quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

PARTE 5- Romanos- George Howes


PARTE 5
— ROMANOS 9 A 11 —

Com o capítulo 8, o apóstolo concluiu a sua magnífica exposição sobre o
evangelho da graça de Deus, manifestado e enviado por Deus a toda criatura, quer
seja gentio quer judeu, agora ele trata de demonstrar que isso de modo algum
desfaz as promessas de Deus feitas a Abraão a respeito do Seu povo antigo, o
povo de Israel. Ele nos mostrou que nada há que possa impedir que se realize o
propósito de Deus com respeito àqueles que são chamados pela Sua graça por
meio do testemunho do evangelho, agora nos mostra que nada há, tampouco, que
possa estorvar a realização das Suas promessas referentes ao povo de Israel.
Um fato em que apóstolo insiste nesse capítulo, e que é muito importante
reconhecermos, é que Deus é soberano, e que toda a bênção para os seres
humanos é o resultado da Sua soberana misericórdia.
Romanos 9:1 – 5
Nestes versículos o apóstolo revela o intenso amor que sentia pelo povo
terrestre de Deus, os seus irmãos segundo a carne. Recapitula aqui alguns dos
muitos privilégios que lhes pertenciam, concluindo com o fato de ter Cristo nascido
entre eles, acrescentando, porém, a esta referência à Sua humanidade, que Ele é
“sobre todos, Deus bendito eternamente” (Rm 9:5).
Qual foi a razão desta tristeza que o apóstolo sentia no seu coração?
Foi o fato deles terem rejeitado Cristo, o Único que podia fazê-los entrar no
gozo da bênção prometida.
Romanos 9:6 – 16
Entristeceu-se, porventura, por pensar que Deus tinha faltado à Sua
Palavra? Não, isso não podia ser. A sua dor foi causada por ter visto como o povo
ia perdendo a bênção por rejeitar Cristo. Quanto às promessas de Deus, tinha ele
a certeza que nenhuma delas podia deixar de se cumprir, e agora trata de explicar
isso, citando para esse fim 3 pontos:
1 — A promessa de Deus feita a Abraão (veja Rm 9:9).
2 — A vontade de Deus que determinava que Jacó havia de dominar Esaú
(veja Rm 9:11-12).
3 — A Palavra de Deus a Moisés — “Compadecer-me-ei de quem me
compadecer e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia” (Rm 9:15).
O resultado das lições tiradas desses 3 casos se vê no versículo 16:
“Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que
se compadece”.
Consideremos esses 3 pontos. Em primeiro lugar era verdade, como diziam
os judeus, que Deus fizera uma promessa a Abraão; porém, essa promessa não
dizia respeito a todos os filhos de Abraão, como eles bem sabiam, mas somente a
Isaque e à sua descendência.
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Ismael e outros filhos de Abraão foram postos de lado e a bênção
prometida foi ligada a Isaque, o filho prometido (veja Rm 9:9); — “Em Isaque será
chamada a tua descendência” (Rm 9:7).
Ismael, de cujo nascimento lemos no livro de Gênesis, capítulo 16, foi o
filho da vontade e da energia natural, ao passo que Isaque foi o filho da promessa;
e a bênção divina depende dessa última, da promessa de Deus. Assim o judeu
devia ter compreendido, e nós podemos aprendê-lo, que a bênção “não depende
do que quer” (veja Rm 9:16). De fato lemos: “Não há ninguém que busque a Deus”
(Rm 3:11). É por isso que não pode haver esperança para os seres humanos, quer
judeus quer gentios, senão em Deus que é soberano.
Quando Deus faz uma promessa absoluta e incondicional, é como se nos
declarasse o Seu próprio propósito, e já temos visto que nada há que possa pôr
empecilho à realização do propósito de Deus. É verdade que a bênção prometida
pode não estar ao alcance do poder dos homens por mais que se esforcem, mas o
poder de Deus fará com que eles a gozem.
Isto é a lição que temos no segundo caso acima citado, o de Esaú e Jacó.
Antes mesmo que nascessem, Deus dissera: “O maior servirá o menor” (Rm 9:12).
Mais tarde, os dois fizeram mal, nem um nem outro merecia receber a bênção
prometida, porém Deus, sempre fiel a Sua promessa, assegurou a bênção de
Jacó. Assim vemos que “não depende do que corre” (Rm 9:16). Também lemos:
“Não há quem faça o bem, não há nem um só” (Rm 3:12) e, por isso, novamente
dizemos, não pode haver esperança para os homens senão em Deus que é
soberano.
O terceiro caso citado, isso é, as palavras de Deus a Moisés (veja Rm
9:15), prova e evidencia que Deus, soberano como é, Se compraz de usar o Seu
poder para abençoar os seres humanos, e que não tem prazer algum em julgá-los.
As ditas palavras foram dirigidas por Deus a Moisés logo depois do povo de
Israel ter pecado horrivelmente contra Ele, fazendo o bezerro de ouro (veja Êx 32 e
33:19). Foi aquele um momento em que, com justiça, Deus podia ter destruído
aquele povo por completo, mas em vez disso, falou, dizendo: “Compadecer-me-ei
de quem me compadecer e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia”.
Vemos, então, que sendo todos pecadores, sem mérito algum diante de
Deus, se alguém receber bênção dEle, será em resultado da Sua soberana
misericórdia.
Assim o judeu tem que reconhecer que, quanto a si, tem perdido todo o
direito de receber a bênção, ao passo que Deus certamente há de cumprir a
promessa dada a Abraão. Conseqüentemente, tanto para ele como para o gentio,
toda a bênção depende da soberana misericórdia de Deus.
Romanos 9:17 – 18
O apóstolo considera agora o caso daqueles que não recebem a bênção
divina.
Faraó serve como exemplo desses. Era um homem pecador que se exaltou
contra Deus, desafiando-O com as palavras: “Quem é o SENHOR, cuja voz eu
ouvirei?” (Êx 5:2). Depois disso foi seis vezes avisado solenemente, por meio de
pragas terríveis, contra a loucura de procurar resistir a Deus; mas de todas as
vezes o se coração se endureceu. Lemos que depois de tê-lo suportado com muita
paciência, “o SENHOR endureceu o coração de Faraó” e então ouvimos aquelas
terríveis palavras: “Para isto mesmo te levantei, para em ti mostrar o meu poder e
para que o meu nome seja anunciado em toda a terra” (Êx 9:12, 16; Rm 9:17).
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Lendo no livro de Êxodo vemos que tanto Israel como Faraó eram culpados
diante de Deus e a justiça teria condenado a ambos, porém Deus é soberano, e
mostra-nos ser Ele não só justo em todos os Seus atos, mas também um Deus
que Se compraz em mostrar misericórdia. Quando Faráo endureceu o seu coração
contra Deus, foi destruído pela justiça, ao mesmo tempo que o povo de Israel foi
salvo pela soberana misericórdia de Deus, que o abrigou sob o sangue do
sacrifício da páscoa.
Todo o mundo é condenável diante de Deus; a justiça havia de julgar e
condenar a todos; porém, Deus Se tem manifestado como um Deus Salvador,
soberano em misericórdia, sendo a morte de Cristo a base sobre a qual Ele assim
pode agir.
Romanos 9:19 – 24
Talvez alguém diga: “Por que se queixa Ele ainda? Quem resiste à Sua
vontade? Ainda mais, se é simplesmente uma questão da Sua vontade e do Seu
poder, que posso eu fazer? Se hei-de ser salvo sê-lo-ei efetivamente, e se não, a
culpa não é minha”.
Ah! Ninguém que tivesse uma verdadeira apreciação da majestade,
sabedoria e amor de Deus, falaria assim. O fato de Deus pelo Seu soberano poder
cumprir a Sua vontade não é razão alguma para o homem fazer o que bem quiser,
satisfazendo assim a própria vontade. Não; o princípio da sabedoria é temor de
Deus, e isto faz com que demos a Deus o lugar e a glória que Lhe pertencem.
Devemos aceitar e obedecer logo ao testemunho que Deus nos dá, reconhecendo,
ao mesmo tempo, que, sendo Ele soberano, tem o direito de fazer tudo quanto Lhe
aprouver.
O apóstolo ousada mente afirma esta verdade. Digam os homens o que
disserem, o oleiro tem poder sobre o barro. A coisa formada não pode dizer ao que
a formou: “Por que me fizeste assim?”
“Tu és bom e fazes bem”, lemos no Salmo 119:68, e o coração de quem
teme a Deus e se humilha diante dEle, regozija-se em pensar na Sua soberana
bondade. Porém, se Deus, querendo dar a conhecer co Seu poder e mostrar a Sua
ira, a deixa cair sobre os que se têm preparado a si próprios para a perdição,
tendo-os Ele primeiro suportado com muita paciência e longanimidade, quem é
que se pode queixar? Ninguém.
Por outro lado, Ele mesmo prepara os vasos para a manifestação da Sua
misericórdia. Todos são maus, porém Deus, em misericórdia soberana está
preparando vasos nos quais dará a conhecer as riquezas da Sua glória.
“Os quais (vasos de misericórdia) somos nós”, diz o apóstolo. Oxalá querido
leitor, que nós nos possamos ver, pela fé, entre esses! Pobres miseráveis
pecadores por natureza, se podermos, sequer, melhorar a nossa situação diante
de Deus, não podemos senão lançar-nos sobre a misericórdia soberana de Deus
por meio de Jesus. Escrevendo aos Coríntios, Paulo tratando do estado glorioso
que espera o crente, disse: “Quem para isso mesmo nos preparou foi Deus” (2 Co
5:5).
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Romanos 9:24 – 33
O apóstolo agora afirma que “os vasos de misericórdia” são chamados não
só de entre os judeus, mas também de entre os gentios, e em confirmação disso
cita os profetas Oseías e Isaías.
Oséias tinha profetizado que a graça divina havia de alcançar tanto os
gentios, que nunca tinham recebido promessa alguma a esse respeito, como os
judeus, que tinham perdido, pelo seu pecado, todo o direito a receber a promessa
que lhes fora feita.
Além disso, Isaías tinha dito que apenas uma parte do povo de Israel seria
salva, e isto devido à soberana misericórdia de Deus.
Qual era então o resultado de tudo isso? Vemos que os gentios, que não
buscavam a justiça, alcançaram-na pela fé, enquanto que os judeus, tão religiosos
como eram, não alcançaram essa justiça diante de Deus.
E porquê? Porque os judeus enganaram-se no modo de a alcançar;
procuraram justificar-se pelas suas próprias obra em vez de reconhecerem a sua
incapacidade, e confiaram em Cristo. Rejeitaram Cristo em Quem e por Quem
somente se pode alcançar a justiça de Deus.
Isaías tinha falado da pedra de tropeço que Deus havia de pôr em Sião.
Seria como um santuário para os que cressem, porém como uma rocha de
escândalo e pedra de tropeço para os que não cressem. Os judeus tropeçaram
naquela Pedra — um Cristo humilde, meigo e rejeitado pelos homens — e têm
sido confundidos como atualmente se vê.
Romanos 10:1 – 13
O apóstolo aqui fala do intenso desejo que sentia pela salvação do povo de
Israel, e de como orava a Deus por isso. Testifica do muito zelo que aquele povo
mostrava quanto à religião, mas explica-nos que esse mesmo zelo os impediu de
apreciar o testemunho de justiça pela fé em Jesus Cristo, que Deus lhe estava
enviando.
Na sua cegueira procuravam, pelas suas próprias obras, colocar-se diante
de Deus numa justiça que fosse deles próprios. Recusaram humilhar-se perante
Deus e confessar-Lhe a sua absoluta falta de justiça, e assim não se sujeitaram à
justiça de Deus.
É verdade que Moisés tinha dito: “O homem que fizer estas coisas viverá
por elas” (Rm 10:5); mas quem as podia fazer? Ninguém.
A pessoa, porém, que reconheça isso e se volte para Deus
confessando-Lhe a sua necessidade, descobre logo que da Sua parte Deus lhe
está apresentando, para a sua aceitação pela fé, aquilo que nunca podia alcançar
pelas obras da lei.
Cristo tem vindo! A maldição da lei, pronunciada contra quem não
cumprisse com as suas exigências, sofreu-a Cristo na Sua morte! A vida — o fim
proposto pela lei — alcançamo-la em Cristo ressuscitado!
Plena satisfação, perfeita bênção, justiça, vida, tudo temos em Cristo e tudo
alcançamos pela fé. “O fim da lei é Cristo…” (Rm 10:4). Bendito seja Deus, toda
esta bênção, desde o princípio até ao fim, provém dEle.
Não necessitamos, por assim dizer, subir ao céu para trazer do alto a
Cristo, porque Deus já no-Lo enviou, e Ele por amor de nós se entregou à morte
(veja Rm10:6).
33
Tampouco precisamos descer ao abismo para tornar a trazer Cristo de
entre os mortos, porque Deus já O ressuscitou (Rm 10:7).
Que nos resta então fazer? Temos que escutar o testemunho que Deus nos
tem enviado a respeito de Cristo, e sujeitarmo-nos a Ele.
E que diz Ele? Apresenta-nos uma justiça perfeita, uma salvação completa,
dizendo: “Se, com a tua boca, confessares ao Senhor Jesus e, em teu coração,
creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo” (Rm 10:9). Estas palavras
indicam claramente que não se trata de uma simples questão do esclarecimento
da nossa inteligência, mas sim do nosso coração se comover profundamente,
porque “com o coração se crê para alcançar a justiça” (Rm 10:10).
Mas há mais. Junta-se à fé do coração, a confissão da boca: o crente
confessa que Cristo é o seu Senhor.
Quer diante de Deus, quer diante dos homens apresenta-se como
identificado pela fé com Cristo, confessando-O como sendo o seu Senhor. Assim
tem aceitação para com Deus e desfruta o poder da salvação neste mundo,
porque: “Todo aquele que nele crer não será confundido” (Rm 10:11).
Desta maneira, a bênção é por Deus assegurada igualmente aos gentios e
aos judeus e, de acordo com isso, lemos que, referente ao evangelho e a bênção
nele oferecida, “não há diferença entre judeu e grego” (Rm 10:12).
Em Romanos 3:22 e 23 lemos: “Não há diferença. Porque todos pecaram”.
Aqui, no versículo 12 de Romanos 10, lemos: “Não há diferença … porque um
mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam”. Bem
podemos confessar humildemente o primeiro desses fatos, enquanto nos
regozijamos diante de Deus pelo segundo.
Vemos então que em Cristo glorificado há bênção sem limites para todos.
Sendo, como homem, exaltado por Deus a ser Senhor de todos, todos se podem
aproveitar das riquezas que nEle há; porém para isso cada um tem de invocá-Lo
individualmente.
Nem zelo nem obras humanas podem alcançar este grande bem, mas “todo
aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Rm 10:13).
Romanos 10:14 – 21
O ponto principal neste trecho parece ser o fato de que o testemunho de
Deus é para o mundo todo.
Que necessidade há, então, de pregar o evangelho! “Como, pois, invocarão
aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram?” (Rm
10:14).
É preciso, e isso fica óbvio, que os pregadores sejam enviados por Deus,
mas que privilégio também é ser enviado! Porventura não desejamos nós ser-Lhe
úteis para Seu serviço?
Como Ele aprecia este serviço! “Quão formosos são os pés dos que
anunciam a paz, dos que anunciam coisas boas!” (Rm 10:15). Sim, quão formosos
aos olhos de Deus! Quão apreciável é para Ele este serviço!
Como isso anima Seus servos, apesar de muita gente recusar aceitar o
testemunho deles!
Isaías deu testemunho, no meio do povo de Israel, referente aos
sofrimentos e à glória de Cristo, mas por fim teve que dizer: “Senhor, quem creu na
nossa pregação?”
O testemunho de Deus tem sido proclamado, e a fé vem pelo ouvir — por
ouvir a Palavra de Deus.
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Logo no princípio, quando Deus chamou o povo de Israel para ser um povo
particular para Si, Moisés predisse a maneira como esse povo havia de deixar de
seguir o Senhor, andando no seu pecado e cegueira e, ainda mais, disse como
Deus havia de dar a bênção a outros, que não pertencessem àquele povo, a fim de
assim despertar nele o desejo de também receber a bênção de Deus que até
agora, na sua coletividade, tem rejeitado.
O apóstolo cita outra vez o profeta Isaías como testemunha desse fato.
Lemos: “Fui achado pelos que me não buscavam, fui manifestado aos que por mim
não perguntavam” (Rm 10:20). Deus manifestou-Se àqueles que não O buscavam
nem perguntavam por Ele. Bendito seja o Seu nome, aprouve-Lhe manifestar-Se a
Si mesmo na pessoa do Seu Filho Jesus àqueles que, como nós, não o buscavam.
Que graça divina! Que graça soberana!
Isaías, porém, acrescentou, falando ainda do povo de Israel: “Todo o dia
estendi as minhas mãos a um povo rebelde e contradizente” (Rm 10:21). E assim
tem acontecido; o testemunho de Deus tem sido aceito entre os gentios ao passo
que a nação de Israel, na sua coletividade, o tem rejeitado; por conseqüência,
tendo recusado a Cristo, tem sido por Deus posta de parte e confundida, porém:
“Todo aquele que nele crer não será confundido” (Rm 10:11).
Romanos 11:1 – 15
Coloca-se agora pergunta: “Porventura, Rejeitou Deus o seu povo?” (Rm
11:1). Terá mudado o Seu propósito com respeito a ele? “De modo nenhum!” —
responde o apóstolo, comparando em seguida a posição do povo no tempo dele
com a do povo no tempo de Elias (veja 1 Rs 19).
Nesse tempo, a nação em geral estava caída em pecado, sem o temor de
Deus, nem fé. Contudo, Deus reservou para Si um pequeno número que O
conhecia, e assim é ainda hoje. A nação de Israel tem sido, por assim dizer,
abandonada por agora e anda em cegueira espiritual, porém Deus na Sua graça
soberana ainda trabalha entre ela, escolhendo um pequeno número que, por fé em
Cristo, tem parte na Sua Igreja. Paulo cita o seu próprio caso como prova disso.
É verdade que Deus tinha-lhes dado a Sua promessa, prometendo-lhes
bênção aqui na terra, mas quando Cristo, Aquele em Quem toda a bênção lhes era
assegurada, chegou entre eles, recusaram-se de recebê-Lo e assim perderam
todo o direito às promessas. Agora, se as receberem, será somente em resultado
dos soberanos propósito e misericórdia de Deus.
O estado atual daquela nação não há de continuar sempre assim. Longe
disso; mas tendo aquele povo perdido pela sua desobediência, incredulidade e
orgulho, o lugar de privilégio que tinha gozado, Deus está agora efetuando o Seu
propósito de abençoar os gentios, tirando de entre eles um povo para o Seu nome
(veja At 15:14), e entre este povo encontra-se um remanescente do povo antigo
(Rm 11:15).
E há ainda mais. Esse povo de Israel é ainda o centro dos pensamentos de
Deus com respeito ao Seu governo desse mundo, e se, como temos visto, a sua
queda tem dado ocasião à bênção de Deus ser apresentada pelo evangelho a todo
o mundo, qual será a bênção que há de resultar, cá no mundo, quando Israel for
colocado por Deus na posição e glória prometidas, não é?! Será, na verdade, para
toda a criação, como vida de entre os mortos (veja Rm 15:15).
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Romanos 11:16 – 36
O apóstolo agora explica a posição relativa dos judeus e dos gentios com
respeito ao lugar de privilégio e bênção aqui neste mundo.
Depois do dilúvio com que Deus destruiu o mundo antigo, os homens
procuraram fazer para si uma grande cidade e um grande nome a fim de que não
fossem espalhados por toda a terra, porém Deus os confundiu neste propósito e os
espalhou por toda a parte e os dividiu em diversas nações (Gn 11).
Parece, então, que basicamente todos se entregaram à idolatria e, estando
as coisas assim, Deus, conforme o seu soberano propósito, chamou a Abraão
(veja Js 29), fazendo com que ele fosse o pai — o primeiro — daqueles que
haviam de experimentar o benefício das promessas que Deus estava prestes a
declarar.
Foi Abraão constituído, por assim dizer, raiz da “oliveira de promessa”, e
Israel — não só os judeus, isto é, as duas tribos, mas sim as doze tribos — será
salvo (Rm 11:20). Quando O virem, passará a sua cegueira, e arrependidos
reconhecerão por fim o seu Messias, e Ele, cumprindo, então, as promessas de
Deus, reinará em poder e majestade e o Seu povo antigo será outra vez o principal
entre as nações.
Sim, tudo quanto Deus tem proposto, quer a respeito da Sua Igreja, quer do
Seu povo terrestre, Israel, há de infalivelmente ser realizado. E quando Deus
assim nos fala da bênção que tem determinado para os seres humanos, nos vem à
lembrança que todos, quer judeus quer gentios, têm sido desobedientes, de
maneira que ninguém, nem sequer o judeu, pode falar de qualquer direito à
bênção; todos hão de recebê-la somente pela soberana misericórdia de Deus (Rm
11:32).
O apóstolo, ao concluir esta parte de sua epístola, exclama num espírito de
adoração: “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de
Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus
caminhos!” (Rm 11:33).
A sabedoria divina planejou tudo, e o poder divino há de efetuar tudo, para
a glória de Deus.
Com corações adoradores concluímos este capítulo, dizendo: “Dele, e por
ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém!” (Rm
11:36).

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