sexta-feira, 12 de junho de 2009

O Racionalismo - William Kelly

Extraído do site www.verdadespreciosas.com.ar , e Traduzido para o Português pelos irmãos da cidade de Alegrete-RS
Download do livreto completo disponível no Filho Varão

1 Coríntios 2:6-16

1. Uso e abuso da razão com respeito às Escrituras

Meu objetivo, ao escrever estas linhas, não é rebaixar o lugar da razão, pois é dada por Deus ao homem. A razão é um admirável e belo instrumento que Deus pôs nas mãos do homem, mas cuja ação não deve sair de sua própria esfera. O racionalismo é o abuso da razão, mas de nenhuma maneira seu resultado necessário. O racionalismo é a razão que se introduz na esfera de Deus e de Sua revelação para negar tanto a um como ao outro, de fato, se bem não abertamente. E isto é precisamente o que me proponho combater, não expondo, como seria fácil fazê-lo, a necedade das pretensões deste sistema e o perigo de suas conclusões, senão, na medida do possível, mediante a apresentação da verdade. O racionalismo não aspira à verdade; ao contrário, seu objetivo constante é fazer incerta a aquisição da verdade. Tende, pois, a voltar a submergir ao homem nessas mesmas trevas de onde a revelação de Deus o tira com absoluta certeza.

O apóstolo, na passagem que acabamos de ler (1 Coríntios 2:6-16), ataca a raiz desta armadilha para o espírito do homem, e o mesmo princípio, não faz falta dizê-lo, se encontra quase por todas as partes nas Escrituras. O próprio fato da existência de uma Bíblia testifica contra as próprias asserções da sabedoria humana, posto que, de um extremo ao outro, a Bíblia afirma que ela é a Palavra de Deus, e não somente que há em suas páginas um elemento divino que a razão deve descobrir e separar dos elementos humanos que o envolvem. Em nenhuma parte de sua Palavra, Deus ensina, nem da a entender, nem admite semelhante asserção.

2. Problemas a nível da autoridade da Escritura

Cristo cita a Escritura como autoridade suprema

Felizmente também, vivemos em uma época da revelação divina na qual podemos introduzir o que todos, exceto incrédulos declarados, devem reconhecer como uma autoridade decisiva. Não faço alusão às hipóteses dos homens, quem quer que sejam. Falo do mais santo e humilde dentre os nascidos de mulher, Daquele que, verdadeiramente homem, não considerou como um objeto de usurpação o ser igual a Deus. Pois bem, a autoridade do Senhor Jesus Cristo deve ser certamente definitiva. Sempre que o Senhor Jesus Cristo cita a Escritura, é como uma norma suprema contra a qual não se pode apelar. Mantém tão plenamente sua autoridade, de maneira que exclui toda idéia de que pudesse se encontrar na Palavra de Deus alguma coisa que possa por de manifesto a debilidade dos instrumentos de barro que a graça de Deus empregou.

Ainda que dada por meio do homem, jamais ela se chama a «palavra do homem», senão a palavra de Deus. Mas mesmo que Deus empregou instrumentos humanos para escrevê-la, estes foram inspirados por Deus de tal modo que, à vez que conservaram seu caráter individual, apresentaram de uma maneira perfeita a verdade de Deus e só isso. Assim se manifesta em parte a sabedoria de Deus na inspiração. Não deixa ao homem de lado, senão que introduz a Deus com uma perfeição invariável, já que se o introduzisse de maneira parcial haveria deixado subsistir o velho elemento das dificuldades e a incerteza [1].

Ninguém dos que recebem as palavras do Senhor Jesus tal como foram dadas por seus discípulos pode negar este fato. Em efeito, é evidente que ele mesmo fala sempre como alguém que nos dá as palavras de Deus, e que ele prometeu a seus discípulos o poder do Espírito Santo, para que possam também comunicar a palavra de Deus. Um de seus principais discípulos foi o grande apóstolo Paulo, quem sem dúvida não conheceu a Jesus nos dias de Sua carne, mas que afirma que ele não é em nada inferior aos mais excelentes em palavras e obras. (João 3:34; 7:16; 14:26; 1 Coríntios 2:13; 2 Timóteo 3; 2 Pedro 3:15-16).

O racionalismo rebaixa a Cristo

Consideremos por um momento a importância deste fato. Não posso admitir que depois de haver reconhecido a bondade, a humildade, a perfeição de Jesus, se discutam suas palavras. É o que faz o racionalismo, o qual põe assim ao desnudo toda sua insensatez. Nada pode ser mais injurioso que falar do Senhor Jesus de uma maneira patrocinadora —por dizer assim—, reconhecer a irrepreensível integridade do Salvador e, ao mesmo tempo, negar a tirar a inevitável conclusão que se deriva de suas palavras e de seus atos. Sei que alguns ousam insinuar que o Senhor Jesus não estava por cima dos prejuízos de seu tempo, e que compartilhava as idéias dos judeus. Pode alguém falar assim e admitir que Jesus é Deus? Acaso tem Deus prejuízos? Acaso Ele não se move por cima das variáveis noções do homem na terra? Pois bem, o Senhor Jesus, durante todo o curso de seu ministério, se ocupou reiteradamente em por em evidência da maneira mais simples e clara, um tema que não cede a nenhum outro em importância vital, que concerne a você, a todo filho do homem, não somente ao crente, senão também ao incrédulo; tema pelo qual toda alma deverá dar conta a Deus. É, pois, impossível achar outra coisa que nos afete de maneira mais prática, mais imediata, mais solene.

Por todas as partes, vemos o Senhor Jesus, primeiro de uma maneira geral e logo também nos menores detalhes, no gozo e na dor, no que concerne aos demais e no que concerne a si mesmo, em sua vida e até em sua morte, em todo momento e em qualquer circunstâncias, lhe vemos por todas as partes mostrando a estima que tem —a estima que Deus tem— da Escritura, da Palavra escrita de Deus. E isto ressalta de uma maneira notável em uma época na que inclusive aqueles que manipulam livremente a Escritura com um espírito que não é o conveniente, devem entretanto aceitá-la como uma autoridade decisiva. Digo isto para os que queriam insinuar que nosso Senhor Jesus, “nos dias de sua carne”, podia haver estado sob a possibilidade de se ver afetado pelas passageiras opiniões de seu século.

Mas, supondo que assim fosse, diriam o mesmo de Jesus ressuscitado? Pretender-se-á que a ressurreição não libere nem sequer a Jesus do que pertence a um mundo no qual os sentidos, a imaginação e as tradições exercem sem dúvida suas diversas influências na mente e a linguagem do homem? Pois bem, o Senhor ressuscitado aparece àqueles que o amavam e que, não havendo compreendido as Escrituras, eram provados profundamente por sua morte. Em uma das conversações mais doces e interessantes, Jesus parte do ponto onde estavam. E de que arma faz uso para convencê-los? Certamente haveria podido extrair Suas palavras das profundidades insondáveis de Sua mente; poderia abrir essas ricas e poderosas fontes de verdade divina que, saindo de Seu coração, haveriam arrancado todas as dificuldades da alma daqueles que se aferravam a ele e que estavam abatidos pelo pensamento da cruz (essa mesma cruz onde Ele realizava sua redenção). Mas não, nosso Senhor toma as Escrituras, a simples palavra escrita de Deus.

Jesus apela a Moisés, os Salmos e os Profetas

Começa por Moisés, cita os Salmos, e os remete aos profetas, recordando assim esta divisão tão conhecida do Antigo Testamento em três partes. Indico este fato porque prova da maneira mais decisiva que as dificuldades de especulação, sobre as quais um número tão grande de indivíduos tem feito naufrágio, não são na realidade mais que seus prejuízos, as nuvens passageiras da opinião do dia e não a verdade de Deus. É falso, é blasfemo pensar que o Senhor, o Criador eterno, cedera aos prejuízos de Seu tempo; o que é certo, é que os homens que fazem estas objeções são arrastados pelos pensamentos profanos de sua época. O Senhor marcou com o selo de sua divina autoridade a Bíblia, toda a Bíblia e nada mais que a Bíblia. Nos a dá precisamente tal como os judeus a possuíam então.

O povo de Israel havia passado por grandes revoluções e por profundas provas. Nesse tempo, as Escrituras do Antigo Testamento teriam que haver sofrido algum erro de transmissão. Era impossível que, sem os mais imediatos cuidados de Deus, as Escrituras transcritas em hebreus somente, houveram escapado a toda alteração durante estas terríveis crises. Até o tempo do Senhor, como se recordará, só se as havia traduzido a uma língua e daí que não se tivera este controle que proporcionam as distintas versões; porque, ainda que as traduções em diferentes línguas possam, além de difundir a palavra de Deus, por em evidência mais ou menos a debilidade humana, entretanto, a comparação destas diferentes versões feitas em diferentes línguas testifica justamente o contrário. O resultado é que, quando estas diversas versões feitas em diferentes tempos e por pessoas tão distintas concordam entre si, ele apresenta, em favor do texto, um tão unido testemunho, que seria necessária uma mente singularmente constituída para escapar de seu poder. Agora bem, em um tempo como este precisamente, quando não existia nem podia existir este tão vasto e unido testemunho que temos hoje, resultado da difusão das Escrituras em todo o mundo e existente em tão grande número de línguas, nosso Senhor apela a Moisés, aos Salmos e aos profetas como testemunhas.

Jesus respondeu a Satanás só com as Escrituras, e este último nunca ousou esgrimir o pretexto que os homens de hoje sugerem
Este tema não deve ser considerado simplesmente desde um ponto de vista geral, senão também em suas aplicações práticas. Sigamos, por exemplo, a nosso Senhor em todas as circunstâncias de sua vida, tanto nas mais ordinárias como nas mais notáveis; ele usa sempre a mesma arma. No deserto, quando é atacado por Satanás, a palavra de Deus é o único meio que Jesus usa para repelir seu ataque; e o próprio Satanás, nesse momento, não se aventura a usar o artifício do que alguns se servem hoje em dia: não insinua que a divina autoridade das Escrituras está comprometida por erros de copista, pela dificuldade de conservar a integridade do texto, etc. O resultado da luta entre o Salvador e o inimigo foi evidente; mas tudo dependia da obediência, de uma fé constante na palavra de Deus. Mais tarde, no curso de seu ministério, em sua marcha de cada dia, o Senhor faz constante referencia às Escrituras, como o árbitro que deve esclarecer toda duvida e por fim a toda controvérsia, como à verdadeira, divina e única solução de todo enigma neste mundo de obscuridade. ( para ler todo o Livreto faça o Download clicando aqui )

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Irmãos em Cristo Jesus.

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Mt 5:14 "Vós sois a luz do mundo"