quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

PARTE 6 - Romanos- George Howes


PARTE 6
— ROMANOS 12:1 A 15:7 —

Na parte desta epístola de que vamos agora tratar, vemos qual é a conduta
e maneira de vida que resulta da apreciação e aceitação da doutrina que já nos
tem sido apresentada.
Temos aqui, não tanto a exposição das verdades fundamentais do
evangelho, como exortações próprias para aqueles que tenham recebido estas
verdades.
Consideremos então estas exortações, pedindo a Deus que, pela Sua
divina graça, nos faça corresponder a elas para glória do Seu nome.
Romanos 12:1
Se, tendo aceitado o testemunho de Deus no evangelho, pensarmos em
nós próprios, havemos de reconhecer que somos os objetos de misericórdia e
amor divino, e que somos colocados diante de Deus no Seu pleno favor. E, sendo
assim, os nossos corpos devem ser postos à Sua disposição, para que em nós, e
por meio de nós, se realize a Sua divina vontade neste mundo.
Reparemos bem na força de expressão com que o apóstolo começa as
suas exortações: “Rogo-vos!” Que intensidade de desejo vemos nestas palavras!
Que santo fervor! Ele não diz: “Mando-vos!”; é a graça, e não a Lei, que fala aqui.
Notemos o motivo que cita para reforçar o seu pedido. “Rogo-vos, pois,
irmãos, pela compaixão de Deus”. E como é grande, de fato, essa misericórdia de
Deus manifestada nesta epístola que estamos considerando.
E para que será que o apóstolo assim nos roga? “Rogo-vos … que
apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”.
Convém notarmos primeiro que o sacrifício apresentado a Deus é um
sacrifício vivo, santo e agradável; somente assim podia Deus achar agrado nele.
Talvez este pensamento vá levantar em alguém uma certa dificuldade,
pensando naquilo que é em si próprio. Devemos, porém, lembrar-nos de que Deus
sempre vê o crente como sendo identificado com Cristo.
Na verdade, o que se nos apresenta neste versículo se baseia no ensino
dos capítulos 5 a 8.
Nunca poderíamos apresentar os nossos corpos a Deus como sacrifícios
vivos, se não tivéssemos primeiro apreciado de alguma maneira, o modo como
Cristo Se Lhe apresentou como um sacrifício na morte.
Deus não pode sentir agrado com o que é “da carne”, isto é, com o que
somos como identificados com Adão. Mas Cristo foi feito pecado por nós, sobre a
cruz, e ali morreu, de maneira que lemos: “Assim também vós considerai-vos como
mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm
6:11). E mais: “Apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos” (Rm 6:13).
Assim como os que têm sido identificados com a morte de Cristo e que são
agora vivos nEle diante de Deus, vemos que somos na verdade livres.
O pecado não tem mais domínio sobre nós (Rm 6:14).
A Lei não tem mais domínio sobre nós (Rm 7:4).
Não somos devedores à carne para vivermos mais segundo as suas
concupiscências (Rm 8:12).
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A morte não tem mais poder contra nós (Rm 8:38).
Repetimos, pois, com corações adoradores: “Somos livres”.
Então, o que havemos de fazer? O nosso privilégio é reconhecer o direito
que Deus tem sobre nós — esse Deus, por Cujos misericórdia e poder temos sido
libertos!
E tendo já verdadeiramente reconhecido este Seu direito sobre nós,
precisamos manter-nos constantemente nesta mesma atitude.
Sendo agora pelo Espírito Santo unidos a Cristo glorificado no céu, não é o
caráter da carne que havemos de patentear, mas sim a graça e beleza da vida de
Jesus, como lemos: “Trazendo sempre por toda parte a mortificação do Senhor
Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossa
carne mortal” (2 Co 4:10). Assim, na verdade, pode Deus ver aqui o que Lhe é
agradável.
É da maior importância apreciarmos o fato de que é só como sendo livres
no poder da vida nova, em Cristo ressuscitado, que podemos apresentar os
nossos corpos a Deus. Porém, permita Deus que nós todos possamos apreciar de
tal maneira a liberdade que agora desfrutamos em Cristo, que, no gozo do amor
divino e no santuário da presença de Deus, Lhe apresentemos os nossos corpos
em sacrifício vivo e santo.
Sem dúvida este ato ou está feito, ou por fazer, da parte de cada crente.
“Rogo-vos que seja feito”, diz o apóstolo. Que assim seja conosco para depois
andarmos sempre mantidos no espírito desse ato, reconhecendo que somos dEle
— espírito, alma e corpo.
Romanos 12:2
Um ponto de muita importância que resulta de termos apresentado os
nossos corpos como sacrifício vivo a Deus, é acharmo-nos à parte de tudo quanto
caracteriza esse mundo. O mundo atual é dominado pela vontade humana, mas o
crente, transformado pela renovação do seu espírito, não se conforma com o
espírito e os costumes desse século, mas, reconhecendo que é de Deus,
experimenta o que é a Sua vontade — a vontade divina.
A vontade de Deus está ligada ao Seu propósito a favor de nós; e já temos
visto que esse propósito é de infinito e divino amor, de modo que,
apresentando-Lhe os nossos corpos como sacrifícios vivos para efetuarem a
realização da Sua vontade aqui, experimentamos que essa vontade é, em
verdade, boa, agradável e perfeita.
Quando assim nos colocamos completamente nas Suas mãos, confiados
absolutamente no Seu amor e sabedoria, então chegamos ao ponto de poder dizer
não somente que a Sua vontade é boa e perfeita, mas que é agradável.
Romanos 12:3 a 10
No versículo 3, o apóstolo exorta-nos a não termos idéias exageradas de
nós mesmos ou dos outros. Precisamos julgar, não conforme as aparências, mas
conforme a medida da fé que Deus tem repartido a cada um.
O apóstolo agora menciona o fato de todos os verdadeiros crentes
formarem um só corpo em Cristo.
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Esta verdade que apenas é aqui indicada sem ser desenvolvida, serve para
regular a nossa conduta, como crentes, uns para com os outros.
Os diversos membros do corpo humano têm diversas funções, e operam de
diferentes maneiras, porém cada um nos seus movimentos contribui para o bem
de todos, do corpo comum, e é dirigido pela cabeça.
Assim deve ser, diz o apóstolo, com todos nós cristãos. Cada pessoa deve
ocupar o seu lugar, conforme a medida da fé que tiver recebido, e assim contribuir
para o bem de todos, reconhecendo que o lugar que ocupa é seu pela vontade de
Deus.
Alguns, segundo essa vontade podem ter recebido dons especiais, em tais
casos, que haja todo o cuidado e zelo no exercício destes dons com toda a
humildade lembrando-se que estes favores têm sido recebidos de Deus, para
serem usados para o bem de todos.
Finalmente é preciso que haja amor sem fingimento, e que, como os que
têm sido ensinados por Deus, saibamos aborrecer o mal e aderir ao bem.
Assim, amando-nos uns aos outros reciprocamente, saberemos também
honrar-nos devidamente uns aos outros.
Romanos 12:11 a 21
O apóstolo fala agora de outros pontos que dizem respeito à vida cristã e ao
espírito em que devemos andar individualmente.
Em todas as circunstâncias devemos sempre proceder com um espírito leal
e fervoroso como convém àqueles que até nas coisas mais pequeninas têm e
privilégio de servir ao Senhor Jesus.
Na vida do cristão não se devia notar a preguiça, mas antes o zelo (veja Rm
12:11), o gozo, a esperança, paciência, a oração (Rm 11:12), a bondade, a
hospitalidade (Rm 12:13), o amor para com os inimigos (Rm 12:14) e a simpatia
(Rm 12:15).
Esses são alguns dos característicos da vida cristã. Permita Deus que
sejam manifestados em nossas vidas.
Como crentes devemos ser caracterizados pela graça divina e pela
humildade, de maneira que, ao contrário do espírito mundano que ambiciona
coisas grandes e altivas, achemos o nosso gozo em andar com os humildes (Rm
12:16), aprendendo assim do nosso bendito Senhor Jesus que disse: “Eu sou
manso e humilde de coração” (Mt 11:29).
Também é o nosso privilégio manifestar aos outros o mesmo espírito que
Deus nos manifestou a nós, isto é, um espírito de graça divina e de longanimidade.
Portanto, a ninguém tornemos mal por mal (Rm 12:17).
Devemos ter também o maior cuidado em termos todas as nossas coisas
arranjadas de uma maneira honesta diante de todos, a fim de que ninguém nos
possa acusar, nem nós sirvamos de tropeço a ninguém (Rm 12:17).
Paz com todos deve também ser uma das nossas normas, pelo menos
quanto estiver ao nosso alcance.
Devemos sempre andar tranqüila e honestamente, sem darmos ocasião de
queixa a ninguém. E, caso fôssemos mal tratados ou infamados, não nos compete
a nós vingarmo-nos, mas deixar tudo que nos diz respeito nas mãos do nosso
Senhor (Rm 12:18-19).
Por fim lemos: “Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem”
(Rm 12:21). Aqui vemos o triunfo do cristão. Vemos esse princípio perfeitamente
exemplificado no Senhor Jesus; e nunca o foi mais do que na ocasião da cruz,
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quando triunfou sobre todo o poder do mal. Portanto, no poder da vitória de Cristo
e regozijando-nos no verdadeiro bem que é nosso nEle, podemos fazer bem a
todos, triunfando assim do mal que nos rodeia.
Ó Senhor Jesus, que esta seja a nossa experiência pela Tua graça!
Romanos 13:1 a 7
Estes versículos nos instruem acerca do nosso modo de proceder para com
os poderes civis. Ainda estamos nos “tempos dos gentios” (Lc 21:24) — tempos
em que o poder e o governo estão aqui entregues por Deus nas mãos dos
homens, e como cristãos precisamos reconhecer isso.
“As autoridades que há foram ordenadas por Deus” (Rm 13:1).
Reconheçamos então a autoridade dos que governam e sujeitemo-nos a ela,
porque esta é a vontade de Deus. É possível que os que têm a autoridade nas
suas mãos falhem nos seus deveres, contudo a responsabilidade disso lhes cabe
a eles e não a nós.
Portanto, para o crente, não é uma questão desse ou daquele partido
político, mas havendo governo, autoridade estabelecida — “as autoridades que há”
— tem de se lhe sujeitar. Pode achar-se em circunstâncias em que a autoridade
dos homens se entremeta naquilo que diz respeito às coisas de Deus e à
consciência do verdadeiro crente; em tais casos, é claro que se deve obedecer a
Deus e não aos homens.
Somente o Senhor tem direito de dominar a nossa consciência, porém, não
se tratando de uma questão de consciência, quer seja coisa de que gostamos,
quer não, temos de nos sujeitar a ela. Assim devemo-nos guardar contra o espírito
que hoje tanto se manifesta ao nosso redor, um espírito de insubordinação à
autoridade estabelecida e, sabendo o que é a vontade de Deus, temos que dar a
cada um o que devemos, seja tributo, seja honra. Não é uma questão de
patriotismo, mas de fazermos a vontade de Deus.
Romanos 13:8 a 10
“A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor” (Rm 13:8). Sejamos,
então, irmãos amados, cuidadosos nisso, afim de que não cheguemos a desonrar
o nosso Senhor e a entristecer o Espírito Santo pela nossa desobediência à
vontade expressa do nosso Deus.
O amor é uma dívida que nunca poderemos pagar. É isto o que satisfaz as
exigências da Lei, porque o amor, que é de Deus, não faz mal ao próximo.
Assim, ao mesmo tempo que somos livres do domínio da Lei, a nossa
conduta deve ser tal que cumpramos com os seus preceitos, visto que “o
cumprimento da lei é o amor” (Rm 13:10).
Romanos 13:11 a 14
Devemos mostrar o maior zelo em atender a todas essas exortações que
estamos considerando, porque o tempo que havemos de estar neste mundo é
limitado. Aproxima-se o dia da vinda do Senhor em que havemos de alcançar a
plena salvação, até a dos nossos corpos.
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Cristo tem sido rejeitado pelo mundo e por conseqüência é noite aqui, mas
a noite está passando e o dia vem chegando, e nós devemos lembrar-nos que,
sendo ainda noite com relação a esse mundo, nós cristãos somos do dia.
Andamos na luz que dimana de Cristo na glória celeste; temos a luz do dia.
Brevemente Cristo se levantará como o Sol da Justiça, mas atualmente é como a
Estrela da Alva nos nossos corações, de maneira que devemos andar já como é
digno dos que são do dia. Rejeitemos o que é das trevas, da noite, e vistamo-nos
com as armas da luz.
A salvação é a completa libertação de tudo quanto seja contrário a Deus e,
quando o Senhor voltar, tudo que não for dEle será posto de parte e a nossa
salvação será em todo o sentido completa. Esperamos por aquele dia; está já
agora mais perto do que quando recebemos a fé.
Porém, enquanto esperamos, temos já a luz do dia, e assim, conhecendo
Cristo na glória e tendo os nossos corações dirigidos a Ele em fé, amor e
esperança, não fazemos caso da carne para satisfazermos os seus apetites e
sermos caracterizados por aquilo que é das trevas, mas fugimos das bebedeiras,
desonestidades, dissoluções, contendas, invejas e todas as obras das trevas e
revestimo-nos do Senhor Jesus Cristo. Tomamos o caráter dEle e, andando
honestamente, manifestamos aqui o que é dEle — o Seu caráter.
O capítulo 12 da epístola aos Romanos trata do caráter e privilégio do
crente verdadeiro como pertencendo ao corpo de Cristo; o capítulo 13 considera-o
como vivendo no reino dos homens, sujeito à autoridade dos governadores aqui; e
finalmente, o capítulo 14 trata dele como pertencendo ao reino de Deus e debaixo
da autoridade de Cristo.
Romanos 14:1 a 12
Nestes versículos salienta-se o fato de estarmos, como cristãos, debaixo da
autoridade do SENHOR.
Cada crente é responsável em tudo para com o Senhor, e portanto não
devemos procurar dominar as consciências dos nossos irmãos.
Quando houver diferença de opinião entre irmãos a respeito de coisas
parecidas com aquelas mencionadas aqui pelo apóstolo, é preciso que haja toda a
consideração de parte a parte. Não se vê em todas a mesma medida de
entendimento espiritual. A fé de alguns aprecia mais do que a de outros.
Havia alguns que mostravam não terem apreciado a plenitude da liberdade
com que Cristo liberta os Seus. As suas almas não gozavam o fato de
pertencerem à nova criação e serem, como tais, mortos com Cristo, quanto aos
princípios do mundo. Eram, de fato, “fracos na fé” (Rm 14:1). Porém eram do
Senhor, remidos pelo Seu sangue e amados por Ele, e amavam a Cristo e,
portanto, era preciso recebê-los, mas não para dissentir com eles pontos
duvidosos que podiam servir apenas para levantar dificuldades e fazer-lhes
confusão.
Podia dar-se o caso que alguém por motivo da sua consciência não
quisesse comer ou beber isto ou aquilo, julgando ser contra a vontade divina; ou
que fizesse caso de guardar certos dias como sendo diferentes dos outros,
pensando que assim honrava ao Senhor. Em tais casos temos de nos lembrar que
o crente verdadeiro é o servo do Senhor, e que tem de andar diante dEle,
conforme a luz que tiver recebido, guardando uma boa consciência em tudo. Assim
o que faz, fá-lo para o Senhor.
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Portanto, apesar do seu procedimento resultar da falta do verdadeiro
conhecimento da posição e privilégio do cristão, não devemos julgar que está
fazendo mal, porque a sua consciência não lhe permite proceder de outra maneira.
Nem tampouco devemos desprezar um irmão que seja dominado por certas
regras ou costumes dos quais sabemos que ficaria libertado se tivesse uma
apreciação melhor da verdade. Se o que faz, o faz para o Senhor, não devemos
nem julgá-lo, nem desprezá-lo, mas antes procurar conduzi-lo para mais pleno
conhecimento da verdade revelada em Jesus.
Todo salvo é o servo do Senhor e não o nosso servo (Rm 14:4).
Comparecerá perante o tribunal de Cristo e não perante o nosso tribunal (Rm
14:10). Cada um dará conta a Deus de si mesmo e não do seu irmão (Rm 14:12).
Portanto não devemos julgar o servo alheio, nem condenar em tais casos o nosso
irmão; para o Senhor está em pé ou cai; e, graças a Deus, se conservar uma boa
consciência, estará firme, porque poderoso é Deus para o firmar (Rm 14:4).
Procuremos guardar sempre uma consciência sossegada diante do Senhor
e permitamos que os outros também façam o mesmo. Andemos sempre como sob
a Sua autoridade, lembrando-nos que O servimos a Ele e que somos responsáveis
para com Ele.
Romanos 14:13 a 23
Não nos julguemos pois uns aos outros, antes cuidemos todos em não
sermos motivo de tropeço para qualquer irmão. Lembremo-nos que pertencemos
ao reino de Deus que não é comida nem bebida, mas justiça, paz e gozo no
Espírito Santo e assim procuremos servir aos nossos irmãos em amor, buscando
em tudo o seu proveito; porque quem nisto serve a Cristo, agrada a Deus e é
aprovado dos homens.
De outro lado se deixarmos de mostrar cuidado e consideração pelo bem
dos nossos irmãos, pondo descuidadamente qualquer tropeço diante deles,
erramos e fazemos, não só com que eles se entristeçam (Rm 14:15), mas
prejudicamos assim um por quem Cristo morreu (Rm 14:15) e impedimos a obra
de Deus (Rm 14:20).
Devemos ter o maior cuidado em não ofender nem escandalizar a
consciência de outrem por aquilo que nós fazemos ou deixamos de fazer.
Também é coisa muito séria levar pelo nosso exemplo qualquer pessoa a
fazer uma coisa para a qual não tenha fé, e a respeito da qual dúvida se é ou não
da vontade de Deus. Cada um precisa estar plenamente convencido no seu
próprio ânimo (Rm 14:5), porque serve ao Senhor e não aos homens; e se em
qualquer caso não sabe como deve proceder, convém que espere até que Deus
lhe mostre a Sua vontade.
“Tudo o que não é de fé é pecado” (Rm 14:23). Se o crente fizer o que faz
sem se importar se é ou não a vontade de Deus, estará apenas fazendo a sua
própria vontade, e isto é pecado. Ter fé a respeito de uma coisa quer dizer ter a luz
da vontade de Deus a esse respeito. Se quisermos fazer a Sua vontade, Deus
no-la fará conhecer e então poderemos ir avante em fé, tendo a luz divina e assim
havemos de conservar uma consciência tranqüila.
Em amor, “sigamos, pois, as coisas que servem para a paz e para a
edificação de uns para com os outros ” (Rm 14:19).
Pensemos nos nossos irmãos como sendo aqueles que Deus tem recebido
(Rm 14:3), e os servos do Senhor (Rm 14:4), e não estaremos então dispostos a
julgá-los nem a desprezá-los.
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Pensemos neles como sendo aqueles por quem Cristo morreu (Rm 14:15),
e como sendo na verdade nossos irmãos (Rm 14:15 e 21), e assim procuraremos,
de um lado evitar tudo que lhes possa servir de tropeço, e de outro, servi-los em
amor.
Andemos, então, em amor e fé, lembrando-nos das palavras:
“Bem-aventurado aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova”
(Rm 14:22).
Romanos 15:1 a 7
Estes 7 versículos ligam-se com o capítulo antecedente, concluindo o
ensino ali apresentado. Toda a verdade cristã nos é apresentada por Deus em
relação com a pessoa de Cristo. Temos estado a considerá-Lo como sendo o
nosso Senhor, Aquele que nos governa, e nestes versículos contemplamo-Lo
como o nosso exemplo, Aquele a Quem seguimos.
Lemos: “Cristo não agradou a si mesmo” (Rm 15:3). É claro, pelo que
temos já exposto, que não devemos procurar a nossa própria satisfação, mas
antes o proveito e edificação espiritual do nosso próximo, e nisto temos que seguir
o exemplo do nosso bendito Senhor Jesus. Vemos como Ele sempre andou no
caminho de amor e obediência à vontade de Deus, suportando meigamente as
injúrias que caíam sobre Ele. Duma maneira tão perfeita manifestou Jesus o
caráter de Deus em toda a Sua vida que, quando os homens queriam injuriar a
Deus, as injúrias caíram sobre Ele.
“Porque tudo que dantes foi escrito para nosso ensino foi escrito” (Rm
15:4). Estudemos, pois, com cuidado e com oração as Sagradas Escrituras a fim
de sabermos o que é a vontade de Deus e de compreendermos os Seus caminhos
e de seguirmos os princípios nelas indicados. Assim, caminhando no trilho de amor
e obediência já marcado pelo Senhor, e perseverando nele com paciência,
experimentaremos as consolações das Escrituras e assim seremos mantidos em
gozo e esperança.
Podemos nós, porventura, dizer que na nossa experiência temos gozado a
consolação das Escrituras Sagradas? Se a resposta for negativa, é porque temos
deixado de estudá-las com espírito humilde e oração.
Lendo nos evangelhos vemos como o Senhor Jesus, como Homem aqui no
mundo, Se servia das Escrituras, e convém lembrar-nos das Suas palavras:
“Escrito está que nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra de Deus”
(Lc 4:4).
Reparemos como, no versículo 5, Deus toma o título de “Deus de paciência
e de consolação”. Que nome tão cheio de significação para os nossos corações! E
como revela o Seu caráter! Que infinita paciência Ele mostra constantemente para
conosco, e como Ele Se interessa em tudo, até nas coisas mais pequenas, que
nos dizem respeito! Como, maravilhosamente, Ele também sabe consolar e
confortar os desanimados e tristes, e quanta graça divina ministra aos Seus!
Assim, pois, conhecendo a Deus, e tendo experimentado a Sua paciência,
conforto e amor para conosco, andemos no mesmo espírito uns para com os
outros, aprendendo de Cristo e sendo dominados por Ele. Desta maneira,
gozaremos a comunhão uns com os outros, segundo Jesus Cristo, e poderemos
juntos e unânimes glorificar a Deus, ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.
“Portanto, recebei-vos uns aos outros, como também Cristo nos recebeu
para glória de Deus” (Rm 15:7).
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Que maneira tão bela com que o apóstolo conclui as suas exortações! Em
tudo que fizermos temos que fitar os olhos em Cristo, nosso Senhor e Exemplo, e
assim andando em obediência à vontade de Deus, tudo resultará em glória para
Ele.
O nosso privilégio, assim como também a nossa responsabilidade, é
fazermos tudo o que fazemos no Espírito de Cristo — como Cristo e para Deus.

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