16 diz: "...para que lhes dê, conforme às riquezas da sua glória, o ser fortalecidos com poder no homem interior pelo seu Espírito". Aqui encontramos o primeiro alvo nesta escada. Paulo está orando para que alcancemos um primeiro alvo; nossa intercessão deve ser compreendida no espírito sobre a intercessão de Paulo; e Deus queira que esta chegue a ser a nossa intercessão. É de temer que em muitos dos nossos casos, poucas vezes tenhamos intercedido por esta causa. O ser fortalecido com poder no homem interior pelo Espírito de Deus é o primeiro objetivo pelo qual devemos nos comprometer para orar uns pelos outros, para orar por cada um dos nossos irmãos.Se este primeiro passo não for dado, se não formos fortalecidos com poder em nosso espírito, podemos falar muito, podemos ter uma visão, mas não vamos ter a realidade dessa visão, porque a realidade dessa visão se dá com o fortalecimento do homem interior. Alguém pode saber o que deve ser feito, pode conhecer os ideais, mas se não formos fortalecidos com poder no homem interior, não podemos pôr em prática os ideais que temos. Por isso, a primeira necessidade é a vida, o fortalecimento do homem interior. O apóstolo João em sua primeira epístola no capítulo 5:16 diz:"Se alguém vir seu irmão cometer pecado que não seja de morte, pedirá, e Deus lhe dará vida; isto é para os que cometem pecado que não seja de morte. Há pecado de morte, pelo qual eu digo que não ore".Se alguém vir o seu irmão cometer pecado que não seja de morte -quer dizer, que Deus não tenha tido que decidir a sua morte-, pedirá a Deus e Deus lhe dará vida; isso significa que os crentes pecam porque temos um fluir de vida um pouco restringido; embora tenhamos a vida do Senhor em nosso espírito, a sua circulação através do resto do nosso ser é muito fraco ainda; não é fortalecida, e porque é fraco somos capazes de fazer coisas que ofendem a Deus e a outras pessoas; não somos o suficientemente consagrados. E a que se deve a isso? Que estamos limitados no fluir da vida. Quando a Palavra diz que se alguém vir o seu irmão cometer pecado -aí está a intercessão- que não seja de morte, pedirá a Deus para que Ele lhe dê vida, e Deus lhe dará vida. Em Efésios 2 diz que Deus, quando estávamos mortos em delitos e pecados, deu-nos vida juntamente com Cristo. A primeira necessidade que temos na nova criação é a vida. A vida é o começo, e quando diz: "ser fortalecidos com poder no homem interior", é uma questão de vida. Quase sempre somos levados a criticar, a julgar, a sentenciar, mas ninguém vai se levantar ou ser ajudado com essa atitude; somente pedindo vida. Essa é a primeira necessidade que cada um como pessoa necessita, ser fortalecido em seu homem interior.

Terceiro degrau:

que habite Cristo em nosso coraçãoUma vez alcançado o objetivo anterior se torna um requisito para um segundo objetivo mais avançado que é o que aparece a seguir, de que devemos ser fortalecidos no homem interior. Lemos a seguir (verso 17): "...para que habite Cristo pela fé em vossos corações". Recapitulando, temos que interceder; dobro os meus joelhos perante o Pai por esta causa, porque conheço o que Deus quer, porque vejo o que a Igreja é para Deus, vejo o lugar da Igreja nesse propósito, e para que esse propósito comece a cumprir-se, necessitamos primeiro de vida, e em seguida ser fortalecidos em vida no homem interior. Isso é o principal. Não atividades religiosas; não posturas que alguém está acostumado a ter, mas vida; realmente o necessário é a vida, o poder do homem interior. A Palavra ali nos diz que esse ser fortalecido no homem interior, é "para que habite Cristo pela fé em vossos corações". Realmente a vida do Senhor, o fortalecimento do homem interior deve fluir do interior para o exterior.O Senhor Jesus identificou o homem interior como o nosso espírito. O Senhor Jesus diz em João 7:38: "que crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva".E logo no verso seguinte explica João pelo Espírito Santo: "Isto disse do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois ainda não tinha vindo o Espírito Santo, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado". Isso nos confirma que há um fluir como rios do Espírito do interior. Quando a Escritura diz "do seu interior", essa palavra no idioma grego é ek, de onde temos essas raízes em castelhano: êxodo, exterior, externo; ek significa sair, de dentro para fora; se trata de uma preposição grega que na gramática se desenha como uma espécie de círculo e uma flecha saindo, para dar idéia do significado da preposição: sair de. Notemos com atenção que ao dizer desde o seu espírito, significa que a vida do Senhor passa do espírito humano para a alma.Por isso diz à Igreja -não está falando com incrédulos, fala à Igreja, que já tem o Senhor em seu espírito-: "para que habite", como se não habitasse. Mas não diz em seu espírito mas sim "em seus corações". Temos que entender o que significa coração na Bíblia, porque quando Paulo diz a Igreja que sejam fortalecidos no homem interior para que Cristo habite em vossos corações, se pensarmos que já o recebemos no coração, então, como poderia dizer para que habite no coração dos santos? Se já são santos para que receber a Cristo no coração? Temos que entender o que quer dizer "o coração" na Bíblia. Devemos entender o que é esse habitar de Cristo no coração por meio do fortalecimento do homem interior, por meio do fluir do Espírito de Deus, pelo espírito do homem para a alma do homem; já que na Bíblia diz que o coração é a alma mais a consciência doespírito. Na Bíblia mostra que o nosso espírito é a parte mais íntima do nosso ser, ou seja, o Lugar Santíssimo do templo de Deus. O espírito tem três funções principais: a da consciência, como diz a Palavra, "um coração limpo..., um espírito reto dentro de mim..., ao coração contrito e humilhado tu não desprezarás". A contrição é uma questão da consciência; assim que a consciência do homem está relacionada com o seu espírito; a consciência é uma função do espírito. Diz a Palavra: "E minha consciência me dá testemunho no Espírito Santo". É com o nosso espírito que recebemos as certezas que nos dá o Espírito de Deus. Diz em Romanos 8:16 que: "O Espírito mesmo dá testemunho ao nosso espírito, de que somos filhos de Deus". As outras funções do espírito humano são a intuição e a comunhão com Deus.A alma tem funções diferentes as do espírito, como a da mente. Há um versículo que diz: "A minha alma sabe muito bem...; de modo que quem sabe as coisas, as coisas do saber, de pensar, de raciocinar, essas funções mentais correspondem a alma. Mas também toda a gama de emoções correspondem a alma. Na Bíblia a alma é a que se alegra, a que se entristece, a que se zanga, a que tem vontade; e a vontade é também da alma. Agora ao conhecer as funções da alma e as da consciência do espírito, e vemos o que é que faz o coração, descobrimos que o coração é a relação da alma com a consciência do espírito, porque a Palavra diz que do coração emana a vida.A vida vem do Espírito de Deus ao nosso espírito, mas não vem para ficar quieta mas para fluir, para emanar do espírito para a alma; do mais íntimo do nosso ser, da intuição e percepção e da comunhão que experimentamos quando estamos na presença de Deus, e experimentamos no espírito o fluir da vida. Daí tem que emanar; do (ek) seu interior correrão; esse emanar é para o exterior do nosso ser. Quando no Antigo Testamento Deus simbolizava a casa de Deus com o templo, do Lugar Santíssimo, debaixo do trono, fluía o rio de vida, mas o rio de vida saía do Lugar Santíssimo, passava para o lugar santo, em seguida passava para o átrio, e por último saía até as nações e até o mar; de debaixo do trono de Deus no Lugar Santíssimo fluía o rio para fora. Aquilo era a tipologia, mas hoje é a realidade.O rio de Deus é o Espírito e a casa de Deus somos nós; o Lugar Santíssimo é o nosso espírito, o Lugar Santo é a nossa alma e o átrio é o nosso corpo. Isso nos ensina que o plano de Deus é que a vida de Deus, que se manifestou em Jesus Cristo e que nos é ministrada pelo Espírito Santo, chegou primeiro ao nosso espírito e dali deve correr para a nossa alma; quer dizer, "seu interior seja fortalecido para que habite Cristo pela fé em vossos corações". O coração tem as suas funções um pouco mais exteriores que o espírito, pois o espírito é mais íntimo que o coração humano; o coração ao contrário está relacionado com a consciência do espírito, mas é, por assim dizer, a porta por onde emana a vida."Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o seu coração; porque dele emana a vida" (Provérbios 4:23). A porta para que o Espírito do Senhor saia das profundidades, da intimidade, para o exterior, é o coração. Se estudarmos na Bíblia quais são as funções do coração, veremos que são as mesmas que as de nossa alma, de maneira que dizer coração e alma é quase o mesmo, com a diferença que quando diz coração, está dizendo algo a mais, pois guarda a consciência do espírito.Porque, quais são as funções do coração? Diz a Bíblia: "pois se o nosso coração nos repreende, maior é Deus que o nosso coração, e ele sabe todas as coisas. Amados, se o nosso coração não nos repreender, temos confiança em Deus"(1 João 3:20-21); quer dizer, que essa função da consciência, de repreender ou não, é do coração. Aí vemos a função que, com o espírito humano tem o coração, a da consciência. Também em Hebreus 4:12 diz: "Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante que toda espada de dois gumes; e penetra até repartir a alma e o espírito, as juntas e os tutanos, e discerne os pensamentos e as intenções do coração".Aqui se refere também a funções da alma, porque as intenções são exercidas com a mente e a vontade. Existe um fluir do interior para o exterior, do espírito para a alma, para o coração.A vida que todo filho de Deus já tem, está profundamente guardada em nós. Mas muitas vezes em nosso pensamento -porque quando dizemos coração tem que ser desmembrado, porque os pensamentos são do coração, as intenções são do coração, a consciência é do coração, as emoções são do coração- podemos dizer, sim, Cristo habita em meu coração, eu aceitei a Cristo em meu coração. É muito fácil dizê-lo, mas realizá-lo é diferente. Ter a Cristo morando em meu coração significa que Cristo está morando em meus pensamentos. Mas quantos filhos de Deus têm pensamentos onde Cristo não habita. Quer dizer que o processo de habitação de Cristo no coração é algo mais complexo; para que Cristo habite em meus pensamentos, habite em minhas emoções, é necessário um processo, um desenvolvimento, porque quantos filhos de Deus tem sentimentos de ira, de preguiça, de rebeldia, de adultério, ou de qualquer outra coisa, e somos legítimos cristãos e temos ao Senhor em nosso espírito, mas as nossas emoções ainda não estão o suficientemente controladas ou habitadas por Cristo, e se não estivermos fortalecidos no homem interior, essas emoções se tornam um gigante difícil de dirigir e controlar. Mas se somos fortalecidos no homem interior, ele controla essas emoções, traz sujeitos os pensamentos à obediência a Cristo, põe a vontade em acordo com a vontade de Deus, porque é um fluir de Cristo que vem de dentro para fora.Essa é uma lei espiritual: O tudo de Deus está em Cristo; o tudo de Deus e Cristo, está no Espírito; o tudo do Espírito vem para o nosso espírito, e o tudo de Deus o Pai, o Filho e o Espírito Santo que está em nosso espírito, tem que formar-se, derramar-se em nossos pensamentos, intenções, emoções, consciência; quer dizer, em nossos corações. Em 1 Coríntios 14:15, quando Paulo fala de orar no espírito, diz: "Orarei com o espírito, mas orarei também com o entendimento". No versículo 13 diz: "...aquele que fala em língua estranha, peça em oração poder interpretá-la". O entendimento pertence à mente da alma, o coração, mas no espírito está intercedendo, mas dá-se o caso em que, como a mente é um pouco mais exterior, não consegue interpretar a oração do espírito, e é por isso que Paulo exorta dizendo (verso 14): "Porque se eu orar em língua desconhecida, o meu espírito ora, mas o meu entendimento fica infrutífero". Por isso é necessário pedir em oração poder interpretá-la, para que a luz da vida não fique só no espírito, mas ilumine os olhos do entendimento e flua do interior para o exterior e do homem interior também habite no coração.Tudo isso é um processo. Receber ao Senhor nos deu a vida; estávamos mortos em nossos delitos e pecados, mas ao unirmos ao Senhor nos limpou dos nossos pecados e nos deu vida e o Espírito. Em seguida a segunda etapa é no coração; e isto já é um trabalho mais sério. O trabalho de Deus é verdadeiro. Para que Cristo habite em meus pensamentos, Deus tem que ter um combate com a minha mente, com os meus hábitos mentais, com os pensamentos, com as mentiras que aceitei como verdades e que estão em nossos pensamentos. Ele já habita em meu espírito, mas é necessário que habite em meus pensamentos. Há uma relação muito aparente dos pensamentos com os sentimentos, porque segundo o que penso e sinto, faço. Isto é o que diz Provérbio 23:7: "...como é o seu pensamento em seu coração, tal é ele". Segundo o que a pessoa pensa com o seu coração, isso se torna. Se o diabo te disser uma mentira como uma verdade e você aceita essa mentira como verdade, começa a sentir equivocadamente e a atuar também equivocadamente. Para corrigir a conduta é necessário corrigir o sentimento, e para corrigir o sentimento deverá corrigir o pensamento, e mostrar onde está a mentira do diabo, porque uma mentira não pode ser expulsa como se tratasse de um demônio, pois o demônio é uma pessoa, e existem enganos de demônios na pessoa; o demônio pode sair, mas se a mentira fica, essa mentira não pode ser exorcizada, tem que ser desmentida com a verdade.Esse trabalho da habitação de Cristo no coração é uma operação cirúrgica minuciosa, verdadeira do Senhor com os nossos hábitos mentais, sentimentos decisivos; nesse processo Deus está operando. Deus quer verdadeiramente algo para si mesmo; Ele quer fluir em nós e que os nossos pensamentos estejam de acordo com os Seus, mas freqüentemente Ele pensa uma coisa e nós outra, porque os Seus pensamentos não são os nossos, de maneira que os nossos pensamentos têm que aprender a sujeitar-se a Cristo; e esse é um trabalho longo de Deus, que só pode ser feito com o fortalecimento do homem interior.Antes de fortalecer o homem interior, não tinham conquistas, e agora tem; pensava mal, agora pensa bem; estava opaco, agora está luminoso, porque foi fortalecido no homem interior. Mas agora os seus pensamentos precisam ser habitados por Cristo. Os seus pensamentos, as suas determinações, devem ir se tornando cada vez mais cristalinas, mais transparentes. Um copo, se estiver limpo, põe-lhe água, e se alguém toma dessa água, tem sabor de água porque é pura e o copo está limpo. Mas se o copo não estiver limpo, embora a água seja limpa, o copo lhe acrescenta um sabor diferente ou esquisito. É água, mas além disso tem algum elemento estranho. Nós somos esse copo sujo; temos o tesouro mas em vasos de barro. Quando nos encontramos com os nossos irmãos, aparentemente tudo está bem, mas sempre há um saborzinho estranho que deve ser tratado; nesse sabor estranho Cristo não está habitando, mas há um elemento velho que deve ser renovado pelo Espírito. Essa é uma verdadeira operação de Deus, e não se trata só de uma doutrina linda mas sim de uma operação cirúrgica que Deus faz com cada filho, com toda a nossa personalidade, porque Ele quer refletir-se através da nossa personalidade; nossa personalidade deve ser purificada, renovada.

Quarto degrau: Compreender as medidas de Cristo

Nos degraus anteriores temos falado de um processo a nível individual; agora entra a etapa a nível coletivo. O fortalecimento do homem interior tem como objetivo a habitação de Cristo no nosso coração, e isto tem como objetivo o próximo degrau sucessivo, e para isso nos localizamos de novo nos versos 17-19a: "...para que habite Cristo pela fé em vossos corações, a fim de que, arraigados e fundados em amor, sejais plenamente capazes de compreender com todos os santos qual seja a largura, o comprimento, a profundidade e a altura, e de conhecer o amor de Cristo, que excede a todo conhecimento...". Para que o Senhor tem que fazer esse trabalho no coração até que cheguemos a atender o guiar de Deus e a voz interior? Para que "sejam capazes de compreender com todos os santos" as medidas de Cristo. Um indivíduo não pode compreender sozinho as medidas de Cristo, mas só poderá compreendê-las coletivamente. Para que eu possa ser capaz de compreender com os meus irmãos as medidas de Cristo, devo ser antes tratado em meu coração, do contrário não vou aceitar o meu irmão. Vou aceitar a mim mesmo, mas não creio que Deus possa me dizer algo através de outro irmão. É por isso que é necessário que Deus passe a operar em cada um de nós para aprender a compreender coletivamente. Uma coisa é compreender algo individualmente, e outra é que quando estamos juntos, com todos compreendemos mais, porque o que alguém compreende individualmente é uma coisa, mas o que compreende com os outros é maior. O irmão Watchman Nee dava um exemplo muito precioso em uma mensagem de um livro chamado "Conversas adicionais sobre a vida da Igreja", que trata sobre uns temas que ele compartilhou antes de ser encarcerado por 20 anos. Ele dizia que se um copo de vidro está quebrado em muitos pedacinhos, mesmo que não falte nenhum dos pedacinhos de vidro; e estiverem todos; mas, quanta água podem conter os pedacinhos de vidro? Um pedacinho só pode conter certo nível, mas quando todos os pedacinhos estão formando um copo, não somente pode conter a totalidade do que cada um pode conter, mas também algo mais. Por exemplo, se as pessoas podem conter 2 e outros 2, são 4, e outros 2, são 6, e outros dois, são 8...24...32...40. Se cada um de nós contém 2, o que contemos separados é 40; mas se os juntarmos, não só vamos conter 40, mas sim 2.000, 5.000; porque o copo unido cabe mais que o copo quebrado. Como pessoas individuais, podemos conter até certa medida, mas como Igreja estamos destinados a conter a plenitude, mas isto é algo muito sério.Irmão, possivelmente você vai aprender que os maiores sofrimentos que terás em sua vida, talvez não irão vir do diabo, ou dos inimigos; possivelmente você irá receber das pessoas mais queridas, dos mais próximos, dos mais amigos; vais ser profundamente ferido, talvez criticado ou exposto ou envergonhado, ou talvez menosprezado, ou desprezado, ou ignorado; mas com esses sofrimentos vamos aprendendo para que não nos portemos dessa maneira com os outros.Essa pessoa não pode avaliar de como é com os outros, até que o outro seja conosco como somos com os outros, então é quando nos damos conta. Nisto temos o exemplo de Jacó. Ele não se dava conta que era Jacó, o trapaceiro, o usurpador. Deus tinha um propósito com Jacó e precisava tratar com ele, e Deus sabia onde Jacó teria que aprender, e para esse fim o encaminhou até onde estava Labão, o seu tio. Na relação com o tio não só tratou de arrancar-lhe a pele, mas também o tio trocou a esposa, trocou o seu salário 30 vezes. Só prestamos a atenção do que fazemos a outros quando nos fazem o mesmo a nós. O Senhor trata verdadeiramente. Se alguém quiser escapar de ser tratado, vai ficar muito aquém da Igreja, longe do plano de Deus; se realmente queremos caminhar pelo caminho de Deus, temos que aceitar muitas disposições do Senhor que podem nos incomodar ou que podem nos ferir, porque terá que aprender a compreender com todos, e isto é muito difícil. É muito difícil nos pormos de acordo com pessoas que vêem de forma distinta, que têm temperamento diferente, distinto caráter; uns são extrovertidos, outros introvertidos; uns são rápidos e outros preguiçosos.É necessário aprender a ser um só vaso unido e não um pedaço quebrado.

Quinto degrau: A Igreja cheia da plenitude de Deus

Diz no verso 19b: "...para que sejam cheios de toda a plenitude de Deus". Deus destinou à Igreja como vaso para a sua plenitude; mas para que a plenitude de Deus caiba na Igreja, esta tem que estar bem coordenada como um só Corpo, e essa coordenação, essa junção de um com o outro é doloroso para a carne, mas boa para o espírito, porque Deus não nos põe com as pessoas que queremos. Se a decisão dependesse de nós, escolheríamos as pessoas que queremos, mas Deus tem outros filhos, possivelmente com aqueles que não gostaríamos de estar, e Deus te põe com eles e deverá aprender a engolir saliva, a suportar e a sofrer; e isso é até negares a ti mesmo, e negar-se ele a si mesmo, que não fique nada dele, e não fique nada de ti, e fique Cristo nele, e fique Cristo em ti.Desta forma a plenitude de Cristo acha lugar. Isto não é nada teórico; o Senhor não está contente com as teorias e bibliotecas cheias dos temas da Igreja; isso parece bom, mas não é suficiente; Ele quer uma verdadeira Igreja, e que aprendamos a nos integrar uns com os outros, não que sejam nossos amigos; há variedade de tudo na Igreja. A Palavra diz: "o ser fortalecidos com poder no homem interior por seu Espírito..., sejam plenamente capazes de compreender com todos os santos...". Que difícil é compreender o "com"; é muito fácil estar seguro da minha opinião, estar seguro da minha prudência, da interpretação clara da doutrina, e não tenho por que escutar a outro a outra interpretação, e o refuto e o desprezo antes de ouvi-lo. Terá que entender o outro e reconhecer que também ele tinha razão e que me enriquece com o que eu não via, e melhor, Deus o enriquece com o que eu digo, e já não sou eu sozinho vendo dois e ele sozinho vendo dois, mas sim juntos vemos dez, porque quando juntamos dois e dois são quatro, mas quatro têm relação com oito e cresce a união; isto é algo muito prático e terá que aprender a não guiar-se pelos gostos naturais, mas deixar que as disposições de Deus prevaleçam como Deus tenha ordenado as circunstâncias em sua vida, com as pessoas que Ele quer, sejam agradáveis ou não. Tem que aprender algo nesse meio porque a vida individual não é suficiente, mas compreender com todos, as medidas de Cristo, e em seguida chegar ao último degrau, "para que sejam cheios de toda a plenitude de Deus", destinada aos santos, mas como Corpo. Este é o caminho que nos espera.

As Quatro Leis de Romanos 7 e 8- Gino Iafrancesco

que é uma lei?
No capítulo anterior falamos a respeito da salvação tripartida e como nosso espírito, nossa alma e nosso corpo querem ser plenamente salvos pelo Senhor, e a maneira como Ele fez uma obra para com nosso espírito, uma obra para a nossa alma e uma obra para o nosso corpo. Víamos que quando recebemos o Senhor e fomos regenerados, fomos plenamente salvos em nosso espírito, no qual recebemos o Espírito do Senhor com todas as provisões necessárias para ir aplicando à situação degradada da nossa alma corrupta e pervertida, e para ir renovando-a e convertendo-a para o Senhor. Eventualmente também a vida do Senhor passará para o nosso corpo e seremos transformados, glorificados, ou o que diz a Bíblia, adotados em nossos corpos para o Senhor.Por que a salvação teve que ser tripartida? Esta pergunta vamos respondê-la analisando a passagem bíblica de Romanos 7:14-8:4, a fim de identificar as quatro leis que existem, assim como também as três classes de vidas, embora a do diabo não seria vida, mas mais morte do que vida. Antes de identificar as quatro leis, perguntamos: o que é uma lei? Uma lei, às vezes, é um mandato exterior; mas essa lei muitas vezes está dentro da natureza, e é um mandato intrínseco da natureza. No caso da lei de Deus, é um testemunho do ser de Deus; por isso o Senhor chamou as tábuas da lei "As Tábuas do Testemunho", porque Deus é de igual maneira, de igual natureza. A natureza divina tem certas condutas inerentes a Sua própria natureza, e Deus dá testemunho de Si mesmo, e o que Ele é se converte para nós em uma lei que nos obriga; somente por causa da queda e graças à redenção, estão em operação, poderíamos dizer quatro leis diferentes, das quais nos fala a passagem de Romanos que citamos acima.

Primeira: A lei de Deus
A lei de Deus surge da natureza divina, dando testemunho de si mesmo; essa lei nos diz que a natureza divina é o que Deus é.
Por exemplo, Deus é honesto, honrado e puro; por isso o que Ele é se converte em lei para nós. Quando Ele diz: Não matarás, é porque Ele não é homicida. Quando Ele diz: Não mintas, é porque Ele não é mentiroso. Quando Ele diz: Não forniques, é porque Ele é puro; o que Ele é se converte em modelo, em testemunho de Si mesmo; modelo que nos obriga a ser como Ele. Essa é uma lei que deveria estar dentro de nós, e que agora sim está nos redimidos, graças ao Espírito de Cristo, está; mas antes que viesse Cristo, a lei de Deus estava nos mandamentos de Deus e estava fora de nós, embora escrita rudimentarmente em nossa consciências.
Para compreender melhor o que é a lei de Deus, leiamos em Romanos 7:14-16:

"Porque sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido ao pecado. Porque o que faço, não o entendo; pois não faço o que quero, mas sim o que aborreço, isso faço. E se o que não quero, isto faço, aprovo que a lei é boa".
Como Deus é espiritual, então se conduz espiritualmente, e Ele quer que nos conduzamos espiritualmente; se eu fosse espiritual, em mim operaria uma natureza diferente, está dizendo aqui Paulo; claro que ele se tornou espiritual graças a Cristo, mas ele está enfrentando a condição caída da natureza humana, frente às exigências espirituais de Deus.Vemos assim que Deus tem razão ao dizer o que manda em Sua lei, mas a natureza herdada de Adão não tem com o que satisfazer a Deus em Suas demandas. Então vamos entender o que Deus teve que fazer e como nós somos e como funcionamos. Esta lei que o apóstolo Paulo aprova que é boa, é a mesma lei exterior de Deus que nos deu antes da regeneração; é uma lei que exigia do povo de Israel para agradá-lo, mas o povo de Israel, por não ter nascido de novo no Messias, podia apenas conhecer a lei, mas não obedecer-lhe, agradar-lhe. Essa é a lei que aqui diz: "aprovo que a lei é boa". Por que diz: "E se o que não quero, isto faço, aprovo que a lei é boa"? Isso significa que embora eu peque, o fato de que eu não queira pecar mostra que embora peque, há em minha natureza algo do que Deus tinha feito no homem antes da queda, e há uma consciência onde estão escritos os rudimentos da lei, como diz o mesmo Paulo em Romanos 2:14-15:
"Porque quando os gentios que não têm lei, fazem por natureza o que é da lei, estes, embora não tenham lei, são lei para si mesmos, mostrando a obra da lei escrita em seus corações (na natureza humana), dando testemunho a sua consciência, e acusando-lhes ou defendendo-lhes em seus raciocínios"
.A lei foi escrita na consciência, quer dizer, na natureza humana, embora tenha sido vendida ao poder do pecado e da morte em seus membros; no entanto, ainda restou algo do que tinha antes da queda. É como se você tivesse feito um suco de laranja, mas depois vem alguém e joga sal, e como resultado estraga o suco de laranja; quando vai tomar, fica sabendo que ficou todo salgado; no entanto fica um longínquo sabor de laranja, e você sabe que o suco é de laranja. Deste modo a natureza humana tinha sido desenhada e disposta para Deus como se fosse um suco de laranja comum, normal; mas logo veio o diabo e introduziu o pecado no homem, e se tornou um pouco parecido como quando se joga sal no suco de laranja; ainda fica o sabor do antigo, mas já não se pode tomar.

Segunda: A lei do pecado e da morte
Sim, fica um lembrança. Assim os gentios que não têm lei, são lei para si mesmos, mostrando a obra da lei escrita em seus corações.Isso significa que a lei de Deus está nesse reduto da lembrança do que era o homem antes da queda; mas o homem ficou um pouco complicado, e por causa da queda começaram a operar no homem outras leis contrárias à lei de Deus; mas quando o homem se rebelou, o poder do pecado pôs em funcionamento no homem uma outra lei. Sigamos lendo em Romanos 7:17-20:
"De maneira que já não sou eu quem faz aquilo, mas o pecado que mora em mim. E eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não mora o bem; porque o querer o bem está em mim, mas não o efetuá-lo.Porque não faço o bem que quero, mas sim o mal que não quero, isso faço. E se faço o que não quero, já não o faço eu, mas sim o pecado que mora em mim"
.Notemos que já não trata do pecado como um ato cometido, mas sim como uma decomposição radical da natureza humana a partir da queda. Quando a queda ocorreu, a natureza humana se depravou; a partir daí começou a operar em um estado que não era o original, mas sim em um novo, mas que realmente fez velho ao homem. Quando uma pessoa por suas próprias forças trata de fazer o bem, começa a descobrir que o seu ser, e especialmente a sua carne, está vendida a um poder; como havia dito: eu sou carne, vendido ao pecado; quer dizer, que o pecado tem poder sobre a natureza humana; e um poder é algo que ameaça, que obriga constantemente a fazer as coisas conforme vai dirigindo esse poder.O pecado tem também uma lei que se impõe ao homem; porque não é que hoje eu quero fazer o bem e nada se rebela em meu ser, mas sim sempre que eu quero fazer o bem, descubro que há algo em meu ser que se rebela contra esse bem que quero e que me impede de fazer o que quero e me obriga a fazer o que não quero; quer dizer, que já não estou livre como Deus me tinha feito no Éden. Antes, se eu quisesse fazer o bem, fazia e nada me impedia; se não queria fazer algo, não o fazia e ninguém me podia obrigar; mas agora depois da queda, eu, o homem, não faço o que quero, mas sim há coisas que não posso fazer, embora o deseje; descubro que há um poder que me impede de fazer o que quero com apenas as minhas forças; e de uma vez, quando há coisas que não quero fazer, descubro que há um poder que me faz fazer o que não quero. Paulo, sendo cristão descobriu essa lei na carne do homem, a qual já não é a lei de Deus. Continuamos a leitura em Romanos 7:21:
"Assim, querendo eu fazer o bem, acho esta lei: que o mal está em mim".
Notemos que Paulo já a chama de lei; a lei tem que se repetir sempre. Todas as vezes que eu quero fazer o bem com as minhas próprias forças, descubro que além de mim, existe outro poder que não procede de mim, mas sim que foi introduzido em mim depois da queda. Porque "o pecado entrou no mundo por um homem e pela desobediência de um homem muitos foram constituídos pecadores", como Ele diz em Romanos 5:12,19.Então agora na carne do homem opera outra lei diferente da lei de Deus, pois é uma natureza distinta; o poder de Deus é um, o poder do pecado é outro, e o poder do homem é outro. Uma é a vida de Deus, que tem o Seu próprio poder e a Sua própria lei intrínseca; outra é a vida humana, que tem também o seu próprio poder e as suas próprias leis intrínsecas, e outra é a vida do diabo, ou melhor, o poder do diabo e do pecado, que tem outro poder e outras leis intrínsecas; e o resultado é que o nosso ser é tão complicado que nos regenerados operam estes três poderes: o poder de Deus, o poder humano e o poder do pecado, que é do maligno.

Terceira: A lei da minha mente
O poder humano não é suficiente para vencer o poder do maligno, ou do mal, ou do pecado; mas o poder de Deus sim é suficiente. Agora, tenhamos em conta que se o poder de Deus estiver só em Deus, não irá me ajudar, pois o poder de Deus tem que passar de Deus para mim, e permanecer em mim, porque o meu poder humano não é suficiente contra o poder do pecado. Eu quero fazer o bem, mas não faço o que quero, mas sim o que não quero. Esse que quer fazer o bem é o poder humano, esse sou eu, mas o poder humano não é suficiente para vencer o poder do diabo, do pecado na carne; é necessário outro poder, o de Deus, mas nãosomente que esteja em Deus, mas sim graças à encarnação do Verbo de Deus, as Suas provações e vitórias, a sua morte e ressurreição, e ao ter enviado o Espírito com tudo o que Ele é e obteve, agora o Espírito tem outra lei distinta à minha própria, e a do pecado; e a que estava em Deus do lado de fora de nós, agora está dentro de nós; é uma terceira lei.Recapitulando vemos que há três vidas ou poderes: A vida de Deus, a vida humana, e a do diabo; também uma lei de Deus, não fora de nós; uma lei do pecado em minha carne, uma lei em minha mente, em minha própria alma, em meu próprio ser, e uma lei do pecado e da morte em meu corpo. São quatro leis e três vidas. Dessas quatro leis, a lei do Espírito de vida e a lei de Deus é uma só, mas somente quando se fala da lei escrita nas tábuas de pedra, ou "Os Dez Mandamentos", está fora de nós. Sim, Deus é assim, mas ainda nós não; até que Deus põe o seu Espírito e permite que andemos em Sua lei, graças ao Seu Espírito; então podemos reduzir essas quatro leis em três, mas precisamos diferenciar quando está em Deus e quando pelo Espírito está em nós; por isso aparecem quatro. Seguimos lendo os versos 22-23:"Porque segundo o homem interior, deleito-me na lei de Deus; mas vejo outra lei em meus membros, que se rebela contra a lei da minha mente, e que me leva cativo à lei do pecado que está em meus membros".Qual é a lei do verso 21 que, diz Paulo, achar que o mal está em mim? É uma lei, e uma lei é algo que vai se repetir sempre; que sempre que eu atue vou descobrir que o mal não está somente no diabo e no mundo, mas sim está em mim mesmo, e está em mim como uma lei, como um poder que sempre me obriga a seguir a mesma rota: Pecar e morrer. Essa lei se chama nesta passagem a lei do pecado e da morte. O mal está em mim, já não é a lei de Deus. Segundo o meu homem interior, ou seja, o meu espírito, minha consciência, deleito-me na lei de Deus, como o tínhamos lido no verso 16; quer dizer, aprovo que a lei é boa; minha natureza, esse resto, essa memória do que era o homem antes da queda, está de acordo com a lei de Deus, e me deleito nela, e estou de acordo com a lei de Deus no sentido exterior; quer dizer, o testemunho que Deus dá de Si mesmo, que se converte em mandamentos para nós das tábuas e dos rolos; mas ainda está fora de mim; necessito algo mais que a lei de Deus fora de mim.Necessito algo mais que ideais; necessito algo mais que mandamentos; necessito algo mais que educação, algo mais que instruções, algo mais que refrões; necessito do próprio Espírito operando com outra lei distinta. Não é suficiente a educação; tem que estar operando outra lei de outra fonte para poder superar a lei do pecado, porque a lei da minha própria mente e do meu próprio homem interior, está de acordo com a de Deus, no entanto, como lei humana que é, não tem o poder suficiente para vencer o maligno. Necessitamos, portanto, daquele que já o venceu, para que opere em nós uma lei distinta.É importante saber que a minha mente funciona segundo uma lei, porque a minha mente tem a lembrança da natureza humana antes da queda; o ser humano foi desenhado para Deus; Deus escreveu os rudimentos da lei em nossa consciência e por isso, segundo o homem interior, deleito-me na lei de Deus; minha mente é razoável ao que Deus diz: que amemos a ele e que nos amemos entre todos, e que não matemos, e que não roubemos, e que não forniquemos, e que não cobicemos, e que façamos bem todas as coisas e vivamos em paz.Tudo isso queremos; nossa mente está de acordo, mas o problema é que quando vamos fazer, existe outra lei em nossa carne.Nós pensamos e queremos conforme a nossa alma. Em nossa alma opera o que se chama a lei da mente; não é a lei de Deus, embora esteja de acordo com a lei de Deus, e a lei da mente não é a lei da carne, a lei do pecado e da morte. A lei de Deus está em Deus e em Seus mandamentos; a lei do pecado e da morte está em minha carne, em meus membros; e está a lei da minha mente.Isso significa que a natureza humana da minha alma, quer fazer o bem, em minha alma estou de acordo, aprovo que a lei é boa e quero fazer o bem e decido fazê-lo, mas não posso. Existe a lei intrínseca do homem, aquela lembrança do que Deus queria e o homem podia mas agora já não pode, porque embora queira e até tente, há um poder superior no próprio homem; por isso o maior esforço do homem não é suficiente; embora o homem seja responsável por fazer o melhor que pode, não é capaz de fazê-lo. Uma coisa é a responsabilidade e outra distinta é a capacidade. Quando o homem perdeu a capacidade de cumprir a sua responsabilidade? Quando vendeu a sua natureza para o pecado e o poder do pecado entrou no homem e na carne do homem começou a operar uma lei que o leva cativo à lei do pecado, e que me obriga a fazer o que não quero e me impede de fazer o que quero. O versículo 23 nos diz claramente: "...mas vejo outra lei em meus membros, que se rebela contra a lei da minha mente, e que me leva cativo à lei do pecado que está em meus membros". Aqui torna a mencionar a lei do pecado. E continua o verso 24:"Miserável de mim! quem me livrará deste corpo de morte?"Miserável de mim!, como quem diz, por melhor que seja a minha intenção e por mais esforço que faça, há um poder superior que me vence. Antes quando eu não tinha descoberto quão forte era o poder do pecado, eu pensava que era suficiente somente usar o meu poder humano, mas quando comecei a fazer força e fazer força, foi quando descobri que o pecado está em mim e que o poder do pecado é uma lei que me obriga sempre a cometer o pecado e não me deixa fazer o bem que quero, e sim me obriga a fazer o mal que não quero; então, já não posso confiar em mim. Quando tentava, querendo fazer o bem, achei esta lei; quando eu queria fazer o bem era porque ainda confiava em mim mesmo, confiava na suficiência do esforço humano, da natureza humana; mas quando descobri a lei do pecado e da morte, então já não pude confiar em mim mesmo, e me dei conta que já não posso socorrer a mim mesmo; agora sim tenho que confessar como confessou o grande apóstolo Paulo: Miserável de mim! Quem me livrará deste corpo de morte?; Porque ele antes havia dito: Bem, vou me livrar, vou fazer o bem, vou me esforçar, vou ser fariseu de fariseus, hebreu de hebreus; quanto à lei fariseu, a seita mais rigorosa. Paulo procurava fazer o melhor que podia, e procurou muito tempo, mas descobriu que sempre lhe faltava algo; por isso clamou: Miserável de mim! Já não sou eu quem pode me salvar. Quem me livrará? Antes ele dizia: Como me livrarei?Antes ele dizia: Como me livrarei? Mas notemos que agora Paulo não diz, como me livrarei. Como Senhor, como me livrarei. Quem sabe, jejuando uma semana a mais, orando, me levantando de madrugada, lendo a Bíblia, como me livrarei, Senhor? Dá-me alguns mandamentos, algumas coisinhas, algumas táticas para que eu possa fazer que funcione bem o meu casamento, o trabalho, a minha relação com tudo; me dê algumas táticas de auto-ajuda, pensamentos, visualizações e esforços, e madrugadas e outras coisas, mas sempre termina em fracassado; então chega o momento em que alguém clama por outro pessoa distinta de si mesma. Quem me livrará? Já não é como me livrarei? Só não posso; necessito que seja outro pessoa distinta de mim. Por isso é que o cristianismo não é confucionismo, não é socratismo, não é nem sequer joãobatistismo, não é judaísmo, nem estoicismo, é cristianismo. Quem me livrará deste corpo de morte? Aleluia! Sim há uma resposta para esta pergunta.

Quarta: A lei do Espírito de vida em Cristo
A resposta poderosa a angustiosa pergunta anterior a encontramos a partir do versículo 25 do capítulo 7 da epístola do apóstolo Paulo aos Romanos, assim:"Graças a Deus, por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim, eu mesmo com a mente sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado".Como homem, como pessoa humana, com minha mente sirvo à lei de Deus, porque a lei da minha mente concorda com a lei de Deus, ainda que tenha a imagem, os traços de ter sido criado por Deus, apesar de ter sido arruinado; no entanto, fica o sabor do suco de laranja, mas com sal, claro. Quanto a mim, humanamente, sirvo à lei de Deus, mas com a carne sirvo à lei do pecado. Isso significa que a lei do pecado também operava na carne de Paulo. Então, qual foi a solução de Deus? A solução para os pecados é o perdão, mas não é suficiente o perdão dos pecados para vencer a lei do pecado e da morte, porque o perdão é para que o Senhor se esqueça do que eu fiz, mas se seguir sujeito à lei do pecado, vai ter que me seguir perdoando sempre, e eu sigo sem mudar em nada somente com o perdão. Além do perdão, necessito o Espírito que opera com uma lei distinta e mais poderosa, o qual nos confirma a Palavra em Romanos 8:1-2:"Agora, pois, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, (e vários manuscritos acrescentam) os que não andam conforme à carne, mas sim conforme o Espírito. Porque a lei do Espírito de vida em Cristo Jesus me livrou da lei do pecado e da morte".Damos graças ao Senhor por este “agora”, que começou quando Cristo veio e derramou o Espírito Santo, e o recebemos. Aqui encontramos a quarta lei, que é igual a primeira, a de Deus, mas aplicada agora; antes era espiritual, mas agora não só em Deus nos mandando de fora, mas sim em nós, operando de dentro, porque o Antigo Pacto não serve, porque Deus nos deu a Sua lei mas em tábuas de pedra, nos umbrais, nos vestidos, nas paredes, nos versículos, mas nós seguíamos iguais. Os desejos de Deus eram muito bons e Deus sabia que não podíamos alcançar isso só nos mandando de fora; por essa razão Ele disse: Eu vou fazer um novo pacto, porque vocês quebraram o outro e Eu me desentendi; quer dizer, que Eu dessa maneira não posso fazer nada com vocês; mas vou fazer um novo pacto. Minhas leis, as que estavam em tábuas, vou escrevê-las em seus corações, em suas mentes, e vou pôr o Meu Espírito, pois Eu sim posso fazer o que vós não pedis. Se estivesse fora de vocês, estariam perdidos, mas se encarnar, submeto às suas provações, venho e destruo tudo o que é negativo na cruz, e ressuscito e envio o Meu Espírito para que lhes dê tudo o que Eu sou e o que tenho feito. Porei o Meu Espírito dentro de vós e farei; já não serão mais sozinhos, porque vocês querem mas não podem, mas farei que vocês andem em minhas leis e nos meus estatutos. Eu, Eu mesmo, não somente com os Meus mandamentos, mas também com a Minha própria Pessoa, Minha própria vitória, o Espírito dentro de vós. Tenho outra lei; em Mim não opera a lei do pecado; no Espírito opera a lei de vida em Cristo.
Em Romanos 8:2 encontramos a lei que nos liberta da lei do pecado. Já não é a lei de Deus somente em mandamentos, tampouco a lei do pecado e da morte em minha carne; tampouco é a lei da minha mente, que quer mas não pode por si só; agora é outra lei, uma quarta que é igual a primeira, mas operando dentro de nós pelo Espírito, a lei do Espírito de vida em Cristo Jesus.Agora Paulo já experimentou algo. Primeiro, quando ele queria não podia; então ele disse: Quem? O que invoca o Senhor, que vem a Mim, do seu interior correrá rios de água viva, e isto disse do Espírito; não o que anda por si mesmo, não; o que vem para Mim, assim sem poder, assim frágil, assim derrotado, se vier assim para Mim, do seu interior correrão rios de água viva, ou seja, o Espírito; e o Espírito vem com outra lei. A carne é fraca, mas o Senhor é forte. Eu não posso mais, mas o Senhor sim dá mais. Então eu, tal como sou, tenho que vir: Senhor Jesus, Senhor Jesus, Senhor Jesus; porque diz que "quem crê em mim..., do seu interior correrão rios de água viva. Isto disse do Espírito que haviam de receber os que nele cressem", sabendo o que são, sabendo da inutilidade, vêm a Cristo. Se você souber que não pode carregar trinta toneladas, por que tenta? Melhor, pega uma máquina que pode fazê-lo. Para que perder tempo com uma tática equivocada? O que devemos fazer é ser tal como somos, com toda a crueldade de nossa miséria, com toda a nossa impotência, e ir ao Senhor e dizer-lhe: Senhor Jesus, aí está o mal, mas Você já venceu; Senhor Jesus, só conto contigo, não com o que eu posso, mas sim com o que Você pode; sim Você o pôde, Você já o fizeste; venceu o diabo, venceu à morte e à carne.Quando na Palavra diz que "a lei do Espírito de vida em Cristo Jesus me livrou da lei do pecado e da morte", esse livre não significa que a lei é tirada, mas sim é superada com outra de superior poder. Vou dar um exemplo: Existe a lei da gravidade, que é um poder que sempre tira as coisas pequenas e as atrai para as grandes, como a maçã de Newton que caiu para a terra de Deus; é a lei da gravidade. Agora, há momentos em que a lei da gravidade deixa de funcionar? Por acaso Deus desligou a lei da gravidade quando os foguetes saíram para a lua? De maneira nenhuma, a lei da gravidade segue operando, mas nesse momento nos foguetes opera uma lei mais poderosa que a lei da gravidade, e a contrasta, e se levantam em uma luta tremenda; parece que não saem tão disparados. Por que não saem tão rápido? Dá a impressão que os foguetes vão cair; quando você os vê parece que saem devagar, que não saem disparados, e é porque a lei da gravidade os quer deter; está operando, mas há outra interior mais forte que a da gravidade, que é a lei aeronáutica, e essa libera o foguete da lei da gravidade, o qual sai por fim disparado.No começo parece devagar, mas vai se desprendendo, e quanto mais sobe, acelera mais até que a vence e sai tranqüilo e até pode ir-se da terra, a qual já não pode fazer nada. Isso é o que é a lei do Espírito de vida em Cristo Jesus; é um enxerto de Deus, de Sua própria natureza, com as Suas leis intrínsecas, com a Sua conduta intrínseca no espírito, que estando em nós é mais forte que a lei do pecado e da morte. Se eu conto somente com lei da minha natureza, quero fazer o bem mas acho esta lei, que o mal está em mim, que não faço o bem que quero, mas sim o mal que não quero, isso faço.Mas se conto não apenas comigo, mas também pela fé sem as obras da lei, pelo ouvir com fé, por crer em Deus que me ministra o Espírito, a lei do Espírito de vida em Cristo Jesus me livra da lei do pecado e da morte. Isto não significa que no cristão a carne deixa de cometer pecado, que não opera a lei do pecado e da morte em sua carne. Sim, amados. O irmão por mais santo dos santos que seja, tão logo ande na carne, aí estará a lei do pecado, mas se andar no Espírito, no Espírito há uma lei mais poderosa que pode vencer a outra, e por isso há um combate constante; mas sempre é mais poderoso o Espírito. Por isso devemos andar no Espírito, e no Espírito não se anda a não ser por fé, só por crer nele, só por vir a Ele.Vinde a Mim, creia em Mim, bebe de Mim e do seu interior correrão; então do nosso interior correrá, começará a fluir. É por isso que quando lemos os Salmos de repente a metade parece muito triste e a outra metade parece muito alegre; à vista disso dizemos: O que acontece, que neste salmo estava chorando, queixando e de repente louvando? É porque começou a operar a graça de Deus pelo Espírito; e deste modo acontece conosco.Estamos como se sentiram os astronautas quando estavam iniciando a subida, eles contam que sentem um peso tremendo, e não é um peso porque puseram algo em cima deles; é a força da gravidade que eles sentem quando estão nesse foguete que vai subindo até que se vai elevando. Assim estamos nós como se estivéssemos sendo esmagados por um mal e como submetidos ao esmagamento, mas o Senhor Jesus, aleluia, rompe no espírito. O Espírito do Senhor tem um poder diferente. O que é? A lei do Espírito de vida em Cristo, que me livrou da lei do pecado e da morte.

Epílogo
"Porque o que era impossível à lei, porquanto era fraca pela carne, Deus, enviando a seu Filho em semelhança da carne de pecado e por causa do pecado, condenou o pecado na carne; para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos conforme à carne, mas conforme o Espírito".

(Romanos 8:3-4)Quando diz que o que era impossível para a lei, refere-se aos mandamentos somente, e com o poder natural somente. O Senhor foi o primeiro a vencer o pecado na carne. Adão foi feito na carne, mas Adão submeteu a carne ao poder do pecado. O Senhor também veio em carne, mas diferentemente de Adão, Ele não permitiu que o poder do pecado entrasse em Sua carne. Veio na semelhança da carne do pecado, mas sem pecado; venceu o poder do pecado e por causa do pecado condenou o pecado na carne. Para quê? Para que a justiça da lei, quer dizer, o que Deus mandava antes de fora, agora sim se cumprisse em nós que não andamos conforme a carne, quer dizer, nos guiando pelas diretrizes da lei do pecado e da morte, mas conforme o Espírito, seguindo essa direção, esse fluir, esse sopro de Deus, esse rio de Deus; é a lei do Espírito de vida que me livrou, diz Paulo, o mesmo que disse: em mim mora a lei do pecado; no entanto, ele experimentou não só o mal nele, mas também a vitória do Senhor que ressuscitou para ele. Na própria face da sua miséria, o Senhor apareceu, limpou-o, sustentou-o, deu-lhe a vitória e o levou de triunfo em triunfo e de glória em glória.

Irmãos em Cristo Jesus.

Irmãos em Cristo Jesus.
Mt 5:14 "Vós sois a luz do mundo"